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Percepções de egressos e mestrandos acerca do produto educacional em um programa de pós-graduação profissional

Percepciones de graduados y maestros sobre el producto educativo en un programa de graduado profesional

Resumo:

Os produtos educacionais (PE) têm sido um aspecto estruturante nas investigações e intervenções propostas pelas pesquisas de mestrado ou doutorado profissionais. Pretende-se apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa realizada sobre percepções de mestrandos e egressos do Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde – Mestrado Profissional (PPGESC) sobre os processos de construção do PE. Foi utilizado questionário com perguntas fechadas e abertas. Responderam ao questionário 46,8% dos mestrandos e 17,7% dos egressos matriculados entre 2017-2020. Para 53,8% dos egressos e 29,8% dos mestrandos, o PE surgiu após os resultados obtidos com a pesquisa. Em relação à definição do PE, 32,4% dos mestrandos definiram como um recurso a ser desenvolvido com expectativas de intervenção na prática profissional. Em relação aos tipos e natureza dos PE elaborados, foram mais citados cursos de formação profissional (27% dos mestrandos e 34,6% dos egressos). Foi evidenciada a heterogeneidade de concepções e condutas sobre a construção e implantação do PE. As limitações do estudo referem-se à dificuldade em acessar os egressos do PPGESC e à necessidade de um instrumento de acompanhamento. Espera-se contribuir para aprimoramento do processo de elaboração dos PE no contexto dos programas profissionais da Área de Ensino.

Palavras-chave:
programas de pós-graduação profissionais; autoavaliação; produto educacional

Resumen:

Los productos educativos (PE) han sido un aspecto estructurante en la investigación e intervención propuesta por la investigación profesional de maestría o doctorado. El objetivo es presentar y discutir los resultados de una encuesta realizada sobre las percepciones de estudiantes de maestría y graduados del Programa de Postgrado en Docencia en Ciencias de la Salud - Maestría Profesional (PPGECS) sobre los procesos de construcción de los PE. Se utilizó un cuestionario con preguntas cerradas y abiertas. El 46,8% de los estudiantes de maestría matriculados y el 17,7% de los egresados matriculados entre 2017-2020 respondieron el cuestionario. Para el 53,8% de los egresados y el 29,8% de los estudiantes de máster, el PE surgió tras los resultados obtenidos en la encuesta. En cuanto a la definición del SP, el 32,4% de los estudiantes de máster lo definieron como un recurso a desarrollar con la expectativa de intervenir en la práctica profesional. En cuanto a los tipos y naturaleza de los programas de desarrollo profesional desarrollados, el 27% de los estudiantes de máster y el 34,6% de los titulados mencionaron los cursos de formación profesional. Se evidenció la heterogeneidad de concepciones y comportamientos en relación a la construcción e implementación del SP. Las limitaciones del estudio se refieren a la dificultad de acceso a los graduados del PPGESC y a la necesidad de un instrumento de seguimiento. Esperamos contribuir para el perfeccionamiento del proceso de elaboración de productos educativos en el contexto de los PE del área de enseñanza.

Palavras clave:
programas profesionales de posgrado; autoevaluación; producto educativo

Abstract

Educational products (EP) have been a structuring aspect in investigations and interventions proposed by professional master’s or doctoral research. The aim is to present and discuss the results of research carried out on the perceptions of master’s students and graduate students from the Master in Health Sciences Teaching Program (PPGESC) - professional format on the processes of constructing EP. A questionnaire with closed- and open-ended questions was used. And 46.8% of master’s students and 17.7% of graduate students enrolled between 2017-2020 answered the questionnaire. For 53.8% of graduate students and 29.8% of master’s students, EP emerged after the results obtained from the research. Regarding the definition of EP, 32.4% of master’s students defined it as a resource to be developed with expectations of intervention in professional practice. In relation to the types and nature of the EP prepared, professional training courses were most cited (27% of master’s students and 34.6% of graduate students). The heterogeneity of conceptions and conduct regarding EP construction and implementation stood out. Limitations of this study refer to the difficulty in accessing PPGESC graduate students and the need for a monitoring instrument. It is expected to contribute to improving the EP preparation process within professional teaching programs.

Keywords:
professional graduate programs; self-evaluation; educational product

1 Introdução

Uma das discussões que envolvem os Programas de Pós-Graduação profissionais tem sido a respeito da compreensão sobre a importância da Produção Técnica. Tal preocupação envolve a área de Ensino para qual a elaboração de produtos tecnológicos ou educacionais (PE) pode apresentar diferentes formatos, necessitam ser elaborados a partir de necessidades reais apresentadas pelos pós-graduandos, bem como aplicados em resposta a estas necessidades (Rizzatti et al., 2020RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pós-graduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. Actio: Docência em Ciências, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657/7658. Acesso em: 20 set. 2023.
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).

Diante disso, os PE têm sido, para além de uma exigência dos programas de pós-graduação profissionais, um aspecto estruturante na investigação e intervenção propostas pelas pesquisas de mestrado ou doutorado (Batista et al., 2021BATISTA, N. A. et al. Programa de Mestrado Profissional Ensino em Ciências da Saúde: aprendizagens em perspectivas. In: SEIFFERT, Otília Mara Lúcia Barbosa; ROSSIT, Rosana Aparecida Salvador. Saúde-Educação e os 25 anos do Cedess: sentidos e significados das caminhadas dialógicas. São Paulo: UNIFESP; CEDESS, 2021.).

Em conformidade às ideias de Rôças e Bomfim (2018)RÔÇAS, G; BOMFIM, A. M. Do embate à construção do conhecimento: a importância do debate científico. Ciência & Educação, Bauru, v. 24, p. 3-7, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/gNGrBJyLFQnV8qmwqR7bPHN/?lang=pt. Acesso em: 20 set. 2023.
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, os PE na área de Ensino devem ser desenvolvidos a partir de um contexto sócio-histórico e servir como produto que possibilite interlocução entre professores e professoras, podendo ser mutáveis, criados e recriados, gerando novas possibilidades de intervenção. Os autores ainda enfatizam que a elaboração de um PE parte da problematização da prática profissional e podem ser considerados trilhas investigativas intencionalmente planejadas que articulam teoria e prática. Afora, sabe-se que a Área de Ensino da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) tem a intenção de que os conhecimentos produzidos sejam aplicados e, se possível, reaplicados nos contextos de trabalho dos profissionais e em processos educativos (Brasil, 2019BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Grupo de Trabalho Produção Técnica. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/10062019-producao-tecnica-pdf. Acesso em: 20 set. 2023.
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).

No entanto, ainda não há suficiente consenso entre docentes e pesquisadores dos Programas de Pós-graduação profissionais a respeito da elaboração, avaliação e validação dos PE, o que leva à necessidade de prover discussões fundamentadas sobre os processos de construção, sobre formas amplas de divulgação e acesso, bem como o impacto social destes.

Zaidan, Reis e Kawasaki (2020)ZAIDAN, S.; REIS, Diogo A. F.; KAWASAKI, T. F. Produto educacional: desafio do mestrado profissional em educação Revista Brasileira de Pós-graduação, São Paulo, v. 16, n. 35, p. 1-12, 2020. Disponível em: https://rbpg.capes.gov.br/index.php/rbpg/article/view/1707. Acesso em: 20 set. 2023.
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trazem questionamentos relevantes sobre o papel dos PE e indagam qual o lugar que o produto deve ocupar no processo da pesquisa. Os autores realizaram uma cuidadosa reflexão a partir das experiências de um Programa de Mestrado Profissional em Educação e perceberam que a elaboração de um PE necessita intencionalidade na orientação, que começa desde a construção dos procedimentos metodológicos da dissertação. Muitas vezes, espera-se que a pesquisa realizada conduza “naturalmente” à elaboração do PE como um desdobramento. No entanto, no geral, observa-se a priorização da construção da dissertação de modo desarticulado ao produto - que acaba por ser elaborado “às pressas” no final do processo. Outro fato que pode ser um dificultador para pensar o processo de elaboração do PE durante o processo de mestrado se refere à formação dos orientadores: em sua maioria, realizadas em programas acadêmicos, levando-os a priorizar o processo de pesquisa e construção da dissertação, estabelecendo pouco diálogo e foco em relação ao PE final.

A partir da Portaria Normativa MEC nº 17, publicada em 17 de dezembro de 2009, foi padronizada e regulamentada a criação de novos cursos submetidos à CAPES, bem como o acompanhamento dos cursos profissionais em andamento (Brasil, 2009BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Normativa/MEC nº 17, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o mestrado profissional no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Brasília: CAPES, 2009. Disponível em: http://www.uezo.rj.gov.br/pos-graduacao/docs/Portaria-MEC-N17-28-de-mbro-de-2009.pdf. Acesso em: 20 set. 2023.
http://www.uezo.rj.gov.br/pos-graduacao/...
). A esse respeito, a área de Ensino realizou Seminários de Acompanhamento para compreender as dimensões da pesquisa aplicada e o desenvolvimento do PE como principal produção de um Programa Profissional (Rizzatti et al., 2020RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pós-graduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. Actio: Docência em Ciências, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657/7658. Acesso em: 20 set. 2023.
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). Nesses seminários, muitos aspectos foram discutidos e foi constatado que a dificuldade em fazer os registros dessas produções, tanto na CAPES, como no Curriculum Lattes, geravam falhas na identificação e divulgação do PE.

Para Rizzatti et al. (2020)RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pós-graduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. Actio: Docência em Ciências, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657/7658. Acesso em: 20 set. 2023.
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uma das conquistas da área de Ensino foi a elaboração da Classificação de Produção Técnica, o que possibilitou o registro da produção de variados materiais educativos na Plataforma Sucupira, consolidando e permitindo a qualificação e avaliação dos PE na quadrienal de 2013-2016 (Brasil, 2016BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Considerações sobre Classificação de Produção Educacional-Técnica: Área de Ensino. Brasília: CAPES, 2016. Disponível em: https://famed.ufal.br/pt-br/pos-graduacao/ensino-na-saude/documentos/documentos-capes-para-avaliacao/3-consideracoes-sobre-classificacao-de-producao-tecnica-os-criterios-para-a-estratificacao-e-uso-dos-mesmos-na-avaliacao. Acesso em: 20 set. 2023.
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; Rizzatti et al., 2020RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pós-graduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. Actio: Docência em Ciências, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657/7658. Acesso em: 20 set. 2023.
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).

Para além da classificação dos PE, interessa-nos, também, os processos de validação e avaliação. A partir disto, Zihlmann e Mazzaia (2022) propuseram estudo e aprimoramento da Ficha de Validação de Produtos Educacionais na Pós-graduação profissional, conforme proposta pela área de Ensino da CAPES. As autoras identificaram necessidades de aprimoramento da ficha proposta para que pudesse ser utilizada de modo a permitir, entre outros aspectos, o registro apropriado do PE. Nesse sentido, foram propostas várias alterações no instrumento de validação, destacando não haver espaço apropriado para registro dos títulos e das autorias específicas dos PE, especialmente considerando que esses elementos são distintos da dissertação. Ainda, no cerne da dificuldade de registro dos PE nos sistemas da CAPES (Plataforma Sucupira, por exemplo), há necessidade de explicitação de que a dissertação e o PE são documentos com propostas distintas, com escopos distintos e, portanto, processos de registro distintos.

O presente artigo tem por objetivo apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa realizada pela Comissão de Autoavaliação – CAA, do Programa de Mestrado Ensino em Ciências da Saúde – formato profissional – PPGECS, referente à percepção de mestrandos e egressos do programa sobre os processos de construção do PE.

2 Método

A pesquisa se refere a um estudo descritivo, inferencial e de natureza quantitativa, tendo em vista a finalidade deste método em quantificar os elementos que descrevem um conjunto de dados ou situações, além de investigar relações possíveis entre as variáveis (Almeida; Freire, 2008. p. 23ALMEIDA, Leandro; FREIRE, Teresa. Metodologia da investigação em psicologia e educação. Braga: Psiquilíbrios, 2008.).

2.1 Sobre o cenário da pesquisa

O PPGECS da Universidade Federal de São Paulo teve início das atividades em 2003. Os objetivos nucleares do programa são pesquisar e produzir conhecimentos científicos que contribuam para o crescimento do campo temático do Ensino em Ciências da Saúde, bem como, a partir destes conhecimentos, desenvolver intervenções que induzam avanços e transformações nas práticas pesquisadas, além de propiciar uma qualificação técnica, criativa e potencialmente transformadora de professores e técnicos de nível superior para o ensino nessa área.

O PPGECS tem seu funcionamento no formato intercampi, integrando turmas simultâneas vinculadas ao campus São Paulo, no Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em saúde - CEDESS, e ao campus Baixada Santista, no Instituto Saúde e Sociedade - ISS, da Universidade.

São três linhas de pesquisa contempladas no referido programa (Batista et al., 2021BATISTA, N. A. et al. Programa de Mestrado Profissional Ensino em Ciências da Saúde: aprendizagens em perspectivas. In: SEIFFERT, Otília Mara Lúcia Barbosa; ROSSIT, Rosana Aparecida Salvador. Saúde-Educação e os 25 anos do Cedess: sentidos e significados das caminhadas dialógicas. São Paulo: UNIFESP; CEDESS, 2021.). A linha 1 “Avaliação, Currículo, Docência e Formação em Saúde” compreende estudos sobre avaliação do processo ensino aprendizagem, desenhos e estratégias de planejamento e desenvolvimento de currículos em saúde e formação docente. A linha 2 “Educação Permanente em Saúde” desenvolve estudos sobre os processos de planejamento, desenvolvimento e avaliação da educação de profissionais inseridos em diferentes contextos, tendo como eixo a educação permanente. A linha 3 “Educação em Saúde na Comunidade” tem como escopo investigações e experiências no campo do planejamento, desenvolvimento e avaliação de processos educacionais voltados para a promoção da saúde, bem como para a prevenção, proteção e cuidados nos planos individual e coletivo, na perspectiva da educação emancipatória.

No início de seus trabalhos, a CAA estabeleceu metas e objetivos a partir da última avaliação quadrienal do programa feita pela CAPES, em 2017, na qual foram apontados alguns aspectos para aprimoramento do programa. Dentre os aspectos e dimensões que demandavam melhoria e aprimoramento, estavam os PE produzidos a partir das dissertações defendidas no programa, pois foi referido que esses tinham apresentado um impacto “de regular para médio” no tocante às demandas e necessidades da comunidade, necessitando de redimensionamento.

O passo seguinte foi dar seguimento aos trabalhos da CAA por meio de uma coleta de informações que teve por objetivo identificar as percepções de docentes, mestrandos e egressos acerca da estrutura do programa, proposta pedagógica, conhecimentos a respeito do PE e impacto social do programa. Para isso foram elaborados três questionários no aplicativo Google Forms®, destinados aos docentes, mestrandos e egressos, respectivamente, com perguntas fechadas e abertas. O link do formulário foi enviado via redes sociais aos participantes, e disponibilizado no site do PPGECS. Essa coleta de dados aconteceu entre dezembro de 2021 e abril de 2022.

O questionário que foi dirigido a mestrandos e egressos foram divididos em cinco seções, sendo elas: (a) identificação: unidade de matrícula, ano de ingresso no programa, local de trabalho do discente/egresso; (b) sobre a estrutura do Programa de Pós-graduação: com perguntas sobre acervo, comunicação, espaço físico, equipamento e recursos tecnológicos; (c) sobre a proposta pedagógica do PPGECS: com perguntas sobre conteúdo das disciplinas, carga horária, integração entre as disciplinas e quais disciplinas ajudaram a pensar e elaborar o PE e a pesquisa; (d) sobre a atuação dos docentes: questões referentes ao domínio de conteúdo, metodologias utilizadas e processos avaliativos; (e) especificamente sobre o PE: com perguntas abertas e fechadas que contemplavam descrição, definição do produto, o momento em que foi discutido e elaborado e o lugar que o PE ocupou no processo da pesquisa. Os dados obtidos foram compilados em planilha do Excel®, compondo banco de dados que consultada para a elaboração deste estudo.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade em janeiro de 2022 sob número CAAE 52312321.0.0000.5505.

3 Resultados

3.1 Caracterização dos participantes

Responderam ao questionário 37 mestrandos (46,8% do total de matriculados), com as seguintes características: 59,5% eram da unidade CEDESS, campus São Paulo, e 40,5% do ISS, campus Baixada Santista. Ingressantes em 2019 foram 62,2% da amostra, e 37,8% se matricularam em 2020.

Com relação à situação laboral dos mestrandos, 54,1% trabalhavam em serviço público; 32,4% em serviço privado; 5,4% trabalho autônomo; 5,4% no setor público e privado e 2,7% era aposentado. Quanto à cidade onde trabalhavam, 37,8% trabalhavam na região metropolitana da Baixada Santista, 32,5% trabalhavam na cidade de São Paulo; 13,5% trabalhavam na região metropolitana de São Paulo; 13,5% no interior do estado de São Paulo e 2,7% trabalhavam em outro estado. Em relação à linha de pesquisa em que mestrandos estavam matriculados, 18,9% estavam inseridos na Linha 2 (Educação Permanente em Saúde); 54,1% na Linha 3 (Educação em Saúde na Comunidade) e 27% na Linha 1 (Avaliação, Currículo, Docência e Formação em Saúde).

Quanto aos egressos, é relevante informar que, no quadriênio 2017-2020, o programa formou 147 mestrandos, porém apenas 26 egressos responderam ao questionário (17,7%). O perfil dos 26 egressos do programa que responderam ao questionário mostrou que 80,8% trabalhavam em serviço público; 7,7% no setor privado; 7,7% em público privado e 3,8% estavam aposentados. Em relação à linha de pesquisa que obtiveram a titulação, 53,8% estavam inseridos na Linha 2; 42,3% na Linha 3 e 33,8% na Linha 1. A formação obtida no programa atendeu às necessidades profissionais de 96,2% deles e às necessidades pessoais de 80,8%, sendo possível apontar mais de um dos aspectos avaliados.

3.2 Descrição e definição do PE

Perguntado sobre o que entendiam que seria o PE, 32,4% dos mestrandos referiram-se ao mesmo como um recurso a ser desenvolvido com expectativas de intervenção na prática profissional do aluno; igualmente, 32,4% referiram-se ao PE como recurso a ser desenvolvido para atendimento de demandas reais sem que isso fosse relacionado à prática profissional do aluno. A definição do PE como resultado de uma pesquisa foi observada em 29,8% das respostas e, em 5,4%, apenas como uma intervenção educativa.

Em relação à definição do PE, dentro do universo de respondentes mestrandos, 40,54% referiram ser o PE proveniente de uma pesquisa e estar relacionado a atender uma necessidade da prática profissional do aluno. Destacamos algumas respostas dos participantes: “fruto da pesquisa realizada, para melhoria/reflexão do trabalho em serviço”; “intervenção elaborada e produzida após reflexão do processo todo (mestrado) a partir da pesquisa, e faz sentido no contexto do trabalho”; “é gerado a partir de uma pesquisa, para responder à pergunta problema da prática profissional”.

Para os egressos participantes da pesquisa, os PE foram definidos de quatro maneiras: (a) como recurso a ser desenvolvido com expectativas de intervenção na prática profissional do mestrando; (b) como recurso a ser desenvolvido para atendimento de demandas reais sem que isso fosse relacionado à prática profissional do aluno; (c) como resultado de uma pesquisa; (d) não definiram, apenas responderam à questão com o substantivo “produto educacional”. A Tabela 1, a seguir, apresenta os resultados referentes às definições de PE realizados pelos egressos do PPGICS participantes da pesquisa.

Tabela 1
Definição de Produto Educacional/Tecnológico segundo egressos do PPGICS – São Paulo, 2022.

Em relação à natureza do PE, considerando a classificação proposta pela CAPES para produtos oriundos de programas da área de Ensino, os egressos e mestrandos citaram e-book, roda de conversa, apostila, protocolo de cuidado, recomendações de boas práticas, carta aos gestores, estratégia de Educação Permanente em saúde, tirinhas de quadrinhos, texto em rede social e livro de colagens. Ainda citaram quatro oficinas, dois vídeos e sete citações da própria dissertação como sendo o produto. A Tabela 2 apresenta as informações obtidas sobre os tipos e natureza dos PE citadas pelos mestrandos e egressos do PPGECS.

Tabela 2
Classificação do próprio Produto Educacional por mestrandos e egressos do PPGECS – São Paulo, 2022

3.3 Elaboração do PE

Com relação à elaboração do PE, 86,5% dos mestrandos referiram que já haviam iniciado ou já haviam realizado o planejamento do mesmo, conforme a Tabela 3 a seguir:

Tabela 3
Contexto do momento da discussão e elaboração do PE no decorrer do desenvolvimento do mestrado profissional segundo mestrandos do PPGICS– São Paulo, 2022

Dos 37 mestrandos, 13,5% informaram que não haviam iniciado a discussão ou planejamento do PE. Destes que não haviam iniciado o planejamento do PE, três foram matriculados em 2019 e dois em 2020. Destaca-se que o formulário foi respondido a partir da metade do segundo semestre de 2021, no entanto, segundo respostas dos mestrandos: “estamos iniciando essa discussão agora de acordo com o que tem surgido na discussão e resultados”; “ainda não foi discutido. Eu imagino que será no final da pesquisa”; “o produto técnico educacional ainda está em fase de construção”; “não sei responder” e “ainda não foi discutido, pois estou no momento de coleta de dados”.

Apesar de 13,5% dos mestrandos referirem ainda não terem iniciado o desenvolvimento do PE, esses participantes referiram que tinham ideia de que seu PE estaria relacionado à “prática das atividades profissionais” ou “demandas de suas atividades profissionais”. Sobre a implementação do produto, 51,4% dos mestrandos concordaram plenamente sobre a condição de implementação do PE produzido; 45,9%

concordaram com a afirmação de que há condições para implementação de seu produto e 2,7% discordam da afirmação.

Para os egressos, quando questionados sobre a posição que o PE ocupou no projeto durante o desenvolvimento do mestrado profissional, 53,8% responderam que o mesmo surgiu após os resultados obtidos com a pesquisa (foi uma conclusão da pesquisa); 23,1% disseram que o PE surgiu “ao acaso durante a pesquisa”; 11,5% relataram que o PE foi o disparador da pesquisa e; 11,5% relataram que o PE surgiu em outros momentos, diferentes dos citados. Esses dados permitem observar que mais da metade dos egressos referiram que o produto foi um resultado da pesquisa e, portanto, elaborado a partir de desdobramentos da pesquisa, sugerindo que o PE não tenha sido anteriormente considerado para o desenvolvimento do projeto de mestrado.

3.4 As disciplinas do PPGECS que ajudam na discussão e elaboração do PE

A avaliação de mestrandos e de egressos sobre as disciplinas que contribuem (ou contribuíram) para a elaboração do PE, do projeto de pesquisa e dissertação foi apresentada na Tabela 4, a seguir.

Tabela 4
Distribuição das opiniões dos mestrandos e egressos sobre as contribuições das disciplinas - São Paulo, 2022

Na Tabela 4, destacaram-se as disciplinas Grupo de Estudo e Pesquisa sobre a Prática – GEPPRA, I, II e III; Seminários de Pesquisa I, II e III e a Disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica como as que mais contribuíram para elaboração da dissertação e do PE, na perspectiva dos mestrandos.

Dos 27 mestrandos que citaram as disciplinas GEPPRA I, II e III como de contribuição para a elaboração do PE, 59,3% eram mestrandos do campus São Paulo. Dos 33 mestrandos que citaram a disciplina Seminários de Pesquisa I, II e III como contribuinte para o desenvolvimento do projeto e relatório, 57,6% eram mestrandos do campus São Paulo e 42,4% do campus Baixada Santista. Por fim, dos 28 mestrandos que citaram a disciplina Metodologia do Trabalho Científico como contribuinte para o desenvolvimento do projeto e da dissertação, metade era oriunda do campus São Paulo e a outra metade campus Baixada Santista.

3.5 Implementação do PE – questão feita para os egressos

Em relação à implementação do PE no contexto de suas práticas, ou seja, no seu campo de trabalho, 53,8% dos egressos não conseguiram a implantação do produto e 46,2% referiram que seu produto foi implantado em seu contexto de trabalho.

Esses dados devem ser considerados no processo de autoavaliação, pois o PE tem seu fundamento na proposta da transformação das práticas do profissional inserido em um programa de Pós-graduação profissional. Nesse sentido, é fundamental que a proposta do PE seja uma construção que considere as reais necessidades observadas no contexto laboral do mestrando, contribuindo com a clarificação destas realidades e necessidades – o que pode aumentar a possibilidade da implementação dos produtos.

4 Discussão

É preciso destacar que a presente pesquisa evidenciou o desafio de acessar informações sobre egressos de programa de pós-graduação, conquanto essas informações sejam cruciais para permitir o acompanhamento e desenvolvimento do próprio programa. No levantamento realizado pela CAA, por meio de um formulário online, dos 147 egressos formados no quadriênio 2017-2020, apenas 26 responderam ao questionário (17,7%), ainda que o mesmo tenha sido disponibilizado a partir de várias estratégias e durante um período de quatro meses.

Quanto a esse aspecto, entende-se que há necessidade de implantar uma cultura de acompanhamento, na qual os mestrandos sejam envolvidos nos processos de autoavaliação durante sua formação e que, após sua titulação, sejam capazes de compreender a necessidade e importância desse tipo de participação. Desta maneira, informar, não apenas sua experiência pregressa no programa, mas, também, os impactos que a formação trouxe para sua vida profissional posterior (Leite et al., 2020LEITE, D. et al. A autoavaliação na Pós-Graduação (PG) como componente do processo avaliativo CAPES. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 25, p. 339-353, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/whfJzmNx7Vgpcr7c6Zj5kXz/?lang=pt. Acesso em: 20 set. 2023.
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).

Embora a participação dos egressos tenha sido pouco expressiva, chama a atenção as respostas sobre a formação obtida no programa. Para 96,2% deles, a formação atendeu às necessidades profissionais, e, para 80,8%, às necessidades pessoais. Números revelam altos índices de satisfação, mostrando índices mais expressivos dos que aqueles obtidos por Trevisol e Balsanello (2022)TREVISOL, J. V.; BALSANELLO, G. A pós-graduação sob a perspectiva dos egressos: um estudo de autoavaliação. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 27, p. 470-492, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/ZyBVQWMm3wgGkqyxchTFZPr/abstract/?lang=pt. Acesso em: 20 set. 2023.
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que identificaram que 68,6% dos egressos do programa de pós-graduação de uma universidade federal no sul do Brasil, afirmavam a importância do curso na formação e vida profissional.

A definição sobre o que seria um PE remonta heterogeneidade, pois os egressos participantes da presente pesquisa relataram diferentes concepções que variaram da noção de um “recurso desenvolvido para a prática profissional”, a apenas uma simples nomeação como sendo um “produto educacional”, sem outras informações.

Quanto à natureza dos PE, tanto egressos, quanto mestrandos, apresentaram variabilidade de tipos de produtos, conforme classificação proposta pela CAPES. Os egressos citaram principalmente PE baseados em “cursos de formação profissional” (34,6%) e “material didático instrucional” (26,9%). Os mestrados em andamento indicaram uma maior variabilidade de propostas, tendo respondido também “cursos de formação profissional” (27%), “produtos de comunicação” (18,9%) e “manual/protocolo” (16,2%).

Quanto ao tipo de PE produzido, é possível refletir que pode haver um direcionamento, por falta de recursos financeiros, para a construção de certos tipos de PE nos programas. Moreira et al. (2018)MOREIRA, M. C. A. et al. Produtos educacionais de um curso de mestrado profissional em ensino de ciências. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, Curitiba, v. 11, n. 3, 2018. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/5697/pdf. Acesso em: 20 set. 2023.
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realizaram um levantamento de PE produzidos em um Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e identificaram que houve dificuldade de propiciar visibilidade em determinados PE como, por exemplo, projetos de extensão e atividades de divulgação científica. Segundo esses autores, isso ocorre por falta de recursos financeiros junto aos órgãos de fomento e relataram que, muitas vezes, os PE são estruturados a depender apenas dos recursos financeiros disponíveis. Com isso, destacaram que há o risco de se optar pela elaboração de um produto de baixo custo a desenvolver um produto que exija mais recursos financeiros.

Tal reflexão exige, do mesmo modo, que os programas de pós-graduação conheçam melhor seus PE e sejam capazes de refletir e avaliar com critério as condições pragmáticas de elaboração, possibilitando, assim, um processo de identificação e avaliação de seus potenciais e limites, e, quando pertinente, adotar medidas propositivas para a busca de fomentos que permitam o desenvolvimento dos PE propostos no âmbito do programa de pós-graduação.

Essa discussão sobre os direcionamentos adotados para a construção de certos tipos de PE também é pertinente quando se leva em conta que a própria formação em um mestrado profissional tem a ambição de permitir a transformação das práticas profissionais dos seus participantes, o que, muitas vezes, se evidencia na proposta do PE construído pelo pós-graduando. Nem sempre os serviços e equipamentos de saúde estão preparados ou dispostos a acolher propostas que podem ser questionadoras, inovadoras, ou mesmo, transformadoras. De fato, a informação colhida na presente pesquisa sobre a implementação do PE revelou que 53,8% dos egressos não conseguiram a implantação do produto em seu contexto de práticas.

Outro aspecto que deve ser considerado é sobre o movimento necessário de orientadores e mestrandos alinharem-se no sentido de atender às reais necessidades dos campos de prática, o que pode impactar a implementação de PE, o que significa dizer que é necessário reduzir o movimento, muitas vezes realizado, de adequação da pesquisa e desenvolvimento do PE em função das competências e interesses dos orientadores – e não dos campos de prática. Rôças, Moreira e Pereira (2018)RÔÇAS, G.; MOREIRA, M. C. A.; PEREIRA, M. V. “Esquece tudo o que te disse”: os mestrados profissionais da área de ensino e o que esperar de um doutorado profissional. Ensino de Ciências e Tecnologia em Revista, Santo Ângelo, v. 8, n. 1, p. 59-74, 2018. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/322641865.pdf. Acesso em: 20 set. 2023.
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afirmaram que o PE não deve ser tomado per si, mas como um processo de elaboração e transformação dos envolvidos. Nesse sentido, a potência transformadora que diz respeito a uma proposta de inovação social, pertinente a todo programa de pós-graduação profissional, demanda ações de aproximação e diálogo com os cenários onde se desenvolvem as pesquisas, não apenas para viabilizar sua realização, mas, também, para que a proposta de inovação social seja efetivada na prática.

Mais um ponto de interesse diz respeito ao processo de construção do PE durante o mestrado: observou-se que 64,9% dos mestrandos participantes da pesquisa referiram que já o haviam iniciado, porém, 35,1% informaram que não haviam iniciado, embora estivessem cursando o mestrado há mais de um ano. Embora não haja consenso sobre o momento ideal para se iniciar as tratativas para a construção do PE durante o percurso do mestrado, é comum que se estabeleça que o PE tem que ser uma proposta em consonância com as reflexões da própria pesquisa, portanto deveria ser uma construção, pelo menos, em paralelo à ela (Silva et al., 2019SILVA, R. O. et al. Aspectos relevantes na construção de produtos educacionais no contexto da educação profissional e tecnológica. Revista de Produtos Educacionais e Pesquisas em Ensino, Paraná, v. 3, n. 2, p. 105-119, 2019. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/276540933.pdf. Acesso em: 20 set. 2023.
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). Há pesquisadores que defendem que o PE, no âmbito dos programas profissionais, teria tal ascendência que deveria ser absolutamente prioritário, sendo considerado logo no desenho da pesquisa (Freitas, 2021FREITAS, R. Produtos educacionais na área de ensino da capes: o que há além da forma? Educação Profissional e Tecnológica em Revista, Espírito Santos, v. 5, n. 2, p. 5-20, 2021. Disponível em: https://ojs.ifes.edu.br/index.php/ept/article/view/1229. Acesso em: 20 set. 2023.
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).

Mais da metade dos egressos referiram que o PE foi um “resultado da pesquisa realizada”, sugerindo que o produto talvez não tenha sido considerado antes. Diante disso, caberá ao PPGECS, no âmbito da autoavaliação do programa, cuidar para que a elaboração do PE seja alvo da atenção necessária, uma vez que os mestrandos participantes da pesquisa indicaram situações de proposição tardia da discussão sobre o produto, como por exemplo, só ocorrer no momento da qualificação do mestrado.

Foi possível identificar na pesquisa quais as disciplinas do PPGECS que colaboram na discussão e elaboração do PE segundo a opinião dos mestrandos e dos egressos. As disciplinas mais citadas foram GEPPRA; Seminários de Pesquisa e Metodologia da Pesquisa Científica. Porém, é preciso considerar que o PPGECS, por ser um programa intercampi, apresenta variações nas suas propostas. Quanto a isso, buscou-se verificar se diferentes campi teriam diferentes perspectivas quanto à contribuição das disciplinas para a discussão sobre o PE. Foi possível observar que os estudantes que cursaram sua pós-graduação no campus São Paulo observam maior contribuição das disciplinas GEPPRA e Seminários de Pesquisa, em relação aos estudantes que cursaram no campus Baixada Santista.

5 Considerações finais

Considerando as respostas obtidas no levantamento realizado, foi possível observar que há uma heterogeneidade de condutas em relação ao processo de construção e implantação do PE. Isso foi observado tanto no relato dos egressos quanto dos mestrandos.

Em relação à elaboração do PE, a maioria dos egressos (53,8%) respondeu que foi elaborado após os resultados obtidos na pesquisa; outros (23,1%) referiram que o PE surgiu ao acaso durante o desenvolvimento da pesquisa; e apenas 11,5% relatou que o PE foi o disparador da pesquisa. Em relação à definição do PE, dentro do universo de respondentes mestrandos, 40,54% referiram ser o PE proveniente da pesquisa e estar relacionado a atender uma necessidade da prática profissional do mestrando.

A elaboração tardia dos PE seja na fase de qualificação, como na fase final da pesquisa do mestrado aponta uma fragilidade importante que impacta na implementação do PE na prática profissional. Em relação à implementação do PE no contexto de suas práticas, ou seja, no seu campo de trabalho, 53,8% dos egressos não conseguiram a implantação do produto e 46,2% referiram que seu produto foi sim implantado em seu contexto de trabalho.

Para suprir essa heterogeneidade na elaboração e implementação do PE no processo de mestrado profissional, a CAA trouxe a proposta de oficinas com a participação de docentes e mestrandos, nas quais foram convidados todos os envolvidos com intuito de discutir e trocar experiências com ênfase no planejamento e na construção do PE, em processo participativo e em colaboração. Outra iniciativa diz respeito à proposta de duas docentes do PPGECS que reconheceram a importância da Ficha de Validação de Produtos Educacionais na pós-graduação profissional (Rizzatti et al., 2020RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pós-graduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. Actio: Docência em Ciências, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657/7658. Acesso em: 20 set. 2023.
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) e propuseram um aprimoramento desta ficha com intenção da qualificação dos PE, de modo a permitir com que estes pudessem ser avaliados segundo os critérios da CAPES (Zihlmann; Mazzaia, 2022).

A pesquisa realizada com egressos e mestrandos trouxe importantes resultados para aprimoramento dos PE no mestrado profissional, bem como para o envolvimento da comunidade interessada neste processo. Como fragilidade do estudo aponta-se a dificuldade em acessar os egressos do PPGESC e a necessidade de um instrumento de acompanhamento. Espera-se que esta pesquisa contribua para estudos futuros no âmbito da autoavaliação dos programas de pós-graduação profissional e para o aprimoramento do processo de elaboração dos produtos educacionais no contexto da Área de Ensino.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    21 Jul 2023
  • Aceito
    01 Out 2023
  • Revisado
    19 Out 2023
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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