Acessibilidade / Reportar erro

Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres

Common mental disorders and use of psychotropic drugs in women

Resumos

Estimar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) e o uso de psicofármacos em mulheres atendidas na rede básica de saúde. Estudo transversal utilizando o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) em mulheres usuárias das Unidades Básicas de Saúde de Barbacena, Minas Gerais, em 2013. Foram entrevistadas 360 mulheres. A prevalência de TMC foi de 41,7% (IC95%=36,6-46,8). As variáveis que se mostraram associadas à presença de TMC no modelo de regressão logística foram: consulta com psiquiatra (OR=5,40; IC95% 2,44-11,92), fazer uso de bebidas alcoólicas (OR=5,97; IC95% 2,31-15,42) e história de violência doméstica (OR=7,15; IC95% 1,80-28,35). Cerca de 30% das mulheres fazia uso de psicofármacos. A prevalência elevada de TMC e o uso de psicofármacos reforçam a importância do conhecimento desse tema pelos profissionais da área da saúde.

Saúde Pública; mulheres; transtornos mentais; psicotrópicos


To estimate the prevalence of Common Mental Disorders (CMD) and the use of psychotropic drugs in women attending the primary health care. Cross-sectional study using the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) in women attending the Basic Health System, Minas Gerais, 2013. In this study, 360 women were interviewed. The prevalence of CMD was 41.7% (95%CI 36.6-46.8). The variables that were associated with the presence of CMD in the logistic regression model were: psychiatric care (OR=5.40; 95%CI 2.44-11.92), use of alcohol (OR=5.97; 95%CI 2.31-15.42) and domestic violence report (OR=7.15; 95%CI 1.80-28.35). About 30% of women used psychotropic drugs. The high prevalence of CMD and the use of psychotropic drugs confirm the importance of knowledge of this subject by health professionals.

Public Health; women; mental disorders; psychotropic drugs


  • 1
    Araújo TM, Pinho PS, Almeida MMG. Prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres e sua relação com as características sociodemográficas e o trabalho doméstico. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2005;5(3):337-48.
  • 2
    Maragno L, Goldbaum M, Gianini RJ, Novaes HMD, César CLG. Prevalência de transtornos mentais comuns em populações atendidas pelo Programa Saúde da Família (QUALIS) no Município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2006;22(8):1639-48.
  • 3
    Patel V, Kleinman A. Poverty and common mental disorders in developing countries. Bull World Health Organ. 2003;81(8):609-15.
  • 4
    World Health Organization. The Global Burden of disease: 2004 update. Geneva: WHO; 2008.
  • 5
    São Paulo. Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo), Boletim ISA. Transtornos Mentais Comuns: Tabagismo. Consumo de Bebida Alcoólica. São Paulo: Secretaria Municipal de Saúde; 2011.
  • 6
    Ribeiro WS, Andreoli SB, Ferri CP, Prince M, Mari JJ. Exposição à violência e problemas de saúde mental em países em desenvolvimento: uma revisão da literatura. Rev Bras Psiquiatr. 2009;31(Suppl 2):S49-57.
  • 7
    Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre a saúde no mundo 2001. Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Genebra: OMS; 2001 (tradução para o português pelo Escritório Central OPAS erevisão técnica pela Área Técnica da saúde Mental do Ministério da Saúde do Brasil).
  • 8
    Lima MCP, Menezes PR, Carandina L, César CLG, Barros MBA, Goldbaum M. Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos: impacto das condições socioeconômicas. Rev Saúde Pública. 2008;42(4):717-23.
  • 9
    Gonçalves DM, Stein AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self-Reporting Questionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo com o Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cad Saúde Pública. 2008;24(2):380-90.
  • 10
    Andrade LHSG, Viana MC, Silveira CM, Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Rev Psiquiatr Clín. 2006;33(2):43-54.
  • 11
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010 [cited 2012 Jun 06]. Available from: http://censo2010.ibge.gov.br/
  • 12
    Mari JJ, Williams P. A validity study of a psychiatric screening questionnaire (SRQ-20) in primary care in the city of São Paulo. Br J Psychiatry. 1986;148:23-6.
  • 13
    Moreira JKP, Bandeira M, Cardoso CS, Scalon JD. Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em uma população assistida por equipes do Programa Saúde da Família. J Bras Psiquiatr. 2011;60(3):221-26.
  • 14
    Araújo TM, Almeida MMG, Santana CC, Araújo EM, Pinho PS. Transtornos mentais comuns em mulheres: estudo comparativo entre donas-de-casa e trabalhadoras. Rev Enferm UERJ. 2006;14(2):260-9.
  • 15
    Bandeira M, Freitas LC, Filho JGTC. Avaliação da ocorrência de transtornos mentais comuns em usuários do Programa de Saúde da Família. J Bras Psiquiatr. 2007;56(1):41-7.
  • 16
    Rocha SV, Almeida MMG, Araújo TM, Rodrigues WKM, Santos LB, Júnior JSV. Prevalência de transtornos mentais comuns em idosos residentes em município no nordeste do Brasil. Rev Salud Pública. 2012;14(4):620-29.
  • 17
    Stansfeld SA, Fuhrer R, Head J. Impact of common mental disorders on sickness absence in an occupational cohort study. Occup Environ Med. 2011;68:408-13.
  • 18
    Stansfeld SA, Pike C, McManus S, Harris J, Bebbington P, Brugha T, et al. Occupations, work characteristics and common mental disorder. Psychol Med. 2013;43(5):961-73.
  • 19
    Jokela M, Batty GD, Vahtera J, Elovainio M, Kivimäki M. Socioeconomic inequalities in common mental disorders and psychotherapy treatment in the UK between 1991 and 2009 [Internet]. Br J Psychiatry. 2013;202:115-20. [cited 2013 Dec 06]. Available from: http://bjp.rcpsych.org/content/202/2/115.long
  • 20
    Ruitenburg MM, Frings-Dresen MH, Sluiter JK. The prevalence of common mental disorders among hospital physicians and their association with self-reported work ability: a cross-sectional study. BMC Health Serv Res. 2012;31(12):292-8.
  • 21
    Jenkins R, Njenga F, Okonji M, Kigamwa P, Baraza M, Ayuyo J, et al. Prevalence of common mental disorders in a rural district of Kenya, and socio-demographic risk factors. Int J Environ Res Public Health. 2012;9(5):1810-19.
  • 22
    Bellos S, Skapinakis P, Rai D, Zitko P, Araya R, Lewis G, et al. Crosscultural patterns of the association between varying levels of alcohol consumption and the common mental disorders of depression and anxiety: Secondary analysis of the WHO Collaborative Study on Psychological Problems in General Health Care. Drug Alcohol Depend. 2013;133(3):825-31.
  • 23
    Uriyo JG, Abubakar A, Swai M, Msuya SE, Stray-Pedersen B. Prevalence and correlates of common mental disorders among mothers of young children in Kilimanjaro Region of Tanzania [Internet]. PLoS One. 2013;8(7):e69088. [cited 2013 September 10]. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3700955/
  • 24
    Fryers T, Melzer D, Jenkins R. Social inequalities and the common mental disorders. A systematic review of the evidence. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2003;38:229-37.
  • 25
    Melzer D, Fryers T, Jenkins R, Brugha T, McWilliams B. Social position and the common mental disorders with disability. Estimates from the National Psychiatric Survey of Great Britain. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2003;38:238-43.
  • 26
    Senicato C, Barros MBAB. Desigualdades sociais na saúde de mulheres adultas no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2012;28(10):1903-14.
  • 27
    Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Prevalência de tabagismo no Brasil: dados dos inquéritos epidemiológicos em capitais brasileiras. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
  • 28
    Coelho FMC, Pinheiro RT, Horta BL, Magalhães PVS, Garcias CMM, Silva CV. Common mental Disorders and chronic non-communicable diseases in adults: a population-based study. Cad Saúde Pública. 2009;25(1):59-67.
  • 29
    Rodrigues MAP, Facchini LA, Lima MS. Modificações nos padrões de consumo de psicofármacos em localidade do Sul do Brasil. Rev Saúde Pública. 2006;40(1):107-14.
  • 30
    Rocha BS, Werlang MC. Psicofármacos na Estratégia Saúde da Família: perfil de utilização, acesso e estratégias para a promoção do uso racional. Ciênc Saúde Coletiva. 2013;18(11):3291-300.
  • 31
    Borim FSA, Barros MBA, Botega NJ. Transtorno mental comum na população idosa: pesquisa de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2013;29(7):1415-26.
  • 32
    Lieberman JA. The use of antipsychotics in primary care. J Clin Psychiatry. 2003;5(suppl 3):S3-8.
  • 33
    English BA, Dortch M, Ereshefsky L, Jhee S. Clinically significant psychotropic drug-drug interactions in the primary care setting. Curr Psychiatry Rep. 2012;14(4):376-90.
  • 34
    Lima MCP. Transtornos mentais comuns e uso de álcool na população urbana de Botucatu - SP: um estudo de co-morbidade e utilização de serviços [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2004.
  • 35
    Ludermir AB, Schraiber LB, D'Oliveira AFPL, França-Junior I, Jansen HA. Violence against women by their intimate partner and common mental disorders. Soc Sci Med. 2008;66(4):1008-18.
  • 36
    Alonso CMM, Musayon OFY, David HMSL, Gómez MMV. Consumo de drogas y violencia laboral en mujeres que trabajan, un estudio multicéntrico: México, Perú, Brasil. Rev Latino-Am Enferm. 2006;14(2):155-62.
  • 37
    Schraiber LB, D'Oliveira AFPL, França-Junior I, Diniz S, Portella AP, Ludermir AB, et al. Prevalência da violência contra a mulher por parceiro íntimo em regiões do Brasil. Rev Saúde Pública. 2007;41(5):797-807.
  • 38
    Howard LM, Oram S, Galley H, Trevillion K, Feder G. Domestic violence and perinatal mental disorders: a systematic review and meta-analysis [Internet]. PLoS Med. 2013;10(5):e1001452. [cited 2013 August 12]. Available from: http://dx.plos.org/10.1371/journal.pmed.1001452
  • 39
    Howard LM, Trevillion K, Agnew-Davies R. Domestic violence and mental health. Int Rev Psychiatry. 2010;22(5):525-34.
  • 40
    Santos SA, Lovisi GM, Valente CCB, Legay L, Abelha L. Violência doméstica durante a gestação: um estudo descritivo em uma unidade básica de saúde no Rio de Janeiro. Cad Saúde Colet. 2010;18(4):483-93.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jul 2015
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    25 Out 2013
  • Aceito
    06 Dez 2013
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro Avenida Horácio Macedo, S/N, CEP: 21941-598, Tel.: (55 21) 3938 9494 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@iesc.ufrj.br