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Morbimortalidade no Brasil

Morbidity and mortality in Brazil

A transição epidemiológica pode ser definida como a evolução progressiva de um perfil de alta mortalidade por doenças infecciosas para um outro cenário, onde predominam os óbitos por doenças cardiovasculares, neoplasias, causas externas e outras doenças consideradas crônico-degenerativas. Essa transição ocorreu ainda na primeira metade do século XX, sendo por um lado resultado de medidas sanitárias básicas e por outro lado, de avanços médicos como a introdução dos antibióticos1Buchalla CM, Waldman EA, Laurenti R. A mortalidade por doenças infecciosas no início e no final do século XX no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2003;6(4):335-44..

Quando se analisa a trajetória epidemiológica do Brasil, observamos que essa transição aqui ocorreu mais tardiamente, sobretudo a partir da década de 19602Campolina AG, Adami F, Santos JLF, Lebrão ML. A transição de saúde e as mudanças na expectativa de vida saudável da população idosa: possíveis impactos da prevenção de doenças crônicas. Cad Saúde Pública. 2013;29(6):1217-29. doi: 10.1590/S0102-311X2013000600018
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. Por outro lado é marcante que o processo brasileiro não ocorreu como nos países desenvolvidos onde, por diversos motivos, teve-se um somatório dos dois perfis de morbimortalidade. Schramm et al.3Schramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, Gadelha AMJ, Portela MC et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2004;9(4):897-908. doi: 10.1590/S1413-81232004000400011
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detalharam essa superposição das doenças transmissíveis e das doenças crônico-degenerativas. A reintrodução de doenças como dengue e cólera, ou o recrudescimento de outras, como a malária, a hanseníase e a leishmaniose caracterizam essa transição prolongada.

Nesta edição de nossa revista temos o reflexo dessa transição diferenciada em nosso país como bem destacado no artigo Fatores associados ao custo das internações hospitalares por doenças infecciosas em idosos, em hospital de referência, na cidade do Natal/RN. As doenças infecciosas também estão representadas pelas doenças priônicas no artigo Avaliação epidemiológica dos óbitos por doenças priônicas no Brasil sob o enfoque da Biossegurança, que nos lembra que a batalha contra as doenças infecto-parasitárias ainda é travada diariamente.

Outro artigo que analisa o impacto dessa superposição de adoecimento é o Aposentadorias por invalidez e Doenças Crônicas entre os servidores da Prefeitura Municipal de Uberlândia, Minas Gerais, 1990-2009.

Ainda nesta edição são discutidos alguns programas de saúde brasileiros, como o Programa de Saúde da Família e os Centros de Especialidades Odontológicas, refletindo a preocupação editorial com enfoque nas questões nacionais, ainda que em estudos regionalizados.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Buchalla CM, Waldman EA, Laurenti R. A mortalidade por doenças infecciosas no início e no final do século XX no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2003;6(4):335-44.
  • 2
    Campolina AG, Adami F, Santos JLF, Lebrão ML. A transição de saúde e as mudanças na expectativa de vida saudável da população idosa: possíveis impactos da prevenção de doenças crônicas. Cad Saúde Pública. 2013;29(6):1217-29. doi: 10.1590/S0102-311X2013000600018
    » https://doi.org/10.1590/S0102-311X2013000600018
  • 3
    Schramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, Gadelha AMJ, Portela MC et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2004;9(4):897-908. doi: 10.1590/S1413-81232004000400011
    » https://doi.org/10.1590/S1413-81232004000400011

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015
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