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Efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais: uma revisão sistemática da literatura

Therapeutic effects of art making in the psychosocial rehabilitation of people with mental disorders: systematic literature review

Resumo

Atividades criativas vêm sendo utilizadas como recurso terapêutico para portadores de transtornos psíquicos no Brasil e no mundo. Há a necessidade de se consolidar a base teórica sobre o tema, levando-se em consideração dados qualitativos e o modelo conceitual do recovery. Neste trabalho, foi realizada uma revisão sistemática sobre os efeitos da produção de arte como recurso terapêutico no campo da saúde mental. Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, LILACS e SciELO, com a seleção de estudos de metodologia qualitativa sobre o tema, publicados em inglês ou português, entre 2000 e 2013. Vinte e oito artigos foram revisados por meio de análise de conteúdo. Foram demonstrados benefícios para aspectos importantes do processo de reabilitação dos sujeitos, como o alívio de sentimentos negativos, o empoderamento e a reinserção social, fundamentais ao modelo do recovery. Conclui-se que a arte possui um potencial terapêutico significativo para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos psíquicos, podendo funcionar como um recurso valioso no cenário atual de desafios para o cuidado na saúde mental.

Palavras-chave:
terapia pela arte; saúde mental; transtornos mentais; reabilitação

Abstract

Creative activities have been used as therapeutic resource for people with mental disorders in Brazil and worldwide. There is a need to consolidate the body of evidence on the subject by incorporating qualitative data and the conceptual model of recovery. This paper presents a systematic review on the effects of art making as therapeutic resource in mental health. The databases PubMED, LILACS and SciELO were searched and studies on the subject that had qualitative approach and were published in English or Portuguese between 2000 and 2013 were selected. Benefits were evident in key aspects of the subjects' rehabilitation process, such as the relief of negative feelings, empowerment and social reintegration, which are fundamental principles of recovery. It was found that art has a significant therapeutic potential in the psychosocial rehabilitation of people with mental disorders and may represent a valuable resource in the current scenario of challenges to mental health care.

Keywords:
art therapy; mental health; mental disorders; rehabilitation

INTRODUÇÃO

Os movimentos de Reforma Psiquiátrica propiciaram, na segunda metade do século XX, a ascensão de um novo paradigma na assistência a portadores de transtornos mentais11 Galvanese ATC, Nascimento AF, D’Oliveira AFPL. Arte, cultura e cuidado nos centros de atenção psicossocial. Rev Saude Publica. 2013 abr;47(2):360-7. PMid:24037364. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047003487.
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. O conceito de recovery, proposto a partir da década de 197022 Baccari IOP, Campos RTO, Stefanello S. Revisão sistemática do conceito de . recoveryCien Saude Colet. 2015 jan;20(1):125-36. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014201.04662013.
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, insere-se nesse contexto de reconstrução das práticas assistenciais, ao lançar um modelo inovador de reabilitação para pessoas com transtornos psíquicos.

Criado a partir de narrativas de usuários sobre suas experiências como portadores de doenças mentais33 Duarte T. Recovery da doença mental: uma visão para os sistemas e serviços de saúde mental. Aná. Psicologica (Valencia). 2007 jan;25(1):127-33., o recovery se propõe a substituir a reabilitação centrada em conceitos biomédicos, incorporando dimensões subjetivas ao cuidado em saúde mental44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
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. O modelo descreve a reabilitação do sujeito como um processo profundamente pessoal de autodeterminação, fortalecimento e descoberta de um novo senso de identidade e propósito, contemplando a superação do rótulo de louco33 Duarte T. Recovery da doença mental: uma visão para os sistemas e serviços de saúde mental. Aná. Psicologica (Valencia). 2007 jan;25(1):127-33.

4 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
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5 Jaeger M, Hoff P. Recovery: conceptual and ethical aspects. Curr Opin Psychiatry. 2012 nov;25(6):497-502. PMid:22992552. http://dx.doi.org/10.1097/YCO.0b013e328359052f.
http://dx.doi.org/10.1097/YCO.0b013e3283...
-66 Coscrato G, Bueno SMV. A luz da arte nos Centros de Atenção Psicossocial: interface com o cuidado. Cad Bras Saude Mental. 2009 out/dez;1(2):142-50.. O recovery não preconiza, portanto, cura ou remissão de sintomas22 Baccari IOP, Campos RTO, Stefanello S. Revisão sistemática do conceito de . recoveryCien Saude Colet. 2015 jan;20(1):125-36. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014201.04662013.
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, mas, ao invés de disso, centra-se na recuperação da esperança por parte do usuário22 Baccari IOP, Campos RTO, Stefanello S. Revisão sistemática do conceito de . recoveryCien Saude Colet. 2015 jan;20(1):125-36. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014201.04662013.
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,33 Duarte T. Recovery da doença mental: uma visão para os sistemas e serviços de saúde mental. Aná. Psicologica (Valencia). 2007 jan;25(1):127-33. e no viver bem, apesar do transtorno psíquico77 Anthony WA. Recovery from mental illness: the guiding vision of the mental health service system in the 1990s. Psychosoc Rehabil J. 1993;16(4):521-38. http://dx.doi.org/10.1037/h0095655.
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.

O uso da arte como recurso terapêutico se insere nesse contexto de busca por soluções que atendam às demandas dos novos modelos de reinserção social. Práticas artísticas vêm sendo empregadas em instituições de diversos países88 Tjörnstrand C, Bejerholm U, Eklund M. Participation in day centres for people with psychiatric disabilities: characteristics of occupations. Scand J Occup Ther. 2011 dez;18(4):243-53. PMid:21702742. http://dx.doi.org/10.3109/11038128.2011.583938.
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10 Gajić GM. Group art therapy as adjunct therapy for the treatment of schizophrenic patients in day hospital. Vojnosanit Pregl. 2013;70(11):1065-9. PMid:24397206. http://dx.doi.org/10.2298/VSP1311065M.
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-1111 Bungay H, Clift S. Arts on prescription: a review of practice in the UK. Perspect Public Health. 2010 dez;130(6):277-81. PMid:21213564. http://dx.doi.org/10.1177/1757913910384050.
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e, hoje, ocupam papel de destaque entre as atividades terapêuticas oferecidas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)1212 Brasil. Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília; 2004.. Embora alguns estudos quantitativos com amostras significativas não tenham demonstrado benefícios da arteterapia para portadores de transtornos mentais1313 Crawford MJ, Killaspy H, Kalaitzaki E, Barrett B, Byford S, Patterson S, et al. The MATISSE study: a randomised trial of group art therapy for people with schizophrenia. BMC Psychiatry. 2010 ago;10(65):65. PMid:20799930. http://dx.doi.org/10.1186/1471-244X-10-65.
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,1414 Ruddy R, Milnes D. Art therapy for schizophrenia or schizophrenia-like illnesses. Cochrane Database Syst Rev. 2005 out;(4):CD003728. PMid:16235338., publicações com metodologia qualitativa têm mostrado resultados diferentes, com repercussões positivas em diversas frentes da reabilitação1515 Van Lith T, Schofield MJ, Fenner P. Identifying the evidence-base for art-based practices and their potential benefit for mental health recovery: a critical review. Disabil Rehabil. 2013 ago;35(16):1309-23. PMid:23116320. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2012.732188.
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. Apesar de a pesquisa qualitativa ser mais condizente com os princípios do recovery, essa abordagem metodológica foi pouco explorada em revisões anteriores sobre o tema1515 Van Lith T, Schofield MJ, Fenner P. Identifying the evidence-base for art-based practices and their potential benefit for mental health recovery: a critical review. Disabil Rehabil. 2013 ago;35(16):1309-23. PMid:23116320. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2012.732188.
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. Assim, os efeitos terapêuticos dessas práticas não estão completamente elucidados1313 Crawford MJ, Killaspy H, Kalaitzaki E, Barrett B, Byford S, Patterson S, et al. The MATISSE study: a randomised trial of group art therapy for people with schizophrenia. BMC Psychiatry. 2010 ago;10(65):65. PMid:20799930. http://dx.doi.org/10.1186/1471-244X-10-65.
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,1414 Ruddy R, Milnes D. Art therapy for schizophrenia or schizophrenia-like illnesses. Cochrane Database Syst Rev. 2005 out;(4):CD003728. PMid:16235338., o que tem sido apontado como um entrave ao financiamento e à incorporação dessas práticas aos serviços de saúde mental1515 Van Lith T, Schofield MJ, Fenner P. Identifying the evidence-base for art-based practices and their potential benefit for mental health recovery: a critical review. Disabil Rehabil. 2013 ago;35(16):1309-23. PMid:23116320. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2012.732188.
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16 Kilroy A, Garner C, Parkinson C, Kagan C, Senior P. Towards transformation: exploring the impact of culture, creativity and the arts on health and well-being. Manchester: Arts for Health, Manchester Metropolitan University; 2007.
-1717 Mental Health Foundation. Arts, creativity and mental health initiative: participatory Arts Self Evaluation Approach Project Report. Glasgow: Mental Health Foundation; 2007.. O presente estudo localizou apenas uma revisão publicada sobre o tema no Brasil66 Coscrato G, Bueno SMV. A luz da arte nos Centros de Atenção Psicossocial: interface com o cuidado. Cad Bras Saude Mental. 2009 out/dez;1(2):142-50..

O presente estudo tem por objetivo identificar e discutir efeitos benéficos da arte para os processos de reabilitação psicossocial ou recovery de portadores de transtornos psíquicos, relacionando os efeitos descritos a eventuais explicações propostas pelos estudos. A revisão se justifica pela necessidade de se consolidar o corpo de evidências nesse campo1515 Van Lith T, Schofield MJ, Fenner P. Identifying the evidence-base for art-based practices and their potential benefit for mental health recovery: a critical review. Disabil Rehabil. 2013 ago;35(16):1309-23. PMid:23116320. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2012.732188.
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16 Kilroy A, Garner C, Parkinson C, Kagan C, Senior P. Towards transformation: exploring the impact of culture, creativity and the arts on health and well-being. Manchester: Arts for Health, Manchester Metropolitan University; 2007.
-1717 Mental Health Foundation. Arts, creativity and mental health initiative: participatory Arts Self Evaluation Approach Project Report. Glasgow: Mental Health Foundation; 2007. por meio de metodologia qualitativa e à luz de modelos de reabilitação inovadores1818 Campos GWS, Onocko-Campos RT, Del Barrio LD. Políticas e práticas em saúde mental: as evidências em questão. Cien Saude Colet. 2013 out;18(10):2797-805. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013001000002.
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,1919 Anthony W, Rogers ES, Farkas M. Research on evidence-based practices: future directions in an era of recovery. Community Ment Health J. 2003 abr;39(2):101-14. PMid:12723845. http://dx.doi.org/10.1023/A:1022601619482.
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.

METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre os efeitos terapêuticos da produção de arte para portadores de transtornos mentais. Foram incluídos na seleção artigos originais em português e em inglês, publicados entre os anos de 2000 e 2013 e que avaliaram os efeitos do uso da arte como recurso terapêutico para pessoas com transtornos mentais por meio de metodologia qualitativa. Não foram incluídos: (i) estudos que avaliaram os efeitos dessas intervenções para pacientes com dependência de substâncias psicoativas e demência; (ii) estudos com metodologia mista (quantitativa e qualitativa); (iii) artigos que não puderam ser recuperados na íntegra. Para o levantamento bibliográfico, foi realizada uma busca nos bancos de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os descritores foram divididos em duas categorias: art making, art therapy e creative therapy/creative therapies (categoria 1); mental disorders, mental health e mental illness (categoria 2). Desses termos, art therapy, mental disorders e mental health são termos indexados no Medical Subject Headings (MeSH) e nos Descritores em Ciências da Saúde da Biblioteca Virtual de Saúde (DeCS/BIREME). Para elaborar a sintaxe da busca, cada termo da categoria 1 foi combinado com um termo da categoria 2 até que todas as combinações tivessem sido realizadas. O termo art therapy foi pesquisado entre aspas, pois, nas tentativas de busca sem esse recurso, a maioria dos artigos encontrados abordavam temas que não interessavam a esta revisão.

Na base de dados PubMed, uma das estratégias teve de ser modificada. Nas buscas com o termo “art therapy”, 1.066 artigos foram localizados, em muitos dos quais o tema era a terapia antirretroviral, devido à semelhança de art therapy com a sigla para antiretroviral (art) therapy (terapia antirretroviral, utilizada no tratamento da infecção pelo vírus HIV). Assim, acrescentou-se o termo “NOT HIV” à busca. Ainda, nas buscas no PubMed, foram utilizados os seguintes filtros: idiomas inglês e português, e artigos publicados entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

As buscas foram realizadas entre junho e julho de 2014. Para buscar artigos indisponíveis nas bases de dados listadas anteriormente, foram pesquisadas a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), por meio do portal da Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), e, nos casos de teses e dissertações, o banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Os resultados dos artigos selecionados foram categorizados a partir do método da análise de conteúdo2020 Bauer MW, Gaskell G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes; 2002.. Para o processo de categorização, os 28 artigos foram lidos novamente, destacando-se trechos que indicavam benefícios da arte para as trajetórias de pessoas com transtornos mentais. Dos trechos escolhidos, foram extraídos significados que sintetizassem a natureza dos efeitos relatados e que foram então agrupados de acordo com o tema ao qual se referiam. Desse modo, foram construídas categorias de análise, que formaram a base da análise realizada pela presente revisão.

RESULTADOS

Vinte e oito artigos foram revisados. O processo de seleção de artigos pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1
Processo de seleção dos artigos

Entre os estudos incluídos na presente revisão (Tabela 1), mais da metade (15) consistiu em trabalhos exploratórios de natureza qualitativa, nove artigos eram relatos de experiência e os demais artigos (quatro) eram relatos ou séries de casos.

Tabela 1
Caracterização dos artigos selecionados quanto ao ano, autor, país de origem, modalidade artística investigada, modo de desenvolvimento da atividade, efeitos descritos e modo de avaliação dos efeitos

Os métodos de amostragem e critérios de elegibilidade para a participação nos estudos não foram descritos em todos os artigos. Houve extensa variabilidade no modo de caracterizar as populações estudadas. Apenas 10 dos artigos revisados especificaram os diagnósticos psiquiátricos dos participantes da pesquisa, que incluíram: depressão maior unipolar, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático e transtornos de personalidade. Outras características apresentadas pelos estudos foram sexo dos participantes (em 19 artigos), idade (em 11 artigos) e etnia (em cinco artigos).

As modalidades artísticas e o número de artigos em que elas foram relatadas como predominantes entre as atividades realizadas podem ser vistos na Tabela 2. Nota-se um predomínio pelas artes plásticas nas investigações. A maioria dos artigos investigou atividades artísticas desenvolvidas na comunidade (21 artigos) e em grupo (22 artigos).

Tabela 2
Modalidades artísticas e suas frequências nos artigos

Nos estudos revisados, houve uma heterogeneidade de metodologias utilizadas para avaliar os resultados (Tabela 3). A mais frequente nos artigos foi o uso de entrevistas, utilizada em 16 estudos. Os artigos descreveram entrevistas do tipo aberta, semiestruturada e estruturada, com diferentes atores do processo. Foram ouvidos: portadores de transtornos mentais, sujeitos que conduziram as oficinas de produção artística (profissionais de saúde ou artistas profissionais) e profissionais de saúde que encaminharam portadores de transtornos mentais para programas de produção artística. A maioria dos artigos (21) levou em consideração a perspectiva dos usuários na avaliação dos efeitos investigados. Nos estudos que utilizaram entrevistas, predominou-se a avaliação pontual de resultados, com entrevistas realizadas em uma única ocasião.

Tabela 3
Metodologias utilizadas nos artigos revisados

Todos os artigos selecionados descreveram efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de portadores de transtornos mentais. Os efeitos benéficos destacados pelos artigos foram agrupados em oito categorias, construídas a partir de uma análise de conteúdo dos resultados encontrados: expressividade, revisão da identidade, ampliação de competências pessoais, empoderamento, reconquista da esperança, concretização de planos, sociabilidade e minimização de aspectos negativos da doença mental. As categorias e o número de artigos em que elas foram descritas podem ser vistos na Figura 2. Além disso, dois artigos apontaram efeitos negativos das práticas.

Figura 2
Categorias construídas e suas frequências nos artigos

Na categoria empoderamento, foram agrupadas as repercussões associadas à promoção da autonomia do usuário e ao protagonismo deste na própria vida e em sua trajetória de recovery, dentre as quais: aumento da autoestima e do valor próprio44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
,2525 Giles MD, Nelson AL, Shizgal F, Stern E, Fourt A, Woods P, et al. A multi-modal treatment program for childhood trauma recovery: Women Recovering from Abuse Program (WRAP). J Trauma Dissociation. 2007;8(4):7-24. PMid:18077282. http://dx.doi.org/10.1300/J229v08n04_02.
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,3232 Margrove KL, Pope J, Mark GM. An exploration of artists’ perspectives of participatory arts and health projects for people with mental health needs. Public Health. 2013 dez;127(12):1105-10. PMid:24275028. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09.018.
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,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
. Ademais, alguns usuários afirmaram que passaram a se sentir no controle da própria vida44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
,4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010....
e viram a produção artística como algo necessário para lidar com as limitações impostas pela doença44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
. Entre as explicações propostas para os efeitos observados, estiveram a convivência com pessoas que enfrentavam as mesmas dificuldades3535 Perry C, Thurston M, Osborn T. Time for Me: the arts as therapy in postnatal depression. Complement Ther Clin Pract. 2008 fev;14(1):38-45. PMid:18243941. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06...
e a percepção do usuário de que ele foi capaz de realizar algo que não conseguia fazer antes44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,3939 Stacey G, Stickley T. The meaning of art to people who use mental health services. Perspect Public Health. 2010 mar;130(2):70-7. PMid:20455486. http://dx.doi.org/10.1177/1466424008094811.
http://dx.doi.org/10.1177/14664240080948...
.

Na categoria sociabilidade, descreveram-se a interação e a formação de vínculo entre os usuários11 Galvanese ATC, Nascimento AF, D’Oliveira AFPL. Arte, cultura e cuidado nos centros de atenção psicossocial. Rev Saude Publica. 2013 abr;47(2):360-7. PMid:24037364. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047003487.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.201...
,4141 Stickley T, Hui A. Arts In-Reach: taking “bricks off shoulders” in adult mental health inpatient care. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2012;19(5):402-9. PMid:22070164. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011.01811.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
http://dx.doi.org/10.1159/000325025...
, que permitiram o compartilhamento de ideias e de experiências11 Galvanese ATC, Nascimento AF, D’Oliveira AFPL. Arte, cultura e cuidado nos centros de atenção psicossocial. Rev Saude Publica. 2013 abr;47(2):360-7. PMid:24037364. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047003487.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.201...
, e geraram oportunidades para conhecer pessoas com experiências similares2727 Goodsmith L. Beyond where it started: a look at the “Healing Images” experience. Torture. 2007;17(3):222-32. PMid:19289895.,3131 Makin S, Gask L. “Getting back to normal”: the added value of an art-based programme in promoting “recovery” for common but chronic mental health problems. Chronic Illn. 2012 mar;8(1):64-75. PMid:21985790. http://dx.doi.org/10.1177/1742395311422613.
http://dx.doi.org/10.1177/17423953114226...
. Destacaram-se o desenvolvimento de habilidades de comunicação, com diminuição da timidez e aumento da confiança44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
, e o surgimento de um senso de pertencimento social, uma vez que os usuários passaram a se sentir socialmente aceitos, incluídos e parte da comunidade4040 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a UK city: referrers’ perspectives (part 2). Public Health. 2012;126(7):580-6. PMid:22578297. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...
,4242 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...
,4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
http://dx.doi.org/10.1159/000325025...
. A criação de uma cultura tolerante no grupo de atividades artísticas2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215....
e a vivência em um ambiente seguro e não competitivo3131 Makin S, Gask L. “Getting back to normal”: the added value of an art-based programme in promoting “recovery” for common but chronic mental health problems. Chronic Illn. 2012 mar;8(1):64-75. PMid:21985790. http://dx.doi.org/10.1177/1742395311422613.
http://dx.doi.org/10.1177/17423953114226...
foram alguns dos mecanismos apontados para a obtenção dos efeitos.

A categoria minimização de aspectos negativos da doença mental contempla a vivência de dificuldades e de angústias de modo menos sofrido pelo portador de transtorno psíquico: a minimização de sentimentos e comportamentos negativos, como agressividade, agitação, ansiedade e pensamento paranoico2424 Coqueiro NF, Vieira FRR, Freitas MMC. Arteterapia como dispositivo terapêutico em saúde mental. Acta Paul Enferm. 2010;23(6):859-62. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002010000600022.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002010...
,2929 Karlsson LB, Malmqvist A. “Poetry in Yarn”: making sense of life experiences in the shadow of Schizophrenia. Schizophr Bull. 2013 jul;39(4):732-6. PMid:23223341. http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144.
http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144...
,3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
,3636 Rafieyan R, Ries R. A description of the use of music therapy in consultation-liaison psychiatry. Psychiatry. 2007 jan;4(1):47-52. PMid:20805929.,4343 Stickley T, Hui A, Morgan J, Bertram G. Experiences and constructions of art: a narrative-discourse analysis. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):783-90. PMid:18039303. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01173.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
http://dx.doi.org/10.1159/000325025...
,4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010....
; o relaxamento a partir da atividade3131 Makin S, Gask L. “Getting back to normal”: the added value of an art-based programme in promoting “recovery” for common but chronic mental health problems. Chronic Illn. 2012 mar;8(1):64-75. PMid:21985790. http://dx.doi.org/10.1177/1742395311422613.
http://dx.doi.org/10.1177/17423953114226...
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4040 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a UK city: referrers’ perspectives (part 2). Public Health. 2012;126(7):580-6. PMid:22578297. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...

41 Stickley T, Hui A. Arts In-Reach: taking “bricks off shoulders” in adult mental health inpatient care. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2012;19(5):402-9. PMid:22070164. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011.01811.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...

42 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...
-4343 Stickley T, Hui A, Morgan J, Bertram G. Experiences and constructions of art: a narrative-discourse analysis. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):783-90. PMid:18039303. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01173.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
; a diminuição do isolamento físico e psicológico2727 Goodsmith L. Beyond where it started: a look at the “Healing Images” experience. Torture. 2007;17(3):222-32. PMid:19289895.,2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215....
,3535 Perry C, Thurston M, Osborn T. Time for Me: the arts as therapy in postnatal depression. Complement Ther Clin Pract. 2008 fev;14(1):38-45. PMid:18243941. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06...
. Foram descritos ainda a amenização de comportamentos de automutilação3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
e a diminuição do número de hospitalizações dos usuários44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
http://dx.doi.org/10.1177/03080226070700...
. Segundo os estudos, contribuíram para esses efeitos a intensa imersão nas atividades3131 Makin S, Gask L. “Getting back to normal”: the added value of an art-based programme in promoting “recovery” for common but chronic mental health problems. Chronic Illn. 2012 mar;8(1):64-75. PMid:21985790. http://dx.doi.org/10.1177/1742395311422613.
http://dx.doi.org/10.1177/17423953114226...
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4141 Stickley T, Hui A. Arts In-Reach: taking “bricks off shoulders” in adult mental health inpatient care. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2012;19(5):402-9. PMid:22070164. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011.01811.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
, que permitiu a distração de dificuldades e de sentimentos negativos2929 Karlsson LB, Malmqvist A. “Poetry in Yarn”: making sense of life experiences in the shadow of Schizophrenia. Schizophr Bull. 2013 jul;39(4):732-6. PMid:23223341. http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144.
http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144...
,3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
, e o fato de que, durante as intervenções, deu-se mais ênfase às forças do que aos defeitos dos sujeitos2929 Karlsson LB, Malmqvist A. “Poetry in Yarn”: making sense of life experiences in the shadow of Schizophrenia. Schizophr Bull. 2013 jul;39(4):732-6. PMid:23223341. http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144.
http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144...
.

Na categoria expressividade, os efeitos mais destacados foram a expressão de memórias e de sentimentos negativos ou opressivos2121 Avrahami D. Visual art therapy’s unique contribution in the treatment of post-traumatic stress disorders. J Trauma Dissociation. 2005;6(4):5-38. PMid:16537321. http://dx.doi.org/10.1300/J229v06n04_02.
http://dx.doi.org/10.1300/J229v06n04_02...
,2323 Clark T. Poetry: recovery and beyond. Australas Psychiatry. 2009 fev;17(Supl 1):S167-9. PMid:19579135. http://dx.doi.org/10.1080/10398560902948407.
http://dx.doi.org/10.1080/10398560902948...
,3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
,3232 Margrove KL, Pope J, Mark GM. An exploration of artists’ perspectives of participatory arts and health projects for people with mental health needs. Public Health. 2013 dez;127(12):1105-10. PMid:24275028. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09.018.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09...
,3333 Monaghan D. Creating an open mind. Australas Psychiatry. 2011 jul;19(Supl 1):S73-5. PMid:21878025. http://dx.doi.org/10.3109/10398562.2011.583052.
http://dx.doi.org/10.3109/10398562.2011....
e a menor dificuldade para falar de si, usando as obras produzidas como facilitadoras2222 Camargo VP, Lena MS, Dias HZJ, Roso AR. Costurando saúde: possibilidades de integração por meio da confecção de bonecos(as) de pano em um CAPS infantil. Psicol. Argum. 2011 jan/mar;29(64):101-8.,3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
,3232 Margrove KL, Pope J, Mark GM. An exploration of artists’ perspectives of participatory arts and health projects for people with mental health needs. Public Health. 2013 dez;127(12):1105-10. PMid:24275028. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09.018.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09...
,4040 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a UK city: referrers’ perspectives (part 2). Public Health. 2012;126(7):580-6. PMid:22578297. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...

41 Stickley T, Hui A. Arts In-Reach: taking “bricks off shoulders” in adult mental health inpatient care. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2012;19(5):402-9. PMid:22070164. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2011.01811.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...

42 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...

43 Stickley T, Hui A, Morgan J, Bertram G. Experiences and constructions of art: a narrative-discourse analysis. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):783-90. PMid:18039303. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01173.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...

44 Tavares CMM. O papel da arte nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Rev Bras Enferm. 2003 jan/fev;56(1):35-9. PMid:14595971. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672003000100007.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672003...
-4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
http://dx.doi.org/10.1159/000325025...
. Os benefícios conquistados facilitaram a comunicação entre paciente e equipe de saúde3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
,3636 Rafieyan R, Ries R. A description of the use of music therapy in consultation-liaison psychiatry. Psychiatry. 2007 jan;4(1):47-52. PMid:20805929.,4444 Tavares CMM. O papel da arte nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. Rev Bras Enferm. 2003 jan/fev;56(1):35-9. PMid:14595971. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672003000100007.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672003...
, com melhora do vínculo entre usuários e profissionais, maior entendimento das necessidades do paciente e construção de um plano terapêutico mais efetivo3030 Lamont S, Brunero S, Sutton D. Art psychotherapy in a consumer diagnosed with borderline personality disorder: a case study. Int J Ment Health Nurs. 2009 jun;18(3):164-72. PMid:19490226. http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.2009.00594.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1447-0349.20...
.

A autodescoberta44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
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,2424 Coqueiro NF, Vieira FRR, Freitas MMC. Arteterapia como dispositivo terapêutico em saúde mental. Acta Paul Enferm. 2010;23(6):859-62. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002010000600022.
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,2727 Goodsmith L. Beyond where it started: a look at the “Healing Images” experience. Torture. 2007;17(3):222-32. PMid:19289895.,3232 Margrove KL, Pope J, Mark GM. An exploration of artists’ perspectives of participatory arts and health projects for people with mental health needs. Public Health. 2013 dez;127(12):1105-10. PMid:24275028. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09.018.
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,4242 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
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,4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
http://dx.doi.org/10.1159/000325025...
, o desenvolvimento de identidades renovadas, nas quais os usuários não eram definidos por sua doença mental3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
, e o processamento e ressignificação de experiências passadas2525 Giles MD, Nelson AL, Shizgal F, Stern E, Fourt A, Woods P, et al. A multi-modal treatment program for childhood trauma recovery: Women Recovering from Abuse Program (WRAP). J Trauma Dissociation. 2007;8(4):7-24. PMid:18077282. http://dx.doi.org/10.1300/J229v08n04_02.
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,2929 Karlsson LB, Malmqvist A. “Poetry in Yarn”: making sense of life experiences in the shadow of Schizophrenia. Schizophr Bull. 2013 jul;39(4):732-6. PMid:23223341. http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144.
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,3232 Margrove KL, Pope J, Mark GM. An exploration of artists’ perspectives of participatory arts and health projects for people with mental health needs. Public Health. 2013 dez;127(12):1105-10. PMid:24275028. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2013.09.018.
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,4545 Teglbjaerg HS. Art therapy may reduce psychopathology in schizophrenia by strengthening the patients’ sense of self: a qualitative extended case report. Psychopathology. 2011;44(5):314-8. PMid:21659793. http://dx.doi.org/10.1159/000325025.
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foram alguns dos benefícios da categoria revisão da identidade. Alguns usuários passaram a se ver como artistas, o que contribuiu para a mudança do modo como se relacionavam com a comunidade e para a reconstrução de suas vidas2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215....
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
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. Os efeitos foram atribuídos ao reconhecimento das conquistas dos usuários pelos pares, por profissionais e pela comunidade, com a exibição de obras ao público desempenhando um papel importante no processo2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215....
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
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.

Na categoria reconquista da esperança, destacaram-se a renovação da esperança no futuro3131 Makin S, Gask L. “Getting back to normal”: the added value of an art-based programme in promoting “recovery” for common but chronic mental health problems. Chronic Illn. 2012 mar;8(1):64-75. PMid:21985790. http://dx.doi.org/10.1177/1742395311422613.
http://dx.doi.org/10.1177/17423953114226...
,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4040 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a UK city: referrers’ perspectives (part 2). Public Health. 2012;126(7):580-6. PMid:22578297. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.001.
http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04...
,4343 Stickley T, Hui A, Morgan J, Bertram G. Experiences and constructions of art: a narrative-discourse analysis. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):783-90. PMid:18039303. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01173.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.20...
,4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
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, a vontade de crescer e avançar na recuperação4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
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, e o desenvolvimento de um senso de propósito na vida a partir da arte44 Lloyd C, Wong SR, Petchkovsky L. Art and recovery in mental health: a qualitative investigation. Br J Occup Ther. 2007 maio;70(5):207-14. http://dx.doi.org/10.1177/030802260707000505.
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,3838 Spandler H, Secker J, Kent L, Hacking S, Shenton J. Catching life: the contribution of arts initiatives to recovery approaches in mental health. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):791-9. PMid:18039304. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01174.x.
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,4242 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
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,4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
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.

No entanto, dois artigos descreveram, de forma pontual, efeitos negativos da arte para a reabilitação dos sujeitos: uma percepção negativa da autoimagem3535 Perry C, Thurston M, Osborn T. Time for Me: the arts as therapy in postnatal depression. Complement Ther Clin Pract. 2008 fev;14(1):38-45. PMid:18243941. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06.001.
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e as frustrações ligadas ao engajamento com produção artística, gerando raiva e isolamento4343 Stickley T, Hui A, Morgan J, Bertram G. Experiences and constructions of art: a narrative-discourse analysis. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2007 dez;14(8):783-90. PMid:18039303. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2850.2007.01173.x.
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.

DISCUSSÃO

A presente revisão investigou os efeitos benéficos da produção de arte para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais, analisando os resultados à luz do conceito de recovery. Foram demonstrados benefícios para diversos aspectos do processo de reabilitação desses sujeitos, embora as categorias tenham variado quanto à frequência com que surgiram nos artigos e os benefícios tenham sido descritos com graus variados de intensidade.

A categoria de empoderamento foi a mais frequente nos estudos revisados e contemplou a aquisição da habilidade de entender e gerir a própria doença, a recuperação da possibilidade de tomar decisões e uma retomada do controle sobre a própria vida, o que se correlaciona com pontos-chave do conceito de recovery, como a promoção da autonomia e a construção de um autocuidado33 Duarte T. Recovery da doença mental: uma visão para os sistemas e serviços de saúde mental. Aná. Psicologica (Valencia). 2007 jan;25(1):127-33.. A interação com a comunidade foi um dos principais aspectos apontados como o responsável pela obtenção de efeitos nessa categoria, sugerindo que essa convivência é de fundamental importância para o processo de empoderamento do portador de transtorno mental.

Quanto à sociabilidade, observaram-se a reconstrução e a reconfiguração da rede social dos indivíduos, englobando a melhora das habilidades de relacionamento e a produção de vínculo, com consequente ampliação de suas redes sociais. Esses efeitos contribuem para a reinserção social do usuário, uma meta preconizada com ênfase pelo recovery, e são extremamente relevantes, uma vez que vulnerabilidade social é uma condição frequente entre portadores de transtornos mentais graves4747 Muramoto MT, Mângia EF. A sustentabilidade da vida cotidiana: um estudo das redes sociais de usuários de serviço de saúde mental no município de Santo André (SP, Brasil). Cien Saude Colet. 2011 abr;16(4):2165-77. PMid:21584458. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000400016.
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. Em minimização de aspectos negativos da doença mental, foram descritos tanto remissão de sintomas como vivência da doença de modo menos sofrido pelo sujeito, o que atende a princípios fundamentais do recovery33 Duarte T. Recovery da doença mental: uma visão para os sistemas e serviços de saúde mental. Aná. Psicologica (Valencia). 2007 jan;25(1):127-33..

Entre as explicações para a obtenção dos efeitos, destacou-se a formação de um “ambiente terapêutico” durante as atividades, que envolveu suporte mútuo entre os participantes2727 Goodsmith L. Beyond where it started: a look at the “Healing Images” experience. Torture. 2007;17(3):222-32. PMid:19289895.,4040 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a UK city: referrers’ perspectives (part 2). Public Health. 2012;126(7):580-6. PMid:22578297. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.001.
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, atmosfera segura e tolerante2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
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,3535 Perry C, Thurston M, Osborn T. Time for Me: the arts as therapy in postnatal depression. Complement Ther Clin Pract. 2008 fev;14(1):38-45. PMid:18243941. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2007.06.001.
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, e convivência em um grupo compreensivo4646 Van Lith T, Fenner P, Schofield M. The lived experience of art making as a companion to the mental health recovery process. Disabil Rehabil. 2011;33(8):652-60. PMid:20695818. http://dx.doi.org/10.3109/09638288.2010.505998.
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.

A diversidade dos benefícios descritos e a magnitude de alguns dos efeitos encontrados corroboram o valor que práticas de cuidado não médicas podem desempenhar no cuidado em saúde mental. No entanto, a descrição de efeitos negativos a partir das práticas impõe a necessidade de se investigar eventuais riscos dessas atividades. A durabilidade dos efeitos obtidos é outro aspecto importante a ser discutido, mas, devido ao predomínio de entrevistas pontuais nos artigos, não foi possível chegar a conclusões sobre esse tópico.

Quanto às limitações da presente revisão, não foi realizada uma avaliação da qualidade dos estudos antes de selecioná-los para o trabalho. Além disso, nos artigos revisados, a heterogeneidade marcante e a superficialidade na descrição dos participantes dificultaram a comparação entre os diferentes estudos. Isso impediu constatações sobre características do coletivo de sujeitos de pesquisa que poderiam ser relevantes, como o seu diagnóstico psiquiátrico, idade, sexo e uso prévio ou concomitante de outras terapias, mas, especialmente, aspectos relacionados à sua biografia, posição social, nível educacional e cultura, todos fundamentais na contextualização dos resultados.

É relevante a participação de portadores de transtornos mentais na discussão e na construção dos estudos2828 Howells V, Zelnik T. Making art: a qualitative study of personal and group transformation in a community arts studio. Psychiatr Rehabil J. 2009;32(3):215-22. PMid:19136354. http://dx.doi.org/10.2975/32.3.2009.215.222.
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,2929 Karlsson LB, Malmqvist A. “Poetry in Yarn”: making sense of life experiences in the shadow of Schizophrenia. Schizophr Bull. 2013 jul;39(4):732-6. PMid:23223341. http://dx.doi.org/10.1093/schbul/sbs144.
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,3939 Stacey G, Stickley T. The meaning of art to people who use mental health services. Perspect Public Health. 2010 mar;130(2):70-7. PMid:20455486. http://dx.doi.org/10.1177/1466424008094811.
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,4242 Stickley T, Hui A. Social prescribing through arts on prescription in a U.K. city: participants’ perspectives (part 1). Public Health. 2012;126(7):574-9. PMid:22683358. http://dx.doi.org/10.1016/j.puhe.2012.04.002.
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, o que indica a inclusão da perspectiva do usuário, cuja voz tem sido historicamente negligenciada no processo de produção de conhecimento em Psiquiatria. A vivência singular de cada indivíduo com o engajamento em práticas artísticas, evidente nos artigos revisados, corrobora a importância do conceito de recovery na orientação da assistência em saúde mental e a necessidade de se pensar o cuidado nesse campo de forma singularizada, levando em consideração a experiência dos atores envolvidos no processo.

CONCLUSÕES

Foram identificados diversos benefícios para a reabilitação psicossocial de portadores de transtornos mentais a partir da produção de arte. Embora os usuários tenham descrito, pontualmente, dificuldades e aspectos negativos das atividades, estas tiveram amplo respaldo dos atores envolvidos no processo, o que permite reconhecer um enorme potencial a ser explorado a partir da arte como recurso terapêutico na saúde mental.

Alguns aspectos relativos ao uso da arte como recurso terapêutico para portadores de transtornos mentais precisam ser mais estudados, como os mecanismos pelos quais a arte promove seus efeitos, a durabilidade dos benefícios proporcionados e os possíveis riscos oferecidos pelo engajamento dos sujeitos com essas práticas.

  • Trabalho realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Salvador (BA), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2016

Histórico

  • Recebido
    23 Jul 2016
  • Aceito
    01 Dez 2016
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