Acessibilidade / Reportar erro

Tradução e adaptação transcultural do Questionário de Escolhas Alimentares para Adolescentes Brasileiros (FCQ-A-BR)

Translation and cross-cultural adaptation of the Food Choice Questionnaire for Brazilian Adolescents (FCQ-A-BR)

Resumo

Introdução

Instrumentos que busquem conhecer os motivos que propiciam as escolhas alimentares em adolescentes são inexistentes no Brasil até o momento. O Food Choice Questionnaire (FCQ) para adolescentes é um questionário de fácil aplicação e que pode ser utilizado não somente em pesquisas, mas também nos serviços de atenção à saúde.

Objetivo

Descrever as etapas iniciais - validade de face e de conteúdo - do processo de tradução e adaptação transcultural do FCQ para adolescentes da versão em espanhol para o português do Brasil.

Método

Trata-se de um estudo metodológico de tradução e adaptação transcultural, em conformidade com as normas internacionais para tradução de instrumentos para validação. Foram seguidas quatro etapas: tradução, retradução, avaliação por comitê de especialistas e dois pré-testes, que foram realizados com adolescentes com idades entre 14 e 19 anos.

Resultados

Os itens e o título do instrumento foram traduzidos para o português. Alguns itens necessitaram de ajustes para melhor compreensão do público-alvo. O tempo médio de aplicação foi de sete minutos. Um item foi eliminado do questionário e modificou-se a escala de resposta para melhor adequação do instrumento.

Conclusão

O processo inicial de tradução e adaptação transcultural do Questionário de Escolhas Alimentares para Adolescentes Brasileiros (FCQ-A-BR) atestou as validades de face e conteúdo. No entanto, faz-se necessária a complementação das análises psicométricas, para utilização do instrumento, caso elas se mostrem satisfatórias.

Palavras-chave:
tradução; comparação transcultural; questionários; preferências alimentares; adolescentes

Abstract

Background

Instruments that seek to find out the reasons that lead to food choices among adolescents are not yet available in Brazil so far. The Food Choice Questionnaire (FCQ) for adolescents is a simple questionnaire that can be used not only in research, but also in healthcare.

Objective

To describe the initial steps - face and content validity - of the process of translation and cross-cultural adaptation of the FCQ for adolescents from the Spanish version into Brazilian Portuguese.

Method

This is a methodological study of translation and cross-cultural adaptation, in accordance with international standards for translation of instruments for validation. Four steps were followed: translation, back-translation, evaluation by an expert committee and two pre-tests, which were carried out with adolescents aged between 14 and 19 years.

Results

The items and the instrument title were translated to Portuguese. Some items needed adjustments to better understand the target audience. The average application time was seven minutes. One item was eliminated from the questionnaire and the response scale was modified to better suit the instrument.

Conclusion

The initial process of translation and cross-cultural adaptation of the Food Choice Questionnaire for Brazilian Adolescents (FCQ-A-BR) attested to the face and content validity. However, it is necessary to complement the psychometric analyses, to use the instrument, if they are satisfactory.

Keywords:
translation; cross-cultural comparison; questionnaires; food preferences; adolescents

INTRODUÇÃO

A adolescência é uma fase de transição, em que hábitos alimentares e de vida são consolidados e sofrem influência de diferentes elementos, tais como família, escola, amigos, mídia, status, cultura, entre outros. As mudanças fisiológicas e psicológicas promovem modificações no comportamento alimentar, tendo igual importância o ambiente social - familiar e construído - em que o adolescente está inserido11 Maia EG, Silva LES, Santos MAS, Barufaldi LA, Silva SU, Claro RM. Dietary patterns, sociodemographic and behavioral characteristics among Brazilian adolescents. Rev Bras Epidemiol. 2018;21(Supl. 1):e180009. http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1. PMid:30517460.
http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180...
,22 Barufaldi LA, Abreu GA, Oliveira JS, Santos DF, Fujimori E, Vasconcelos SML, et al. ERICA: prevalence of healthy eating habits among Brazilian adolescents. Rev Saude Publica. 2016;50(Supl Suppl. 1):1. http://dx.doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006678.
http://dx.doi.org/10.1590/s01518-8787.20...
.

O excesso de peso e obesidade na adolescência têm sido foco de diversos estudos em função da sua alta prevalência e dos seus efeitos negativos a curto e a longo prazo. A inflamação proveniente do aumento do tecido adiposo contribui para as alterações cardiometabólicas crônicas, como a hipercolesterolemia, diabetes e hipertensão arterial, já observadas em indivíduos jovens33 Ruiz LD, Zuelch ML, Dimitratos SM, Scherr RE. Adolescent obesity: diet quality, psychosocial health, and cardiometabolic risk factors. Nutrients. 2019 jan;12(1):43. http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043. PMid:31877943.
http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043...
.

Em 2017, as doenças crônicas não transmissíveis (DNTs) representaram mais de 73% das mortes em todo o mundo, sendo que quase 40% desses óbitos foram considerados prematuros e possivelmente associados a comportamentos não saudáveis iniciados durante a adolescência44 Kataria I, Fagan L. Securing a constituency-based approach for youth engagement in NCDs. Lancet. 2019;393(10183):1788-9. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(19)30285-5. PMid:30826013.
http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(19)...
,55 Baker R, Taylor E, Essafi S, Jarvis JD, Odok C. Engaging young people in the prevention of noncommunicable diseases. Bull World Health Organ. 2016;94(7):484. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382.
http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382...
. Entende-se que mudanças desfavoráveis nos padrões alimentares, com consumo alimentar caracterizado por baixa ingestão de determinados grupos de alimentos, como os alimentos in natura, favorecem o excesso ponderal e suas consequências33 Ruiz LD, Zuelch ML, Dimitratos SM, Scherr RE. Adolescent obesity: diet quality, psychosocial health, and cardiometabolic risk factors. Nutrients. 2019 jan;12(1):43. http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043. PMid:31877943.
http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043...
.

Tendo em vista o papel da alimentação tanto na origem quanto na prevenção da obesidade e das DNTs, a promoção de hábitos alimentares saudáveis nas fases iniciais da vida e as intervenções precoces têm sido reiteradas como forma de conter desfechos prejudiciais na idade adulta11 Maia EG, Silva LES, Santos MAS, Barufaldi LA, Silva SU, Claro RM. Dietary patterns, sociodemographic and behavioral characteristics among Brazilian adolescents. Rev Bras Epidemiol. 2018;21(Supl. 1):e180009. http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1. PMid:30517460.
http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180...
,55 Baker R, Taylor E, Essafi S, Jarvis JD, Odok C. Engaging young people in the prevention of noncommunicable diseases. Bull World Health Organ. 2016;94(7):484. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382.
http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382...
,66 World Health Organization. Consideration of the evidence on childhood obesity for the Commission on Ending Childhood Obesity: report of the ad hoc working group on science and evidence for ending childhood obesity [Internet]. Geneva: WHO; 2016 [citado em 2020 Abr 3]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/206549/1/9789241565332_eng.pdf
http://apps.who.int/iris/bitstream/10665...
. Para tal, é fundamental buscar por instrumentos e ferramentas que sejam capazes de fornecer essas informações e que possam ser utilizados na prática clínica e nos serviços de saúde.

O Food Choice Questionnaire (FCQ) foi desenvolvido em língua inglesa por Steptoe e Pollard77 Steptoe A, Pollard TM, Wardle J. Development of a measure of the motives underlying the selection of food: the Food Choice Questionnaire. Appetite. 1995;25(3):267-84. http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061. PMid:8746966.
http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061...
para avaliar a importância que o indivíduo atribui a diversos aspectos associados à sua escolha alimentar. Essa versão, para adultos, foi traduzida e adaptada transculturalmente para alguns países, em diferentes contextos, e versões alternativas surgiram88 Fotopoulos C, Krystallis A, Vassallo M, Pagiaslis A. Food Choice Questionnaire (FCQ) revisited. Suggestions for the development of an enhanced general food motivation model. Appetite. 2009 fev;52(1):199-208. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2008.09.014. PMid:18929606.
http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2008.0...

9 Pieniak Z, Verbeke W, Vanhonacker F, Guerrero L, Hersleth M. Association between traditional food consumption and motives for food choice in six European countries. Appetite. 2009 ago;53(1):101-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.05.019. PMid:19500626.
http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.0...
-1010 Szakály Z, Kontor E, Kovács S, Popp J, Pető K, Polereczki Z. Adaptation of the Food Choice Questionnaire: the case of Hungary. Br Food J. 2018;120(7):1474-88. http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-0404. PMid:30166648.
http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-04...
. Em 2015, o questionário foi apresentado na língua portuguesa em contexto brasileiro1111 Heitor SFD, Estima CCP, Neves FJ, Aguiar AS, Castro SS, Ferreira JES. Tradução e adaptação cultural do questionário sobre motivo das escolhas alimentares (Food Choice Questionnaire - FCQ) para a língua portuguesa. Cien Saude Colet. 2015;20(8):2339-46. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015208.15842014.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
e suas propriedades psicométricas foram estimadas em estudo posterior1212 Heitor SFD, Reichenheim ME, Ferreira JES, Castro S. Validity of the factorial structure of the Brazilian version scale of the Food Choice Questionnaire. Cien Saude Colet. 2019;24(9):3551-61. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.26482017.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
.

A versão adulta do FCQ foi adaptada para uso em adolescentes na Espanha por Ronda e Fernandez1313 Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76., com eliminação de alguns itens e fatores não considerados adequados à população de adolescentes. Esta versão foi baseada na premissa que a escolha dos alimentos consumidos depende de múltiplos e complexos fatores, tanto de caráter sensorial quanto de caráter não sensorial, que influenciam na tomada de decisão e impactam no estado nutricional do indivíduo1313 Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76..

A seleção de determinado alimento em detrimento de outro reflete não somente o momento de vida do sujeito como também suas memórias afetivas, seu status social e a presença ou ausência de doença1414 Cardoso S, Santos O, Nunes C, Loureiro I. Escolhas e hábitos alimentares em adolescentes: associação com padrões alimentares do agregado familiar. Ver. Rev Port Saude Publica. 2015;33(2):128-36. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.07.004.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.07...
. Estudos qualitativos em âmbito mundial têm observado que os aspectos sensoriais dos alimentos destacam-se como os mais importantes na realização das escolhas alimentares1313 Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76.,15, o15 Schliemann D, Woodside JV, Geaney F, Cardwell C, McKinley MC, Perry I. Do socio-demographic and anthropometric characteristics predict food choice motives in an Irish working population? Br J Nutr. 2019;122(1):111-9. http://dx.doi.org/10.1017/S0007114519000941. PMid:31190657.
http://dx.doi.org/10.1017/S0007114519000...
que se reflete no consumo alimentar dos jovens, caracterizado pela baixa ingestão de frutas e vegetais e elevado consumo de fast foods e refrigerantes1616 Beal T, Morris SS, Tumilowicz A. Global patterns of adolescent fruit, vegetable, carbonated soft drink, and fast-food consumption: a meta-analysis of global school-based student health surveys. Food Nutr Bull. 2019;40(4):444-59. http://dx.doi.org/10.1177/0379572119848287. PMid:31617415.
http://dx.doi.org/10.1177/03795721198482...
.

O conhecimento dos motivos que propiciam as escolhas alimentares e contribuem na formação do comportamento alimentar dos adolescentes respalda as decisões a serem implementadas para proteger o futuro desses jovens. Sendo assim, o presente estudo descreve as etapas iniciais - validade de face e de conteúdo - do processo de tradução e adaptação transcultural da versão em espanhol para o português do Brasil do Food Choice Questionnaire para adolescentes.

MATERIAL E MÉTODOS

Estudo metodológico de tradução e adaptação transcultural, realizado em conformidade com as normas internacionais para tradução de instrumentos para validação1717 Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993 dez;46(12):1417-32. http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N. PMid:8263569.
http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)9...

18 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2002.
-1919 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2007..

O estudo faz parte de um macroprojeto intitulado Estudo do Estilo de Vida na Adolescência - Juiz de Fora (Estudo EVA-JF), realizado em escolas públicas do município de Juiz de Fora/MG, com adolescentes de 14 a 19 anos de idade2020 Neves FS, Fontes VS, Pereira PML, Campos AAL, Batista AP, Machado-Coelho GLL, et al. Estudo EVA-JF: aspectos metodológicos, características gerais da amostra e potencialidades de uma pesquisa sobre o estilo de vida de adolescentes brasileiros. Adolesc Saude. 2019;16(4):113-29.. O projeto recebeu aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana institucional (CAEE:68601617.1.0000.5147, parecer: 4.074.931) e está em conformidade com os preceitos do Conselho Nacional de Saúde.

Para as etapas que necessitaram da participação do público-alvo, foi solicitada a assinatura do diretor da instituição de ensino em Termo de Concordância. E foram requisitadas as assinaturas dos pais/responsáveis em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, bem como as assinaturas dos estudantes em Termo de Assentimento Livre e Esclarecido.

Descrição do instrumento

O FCQ para adolescentes é um instrumento autoaplicável, contendo 23 itens distribuídos em seis fatores, que permite entender melhor a motivação das escolhas alimentares dos jovens. Os fatores abarcados pelo instrumento são: (a) conteúdo natural e saudável; (b) preço; (c) aparência sensorial; (d) controle do peso; (e) preocupação ética e (f) familiaridade1313 Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76..

As respostas são apresentadas em escala do tipo Likert, indo de 1 a 5, considerando 1 como “nada importante” e 5 como “muito importante”, para geração do escore final, calculado pela média de cada dimensão do questionário1313 Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76..

Processo de tradução e adaptação transcultural

O processo de tradução e adaptação transcultural teve início em outubro de 2017 e término em abril de 2018, sendo realizado em quatro etapas: tradução, retradução, avaliação por comitê de especialistas e pré-teste 1 e 2 (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma das etapas metodológicas do processo de tradução e adaptação transcultural do Questionário de Escolhas Alimentares para adolescentes - FCQ-A-BR

Previamente, realizaram-se buscas minuciosas na literatura e não foram identificadas publicações no Brasil que tenham efetuado a adaptação desse instrumento.

Antes do início do processo, foi obtida a permissão dos autores da versão original, por meio de correspondência eletrônica.

Tradução e retradução

Uma nutricionista com fluência no espanhol e um tradutor sem experiência na área da Nutrição traduziram o questionário de forma independente, sem manterem contato entre si. As versões foram, posteriormente, comparadas por um comitê interno formado por pesquisadores do projeto cujo idioma nativo era o português e que apresentavam bom domínio do espanhol. Os pesquisadores verificaram os termos divergentes, que foram padronizados com vistas à elaboração da primeira versão do instrumento em português (VP1).

Subsequentemente, dois tradutores nativos do idioma espanhol com fluência em português realizaram a tradução reversa do questionário, novamente de forma independente e sem contato entre os tradutores. Ambos não conheciam a versão original do instrumento. Os pesquisadores do comitê interno padronizaram juntamente com um dos tradutores uma versão única em espanhol, que foi comparada com a versão original para a correção de discordâncias. O objetivo não foi obter uma equivalência literal, mas sim avaliar se a versão traduzida refletia o conteúdo do item original. Como não houve alteração na versão em português, manteve-se a VP1.

Todos os tradutores foram orientados a realizarem uma tradução simples e compreensível, de abrangência nacional, focando na equivalência conceitual e não na tradução literal, de acordo com a realidade cultural brasileira. Ademais, solicitou-se que considerassem o público-alvo e evitassem gírias e termos de difícil compreensão.

Após as duas primeiras etapas, a VP1 e a versão retraduzida foram encaminhadas aos autores originais para aprovação ou modificação. A comparação entre a versão retraduzida e a original teve como objetivo identificar itens com tradução inapropriada ou termos com dificuldade de consenso.

Avaliação por comitê de especialistas

Selecionou-se um comitê de especialistas, composto por diferentes profissionais: uma psicóloga, um educador físico e três nutricionistas. O comitê foi selecionado em função da experiência dos integrantes, e convidados por meio de carta explicativa, contendo todas as informações pertinentes à realização da avaliação.

Os especialistas foram encarregados de avaliar as equivalências (a) semântica (gramática e vocabulário), (b) idiomática (coloquialismos e expressões idiomáticas), (c) experiencial (adequação ao contexto cultural) e (d) conceitual (validade do conceito explorado) dos itens da VP1, verificando, assim, a correspondência das medidas e a escala de respostas, segundo a pergunta norteadora do questionário.

Cada membro do grupo recebeu a versão do questionário original, a traduzida (VP1) e a retraduzida. A equipe técnica verificou a equivalência de todos os itens do questionário, por meio de um formulário que avalia compreensibilidade do texto, as pertinências e as sugestões. Os tópicos que geraram discordâncias foram modificados pelo comitê interno de pesquisadores do projeto, gerando a segunda versão do instrumento em português (VP2).

Verificação da clareza do instrumento - pré-teste 1

Visando a identificação de falhas na inteligibilidade dos itens que constituíram o instrumento, a segunda versão traduzida (VP2) foi aplicada em uma amostra de 47 adolescentes, de ambos os sexos, com idades entre 14 e 19 anos, com a finalidade de identificar e corrigir dificuldades de compreensão e de propor sugestões para melhoria dos itens. A amostra não probabilística foi selecionada por conveniência, mantendo distribuição homogênea conforme idade e sexo, e o questionário foi aplicado em uma escola pública do município de Juiz de Fora.

Os critérios de não inclusão foram os adolescentes que declararam: (a) uso crônico ou prolongado de qualquer medicamento que leva a alterações no metabolismo de carboidratos e lipídeos, tais como corticoides, anticonvulsivantes e anti-inflamatórios; (b) uso de marca-passo ou prótese ortopédica que compromete a avaliação antropométrica e/ou da composição corporal; (c) portadores de deficiência provisória ou definitiva; e (d) meninas que relataram gestação ou lactação.

Após responderem o questionário, os participantes foram indagados sobre o significado de cada item e sua resposta, de forma a verificar a clareza e o entendimento das questões e a pertinência dos itens, além de garantir a fidedignidade das respostas. Caso algum item apresentasse alguma dificuldade de resposta, os adolescentes eram convidados a apontá-lo e a sugerir modificações para tornar o conteúdo mais claro e compreensível.

Após essa etapa, algumas mudanças foram sugeridas, gerando uma nova versão (versão final) que foi revisada pelo comitê interno de pesquisadores. Os especialistas não reavaliaram o instrumento e, após as alterações, o instrumento passou por um pré-teste 2 com a população-alvo.

Verificação da receptividade e a compreensão do instrumento - Pré-teste 2

A próxima etapa consistiu no pré-teste 2, destinado a verificar a receptividade e a compreensão do instrumento, além do tempo de duração da aplicação. O questionário foi aplicado em uma amostra não probabilística de 66 adolescentes, selecionados por conveniência, com as mesmas características do público-alvo. Os adolescentes foram avaliados em outra escola pública do município de Juiz de Fora, diferente da que foi selecionada para o pré-teste 1.

Os critérios para não inclusão na amostra do pré-teste 2 foram os mesmos utilizados na outra etapa do projeto.

Foi avaliada novamente a adequação do significado dos itens, a dificuldade de compreensão e as instruções do questionário. Ao final dessa etapa, confirmou-se a versão final do instrumento traduzida e adaptada transculturalmente para o português do Brasil.

RESULTADOS

A tradução, retradução e adaptação transcultural do Food Choice Questionnaire para adolescentes da versão em espanhol para o português do Brasil ocorreu por meio de um processo composto por sucessivas etapas. O instrumento original, as versões em português e a versão retraduzida encontram-se no Quadro 1.

Quadro 1
Comparação entre a versão em espanhol adaptada para adolescentes, as versões em português, a versão retraduzida e a versão final do FCQ-A-BR

Na primeira etapa do processo, as duas versões traduzidas foram comparadas pelo comitê interno de pesquisadores. As palavras traduzidas iguais foram mantidas e aquelas que apresentavam divergências foram apreciadas.

Os itens que apresentaram contradições de alguns termos na tradução foram os itens 13, 16 e 22. No item 13, decidiu-se por usar o termo “cheiro” em vez de “odor”, e no item 22, o termo “normalmente” em vez de “habitualmente”. No item 16, elegeu-se a expressão “baixo valor calórico”, mais frequente no português do Brasil que a expressão “baixo em calorias”. Em todos os itens, optou-se por utilizar os termos que fossem mais bem compreendidos pelo público adolescente.

As duas traduções reversas foram analisadas pelo comitê interno de pesquisadores e um dos tradutores e comparada à versão original. Não foram observados ajustes que pudessem interferir no significado das sentenças. A versão retraduzida, assim como a versão em português, foi encaminhada aos autores originais do instrumento e posteriormente aprovada.

Os autores decidiram manter a forma de administração do questionário original - autoaplicado -, entretanto, o enunciado foi traduzido, adaptado e complementado com a seguinte frase, de forma a se tornar mais explicativo: Por favor, leia cada pergunta com atenção e marque com um “X” na coluna que contenha sua opinião, ou seja, aquela que mais reflete o que você pensa em relação à afirmativa. Não existem respostas certas ou erradas. Ademais, optou-se por traduzir o título do instrumento - Questionário de Escolhas Alimentares -, entretanto, a sigla original foi mantida com pequena alteração, para que possa ser facilmente reconhecida na literatura. A sigla foi acrescida da letra A, representando o público-alvo, e das letras BR, caracterizando a nacionalidade do instrumento - FCQ-A-BR.

Quanto às alternativas da escala de respostas do tipo Likert, os pesquisadores decidiram por manter a mesma escala da versão original para adultos com 4 opções de respostas - nada importante, pouco importante, importante e muito importante -77 Steptoe A, Pollard TM, Wardle J. Development of a measure of the motives underlying the selection of food: the Food Choice Questionnaire. Appetite. 1995;25(3):267-84. http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061. PMid:8746966.
http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061...
, diferentemente da versão para adolescentes, que apresentou 5 opções de respostas - nada importante, pouco importante, indiferente, importante e muito importante1010 Szakály Z, Kontor E, Kovács S, Popp J, Pető K, Polereczki Z. Adaptation of the Food Choice Questionnaire: the case of Hungary. Br Food J. 2018;120(7):1474-88. http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-0404. PMid:30166648.
http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-04...
. Essa modificação na escala justifica-se pela dificuldade de compreensão da alternativa “indiferente” entre os jovens. Escalas maiores podem induzir o participante a optar sempre pela mesma alternativa e requerem maior processamento mental. Limitar as opções de resposta podem reduzir possíveis erros99 Pieniak Z, Verbeke W, Vanhonacker F, Guerrero L, Hersleth M. Association between traditional food consumption and motives for food choice in six European countries. Appetite. 2009 ago;53(1):101-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.05.019. PMid:19500626.
http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.0...
.

As sugestões apontadas pelo comitê de especialistas resultaram na versão em português 2 (VP2). As observações apresentadas foram: alteração da primeira frase do instrumento, confirmação da escala do tipo Likert com 4 opções de resposta e proposta de retirada da preposição “que” do início dos itens. No item 12 foi sugerido a inclusão da palavra “textura” e no item 19 recomendou-se a modificação da frase “Que saiba o país onde foi fabricado” por “Informe na sua embalagem o país onde foi fabricada”.

O item 18 foi julgado pelos avaliadores como tendo baixa equivalência cultural e clareza de linguagem, necessitando modificação. No entanto, foi definido pelo comitê interno de pesquisadores que se mantivesse o mesmo para ser aplicado ao público-alvo.

O instrumento foi respondido pelos adolescentes no pré-teste 1, todavia, diante da dificuldade de entendimento, decidiu-se por excluir o item 18 do instrumento final.

Ainda no pré-teste 1, os adolescentes sugeriram modificação da estrutura da frase do item 16 para melhor inteligibilidade, o que foi acatado pelos pesquisadores. Desta forma, a sentença “Tenha baixo valor calórico” foi transcrita para “Tenha poucas calorias”.

Posteriormente às modificações realizadas no instrumento após o pré-teste 1, verificou-se no pré-teste 2 que os itens foram bem compreendidos e o instrumento apresentou boa aceitabilidade pelos participantes. Ademais, observou-se que o tempo de aplicação do instrumento foi de aproximadamente 7 minutos.

O processo de tradução e adaptação transcultural do FCQ-A-BR contemplou as equivalências semântica, idiomática, experiencial e conceitual, atestadas pela metodologia empregada na tradução e na retradução, e posteriormente verificadas tanto pelo comitê de especialistas, quanto pela população-alvo nos pré-testes 1 e 2.

Os adolescentes que participaram dos pré-testes apresentaram média de idade de 15,87 (±1,35) anos no pré-teste 1 e de 15,98 (±1,11) anos no pré-teste 2, sendo a maioria do sexo feminino, 55,3% e 53,7% no pré-teste 1 e no pré-teste 2, respectivamente.

DISCUSSÃO

Esse estudo detalha as etapas iniciais - validade de face e de conteúdo - do processo de tradução e adaptação transcultural do FCQ para adolescentes da versão em espanhol para o português do Brasil, realizado de forma sistemática e rigorosa, conforme metodologias padronizadas na literatura. Obteve-se, ao final do processo, uma versão desse questionário no idioma português do Brasil, contemplando as validades de face e conteúdo.

A adaptação transcultural de instrumentos permite, de forma menos onerosa e mais rápida, a utilização de um questionário sobre o tema proposto e sua posterior comparação entre grupos de países diferentes, permitindo maior capacidade de generalização2121 Dortas SD Jr, Lupi O, Dias GAC, Guimaraes MBS, Valle SOR. Adaptação transcultural e validação de questionários na área da saúde. Braz J Allergy Immunol. 2016;4(1):26-30.,2222 Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Cross-cultural adaptation and validation of psychological instruments: some considerations. Paidéia. 2012;22(53):423-32.. No entanto, para obter as validades de face e conteúdo, somente a tradução literal não é suficiente, sendo necessário considerar, além do idioma, o contexto cultural da população-alvo2323 Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Cien Saude Colet. 2011;16(7):3061-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011...
.

Não foram observadas discordâncias gramaticais ou traduções sem consenso no processo de tradução. E ao realizar a tradução reversa, não se verificaram inconsistências ou erros de tradução, sendo uma versão bem próxima à original, refletindo seu conteúdo2121 Dortas SD Jr, Lupi O, Dias GAC, Guimaraes MBS, Valle SOR. Adaptação transcultural e validação de questionários na área da saúde. Braz J Allergy Immunol. 2016;4(1):26-30.,2424 Cassepp-Borges V, Balbinotti MAA, Teodoro MLM. Tradução e validade de conteúdo: uma proposta para adaptação de instrumentos. In: Pasquali L, editor. Instrumentação psicológica: fundamentos e prática. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 506-20..

Durante o processo, foi realizada uma vasta revisão bibliográfica dos artigos, assim como a discussão com os especialistas e com a população-alvo que proporcionaram maior qualidade do instrumento em relação à compreensibilidade e relevância dos itens para a temática avaliada. As questões operacionais foram verificadas pelos pesquisadores, comitê de especialistas e público-alvo, por meio da avaliação do formato das questões, da orientação de preenchimento e do modo de aplicação e instruções2525 Reichenheim ME, Moraes CL. Operationalizing the cross-cultural adaptation of epidemological measurement instruments. Rev Saude Publica. 2007;41(4):665-73. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006005000035. PMid:17589768.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006...

26 Maia FOM, Duarte YAO, Secoli SR, Santos JLF, Lebrão ML. Cross-cultural adaptation of the Vulnerable Elders Survey-13 (VES-13): helping in the identification of vulnerable older people. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(Spec No):116-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000700017. PMid:23250267.
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012...
-2727 Carvalho PHB, Amaral ACS, Ferreira MEC. Diretrizes teóricas e metodológicas para adaptação transcultural de escalas de medidas em imagem corporal. In: Ferreira MEC, Castro MR, Morgado FFR, editores. Imagem corporal: reflexões, diretrizes e práticas de pesquisa. Juiz de Fora: Editora UFJF; 2014. p. 157-70..

As alterações propostas pelo comitê de especialistas, que analisaram cada item do instrumento, estão de acordo com a metodologia de tradução e adaptação transcultural, que permite que os avaliadores modifiquem as orientações iniciais, assim como o formato do instrumento, sugerindo alterações na redação dos itens, como a inclusão de novos questionamentos ou a retirada2323 Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Cien Saude Colet. 2011;16(7):3061-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011...
. O comitê de especialistas atestou a validade de face, ou seja, a relevância do questionário, verificando se este avalia exatamente aquilo que pretende, assim como as equivalências semântica, conceitual, idiomática e experiencial.

A utilização do pré-teste 1 e 2 propiciou o refinamento dos itens e a adequação da escala do tipo Likert, uma vez que essas fases do processo permitem a compreensão do instrumento pela população-alvo. A modificação da escala de respostas não impacta na comparabilidade entre os estudos, visto que o escore do FCQ-A-BR é gerado pelo cálculo da média ponderada para cada fator e por meio de frequências77 Steptoe A, Pollard TM, Wardle J. Development of a measure of the motives underlying the selection of food: the Food Choice Questionnaire. Appetite. 1995;25(3):267-84. http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061. PMid:8746966.
http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061...
,1919 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2007., sendo assim, pontuações mais elevadas suscitam maior importância ao fator1212 Heitor SFD, Reichenheim ME, Ferreira JES, Castro S. Validity of the factorial structure of the Brazilian version scale of the Food Choice Questionnaire. Cien Saude Colet. 2019;24(9):3551-61. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.26482017.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320182...
. Além disso, as características de operacionalidade de um instrumento podem ser alteradas desde que mantenham a eficácia na população-alvo e fonte2525 Reichenheim ME, Moraes CL. Operationalizing the cross-cultural adaptation of epidemological measurement instruments. Rev Saude Publica. 2007;41(4):665-73. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006005000035. PMid:17589768.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006...
.

Em relação ao desempenho do instrumento, verificou-se que ele foi bem compreendido pelos participantes e que o tempo de conclusão do questionário foi relativamente curto. Não foram observadas dificuldades para responder sua versão final. Cabe ressaltar que a avaliação pelo público-alvo pode ser realizada quantas vezes forem necessárias para a adaptação da versão final do instrumento2222 Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Cross-cultural adaptation and validation of psychological instruments: some considerations. Paidéia. 2012;22(53):423-32..

O tamanho da amostra do pré-teste 1 e 2 se baseou na recomendação de Beaton et al.1818 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2002.,1919 Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2007., que determina a aplicação da versão final em uma amostra mínima de 30 indivíduos representantes da população-alvo.

O estudo mostra-se relevante diante da escassez de instrumentos para se conhecer mais profundamente os fatores que influenciam as escolhas alimentares dos jovens, todavia, descreve somente as etapas iniciais do processo de tradução e adaptação transcultural do FCQ-A-BR, que produziu uma escala adaptada à cultura brasileira, ainda se fazendo necessárias demais avaliações dos parâmetros psicométricos. Os métodos qualitativos são imprescindíveis para o processo, entretanto, outras análises devem ser realizadas, para verificar se o instrumento pode ser considerado válido para a cultura ao qual foi adaptado2222 Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Cross-cultural adaptation and validation of psychological instruments: some considerations. Paidéia. 2012;22(53):423-32..

Além disso, a amostra abrangeu apenas adolescentes frequentadores de escolas públicas de um município do estado de Minas Gerais, região Sudeste do Brasil. No entanto, para que possa ser aplicado nas demais regiões brasileiras, evitou-se o emprego de expressões regionalistas, utilizando palavras de compreensão da população em geral.

Em conclusão, as etapas iniciais do processo de tradução e adaptação transcultural do FCQ-A-BR garantiu as validades de face e conteúdo. Os achados indicam que a versão do instrumento parece promissora, mostrando-se adequada para realização de investigações futuras sobre validade e confiabilidade, para posterior aplicação na clínica e na pesquisa, caso as propriedades psicométricas se mostrem satisfatórias.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos autores da versão original do FCQ, por autorizarem a tradução e adaptação transcultural do instrumento; aos tradutores (Sônia M. Cruz e Victor B. Cruz) e pesquisadores que atuaram no comitê de especialistas (Carla A. Martins, Rafael de O. Alvim, Rafaela R. Ervilha, Roseli G. de Andrade e Sílvia N. de Freitas). Reconhecemos também o auxílio da equipe de campo, dos diretores e professores das escolas e turmas avaliadas, e, sobretudo, dos adolescentes participantes.

  • Como citar: Fontes VS, Neves FS, Binoti ML, Carrasco Asín PI, Oliveira RMS, Faria ER, et al. Tradução e adaptação transcultural do Questionário de Escolhas Alimentares para Adolescentes Brasileiros (FCQ-A-BR). Cad Saúde Colet, 2022; Ahead of Print. https://doi.org/10.1590/1414-462X202230040107
  • Trabalho realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) - Juiz de Fora (MG), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Maia EG, Silva LES, Santos MAS, Barufaldi LA, Silva SU, Claro RM. Dietary patterns, sociodemographic and behavioral characteristics among Brazilian adolescents. Rev Bras Epidemiol. 2018;21(Supl. 1):e180009. http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1 PMid:30517460.
    » http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1
  • 2
    Barufaldi LA, Abreu GA, Oliveira JS, Santos DF, Fujimori E, Vasconcelos SML, et al. ERICA: prevalence of healthy eating habits among Brazilian adolescents. Rev Saude Publica. 2016;50(Supl Suppl. 1):1. http://dx.doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006678
    » http://dx.doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006678
  • 3
    Ruiz LD, Zuelch ML, Dimitratos SM, Scherr RE. Adolescent obesity: diet quality, psychosocial health, and cardiometabolic risk factors. Nutrients. 2019 jan;12(1):43. http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043 PMid:31877943.
    » http://dx.doi.org/10.3390/nu12010043
  • 4
    Kataria I, Fagan L. Securing a constituency-based approach for youth engagement in NCDs. Lancet. 2019;393(10183):1788-9. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(19)30285-5 PMid:30826013.
    » http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(19)30285-5
  • 5
    Baker R, Taylor E, Essafi S, Jarvis JD, Odok C. Engaging young people in the prevention of noncommunicable diseases. Bull World Health Organ. 2016;94(7):484. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382
    » http://dx.doi.org/10.2471/BLT.16.179382
  • 6
    World Health Organization. Consideration of the evidence on childhood obesity for the Commission on Ending Childhood Obesity: report of the ad hoc working group on science and evidence for ending childhood obesity [Internet]. Geneva: WHO; 2016 [citado em 2020 Abr 3]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/206549/1/9789241565332_eng.pdf
    » http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/206549/1/9789241565332_eng.pdf
  • 7
    Steptoe A, Pollard TM, Wardle J. Development of a measure of the motives underlying the selection of food: the Food Choice Questionnaire. Appetite. 1995;25(3):267-84. http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061 PMid:8746966.
    » http://dx.doi.org/10.1006/appe.1995.0061
  • 8
    Fotopoulos C, Krystallis A, Vassallo M, Pagiaslis A. Food Choice Questionnaire (FCQ) revisited. Suggestions for the development of an enhanced general food motivation model. Appetite. 2009 fev;52(1):199-208. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2008.09.014 PMid:18929606.
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2008.09.014
  • 9
    Pieniak Z, Verbeke W, Vanhonacker F, Guerrero L, Hersleth M. Association between traditional food consumption and motives for food choice in six European countries. Appetite. 2009 ago;53(1):101-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.05.019 PMid:19500626.
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.appet.2009.05.019
  • 10
    Szakály Z, Kontor E, Kovács S, Popp J, Pető K, Polereczki Z. Adaptation of the Food Choice Questionnaire: the case of Hungary. Br Food J. 2018;120(7):1474-88. http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-0404 PMid:30166648.
    » http://dx.doi.org/10.1108/BFJ-07-2017-0404
  • 11
    Heitor SFD, Estima CCP, Neves FJ, Aguiar AS, Castro SS, Ferreira JES. Tradução e adaptação cultural do questionário sobre motivo das escolhas alimentares (Food Choice Questionnaire - FCQ) para a língua portuguesa. Cien Saude Colet. 2015;20(8):2339-46. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015208.15842014
    » http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015208.15842014
  • 12
    Heitor SFD, Reichenheim ME, Ferreira JES, Castro S. Validity of the factorial structure of the Brazilian version scale of the Food Choice Questionnaire. Cien Saude Colet. 2019;24(9):3551-61. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.26482017
    » http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.26482017
  • 13
    Ronda PC, Fernández AH. Aplicación del Food Choice Questionnaire en jóvenes adolescentes y su relación con el sobrepeso y otras variables socio-demográficas. Nutr Hosp. 2015;31:1968-76.
  • 14
    Cardoso S, Santos O, Nunes C, Loureiro I. Escolhas e hábitos alimentares em adolescentes: associação com padrões alimentares do agregado familiar. Ver. Rev Port Saude Publica. 2015;33(2):128-36. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.07.004
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2014.07.004
  • 15
    Schliemann D, Woodside JV, Geaney F, Cardwell C, McKinley MC, Perry I. Do socio-demographic and anthropometric characteristics predict food choice motives in an Irish working population? Br J Nutr. 2019;122(1):111-9. http://dx.doi.org/10.1017/S0007114519000941 PMid:31190657.
    » http://dx.doi.org/10.1017/S0007114519000941
  • 16
    Beal T, Morris SS, Tumilowicz A. Global patterns of adolescent fruit, vegetable, carbonated soft drink, and fast-food consumption: a meta-analysis of global school-based student health surveys. Food Nutr Bull. 2019;40(4):444-59. http://dx.doi.org/10.1177/0379572119848287 PMid:31617415.
    » http://dx.doi.org/10.1177/0379572119848287
  • 17
    Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of health-related quality of life measures: literature review and proposed guidelines. J Clin Epidemiol. 1993 dez;46(12):1417-32. http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N PMid:8263569.
    » http://dx.doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N
  • 18
    Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2002.
  • 19
    Beaton D, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Recommendations for the cross-cultural adaptation of health status measures. Toronto: American Academy of Orthopaedic Surgeons Institute for Work & Health; 2007.
  • 20
    Neves FS, Fontes VS, Pereira PML, Campos AAL, Batista AP, Machado-Coelho GLL, et al. Estudo EVA-JF: aspectos metodológicos, características gerais da amostra e potencialidades de uma pesquisa sobre o estilo de vida de adolescentes brasileiros. Adolesc Saude. 2019;16(4):113-29.
  • 21
    Dortas SD Jr, Lupi O, Dias GAC, Guimaraes MBS, Valle SOR. Adaptação transcultural e validação de questionários na área da saúde. Braz J Allergy Immunol. 2016;4(1):26-30.
  • 22
    Borsa JC, Damásio BF, Bandeira DR. Cross-cultural adaptation and validation of psychological instruments: some considerations. Paidéia. 2012;22(53):423-32.
  • 23
    Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Cien Saude Colet. 2011;16(7):3061-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
    » http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
  • 24
    Cassepp-Borges V, Balbinotti MAA, Teodoro MLM. Tradução e validade de conteúdo: uma proposta para adaptação de instrumentos. In: Pasquali L, editor. Instrumentação psicológica: fundamentos e prática. Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 506-20.
  • 25
    Reichenheim ME, Moraes CL. Operationalizing the cross-cultural adaptation of epidemological measurement instruments. Rev Saude Publica. 2007;41(4):665-73. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006005000035 PMid:17589768.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006005000035
  • 26
    Maia FOM, Duarte YAO, Secoli SR, Santos JLF, Lebrão ML. Cross-cultural adaptation of the Vulnerable Elders Survey-13 (VES-13): helping in the identification of vulnerable older people. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(Spec No):116-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000700017 PMid:23250267.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000700017
  • 27
    Carvalho PHB, Amaral ACS, Ferreira MEC. Diretrizes teóricas e metodológicas para adaptação transcultural de escalas de medidas em imagem corporal. In: Ferreira MEC, Castro MR, Morgado FFR, editores. Imagem corporal: reflexões, diretrizes e práticas de pesquisa. Juiz de Fora: Editora UFJF; 2014. p. 157-70.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2022

Histórico

  • Recebido
    03 Abr 2020
  • Aceito
    03 Fev 2021
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro Avenida Horácio Macedo, S/N, CEP: 21941-598, Tel.: (55 21) 3938 9494 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@iesc.ufrj.br