O método Pilates como opção terapêutica para as queixas de dores musculoesqueléticas em mulheres idosas

The Pilates method as a treatment option for musculoskeletal pain complaints in elderly women

Resumo

Introdução

O processo de envelhecimento está relacionado a alterações fisiológicas que podem comprometer a autonomia, a independência e a qualidade de vida dos idosos.

Objetivo

Avaliar a prática de exercícios físicos com o método Pilates e sua relação com a melhora da qualidade de vida e redução das queixas de dores musculoesqueléticas em um grupo de mulheres idosas.

Método

Participaram do estudo 31 mulheres entre 40 e 86 anos que realizaram exercícios de Pilates solo durante oito semanas. Na coleta dos dados, foram utilizados os instrumentos SF-36 e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Após oito semanas, foi realizada a reavaliação com os mesmos instrumentos.

Resultados

O componente físico do SF-36 evoluiu de 58,5% para 90,5%, e o componente mental pontuou 93,5%, apresentando melhora evidente nestes domínios após os exercícios, e as queixas de dores musculoesqueléticas diminuíram em metade da amostra.

Conclusão

O Pilates foi associado com a redução das queixas de dores musculoesqueléticas e com a melhora da qualidade de vida nos domínios estudados.

Palavras-chave:
saúde coletiva; Pilates; envelhecimento; reabilitação

Abstract

Background

The demographic and epidemiological profile of the world population experiences a restructuring of health policies, due to the prevalence of chronic non-transmissible diseases associated with longevity. Health promotion and quality of life contribute to active aging and change the aging paradigm associated with functional dependency and reduced autonomy.

Objective

To evaluate the relationship between Pilates exercise practice and improved quality of life and reduced musculoskeletal pain complaints in a group of elderly women.

Method

In the study, 31 women between 40 and 86 years old performed Pilates solo exercises for 8 weeks. Data were collected using SF-36 instruments and the Nordic Osteomuscular Symptoms Questionnaire. After 8 weeks, a reevaluation with the same instruments was performed.

Results

The SF-36 physical component evolved from 58.5% to 90.5%, and the mental component scored 93.5%, showing an evident improvement in these domains after exercise, and complaints of musculoskeletal pain decreased by half the sample.

Conclusion

Pilates was associated with reducing complaints of musculoskeletal pain, as well as improving the quality of life in the studied domains.

Keywords:
collective health; Pilates; aging; rehabilitation

INTRODUÇÃO

A longevidade traz alterações importantes na qualidade de vida e está associada a mudanças que podem ocasionar um envelhecimento com limitações na dependência e na autonomia dos idosos. No Brasil, o envelhecimento é evidente, e, em poucos anos, o número de idosos ocupará a sexta posição entre os países do mundo¹.

Porém, a promoção da saúde e uma melhor qualidade de vida podem possibilitar um envelhecimento saudável e com redução dos danos inerentes ao avançar da idade. Diante dessa mudança etária em nosso país, diversos estudos e discussões em políticas públicas são apresentados com a finalidade de reconhecer o envelhecimento e propor medidas efetivas para que ele seja ativo e com qualidade de vida²,³.

O termo qualidade de vida é utilizado com frequência, porém há diferenças em alguns conceitos para sua definição. Recentemente, o Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”⁴:⁴².

Durante o envelhecimento, existem diversos declínios fisiológicos relacionados com alterações nos sistemas respiratório, nervoso, cardiovascular, musculoesquelético, entre outros⁵. As mudanças inerentes a este processo fisiológico estão relacionadas à interação de diversos fatores, como os aspectos ambientais, a saúde física e mental, a estrutura genética e o estilo de vida. Alguns autores têm demonstrado associações significativas entre as condições socioeconômicas e a qualidade da saúde, posto que, em regiões onde os serviços de saúde são precários e a violência urbana é elevada, os problemas de saúde são mais preocupantes e evidentes²,³.

Além destes indicadores socioeconômicos, as particularidades do envelhecimento também estão associadas ao gênero. Estudos apontam que o gênero feminino apresenta taxas elevadas de dependência funcional, declínio cognitivo, depressão, além de pior percepção da saúde, em comparação aos homens idosos⁶.

Entre as alterações do envelhecimento, a degeneração musculoesquelética leva a uma diminuição progressiva de massa muscular, qualidade na execução de movimentos, flexibilidade e força. Essas perdas se intensificam quando associadas ao sedentarismo. Esses sintomas são referidos na execução de atividades do cotidiano com queixas de dores e mal-estar⁶. Especificamente em relação às mulheres idosas, acredita-se que as mudanças hormonais e o declínio da força muscular durante a menopausa são os principais responsáveis pelas altas taxas de desconfortos musculoesqueléticos nessa população⁷.

Para reduzir o efeito das perdas fisiológicas com o avanço da idade, a atividade física se torna um verdadeiro aliado neste processo⁸. Atualmente, já é possível observar um maior número de programas de exercícios físicos voltados aos idosos⁹.

A fim de evitar a redução da massa muscular e manter a flexibilidade, a força e, em consequência, a melhora na qualidade de vida, o exercício físico é um aliado, sendo o método Pilates uma das maneiras de alcançar estes resultados. O Pilates foi criado por Joseph Pilates na década de 1920, um autodidata dedicado ao estudo da anatomia e fisiologia durante a 1ª Guerra Mundial, abordando conceitos de ginástica, ioga, artes marciais e dança. O método trabalha todo o corpo, principalmente o grupo muscular composto pela musculatura abdominal, transverso do abdômen, assoalho pélvico e paravertebrais¹⁰.

Os exercícios de Pilates têm como ênfase o controle do corpo, a posição e o movimento, podendo ser realizados no solo ou em equipamentos especializados, porém todos seguem os princípios tradicionais que incluem centralização, concentração, controle, precisão e respiração. As atividades visam desenvolver consciência e equilíbrio corporal, além de coordenação motora e mobilidade das articulações¹¹,¹², flexibilidade geral do corpo, alinhamento postural, bem como possibilitar o aumento da força muscular¹³,¹⁴.

Nesse contexto, este estudo tem como objetivo avaliar a importância da prática de exercícios físicos com o método Pilates para a melhora da qualidade de vida e redução das queixas de dores musculoesqueléticas em um grupo de mulheres idosas.

MÉTODO

Mediante revisão da literatura, observou-se que os exercícios de Pilates têm sido propostos como forma de intervenção para reduzir as dores crônicas. Além disso, o método é considerado efetivo para a melhora do equilíbrio, coordenação e mobilidade, justificando sua avaliação neste estudo¹⁵.

Foi realizado um estudo transversal e descritivo em uma população usuária dos serviços de saúde do Ambulatório Integrado de Saúde-Campus Vila Maria (AIS-VM) da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), localizada no município de São Paulo. Para a obtenção da população do estudo, as pacientes foram abordadas aleatoriamente na sala de espera do AIS-VM, enquanto aguardavam atendimento para outras queixas.

Os critérios de inclusão foram: gênero feminino, autorrelato de queixas de dores musculoesqueléticas, realização de tratamento médico no AIS-VM, além de apresentarem aptidão física para a execução de exercícios físicos com supervisão das fisioterapeutas. A amostra contabilizou 31 mulheres que aceitaram participar deste estudo. A intervenção foi feita em oito sessões (uma vez por semana), pois as residentes em fisioterapia na Atenção Básica a realizam em grupos diversos, e tinha como objetivo o tratamento e as orientações para a educação em saúde e posterior alta para atendimento da demanda do ambulatório.

A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário geral, entre janeiro e fevereiro de 2017, sob forma de entrevista, em que foram investigadas questões sociodemográficas (idade, profissão, escolaridade, vida domiciliar e aspectos gerais de saúde).

Na avaliação das atividades de vida diária, foi utilizado o índice de KATZ, que se baseia na avaliação da dependência e independência funcional dos pacientes para banhar-se, vestir-se, deslocar-se, ter continência urinária e fecal e alimentar-se sem ajuda. O grau de dependência é classificado da seguinte forma após o somatório das respostas: 6 = independência; 4 = dependência parcial; 2 = dependência importante¹². A qualidade de vida foi avaliada pela Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida (SF-36), que avalia a qualidade de vida relacionada à saúde. O SF-36 é composto por 11 questões e 36 itens que englobam oito componentes (domínios ou dimensões) representados por capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental, além de uma questão comparativa sobre a percepção atual da saúde e há um ano. O indivíduo recebe um escore em cada domínio, que varia de 0 a 100, sendo 0 o pior escore e 100 o melhor¹⁶.

As queixas de dores foram avaliadas pelo Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), que investiga o relato de dores musculoesqueléticas em nove regiões: região cervical, torácica, lombar, cotovelos, punhos, mãos, quadril, joelhos e tornozelos no último ano e na semana precedente à coleta de dados¹⁷. Neste instrumento, as regiões avaliadas pelo QNSO foram agrupadas em membros superiores (cotovelos, punhos e mãos), membros inferiores (joelhos, tornozelos e quadril) e coluna vertebral (cervical, torácica e lombar).

O risco de queda foi avaliado pelo Teste TUG (Timed Up & Go), que quantifica o tempo gasto para o paciente percorrer 3 metros. Após a indicação do sinal para iniciar o teste, o paciente levanta-se da cadeira e caminha o mais rápido possível até o marcador do percurso e senta-se novamente. Resultados acima de 30 segundos significam alto risco de quedas; entre 20 e 30 segundos, moderado risco; e abaixo de 20 segundos, baixo risco de quedas¹⁸. A capacidade funcional foi avaliada pelo Teste de Sentar e Levantar (TSL), que pode ser realizado em qualquer local de 3 ou 4 m² livres, com solo plano e não escorregadio. O paciente deverá estar descalço, sem meias e desprovido de vestimentas que lhe restrinjam a mobilidade. O instrutor orienta: “Procure sentar e levantar, sem se desequilibrar, e utilizando o menor número de apoios que consiga”. O indivíduo fica em pé, de costas para um colchonete ou tapete colocado no solo atrás dele, e tenta sentar-se lentamente, sem o apoio das mãos e sem desequilibrar-se. É válido cruzar as pernas para sentar-se ou levantar, mas não é permitido que o indivíduo se jogue para trás ao sentar-se. O procedimento deve ser realizado em duas tentativas de forma e velocidade normais, e geralmente ocorre em menos de 2 minutos¹⁹.

A análise dos dados ocorreu por meio do programa SPSS Statistical Package for the Social Sciences (SPSS for Windows, version 17.0, SPSS Inc, Chicago, IL, USA). Realizou-se análise descritiva, média e desvio padrão para a caracterização da amostra.

O método Pilates, descrito no Quadro 1, foi aplicado durante oito sessões realizadas uma vez por semana, durante 60 minutos, no solo. Após as oito sessões, as pacientes foram reavaliadas com os mesmos instrumentos, ou seja, os instrumentos foram aplicados antes e depois do protocolo de intervenção para a avaliação da sua eficácia.

Quadro 1
Protocolo de exercícios do método Pilates realizado no Ambulatório Integrado de Saúde da UNINOVE, São Paulo, 2017

Tipo de movimento	Exercício	Frequência
Ganho de flexibilidade, mobilização e fortalecimento do centro de força	Roll up	2 séries de 2 minutos e 30 segundos: intervalo de 1 minuto
Estabilização da cintura escapular	Single leg stretch	2 séries de 4 minutos: intervalo de 1 minuto
Estabilização da cintura escapular e pélvica	Spine stretch foward	2 séries de 4 minutos: intervalo de 1 minuto
Estabilização de tronco	Leg pull front - variação	2 séries de 4 minutos: intervalo de 1 minuto
Estabilização de tronco e fortalecimento de quadril	One leg circles	2 séries de 5 minutos: intervalo de 2 minutos
	Ole leg stretch
	Hundred nível I
Estabilização de tronco, fortalecimento de quadril, equilíbrio e alongamento de tronco.	Scissors	2 séries de 2 minutos e 30 segundos: intervalo de 1 minuto
	Swan
	Side twist
	Mesa
Estabilização de tronco, fortalecimento de quadril, equilíbrio e alongamento dos músculos do quadril	Breast stroke	2 séries de 2 minutos: intervalo de 1 minuto
	Spine stretch forward
	Shell stretch

A participação das voluntárias ocorreu mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após o projeto ter sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNINOVE, sob o Parecer nº 2.080.849. Todas as diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foram atendidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 31 mulheres, com média de idade de 62,02 anos, sendo a mínima de 40 anos e a máxima de 86 anos. A maior frequência foi na faixa de 60 anos ou mais, representando 55% do total da amostra. Das entrevistadas, 33% delas eram aposentadas, 46,5% concluíram o ensino médio e 36,5% residiam sozinhas. Sobre os indicadores de saúde, a maioria não fumava e não consumia bebidas alcoólicas. A maior parte da população investigada era sedentária (n = 21; 70%). Ainda, 77,4% referiram dores na coluna vertebral nos últimos 12 meses (Tabela 1).

Tabela 1
Aspectos sociodemográficos das voluntárias, São Paulo, 2017

Variáveis	N	(%)
Profissão
Aposentada ou pensionista	10	33,0
Doméstica	6	20,0
Outras profissões	15	47,0
Escolaridade
Ensino fundamental	10	33,0
Ensino médio	14	46,5
Ensino superior	6	20,5
Vida domiciliar
Mora sozinha	11	36,5
Mora com até 3 pessoas	7	23,5
Mora com mais de 4 pessoas	4	14,5
Aspectos gerais de saúde
Não fumante	30	97,0
Fumante	1	3,0
Não bebe	26	83,5
Bebe socialmente	5	16,5
Não pratica atividade física	22	70,0
Pratica caminhada uma ou duas vezes por semana	9	30,0
Relata dores na coluna	24	77,4
Relata dores nos membros inferiores	6	19,4

Os resultados do questionário SF-36 referentes aos componentes físico e mental, antes e depois da proposta de intervenção pelo método Pilates, estão na Tabela 2. As queixas de dores musculoesqueléticas referidas pelas voluntárias da amostra apresentaram alta prevalência para a região da coluna vertebral no último ano (96,8%).

Tabela 2
Resultados do instrumento SF-36 antes e depois da intervenção do método Pilates na população estudada, São Paulo, 2017

Componente físico – SF-36
Antes da intervenção		Depois da intervenção
Condição boa	Condição ruim	Condição boa	Condição ruim
58,5	41,5	90,5	9,5
Componente mental – SF-36
Antes da intervenção		Depois da intervenção
Condição boa	Condição ruim	Condição boa	Condição ruim
67,2	32,8	93,5	6,5

Os resultados obtidos pela aplicação do QNSO podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3
Resultados do QNSO, considerando os últimos 12 meses e os últimos 7 dias antes da reavaliação, São Paulo, 2017

Coluna vertebral
Antes – Últimos 12 meses		Últimos 7 dias
Dor ausente	Dor presente	Dor ausente	Dor presente
3,2	96,8	51,2	48,8
Membros superiores
Antes – Últimos 12 meses		Últimos 7 dias
Dor ausente	Dor presente	Dor ausente	Dor presente
54,5	45,5	80,6	19,4
Membros inferiores
Antes – Últimos 12 meses		Últimos 7 dias
Dor ausente	Dor presente	Dor ausente	Dor presente
45,2	54,8	77,6	22,4

Já os resultados referentes ao Teste de Sentar e Levantar Cronometrado e ao Teste TUG podem ser visualizados na Tabela 4.

Tabela 4
Teste de Sentar e Levantar Cronometrado e Teste TUG, São Paulo, 2017

Teste de Sentar e Levantar Cronometrado
Antes da intervenção				Depois da intervenção
< 2 minutos		> 2 minutos		< 2 minutos		> 2 minutos
93,5		6,5		100		0
Teste TUG
Antes da intervenção				Depois da intervenção
Risco baixo	Risco médio		Risco alto	Risco baixo	Risco médio		Risco alto
68	28,8		3,2	87,1	12,9		0

As variáveis avaliadas pelo índice de Katz evidenciaram que, depois da proposta de intervenção, todas as participantes tornaram-se independentes para as atividades pontuadas neste instrumento.

Os resultados da presente pesquisa, composta apenas por mulheres, mostraram-se relevantes para a melhora da qualidade de vida, além de apresentar que o método Pilates pode ser efetivo para a redução das dores crônicas em um grupo diferenciado pelo gênero na questão do envelhecimento do sistema musculoesquelético.

Esta proposta em tela corroborou os estudos de Tozim et al.²⁰, que, durante oito semanas de exercícios de Pilates, apresentaram como resultados a diminuição da dor, o aumento da flexibilidade e a manutenção da qualidade de vida. Fretta et al.²¹, após 12 semanas de intervenção com o Pilates, identificaram discreta melhora na qualidade de vida, principalmente nos domínios psicológico e social, bem como na qualidade de vida total. Os participantes do grupo de intervenção tiveram melhora da dor, especialmente no trabalho, do humor e do sono, em comparação ao grupo controle. Dessa maneira, os autores concluíram que o Pilates parece ser eficiente na melhora da dor e qualidade de vida, sendo uma alternativa para o tratamento conservador dos casos de hérnia de disco lombar²¹. Kümpel et al.²² testaram o Pilates durante 15 sessões, duas vezes por semana, durante 60 minutos em mulheres com fibromialgia e apontaram resultados positivos para a redução da dor, melhora da capacidade funcional e do sono²².

No presente estudo, foi observada melhor pontuação dos domínios físico e mental do SF-36, corroborando que agravos à saúde são significativos para a qualidade de vida da população⁹,¹³,²³,²⁴.

Estudos de Santos et al.²⁵, Engers et al.²⁶ e Cury e Vieira²⁷ referem, entre os benefícios da prática do Pilates, a melhora da dor lombar, flexibilidade, força e resistência cardiovascular quando incluídas atividades físicas de resistência muscular e aeróbicas na rotina dos idosos, principalmente em mulheres²⁵-²⁷.

A melhora da qualidade de vida também foi percebida por Carvalho et al.¹⁷, ao considerar que os participantes submetidos ao protocolo de exercícios Pilates por 12 sessões, duas vezes por semana, durante 50 minutos, apresentaram ao final do estudo níveis de qualidade de vida de bons a excelentes, o que o permitiu concluir que a prática regular do Pilates incide em medida favorável à promoção da saúde física e mental de septuagenários. Assim sendo, evidenciou-se a importância da incorporação da prática do exercício físico como estratégia à promoção de saúde e qualidade de vida com o uso do Pilates²⁸.

A prática dos exercícios físicos, incluindo o Pilates, é importante para o fortalecimento muscular, flexibilidade e capacidade de equilíbrio em mulheres idosas¹²,²⁴,²⁹.

Para Yamato et al.³⁰, não há evidência de alta qualidade quando são realizadas comparações do Pilates com outros tratamentos. Porém, segundo os autores, existem evidências de qualidade baixa a moderada que indicam que o Pilates é mais efetivo do que uma intervenção mínima para dor e incapacidade. Assim, enquanto existe alguma evidência da efetividade do Pilates para lombalgia, não há nada conclusivo de que ele seja superior a outras formas de exercícios. A decisão para a utilização do Pilates para lombalgia pode ser baseada nas preferências dos pacientes ou dos profissionais de saúde³⁰.

Macedo et al.³¹ realizaram 24 sessões de prática de Pilates solo e observaram melhora na flexibilidade nos movimentos de flexão de quadril, flexão de ombro, adução e abdução de ombro no grupo Pilates em comparação ao grupo controle. Ao compararem os grupos, identificaram uma evolução nos movimentos de flexão de quadril e extensão de ombro do grupo Pilates. Na adução de ombro, o grupo controle iniciou com maior amplitude articular, e, após o treinamento, os grupos não apresentaram mais diferenças. Os autores sugerem então que a prática regular do Pilates solo pode proporcionar ganhos consideráveis na flexibilidade e reduzir as perdas oriundas do envelhecimento³¹.

Há também estudos que discordam dos resultados encontrados nesta pesquisa, como o trabalho de Fonseca et al.³², que, ao utilizarem o método Pilates para o fortalecimento de músculos respiratórios após 12 semanas de prática com idosas saudáveis, afirmam não ter observado alterações³². Tal situação é relatada por Camargo et al.³³, ao afirmarem que 30 sessões de Mat Pilates não produziram mudanças significativas na postura corporal e no equilíbrio dinâmico das idosas estudadas³³.

Este estudo apresenta como limitações ter sido realizado somente em mulheres com queixas de dores musculoesqueléticas. Embora a intervenção tenha sido associada a melhoras significativas, é importante a condução de novas pesquisas para testar a eficácia do Pilates em outros quadros álgicos, outras faixas etárias, como também seu uso como estratégia para a manutenção da qualidade de vida. Estudos com homens também devem ser conduzidos para, assim, avaliar sua eficácia em comparação às mulheres.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostrou que o uso do Pilates é associado ao fortalecimento muscular, analgesia e melhora da qualidade de vida das mulheres que participaram do estudo. A prática do método Pilates tem apresentado benefícios em quase todos os estudos analisados. Quando não gerou benefícios, também não acarretou prejuízos ao quadro de saúde do paciente, desde que as características clínicas e demográficas deste sejam respeitadas. O método traz um caráter inovador complementando às práticas já existentes no cuidado à saúde, podendo ser incorporado como mais uma opção de práticas integrativas complementares em saúde, uma vez que proporciona benefícios físicos, mentais e sociais aos praticantes do método.

• Como citar: Bonifácio SR, Nohara SSB, Lanuez FV, Ribeiro KT, Lemos LC. O método Pilates como opção terapêutica para as queixas de dores musculoesqueléticas em mulheres idosas. Cad Saúde Colet, 2023; 31 (3):e31030564. https://doi.org/10.1590/1414-462X202331030564
• Trabalho realizado no Ambulatório Integrado de Saúde da Universidade Nove de Julho – São Paulo (SP), Brasil.
• Fonte de financiamento: nenhuma.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  04 Dez 2023
• Data do Fascículo
  2023

Histórico

• Recebido
  19 Nov 2018
• Aceito
  30 Maio 2021