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Impactos da pandemia do novo coronavírus no direito humano à alimentação e à nutrição adequadas e programas de segurança alimentar e nutricional: quais os desafios e o que propor?

Impacts of the new coronavirus pandemic on human rights to adequate food and nutrition and food and nutritional security programs: what are the challenges and solutions?

Resumo

Introdução

A pandemia do novo coronavírus intensificou a violação do direito humano à alimentação e nutrição adequadas e elevou a insegurança alimentar e nutricional na população brasileira.

Objetivo

Analisar as estratégias das políticas e programas de segurança alimentar e nutricional adotadas pelo governo brasileiro durante a pandemia (ano de 2020) para promoção da segurança alimentar e nutricional e combate à insegurança alimentar e nutricional no país.

Método

Realizou-se busca nos sites oficiais para análise das ações propostas.

Resultados

Apesar de algumas proposições pontuais, como a distribuição do auxílio emergencial, estratégias mais enérgicas, como o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos, encorajamento de pequenos agricultores, facilitação do transporte e da comercialização de alimentos e a garantia da continuidade de programas assistenciais que facilitem acesso à renda e à alimentação durante a pandemia, precisam ser urgentemente adotadas.

Conclusão

Essas estratégias requerem atuação das três esferas de governo em prol do combate dos impactos da pandemia do novo coronavírus nos índices de insegurança alimentar e nutricional no Brasil.

Palavras-chave:
segurança alimentar e nutricional; infecções por coronavírus; políticas públicas; SARS-CoV-2

Abstract

Background

The new coronavirus pandemic increased the violation of human rights to adequate food and nutrition and increased food and nutritional insecurity in the Brazilian population.

Objective

to analyze the policies and programs adopted by the Brazilian Government to promote food and nutritional security during the pandemic (year 2020).

Method

Official websites were searched to identify proposed initiatives.

Results

Despite some specific measures, such as emergency financial aid, more effective strategies to strengthen the Food Acquisition Program, encourage small farmers, facilitate food transportation and sale and to guarantee that assistance programs that facilitate income and food access are continued throughout the whole pandemic, need to be urgently considered.

Conclusion

Initiatives from the three spheres of government are required to combat the impacts of the new coronavirus pandemic on indices of food and nutritional insecurity in Brazil.

Keywords:
food and nutritional security; coronavirus infections; public policy; SARS-CoV-2

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia provocada pelo novo coronavírus. Em março de 2021, o território brasileiro foi considerado o novo epicentro da pandemia de Covid-19, que já provocou mais de 390 mil óbitos no país e mais 3,1 milhões de mortes no mundo inteiro11 World Health Organization. WHO Coronavirus (COVID-19) dashboard [Internet]. 2021 [citado em 2021 abr 25]. Disponível em: https://www.covid19.who.int/
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. Além dos impactos para o sistema de saúde, a pandemia exacerbou um contexto de crise política e econômica favorável à violação do direito humano à alimentação e à nutrição adequadas (DHANA), da soberania alimentar e da segurança alimentar e nutricional (SAN) que já era experimentado pelo Estado brasileiro, em momentos precedentes ao novo coronavírus.

As reformas trabalhista e previdenciária com retirada da proteção social de trabalhadores, associadas ao aumento do desemprego e elevação da informalidade22 Teodoro CA. A onda neoliberal no Brasil e o desmonte das políticas públicas: análise das reformas trabalhistas e da previdência. Rev Serv Soc Perspect. 2020;4:792-805., culminaram no aumento abrupto da pobreza, extrema pobreza e população em situação de rua. Medidas neoliberais, como a privatização de bens e direitos, e de austeridade fiscal por meio da Emenda Constitucional nº 95, que cortou mais de R$ 30 bilhões do já subfinanciado Sistema Único de Saúde (SUS)33 Brasil. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de dezembro de 2016., colocaram em risco a garantia do acesso às necessidades essenciais pelos brasileiros.

A extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em 201944 Brasil. Medida Provisória no 870, de 1º de janeiro de 2019. Estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Diário Oficial da União, Brasília, 1 de janeiro de 2019., a desarticulação da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), o desmonte do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e a redução ou extinção de programas de SAN, cujos impactos se deram principalmente pelos cortes no financiamento de políticas direcionadas à agricultura familiar, assentamentos rurais, indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais, colocaram em xeque a soberania alimentar no Brasil e as políticas de promoção de SAN.

Em um período precedente ao desmonte do Sisan, o Brasil já apresentava aumento da prevalência de insegurança alimentar e nutricional (IAN), a qual atingiu seu patamar mais elevado desde 2004. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017-2018, a IAN atingiu 36,7% dos domicílios brasileiros, o que representa 84,9 milhões de pessoas. A proporção de domicílios em IAN grave foi de 4,6%, sendo cerca de 3,1 milhões de domicílios que passaram por privação quantitativa de alimentos55 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: análise da segurança alimentar no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020. 65 p.. Esses dados colocaram o Brasil novamente no Mapa da Fome, e com a crise econômica e o advento da pandemia o número de famílias com algum grau de IAN deve ser superior.

A pandemia exacerbou fragilidades já existentes nas dimensões de produção e disponibilidade, acesso e consumo de alimentos, definidas como partes do conceito de SAN pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO)66 Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food security under the COVID-19 pandemic [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca8873en/CA8873EN.pdf
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e evidenciou a letargia do Estado brasileiro quanto à realização de ações estruturantes em todas as esferas da sociedade para a promoção e proteção da SAN. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar os efeitos da pandemia nas dimensões da SAN e avaliar principais políticas, programas e estratégias de SAN adotados pelo governo brasileiro durante a pandemia no ano de 2020 para a promoção e proteção da SAN e combate à IAN no país.

MÉTODO

Trata-se de uma análise descritiva com base em fontes documentais e bibliográficas, realizada no período de maio a dezembro de 2020. Foram adotadas as seguintes estratégias de pesquisa visando identificar as ações governamentais sobre as políticas e programas de SAN durante a pandemia no ano de 2020: i. busca e análise da legislação relacionada à temática publicadas no período; ii. pesquisa nos sites oficiais das políticas e programas de SAN; iii. busca de artigos científicos no Google acadêmico, limitando-se às dez primeiras páginas por questão de relevância, e nas bases Scientific Electronic Library Online – SciELO e Pubmed; iv. coleta de informações em páginas jornalísticas, a fim de identificar possíveis atualizações sobre o tema. Os termos utilizados nas buscas foram “pandemia”; “coronavírus”; “Covid-19”; “segurança alimentar e nutricional”, “direito humano à alimentação adequada”, “direito humano à alimentação e à nutrição adequadas” e/ou “insegurança alimentar e nutricional”,

O termo estratégias foi utilizado para identificar ações estruturantes que devem ser adotadas pelas políticas e programas para promover a SAN e combater a IAN. O termo desafios foi entendido como situações que precisam ser superadas a fim de que as políticas e os programas possam atingir seus objetivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O conceito de SAN perpassa por amplas dimensões desde o aspecto “alimentar”, o qual inclui a produção, distribuição, comercialização, disponibilidade e acesso aos alimentos até o aspecto “nutricional”, o qual contempla a aquisição e consumo de alimentos, além de sua relação com a saúde77 Brasil. Decreto nº 7.272, de 25 de Agosto de 2010. Regulamenta a Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional-SISAN com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada, institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional-PNSAN, estabelece os parâmetros para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de agosto de 2010.. Diante desses aspectos, optou-se por analisar os efeitos da pandemia nas seguintes dimensões: a) produção e disponibilidade de alimentos; b) acesso aos alimentos; c) aquisição e consumo de alimentos.

Produção e disponibilidade de alimentos

Os impactos do novo coronavírus deram-se de formas distintas nos diferentes setores. No período inicial da pandemia, na cadeia produtiva manteve-se o fortalecimento dos grandes produtores agrícolas por maior capital para manutenção de suas atividades e vinculação com as redes majoritárias de abastecimento (supermercados). Paralelamente, ocorreu a fragilização dos pequenos agricultores, que em virtude das medidas restritivas do isolamento social, especialmente no início da pandemia, tiveram que reduzir os dias de trabalho ou paralisar as produções. Alguns agricultores, inclusive, tiveram limitações para compra de novas sementes e insumos necessários à manutenção da produção, assim como para escoamento e venda dos seus produtos nos mercados. Os pequenos agricultores acumularam grandes desperdícios e prejuízos, tendo em vista a retenção de produtos perecíveis que seriam destinados a estabelecimentos alimentícios, os quais por vezes cancelaram ou reduziram seus pedidos88 Siche R. What is the impact of COVID-19 disease on agriculture? Sci Agropecu. 2020;11(1):3-9. http://dx.doi.org/10.17268/sci.agropecu.2020.01.00.
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Ainda nos primeiros meses da pandemia, movimentos e organizações da sociedade civil, juntamente com fóruns, redes e articulações que atuam na promoção da SAN no Brasil, apresentaram um conjunto de propostas para evitar a ruptura das redes de produção, distribuição, acúmulo e desperdício de alimentos. Entre as recomendações, foram encorajados o fortalecimento de circuitos curtos de distribuição de alimentos99 Martins P. Entidades reivindicam garantia do direito à alimentação em tempos de coronavírus [Internet]. ABRASCO; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/03/Recomenda%C3%A7%C3%B5es-SAN-e-Combate-a-fome-em-tempos-de-Coronav%C3%ADrus-correto.pdf-2.pdf
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e a redução de entraves burocráticos que restrinjam a comercialização. Recomendações adicionais oriundas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da FAO mencionaram a necessidade dos centros de distribuição de alimentos em adequar a capacidade para armazenar e distribuir produtos de maneira segura, evitando perdas e desperdícios e possibilitando a prática de distanciamento social. Assim como a criação de comércios virtuais que facilitem a oferta e venda de insumos alimentares e a necessidade de garantir subsídios, incentivos e renda para que os pequenos produtores possam não somente continuar a produzir os gêneros alimentícios, mas também prover sustento para si e seus familiares66 Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food security under the COVID-19 pandemic [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca8873en/CA8873EN.pdf
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,99 Martins P. Entidades reivindicam garantia do direito à alimentação em tempos de coronavírus [Internet]. ABRASCO; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/03/Recomenda%C3%A7%C3%B5es-SAN-e-Combate-a-fome-em-tempos-de-Coronav%C3%ADrus-correto.pdf-2.pdf
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,1010 Valadares AA, Alves F, Galiza M, Silva SP. Agricultura familiar e abastecimento alimentar no contexto do covid-19: uma abordagem das ações públicas emergenciais [Internet]. Brasília: IPEA; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35560:nota-tecnica-2020-abril-numero-69-disoc-agricultura-familiar-e-abastecimento-alimentar-no-contexto-do-covid-19-uma-abordagem-das-acoes-publicas-emergenciais-&catid=437:publicacoes-coronavirus&directory=1
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Acesso aos alimentos

Grandes são os impactos socioeconômicos da pandemia, de modo que a International Labour Organization estimou que cerca de 8,8 milhões a 35 milhões de pessoas poderão cruzar a linha da pobreza em todo o mundo1111 International Labour Organization. COVID-19 and the world of work: impact and policy responses [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponivel em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/documents/briefingnote/wcms_738753.pdf
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. No Brasil, dados da PNAD (2020) revelaram que durante a pandemia a renda de cerca de 19,6% da população foi reduzida, o que poderá levar a um aumento da pobreza uma vez que o auxílio emergencial oferecido pelo governo foi finalizado em janeiro de 20211212 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Trabalho, desocupação, renda, afastamentos, trabalho remoto e outros efeitos da pandemia no trabalho [Internet]. 2021 [citado em 2021 jan 20]. Disponivel em: https://covid19.ibge.gov.br/pnad-covid/trabalho.php
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. No início da pandemia, muitas famílias já não conseguiam comprar alimentos por ausência de recursos financeiros, esgotamento de economias prévias, endividamento por uso de cartões de crédito e elevação de concessão de empréstimos. Mediante a necessidade de garantia da renda em casa, trabalhadores enfrentaram empregos informais em ambientes insalubres aumentando os riscos de contaminação pelo novo coronavírus1313 van Lancker W, Parolin Z. COVID-19, school closures, and child poverty: a social crisis in the making. Lancet Public Health. 2020;5(5):e243-4. http://dx.doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30084-0. PMid:32275858.
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. Em outras situações, mediante a inexistência de subsídios para manutenção de aluguéis, dentre outras despesas básicas, famílias passaram a viver em situação de rua. Em maiores proporções, pessoas com deficiências, negras, mulheres, crianças, idosos, indígenas, povos e comunidades tradicionais, trabalhadores informais e minoritários têm sido submetidos às desigualdades sociais e às condições precárias de vida.

Desta forma, medidas como transferência direta de renda são necessárias para garantir acesso à renda para pessoas que foram afetadas por cortes em seus rendimentos ou demissões decorrentes das medidas de distanciamento social e da crise econômica causadas pela pandemia do novo coronavírus. A transferência direta de renda tem sido recomendada e implementada no Brasil, assim como em outros países. Tem sido sugerido que quaisquer condicionais associadas aos programas de transferência de renda sejam suspensas, e que as transferências de renda sejam ágeis e sem necessidade de contato entre pessoas, de modo a atender as necessidades das famílias em situação de vulnerabilidade e reduzir o risco de contágio pelo novo coronavírus66 Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food security under the COVID-19 pandemic [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca8873en/CA8873EN.pdf
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. Também têm sido recomendadas medidas que visem reduzir gastos e garantir recursos para aquisição de alimentos, como suspensão da cobrança de contas de luz, água e gás99 Martins P. Entidades reivindicam garantia do direito à alimentação em tempos de coronavírus [Internet]. ABRASCO; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/03/Recomenda%C3%A7%C3%B5es-SAN-e-Combate-a-fome-em-tempos-de-Coronav%C3%ADrus-correto.pdf-2.pdf
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Apesar das recomendações, muitas são as problemáticas emergentes e que geram entraves na execução, a exemplo do processo de solicitação e recebimento do auxílio emergencial, que foi planejado como transferência de renda direta, que deveria ser simples e eletrônico, mas que gerou aglomerações e negativas para pessoas que, apesar de não constarem no CadÚnico ou como beneficiário do Bolsa Família, estavam em situação de IAN. Cardoso (2020)1414 Cardoso BB. A implementação do Auxílio Emergencial como medida excepcional de proteção social. Rev Adm Pública. 2020;54(4):1052-63. http://dx.doi.org/10.1590/0034-761220200267.
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destaca a dificuldade de inclusão digital e financeira da população brasileira como um grande inimigo dessa implementação, revelando que muitas pessoas tiveram dificuldade para acessar a internet, usar o aplicativo/preencher o requerimento eletrônico, aprovação da solicitação e, por fim, para sacar o dinheiro, tendo em vista ser essa a forma habitual de pagamento. Esse autor também apontou a necessidade de canais que facilitassem a comunicação e contestação em tempo ágil das situações não previstas pelo sistema.

O fechamento das escolas públicas impactou muitas famílias, já que os estudantes deixam de receber a única ou a mais nutritiva alimentação diária. Desta forma, governos devem assegurar a continuidade de equipamentos sociais que distribuem alimentos e refeições para populações em situação de vulnerabilidade, bem como de programas de alimentação escolar1010 Valadares AA, Alves F, Galiza M, Silva SP. Agricultura familiar e abastecimento alimentar no contexto do covid-19: uma abordagem das ações públicas emergenciais [Internet]. Brasília: IPEA; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35560:nota-tecnica-2020-abril-numero-69-disoc-agricultura-familiar-e-abastecimento-alimentar-no-contexto-do-covid-19-uma-abordagem-das-acoes-publicas-emergenciais-&catid=437:publicacoes-coronavirus&directory=1
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. Sistemas de informação devem ser utilizados de forma a direcionar recursos para populações mais vulneráveis. Diferentes ferramentas devem ser empregadas para comunicar sobre os serviços disponíveis e garantir que o DHANA esteja sendo respeitado1515 United Nations’ Children Fund. Mitigating the effects of the COVID-19 pandemic on food and nutrition of school children [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponivel em: https://www.unicef.org/media/68291/file/Mitigating-the-Effects-of-the-COVID-19-Pandemic-on-Food-and-Nutrition-of-school-children.pdf
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. Adaptações na provisão dos serviços serão necessárias de forma a reduzir o risco de contágio. Exemplos incluem entrega de refeições em horários programados ou em pontos estratégicos66 Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food security under the COVID-19 pandemic [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca8873en/CA8873EN.pdf
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,1010 Valadares AA, Alves F, Galiza M, Silva SP. Agricultura familiar e abastecimento alimentar no contexto do covid-19: uma abordagem das ações públicas emergenciais [Internet]. Brasília: IPEA; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35560:nota-tecnica-2020-abril-numero-69-disoc-agricultura-familiar-e-abastecimento-alimentar-no-contexto-do-covid-19-uma-abordagem-das-acoes-publicas-emergenciais-&catid=437:publicacoes-coronavirus&directory=1
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, entrega de cestas de alimentos, transferência direta de dinheiro ou cupons de alimentação1515 United Nations’ Children Fund. Mitigating the effects of the COVID-19 pandemic on food and nutrition of school children [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponivel em: https://www.unicef.org/media/68291/file/Mitigating-the-Effects-of-the-COVID-19-Pandemic-on-Food-and-Nutrition-of-school-children.pdf
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. A decisão deve ser orientada considerando recursos disponíveis, especificidades locais e a necessidade de promover autonomia local1515 United Nations’ Children Fund. Mitigating the effects of the COVID-19 pandemic on food and nutrition of school children [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponivel em: https://www.unicef.org/media/68291/file/Mitigating-the-Effects-of-the-COVID-19-Pandemic-on-Food-and-Nutrition-of-school-children.pdf
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. Os alimentos que compõem as refeições ou cestas de alimentos devem ser nutricionalmente adequados e prioritariamente produzidos pela agricultura familiar99 Martins P. Entidades reivindicam garantia do direito à alimentação em tempos de coronavírus [Internet]. ABRASCO; 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/03/Recomenda%C3%A7%C3%B5es-SAN-e-Combate-a-fome-em-tempos-de-Coronav%C3%ADrus-correto.pdf-2.pdf
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Aquisição e consumo de alimentos

A pandemia influenciou o comportamento de consumo e alimentar das famílias brasileiras, com relatos de famílias comprando alimentos para estocagem, chegando até a desperdiçá-los, e/ou consumindo uma alimentação menos diversificada e com baixa qualidade nutricional1616 Zurayk R. Pandemic and food security: a view from the global south. J Agric Food Syst Community Dev. 2020;9(3):17-21. http://dx.doi.org/10.5304/jafscd.2020.093.014.
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O consumo de alimentos in natura reduziu1717 Silva OJ Fo, Gomes NN Jr. The future at the kitchen table: COVID-19 and the food supply. Cad Saude Publica. 2020;36(5):e00095220. PMid:32490915. e ocorreram maiores variações de preços desses tipos de alimentos como reflexo das medidas de contenção ao novo coronavírus, as quais suspenderam atividades escolares, serviços alimentícios in loco, além de potencialização do uso de serviços de delivery, que se revelam inacessíveis a parcelas da população1818 Oliveira TC, Abranches MV, Lana RM. (In)Segurança alimentar no contexto da pandemia por SARS-CoV-2. Cad Saude Publica. 2020;36(4):e00055220. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00055220. PMid:32267383.
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. A alta de preços foi reflexo da pandemia na produção e disponibilidade de alimentos, como também da reduzida capacidade de armazenamento da Companhia Nacional de Abastecimento, que cumpria papel fundamental na regulação de oferta/demanda de produtos alimentícios, mas que tem sofrido cortes. O estoque de arroz, por exemplo, estimado em 50 mil toneladas em 2015, totalizava menos de 22 mil em 2020. Reduções foram observadas para outros itens da cesta básica, como feijão, milho e trigo. Nesse sentido, é imprescindível a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), a fim de reduzir oscilações na renda dos produtores rurais e proporcionar remuneração mínima, garantindo a oferta de alimentos, incentivando ou desestimulando a produção e garantindo a regularidade do abastecimento.

Constatou-se o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados em algumas regiões do Brasil. Esses alimentos têm preço mais acessível quando comparado aos produtos in natura e estão relacionados à sensação prazerosa e reconfortante1717 Silva OJ Fo, Gomes NN Jr. The future at the kitchen table: COVID-19 and the food supply. Cad Saude Publica. 2020;36(5):e00095220. PMid:32490915., tendo em vista que a quarentena pode ter contribuído com um aumento de problemas de saúde mental, em decorrência de maiores níveis de estresse e ansiedade, e a maior vulnerabilidade ao novo coronavírus. Acrescidos a isso, tem-se a redução de atividade física e inadequação das horas de sono como fatores de risco para o ganho de peso1919 Zachary Z, Brianna F, Brianna L, Garrett P, Jade W, Alyssa D, et al. Self-quarantine and weight gain related risk factors during the COVID-19 pandemic. Obes Res Clin Pract. 2020 maio;14(3):210-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.orcp.2020.05.004. PMid:32460966.
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e para comorbidades, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias, que contribuem para maior morbidade e mortalidade pelo novo coronavírus2020 Zheng Z, Peng F, Xu B, Zhao J, Liu H, Peng J, et al. Risk factors of critical & mortal COVID-19 cases: a systematic literature review and meta-analysis. J Infect. 2020;81(2):e16-25. http://dx.doi.org/10.1016/j.jinf.2020.04.021. PMid:32335169.
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O consumo de alimentos ultraprocessados tem sido desestimulado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, um documento de referência que oferece orientações quanto ao planejamento das principais refeições de acordo com a cultura, características alimentares regionais e nível de processamento de alimentos2121 Brasil. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.. Esse guia alimentar é um documento norteador de práticas alimentares saudáveis indispensáveis ao fortalecimento do sistema imunológico de um indivíduo e que pode ser amplamente divulgado durante a pandemia como estratégia de educação alimentar e nutricional e de obtenção de uma alimentação adequada e saudável.

Considerando a complexidade resultante da diversidade de contextos, políticas e territórios de um país continental como o Brasil, a pandemia evidenciou a perversidade de políticas neoliberais, urgindo a necessidade de adoção de estratégias emergenciais pelas três esferas de governo para a garantia da SAN e, consequentemente, do DHANA.

O DHANA perpassa pela garantia de uma alimentação de qualidade, sem comprometimento das outras necessidades básicas, estando essa garantia, juntamente com o trabalho, moradia, educação, saúde e lazer, os quais são previstos como direitos sociais no art. 6º da Constituição Federal2222 FIAN. Impacto da Covid-19 na Realização do Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas: relatório preliminar de monitoramento [Internet]. 2020 [citado em 2021 jun 8]. Disponível em: https://alimentacaosaudavel.org.br/wp-content/uploads/2020/04/Relatorio-covid-19-fian-internacional-formatado-1.pdf
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. De tal modo, estratégias legais devem ser estabelecidas para tal alcance, enquanto medida de enfrentamento da pandemia; alguns desses desafios e proposições concernentes à área de SAN foram sistematizados na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1
Impactos da pandemia do novo coronavírus nos principais programas de SAN, desafios e estratégias para garantir a soberania alimentar e a SAN durante e pós-pandemia

Diante do SARS-CoV-2, é crescente o número de pesquisas desenvolvidas com o intuito de desvendar suas fragilidades, possíveis caminhos para minimizar a sua propagação e alcançar a cura. A alimentação e a nutrição adequadas são fatores de proteção contra o novo coronavírus, devendo, portanto, ser garantidas a todos os brasileiros, principalmente às populações mais vulneráveis, alimentos em quantidade e qualidades suficientes, sem comprometer qualquer outra necessidade básica.

Se essas medidas não forem adotadas de forma urgente e regular, terão impacto na economia e saúde da população brasileira, com aumento da demanda por recursos para contenção da desnutrição e obesidade, frutos da pobreza e da inadequação alimentar. Esses desafios emergentes tropeçam ainda em processos excessivamente burocráticos como o ocorrido na solicitação e aquisição do auxílio emergencial, nas fraudes ocorridas desse auxílio emergencial, na corrupção por meio dos desvio de verbas destinadas ao combate do novo coronavírus, pela desarticulação dentro do próprio governo federal, divergências de estratégias e políticas públicas entre as três esferas de governo, pela não valorização da necessidade de políticas públicas de SAN pelo governo federal e, por vezes, ausência de contrapartida de alguns governos estaduais e municipais, além da dificuldade de alocação de recursos públicos em um país em crise econômica.

Mesmo com o início da vacinação, não se sabe ao certo em qual momento a pandemia será controlada no Brasil, haja vista que ela se encontra em seu momento mais crítico no país, que vivencia dificuldade de imunização em massa da população somado ao surgimento de novas variantes ainda mais transmissíveis do SARS-CoV-2 e ao colapso do sistema de saúde em diversos estados. Além disso, aumentou o preço dos alimentos como consequência da recessão econômica provocada pela pandemia, o que pode afetar o poder de compra principalmente da população mais vulnerável.

Considerando este cenário, estimular a produção de pequenos agricultores, facilitando seus acessos aos recursos para produção, financiamento, assistência técnica, capacitação, transporte e comercialização de alimentos, além de garantir a continuidade de programas assistenciais que facilitam acesso à renda e alimentação para populações vulneráveis, como o auxílio emergencial, são áreas prioritárias na promoção da SAN durante a pandemia66 Food and Agriculture Organization of the United Nations. Food security under the COVID-19 pandemic [Internet]. 2020 [citado em 2020 jun 8]. Disponível em: http://www.fao.org/3/ca8873en/CA8873EN.pdf
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. Nesse sentido, torna-se imperativo, tanto durante quanto pós-pandemia, mapear os segmentos de pessoas e localidades mais atingidas pela IAN e direcionar políticas e programas de SAN a fim de gerar emprego e renda, aumentando o acesso e o consumo de alimentos seguros e saudáveis.

  • Como citar: Bragança MLBM, Muniz AKOA, Rudakoff LCS, Vale MRL. Impactos da pandemia do novo coronavírus no direito humano à alimentação e à nutrição adequadas e programas de segurança alimentar e nutricional: quais os desafios e o que propor? Cad Saúde Colet, 2023; 31(3):e31030261. https://doi.org/10.1590/1414-462X202331030261
  • Fonte de financiamento: Nenhuma.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    09 Jun 2020
  • Aceito
    29 Jun 2021
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