Apresentação
Apresentamos a nossos leitores o número nove da Revista Ambiente & Sociedade, que renova uma boa notícia dada neste editorial há alguns números atrás: neste ano a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (ANPPAS) prepara seu primeiro Encontro, que estará acontecendo em Campinas. A estrutura da proposta está pronta aguardando inscrições para apresentações de trabalhos junto aos GTs. De qualquer forma, renova-se a motivação para fortalecer a discussão da institucionalização do campo de debates refletido por A&S.
Outra notícia importante: nossa revista foi indexada junto ao International Bibliography of the Social Sciences (IBSS), a base de dados das Ciências Sociais. Nossa inserção junto ao IBSS representa um sinal de qualidade dos trabalhos veiculados e relevância da área ambiental no contexto científico atual.
Ainda nesse período em que o número nove de Ambiente & Sociedade chega aos seus leitores a comunidade ambiental mundial assiste perplexa ao jogo de forças que disputam os rumos para a Conferência de Johannesburg em meados de 2002. No calor das disputas, temos a satisfação de disponibilizar algumas contribuições de alguns autores centrais na América Latina, que tratam direta ou indiretamente de temas de alta relevância para a Conferência. São eles:
- Em seu artigo La sostenibilidad del desarollo entre Rio-92 y Johannesburgo-2002: eramos felices y no sabíamos Roberto Guimarães traça uma avaliação lúcida e instigante do longo caminho que separa a Conferência de Estocolmo no início da década de 1970 e a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustável em Johannesburgo em 2002. Em primeiro lugar, faz um balanço da evolução econômica, social e institucional da década passada, para em seguida destacar os avanços e retrocessos da agenda global do desenvolvimento sustentável, e do próprio processo preparatório regional para a Conferência de 2002. Em um momento de grande questionamento e controvérsias sobre o verdadeiro impacto da Conferência, Guimarães questiona as ameaças que pode representar para a nova agenda de segurança estratégica a partir dos acontecimentos de 11 de setembro passado.
- O trabalho de Hector Alimonda é especialmente provocativo e aborda temas relevantes para a história ambiental latino americana. Traz uma instigante perspectiva centrada na noção de herança da tradição marxista para a Ecologia Política na América Latina e ilustra seus argumentos na análise do pensamento de Nikolai Danielson, intelectual socialista russo do século XIX. Com certeza irá suscitar debates frutíferos entre aqueles que refletem sobre ambientalismo e América latina.
- o texto de Daniel Hogan fornece um amplo painel do debate envolvendo sustentabilidade e dinâmica demográfica no caso brasileiro. Aponta as principais tendências dessa discussão com consistência e sólida base de material bibliográfico e guia o leitor interessado pelas diferentes abordagens do campo da demografia ambiental. Trata-se de artigo que tem grandes condições de servir como referencial de consulta e discussão em sua área.
- José Célio Andrade et al. analisam as formas de conflito e cooperação entre a empresa Aracruz Celulose e os Índios Tupiniquim e Guarani, apontando para a necessidade de se abordar as estratégias sócio-ambientais como um exercício de legitimidade. A dimensão político-institucional das estratégias da empresa é trabalhada a partir de um referencial teórico atualizado e consistente, assentado na perspectiva dos stakeholders, abrindo espaço para outras abordagens que utilizem a lógica de ação dos atores organizacionais.
- Marcos Mattedi e Ivani Butzke trazem para os leitores da revista uma discussão teórica cuidadosa e atualizada sobre o tema dos hazards e desastres. O resultado de sua análise consiste em um passo adiante para a rediscussão da noção de desastre ambiental e a incorporação da dimensão do risco em toda sua fecundidade para o tratamento das questões envolvendo fenômenos ambientais e sociais.
- O artigo de Klaus Frey retoma de maneira criteriosa a análise das teorias do desenvolvimento sustentável, enfatizando suas diferentes abordagens no que se refere à presença do Estado e os modelos institucionais. As concepções de planejamento, regulação e participação democrática são centrais em sua análise e possibilitam referenciais decisivos para se implementar uma gestão local sustentável.
Esse número contém também três resenhas de importantes obras nacionais e estrangeiras da área ambiental lançadas recentemente.
Renovando nosso agradecimento ao CNPq, aos nossos leitores esporádicos e assinantes, contamos com nosso reencontro no próximo número.
Os editores
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
10 Dez 2003 -
Data do Fascículo
Dez 2001
