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Apresentação

APRESENTAÇÃO

Caros leitores,

Cientificas ou literárias, as revistas trazem sempre muito mais que um conjunto de textos, trazem uma intenção. Ambiente & Sociedade não é a exceção, ela é a intenção renovada em cada número de ajudar a construir, desenvolver e fortalecer a comunidade de pesquisadores, professores e alunos que trabalham temas com implicações tanto ambientais, como sociais. Aqueles que têm acompanhado nossa revista desde o começo, sabem de seus esforços e realizações ao longo dos últimos sete anos em prol dessa intenção. Ambiente & Sociedade é uma revista, mas também é parte da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente & Sociedade (ANPPAS). Ela é uma empreitada editorial, mas também um projeto que palpita com os problemas de sua comunidade. Neste sentido, queremos destacar a recente decisão do Comitê Multidisciplinar da CAPES de criar um subcomitê destinado especialmente a albergar os programas que trabalham na área de Ambiente & Sociedade. Consideramos que este seja um passo importante no caminho para a consolidação definitiva da pesquisa e a pós-graduação na nossa área, a qual virá com a criação num futuro próximo de um Comitê de Área Multidisciplinar em Ambiente & Sociedade.

O presente número reafirma a tradição interdisciplinar que perpassa a intencionalidade epistemológica de nossa revista. O primeiro texto é um trabalho do destacado pesquisador americano Emilio Moran, em colaboração com Stephen McCracken, sobre o ciclo de desenvolvimento de grupos domésticos e o desflorestamento da Amazônia. Baseados em três anos de pesquisa na região de Altamira, na Bacia Amazônica brasileira, os pesquisadores conseguiram diferenciar efeitos grupais e temporais nas trajetórias de desflorestamento, descobrindo que todo grupo de migrantes segue a mesma trajetória de desflorestamento, mas a magnitude do desflorestamento depende de certas contingências (como hiperinflação, políticas de crédito, mudanças na política fundiária, alterações na oferta de trabalho, etc.). O segundo texto é um trabalho conjunto dos pesquisadores Peter Éster, Solange Simões e Henk Vinken, sobre mudança cultural e ambientalismo. Os autores focalizam o impacto das influências culturais sobre as atitudes ambientais, a partir de uma perspectiva comparativa internacional, investigando as implicações da mudança cultural e de valores sobre a percepção, atitudes e comportamentos ambientais em sociedades ocidentais e não-ocidentais. O terceiro texto pertence a Marcelo Vargas e Roberval Francisco de Lima e está destinado a investigar as concessões privadas de saneamento no Brasil. Mais concretamente, os autores procuram analisar o papel potencial que a iniciativa privada pode desempenhar atualmente no abastecimento de água e no esgotamento sanitário das cidades brasileiras, à luz de três estudos de caso sobre "privatizações" ocorridas neste setor na região sudeste. O quarto texto, de autoria de Eduardo Marandola Jr. E Daniel Joseph Hogan, aborda o tema dos perigos naturais, tentando resgatar a forma de tratamento dos termos risco e perigo entre os geógrafos, objetivando o diálogo com outras teorias do risco e o estudo de suas implicações para as populações. O texto seguinte, de autoria de Araceli Verônica Flores, Joselito Nardy Ribeiro, Antonio Augusto Neves e Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz, aborda um problema específico de saúde pública, focalizando os graves problemas de contaminação e saúde gerados pelos organoclorados, bem como a busca de soluções para minimizar tais problemas. A seguir, Diogo Cabral, nos levará até o Brasil Colônia, a fim de estudar a história sócio-florestal da indústria madeireira, tentando ir além as abordagens tradicionais. No seguinte artigo, Victor Pelaez, vai analisar o tema da regulação da tecnologia. Através de um estudo de caso sobre organismos geneticamente modificados, o autor nos apresenta dita regulação como um processo de disputa de poder através do qual o caráter de neutralidade do conhecimento científico é adotado como uma instância legitimadora das agências reguladoras. O oitavo e último texto pertence a Davidson Moreira e Tiziano Tirabassi. Se apresentará aqui um modelo matemático de dispersão de poluentes na atmosfera, entendido como instrumento técnico para a gestão ambiental.

Vale citar que a presente edição traz ainda quatro resenhas de livros, o texto de Márcia Lúcia Guilherme na seção de Comunicação de Resultados e um artigo de Herman Daly na coluna Pontos de Vista.

Infelizmente as Ciências Sociais do Ambiente sofreram em janeiro de 2005 uma perda lamentável: depois de um longo período de luta corajoja contra a doença, faleceu Fred Buttel, talvez o intelectual mais representativo da fase de formação do campo no mundo e atual Presidente de Honra do Research Committee Environment and Society (RC24) da International Sociological Association (ISA). Em sua memória, Arthur Mol, atual presidente do RC 24, redigiu um texto emocionado sobre Buttel, enviado aos membros do Comitê. Tomamos a liberdade de reproduzí-lo aqui, como uma maneira de compartilhar tão justa homenagem.

Por último, mencionemos que nesse número contamos mais uma vez com o importante apoio financeiro do CNPq e damos continuidade à parceria bem sucedida com a editora Annablume. Agradecemos a nossos colaboradores e leitores pelas intenções compartilhadas. Até o próximo número.

Os Editores

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
ANPPAS - Revista Ambiente e Sociedade Anppas / Revista Ambiente e Sociedade - São Paulo - SP - Brazil
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