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Influência da gravidez não planejada no tempo de aleitamento materno* * Trabalho de Iniciação Científica - PIBIC CNPQ - Universidade Guarulhos 2014.

Influencia del embarazo no planificado en la duración de la lactancia materna

Resumo

Objetivo:

Verificar a prevalência de gravidez não planejada entre mães participantes de programa de incentivo ao aleitamento materno em uma comunidade carente e comparar o tempo de aleitamento das que planejaram ou não a gravidez.

Métodos:

Estudo exploratório, descritivo, retrospectivo, documental, quantitativo. Amostra 202 prontuários (N = 202).

Resultados:

Os dados sociodemográficos revelaram idade média de 24,68 anos (DP ± 6,07), 153 (75,74%) com companheiro, 103 (50,99%) com ≥ 8 anos de estudo, 168 (83,16%) do lar e renda familiar média R$ 971,82 (DP ± 463,12). Identificou-se 95 (47,03%) de primíparas, 197 (97,52%) realizaram pré-natal, 103 (50%) não planejaram a gravidez. O tempo médio de aleitamento foi de 110,92 dias e a mediana 112 dias. Na comparação do tempo de aleitamento entre as que planejaram ou não a gravidez foi utilizado o teste t-Student e não houve diferença estatisticamente significante (p = 0,346).

Conclusão:

Planejar ou não a gravidez não influenciou no tempo de aleitamento nessas mães.

Palavras-chave:
Aleitamento materno; Gravidez não planejada; Enfermagem obstétrica

Resumen

Objetivos:

Verificar la prevalencia de embarazo no planificado entre madres participantes de programa de incentivo a la lactancia materna en una comunidad carente y comparar el tiempo de lactancia de las que planearon o no el embarazo.

Métodos:

Un estudio exploratorio, descriptivo, retrospectivo, documental, cuantitativo. Integraron la muestra 202 archivos (N = 202).

Resultados:

Los datos sociodemográficos revelaron edad media de 24,68 años (DP ± 6,07), 153 (75,74%) con compañero, 103 (50,99%) con ≥ 8 años de estudio, 168 (83,16%) no trabajaban y renta familiar media R$ 971,82 (DP ± 463,12). Se identificó 95 (47,03%) de primíparas, 197 (97,52%) con atención prenatal y 103(50%) no planearon el embarazo. El tiempo medio de lactancia fue de 110,92 días y la mediana 112 días. En la comparación del tiempo de lactancia entre las madres que planearon o no el embarazo fue utilizado la prueba t-Student y no hubo diferencia estadísticamente significante (p = 0,346).

Conclusión:

Planear o no el embarazo no influenció el tiempo de lactancia en estas madres.

Palavras-Clave:
Lactancia Materna; Embarazo no Planeado; Enfermería Obstétrica

Abstract

Objective:

Determine the prevalence of an unplanned pregnancy among mothers participating in the breastfeeding incentive program in a poor community and compare the breastfeeding durations of both a planned and unplanned pregnancy.

Method:

It was an exploratory, descriptive, retrospective documentary, and quantitative study. A sample of 202 records were integrated (N = 202).

Results:

Sociodemographic data revealed a mean age of 24.68 years (DP ± 6.07), 153 (75.74%) with a partner, with 103 (50.99%) ≥ 8 years of formal education, 168 (83.16%) were homemakers with an average family income of R$ 971.82 (DP ± 63.12). It was identified that, although 95 (47.03%) were primiparous, 197(97.52%) had received prenatal care and 103 (50%) had not planned their pregnancy. The average time of breastfeeding was 110.92 days, and the median was 112 days. In comparing the time difference between mothers with a planned and unplanned pregnancy the t-Student test was used and no statistically significant difference was observed (p = 0.346).

Conclusion:

Planned or unplanned pregnancy had no influence over the breastfeeding of these mothers.

Keywords:
Breastfeeding; Pregnancy, Unplanned; Obstetric Nursing

INTRODUÇÃO

O aleitamento materno (AM) principalmente o exclusivo (AME) tem sido cada vez mais valorizado tendo em vista seus benefícios para a saúde das crianças11 Giugliani ERJ. Amamentação exclusiva. In: Carvalho MR de, Tavares LAM. Amamentação: bases científicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Koogan Guanabara; 2010. p.28-35.. O AM é um aliado importante para a redução da taxa de mortalidade infantil. O Brasil teve redução desta taxa no período entre 1990 e 2006, chegando a ocupar o segundo lugar entre os países com o objetivo de diminuir a mortalidade de crianças22 Ministério da Saúde (BR). Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. 1a ed. Brasília (DF); 2009..

A meta para 2015 é a redução do número de óbitos por mil nascidos de 19 para 17,9. É uma ação desafiadora devido a desigualdade social, mas há a probabilidade de se atingir esta meta, pelos resultados que a política pública vem alcançando33 Presidência da República (BR). Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: Relatório Nacional de Acompanhamento. Brasília (DF); 2014. Disponível em: http://www.pnud.org.br/Docs/5_RelatorioNacionalAcompanhamentoODM.pdf
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. Por isso, a importância do apoio e incentivo para as mães aleitarem.

Os pesquisadores têm procurado identificar os fatores que dificultam ou impedem a prática do AM e entre os motivos mais alegados pelas mães, destacam-se a "figuração" do leite fraco ou escasso, traumas mamilares, falta de experiência e de apoio, trabalho fora do lar, o querer e o poder amamentar44 Rocci E, Fernandes RAQ. Dificuldades no aleitamento materno e influência no desmame precoce. Rev. Bras. Enferm. [on line]. 2014 jan/fev; [citado 2015 out 26 ]:67(1):22-7. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n1/0034-7167-reben-67-01-0022.pdf
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. Outra situação que interfere na manutenção do AM e, provavelmente reduz sua duração é a gravidez não planejada. Entretanto, este fator é pouco evidenciado nas publicações.

Gravidez não planejada é aquela que não foi programada pelo casal ou, pela mulher e pode ser diferenciada em indesejada e inoportuna. A indesejada ocorre contra o desejo do casal e a inoportuna, quando acontece em um momento desfavorável da vida dos pais. Qualquer uma delas pode ocasionar agravos à saúde da mãe ou do bebê55 Prietsch SOM, Chica DAG, Cesar JA, Sassi RAM. Gravidez não planejada no extremo Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública [Online]. 2011 out; [citado 2014 jun 25];27:(10):[aprox.10 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2011001000004&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
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.

O fato de não ter planejado a gravidez pode interferir na decisão da mãe em amamentar e no estabelecimento do vínculo com o bebê. Pesquisa sobre AM66 Chinebuah B, Escamilla RP. Unplanned Pregnancies Are Associated with Less Likelihood of Prolonged Breast-Feeding among Primiparous Women in Ghana. J. Nutr. [periódico na internet]. 2001 april; [citado 2015 dez 23];131(4):1247-49. Disponível em: http://jn.nutrition.org/content/131/4/1247.long
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refere que há uma correlação positiva entre o tempo de amamentação e o planejamento da gravidez, ou seja, mães que programaram a gestação mantêm o aleitamento por mais tempo.

A prevalência de gravidez não planejada apresentada em algumas publicações é alta, um dos estudos aponta prevalência de 66,5%66 Chinebuah B, Escamilla RP. Unplanned Pregnancies Are Associated with Less Likelihood of Prolonged Breast-Feeding among Primiparous Women in Ghana. J. Nutr. [periódico na internet]. 2001 april; [citado 2015 dez 23];131(4):1247-49. Disponível em: http://jn.nutrition.org/content/131/4/1247.long
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de gravidez indesejada e outro 75%77 Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LT, Souza JJ, Silva DO, Gusmão MEN et al. Associação entre gravidez não planejada e o contexto socioeconômico de mulheres em área da Estratégia Saúde da Família. Acta Paul Enferm. [on line]. 2012 mai/jun; [citado 2014 mar 6];25(3):[aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000300015&script=sci_arttext
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. Ou seja, a maioria das mulheres nos referidos estudos66 Chinebuah B, Escamilla RP. Unplanned Pregnancies Are Associated with Less Likelihood of Prolonged Breast-Feeding among Primiparous Women in Ghana. J. Nutr. [periódico na internet]. 2001 april; [citado 2015 dez 23];131(4):1247-49. Disponível em: http://jn.nutrition.org/content/131/4/1247.long
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,77 Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LT, Souza JJ, Silva DO, Gusmão MEN et al. Associação entre gravidez não planejada e o contexto socioeconômico de mulheres em área da Estratégia Saúde da Família. Acta Paul Enferm. [on line]. 2012 mai/jun; [citado 2014 mar 6];25(3):[aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000300015&script=sci_arttext
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não contava ou não desejava a gravidez naquele momento, o que representa um risco para o estabelecimento da amamentação e sua manutenção.

Este fato deve ser um alerta aos profissionais de saúde para apoiarem e incentivarem estas mães de modo que seja estabelecido o vínculo com o bebê e o processo de aleitar tenha sucesso.

O presente estudo teve como objetivos: verificar a prevalência de gravidez não planejada entre gestantes participantes de programa de incentivo ao Aleitamento Materno em uma comunidade carente e comparar o tempo de aleitamento materno das mães que planejaram ou não a gravidez.

MÉTODOS

Estudo exploratório, descritivo, retrospectivo, documental com abordagem quantitativa, desenvolvido com o banco de dados do Núcleo São Lucas de Atendimento à Saúde da Mulher e da Criança elaborado em um projeto primário.

O Núcleo está localizado em uma comunidade carente do município de São Paulo e teve início em 1999 como trabalho voluntário de uma das autoras. Hoje faz parte das atividades de extensão da Universidade e não está vinculado ou tem parceria com a Unidade de Saúde. As atividades ocorrem em uma creche situada na comunidade e que cede o espaço físico para o Núcleo. As ações desenvolvidas estão direcionadas à promoção da saúde de gestantes e de seus bebês e o objetivo primordial do Núcleo é contribuir para a diminuição das taxas de morbimortalidade infantil pelo incentivo ao aleitamento materno (AM), principalmente o exclusivo.

As gestantes aderem espontaneamente ao Núcleo e, comparecem semanalmente para as reuniões onde são discutidos temas de seu interesse e voltados para o cuidado de si e seu bebê. Após o nascimento as crianças são acompanhadas em consultas de enfermagem e puericultura por uma enfermeira pediatra que retoma as orientações de acordo com as necessidades de cada binômio e reforça a importância do AM exclusivo. A primeira consulta é direcionada também para a puérpera e são identificadas as dificuldades da mulher e, efetuadas as orientações pertinentes.

Todas as mães e bebês que frequentam o Núcleo têm um prontuário do qual constam os dados sociodemográficos da mãe, sua história obstétrica pregressa, dados do pré-natal atual e dados do parto. Do prontuário do bebê constam dados de seu nascimento, peso, comprimento, Apgar e carteira de vacina. Em cada consulta são registrados no prontuário dados sobre o Aleitamento Materno e sobre o desenvolvimento do bebê. Esses dados são alimentados no banco de dados do Núcleo.

Neste estudo foram analisados todos os prontuários das 498 mães que participaram dos grupos de gestantes e retornaram para as consultas de enfermagem no período de 2001 a 2012. Da amostra constaram os 202 (N = 202) prontuários que atenderam ao critério de inclusão da mãe ter comparecido a pelo menos três (3) das seis (9) consultas programadas.

Os dados de interesse para o presente estudo foram coletados no banco de dados da pesquisa primária e transcritos para uma ficha de registro elaborada para o estudo atual.

Os dados foram submetidos a análise descritiva e as variáveis quantitativas estão apresentadas em média e desvio padrão e as varáveis categorias em frequência absoluta e relativa. Para a comparação do tempo de aleitamento em relação aos dois grupos (gestação planejada X gestação não planejada) foi aplicado o teste de comparação de médias t-Student. O nível de significância assumido foi de 5% (p ≤ 0,05).

O projeto primário foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Guarulhos - CEP/sob o nº 182/2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Prontuários dos anos de 2001 e 2002 não fizeram parte da amostra, pois nenhuma das mães compareceu a pelo menos três consultas, assim, os dados estão apresentados a partir de 2003.

O perfil sociodemográfico apresentado na Tabela 1 pode ser assim delineado: idade média de 24,68 anos (DP ± 6,07), a maioria (75,74%) vive com o companheiro, 49% são procedentes da região Nordeste, 50,99% têm ≥ 8 anos de estudo e 83,16% eram do lar. A renda familiar média daqueles que forneceram esta informação foi de R$ 971,82 (DP ± 463,12) e a maioria dos domicílios (75,74%) é compartilhada por 2 a 4 pessoas.

Tabela 1
Distribuição dos dados sociodemográficos das mulheres que compuseram a amostra de 2003 a 2012. São Paulo, 2013

O maior percentual de mulheres encontrado procede da região nordeste do país o que pode ser explicado pelo êxodo migratório a São Paulo conforme censo 2010 (IBGE)88 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Migração e Deslocamento. 2010. Disponível em: http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/migracao-e-deslocamento
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.

No que se refere à idade os resultados deste estudo apontam tratar-se de uma população jovem, uma vez que a média da idade foi de 24,68 anos. Estudo77 Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LT, Souza JJ, Silva DO, Gusmão MEN et al. Associação entre gravidez não planejada e o contexto socioeconômico de mulheres em área da Estratégia Saúde da Família. Acta Paul Enferm. [on line]. 2012 mai/jun; [citado 2014 mar 6];25(3):[aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000300015&script=sci_arttext
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sobre gravidez não planejada identificou média de idade semelhante (24 anos).

O fato de 75,74% das mulheres terem companheiro é um aspecto positivo para o aleitamento materno, estudo11 Giugliani ERJ. Amamentação exclusiva. In: Carvalho MR de, Tavares LAM. Amamentação: bases científicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Koogan Guanabara; 2010. p.28-35. aponta a importância da influência da presença paterna para a manutenção do AM. Por outro lado, não ter planejado a gravidez pode dificultar o estabelecimento do vínculo com o bebê e acarretar o desmame precoce99 Ramos VW, Ramos JW. Aleitamento materno, desmame e fatores associados. CERES: Nutrição e Saúde [periódico na internet]. 2007 jan/dez; [citado 2014 ago 30];2(1): [aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ceres/article/view/1849/1409
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,1010 Plamplona V, Aguiar AM de . Aspectos psicossexuais na lactação. In: Carvalho MR de, Tavares LAM . Amamentação: bases científicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Koogan Guanabara; 2010. p.182-192..

A metade das gestantes (50,99%) estudou ≥ 8 anos, o restante tem baixa escolaridade. Estudos11 Giugliani ERJ. Amamentação exclusiva. In: Carvalho MR de, Tavares LAM. Amamentação: bases científicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Koogan Guanabara; 2010. p.28-35.,99 Ramos VW, Ramos JW. Aleitamento materno, desmame e fatores associados. CERES: Nutrição e Saúde [periódico na internet]. 2007 jan/dez; [citado 2014 ago 30];2(1): [aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ceres/article/view/1849/1409
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relacionam a baixa escolaridade e o baixo poder socioeconômico com o desmame precoce, devido à falta de conhecimento das mães e dificuldade de compreensão da importância do AM. Entretanto, estudo identificou que a interrupção precoce do aleitamento materno foi menor em mães com nível socioeconômico mais elevado1111 Carrascoza KC, Costa Jr AL, Moraes ABA. Fatores que influenciam o desmame precoce e a extensão do aleitamento materno. Estud. Psicol. 2005 out/dez;22(4):433-40..

Em relação à situação empregatícia, o presente estudo identificou que a maioria das gestantes 83,16% é do lar. Não ter emprego remunerado permitiria à mãe permanecer mais tempo ao lado do filho e manter por mais tempo o AME. Alguns autores1212 Salustiano LPQ, Diniz ALD, Abdallh VOS, Pinto RMC. Fatores associados à duração do aleitamento materno em crianças menores de seis meses. Rev Bras Ginecol Obstet [on line]. 2012 jan; [citado 2015 fev 19];34(1):[aprox.6 telas]28-33. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v34n1/a06v34n1
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,1313 Machado AKF, Elert VW, Pretto ADB, Pastore CA. Intenção de amamentar e de introdução de alimentação complementar de puérperas de um Hospital-Escola do sul do Brasil. Cienc saude colet. [on line]. 2014 set; [citado 2015 fev 19]; 19(7):[aprox.7 telas]. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v19n7/1413-8123-csc-19-07-01983.pdf
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indicam o trabalho da mulher fora do lar, como um obstáculo ao AM, porque nem todas as empresas liberam a licença maternidade por seis meses.

Os dados obstétricos apresentados na Tabela 2 evidenciam que, 51,98 % das mulheres que fizeram parte da amostra tiveram mais de um filho e 47,03% eram primíparas. Estudo99 Ramos VW, Ramos JW. Aleitamento materno, desmame e fatores associados. CERES: Nutrição e Saúde [periódico na internet]. 2007 jan/dez; [citado 2014 ago 30];2(1): [aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ceres/article/view/1849/1409
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mostra que após ter o primeiro filho aumenta a chance de a mulher ter uma gravidez não planejada e quanto maior a quantidade de filhos, maior é o risco de não planejar a próxima gravidez.

Tabela 2
Distribuição dos dados obstétricos das mulheres que compuseram a amostra de 2001 a 2012. São Paulo, 2013

O alto percentual de mulheres que realizaram o pré-natal (97,52%) e o exame colpocitológico (70,79%) pode ser reflexo da assistência básica de saúde efetivada nesta comunidade uma vez que, a Estratégia Saúde da Família (ESF) está aí implantada. Estudo1414 Cesar JÁ, Sutil AT, Santos GB, Cunha AF, Sassi RAM. Assistência pré-natal nos serviços públicos e privados de saúde: estudo transversal de base populacional em Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Públ. 2012 nov;28(11):2106-14. identificou a influência positiva desta estratégia na cobertura pré-natal.

No que se refere ao tipo de parto, 61,39% das mulheres tiveram parto normal, esta frequência é diferente da encontrada em estudos que apontam percentuais elevados de partos operatórios. A UNICEF1515 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Alerta sobre o alto percentual de cesarianas no Brasil. 2011. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/media_21237.htm
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em seu relatório sobre a infância 2011 destaca que no Brasil a taxa de cesarianas é muito elevada e vem em um crescente, em 2000 o percentual era de 38,9% e passou para 46,5% em 20071616 Patah LEM, Malik AM. Modelos de assistência ao parto e taxa de cesárea em diferentes países. Rev. Saúde Públ [on line]. 2011 jan/mar; [citado 2014 maio 27];4(1):[aprox.10 telas] 185-194. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89102011000100021&script=sci_arttext
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.

As complicações pós-parto foram em percentual baixo uma vez que 87,13% não indicaram este problema, o fato de terem realizado o pré-natal pode explicar os baixos percentuais de complicações. A assistência pré-natal previne a morbimortalidade materna e perinatal, pois permite a detecção e o tratamento oportuno de doenças, além de diminuir os fatores de risco que trazem complicações para a saúde da mulher e do bebê1717 Viana RC, Novaes MRCG, Calderon IMP. Mortalidade Materna - uma abordagem atualizada. Com Ciências Saúde [on line]. 2011; [citado 2015 out 26]:22 (Sup 1): 141-52. Disponível em: http://www.escs.edu.br/pesquisa/revista/2011Vol22_16mortabilidade.pdf
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.

Dados sobre o Aleitamento Materno Exclusivo e Planejamento da Gestação

Na apresentação dos dados sobre Aleitamento materno a amostra passou a ser de 184 mulheres (n = 184), uma vez que foram excluídas as mães que nunca amamentaram exclusivamente.

A Tabela 3 evidencia que o tempo médio de AME foi de 110,92 dias e a mediana 112 dias. Observa-se, também, uma amplitude considerável entre o mínimo de dias, sete (7) e o máximo (196 dias). A média pode ser considerada boa se comparada com a média nacional que foi de 54,1 dias, segundo estudo realizado pelo MS1818 Ministério da Saúde (BR). Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2009. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_prevalencia_aleitamento_mater
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sobre a prevalência do aleitamento materno exclusivo no Brasil em 2008.

Tabela 3
Análise descritiva do tempo de Aleitamento Materno Exclusivo em dias. São Paulo, 2013

A média identificada neste estudo pode estar relacionada e ser reflexo do Programa de Incentivo ao AM do qual as mães que fizeram parte da amostra participaram no Núcleo.

Observa-se na Tabela 4 que 50% das mulheres não planejaram a gravidez e em 13% dos prontuários esta informação não estava disponível. O percentual elevado de gestação não planejada (50%) é de grande relevância para reorientar ações voltadas à saúde sexual e reprodutiva no âmbito da atenção básica. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza cursos de planejamento familiar e também contraceptivos, as mulheres deveriam ser estimuladas pelos profissionais de saúde a participarem do planejamento familiar, o que poderia evitar outras gestações não desejadas.

Tabela 4
Distribuição da amostra segundo planejamento ou não da gestação. São Paulo, 2013

Estudos1818 Ministério da Saúde (BR). Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2009. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_prevalencia_aleitamento_mater
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,1919 Brasileiro AA, Possobon RFP, Carrascoza KC, Ambrosano GMB, Moraes ABA. Impacto do incentivo ao aleitamento materno entre mulheres trabalhadoras formais. Cad. Saúde Pública [on line]. 2010;[citado 2014 jun 24]; 26(9): [aprox.9 telas]. Disponível: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v26n9/04.pdf.
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relacionam o não planejamento da gravidez a problemas apresentados pelas mulheres como usar menor quantidade de ácido fólico do que o prescrito, a fumar durante a gestação, depressão pós-parto e desmame precoce.

Na Tabela 5 observa-se que a média de AME das mães que planejaram a gravidez foi de 113,53 dias e daquelas que não planejaram 106,03 dias. Na comparação do tempo de AME entra as mães que planejaram ou não a gravidez não houve diferença estatisticamente significativa (p = 0,346).

Tabela 5
Comparação entre o tempo de amamentação exclusiva e gestação planejada ou não. São Paulo, 2013

Alguns autores1919 Brasileiro AA, Possobon RFP, Carrascoza KC, Ambrosano GMB, Moraes ABA. Impacto do incentivo ao aleitamento materno entre mulheres trabalhadoras formais. Cad. Saúde Pública [on line]. 2010;[citado 2014 jun 24]; 26(9): [aprox.9 telas]. Disponível: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v26n9/04.pdf.
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,2020 Vieira GO, Almeida JAG, Silva LR, Cabral VA, Neto PVS. Fatores associados ao aleitamento materno e desmame em Feira de Santana, Bahia. Rev Bras. Saude Matern. Infant [on line]. 2004 abr/jun; [citado 2014 mar 6];4(2): [aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n2/21000.pdf
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mencionam que planejar a gravidez interfere no tempo de aleitamento exclusivo, entretanto, neste estudo não houve diferença no tempo do AM entre as mulheres que planejaram ou não a gestação. Estudo2121 Ulep VGT, Borja MP. Association between pregnancy intention and optimal breastfeeding practices in the Philippines: a cross-sectional study. BMC Pregnancy and Childbirth. [Online] 2012 jul; [citado 2015 out 26]:12:69. Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1471-2393/12/69
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realizado nas Filipinas aponta diferença significativa no início do aleitamento materno entre crianças nascidas de gravidez planejada ou não.

Uma explicação para este resultado pode ser o fato de que das mulheres que não planejaram a gravidez (92), 26 referiram que, embora não tenham planejado a gestação para aquele momento aceitaram e estavam felizes em ter a criança. Essas mães provavelmente estabeleceram o vínculo com o bebê e esta gravidez embora inoportuna, não foi indesejada a ponto de rejeitar a criança.

CONCLUSÃO

A média de Aleitamento Exclusivo na população estudada foi superior à média nacional. Pode-se com isto inferir que participar do programa de incentivo ao AME, no Núcleo, influiu positivamente para que as mães mantivessem a amamentação. As orientações, o acolhimento e o acompanhamento individualizado das nutrizes no programa pode ter representado o diferencial para a melhoria das médias de AME, assim como para o estabelecimento do vínculo da mãe com o bebê, uma vez que não houve diferença no tempo de manutenção do AME entre as mulheres que planejaram ou não a gravidez.

O desenvolvimento de novos estudos em comunidades, onde sejam desenvolvidos programas semelhantes ao do Núcleo são necessários para comprovação e comparação dos resultados.

  • *
    Trabalho de Iniciação Científica - PIBIC CNPQ - Universidade Guarulhos 2014.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Giugliani ERJ. Amamentação exclusiva. In: Carvalho MR de, Tavares LAM. Amamentação: bases científicas. 3 ed. Rio de Janeiro: Koogan Guanabara; 2010. p.28-35.
  • 2
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2015
  • Aceito
    14 Dez 2015
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