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Validade e confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3 entre idosos brasileirosa a Artigo extraído da tese de doutorado “Tradução, adaptação e validação da UCLA Loneliness Scale (version 3) para o português do Brasil em uma amostra de idosos” de autoria de Tatiane Prette Kuznier sob a orientação da professora Drª Tânia Couto Machado Chianca apresentada ao Programa de Pós-graduação stricto sensu da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, defesa ano 2016.

Validez y confiabilidad de la Escala de Soledad de UCLA versión 3 entre adultos mayores brasileños

RESUMO

Objetivo

avaliar a validade e a confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3 numa amostra de idosos brasileiros.

Métodos

estudo metodológico, realizado com 136 idosos cadastrados em unidades de saúde da família. A validade de construto foi verificada pela análise fatorial exploratória e correlação com medidas de depressão e apoio social. A confiabilidade foi avaliada pelo alfa de Cronbach.

Resultados

na análise fatorial exploratória foi extraído um componente cuja variância explicou 43,6% da composição do instrumento. Todos os itens apresentaram cargas fatoriais satisfatórias (≥0,30) distribuídas entre 0,43 e 0,76. A validade de construto também foi apoiada pela correlação positiva entre solidão e depressão (r= 0,665; p≤ 0,001) e correlação negativa entre solidão e apoio social (r= -0,576; p≤0,001). O alfa de Cronbach para a amostra foi de 0,88.

Conclusão e implicações para a prática

a Escala de Solidão da UCLA versão 3 apresenta evidências de validade e confiabilidade satisfatórias, podendo ser utilizada para avaliação da solidão entre idosos brasileiros.

Palavras-chave:
Idoso; Solidão; Enfermagem; Psicometria; Estudos de Validação

RESUMEN

Objetivo

evaluar la validez y confiabilidad de la Escala de Soledad UCLA Versión 3 en una muestra de adultos mayores brasileños.

Métodos

estudio metodológico, realizado con 136 adultos mayores inscriptos en unidades de salud familiar. La validez de constructo se verificó mediante análisis factorial exploratorio y correlación con medidas de depresión y apoyo social. La fiabilidad se evaluó mediante el alfa de Cronbach.

Resultados

en el análisis factorial exploratorio se extrajo un componente, cuya varianza explicó el 43,6% de la composición del instrumento. Todos los ítems tuvieron una carga factorial satisfactoria (≥ 0,30) distribuida entre 0,43 y 0,76. La validez de constructo también se verificó por la correlación positiva entre soledad y depresión (r = 0,665; p≤ 0,001) y correlación negativa entre soledad y apoyo social (r = -0,576; p≤0,001). El alfa de Cronbach para la muestra fue de 0,88.

Conclusión e implicaciones para la práctica

la Escala de Soledad de UCLA Versión 3 presenta evidencias de validez y confiabilidad satisfactorias, y puede utilizarse para evaluar la soledad entre adultos mayores brasileños.

Palabras clave:
Adulto Mayor; Soledad; Enfermería; Psicometría; Estudio de Validación

ABSTRACT

Objective

to assess the validity and reliability of the UCLA Loneliness Scale, version 3, in a sample of aged Brazilians.

Methods

a methodological study carried out with 136 older adults registered in family health units. Construct validity was verified by exploratory factor analysis and correlation with depression and social support measures. Reliability was assessed by means of Cronbach's alpha.

Results

in the exploratory factor analysis, a component was extracted, whose variance explained 43.6% of the instrument's composition. All items had a satisfactory factor load (≥ 0.30) distributed between 0.43 and 0.76. Construct validity was also supported by the positive correlation between loneliness and depression (r = 0.665; p≤0.001) and a negative correlation between loneliness and social support (r = -0.576; p≤0.001). It was also supported by the positive correlation between loneliness and depression (r = 0.665; p≤0.001) and a negative correlation between loneliness and social support (r = -0.576; p≤0.001). Cronbach's alpha for the sample was 0.88.

Conclusion and implications for the practice

the UCLA Loneliness Scale version 3, presents evidence of satisfactory validity and reliability, and can be used to assess loneliness among aged Brazilians.

Keywords:
Aged; Loneliness; Nursing; Psychometrics; Validation Study

INTRODUÇÃO

A assistência à saúde da população idosa, por muito tempo, concentrou-se no restabelecimento das condições clínicas tendo como eixo central o diagnóstico e gerenciamento das enfermidades11 World Health Organization. Handbook: guidance for person-centred assessment and pathways in primary care [Internet]. Geneva: WHO; 2019. 87 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/326843/WHO-FWC-ALC-19.1-eng.pdf?sequence=17&isAllowed=y
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. Contudo, apesar da importância de uma adequada abordagem terapêutica, torna-se necessário considerar as fragilidades decorrentes da perda das capacidades auditiva, visual, cognitiva e de locomoção, comuns ao organismo em envelhecimento. Tais fragilidades são importantes preditores de bem-estar e de qualidade de vida11 World Health Organization. Handbook: guidance for person-centred assessment and pathways in primary care [Internet]. Geneva: WHO; 2019. 87 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/326843/WHO-FWC-ALC-19.1-eng.pdf?sequence=17&isAllowed=y
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. Além disso, sabe-se que a população idosa tende a vivenciar perdas sociais, afetivas e financeiras que podem culminar no aumento dos sentimentos de solidão e de isolamento social22 Tomás JM, Pinazo-Hernandis S, Oliver A, Donio-Bellegarde M, Tomás-Aguirre F. Loneliness and social support: differential predictive power on depression and satisfaction in senior citizens. J Community Psychol. 2019;47(5):1225-34. http://dx.doi.org/10.1002/jcop.22184. PMid:30868586.
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.

A solidão é um construto complexo e subjetivo, que facilmente é confundido com isolamento ou abandono. Está relacionada a uma experiência dolorosa e intuitiva, e nem sempre é causada por se estar só, mas por estar sem alguma interação pela qual o indivíduo sente necessidade33 Haney MÖ, Bahar Z, Beşe A, Açıl D, Yardimci T, Çömez S. Factors Related to Loneliness Among the Elderly Living at Home in Turkey. TJFMPC. 2017;11(2):71-8. http://dx.doi.org/10.21763/tjfmpc.317717.
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,44 Costa SMM, Ramos FCN, Barbosa E, Bahlis SN. Social aspects of the relationship between depression and isolation of the elderly. GIGAPP EWP [Internet]. 2020; [citado 2021 fev 15];7(155):292-308. Disponível em: http://www.gigapp.org/ewp/index.php/GIGAPP-EWP/article/view/187/202
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. A solidão é manifestada por intenso sentimento de vazio com consequências graves sobre a saúde e a integração social55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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. Ela predispõe o aparecimento de sintomatologia depressiva, maior declínio cognitivo, prejuízo à saúde física, sono de má qualidade, transtornos de ansiedade associados ao aumento na mortalidade e de ideação suicida22 Tomás JM, Pinazo-Hernandis S, Oliver A, Donio-Bellegarde M, Tomás-Aguirre F. Loneliness and social support: differential predictive power on depression and satisfaction in senior citizens. J Community Psychol. 2019;47(5):1225-34. http://dx.doi.org/10.1002/jcop.22184. PMid:30868586.
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,33 Haney MÖ, Bahar Z, Beşe A, Açıl D, Yardimci T, Çömez S. Factors Related to Loneliness Among the Elderly Living at Home in Turkey. TJFMPC. 2017;11(2):71-8. http://dx.doi.org/10.21763/tjfmpc.317717.
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,66 van Winkel M, Wichers M, Collip D, Jacobs N, Derom C, Thiery E et al. Unraveiling the role of loneliness in depression: The relationship between daily life experience and behavior. Psychiatry. 2017;80(2):104-17. http://dx.doi.org/10.1080/00332747.2016.1256143. PMid:28767331.
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.

No contexto nacional, investigações acerca da solidão em idosos ainda são incipientes44 Costa SMM, Ramos FCN, Barbosa E, Bahlis SN. Social aspects of the relationship between depression and isolation of the elderly. GIGAPP EWP [Internet]. 2020; [citado 2021 fev 15];7(155):292-308. Disponível em: http://www.gigapp.org/ewp/index.php/GIGAPP-EWP/article/view/187/202
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,77 Almeida PKP, Sena RMC, Dantas JLL, Trigueiro JG, Pessoa Jr JM, Nascimento EGC. “I lived, studied, loved, and even believed”: systematic review about loneliness in Brazilian elderly. Rev Intellectus [Internet]. 2020; [citado 2021 mar 29];57(1):41-55. Disponível em: http://www.revistaintellectus.com.br/ArtigosUpload/63.748.pdf
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. Estudo de revisão sistemática acerca da problemática, ressalta que o fenômeno da solidão no idoso brasileiro tem sido retratado como uma experiência subjetiva desagradável, em que a relação entre abandono objetivo e solidão, embora real como acontece nas instituições de longa permanência, pode se manifestar também dentro dos próprios lares77 Almeida PKP, Sena RMC, Dantas JLL, Trigueiro JG, Pessoa Jr JM, Nascimento EGC. “I lived, studied, loved, and even believed”: systematic review about loneliness in Brazilian elderly. Rev Intellectus [Internet]. 2020; [citado 2021 mar 29];57(1):41-55. Disponível em: http://www.revistaintellectus.com.br/ArtigosUpload/63.748.pdf
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Uma das estratégias para minimizar o impacto negativo da solidão é a criação de uma rede de apoio social com a finalidade de aumentar a inclusão social e melhorar a qualidade de vida.7A rede de apoio informal pode ser caracterizada pelas relações sociais e pelo suporte material e afetivo ofertado por membros da família, amigos e vizinhos88 Sant’Ana LAJ, D’Elboux MJ. Social support and expectation of elderly care: association with sociodemographic variables, health and functionality. Saúde Debate. 2019;43(121):503-19. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201912117.
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. Estudo internacional evidencia que o apoio social informal representado pela família é a principal fonte de suporte que os idosos recebem no seu cotidiano99 Andrew N, Meeks S. Fulfilled preferences, perceived control, life satisfaction, and loneliness in elderly long-term care residents. Aging Ment Health. 2018;22(2):183-9. http://dx.doi.org/10.1080/13607863.2016.1244804. PMid:27767325.
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Em interface com os desafios encontrados no processo de envelhecimento, destaca-se a importância do serviço de Atenção Primária em Saúde (APS) como rede de apoio social formal ao idoso11 World Health Organization. Handbook: guidance for person-centred assessment and pathways in primary care [Internet]. Geneva: WHO; 2019. 87 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/326843/WHO-FWC-ALC-19.1-eng.pdf?sequence=17&isAllowed=y
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. Neste contexto, a equipe de saúde deve dispor de ferramentas que possibilitem avaliar a solidão na população idosa, principalmente, aqueles com baixa capacidade para o autocuidado e com suporte social reduzido, para um adequado planejamento da assistência à saúde77 Almeida PKP, Sena RMC, Dantas JLL, Trigueiro JG, Pessoa Jr JM, Nascimento EGC. “I lived, studied, loved, and even believed”: systematic review about loneliness in Brazilian elderly. Rev Intellectus [Internet]. 2020; [citado 2021 mar 29];57(1):41-55. Disponível em: http://www.revistaintellectus.com.br/ArtigosUpload/63.748.pdf
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,1010 Gustafsson S, Berglund H, Faronbi J, Barenfeld E, Ottenvall Hammar I. Minor positive effects of health-promoting senior meetings for older community-dwelling persons on loneliness, social network, and social support. Clin Interv Aging. 2017;12:1867-77. http://dx.doi.org/10.2147/CIA.S143994. PMid:29158669.
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Sugere-se que a detecção precoce dos sintomas de solidão seja uma prática essencial para maior efetividade de intervenções para manutenção do processo de envelhecimento saudável, pautado no atendimento a necessidades psicossociais como atenção, afeto, respeito, lazer e comunicação33 Haney MÖ, Bahar Z, Beşe A, Açıl D, Yardimci T, Çömez S. Factors Related to Loneliness Among the Elderly Living at Home in Turkey. TJFMPC. 2017;11(2):71-8. http://dx.doi.org/10.21763/tjfmpc.317717.
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.

No que tange a instrumentos de avaliação dos sintomas de solidão, destaca-se a UCLA Loneliness Scale versão 3, por ser uma escala unidimensional composta por 20 itens que não contemplam explicitamente as palavras “solidão” ou “solitário”. Essa característica do instrumento o torna muito pertinente e relevante para a redução da subnotificação deste sentimento e do constrangimento dos respondentes frente ao estigma associado à solidão e ao receio da autodeclaração como uma pessoa solitária1111 Lee EE, Depp C, Palmer BW, Glorioso D, Daly R, Liu J et al. High prevalence and adverse health effects of loneliness in community-dwelling adults across the lifespan: role of wisdom as a protective factor. Int Psychogeriatr. 2019;31(10):1447-62. http://dx.doi.org/10.1017/S1041610218002120. PMid:30560747.
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. Portanto, essa escala tem sido adaptada e validada para diferentes culturas e amplamente utilizada o que justifica propor a sua validação para o Brasil55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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,1111 Lee EE, Depp C, Palmer BW, Glorioso D, Daly R, Liu J et al. High prevalence and adverse health effects of loneliness in community-dwelling adults across the lifespan: role of wisdom as a protective factor. Int Psychogeriatr. 2019;31(10):1447-62. http://dx.doi.org/10.1017/S1041610218002120. PMid:30560747.
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.

A sua versão original foi desenvolvida pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, com o objetivo de avaliar a presença de sintomas subjetivos de solidão por meio da frequência com que o participante vivenciou situações de convivência social e desempenhou atividades de forma individualizada55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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.

A UCLA Loneliness Scale versão 3 já foi traduzida e adaptada para o Brasil incluindo a etapa de pré-teste da versão traduzida com 34 idosos1212 Kuznier TP, Oliveira F, Mata LRF, Chianca TCM. Translation and cross-cultural adaptation of UCLA Loneliness Scale - (version 3) for the elderly in Brazil. REME Rev Min Enferm. 2016;20(e950):942-50. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20160019.
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. No entanto, de acordo com a psicometria, sabe-se que para a aplicação da escala traduzida e adaptada faz-se necessário que suas propriedades psicométricas sejam avaliadas. Ressalta-se que o instrumento é de fácil aplicação, o que possibilitará comparações futuras quanto aos dados referentes à solidão vivenciada pela população de idosos no Brasil em relação a outros países. Além disso, favorecerá o estabelecimento de intervenções específicas baseadas em um resultado diagnóstico.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a validade e a confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3 numa amostra de idosos brasileiros.

MÉTODO

Trata-se de um estudo metodológico. Para direcionar a apresentação das informações foram consideradas as diretrizes para estudos observacionais (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology - STROBE)1313 von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC, Vandenbroucke JP. The Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. PLoS Med. 2007;4(10):e296. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pmed.0040296. PMid:17941714.
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. As orientações metodológicas foram pautadas na lista de verificação Consensus-based Standards for the selection of health Measurement Instruments (COSMIN) para instrumentos de medição1414 Mokkink LB, Princen CAC, Patrick DL, Alonso J, Bouter LM, de Vet HCW et al. COSMIN Study Design checklist for Patient-reported outcome measurement instruments: version July 2019 [Internet]. Amsterdam: Amsterdam Public Health Research Institute; 2019. 78 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://www.cosmin.nl/wp-content/uploads/COSMIN-syst-review-for-PROMs manual_version-1_feb-2018-1.pdf
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A população deste estudo foi composta por 3.907 idosos cadastrados em 17 unidades de Estratégias de Saúde da Família (ESF) de um município do interior de Minas Gerais, Brasil.

Foram considerados como critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos, capacidade cognitiva preservada avaliada por meio do Mini Exame do Estado Mental (MEEM)1515 Bertolucci PH, Brucki SM, Campacci SR, Juliano Y. The Mini-Mental State Examination in an outpatient population: influence of literacy. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001. PMid:8002795.
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. O MEEM possui 13 questões que abordam sobre orientação, memória, atenção e habilidades específicas como nomeação e compreensão e a pontuação varia de zero a 30 pontos, sendo considerados como pontos de corte para presença de capacidade cognitiva: 13 pontos para analfabetos, 18 pontos para indivíduos com até oito anos de escolaridade e 26 para indivíduos com escolaridade acima de 8 anos1515 Bertolucci PH, Brucki SM, Campacci SR, Juliano Y. The Mini-Mental State Examination in an outpatient population: influence of literacy. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X1994000100001. PMid:8002795.
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. Foram excluídos idosos que após duas tentativas de visita domiciliar não eram encontrados.

A definição do número de participantes baseou-se na recomendação COSMIN que sugere seis observações para cada item do instrumento a ser validado1414 Mokkink LB, Princen CAC, Patrick DL, Alonso J, Bouter LM, de Vet HCW et al. COSMIN Study Design checklist for Patient-reported outcome measurement instruments: version July 2019 [Internet]. Amsterdam: Amsterdam Public Health Research Institute; 2019. 78 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://www.cosmin.nl/wp-content/uploads/COSMIN-syst-review-for-PROMs manual_version-1_feb-2018-1.pdf
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. Visto que o instrumento possui 20 itens, o tamanho mínimo da amostra é de 120 indivíduos. Por meio de amostragem por conveniência, foram recrutados 136 idosos (68 mulheres e 68 homens), sendo todos incluídos na análise da pesquisa, sem perdas ou exclusões. Foi estabelecida a proporção de oito participantes (quatro homens e quatro mulheres) para cada uma das 17 unidades de ESF.

A identificação e o contato com os participantes foram intermediados pelos profissionais de enfermagem de cada unidade de ESF e pelos agentes comunitários de Saúde (ACS), os quais providenciaram uma lista com os nomes dos idosos atendidos no respectivo serviço.

A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2015 a fevereiro de 2016, por uma equipe composta por duas enfermeiras (pesquisadora principal e uma mestranda em enfermagem) e duas acadêmicas do sétimo período do curso de graduação em enfermagem, sendo uma bolsista de iniciação científica e a outra voluntária. A equipe foi treinada previamente à realização do estudo. As entrevistas ocorreram nos consultórios privativos da ESF ou em visitas domiciliares.

Inicialmente, os idosos foram avaliados quanto aos critérios de seleção que compreenderam também a aplicação do instrumento MEEM. Caso o idoso atendesse a esses critérios, a entrevista era iniciada e os seguintes instrumentos aplicados: questionário sociodemográfico e clínico; Escala de Solidão da UCLA versão 31212 Kuznier TP, Oliveira F, Mata LRF, Chianca TCM. Translation and cross-cultural adaptation of UCLA Loneliness Scale - (version 3) for the elderly in Brazil. REME Rev Min Enferm. 2016;20(e950):942-50. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20160019.
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; Escala de Apoio Social Medical Outcomes Study (MOS)1616 Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS. Construct validity of the Medical Outcomes Study’s social support scale adapted to Portuguese in the Pró-Saúde Study. Cad Saude Publica. 2005;21(3):703-14. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300004. PMid:15868028.
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e Escala de Depressão do Center for Epidemiological Studies (CES-D)1717 Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Validity of the Center for Epidemiological Studies depression scale among Brazilian elderly. Rev Saude Publica. 2007;41(4):598-605. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400014. PMid:17589758.
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. O questionário elaborado pelos autores contemplou questões relacionadas à idade, sexo, renda, situação profissional e conjugal, religião, escolaridade, número de filhos, presença de comorbidades, avaliação da própria saúde (ótima, boa, regular e ruim) e frequência em cultos religiosos nos últimos 12 meses. O tempo médio de cada entrevista foi de 60 minutos.

A Escala de Solidão da UCLA versão 31212 Kuznier TP, Oliveira F, Mata LRF, Chianca TCM. Translation and cross-cultural adaptation of UCLA Loneliness Scale - (version 3) for the elderly in Brazil. REME Rev Min Enferm. 2016;20(e950):942-50. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20160019.
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é composta nove itens redigidos positivamente e 11 formulados negativamente. As opções de respostas são dadas em escala Likert de quatro pontos: 1- nunca; 2- raramente; 3- às vezes; e 4- sempre. Para os itens redigidos positivamente, os valores da escala Likert devem ser invertidos. O escore final varia entre 20 e 80 pontos, sendo que quanto maior a soma total das respostas, maior é o nível de solidão. Pontuações iguais ou superiores a 60 pontos estão associadas a níveis elevados de solidão e entre 50 e 59 a um nível moderadamente elevado de solidão55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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,1212 Kuznier TP, Oliveira F, Mata LRF, Chianca TCM. Translation and cross-cultural adaptation of UCLA Loneliness Scale - (version 3) for the elderly in Brazil. REME Rev Min Enferm. 2016;20(e950):942-50. http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20160019.
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.

Para avaliação do nível de apoio social, foi utilizada a escala Medical Outcome Study (MOS), traduzida, adaptada e validada para língua portuguesa1616 Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS. Construct validity of the Medical Outcomes Study’s social support scale adapted to Portuguese in the Pró-Saúde Study. Cad Saude Publica. 2005;21(3):703-14. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300004. PMid:15868028.
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. É composta por cinco dimensões de apoio social: material, afetiva, interação social positiva, emocional e informação. Para todas as perguntas, as respostas são dadas em escala Likert de cinco pontos (1- nunca; 2- raramente; 3 - às vezes; 4 - quase sempre; 5 - sempre), sendo a pontuação total mínima 19 e máxima 95. O escore final é obtido pela soma dos pontos totalizados pelas perguntas em cada uma das dimensões e divididos pela pontuação máxima da mesma dimensão. Quanto mais alta a pontuação, maior o nível de apoio social1616 Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS. Construct validity of the Medical Outcomes Study’s social support scale adapted to Portuguese in the Pró-Saúde Study. Cad Saude Publica. 2005;21(3):703-14. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300004. PMid:15868028.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005...
.

Por último, para a identificação dos sintomas de depressão, utilizou-se a escala Center for Epidemiological Studies − Depression (CES-D), traduzida, adaptada e validada para o Brasil, composta por 20 itens relacionados ao humor, sintomas somáticos, interações com os outros e funcionamento motor. As respostas são dadas em escala Likert que contempla as opções nunca ou raramente (0), às vezes (1), frequentemente (2) e sempre (3). A pontuação é a soma das respostas aos itens que varia de zero a 60, sendo que uma pontuação entre 12 e 60 indica a presença de sintomas de depressão1717 Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Validity of the Center for Epidemiological Studies depression scale among Brazilian elderly. Rev Saude Publica. 2007;41(4):598-605. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000400014. PMid:17589758.
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.

Os dados foram organizados em planilha eletrônica por meio do Excel ® versão 2007 com técnica de dupla digitação. Esses foram exportados para os programas estatísticos Factor, versão 10.10.03 desenvolvido pela Rovira i Virgili University, e Statistical Package for Social Science® (SPSS), versão 21.0. Para verificação do comportamento psicométrico da escala, foi realizada a validade de constructo por meio da validade estrutural e da análise por hipóteses, e a confiabilidade pelo Alfa de Cronbach1414 Mokkink LB, Princen CAC, Patrick DL, Alonso J, Bouter LM, de Vet HCW et al. COSMIN Study Design checklist for Patient-reported outcome measurement instruments: version July 2019 [Internet]. Amsterdam: Amsterdam Public Health Research Institute; 2019. 78 p. [citado 2021 fev 21]. Disponível em: https://www.cosmin.nl/wp-content/uploads/COSMIN-syst-review-for-PROMs manual_version-1_feb-2018-1.pdf
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.

Os resultados obtidos para as variáveis explanatórias (caracterização sociodemográfica e clínica) foram analisados pela estatística descritiva que contemplou medidas de tendência central (média, mediana) e de variabilidade (desvio-padrão e intervalo interquartílico: percentil 25 – percentil 75) para as variáveis contínuas, e frequência relativa para as variáveis categóricas. Aplicou-se o teste Shapiro-Wilk para testar a normalidade das variáveis explicativas: medidas de solidão, apoio social e depressão. Os resultados indicaram distribuição normal para as três variáveis.

A validade estrutural da Escala de Solidão da UCLA versão 3 foi realizada por meio da análise fatorial exploratória (AFE) no programa Factor, utilizando uma matriz policórica com método de extração Robust Diagonally Weighted Least Squares (RDWLS). Previamente, foi realizada a Medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de adequação de amostragem, cuja pontuação necessária deve ser maior ou igual a 0,60. Também foi feito um teste de hipóteses por meio do teste de esfericidade de Bartlett, que verifica se a matriz de covariâncias é uma matriz identidade, averiguando se não há correlações. Nesse caso, o ideal é que o teste seja significativo e a hipótese nula seja refutada1818 Damásio BF. Uses of exploratory factorial analysis in psychology. Aval Psicol [Internet]. 2012; [citado 2021 fev 15];11(2):213-28. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v11n2/v11n2a07.pdf
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A decisão sobre o número de fatores a ser retido foi realizada por meio da técnica da análise paralela com permutação aleatória dos dados observados e a rotação utilizada foi a Robust Promin1919 Timmerman ME, Lorenzo-Seva U. Dimensionality assessment of ordered polytomous items with parallel analysis. Psychol Methods. 2011 jun;16(2):209-20. http://dx.doi.org/10.1037/a0023353. PMid:21500916.
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,2020 Lorenzo-Seva U, Ferrando PJ. Robust Promin: a method for diagonally weighted factor rotation. Liberabit. 2019;25(1):99-106. http://dx.doi.org/10.24265/liberabit.2019.v25n1.08.
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A adequação do modelo foi avaliada por meio dos índices de ajuste Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA), Comparative Fit Index (CFI) e Tucker-Lewis Index (TLI). De acordo com a literatura, valores de RMSEA devem ser menores que 0,08, e de CFI e TLI devem ser acima de 0,90 ou, preferencialmente, 0,952121 Sellbom M, Tellegen A. Factor analysis in psychological assessment research: common pitfalls and recommendations. Psychol Assess. 2019 dez;31(12):1428-41. http://dx.doi.org/10.1037/pas0000623. PMid:31120298.
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Sobre a validade de construto no âmbito da análise de hipóteses, foram realizados testes de correlação de Pearson entre as medidas da Escala de Solidão UCLA versão 3 e as medidas de apoio social e de depressão. Ressalta-se que previamente à verificação das relações entre as variáveis, foi investigado se os pressupostos da estatística paramétrica estavam presentes na amostra. Desta forma, para a verificação da normalidade foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk, e todas as variáveis apresentaram distribuição normal. As forças das correlações foram analisadas considerando valores entre 0,20 e 0,49 como de fraca magnitude, entre 0,50 e 0,79 de moderada magnitude, e acima de 0,80 de forte magnitude2222 Schober P, Boer C, Schwarte LA. Correlation coefficients: appropriate use and interpretation. Anesth Analg. 2018;126(5):1763-8. http://dx.doi.org/10.1213/ANE.0000000000002864. PMid:29481436.
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. Já para variáveis categóricas, foi realizado o teste t a fim de identificar possíveis diferenças nas medidas da Escala de Solidão UCLA versão 3 quanto ao sexo e à situação conjugal, de acordo com as seguintes hipóteses: 1) ausência de diferença estatisticamente significativa do nível de solidão entre homens e mulheres; 2) idosos sem companheiros apresentam nível de solidão significativamente maior que idosos com companheiros.

A confiabilidade foi calculada por meio da consistência interna da escala e dos itens a partir do coeficiente alfa de Cronbach, sendo os valores acima de 0,7 considerados como aceitáveis2323 McNeish D. Thanks coefficient alpha, we’ll take it from here. Psychol Methods. 2018 set;23(3):412-33. http://dx.doi.org/10.1037/met0000144. PMid:28557467.
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. Para todas as análises adotou-se o nível de significância p≤0,05.

Foi concedida autorização para a validação da escala pelo autor original do instrumento. Em atenção às recomendações da Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, referentes às pesquisas relacionadas a seres humanos, o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sob parecer nº 860.453. A coleta de dados teve início mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, ficando uma via com os participantes.

RESULTADOS

Dentre os 136 idosos que participaram deste estudo, a idade mediana foi de 70 anos (64-76), sendo que mais da metade tinha companheiro (a) (78; 57,3%) e eram aposentados (80; 58,5%). Quanto à escolaridade, a mediana de anos de estudo foi de quatro anos (0-6). Já em relação à renda, a mediana foi de 880 reais (788-1500), o que corresponde a aproximadamente um salário mínimo da época da coleta de dados. O número mediano de filhos foi quatro (2-6). Além disso, a maioria declarou-se católica (108; 79,4%) e, aproximadamente a metade frequentava cultos religiosos uma vez por semana (65; 47,8%).

Em relação às características clínicas dos idosos, a maioria afirmou possuir alguma doença (122; 89,7%), sendo que 74,3% referiu ter hipertensão arterial sistêmica (HAS) e 33,1% diabetes mellitus (DM).

No que diz respeito à validade de constructo analisada por meio da validade estrutural, o teste KMO apresentou índice de 0,78, considerado bom. O teste de esfericidade de Bartlett apresentou os valores χ2 (190) =1.467,9; p < 0,001, o que permitiu rejeitar a hipótese nula e confirmar a utilização da AFE como método de análise da validade estrutural do instrumento.

A análise paralela mostrou que a escala se adequa a uma estrutura unidimensional, uma vez que no gráfico de sedimentação (scree plot) um fator é responsável pela variância explicada dos dados (empírico) igual a 43,6% sendo, portanto, o único superior à variância explicada dos dados aleatórios (simulados) (Figura 1).

Figura 1
Diagrama de sedimentação obtido na Análise Paralela da Escala de Solidão da UCLA versão 3. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 2017.

A análise da matriz das cargas fatoriais apontou valores superiores a 0,30 em todos os itens. Dessa maneira, não houve exclusão de itens da Escala de Solidão da UCLA versão 3. Ressalta-se que os itens 1, 5, 6, 9, 10, 15, 16, 19 e 20 apresentaram carga fatorial negativa (Tabela 1). A estrutura fatorial apresentou índices de ajuste adequados (χ 2 = 241,89, gl = 170; p < 0,001; RMSEA = 0,056; CFI = 0,971; TLI = 0,967).

Tabela 1
Análise fatorial exploratória da Escala de Solidão da UCLA versão 3 com as respectivas cargas fatoriais. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 2017.

Na validade de construto avaliada pela análise de hipóteses, não foi identificada diferença estatisticamente significativa entre a medida de solidão e sexo (t= 0,915; p=0,362), bem como entre a medida de solidão e situação conjugal (t= 1,940; p= 0,054).

Houve correlação positiva significativa de moderada intensidade entre a medida de solidão e de depressão (r= 0,665; p= 0,001); correlação negativa significativa de moderada intensidade entre as medidas de solidão e de apoio social (r= -0,576; p<0,001) e correlação negativa significativa de fraca intensidade entre as medidas de apoio social e de depressão (r= - 0,378; p< 0,001). Esses achados apontam que, quanto maior o nível de solidão, maior é a presença de sintomas de depressão e menor o nível de apoio social percebido pelo idoso.

No que diz respeito à confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3, o alfa de Cronbach total foi de 0,88, o que demonstrou uma alta consistência interna. Quanto à força de correlação de seus itens com o total da escala, os valores obtidos variaram entre 0,26 e 0,65. Observou-se que a exclusão de cada um deles proporcionou um alfa com variação de 0,87 a 0,88 (Tabela 2).

Tabela 2
Item da Escala de Solidão da UCLA versão 3 com o alfa de Cronbach total, coeficiente de correlação (item-total corrigida) e alfa de Cronbach na ausência de algum dos itens da escala. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 2017.

DISCUSSÃO

Os resultados mostraram evidências de validade e confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3. Identificar o nível de solidão na população idosa brasileira é extremamente necessário devido às transições no envelhecimento populacional e por se tratar de uma percepção subjetiva. Assim, ferramentas que possibilitem avaliar a solidão são valiosas para que estratégias institucionais sejam construídas pelos serviços e pelos profissionais de saúde ao atendimento individualizado à saúde do idoso2424 Theeke L, Carpenter RD, Mallow J, Theeke E. Gender differences in loneliness, anger, depression, self-management ability and biomarkers of chronic illness in chronically ill mid-life adults in Appalachia. Appl Nurs Res. 2019;45:55-62. http://dx.doi.org/10.1016/j.apnr.2018.12.001. PMid:30683252.
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Com intuito de explorar a dimensionalidade da escala, foi realizada a análise fatorial exploratória, sendo que a melhor solução fatorial consistiu na extração de um fator, o que demonstra unidimensionalidade. Ao considerar o valor encontrado de variância explicada igual a 43,6% e a variabilidade das cargas fatoriais distribuídas entre 0,43 e 0,76, constata-se que tais resultados, além de corroborarem com os pressupostos do autor da escala original55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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, também estão de acordo com o preconizado pela literatura2525 Souza LMM, Carvalho ML, Veludo F, José HMG, Marques-Vieira CMA. Fidelity and validity in the construction and adaptation of measurement instruments. Enformação [Internet]. 2015; [citado 2021 mar 29];5:25-32. Disponível em: http://www.acenfermeiros.pt/docs/arq_revistas/enformacao_05_2015.pdf Portuguese
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. A unidimensionalidade do instrumento também foi confirmada por outros estudos de validação na população idosa2626 Pretorius TB. The metric equivalence of the UCLA Loneliness Scale for a sample of South African students. Educ Psychol Meas. 1993;53(1):233-9. http://dx.doi.org/10.1177/0013164493053001026.
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,2727 Hartshorne TS. Psychometric properties and confirmatory factor analysis of the UCLA Loneliness Scale. J Pers Assess. 1993;61(1):182-95. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6101_14. PMid:16370798.
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e de estudantes2828 Dodeen H. The effects of positively and negatively worded items on the factor structure of the UCLA Loneliness Scale. J Psychoed Assess. 2015;33(3):259-67. http://dx.doi.org/10.1177/0734282914548325.
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Por outro lado, algumas investigações que também exploraram os resultados de análise fatorial da UCLA Loneliness Scale versão 3 na população idosa, identificaram a presença de mais de um fator, sendo descrita como modelo bidimensional2929 Ausín B, Muñoz M, Martín T, Pérez-Santos E, Castellanos MÁ. Confirmatory factor analysis of the Revised UCLA Loneliness Scale (UCLA LS-R) in individuals over 65. Aging Ment Health. 2019;23(3):345-51. http://dx.doi.org/10.1080/13607863.2017.1423036. PMid:29309208.
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, tridimensional3030 Durak M, Senol-Durak E. Psychometric qualities of the UCLA loneliness Scale-version 3 as applied in a Turkish culture. Educ Gerontol. 2010;36(10-11):988-1007. http://dx.doi.org/10.1080/03601271003756628.
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,3131 Shevlin M, Murphy S, Murphy J. The latent structure of loneliness: testing competing factor models of the UCLA loneliness scale in a large adolescent sample. Assessment. 2015;22(2):208-15. http://dx.doi.org/10.1177/1073191114542596. PMid:25022276.
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e até mesmo quadridimensional3232 Penning MJ, Liu G, Chou PHB. Measuring loneliness among middle-aged and older adults: the UCLA and de Jong Gierveld Loneliness Scales. Soc Indic Res. 2014;118(3):1147-66. http://dx.doi.org/10.1007/s11205-013-0461-1.
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. Dessa forma, apesar do instrumento ser amplamente utilizado na literatura, este ainda não possui uma estrutura fatorial definitiva, o que reforça a importância de resultados como o do presente estudo.

No que diz respeito à análise da validade de construto a partir da comparação entre grupos distintos, não foi identificada diferença entre os níveis de solidão por sexo e situação conjugal. Esperava-se a inexistência de diferenças entre homens e mulheres nas medidas obtidas pela Escala de Solidão da UCLA versão 3 e, por outro lado, a existência de diferenças entre idosos que possuem e os que não possuem companheiro (a). A hipótese de não existência de diferenças na medida de solidão com relação ao sexo foi confirmada, ao passo que a hipótese sobre existência de diferenças entre idosos que possuem ou não companheiros foi refutada.

Em uma investigação, cujo objetivo foi analisar a relação entre solidão, depressão e satisfação em idosos, constatou-se alto nível de solidão em mulheres que não tinham companheiro ou que moravam sozinhas22 Tomás JM, Pinazo-Hernandis S, Oliver A, Donio-Bellegarde M, Tomás-Aguirre F. Loneliness and social support: differential predictive power on depression and satisfaction in senior citizens. J Community Psychol. 2019;47(5):1225-34. http://dx.doi.org/10.1002/jcop.22184. PMid:30868586.
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. Já em outro estudo, os resultados indicaram que homens idosos sem companheiras apresentaram escores mais altos de solidão33 Haney MÖ, Bahar Z, Beşe A, Açıl D, Yardimci T, Çömez S. Factors Related to Loneliness Among the Elderly Living at Home in Turkey. TJFMPC. 2017;11(2):71-8. http://dx.doi.org/10.21763/tjfmpc.317717.
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. Dessa forma, infere-se que, independentemente da situação conjugal, existem outros fatores capazes de influenciar os sentimentos de solidão alicerçados, principalmente, na rede de apoio social informal que o idoso mantém, o que subsidia a capacidade de autoplanejamento, autoeficácia e autogerenciamento2424 Theeke L, Carpenter RD, Mallow J, Theeke E. Gender differences in loneliness, anger, depression, self-management ability and biomarkers of chronic illness in chronically ill mid-life adults in Appalachia. Appl Nurs Res. 2019;45:55-62. http://dx.doi.org/10.1016/j.apnr.2018.12.001. PMid:30683252.
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Sobre os resultados da correlação entre níveis de solidão, apoio social e depressão, identificou-se que quanto maior o nível de solidão, maior a presença de sintomas de depressão e menor o apoio social. Resultados semelhantes foram evidenciados pelo autor do instrumento original, o qual constatou coeficientes de correlação variando entre -0,48 a 0,52 para apoio social e depressão, respectivamente55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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. Outros estudos, utilizando a UCLA Loneliness Scale versão 3 também reforçam estes resultados22 Tomás JM, Pinazo-Hernandis S, Oliver A, Donio-Bellegarde M, Tomás-Aguirre F. Loneliness and social support: differential predictive power on depression and satisfaction in senior citizens. J Community Psychol. 2019;47(5):1225-34. http://dx.doi.org/10.1002/jcop.22184. PMid:30868586.
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,66 van Winkel M, Wichers M, Collip D, Jacobs N, Derom C, Thiery E et al. Unraveiling the role of loneliness in depression: The relationship between daily life experience and behavior. Psychiatry. 2017;80(2):104-17. http://dx.doi.org/10.1080/00332747.2016.1256143. PMid:28767331.
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,3030 Durak M, Senol-Durak E. Psychometric qualities of the UCLA loneliness Scale-version 3 as applied in a Turkish culture. Educ Gerontol. 2010;36(10-11):988-1007. http://dx.doi.org/10.1080/03601271003756628.
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.

Em relação à confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3, a consistência interna confirmada pelo alfa de Cronbach revelou homogeneidade do instrumento. O valor encontrado no presente estudo foi muito próximo ao relatado pelo autor do instrumento original (0,89)55 Russell D. UCLA Loneliness Scale (Version 3): reliability, validity and factor structure. J Pers Assess. 1996;66(1):20-40. http://dx.doi.org/10.1207/s15327752jpa6601_2. PMid:8576833.
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. Estudo espanhol que também realizou a análise da confiabilidade da UCLA Loneliness Scale versão 3 encontrou um valor de 0,85 numa amostra de idosos2929 Ausín B, Muñoz M, Martín T, Pérez-Santos E, Castellanos MÁ. Confirmatory factor analysis of the Revised UCLA Loneliness Scale (UCLA LS-R) in individuals over 65. Aging Ment Health. 2019;23(3):345-51. http://dx.doi.org/10.1080/13607863.2017.1423036. PMid:29309208.
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. Outra pesquisa realizada no Canadá também constatou uma confiabilidade de 0,85 em indivíduos com idade entre 45 e 84 anos3232 Penning MJ, Liu G, Chou PHB. Measuring loneliness among middle-aged and older adults: the UCLA and de Jong Gierveld Loneliness Scales. Soc Indic Res. 2014;118(3):1147-66. http://dx.doi.org/10.1007/s11205-013-0461-1.
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.

O uso de medidas de fácil aplicação e interpretação auxilia na identificação precisa dos sintomas de solidão em idosos, mesmo nos casos de atendimento por profissionais de saúde não especializados em saúde mental. Além disso, favorecem a detecção precoce e a identificação dos idosos em maior risco de solidão, o que é de extrema importância no âmbito dos serviços de atenção primária, cujo foco principal baseia-se na promoção da saúde e na prevenção de agravos.

CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA

A Escala de Solidão da UCLA versão 3 apresentou evidências de validade e confiabilidade para a população de idosos brasileiros conforme recomendações preconizadas pelos manuais de psicometria. Dessa maneira, a sua utilização na avaliação clínica de idosos poderá subsidiar mudanças sociais, políticas e assistenciais na atenção à saúde do idoso no cenário brasileiro, com intuito de favorecer ações que respaldem um processo de envelhecimento mais saudável.

Contudo, as limitações evidenciadas neste estudo referem-se a não reprodutibilidade de todas as análises realizadas pelo autor original da escala, uma vez que, os instrumentos empregados ainda não estão validados para o português do Brasil. Dados referentes à característica da rede social do idoso, incluindo número de parentes e não parentes, frequência média de contato e a densidade da rede, bem como a Escala de Provisões Sociais não foram avaliados.

Entretanto, recomenda-se a sua utilização como ferramenta de identificação do nível de solidão em idosos, para que estratégias e intervenções apropriadas possam ser implementadas pelo enfermeiro e/ou outros profissionais de saúde, a fim de reduzir o nível de solidão e o aumentar a qualidade de vida, o que condiz com um processo de envelhecimento saudável.

Espera-se que evidências de validade e confiabilidade da Escala de Solidão da UCLA versão 3 sejam verificadas em outros contextos, entre idosos residentes em outras regiões demográficas, como, por exemplo, em área rural, ou residentes em instituições de longa permanência, ou em residências terapêuticas compartilhadas. Sabe-se que a solidão é um sentimento influenciado por diversos fatores e, portanto, conhecer as especificidades favorecerá futuras comparações em populações distintas.

AGRADECIMENTOS

Ao Drº Daniel W. Russell, autor principal do instrumento UCLA Loneliness Scale (version 3) pela autorização em disponibilizar a escala em sua versão original e pelo apoio a este estudo.

  • a
    Artigo extraído da tese de doutorado “Tradução, adaptação e validação da UCLA Loneliness Scale (version 3) para o português do Brasil em uma amostra de idosos” de autoria de Tatiane Prette Kuznier sob a orientação da professora Drª Tânia Couto Machado Chianca apresentada ao Programa de Pós-graduação stricto sensu da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, defesa ano 2016.
  • FINANCIAMENTO Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, bolsa de doutorado concedida a Tatiane Prette Kuznier.

REFERÊNCIAS

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

EDITOR CIENTÍFICO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    29 Mar 2021
  • Aceito
    13 Set 2021
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