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Representatividade da mulher negra em folhetos educativos sobre saúde da mulher

Representación de la mujer negra en los folletos educativos sobre la salud de las mujeres

RESUMO

Objetivo

Identificar folhetos educativos do Ministério da Saúde sobre saúde da mulher disponibilizados na Biblioteca Virtual em Saúde; classificar a representação da mulher nesses folhetos de acordo com a etnia/raça/cor; analisar a representatividade da mulher negra nesses folhetos.

Método

Estudo documental, descritivo, exploratório.

Resultados

No período de 2007 a 2019, identificaram-se 19 folhetos educativos relacionados à saúde da mulher, sendo que 10 traziam imagens de mulheres. As mulheres brancas foram observadas nos 10 folhetos (100%) que continham imagens e ilustrações, enquanto mulheres negras foram identificadas em três (30%) dos 10 folhetos. Da análise dos dados, emergiram duas categorias analíticas: “a mulher negra sub-representada” e “desconstruindo estereótipos: o papel de destaque da mulher negra”.

Conclusão

O estudo evidencia uma baixa representação da mulher negra nos folhetos educativos. Entretanto, quando representada, a imagem da mulher negra surge de modo positivo e igualitário em relação às mulheres de outros grupos étnico-raciais.

Descritores:
Comunicação em saúde; educação em saúde; folhetos; população negra; saúde da mulher

RESUMEN

Objetivo

Identificar los folletos educativos del Ministerio de Salud brasileño sobre la salud de la mujer disponibles en la Biblioteca Virtual de Salud; clasificar la representación de las mujeres en estos folletos según etnia / raza / color; Analizar la representatividad de las mujeres negras en estos folletos.

Método

Estudio documental, descriptivo, exploratorio.

Resultados

En el período de 2007 a 2019, se identificaron 19 folletos educativos relacionados con la salud de la mujer, 10 de los cuales tenían imágenes de mujeres. Se observaron mujeres blancas en los 10 folletos (100%) que contenían imágenes e ilustraciones, mientras que se identificaron mujeres negras en tres (30%) de los 10 folletos. Del análisis de datos surgieron dos categorías analíticas: “la mujer negra subrepresentada” y “la deconstrucción de los estereotipos: el papel destacado de la mujer negra”.

Conclusión

El estudio muestra una baja representación de las mujeres negras en folletos educativos. Sin embargo, cuando se representa, la imagen de las mujeres negras emerge de manera positiva e igual en relación con las mujeres de otros grupos étnico-raciales.

Palabras clave:
Comunicación en salud; educación en salud; volantes; población negra; salud de la mujer

ABSTRACT

Objective

To identify the educational leaflets of the Brazilian Ministry of Health on women's health available in the Virtual Health Library; to classify the representation of women in these leaflets according to ethnicity / race / color; to analyze the representation of black women in these leaflets.

Method

Documentary, descriptive, exploratory study.

Results

From 2007 to 2019, 19 educational brochures related to women's health were identified, ten of which had images of women. White women were observed in the ten leaflets (100%) that contained images and illustrations, whereas black women were identified in three (30%) of the 10 leaflets. Two analytical categories emerged from the data analysis: “the underrepresented black woman” and “deconstructing stereotypes: the prominent role of black women”.

Conclusion

This study shows a low representation of black women in educational leaflets. However, when represented, black women are portrayed positively and equally in relation to women of other racial and ethnic groups.

Keywords:
Communication in health; health education; flyers; black population; women's health

INTRODUÇÃO

A literatura científica tem demonstrado os reflexos das desigualdades raciais e de gênero na saúde da população, evidenciados pelo fato de que a população negra feminina apresenta desvantagem na maioria dos indicadores econômicos e de saúde quando comparada a mulheres brancas.11 Oliveira BMC, Kubiak F. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção cientifica brasileira. Saúde Debate. 2019;43(122):939-48. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201912222.
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,22 Brasil, Presidência da República, Secretaria de Políticas para as Mulheres. Relatório anual socioeconômico da mulher. Brasília; 2020.

Considerando as variáveis raça/cor e gênero, os estudos demonstram que as mulheres negras brasileiras vivenciam uma dupla subvalorização, apresentando nível socioeconômico mais baixo, com menos acesso a serviços de saúde de boa qualidade e maior risco de morbimortalidade.11 Oliveira BMC, Kubiak F. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção cientifica brasileira. Saúde Debate. 2019;43(122):939-48. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201912222.
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,33 Leal MC, Gama SGN, Pereira APE, Pacheco VE, Carmo CN, Santos RV. The color of pain: racial iniquities in prenatal care and childbirth in Brazil. Cad Saude Publica. 2017;33(Supl. 1):e00078816. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00078816. PMid:28746555.
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A discriminação racial, a pobreza, a baixa escolaridade e a violência de gênero são alguns dos fatores que potencializam a vulnerabilidade ao adoecimento físico e mental ao qual mulheres negras estão expostas.44 Werneck J, Iraci N. A situação dos direitos humanos das mulheres negras no Brasil: violências e violações. São Paulo: Geledés Instituto da Mulher Negra; Criola – Organização de Mulheres Negras; 2016. 165 p.

A perspectiva da interseccionalidade na análise da saúde da população destaca a importância de como as diversas categorias identitárias podem impactar a vida das pessoas.55 Kyrillos G. Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade. Rev Estud Fem 2020;28(1):e56509. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n156509.
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Considerando que os sujeitos se identificam simultaneamente com diferentes categorias sociais, como raça e gênero, elas podem ser ao mesmo tempo privilegiadas e/ou marginalizadas a depender da categoria social identificada e faz-se necessário interseccioná-las para contemplar a complexidade desse cruzamento de identidades e suas possíveis opressões.55 Kyrillos G. Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade. Rev Estud Fem 2020;28(1):e56509. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n156509.
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Nos Estados Unidos da América, as mulheres brancas podem ser privilegiadas por não sofrerem discriminação racial, mas também são oprimidas devido às normas sociais androcêntricas.66 SteelFisher GK, Findling MG, Bleich SN, Casey LS, Blendon RJ, Benson JM et al. Gender discrimination in the United States: experiences of women. Health Serv Res. 2019;54(Supl. 2):1442-53. http://dx.doi.org/10.1111/1475-6773.13217.
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Nessa perspectiva, é importante destacar que, por estarem posicionadas em espaços onde o racismo e as desigualdades de gênero se cruzam, mulheres negras brasileiras estão mais sujeitas a experimentarem os danos ocasionados por esses eixos de poder, com reflexos diretos em sua saúde sexual e reprodutiva. Isso porque o peso das relações desiguais de raça e gênero impedem que as mulheres tenham autonomia para o autocuidado em saúde, colocando-as em situação de vulnerabilidade para relações sexuais inseguras e gravidez indesejada.77 Fernandes ETBS, Ferreira SL, Ferreira CSB, Santos EA. Autonomy in the reproductive health of quilombolas women and associated factors. Rev Bras Enferm. 2020;73(Supl. 4):e20190786. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0786. PMid:32965428.
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Reconhecendo o racismo como o principal propulsor das iniquidades que marcam a vida das mulheres negras brasileiras,88 Werneck J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saude Soc. 2016;25(3):535-49. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162610.
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chama-se a atenção para o papel das mídias de comunicação na disseminação de mensagens que reforçam o racismo no imaginário social.

Os folhetos educativos do Ministério da Saúde (MS) são disponibilizados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e podem ser acessados de forma irrestrita por meio da internet. Esses folhetos também podem ser encontrados no formato impresso nos serviços de saúde, sendo assim configurados como uma das múltiplas plataformas que compõem o universo midiático. Considerando que a mídia se constitui como importante ferramenta para formar e orientar os pensamentos e as atitudes das pessoas, influenciando a sociedade99 Moraes JCO, Carneiro CR, Cruz HRFV, Costa IP, Almeida MR. A mídia e sua relação com a formação de opiniões sobre o Sistema único de Saúde. Rev Bras Cien Saude. 2017;21(2):103-10. http://dx.doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2017v21n2.16749.
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e desempenhando um papel importante na comunicação em saúde, se faz necessária uma análise contínua de como os meios de comunicação expressam a imagem da mulher negra, que historicamente sofre com os estereótipos raciais.1010 Candido MR, Feres Jr J. Representação e estereótipos de mulheres negras no cinema brasileiro. Rev Estud Fem. 2019;27(2):e54549. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n254549.
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Os folhetos educativos, além de propagar informações referentes aos cuidados em saúde, são úteis para auxiliar no complemento das orientações verbalizadas pelos profissionais nos serviços de saúde, representando um importante recurso para educação em saúde e a promoção do bem-estar físico e mental da população.1111 Nascimento EA, Tarcia RML, Magalhães LP, Soares MAL, Suriano MLF, Domenico EBL. Educational pamphlets on health: a reception study. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(3):432-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420150000300011. PMid:26107704.
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No entanto, ao mesmo tempo em que os folhetos educativos podem ser ferramentas valiosas para a promoção da saúde,1111 Nascimento EA, Tarcia RML, Magalhães LP, Soares MAL, Suriano MLF, Domenico EBL. Educational pamphlets on health: a reception study. Rev Esc Enferm USP. 2015;49(3):432-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420150000300011. PMid:26107704.
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eles podem reforçar e disseminar estereótipos raciais e de gênero.1212 Andrade Jr JM, Foster ELS. O negro na comunicação: estereótipos racistas. RevistAleph. 2017;29(1):377-97. http://dx.doi.org/10.22409/revistaleph.v0i29.39238.
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Assim, neste estudo questionamos: como a mulher negra está sendo representada nos folhetos educativos voltados para a saúde da mulher disponibilizados pelo MS na BVS? Com base nessa questão de estudo e considerando que a progressiva exposição a informações tendenciosas e estereotipadas sobre determinados grupos sociais pode levar os sujeitos a ajustar suas percepções, julgamentos e comportamentos em relação a esses grupos,1313 Viana GCS, Carrera FASA. (in)visibilidade da mulher negra Youtuber. Rev Eletron Comun Inf Saúde. 2019;13(4):707-24. http://dx.doi.org/10.29397/reciis.v13i4.1884.
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buscou-se entender se as imagens dos folhetos reforçam ou não as desigualdades raciais e de gênero.

Este estudo visa lançar luz sobre a representatividade da mulher negra no âmbito das imagens que são propagadas em folhetos oficiais do MS sobre saúde da mulher, disponibilizados na BVS. Entende-se que a mulher negra, ao se deparar com imagens que não fazem parte da realidade vivenciada em folhetos educativos de saúde, pode sentir-se desmotivada, insegura e incapaz para realizar as práticas de saúde e de autocuidado. Por isso, este estudo fornece subsídios para a melhoria das formas de abordagem e da representatividade das mulheres negras na mídia, no que tange às informações de saúde. Tem por objetivo identificar os folhetos educativos do MS sobre saúde da mulher disponibilizados na BVS, assim como classificar a representação da mulher nesses folhetos de acordo com a etnia/raça/cor e analisar a representatividade da mulher negra nesses folhetos.

Nessa lógica, como referencial teórico deste estudo, utilizou-se a Teoria das Representações Sociais (TRS), que emergiu na psicologia social e se expandiu posteriormente para o campo da saúde, meio ambiente e educação. Serge Moscovici aprofundou a teoria das Representações Coletivas de Durkheim para atender a complexidade das relações entre a percepção e o conceito que se constroem simultaneamente, abrangendo as faces figurativas e simbólicas das relações socioculturais das pessoas em um grupo.1414 Oliveira FS, Bianconi ML. Um olhar sobre o compartilhamento e a apreensão dos conhecimentos sob a luz da Psicologia: a contribuição da Teoria das Representações Sociais. Ciênc Cogn [Internet]. 2018; [citado 2003 dez 22];23(2):307-14. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/1485
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A TRS trata da análise de um conhecimento que é construído e compartilhado socialmente. Por meio das Representações Sociais, é possível que, de forma coletiva, um grupo possa ter uma melhor compreensão da sua realidade, tendo como objeto de análise o indivíduo e suas interações sociais com os grupos, com o meio social, o ambiente e as possíveis transformações decorrentes dessa interação, que possui uma relevância cultural. Assim, o uso desse referencial sob a ótica moscoviciana se justifica para analisar como um grupo social, no caso de mulheres negras, constrói o seu saber através da reconstrução e representação da sua realidade em um meio de comunicação, considerado aqui os folhetos que abordam o cuidado com a sua saúde.1414 Oliveira FS, Bianconi ML. Um olhar sobre o compartilhamento e a apreensão dos conhecimentos sob a luz da Psicologia: a contribuição da Teoria das Representações Sociais. Ciênc Cogn [Internet]. 2018; [citado 2003 dez 22];23(2):307-14. Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/1485
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15 Fazio IA, Silva CD, Acosta DF, Mota MS. Alimentação e aleitamento materno exclusivo do recém nascido: representação social do pai. Rev Enferm UERJ. 2018;26:e26740. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2018.26740.
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-1616 Silva SED, Santos AL, Costa JL, Cunha NMF, Araújo JS, Moura AAA. A teoria das representações sociais sob a ótica das pesquisas de enfermagem no Brasil. J Health Biol Sci. 2017;5(3):272-6. http://dx.doi.org/10.12662/2317-3076jhbs.v5i3.1319.p272-276.2017.
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METODOLOGIA

Trata-se de um estudo documental, descritivo e exploratório sobre a representatividade da mulher negra nos folhetos educativos do MS disponibilizados na BVS.

Os folhetos educativos produzidos pelo MS e disponibilizados para download na BVS foram escolhidos como fonte para coleta dos dados. Entende-se como folheto uma publicação não periódica que pode conter entre 5 e 48 páginas e tem como finalidade oferecer informações sobre determinado assunto.1717 Bonat D. Metodologia da pesquisa. 3ª ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A.; 2009. Esse tipo de material consiste em três categorias textuais: preliminar, sendo uma breve introdução sobre o tema abordado, textual, que corresponde ao texto propriamente dito sobre o assunto, e referencial, indicando a bibliografia utilizada.1717 Bonat D. Metodologia da pesquisa. 3ª ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A.; 2009.

A fonte de dados desta pesquisa contempla todos os folhetos educativos produzidos pelo MS e disponibilizados na BVS. Utilizou-se como critério de inclusão: folhetos publicados entre 2007 e maio de 2020 e folhetos sobre saúde da mulher. Os critérios de exclusão foram: folhetos duplicados, com dificuldade de download e com informações apenas na forma escrita.

Para a coleta e organização dos dados, seguiu-se a delimitação temporal dos últimos dez anos para o primeiro levantamento dos folhetos, que foi realizado online no site da BVS no mês de outubro de 2017; em maio de 2020, foi realizada uma nova busca para atualização dos anos de 2017, 2018 e 2019. Porém, não foram encontrados novos folhetos para download disponíveis no site da BVS.

Assim, realizou-se download de todos os folhetos que se adequavam aos critérios de inclusão. Após aplicar os critérios de exclusão, restaram apenas os folhetos que continham em seu leiaute ilustrações e imagens de mulheres.

Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo na modalidade temática,1818 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016. que consiste em descrever, interpretar e captar como se dá a produção e recepção da mensagem transmitida por determinado material. A análise do conteúdo caracteriza-se por apresentar um conjunto de técnicas não fixas, mas que de modo geral seguem as seguintes etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento do resultado, inferência e a interpretação.1919 Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14ª ed. São Paulo: Hucitec; 2014. Com o intuito de sistematizar as informações a serem analisadas, foi elaborado um quadro com a descrição, por meio de observação, de todas as imagens contidas nos folhetos (Quadro 1). Foram considerados nessa observação: número de mulheres, posicionamento e plano de fundo, breve descrição do cenário, padrão de cores, uso de editor de imagens, entre outras características. Adicionalmente, vale ressaltar que, neste trabalho, foram analisados apenas os folhetos que continham a imagem da mulher negra. Para essa identificação, utilizou-se o método de heteroclassificação de pertença racial, considerando as seguintes características fenotípicas: cor da pele, cabelo e traços faciais (formato do nariz; formato dos olhos; formato da boca e da grossura dos lábios).2020 Petruccelli JL. Autoidentificação, identidade étnico-racial e heteroclassificação. In: Petruccelli JL, Saboia AL, organizadores. Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. Rio de Janeiro: IBGE; 2013. p. 31-50. A classificação racial utilizada foi a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No sistema classificatório em questão, são empregadas cinco categorias de cor ou etnia: branca, preta, parda, amarela e indígena; a população negra brasileira é constituída a partir da agregação dos sujeitos pretos e pardos.2020 Petruccelli JL. Autoidentificação, identidade étnico-racial e heteroclassificação. In: Petruccelli JL, Saboia AL, organizadores. Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. Rio de Janeiro: IBGE; 2013. p. 31-50. A partir da análise dos dados, as categorias analíticas identificadas foram duas: “A mulher negra sub-representada” e “Desconstruindo estereótipos: o papel de destaque da mulher negra”. Essas categorias serão descritas adiante.

Quadro 1
Descrição dos folhetos identificados na BVS.

Quanto aos aspectos éticos, de acordo com a Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016 do Conselho Nacional de Saúde, pesquisas envolvendo apenas dados de domínio público que não identifiquem os participantes da pesquisa não necessitam de registro nem avaliação por parte do Sistema CEP-CONEP.2121 Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016 (BR). Trata sobre a ética na pesquisa na área de ciências humanas e sociais. Diário Oficial da União [periódico na internet], Brasília (DF), 13 out 2021: 98 [citado 16 out 2018]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/reso510.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...

RESULTADOS

No momento da coleta de dados, havia 898 folhetos disponíveis online na BVS. Considerando o período de 2007 a 2016, foram identificados 279 folhetos. Após aplicação do descritor “saúde da mulher”, foram verificadas 19 publicações relacionadas ao tema. Das 19, apenas 10 traziam imagens de mulheres em seu leiaute. Mulheres brancas foram observadas nos 10 folhetos (100%) que continham imagens e ilustrações, enquanto mulheres negras foram identificadas em três (30%) dos 10 folhetos.

Os três folhetos com a representação da mulher negra foram objeto de análise neste estudo, identificados pelos números ordinais 1, 2 e 3. Uma imagem ilustrativa de cada folheto está apresentada na Figura 1, presente no final do artigo após as referências.

Figura 1
Mosaico com imagem ilustrativa dos folhetos identificados no estudo.

O folheto 1 (Figura 1) tem como tema o câncer de mama, foi publicado em 2014, destina-se às mulheres usuárias dos serviços de saúde e objetiva informar e conscientizar sobre o câncer de mama, seus fatores de risco, estatísticas de mortalidade, sinais e sintomas, bem como a importância do exame e diagnóstico precoce para efetividade de seu tratamento.

O folheto 2 (Figura 1) trata sobre a transmissão vertical do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da sífilis, foi publicado em 2007, é destinado aos profissionais da área da saúde e estimula a atuação dos gestores dos três níveis de governo e de organizações da sociedade civil para o enfrentamento dessas doenças. Tem como objetivo informar sobre as metas e ações para a assistência à saúde da mulher e de seu filho para redução da transmissão vertical de HIV e da sífilis no Brasil.

O folheto 3 (Figura 1), publicado no ano de 2013, discute os aspectos da saúde, direitos e participação social de mulheres lésbicas e bissexuais. O público-alvo desse material são gestores e profissionais da saúde. O folheto tem o intuito de sensibilizar os profissionais sobre o que é ser mulher lésbica ou bissexual, com informações que permitem a reflexão sobre a assistência, a fim de melhorar o acolhimento e a assistência em saúde para tal população.

A descrição das imagens das mulheres negras identificadas nos folhetos está apresentada no Quadro 1.

Com base na análise dos folhetos, verificou-se uma sub-representação da mulher negra, considerando que apenas 30% dos folhetos identificados traziam sua representação. No entanto, é importante salientar o papel de destaque da mulher negra em um dos cartazes e a forma igualitária como ela foi representada em dois cartazes. Essas constatações serão discutidas a seguir, a partir das categorias analíticas identificadas.

DISCUSSÃO

A mulher negra sub-representada

No Brasil, as mulheres negras (pretas e pardas) compõem 54,6% da população feminina.22 Brasil, Presidência da República, Secretaria de Políticas para as Mulheres. Relatório anual socioeconômico da mulher. Brasília; 2020. A busca por folhetos sobre saúde da mulher na BVS resultou em 10 materiais com ilustrações de mulheres, sendo a figura da mulher negra observada em 30% desses folhetos. Ou seja, essa representação está longe de contemplar o contingente feminino negro brasileiro.

Desigualdades na exposição a informações de saúde disponíveis em mídias de comunicação podem estar entre os fatores ambientais que contribuem para as desigualdades étnico-raciais nos resultados de saúde.99 Moraes JCO, Carneiro CR, Cruz HRFV, Costa IP, Almeida MR. A mídia e sua relação com a formação de opiniões sobre o Sistema único de Saúde. Rev Bras Cien Saude. 2017;21(2):103-10. http://dx.doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2017v21n2.16749.
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Considerando que os níveis individuais de educação e conscientização em saúde podem ser influenciados pela publicidade, seria desejado que as mulheres negras estivessem representadas em maior número de folhetos.99 Moraes JCO, Carneiro CR, Cruz HRFV, Costa IP, Almeida MR. A mídia e sua relação com a formação de opiniões sobre o Sistema único de Saúde. Rev Bras Cien Saude. 2017;21(2):103-10. http://dx.doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2017v21n2.16749.
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Isto porque variações na quantidade, no conteúdo das informações e na representação em materiais midiáticos vistos por diferentes grupos étnicos podem contribuir para diminuir as disparidades raciais nos comportamentos e estado de saúde.99 Moraes JCO, Carneiro CR, Cruz HRFV, Costa IP, Almeida MR. A mídia e sua relação com a formação de opiniões sobre o Sistema único de Saúde. Rev Bras Cien Saude. 2017;21(2):103-10. http://dx.doi.org/10.22478/ufpb.2317-6032.2017v21n2.16749.
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Destaca-se que o aumento na quantidade deve ser acompanhado pela qualidade das representações, afastando-se dos estereótipos negativos.

Na atualidade, a busca pela concretização de ações afirmativas que se configurem como políticas de correção das desigualdades étnico-raciais é uma demanda importante do movimento negro brasileiro. A reivindicação por ações afirmativas visa não apenas as cotas raciais nas vagas de universidades, mas também igualdade racial no mercado de trabalho, no acesso aos serviços de saúde, nos meios de comunicação, e em inúmeros setores sociais onde as desigualdades se perpetuam.2323 Benedito VL. Equal opportunity policy in Brazil: black activism and the state. In: Johnson OA, Heringer R,, organizadores. Race, politics, and education in Brazil. New York: Palgrave Macmillan; 2015. p. 73-94. http://dx.doi.org/10.1057/9781137485151_4.
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Especificamente com relação aos meios de comunicação, quando se trata da identidade social, autores sugerem que as pessoas gostam de ver personagens que são como elas e é mais provável que procurem conteúdo de informação que apresente esses personagens.2424 Ellithorpe ME, Bleakley A. Wanting to see people like me? Racial and gender diversity in popular adolescent television. J Youth Adolesc. 2016;45(7):1426-37. http://dx.doi.org/10.1007/s10964-016-0415-4. PMid:26759131.
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Essa perspectiva de identidade social na mídia se expande para outros domínios como raça, gênero e nacionalidade.2424 Ellithorpe ME, Bleakley A. Wanting to see people like me? Racial and gender diversity in popular adolescent television. J Youth Adolesc. 2016;45(7):1426-37. http://dx.doi.org/10.1007/s10964-016-0415-4. PMid:26759131.
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Por exemplo, estudo americano mostrou que os afro-americanos com forte identidade étnica são mais propensos a assistir conteúdo das mídias de televisão quando são orientadas para o povo negro e com retratação positiva dos personagens negros e evitam quando a retratação é feita de forma negativa.2525 Ellithorpe ME, Hennessy M, Bleakley A. Adolescent perceptions of black- oriented Media: “The Day Beyoncé turned black. J Advert Res. 2019;59(2):158-70. http://dx.doi.org/10.2501/JAR-2018-017. PMid:31379387.
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Nesse sentido, no Brasil, constata-se que o lugar social da mulher negra nos folhetos do Ministério da Saúde ainda está aquém do desejado para que seja representativo da população feminina negra brasileira.

A identificação dos folhetos teve como marco temporal de 2007 a 2019, justificado pela importância da análise de folhetos atuais. Ressalta-se que, nesse período, algumas estratégias foram lançadas pelo governo federal visando promover a equidade em saúde da população negra. Dentre elas, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra,2626 Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 3ª ed. Brasília; 2017. lançada em 2009, que tem o intuito de combater as desigualdades no Sistema Único de Saúde e promover a saúde da população negra de forma integral, reconhecendo que as iniquidades em saúde são resultados de processos socioeconômicos e culturais injustos, como o racismo, que contribuem para o aumento da morbimortalidade dessa população.2626 Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 3ª ed. Brasília; 2017. Além disso, em 2014, o governo federal lançou uma campanha publicitária para envolver usuários e profissionais da rede pública de saúde na luta contra o racismo. Essa campanha teve como objetivo o enfrentamento do racismo institucional e o reforço à Política Integral de Saúde da População Negra.2727 Ministério da Saúde (BR). Ministério da Saúde lança campanha contra o racismo no SUS [Internet]. 2018 [citado 2018 out 16]. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/editoria/saude/2014/11/ministerio-da-saude-lanca-campanha-contra-o-racismo-no-sus
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Tais estratégias, apesar de importantes, ainda não se refletiram nos resultados do presente estudo; porém, são possibilidades que se abrem para dar visibilidade à saúde da população negra e sua representatividade.

Desconstruindo estereótipos: o papel de destaque da mulher negra

Embora a questão da baixa representatividade seja perceptível, o conteúdo dos três folhetos analisados apresenta a imagem da mulher negra em destaque, estando em primeiro plano fotográfico ou em posicionamentos de liderança e de luta por seus direitos.

No Brasil, a análise da representação das pessoas negras na mídia evidencia que essa população é desconsiderada e sofre com o reforço dos estereótipos raciais, principalmente no meio televisivo, onde as pessoas negras não existem ou são a minoria, geralmente representadas em posições de subalternidade.1010 Candido MR, Feres Jr J. Representação e estereótipos de mulheres negras no cinema brasileiro. Rev Estud Fem. 2019;27(2):e54549. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n254549.
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,2828 Maia PM, Silva RJ. Sexo e as negas: empoderamento ou reforço dos estereótipos das mulheres negras na mídia. Cad Gênero Divers. 2016;2(1):20-5. http://dx.doi.org/10.9771/cgd.v2i1.16736.
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Internacionalmente, tem se tornado frequente a presença de atores negros em programas com conteúdos voltados para a população negra, que atraem maior atenção e audiência entre os adolescentes negros que procuram por representações positivas de seus iguais.2424 Ellithorpe ME, Bleakley A. Wanting to see people like me? Racial and gender diversity in popular adolescent television. J Youth Adolesc. 2016;45(7):1426-37. http://dx.doi.org/10.1007/s10964-016-0415-4. PMid:26759131.
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No entanto, as representações do negro, em especial da mulher negra, seguem carregadas de estereótipos ainda voltados para a hipersexualização ou agressividade, denotando que é necessária qualidade na representação e não somente quantidade.1010 Candido MR, Feres Jr J. Representação e estereótipos de mulheres negras no cinema brasileiro. Rev Estud Fem. 2019;27(2):e54549. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9584-2019v27n254549.
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Um dos estereótipos raciais mais reforçados pela mídia é o da negra sensual com atributos ligados apenas ao seu corpo, sendo no Brasil a palavra “mulata” ainda muito utilizada para caracterizar as mulheres negras representadas por meio desse estereótipo.2828 Maia PM, Silva RJ. Sexo e as negas: empoderamento ou reforço dos estereótipos das mulheres negras na mídia. Cad Gênero Divers. 2016;2(1):20-5. http://dx.doi.org/10.9771/cgd.v2i1.16736.
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Representar pessoas negras no contexto brasileiro, onde o padrão de beleza europeu é predominante e não contempla os fenótipos afrodescendentes, ainda é um grande desafio para a publicidade e propaganda em todos os tipos de mídia.2828 Maia PM, Silva RJ. Sexo e as negas: empoderamento ou reforço dos estereótipos das mulheres negras na mídia. Cad Gênero Divers. 2016;2(1):20-5. http://dx.doi.org/10.9771/cgd.v2i1.16736.
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Para além da questão midiática, a ausência de mulheres e negros em diversas áreas do conhecimento tem sido questionada por pesquisadores que destacam, entre outros fatores, a crença prejudicial em estereótipos culturais como motivos para tal ausência. Os referidos estereótipos retratam as habilidades intelectuais desses grupos de forma negativa, impedindo que alcancem sucesso profissional.2929 Calaza KC, Erthal F, Pereira MG, Macario K, Daflon VT, David I et al. Facing racism and sexism in science by fighting against social implicit bias: a latina and black woman’s perspective. Front Psychol. 2021;12:671481. http://dx.doi.org/10.3389/fpsyg.2021.671481. PMid:34335385.
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,3030 Storage D, Horne Z, Cimpian A, Leslie SJ. The frequency of “Brilliant” and “Genius” in teaching evaluations predicts the representation of women and african americans across fields. PLoS One. 2016;11(3):e0150194. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0150194. PMid:26938242.
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Assim, o reforço desses estereótipos pode desencorajar a participação e prejudicar o acesso de mulheres e negros a melhores condições de vida; por outro lado, direcionar esforços para o aumento das oportunidades para esses grupos, permitindo possibilidades contínuas para o alcance do sucesso, pode trazer melhorias para a diversidade em muitas áreas do conhecimento.3030 Storage D, Horne Z, Cimpian A, Leslie SJ. The frequency of “Brilliant” and “Genius” in teaching evaluations predicts the representation of women and african americans across fields. PLoS One. 2016;11(3):e0150194. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0150194. PMid:26938242.
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Nesse sentido, destaca-se que os folhetos analisados desconstruíram estereótipos raciais relacionados à mulher negra, demonstrando que o desafio pode ser superado, na medida em que as mulheres negras aparecem de forma positiva, sem reforçar estereótipos enraizados na cultura brasileira, em igualdade perante as outras etnias/raças representadas.

O estudo teve como limitação a análise restrita aos folhetos educativos disponibilizados para download na BVS, uma vez que a plataforma disponibiliza outros tipos de publicações educativas, tais como folders, e-books, iconográficos, entre outros. Assim, sugere-se também a análise de outros tipos de materiais publicados pelo MS para análise da representatividade da população negra.

CONCLUSÃO

Este estudo pautou-se na questão da representatividade da mulher negra em folhetos educativos do Ministério da Saúde relacionados à saúde da mulher.

O estudo evidencia, quantitativamente, a baixa representatividade de mulheres negras nos folhetos, embora as que estão representadas apareçam de modo positivo e igualitário com relação às mulheres de outras etnias/raças.

A baixa representatividade aponta a necessidade de mais folhetos oficiais que ilustrem a mulher negra de acordo com o seu quantitativo na população brasileira, que é mais da metade dessa população. A representação da mulher sem reforço de estereótipos negativos mostra uma mudança de visão nas campanhas publicitárias governamentais, que dão maior visibilidade à mulher negra, retirando-a da subalternidade e dando-lhe um papel de liderança relacionada às questões de saúde.

O estudo fornece subsídios para a elaboração de políticas públicas e programas de ação para a saúde da mulher, de forma a valorizar a especificidade dos diferentes segmentos populacionais. Assim, o estudo chama a atenção para a saúde da população negra que, por ser a maioria da população brasileira, merece maior representatividade nas campanhas oficiais de saúde, apontando para uma mudança nos padrões de representação da mulher negra.

Repensar a importância da representação dos grupos étnico-raciais em materiais educativos de saúde permite a identificação social dos grupos representados e pode possibilitar a melhoria do autocuidado e a maior adesão a tratamentos de saúde. Sugere-se, portanto, que mais estudos que considerem o fator étnico-racial sejam desenvolvidos e explorados, a fim de gerar subsídios que contribuam para a melhoria da qualidade em saúde dos diferentes grupos étnico-raciais, em especial da saúde da população negra. Os limites do estudo estão relacionados a análise realizada unicamente nos folhetos que foram disponibilizados para download na página da Biblioteca Virtual de Saúde, podendo ter ficado de fora os demais folhetos utilizados pelos serviços de saúde que não foram publicados na página ou disponibilizados para download e que se encaixariam nos critérios de inclusão do estudo.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO

Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso 0000-0001-7366-077X

EDITOR CIENTÍFICO

Ivone Evangelista Cabral 0000-0002-1522-9516

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    13 Out 2021
  • Aceito
    15 Mar 2022
Universidade Federal do Rio de Janeiro Rua Afonso Cavalcanti, 275, Cidade Nova, 20211-110 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel: +55 21 3398-0952 e 3398-0941 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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