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Programas de intervenção para crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental: scoping reviewa a Cancro parental é uma expressão do português de Portugal que corresponde a câncer parental, no português brasileiro.

Programas de intervención para niños, adolescentes y padres que experimentan cáncer en sus padres: scoping review

Resumo

Objetivos

mapear programas de intervenção para crianças, adolescentes e pais, ou díade (doentes oncológicos e filhos) a vivenciar o cancro parental.

Método

scoping review segundo a metodologia recomendada pelo Joanna Briggs Institute (JBI) e o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews - Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Resultados

foram identificados 29 programas de intervenção: 13 dirigidos à díade, 11 a crianças e adolescentes e 5 dirigidos aos pais. Dos programas identificados, 10 não especificam a tipologia das intervenções propostas, 9 referenciam intervenções psicoeducacionais, 7 referenciam intervenções educacionais e 3 referenciam intervenções do tipo psicossocial.

Conclusão e Implicações para a prática

verificou-se que a maioria dos programas identificados se dirige à díade crianças/adolescentes e pais. As caraterísticas dos programas e das intervenções diferem entre estudos, no entanto as intervenções psicoeducacionais são as mais prevalentes. O mapeamento de programas de intervenção e promoção da adaptação ao cancro parental contribui para a síntese da evidência existente sobre esta temática, conhecimento sobre as intervenções desenvolvidas e resultados obtidos, consciencializando os profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros, e decisores da área da saúde para a relevância da sua implementação na prática clínica, tendo em vista a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados a essas famílias.

Palavras-chave:
Neoplasias; Pais; Criança; Adolescente; Planos e Programas de Saúde

Resumen

Objetivos

mapear programas de intervención para niños, adolescentes y padres, o díada (pacientes oncológicos y niños) que padecen cáncer paternal.

Método

scoping review según la metodología recomendada por Joanna Briggs Institute (JBI) y el Preferred Reporting Items for Systematic Reviews - Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Resultados

de identificaron 29 programas de intervención: 13 dirigidos a díada, 11 a niños y adolescentes y 5 a padres. De los programas identificados, 10 no especifican tipología de intervenciones propuestas, 9 refieren intervenciones psicoeducativas, 7 intervenciones educativas y 3 intervenciones psicosocial.

Conclusión e implicaciones para la práctica

se ha verificado que la mayoría de los programas identificados están dirigidos a díada niños/adolescentes y padres. Las características de los programas y las intervenciones difieren entre los estudios, sin embargo, las intervenciones psicoeducativas son más frecuentes. El mapeo de programas de intervención y promoción de la adaptación al cáncer parental contribuye a la síntesis de evidencia existente sobre este tema, el conocimiento sobre intervenciones desarrolladas y resultados obtenidos, sensibilizando profesionales de salud, a saber, enfermeros y tomadores de decisiones en el área de la salud por relevancia de su implementación en la práctica clínica, dada la calidad de los cuidados de enfermería prestados a estas familias.

Palabras clave:
Neoplasias; Padres; Niño; Adolescente; Planes y Programas de Salud

Abstract

Objectives

to map intervention programs for children, adolescents and parents, or binomial (oncology patients and children) experiencing parental cancer.

Method

this scoping review was carried out according to the methodology recommended by Joanna Briggs Institute (JBI) and the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews - Scoping Reviews (PRISMA-ScR).

Results

a total of 29 intervention programs were identified: 13 directed to the binomial, 11 to children and adolescents and 5 to parents. Of all the identified programs, 10 do not specify the typology of proposed interventions, 9 refer to psychoeducational interventions, 7 refer to educational interventions and 3 refer to psychosocial type interventions.

Conclusion and implications for practice

it was verified that most of the programs identified are directed to children/adolescents and parents. The characteristics of programs and interventions differ between studies; however, the psychoeducational interventions are the most prevalent. The mapping of intervention programs and promotion of adaptation to parental cancer contributes to the synthesis of existing evidence on this theme, knowledge about interventions developed and the obtained results, raising awareness among health professionals, namely nurses, and decision makers in the health area for relevance of its implementation in clinical practice, considering the quality of nursing care provided to these families.

Keywords:
Neoplasms; Parents; Child; Adolescent; Health Programs and Plans

INTRODUÇÃO

A incidência de cancro nas faixas etárias mais jovens tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas. Estima-se que, a nível internacional, 15% das pessoas com cancro têm entre 20 e 50 anos11 O’Neill C, O’Neill CS, Semple C. Children navigating parental cancer: outcomes of a psychosocial intervention. Compr Child Adolesc Nurs. 2020 jun;43(2):111-27. http://dx.doi.org/10.1080/24694193.2019.1582727. PMid:30875484.
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. O diagnóstico de cancro nessa faixa etária, apresenta implicações diferentes das encontradas nas pessoas mais idosas, pois muitas ainda trabalham ou estudam e são pais de filhos menores de 18 anos22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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.

O cancro parental compreende a vivência de cancro, em uma idade precoce da vida adulta, em pessoas com filhos dependentes, representando um fator de stress significativo para doentes e filhos, devido à doença e à potencial ameaça de morte, podendo provocar alterações na interação pais-filhos33 Barbosa PRC. Adaptação da família com crianças/adolescentes ao diagnóstico de cancro parental [dissertação]. Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto; 2015.,44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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.

Nos últimos 20 anos, verificou-se um aumento de estudos sobre o impacto do cancro parental nas crianças e adolescentes, indicando os resultados um risco aumentado de poderem sofrer perturbações de desenvolvimento, problemas psicológicos, emocionais, comportamentais e psicossociais, incluindo ansiedade, isolamento, tristeza, raiva, depressão, dificuldades escolares/lúdicas, alterações nas dinâmicas familiares e stress pós-traumático22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,55 Shah BK, Armaly J, Swieter E. Impact of parental cancer on children. Anticancer Res. 2017 ago;37(8):4025-8. http://dx.doi.org/10.21873/anticanres.11787. PMid:28739684.
http://dx.doi.org/10.21873/anticanres.11...
,66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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.

Apesar da relevância do fenómeno e do impacto na díade pais-filhos, não existem orientações específicas para os profissionais de saúde relativas às famílias que vivenciam essa situação22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,77 Arber A, Odelius A. Experiences of oncology and palliative care nurses when supporting parents who have cancer and dependent children. Cancer Nurs. 2018 jun;41(3):248-54. http://dx.doi.org/10.1097/NCC.0000000000000491. PMid:28410335.
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. No entanto, alguns autores mencionam a necessidade do desenvolvimento de intervenções padronizadas para crianças/adolescentes e pais22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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,88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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.

De forma a verificar a existência de estudos secundários prévios, realizou-se uma pesquisa de revisões na MEDLINE (via PubMed), CINAHL Complete (via EBSCO), Cochrane Database of Systematic Reviews e JBI COnNECT+, encontrando-se quatro revisões da literatura22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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,66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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,88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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referentes a programas de intervenção para crianças, adolescentes e pais que vivenciam o cancro parental que não respondiam, na sua globalidade, à questão de revisão formulada: “Quais os programas que existem, dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental?”, e às subquestões: “Que intervenções são desenvolvidas nos programas de intervenção dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental?” e “Qual a tipologia das intervenções desenvolvidas pelos diferentes profissionais de saúde nos programas de intervenção dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental?”.

Esta scoping review se distingue das revisões sistemáticas anteriores, por objetivar o mapeamento de programas de intervenção para crianças, adolescentes e pais, ou díade (doentes oncológicos e seus filhos) a vivenciar o cancro parental; identificar a tipologia das intervenções propostas nos programas; e identificar e descrever os programas de intervenção que são desenvolvidos pelos diferentes profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros.

MÉTODO

A scoping review foi realizada de acordo com a metodologia recomendada pelo JBI, de acordo com Preferred Reporting Items for Systematic Reviews - Scoping Reviews (PRISMA-ScR)99 Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Chapter 11: Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z. The Joanna Briggs Institute: JBI Reviewer's manual. South Australia: The Joanna Briggs Institute; 2020..

Os critérios de elegibilidade dos estudos a selecionar foram definidos com base na mnemónica PCC (População, Conceito e Contexto).

A População deste estudo integra crianças e adolescentes, até aos 19 anos, com pelo menos um dos pais diagnosticado com cancro, independentemente do tipo de cancro e estadio da doença; os pais (doentes oncológicos), e a díade. O Conceito inclui programas de intervenção para a população em estudo, independentemente da tipologia das intervenções implementadas (educacionais, psicoeducacionais e psicossociais), desenvolvidas por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos), assistentes sociais, professores, voluntários e/ou outros. Os programas de intervenção devem ter como objetivo promover o ajuste da criança e adolescente ao cancro parental e atender às necessidades dos pais (doentes oncológicos), capacitando-os ao longo da trajetória da doença para o desempenho das suas competências parentais, e concomitantemente, na vivência da doença oncológica44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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,1010 Hauken MA, Dyregrov K, Senneseth M. Characteristics of the social networks of families living with parental cancer and support provided. J Clin Nurs. 2019 ago;28(15-16):3021-32. http://dx.doi.org/10.1111/jocn.14859. PMid:30941831.
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. Foram considerados todos os contextos de intervenção, sem qualquer limitação: instituições de saúde (hospitais gerais ou oncológicos, centros de saúde), fundações, domicílio e ambientes lúdicos (campos de férias). Nesta revisão, incluíram-se estudos do tipo qualitativo, quantitativo ou mistos (descritivo-exploratório, ensaios clínicos randomizados e não randomizados, estudos de intervenção observacionais), de qualquer nível de evidência, revisões da literatura e literatura cinzenta. Foram considerados estudos em idioma inglês, português e espanhol, sem limite temporal.

Estratégia de pesquisa e identificação dos estudos

Para a identificação dos estudos, foram utilizadas as bases de dados eletrónicas MEDLINE (via PubMed), CINAHL Complete (via EBSCO), Academic Search Complete (via EBSCO), MedicLatina (via EBSCO), Nursing & Allied Health Collection (via EBSCO), SciELO, Cochrane Central Register of Controlled Trials e Cochrane Database of Systematic Reviews. Para identificar os estudos não publicados, foi realizada a pesquisa nos Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), OpenGrey e Dart-Europe. A pesquisa ocorreu em março de 2021, e realizou-se em três etapas. A primeira consistiu em uma pesquisa nas bases de dados MEDLINE (via PubMed) e CINAHL Complete (via EBSCO), para identificação das palavras-chave utilizadas nos títulos e resumos, bem como os termos de indexação. Na segunda etapa, as palavras naturais e as palavras-chave listadas foram combinadas, de modo a formar a expressão de pesquisa, sendo esta adaptada às especificidades de cada base de dados ou repositório. A expressão de pesquisa utilizada foi: [(program*[Title/Abstract] OR service*[Title/Abstract] OR intervention*[Title/Abstract] OR project*[Title/Abstract]) OR (“Program Development”[Mesh] OR “Program Evaluation”[Mesh])] AND [(child*[Title/Abstract] OR adolescent*[Title/Abstract] OR youth[Title/Abstract] OR teen*[Title/Abstract] OR Infant*[Title/Abstract] OR famil*[Title/Abstract] OR parent*[Title/Abstract] OR mother*[Title/Abstract] OR father*[Title/Abstract] OR spouses[Title/Abstract] OR offspring[Title/Abstract]) OR (“Infant”[Mesh] OR “Child”[Mesh] OR “Adolescent”[Mesh] OR “Parents”[Mesh])] AND [(“parental cancer”[Title/Abstract] OR “parent with cancer”[Title/Abstract] OR “parents with cancer”[Title/Abstract] OR “relatives with cancer”[Title/Abstract] OR “parent diagnosed with cancer”[Title/Abstract] OR “parent developing cancer”[Title/Abstract] OR “family cancer”[Title/Abstract])].

Na última etapa, foram analisadas as referências bibliográficas de todos os artigos e estudos selecionados, de modo a identificar outros estudos passíveis de serem incluídos na revisão. Os resultados da pesquisa nas diferentes bases de dados foram exportados para o gestor de referências Mendeley Desktop (version 1.19.4), através do qual se identificaram e removeram os registos duplicados. Posteriormente, realizou-se a triagem dos estudos através da análise do título e resumo, com o objetivo de verificar a elegibilidade dos documentos. Esse processo foi desenvolvido por três revisores independentes (AFS, JFR, MJD), recorrendo-se a um quarto elemento para clarificar divergências no processo de seleção dos artigos. Quando necessário, os autores dos estudos primários foram contactados, para a obtenção de mais informação e/ou esclarecimentos sobre os resultados. Os documentos que cumpriram os critérios de elegibilidade delineados passaram à fase seguinte da análise do texto completo.

RESULTADOS

A pesquisa nas bases de dados permitiu identificar 786 registos. Identificaram-se 27 estudos adicionais em outras fontes. Do processo de seleção resultou a inclusão de 16 estudos nesta revisão. Os resultados obtidos com o processo de triagem são apresentados de acordo com as recomendações do PRISMA Extension for Scoping Reviews1111 Tricco A, Lillie E, Zarin W, O’Brien K, Colquhoun H, Levac D et al. PRISMA extension for scoping reviews: checklist and explanation. Ann Intern Med. 2018 out;169(7):467-73. http://dx.doi.org/10.7326/M18-0850. PMid:30178033.
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, conforme Figura 1.

Figura 1
Fluxograma PRISMA Extension for Scoping Reviews.

Os 16 estudos (E) selecionados, foram realizados entre 1992 e 2020, em oito países distintos: Estados Unidos da América (4), Austrália (3), Inglaterra (2), Irlanda (2), Canadá (1), Taiwan (1), Noruega (1), Alemanha (1) (Tabela 1).

Tabela 1
Estudos incluídos na Scoping Review.

Após a análise integral dos estudos selecionados, foram identificados 29 programas de intervenção: 13 dirigidos à díade, 11, às crianças e adolescentes, e 5, aos pais. Dos 29 programas identificados, 10 não especificam a tipologia das intervenções propostas, 9 referem a intervenções psicoeducacionais, 7 referem a intervenções educacionais e 3 referem a intervenções psicossociais (Tabela 2).

Tabela 2
Identificação dos programas de intervenção dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental.

Verificou-se que apenas quatro dos programas identificados integravam profissionais de saúde na equipa: enfermeiros (P11 e P14), psicólogos (P1), e psicólogos e médicos (P3). Os estudos selecionados não discriminam quais as intervenções desenvolvidas por cada um destes profissionais. Na Tabela 3, apresentam-se os programas de intervenção identificados nos estudos incluídos, nomeando a população-alvo, objetivos, moderadores e estrutura (periodicidade, duração e tipologia das sessões).

Tabela 3
Descrição dos programas de intervenção dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental.

A descrição das intervenções desenvolvidas por profissionais de saúde é identificada em 3 dos programas dirigidos à díade e em 1 dos programas dirigidos às crianças e adolescentes (Tabela 4).

Tabela 4
Descrição das intervenções dos programas desenvolvidos por profissionais de saúde.

DISCUSSÃO

A análise dos resultados se organizou em quatro categorias emergentes: Programas de intervenção; Tipologia de intervenções; Programas de intervenção que integram enfermeiros na equipa; Modelo teórico subjacente aos programas de intervenção.

Programas de intervenção

Uma parte significativa (13) dos programas selecionados é dirigida à díade. A vivência do cancro parental afeta pais e filhos, sendo extremamente desgastante para o doente e família, por alterarem o funcionamento familiar e as relações intrafamiliares22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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, acarretando desgaste emocional e físico nos doentes oncológicos e sofrimento emocional nas crianças e adolescentes2323 Helseth S, Ulfsæt N. Parenting experiences during cancer. J Adv Nurs. 2005 out;52(1):38-46. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03562.x. PMid:16149979.
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. Esses dados reforçam a importância de dirigir os programas de intervenção não apenas aos pais ou aos filhos.

A idade das crianças e adolescentes alvo dos programas varia entre 2 e 22 anos. Dos programas analisados, 28 incluem adolescentes, mas apenas 2 (P15, P20) são exclusivos para esta faixa etária, considerando a classificação da Organização Mundial da Saúde, que define adolescente, o indivíduo entre 10 e 19 anos de idade2424 Organização Mundial da Saúde. Mental health status of adolescents in south-east of asia: evidence for action [CD-ROM]. South-East Asia: Organização Mundial da Saúde; 2017. [citado 2021 set 17]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/254982
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. Um estudo sobre o impacto da doença oncológica parental nos filhos concluiu que, quanto maior o desenvolvimento da criança, maior o impacto da doença dos pais, atendendo a que crianças mais velhas apresentam maior capacidade de perceção da doença e suas implicações2525 Mendes JFS. Impacto da doença oncológica parental nos filhos em idade escolar [dissertação]. Porto: Faculdade de Educação e Psicología, Universidade Católica do Porto; 2016.. Os adolescentes são considerados mais vulneráveis que as crianças, quando confrontados com a doença oncológica dos pais, demonstrando elevados níveis de ansiedade e depressão2626 Azarbarzin M, Malekian A, Taleghani F. Effects of supportive-educative program on quality of life of adolescents living with a parent with cancer. Iran J Nurs Midwifery Res. 2015 out;20(5):577-81. http://dx.doi.org/10.4103/1735-9066.164510. PMid:26457095.
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27 Grabiak BR, Bender CM, Puskar KR. The impact of parental cancer on the adolescent: An analysis of the literature. Psychooncology. 2007 fev;16(2):127-37. http://dx.doi.org/10.1002/pon.1083. PMid:16998950.
http://dx.doi.org/10.1002/pon.1083...
-2828 Phillips F. Adolescents living with a parent with advanced cancer: a review of the literature. Psychooncology. 2014 dez;23(12):1323-39. http://dx.doi.org/10.1002/pon.3570. PMid:24911540.
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. A aptidão para o pensamento abstrato e o aumento das habilidades cognitivas os tornam mais suscetíveis à angústia, porque detêm maior conhecimento sobre as possíveis consequências, estando mais despertos para as perdas e dor física e emocional dos pais. Esses resultados corroboram a necessidade de intervenção e programas dirigidos especificamente a esta população. Alguns programas, embora apresentem intervalos díspares de limites de idade, referem amostras divididas em grupos de acordo com a idade, demonstrando a necessidade de adaptar as intervenções, atendendo à faixa etária das crianças e respetivo nível de desenvolvimento.

Dos 29 programas, 3 focalizam as suas intervenções no decorrer da fase terminal do doente oncológico (P13, P28 e P29) e apenas 1 (P20) integra a fase terminal e o processo de luto das crianças e adolescentes. Nas situações de fase terminal, as crianças e adolescentes podem sofrer de luto antecipatório, responsabilidades aumentadas e menor atividade social. Nos casos de perda de um dos pais, o impacto emocional é maior e o sofrimento é prolongado, pelo que é necessário intervir no processo de luto66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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. Os restantes 25 programas não especificam a fase da doença dos pais, no entanto os seus objetivos permitem identificar intervenções que se coadunam com a fase de diagnóstico e tratamento. As crianças e adolescentes, durante a fase de diagnóstico e/ou tratamento dos pais, enfrentam medos, ansiedade e alterações nas suas rotinas, assumindo responsabilidades adicionais, podendo receber menos apoio e atenção parental nas atividades escolares e lúdicas66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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. Os resultados corroboram a importância de diferenciar as intervenções à díade para cada fase da doença, pois, desde o momento inicial do diagnóstico, até ao processo de tratamento, recuperação, ou cuidados paliativos, essas famílias se deparam com emoções, compromissos e informações distintas, enquanto tentam manter um grau de normalidade na sua vida11 O’Neill C, O’Neill CS, Semple C. Children navigating parental cancer: outcomes of a psychosocial intervention. Compr Child Adolesc Nurs. 2020 jun;43(2):111-27. http://dx.doi.org/10.1080/24694193.2019.1582727. PMid:30875484.
http://dx.doi.org/10.1080/24694193.2019....
. Apesar de nenhum programa contemplar intervenções para a fase de recuperação, as consequências da vivência do cancro parental podem ser verificadas a longo prazo, nomeadamente stress pós-traumático, o que evidencia a necessidade de intervenção também no follow-up66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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.

Alguns autores apontam o facto de o sexo dos pais poder influenciar as manifestações emocionais, comportamentais e somáticas dos filhos, diferindo essas consoante é o pai ou a mãe que têm cancro2929 Visser A, Huizinga GA, van der Graaf WT, Hoekstra HJ, Hoekstra-Weebers JE. The impact of parental cancer on children and the family: a review of the literature. Cancer Treat Rev. 2004 dez;30(8):683-94. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctrv.2004.06.001. PMid:15541578.
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. No entanto, da análise dos resultados, apenas 2 programas (P7 e P27) discriminam o sexo do progenitor doente, incluindo apenas mães. Concomitantemente, dos 29 programas em análise, 27 incluem na população alvo doentes com qualquer tipo de cancro e apenas 2 (P7 e P27), incluem mulheres com cancro da mama. Essa indiferenciação dos programas relativamente à tipologia de cancro se justifica pela inexistência de relação entre o tipo de cancro dos pais e o impacto quer nos filhos ou nos doentes oncológicos2929 Visser A, Huizinga GA, van der Graaf WT, Hoekstra HJ, Hoekstra-Weebers JE. The impact of parental cancer on children and the family: a review of the literature. Cancer Treat Rev. 2004 dez;30(8):683-94. http://dx.doi.org/10.1016/j.ctrv.2004.06.001. PMid:15541578.
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. Mães e pais que têm doença oncológica tendem a apresentar uma diminuição das capacidades parentais, possuindo um sentimento de fracasso face às responsabilidades de satisfazer as necessidades dos filhos3030 Cho OH, Yoo YS, Hwang KH. Comparison of parent-child communication patterns and parental role satisfaction among mothers with and without breast cancer. Appl Nurs Res. 2015 maio;28(2):163-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.apnr.2014.09.005. PMid:25448055.
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. O decréscimo das capacidades parentais ocorre devido ao desgaste emocional e físico característico da doença e da dificuldade em reconhecer as necessidades dos filhos, bem como compreenderem as reações dos mesmos à doença2323 Helseth S, Ulfsæt N. Parenting experiences during cancer. J Adv Nurs. 2005 out;52(1):38-46. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03562.x. PMid:16149979.
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. Os programas identificados objetivam melhorar a adaptação dos pais à doença, aumentando as suas competências parentais, promovendo o desenvolvimento de estratégias de coping e habilidades comunicacionais para minimizar a angústia dos filhos. As intervenções dos programas devem focalizar não só nas necessidades dos filhos, mas também nas dos pais, na medida em que quando a família tem a certeza que o doente está a receber os melhores cuidados de enfermagem possíveis, a sua apreensão e ansiedade diminuem1212 Greening K. The “Bear Essentials” Program. J Psychosoc Oncol. 1992;10(1):47-61. http://dx.doi.org/10.1300/J077v10n01_05.
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. A periodicidade das sessões e dos programas analisados varia entre diária, semanal, bissemanal, mensal, semestrais e anuais. A duração varia entre 30 minutos e 3 horas, e o número de sessões, entre 1 e 24. Um programa (P22), para além das sessões presenciais, disponibiliza linha telefónica de apoio durante as 24 horas; em outro (P27), as sessões decorrem via telefónica; e apenas em um programa (P3) se realizam exclusivamente em formato online. As sessões dos programas desenvolvem-se de forma individual e/ou grupal no seio da díade/família ou em grupos de pais e filhos. Esses resultados demonstram a importância de se adequar as sessões aos diferentes contextos, fase da doença e necessidades da díade, devendo as intervenções ser personalizadas à situação de cada família88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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. O contexto de intervenção dos programas analisados integra associações, fundações, escolas, domicílio e ambientes lúdicos. Nenhum se realiza em instituições de saúde, embora alguns preconizem nas suas intervenções visitas ao hospital como forma de diminuir o medo associado ao ambiente hospitalar, profissionais e procedimentos. Contudo, alguns autores apontam para a importância de as intervenções serem integradas no ambiente institucional no qual os doentes são acompanhados88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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.

Tipologia de Intervenções

Dos programas analisados, 10 não referenciam a tipologia das intervenções que propõem e nem as categorizam ou descrevem. As intervenções mais nomeadas (9 programas) são as psicoeducacionais. Esse tipo de intervenções integra o componente psicológica/emocional e educacional e objetiva fornecer apoio social às famílias, aumentar as competências parentais ao nível da disponibilidade emocional e habilidades comunicacionais, permitindo melhorar a compreensão dos filhos sobre o cancro, minimizando a angústia e os medos. Contribuem, igualmente, para aumentar a literacia em saúde dos pais e dos filhos, promover a expressão de emoções/experiências, auxiliar no processo de mudança de papéis sociais e preparar um possível processo de luto22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,66 Ellis SJ, Wakefield CE, Antill G, Burns M, Patterson P. Supporting children facing a parent’s cancer diagnosis: a systematic review of children’s psychosocial needs and existing interventions. Eur J Cancer Care (Engl). 2017 jan;26(1):1-22. http://dx.doi.org10.1111/ecc.12432. PMid:26776913.
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,88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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,1010 Hauken MA, Dyregrov K, Senneseth M. Characteristics of the social networks of families living with parental cancer and support provided. J Clin Nurs. 2019 ago;28(15-16):3021-32. http://dx.doi.org/10.1111/jocn.14859. PMid:30941831.
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,1414 Thastum M, Munch-Hansen A, Wiell A, Romer G. Evaluation of a Focused short-term preventive counselling project for families with a parent with cancer. Clin Child Psychol Psychiatry. 2006 out;11(4):529-42. http://dx.doi.org/10.1177/1359104506067875. PMid:17163222.
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. Os resultados de estudos de efetividade sobre programas de intervenção psicoeducacionais demonstram a existência de melhorias significativas nas crianças e adolescentes, nomeadamente a nível dos sintomas de stress pós-traumático e depressão, qualidade de vida, desenvolvimento de mecanismos de coping, otimização da comunicação e relacionamento pais-filhos22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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,44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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. As intervenções de tipologia educacional (identificadas em 7 programas) são relevantes para o ensino sobre a doença dos pais, promoção da normalização das emoções/experiências e para o desenvolvimento de mecanismos de coping, favorecendo a comunicação no sistema familiar e também, na referenciação de crianças e adolescentes com necessidade de intervenção diferenciada44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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,88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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. As intervenções psicoeducacionais e educacionais foram as maioritariamente (55,2%) identificadas nos programas analisados. As intervenções psicossociais, identificadas apenas em 3 programas, apesar de apresentarem benefícios, nomeadamente na disponibilização de serviços e redes de suporte para as famílias, ostentam, igualmente, um conjunto de barreiras à sua implementação, como as dificuldades das famílias em estar presente nas sessões88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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. O estigma do cancro e o medo parental do confronto dos filhos com a doença são aspetos emocionais identificados como barreiras. Simultaneamente, identificou-se a inexistência de interligação com instituições, justificada pelo tempo e esforço requerido dos profissionais para a construção de redes necessárias para a implementação das intervenções88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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. Neste sentido, enfatiza-se a necessidade de as intervenções serem flexíveis e adaptadas aos contextos e situação familiar, serem integradas no ambiente organizacional e desenvolvidas por equipas motivadas, com formação específica e capacidade de reflexão e avaliação sobre os processos88 Inhestern L, Haller AC, Wlodarczyk O, Bergelt C. Psychosocial interventions for families with parental cancer and barriers and facilitators to implementation and use - A systematic review. PLoS One. 2016 jun;11(6):e0156967. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0156967. PMid:27276079.
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. Em suma, os estudos, na sua generalidade, evidenciam que os programas desenvolvidos para crianças e adolescentes devem incluir na sua estrutura três componentes essenciais: educação (sobre o cancro dos pais), normalização (criar um ambiente seguro que permita expressar os sentimentos, disponibilizando apoio) e desenvolvimento dos pontos fortes (ajudando a reconhecer a capacidade de lidar com eventos de stress que permitem desenvolver mecanismos de coping)44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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Programas de intervenção que integram enfermeiros na equipa

Dos programas identificados nesta scoping review, apenas 2 integram na sua equipa enfermeiros que prestam cuidados em unidades oncológicas (P11 e P14). Os estudos referentes ao desenvolvimento desses programas foram divulgados nos anos 1992 e 1993, respetivamente, e não especificam quais as intervenções desenvolvidas pelos enfermeiros1212 Greening K. The “Bear Essentials” Program. J Psychosoc Oncol. 1992;10(1):47-61. http://dx.doi.org/10.1300/J077v10n01_05.
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,1313 Taylor-Brown J, Acheson A, Farber JM. Kids can cope: a group intervention for children whose parents have cancer. J Psychosoc Oncol. 1993;11(1):41-53. http://dx.doi.org/10.1300/J077V11N01_03.
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. Após uma pesquisa nas bases de dados MEDLINE (via PubMed) e CINAHL (via EBSCO), com recurso aos termos “parental cancer” e “nurse”, verificou-se que, em cerca de 30 anos, apenas foram identificadas 17 publicações de enfermagem na área do cancro parental, o que indicia o pouco investimento no desenvolvimento de investigações nesta temática. Concomitantemente, verifica-se que enfermeiros que trabalham em hospitais oncológicos especializados na prestação de cuidados a adultos apresentam experiência limitada com crianças e adolescentes, o que torna as equipas insuficientemente qualificadas para intervir junto aos filhos dos clientes22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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. Desta forma, as necessidades educacionais, sociais e emocionais dos filhos dos doentes oncológicos são muitas vezes desconsideradas, embora as famílias necessitem de orientação profissional que contribua para a adaptação à doença e promoção do bem-estar77 Arber A, Odelius A. Experiences of oncology and palliative care nurses when supporting parents who have cancer and dependent children. Cancer Nurs. 2018 jun;41(3):248-54. http://dx.doi.org/10.1097/NCC.0000000000000491. PMid:28410335.
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,3131 Phillips F, Prezio E. Wonders & Worries: evaluation of a child centered psychosocial intervention for families who have a parent/primary caregiver with cancer. Psychooncology. 2017 jul;26(7):1006-12. http://dx.doi.org/10.1002/pon.4120. PMid:26954773.
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. As consequências do cancro parental na família (doentes e filhos) enfatizam a necessidade da intervenção de enfermagem3232 Tamura R, Yamazaki T, Uchibori M. “I’ll Try My Best to be a Dad”: The Experiences of Japanese Fathers with Cancer. Glob Qual Nurs Res. 2021 jan;8:1-15. http://dx.doi.org/10.1177/2333393620975739. PMid:33457457.
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. A avaliação da família, nomeadamente a nível da componente estrutural, deve ser uma prioridade dos enfermeiros que cuidam de doentes oncológicos, de modo a identificar a presença de crianças e/ou adolescentes no agregado familiar44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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,3333 Figueiredo MHJS, Martins MMFS. Avaliação Familiar: do Modelo Calgary de Avaliação da Família aos Focos da Prática de Enfermagem. Cien Saude Colet. 2010 jul 9;(3):552-9. https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v9i3.12559.
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e a relação entre os membros. A relevância desta avaliação permite atender as necessidades da díade, centrando os cuidados na família, conferindo confiança e a garantia de uma equipa eficiente e motivada que investe e se envolve no processo de recuperação. As competências do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde da criança e do adolescente preveem intervenções a nível da avaliação familiar, promovendo a adaptação às mudanças na saúde e dinâmica familiar, sendo por isso fundamental a existência de enfermeiros especialistas em saúde infantil e pediatria nas equipas das unidades oncológicas direcionadas para adultos3434 Ordem dos Enfermeiros. Regulamento das competências específicas do enfermeiro especialista em saúde da criança e do jovem [CD-ROM]. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros; 2010 [citado 2021 set 17]. Disponível em: https://www.ordemenfermeiros.pt/media/4902/regulamentocompetenciacrian%C3%A7ajov_aprovadoag_20nov2010.pdf
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.

Modelo teórico subjacente aos programas de intervenção

Cinco dos programas (P1, P2, P23, P24 e P27) identificam modelos teóricos como base estruturante para a construção das intervenções propostas, conteúdo e estrutura das sessões: Modelo do Efeito Direto, Stress-Buffering Model, Teoria da Qualidade de Vida e Teoria da Aprendizagem de Bandura (P1); Teoria da Terapia Familiar (P2); Teoria da Aceitação e Compromisso (P23); Modelo dos Fatores que Influenciam o Ajuste da Criança ao Cancro Parental (P24); e Modelo Contextual de Desenvolvimento da Paternidade, Modelo Transacional do Coping e Teoria da Aprendizagem de Bandura (P27). A análise permite identificar que apenas 1 programa (P24) se baseia em um modelo relacionado especificamente com o cancro parental, Model of Factors Influencing Children’s Adjustment to Parental Cancer, desenvolvido por Lewis e colaboradores (1989, 1993)1818 Phillips F, Prezio EA. Wonders & Worries: evaluation of a child centered psychosocial intervention for families who have a parent/primary caregiver with cancer. Psychooncology. 2016 jul;26(7):1006-12. http://dx.doi.org/10.1002/pon.4120. PMid:26954773.
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,3535 Lewis MF. The family’s stuck points in adjusting to cancer. In: Holland JC, Breitbart WS, Jacobsen PB, Loscalzo MJ, McCorkle R, Butow PN. Psycho-oncology. Oxford: Oxford University Press; 2010. http://dx.doi.org/10.1093/med/9780199363315.001.0001. . O modelo é centrado no sistema familiar, explicando as relações entre variáveis complexas, propondo uma estrutura que ilustra as inter-relações entre a criança e família, características da família, funcionamento familiar, relacionamentos e bem-estar dos filhos. Esse modelo procura conceptualizar o cancro como uma experiência familiar, salientando a necessidade de abordar o impacto que essa vivência pode acarretar na adaptação das crianças e adolescentes1818 Phillips F, Prezio EA. Wonders & Worries: evaluation of a child centered psychosocial intervention for families who have a parent/primary caregiver with cancer. Psychooncology. 2016 jul;26(7):1006-12. http://dx.doi.org/10.1002/pon.4120. PMid:26954773.
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. Apesar de alguns dos programas estruturarem as suas intervenções com base em teorias, a evidência científica destaca a escassez de modelos teóricos que conceptualizem o modo como as crianças e adolescentes são afetados pelo diagnóstico de cancro dos pais e que forneçam uma estrutura teórica de como intervir na díade22 Alexander E, O’Connor M, Rees C, Halkett G. A systematic review of the current interventions available to support children living with parental cancer. Patient Educ Couns. 2019 maio;102(10):1812-21. http://dx.doi.org/10.1016/j.pec.2019.05.001. PMid:31109770.
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. A existência de um modelo teórico que objetive analisar sistematicamente o processo de lidar com o cancro parental apresenta implicações para a prática clínica, nomeadamente as intervenções dirigidas às famílias que vivenciam o cancro parental44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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. Neste sentido, Su e Ryan-Wenger44 Su YH, Ryan-Wenger NA. Children’s adjustment to parental cancer: a theoretical model development. Cancer Nurs. 2007;30(5):362-81, quiz 382-3. http://dx.doi.org/10.1097/01.NCC.0000290817.37442.e6. PMid:17876182.
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propuseram o modelo Children´s Adjustment to Parental Cancer: A Theorical Model Development, que assenta no princípio de que o diagnóstico de cancro, invariavelmente conduz a stress psicológico e social nas crianças e adolescentes. O modelo salienta a importância das intervenções de enfermagem promoverem o ajuste das crianças e adolescentes ao cancro parental. Verifica-se que tanto o Modelo dos Fatores que Influenciam o Ajuste da Criança ao Cancro Parental como o Modelo Teórico do Ajuste das Crianças e Adolescentes ao Cancro Parental se baseiam na classificação de Hoke3636 Hoke LA. When a mother has breast cancer: parenting concerns and psychological adjustment in young children and adolescents. In: Dow KH. Contemporary issues in breast cancer. Sudbury, Mass: Jones and Bartlett Publishers; 1996., que identifica quatro dimensões de reações das crianças e adolescentes ao cancro dos pais, que condicionam o seu ajuste, nomeadamente a dimensão emocional (alterações de humor e autoestima), somática, social (desempenho escolar) e interpessoal.

Apesar de a evidência científica identificar, pelo menos, estes dois modelos teóricos, apenas 1 programa (P24) se baseou em um deles. Esses modelos são considerados uma referência e base conceptual para a intervenção de enfermagem na díade, podendo ser utilizados para orientar os enfermeiros a desenvolverem programas dirigidos a essas famílias.

CONCLUSÕES

Esta scoping review possibilitou mapear os programas de intervenção dirigidos a crianças, adolescentes e pais a vivenciar o cancro parental, e identificar as respetivas intervenções. Concluiu-se que os programas dirigidos à díade e com intervenções psicoeducacionais são os mais utilizados, sendo os dirigidos aos pais (doentes oncológicos) os menos referidos. Os programas que integram enfermeiros na equipa são escassos, evidenciando a necessidade de maior investimento desta classe profissional na área do cancro parental. Apesar de alguns programas identificarem modelos teóricos subjacentes aos programas de intervenção, apenas 1 integra um modelo relacionado com o cancro parental. A conceção de programas de intervenção deverá ter na sua base conceptual um modelo teórico que sustente as intervenções dirigidas à díade. Nenhum dos programas foi implementado em instituições de saúde, sugerindo-se no futuro o desenvolvimento de programas de intervenção em contexto hospitalar. A implementação de programas nas instituições de saúde contribuirá para desmistificar o medo associado ao cancro e tratamentos neoadjuvantes, minimizando a angústia através da expressão de emoções, promovendo-se a adaptação e bem-estar da díade. Dos programas analisados, nenhum integra as diferentes fases da doença oncológica, reportando-se apenas a períodos específicos, como diagnóstico, tratamento, paliativos e/ou luto. Sugere-se que a conceção dos programas considere intervenções de enfermagem atendendo às diferentes fases da doença, incluindo o follow-up.

Os resultados desta scoping review sintetizam o conhecimento sobre os programas de intervenção existentes, possibilitando a sua implementação na prática clínica às famílias que vivenciam o cancro parental, atendendo às necessidades das crianças, adolescentes e seus pais.

Esta revisão evidencia as lacunas existentes na área, sugerindo-se o desenvolvimento de novos estudos, nomeadamente avaliação da efetividade dos programas de intervenção dirigidos a todos os intervenientes (pais e filhos).

Salienta-se como limitação ao estudo, a restrição dos idiomas (português, inglês e espanhol). Contudo, ressalva-se que se incluiu o idioma de excelência da publicação científica (língua inglesa). Também o facto de a avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos não ter sido realizada, por não ser relevante para uma scoping review, dificulta a avaliação do impacto dos programas e intervenções analisados, pelo que se sugere a sua realização em estudos futuros, primários ou revisões sistemáticas.

  • a
    Cancro parental é uma expressão do português de Portugal que corresponde a câncer parental, no português brasileiro.

REFERÊNCIAS

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EDITOR ASSOCIADO

EDITOR CIENTÍFICO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Set 2021
  • Aceito
    10 Nov 2021
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