Acessibilidade / Reportar erro

Análise de particularidades da participação lusófona em uma Rede de Conhecimentos em Enfermagem

Análisis de las particularidades de la participación lusófona en una Red de Conocimientos de Enfermería

Resumo

Objetivo

Descrever o exercício conceitual de reflexão sobre as possibilidades e particularidades da participação das Escolas de Enfermagem e Faculdades de Enfermagem lusófonas na Rede de Conhecimentos em Enfermagem.

Método

Análise das informações obtidas em um levantamento de recursos institucionais de acordo com o marco conceitual proposto por Prug e Prusak sobre rede de conhecimentos. A ponderação de aspectos positivos e negativos - analisando o aprendizado com as informações - levou em consideração as possíveis soluções para um plano de ação.

Resultados

Tanto nas ações institucionais para suportar a pesquisa em Enfermagem como nos benefícios almejados com a participação na Rede existe o interesse na internacionalização da pesquisa e no trabalho colaborativo. Com a ampliação dos horizontes da ciência da Enfermagem lusófona, este trabalho visa aumentar o impacto da pesquisa e agilizar a divulgação e a utilização dos resultados, tanto na educação como na clínica.

Conclusão e Implicações para a prática

A participação das referidas instituições oferece inúmeras possibilidades de demonstrar originalidade, criatividade e perícia de sua prática docente e de pesquisa, favorecendo o compartilhamento de ideias e práticas. A prática de produção científica, por docentes e discentes, pode ser aprimorada pelo refinamento de modos de pensar, criar, produzir e disseminar.

Palavras-chave:
Difusão de Inovação; Enfermagem; Escolas de Enfermagem; Pesquisa em Enfermagem; Sociedades de Enfermagem

Resumen

Objetivo

Describir el ejercicio conceptual de reflexión de las posibilidades y particularidades de la participación de facultades de Enfermería de lengua portuguesa en la Red de Conocimientos de Enfermería.

Método

Análisis de datos obtenidos de un sondeo de recursos institucionales bajo el marco conceptual de Prug y Prusak sobre la red de conocimiento. El planteamiento de aspectos positivos y negativos del aprendizaje abarcó soluciones para elaborar un plan de acción.

Resultados

En las acciones institucionales de apoyo a la investigación en Enfermería y los beneficios aspirados con la participación en la Red, existe un interés por la internacionalización de la investigación y el trabajo colaborativo –que tiene como objetivo aumentar el impacto de la investigación, estimular la divulgación y el aprovechamiento de los resultados en la enseñanza y la clínica, con la ampliación de los horizontes de la Enfermería de instituciones de habla portuguesa.

Conclusión e Implicaciones en la práctica

La Red ofrece numerosas posibilidades para las instituciones participantes respecto a la demostración de originalidad, creatividad y experiencia en la práctica docente y de investigación, fomentando el intercambio de ideas y prácticas. La práctica de la producción científica por profesores y estudiantes puede verse mejorada por la reflexión, creación, producción y difusión de conocimientos.

Palabras clave:
Difusión de Innovaciones; Enfermería; Facultades de Enfermería; Investigación en Enfermería; Sociedades de Enfermería

Abstract

Objective

To describe the conceptual exercise of reflecting on the possibilities and particularities of the participation of Lusophone schools of nursing in the Nursing Knowledge Network.

Method

An analysis was conducted using information obtained from an environmental scan of institutional resources following the conceptual framework by Prug and Prusak on the knowledge networks. The learnings reported in the analysis are based on the collected information and reflections on the positive and negative aspects of participation, while proposing possible solutions for an action plan.

Results

There is interest in the internationalization of research and collaborative work both as institutional actions to support nursing research and potential benefits due to participation in the Network. The collaborative work has potential to increase the impact of research, expedite dissemination and use of results both in education and in clinical practice, broadening the horizons of Lusophone nursing science.

Conclusion and Implications for practice

Participation of these institutions in the Network offers numerous possibilities to demonstrate the originality, creativity and expertise of their teaching and research practice, encouraging the sharing of ideas and practices. The practice of scientific production in all its scenarios by educators and students can be improved through refined ways of thinking, creating, producing, and disseminating knowledge.

Keywords:
Diffusion of Innovation; Nursing; Schools, Nursing; Nursing Research; Societies, Nursing

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, houve um significativo avanço tecnocientífico, sendo a colaboração simultânea entre pesquisadores de distintos países fator determinante no processo de internacionalização da ciência. Desse modo, solidificam-se as parcerias da comunidade científica global de modo solidário no compartilhamento do conhecimento.11 Gheno EM, Vanz SAS, Martins LAM, Duarte LF, Souza DO, Calabró L. Impacto da internacionalização na visibilidade da produção científica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: BIOQUÍMICA/UFRGS (2007-2016). Enc Bibli Rev Eletr Bibliotecon Ci Inf. 2020;25:1-25. http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e65382.
http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2020...
Para tanto, as habilidades de se edificar, consolidar, mobilizar e conectar parceiros e colaboradores em grupos torna-se primordial para avançar nos projetos de internacionalização, principalmente no campo da pesquisa. A operacionalização de tais projetos requer uma estratégia sistematizada de ações com objetivos e resultados definidos. Assim, os desafios na internacionalização da pesquisa devem-se à interseção de múltiplos fatores tais como, o comprometimento individual docente, a disciplina em questão, a adesão da universidade ao projeto, e a outros fatores externos como financiamento, equipamento etc.22 Woldegiyorgis AA, Proctor D, de Wit H. Internationalization of research: key considerations and concerns. J Stud Int Educ. 2018;22(2):161-76. http://dx.doi.org/10.1177/1028315318762804.
http://dx.doi.org/10.1177/10283153187628...

De outro lado, o alerta ético referente às ações de internacionalização envolve as diferenças entre as Instituições de Ensino Superior (IES) colaboradoras em relação à liberdade acadêmica,33 de Wit H, Altbach PG. Internationalization in higher education: global trends and recommendations for its future. Policy Rev Higher Educ. 2021;5(1):28-46. http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020.1820898.
http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020....
autonomia e operacionalização do país que acolhe as ações.44 Turcan RV, Juho A, Reilly JE. Advanced structural internationalization of Universities is unethical. Organization. 2020;28(6):1059-67. http://dx.doi.org/10.1177/1350508420971736.
http://dx.doi.org/10.1177/13505084209717...
Ademais, o intercâmbio de recursos materiais, humanos, tecnológicos, no compartilhamento de serviços, na mobilização de valores construtivistas e revelação de talentos latentes pode conduzir ao sucesso, engajamento coletivo e recompensas inesperadas. Esse sucesso pode ser expresso pela reconhecida inovação, a difusão de inovação e seu impacto nos campos individual, institucional, nacional e global.55 AI-Youbi A, Zahed AHM, Tierney WG. Successful global collaborations in higher education institutions. Switzerland: Springer; 2020. 93 p. Entre as vantagens da internacionalização encontram-se a construção de habilidades em pesquisa, desenvolvimento conjunto de expertise, e a oferta de experiência internacional para estudantes-pesquisadores.55 AI-Youbi A, Zahed AHM, Tierney WG. Successful global collaborations in higher education institutions. Switzerland: Springer; 2020. 93 p. Para isso, as IES em colaboração devem prover sustentabilidade em longo prazo, criar cultura e ambiente organizacional favoráveis, promover liderança, inovação e capacidade de adaptação a mudanças bem como procurar parcerias globais estáveis, entre outros.55 AI-Youbi A, Zahed AHM, Tierney WG. Successful global collaborations in higher education institutions. Switzerland: Springer; 2020. 93 p. Relevante também é o investimento no desenvolvimento profissional e em cidadania globalmente, tendo em vista as pressões causadas pela competição de talentos, geração de insumos, reputação, foco na internacionalização da pesquisa e de publicações, recrutamento de cientistas e o uso de língua estrangeira no ensino e na pesquisa.33 de Wit H, Altbach PG. Internationalization in higher education: global trends and recommendations for its future. Policy Rev Higher Educ. 2021;5(1):28-46. http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020.1820898.
http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020....

Considerando que as sociedades de Enfermagem e suas redes de conhecimento em Enfermagem funcionam como uma estratégia de comunicação, vinculação, cooperação e sinergia entre enfermeiros empenhados no desenvolvimento da gestão, pesquisa e educação, elas também impulsionam o avanço da disciplina e da profissão pela difusão da inovação científica. A Enfermagem engaja-se nesse movimento ao fortalecer parcerias intelectuais e acadêmicas e ao explorar novas possibilidades de colaborações nacionais e internacionais. Sabe-se que a colaboração internacional entre enfermeiros fomenta o encontro entre potenciais parceiros, a partilha de trabalho clínico e acadêmico, e a compreensão crítica das políticas nacionais/internacionais que regem as práticas e procedimentos clínicos. Portanto, a colaboração incrementa atividades educacionais e de pesquisa - inclusive com maior acesso a bolsas de estudo para docentes e discentes.66 Harrap N, Doussineau M. Collaboration and networks: EU13 participation in international science [Internet]. European Union; 2017. p. 1-5 [citado 2022 apr 29]. Disponível em: https://joint-research-centre.ec.europa.eu/publications/collaboration-and-networks-eu13-participation-international-science_en
https://joint-research-centre.ec.europa....

7 Lockwood CS. Applying theory informed global trends in a collaborative model for organizational evidence-based healthcare. J Korean Acad Nurs Adm. 2017;23(2):111-7. http://dx.doi.org/10.11111/jkana.2017.23.2.111.
http://dx.doi.org/10.11111/jkana.2017.23...
-88 Duke VJA, Anstey A, Carter S, Gosse N, Hutchens KM, Marsh JA. Social media in nurse education: utilization and e-professionalism. Nurse Educ Today. 2017;57:8-13. http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.06.009. PMid:28683342.
http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.06...

Trabalhar em rede é uma longa e sólida tradição também na Enfermagem lusófona. Entretanto, a originalidade da emergente Rede de Conhecimentos em Enfermagem (RCE) e do relato de experiência apresentado neste artigo encontram-se na decisão deliberada de oportunizar o trabalho em rede em um momento político especialmente particular. As Faculdades de Enfermagem (FE) e Escolas de Enfermagem (EE) de diferentes portes, reputação e credibilidade, localizadas em países com distintos perfis econômicos, aguçam seus interesses pela internacionalização e pelo trabalho em rede como apresentados em seus planos de gestão administrativa. Na perspectiva das IES, a internacionalização corresponde ao processo de diálogo (trabalhos conjuntos, cooperação, intercâmbio, conflitos e problemas) com outras IES/organizações internacionais na concepção, desenvolvimento ou implementação das funções de ensino, pesquisa e extensão.99 Laus SPA. A internacionalização da educação superior: um estudo de caso da Universidade Federal de Santa Catarina [tese]. Salvador: Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia; 2012. http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.1032.8562.
http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.1032.8...

Nesse sentido, o presente artigo traz informações providas por ocasião de um levantamento de recursos institucionais (sem a identificação pessoal dos informantes) que subsidiam a participação de FE e EE brasileiras e portuguesas que contribuíram para o trabalho original da criação da RCE. Portanto as informações se baseiam em um relatório depositado na biblioteca da Toronto Metropolitan University e Archives and Library of Canada.1010 Zanchetta MS, Medeiros M, Munari DB, Gouveia MTO, Albarracin DGE, Aguilera-Serrano C et al. Environmental scan of resources for the creation of a Nursing Knowledge Network: summary report. Toronto: Toronto Metropolitan University; 2022. 63 p. https://doi.org/10.32920/19914544.v1.
https://doi.org/10.32920/19914544.v1...
O artigo descreve as introspecções e reflexões dos autores sobre as possibilidades, particularidades e unicidade da participação das FE e EE lusófonas na RCE.

REVISÃO DE LITERATURA

O desafio do conhecimento científico da Enfermagem para uma contribuição social transformadora tem sido constantemente debatido por todos os atores sociais cuja difusão fortalece-se em redes e parcerias entre os produtores de tal conhecimento. A produção desse conhecimento é essencial para seu avanço científico e o desenvolvimento das diversas formas de conhecimentos em Enfermagem reconhecidas por décadas: a teoria, a pesquisa, o senso comum, a filosofia e a prática.1111 Meleis AI. Theoretical nursing: development and progress. 6th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2017. 672 p. Da prática assistencial emanam o conhecimento prático pessoal, teórico, de procedimentos, cultural e reflexivo.1212 Mantzoukas S, Jasper M. Types of nursing knowledge used to guide care of hospitalized patients. J Adv Nurs. 2008;62(3):318-26. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2007.04587.x. PMid:18426456.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.20...
Tal conhecimento é capital para superação de barreiras na formação permanente, para oferta de oportunidades adequadas de trabalho, dimensionamento adequado de profissionais, valorização e vivência da liderança profissional. Essas barreiras formaram a base política do lançamento da campanha Nursing Now por entidades internacionais.1313 Salvage J, White J. Our future is global: nursing leadership and global health. Rev Lat Am Enfermagem. 2020;28:e3339. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542.3339.
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542...
,1414 Cassiani SHB, Lira No JCG. Nursing perspectives and the “Nursing Now” campaign. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2351-2. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018710501. PMid:30304161.
http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018...
Nessa campanha ressaltou-se a inquestionável contribuição dos enfermeiros para melhorar a saúde globalmente ao ser exponencialmente potencializada quando mais recursos e apoio são providos à profissão.1515 Holloway A, Thomson A, Stilwell B, Finch H, Irwin K, Crisp N. Agents of Change: the story of the Nursing Now Campaign [Internet]. London: Nursing Now/Burdett Trust for Nursing; 2021 [citado 2022 mar 15]. Disponível em: https://www.nursingnow.org/wp-content/uploads/2021/05/Nursing-Now-Final-Report-Executive-Summary.pdf?msclkid=9f9781e1c00c11ec9c1e50599695b4ec
https://www.nursingnow.org/wp-content/up...
Além disso, existe a necessidade de evidências que subsidiem o desenvolvimento de políticas e a disseminação de práticas de Enfermagem efetivas e inovadoras.1616 Crisp N, Iro E. Nursing now campaign: raising the status of nurses. Lancet. 2018;391(10124):920-1. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)30494-X. PMid:29501235.
http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)...

Nesta década, para a Enfermagem norte-americana, o conhecimento é o foco das recomendações propostas pela National Academies of Sciences.1717 National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. The future of Nursing 2020-2030: Charting a path to achieve health equity. Washington, DC: The National Academies Press; 2021. http://dx.doi.org/10.17226/25982. PMid:34524769.
http://dx.doi.org/10.17226/25982...
Dentre elas estão a parceria com a comunidade para a concepção da pesquisa; o desenvolvimento de novos modelos de prestação de cuidados custo-efetivos e o desenvolvimento de políticas institucionais e públicas de saúde. Porém, trabalhar em rede traz em si alguns desafios globais e contextuais tais como as diferenças linguísticas e culturais das FE e EE envolvidas. Experiências multidisciplinares de redes de conhecimento destacam benefícios que podem ser experimentados pela Enfermagem, entre eles, poder adotar múltiplas identidades acadêmicas (e.g, docente e pós-graduando)1818 Jordan K. Finding a niche to circumventing institutional constraints: examining the links between academics’ online networking, institutional roles, and identity trajectory. Int Rev Res Open Distance Learn. 2019;20(2):96-111. http://dx.doi.org/10.19173/irrodl.v20i2.4021.
http://dx.doi.org/10.19173/irrodl.v20i2....
e, em caso de redes multimodais, o aprendizado independente de hora e do lugar oferecendo desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e identidades profissionais.1919 Trust T, Krutka DG, Carpenter JP. Together we are better: professional learning networks for teachers. Comput Educ. 2016;102:15-34. http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016.06.007.
http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016...

Uma estratégia já consolidada é a redação científica colaborativa em grupo/rede de autores da Enfermagem que tem causado grande impacto acadêmico pelo uso da escrita paralela e o da escrita lado a lado.2020 Fay R, Swint C, Thrower EJB. Development of an intraprofessional scholarship workgroup: systematic process for creating and disseminating nursing knowledge. Nurse Educ. 2021;46(2):65-8. http://dx.doi.org/10.1097/NNE.0000000000000880. PMid:33755381.
http://dx.doi.org/10.1097/NNE.0000000000...
Sob uma liderança que organiza e combina diferentes estilos de escrita dos diferentes autores, as ideias e os pontos de vista compartilhados valorizam estórias, experiências e vivências do trabalho dos enfermeiros. Cumpre ressaltar ainda que trabalhar em redes virtuais promove o perfil do docente-pesquisador, projetando suas pesquisas/experiências, mantendo seu perfil ativo e promovendo-o socialmente no contexto da academia.2121 McAlpine L, Akerlind G. Becoming an academic: international perspectives. Great Britain: Macmillan International Higher Education; 2010. 224 p. http://dx.doi.org/10.1007/978-0-230-36509-4.
http://dx.doi.org/10.1007/978-0-230-3650...
A literatura internacional destaca outros benefícios para o trabalho em rede internacional, tais como: (a) objetivos transversais nas pesquisas multicêntricas, com informações, conhecimentos e evidências científicas, metodologias e recursos tecnológicos compartilhados;2222 Rocha CMF, Cassiani SHB. Nursing networks: strategies to strengthen research and extension studies. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(2):8-13. http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015.02.56420. PMid:26334402.
http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015...
(b) incentivo à colaboração contínua entre investigadores durante um longo período de tempo;2323 Opinion Leader. The role of international collaboration and mobility in research: findings from a qualitative and quantitative study with Fellows and grant recipients of the Royal Society, British Academy, Royal Academy of Engineering and the Academy of Medical Sciences [Internet]. London: The Academy of Medical Sciences; 2017 [citado 2022 abr 29]. Disponível em: https://acmedsci.ac.uk/file-download/96518966
https://acmedsci.ac.uk/file-download/965...
(c) exposição a perspectivas em distintos cenários clínicos, educacionais e de pesquisa devido a ideias, estratégias e encontros de troca de aprendizagem com conteúdos alternativos;2424 Kraft M, Kästel A, Eriksson H, Hedman A-MR. Global nursing-a literature review in the field of education and practice. Nurs Open. 2017;4(3):122-33. http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79. PMid:28694976.
http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79...
(d) desenvolvimento fomentado da capacidade de conhecimentos pela interligação de contatos acadêmicos e clínicos,66 Harrap N, Doussineau M. Collaboration and networks: EU13 participation in international science [Internet]. European Union; 2017. p. 1-5 [citado 2022 apr 29]. Disponível em: https://joint-research-centre.ec.europa.eu/publications/collaboration-and-networks-eu13-participation-international-science_en
https://joint-research-centre.ec.europa....
,2525 Mohamedbhai G. Research, networking, and capacity building. Ind High Educ. 2012;(68):21-3. http://dx.doi.org/10.6017/ihe.2012.68.8616.
http://dx.doi.org/10.6017/ihe.2012.68.86...
ao expandir perspectivas baseadas nas experiências e recomendações dos envolvidos;2626 Rodrigues ML, Nimrichter L, Cordero RJB. The benefits of scientific mobility and international collaboration. FEMS Microbiol Lett. 2016;363(21):fnw247. http://dx.doi.org/10.1093/femsle/fnw247. PMid:27797868.
http://dx.doi.org/10.1093/femsle/fnw247...
e, (e) favorecimento da unificação de recursos intelectuais e materiais para a identificação e resolução de problemas cruciais à comunidade internacional pelos grupos multicêntricos que promovem a prática baseada em evidência e melhoria dos cuidados de saúde ao nível global.2727 Marshall JC. Global collaboration in acute care clinical research: opportunities, challenges, and needs. Crit Care Med. 2017;45(2):311-20. http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0000000000002211. PMid:28098627.
http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0000000000...

Assim, a experiência reportada oferece subsídios para preenchimento de lacunas de conhecimento sobre as razões, possibilidades, mecanismos e estratégias para a participação de FE e EE lusófonas na RCE. As reflexões guiaram a concepção de uma pesquisa internacional visando ao desenho de um programa e de um plano de ação para capacitação docente-discente dos quais as FE e EE lusófonas participarão.

MÉTODO

Este relato de experiência concentra-se sobre o exercício conceitual realizado pelos autores na análise das informações previamente obtidas em um levantamento de recursos institucionais inspirado no método de levantamento participativo rápido (rapid participatory appraisal) de necessidades de uma comunidade.2828 Annett H, Rifkin SB. Guidelines for rapid participatory appraisals to assess community health needs: a focus on health improvements for low-income urban and rural areas [Internet]. Geneva: World Health Organization; 1995 [citado 2020 ago 10]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/59366
https://apps.who.int/iris/handle/10665/5...
Este exercício analítico-reflexivo foi executado por docentes brasileiros e portugueses das disciplinas de Enfermagem e Educação, cujas informações sobre suas respectivas FE e EE fazem parte da coletânea internacional de informações obtidas em 42 universidades situadas em dez países, no ano de 2021.1010 Zanchetta MS, Medeiros M, Munari DB, Gouveia MTO, Albarracin DGE, Aguilera-Serrano C et al. Environmental scan of resources for the creation of a Nursing Knowledge Network: summary report. Toronto: Toronto Metropolitan University; 2022. 63 p. https://doi.org/10.32920/19914544.v1.
https://doi.org/10.32920/19914544.v1...

O método de levantamento participativo rápido coleta e analisa informações no campo por um curto período de tempo com custo mínimo, baixo uso do tempo de profissionais, e com alto envolvimento de membros da comunidade. As informações podem permitir o mapeamento da situação explorada sem que detalhes estejam presentes.2828 Annett H, Rifkin SB. Guidelines for rapid participatory appraisals to assess community health needs: a focus on health improvements for low-income urban and rural areas [Internet]. Geneva: World Health Organization; 1995 [citado 2020 ago 10]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/59366
https://apps.who.int/iris/handle/10665/5...
Para proceder à análise é relevante conhecer a aplicação do método de levantamento de recursos que gerou as informações institucionais, ou seja: (a) coleta apenas de informações necessárias e relevantes; (b) escolha da informação necessária e de meios aceitáveis de obtê-la; e, (c) envolver a comunidade na análise de informações.2828 Annett H, Rifkin SB. Guidelines for rapid participatory appraisals to assess community health needs: a focus on health improvements for low-income urban and rural areas [Internet]. Geneva: World Health Organization; 1995 [citado 2020 ago 10]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/59366
https://apps.who.int/iris/handle/10665/5...
As informações institucionais analisadas neste artigo referem-se à identificação nas FE e EE lusófonas de áreas de pesquisa em Enfermagem, estratégias e espaços específicos de produção de inovação e difusão de inovação no ensino da pesquisa, obstáculos para divulgação do conhecimento científico em Enfermagem, além de possibilidades de fortalecimento da pesquisa em Enfermagem.

A análise das particularidades das supracitadas informações institucionais deu-se pela leitura intensiva e reflexiva das informações extraídas e sumarizadas pela equipe de redação do relatório-síntese,1010 Zanchetta MS, Medeiros M, Munari DB, Gouveia MTO, Albarracin DGE, Aguilera-Serrano C et al. Environmental scan of resources for the creation of a Nursing Knowledge Network: summary report. Toronto: Toronto Metropolitan University; 2022. 63 p. https://doi.org/10.32920/19914544.v1.
https://doi.org/10.32920/19914544.v1...
trabalho este inspirado na metodologia qualitativa de análise reflexiva2929 Burns S. Assessing reflective learning. In: Palmer A, Burns S, Bulman C, editores. Reflective practice in nursing: the growth of the professional practitioner. Boston: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 20-34.,3030 Schön DA. The reflective practitioner: how professionals think in action. New York: Basic Books; 1983. 384 p. tendo como marco o foco conceitual da pergunta formulada, por ex., benefícios esperados, modo de contribuição, etc. O trabalho analítico das informações relativas às FE e EE lusófonas utilizou o método reflexivo modificado proposto por Schon.3131 Fook J. Developing critical reflection as a research method. In: Higgs J, Titchen A, Horsfall D, Bridges D, editores. Creative spaces for qualitative researching. Rotterdam: SensePublishers; 2011. p. 55-64. http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-761-5_6.
http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-76...
Este método refere-se à prática profissional reflexiva cuja premissa central é de que o profissional eficiente pode reconhecer um evento particular ou um conjunto de pistas sobre um evento, quando este ocorre, e refletir sobre ele. A reflexão sempre conduz à mudança de perspectiva quanto à situação, guiando a emergência de novas ideias, e tendo o potencial de revelar temas e possíveis soluções.2929 Burns S. Assessing reflective learning. In: Palmer A, Burns S, Bulman C, editores. Reflective practice in nursing: the growth of the professional practitioner. Boston: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 20-34.

A análise das informações institucionais concentrou-se nos procedimentos de ponderação de aspectos positivos e negativos, análise do que foi aprendido com as mesmas e as possíveis soluções que poderiam ser objeto de um possível plano de ação.3030 Schön DA. The reflective practitioner: how professionals think in action. New York: Basic Books; 1983. 384 p. Metodologicamente, aplicou-se algumas das recomendações de Fook:3131 Fook J. Developing critical reflection as a research method. In: Higgs J, Titchen A, Horsfall D, Bridges D, editores. Creative spaces for qualitative researching. Rotterdam: SensePublishers; 2011. p. 55-64. http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-761-5_6.
http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-76...
(a) definição do tópico de análise; (b) análise através de perspectivas multidisciplinares; (c) reconhecimento da legitimidade das experiências dos pesquisadores, além das contribuições trazidas por outros indivíduos ao processo reflexivo e às recomendações propostas.

O diálogo crítico estabelecido entre os autores permitiu, assim, a identificação das particularidades das FE e EE lusófonas no processo de operacionalização da RCE trazendo, deste modo, relevantes dividendos para serem igualmente compartilhados entre as instituições. Cumpre salientar que tal análise teve como perspectiva a consolidada aliança acadêmica entre os docentes de Enfermagem de várias FE e EE lusófonas.

O marco conceitual proposto por Prug e Prusak3232 Prugh K, Prusak L. Designing effective knowledge networks. MIT Sloan Manag Rev [Internet]. 2013; [citado 2021 jan 14];55(1):79-88. Disponível em: https://sloanreview.mit.edu/article/designing-effective-knowledge-networks/
https://sloanreview.mit.edu/article/desi...
sobre rede de conhecimentos orientou a análise das informações relativas às FE e EE lusófonas. Esses autores definem rede de conhecimentos como sendo “coleções de indivíduos e equipes que se reúnem através de fronteiras organizacionais, espaciais e disciplinares para inventar e compartilhar um corpo de conhecimento.”32:79 Tal perspectiva conceitual inspira a RCE em seu objetivo e foco central na “Aprendizagem e Inovação”, ou seja, “quando a aprendizagem e a inovação são objetivos importantes, as comissões de trabalho da rede de conhecimento acumulam e distribuem conhecimentos para o consumo de seus membros, ou como um bem público em geral. Alguns aprendizados também são voltados para seu interior: a rede aprende sistematicamente sobre si mesma e seus processos.”32:81

No processo de desenhar uma rede de conhecimento, esses autores3232 Prugh K, Prusak L. Designing effective knowledge networks. MIT Sloan Manag Rev [Internet]. 2013; [citado 2021 jan 14];55(1):79-88. Disponível em: https://sloanreview.mit.edu/article/designing-effective-knowledge-networks/
https://sloanreview.mit.edu/article/desi...
recomendam a observação de dimensões que englobam questões estratégicas, estruturais e táticas. Na dimensão estratégica, encontra-se a teoria da mudança que a liderança da rede compartilha com os membros, a clara definição de objetivos, propósitos e resultados, o papel da perícia e de aprendizagem experimental, os princípios de inclusão e participação. Na dimensão estrutural, destacam-se o modelo operacional, as estruturas e infraestruturas coletivamente aceitas, o desenvolvimento de normas sociais e de facilitação de encontros entre os membros. Na dimensão tática, são abordadas as questões de medidas, comentários de avaliação e incentivos. O presente artigo analisa conteúdos referentes às estratégias supracitadas.

RESULTADOS

Entre as IES brasileiras informantes (88%; n=21) encontram-se 19 Faculdades de Enfermagem e Escolas de Enfermagem públicas localizadas nos estados do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal; e 2 IES privadas dos estados de Pernambuco e Rio de Janeiro. As portuguesas incluídas neste levantamento são as Escolas Superiores de Enfermagem de maior dimensão em número de professores e em número de estudantes (12%; n=3). Quanto aos idiomas de ensino, todos informaram que ensinam primariamente em Português (50%). Outros idiomas se associam, tais como: Espanhol, Inglês e Português (29.2%), Inglês e Português (16.7%) e Francês, Inglês e Português (4.2%).

Com a apresentação das áreas de pesquisa de Enfermagem (Tabela 1), a análise aponta que os temas de investigação de Enfermagem nessas FE e EE lusófonas concentram-se em áreas como saúde da mulher, da criança, saúde mental, do idoso e do trabalhador. No entanto, outras populações prioritárias e temáticas emergentes evidenciam-se gradualmente na produção intelectual brasileira, como descrito no estudo de revisão acerca das condições de trabalho e saúde de imigrantes.3333 Rodríguez-Campo VA, Valenzuela-Suazo SV. Migrantes y sus condiciones de trabajo y salud: revisión integrativa desde la mirada de enfermería. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e20190299. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0299.
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-...
Embora a maioria das pesquisas latinoamericanas sejam realizadas no Brasil,3333 Rodríguez-Campo VA, Valenzuela-Suazo SV. Migrantes y sus condiciones de trabajo y salud: revisión integrativa desde la mirada de enfermería. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e20190299. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0299.
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-...
ainda que algumas temáticas sejam abordadas, ressalta-se que ocorre uma certa fragilização da agenda de pesquisa para atender a todas as áreas.3333 Rodríguez-Campo VA, Valenzuela-Suazo SV. Migrantes y sus condiciones de trabajo y salud: revisión integrativa desde la mirada de enfermería. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e20190299. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0299.
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-...
Algumas lacunas na contextualização do objeto de pesquisa parecem intrigantes, por exemplo, abordar a área de saúde comunitária local sem considerar a Enfermagem global; assistir a uma mulher no ciclo gravídico-puerperal e não considerar sua condição de ser migrante, refugiada ou apátrida, entre outros.

Tabela 1
Áreas de pesquisa de Enfermagem.

Uma possibilidade de estratégia para agregar diferentes temáticas aos projetos de pesquisas, cursos e de extensão, sem que se tenha de alterá-los frequentemente, seria abordá-los na perspectiva do letramento em saúde individual e/ou comunitário. Assim, os discentes teriam condições de desenvolver suas competências de lidar com as significações de informações em saúde pela clientela e, deste modo, focalizar as ações em temáticas (re)emergentes. Cabe ressaltar que, embora o questionário não apresentasse nenhuma pergunta sobre as questões ambientais, cujo incremento tem suscitado diferentes situações de adoecimento e destruição, nenhuma informação sobre o tema foi apresentada pelos respondentes como um outro tema de pesquisa.

As informações com menos de 50% de escolha requerem atenção, visto que a Enfermagem não pode assumir posição incisiva na pesquisa e produção de conhecimentos sem abordar aspectos políticos, filosóficos, sociais e humanos atuais e globais. Por exemplo, populações de indígenas, imigrantes e refugiados, minorias étnicas, de gênero e sociais, e masculinas constituem prioridades epidemiológicas. Os altos índices de mortalidade na população masculina devido à violência comunitária e ao comprometimento da saúde mental dos homens, que impacta índices de violência interpessoal, torna-os uma população de interesse de pesquisa. Soma-se a isso a oportunidade de se aprender sobre a longevidade dos homens portugueses, favorecida pela dieta mediterrânea e por aspectos do envelhecimento saudável - outro tema prioritário da Organização Mundial da Saúde.3434 World Health Organization. Decade of healthy ageing: baseline report [Internet]. 2021 [citado 2021 jan 14]. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240017900
https://www.who.int/publications/i/item/...
Tais temas representam lacunas importantes de conhecimento a serem abordadas somadas às questões de saúde dos migrantes, refugiados e apátridas.

Essas últimas têm sido debatidas em Portugal, sendo consensual que o movimento migratório é um fenômeno com grande impacto no nível das transformações sociais, constituindo um desafio da saúde pública, na medida em que suscita uma atualização na formulação de políticas e programas que acautelem o acesso aos cuidados de saúde, com particular atenção à redução das desigualdades, e eliminação de barreiras de acesso a eles.3535 Carneiro V, Silva I, Jólluskin G. Retrato da literacia em saúde funcional, comunicacional e crítica em mulheres emigrantes. Psicol Saude Doencas. 2020;21(1):8-14. http://dx.doi.org/10.15309/20psd210103.
http://dx.doi.org/10.15309/20psd210103...
Tal crise global fez também que o Brasil se tornasse recentemente um país de acolhimento dessas populações3636 United Nations Haut Commissariat for Refugees. Brazil [Internet]. 2022 [citado 2022 mar 10]. Disponível em: https://reporting.unhcr.org/brazil
https://reporting.unhcr.org/brazil...
com os já documentados impactos nos serviços de saúde pelas experiências dos refugiados venezuelanos3737 Arruda-Barbosa L, Sales AFG, Torres MEM. Impacto da migração venezuelana na rotina de um hospital de referência em Roraima, Brasil. Interface. 2020;24:e190807. http://dx.doi.org/10.1590/interface.190807.
http://dx.doi.org/10.1590/interface.1908...
e nos determinantes sociais de saúde dos migrantes haitianos.3838 Souza JB, Heidemann IT, Campagnoni JP, Zanettini A, Schleicher ML, Walker F. Determinantes sociais da saúde que impactam a vivência da imigração no Brasil. Rev Enferm UERJ. 2020;28:e53194. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.53194.
http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.5...

Ademais, o momento político requer mais audacidade da liderança da Enfermagem necessária no Brasil e em Portugal para revolucionar a prática docente, administrativa e gerencial do cuidado, inclusive por meio de peritos em informática em saúde. Inovações tais como a inteligência artificial, uso de apps, tão comuns na vida das populações e de crescente uso nos sistemas de saúde, requerem que saibamos como melhor identificar os novos criadores e inventores entre nossos discentes e docentes. Entre os que exploram novas tecnologias e conhecimentos estão docentes e discentes engajados em mobilidade internacional. A inexpressiva menção a este tema também gera questionamento devido ao constante movimento entre Brasil e Portugal, o que deveria ser de interesse para pesquisa e publicações devido ao alto investimento financeiro no desenvolvimento e aperfeiçoamento de recursos humanos em Enfermagem. Sem considerar a mobilidade como objeto de interesse científico, pouco se pode saber sobre o impacto desta para a sociedade e para a Enfermagem brasileira e portuguesa. A Figura 1 identifica informações institucionais referentes a espaços facilitadores comumente utilizados pelas FE e EE lusófonas mediante estratégias pedagógicas específicas visando à inovação e a difusão de inovação no ensino da pesquisa.

Figura 1
Estratégias e espaços específicos de produção de inovação no ensino da pesquisa.

As informações institucionais relativas a obstáculos para divulgação do conhecimento científico em Enfermagem (ver Tabela 2) oferecem estrategicamente algumas pistas arquitetônicas para um plano de ação colaborativa. Os obstáculos mais citados são basicamente explicados pela escassez de recursos financeiros ou de políticas institucionais para apoiar diversos custos associados à publicação em periódicos estrangeiros. No entanto, a RCE pode adotar a modalidade de troca de recursos intelectuais (e.g., habilidade de escrever em idioma estrangeiro) e acesso facilitado a recursos materiais parcialmente disponíveis em grupos de pesquisa atuantes nas IES que possuam financiamento operacional de agências de fomento à pesquisa. Em particular, a criação de pares e mentores entre autores na RCE parece-nos factível devido à aproximação de ideias culturalmente compatíveis entre as FE e EE lusófonas.

Tabela 2
Obstáculos para divulgação do conhecimento científico em Enfermagem.

Menos frequentes estão outros obstáculos, como a necessidade de treinamento para desenvolver e consolidar habilidades de redação científica. Tal informação oferece a oportunidade única para criação e implantação de iniciativas de treinamento online para docentes e discentes. Consequentemente, pensamos em como avaliar o impacto social de tal iniciativa a médio e longo prazo, inclusive na expansão de curriculum vitae dos participantes e na produtividade geral dos programas de pós-graduação. Outra particularidade deste grupo lusófono, com sólidas relações de cooperação científica e presença diferenciada na RCE, refere-se às estratégias de aproximação de colegas devido à confiança já estabelecida. Assim, este grupo pode agir como modelo para a RCE no processo de oferecer ajuda concreta na dificuldade de encontrar, na mesma cidade ou país, um mentor ou colaborador mais experiente em pesquisa e redação científica.

Possibilidades de fortalecimento da pesquisa em Enfermagem

O fortalecimento da pesquisa em Enfermagem nas FE e EE lusófonas concentrar-se-ia nos resultados de estratégias e articulações nacionais e internacionais. Para tanto, informou-se possibilidades de formação de redes com pesquisadores de FE e EE nacionais e internacionais; o incremento de parcerias interinstitucionais e internacionais; a operacionalização para a internacionalização, com mobilidade docente e discente, e incentivo ao pós-doutorado e ao professor visitante nacional e internacional. Ademais, os encontros científicos para interlocução e devolução de resultados de pesquisa entre grupos interessados e a própria sociedade poderiam conduzir ao estabelecimento de redes de pesquisas consolidadas e produtivas. Outras possibilidades apresentadas na Figura 2 referem-se a ações no âmbito institucional para suporte a pesquisa de Enfermagem.

Figura 2
Ações no âmbito institucional para suporte a pesquisa de Enfermagem.

Potencialidades da contribuição dos docentes e pesquisadores de Enfermagem

A criação da RCE representa uma oportunidade especial aos docentes e pesquisadores, não somente da área de Enfermagem, para a gestão de políticas de atenção e formação em saúde, tanto no âmbito interinstitucional quanto no âmbito operacional. As informações institucionais indicam possibilidades de gestão de política interinstitucional, tais como: (a) colaboração nas áreas de transferência de conhecimento; (b) contribuição com a discussão de transversalização de temas comuns na América Latina; (c) fortalecimento de parcerias em editais de fomento e produtos científicos tecnológicos; e, (d) intercâmbio entre FE e EE, para ampliar a rede de contatos para a elaboração de projetos internacionais. Para a gestão operacional, as informações sugerem as seguintes possibilidades: (a) colaboração e apoio na construção e submissão de projetos de pesquisa para editais nacionais e internacionais; (b) estímulo à mobilidade nacional e internacional; (c) compartilhamento de experiências para a articulação ensino/pesquisa/extensão; (d) fortalecimento e produção de conhecimentos em prol da Enfermagem baseada em evidências, assim como, (e) contribuição para a formação continuada em metodologias de pesquisa e em epistemologia da Enfermagem.

Desde a primeira fase de análise das informações institucionais providas pelos informantes das 42 FE e EE internacionais foi unânime o reconhecimento da dificuldade de identificação de ações, processos, iniciativas e métodos, tanto no ensino quanto na prática da pesquisa de Enfermagem, na perspectiva da inovação. Identificamos que liderança em pesquisa é um ponto crucial para o entendimento geral do conceito da inovação no ensino da pesquisa em Enfermagem, portanto, merece especial investimento de esforços.

Entretanto, a Tabela 3 destaca os benefícios almejados para a instituição e os pesquisadores lusófonos, chamando atenção os seguintes: “Aprimorar conhecimentos em metodologias de pesquisa” e “Inovar as linhas de pesquisa em Enfermagem”, ambos citados por 56.7% das informações. Interessante considerar que algumas metodologias de pesquisa inovadoras possam ser desconhecidas por esses pesquisadores lusófonos. Ainda, o interesse na inovação metodológica em linhas de pesquisa parece ser menos referido, apesar da alta expectativa de benefícios relativos à cooperação intelectual internacional (duas respostas com 93.3% e outras com conteúdos próximos).

Tabela 3
Benefícios almejados para a instituição e pesquisadores.

No que se refere aos conhecimentos sobre metodologia de pesquisa, a RCE pode contribuir para a redefinição nas FE e EE lusófonas de uma cultura de renovação, com a incorporação de outras possibilidades metodológicas operacionalizadas por equipes de pesquisas internacionais multidisciplinares, mesmo considerando-se as dificuldades operacionais decorrentes do desconhecimento dessas. No geral, os benefícios expressam o interesse genuíno de obter respostas prioritariamente aos interesses pessoais, institucionais e nacionais que devem ser criteriosamente considerados, assegurando-se o respeito à particularidade de outros subgrupos de docentes, discentes e pesquisadores na RCE. A RCE deve, por intermédio da inclusão social de seus membros, instrumentalizar suas intenções, interesses e benefícios esperados (ver Tabela 3).

Quanto às estratégias de contribuição das FE e EE lusófonas nas ações da RCE, informou-se: (a) discussão e desenvolvimento de pesquisa em colaboração sobre cuidados clínicos no ciclo vital e o fortalecimento de parcerias em editais de fomento à pesquisa; (b) liderança na elaboração de projetos de pesquisa mais complexos, multi cenários e multicêntricos e experimentais; (c) incentivo à mobilidade docente e discente; (d) desenvolvimento de cursos, lives, disciplinas interinstitucionais no âmbito da PG e cursos de capacitação em pesquisa; (e) colaboração em bancas de qualificação e defesa nos mestrados ou doutorados interinstitucionais, além da supervisão de graduandos e pós-graduandos internacionais; e (f) incremento da comunicação social, com a divulgação do trabalho da RCE em mídias sociais, promovendo e divulgando eventos científicos.

As informações institucionais corroboram a ideia de que a RCE facilitaria ações de internacionalização das FE e EE lusófonas pelo compartilhamento de recursos tecnológicos e o capital intelectual único. Como resultado, seriam superados alguns obstáculos decorrentes do financiamento insuficiente de atividades científicas em suas diversas fases. A perícia da Enfermagem com tecnologias educacionais remotas nos faz considerar a factibilidade de tais ações no trabalho a distância, necessário para a operacionalização da RCE.

DISCUSSÃO

A Enfermagem desenvolve-se além de limites territoriais considerando que os fatos estão interconectados pela consciência global sobre investimento na saúde como um bem público, valorização da contribuição real e potencial dos enfermeiros na melhoria da saúde, na criação da igualdade de gênero e no fortalecimento das economias.1313 Salvage J, White J. Our future is global: nursing leadership and global health. Rev Lat Am Enfermagem. 2020;28:e3339. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542.3339.
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542...
Na Enfermagem não é recente a constatação de que esta está perfeitamente posicionada para engajar seus membros como atores nos esforços pelos direitos humanos e para a diplomacia da saúde global.3939 Breda KL. Qual o papel da Enfermagem na saúde internacional e global? Texto Contexto Enferm. 2012;21(3):489-90. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012000300001.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012...
Prosseguir o trabalho estruturado em rede internacional para a Enfermagem, visando à consecução de desfechos concretos, representa uma oportunidade única de contribuir inclusive para o sucesso do plano de internacionalização de IES lusófonas.

A análise das informações institucionais fornecidas para o levantamento de recursos indicou que as FE e EE lusófonas focalizam ações de âmbito institucional para incrementar pesquisa em Enfermagem. Assim, ocorreria o aumento do impacto da pesquisa, da divulgação e a utilização dos resultados tanto na educação como na clínica como modo profícuo de compartilhamento de ideias e práticas, de modo a ampliar os horizontes da ciência da Enfermagem com seus saberes e fazeres.4040 Backes DS, Backes MS, Lunardi VL, Erdmann AL, Büscher A. Internationalization as a challenge to the impact of globalization: nursing contributions. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(5):772-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420140000500001. PMid:25493479.
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342014...
O trabalho em redes, mesmo que sendo elas sistêmicas, amplas, holísticas e flexíveis traria modificações significativas, apesar de sua complexidade inerente1919 Trust T, Krutka DG, Carpenter JP. Together we are better: professional learning networks for teachers. Comput Educ. 2016;102:15-34. http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016.06.007.
http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016...
ao responder aos interesses e necessidades das FE e EE lusófonas.

A globalização que também influencia a Enfermagem promove a discussão sobre competências globais transversais e maior conscientização de seus conhecimentos por docentes e pesquisadores sobre políticas de saúde, educação e pesquisa de Enfermagem.2424 Kraft M, Kästel A, Eriksson H, Hedman A-MR. Global nursing-a literature review in the field of education and practice. Nurs Open. 2017;4(3):122-33. http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79. PMid:28694976.
http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79...
Conhecimento esse contextualizado no cenário da equidade para o acesso aos cuidados de saúde, e na oferta dos mesmos a populações socialmente vulneráveis.1717 National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. The future of Nursing 2020-2030: Charting a path to achieve health equity. Washington, DC: The National Academies Press; 2021. http://dx.doi.org/10.17226/25982. PMid:34524769.
http://dx.doi.org/10.17226/25982...
Juntas, as FE e EE lusófonas podem propor respostas aos dilemas atuais da Enfermagem portuguesa que enfrenta o desafio de avaliar o custo-efetividade das intervenções dos enfermeiros para responder à crescente complexidade das necessidades de saúde4141 Fronteira I, Jesus EH, Dussault G. A enfermagem em Portugal aos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde. Cien Saude Colet. 2020;25(1):273-82. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.28482019.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320202...
e do número relativo inferior de enfermeiros à média da União Europeia.4242 Simões J, Augusto GF, Fronteira I, Hernández-Quevedo C. Portugal: Health system review. Health Syst Transit. 2017;19(2):1-184. PMid:28485714. Essas questões também envolvem a educação avançada para a prática diferenciada do enfermeiro especialista (e.g., nurse specialist vs advanced nurse practitioner), para a qual a perícia na produção de conhecimentos em Enfermagem constitui uma questão central, além de um consenso na categoria profissional e a conquista de apoio social e político necessário para a revisão da legislação relevante.4141 Fronteira I, Jesus EH, Dussault G. A enfermagem em Portugal aos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde. Cien Saude Colet. 2020;25(1):273-82. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.28482019.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320202...

CONCLUSÃO E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA

A análise dessas informações ratificou as particularidades e potenciais das FE e EE lusófonas na RCE. A participação das mesmas na RCE pauta-se em suas histórias em contextos sociais que demandam seu engajamento social e político para proteção de seus interesses. Tal participação significará a superação de barreiras para o maior respeito às atividades de cientistas consolidados ou em formação. Nesse sentido, a participação das mesmas para a criação da RCE, traz em si, possibilidades de demonstração de originalidade, criatividade, engenhosidade e perícia no ensino, aprendizagem e pesquisa.

Com isso, a liderança social da Enfermagem nas FE e EE lusófonas pode contribuir para que o conhecimento por ela produzido seja reconhecido como primordial a mudanças sociais resultantes da expansão de políticas públicas de educação, saúde e assistência social, bem como a proposição de outras em resposta a contingências. A prática de produção de conhecimentos de Enfermagem em todos os seus cenários de ação por meio de todos os seus atores sociais pode ser aprimorada pelo refinamento de modos de pensar, criar, produzir e disseminar. O presente manuscrito não reporta nenhum tipo de limitação metodológica por não se tratar de um estudo empírico.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos respondentes do levantamento de recursos institucionais que contribuíram para identificação dos recursos existentes nas suas IES, a saber: Centro Universitário Tiradentes – Pernambuco, Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), Fundação Universidade Federal de Rondônia, Universidade de Brasília (Faculdade de Ceilândia), Universidade Estadual do Ceará, Universidade de São Paulo (campus Ribeirão Preto), Universidade Federal de Alfenas, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Jataí, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal do Rio de Janeiro (campus Macaé), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Maria, e, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, e, Escola Superior de Enfermagem do Porto. Especial agradecimento a Sandra de Andrade Val pela cuidadosa revisão gramatical e linguística em Português.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Gheno EM, Vanz SAS, Martins LAM, Duarte LF, Souza DO, Calabró L. Impacto da internacionalização na visibilidade da produção científica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: BIOQUÍMICA/UFRGS (2007-2016). Enc Bibli Rev Eletr Bibliotecon Ci Inf. 2020;25:1-25. http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e65382
    » http://dx.doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e65382
  • 2
    Woldegiyorgis AA, Proctor D, de Wit H. Internationalization of research: key considerations and concerns. J Stud Int Educ. 2018;22(2):161-76. http://dx.doi.org/10.1177/1028315318762804
    » http://dx.doi.org/10.1177/1028315318762804
  • 3
    de Wit H, Altbach PG. Internationalization in higher education: global trends and recommendations for its future. Policy Rev Higher Educ. 2021;5(1):28-46. http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020.1820898
    » http://dx.doi.org/10.1080/23322969.2020.1820898
  • 4
    Turcan RV, Juho A, Reilly JE. Advanced structural internationalization of Universities is unethical. Organization. 2020;28(6):1059-67. http://dx.doi.org/10.1177/1350508420971736
    » http://dx.doi.org/10.1177/1350508420971736
  • 5
    AI-Youbi A, Zahed AHM, Tierney WG. Successful global collaborations in higher education institutions. Switzerland: Springer; 2020. 93 p.
  • 6
    Harrap N, Doussineau M. Collaboration and networks: EU13 participation in international science [Internet]. European Union; 2017. p. 1-5 [citado 2022 apr 29]. Disponível em: https://joint-research-centre.ec.europa.eu/publications/collaboration-and-networks-eu13-participation-international-science_en
    » https://joint-research-centre.ec.europa.eu/publications/collaboration-and-networks-eu13-participation-international-science_en
  • 7
    Lockwood CS. Applying theory informed global trends in a collaborative model for organizational evidence-based healthcare. J Korean Acad Nurs Adm. 2017;23(2):111-7. http://dx.doi.org/10.11111/jkana.2017.23.2.111
    » http://dx.doi.org/10.11111/jkana.2017.23.2.111
  • 8
    Duke VJA, Anstey A, Carter S, Gosse N, Hutchens KM, Marsh JA. Social media in nurse education: utilization and e-professionalism. Nurse Educ Today. 2017;57:8-13. http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.06.009 PMid:28683342.
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.nedt.2017.06.009
  • 9
    Laus SPA. A internacionalização da educação superior: um estudo de caso da Universidade Federal de Santa Catarina [tese]. Salvador: Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia; 2012. http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.1032.8562
    » http://dx.doi.org/10.13140/RG.2.1.1032.8562
  • 10
    Zanchetta MS, Medeiros M, Munari DB, Gouveia MTO, Albarracin DGE, Aguilera-Serrano C et al. Environmental scan of resources for the creation of a Nursing Knowledge Network: summary report. Toronto: Toronto Metropolitan University; 2022. 63 p. https://doi.org/10.32920/19914544.v1
    » https://doi.org/10.32920/19914544.v1
  • 11
    Meleis AI. Theoretical nursing: development and progress. 6th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2017. 672 p.
  • 12
    Mantzoukas S, Jasper M. Types of nursing knowledge used to guide care of hospitalized patients. J Adv Nurs. 2008;62(3):318-26. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2007.04587.x PMid:18426456.
    » http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2648.2007.04587.x
  • 13
    Salvage J, White J. Our future is global: nursing leadership and global health. Rev Lat Am Enfermagem. 2020;28:e3339. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542.3339
    » http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4542.3339
  • 14
    Cassiani SHB, Lira No JCG. Nursing perspectives and the “Nursing Now” campaign. Rev Bras Enferm. 2018;71(5):2351-2. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018710501 PMid:30304161.
    » http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2018710501
  • 15
    Holloway A, Thomson A, Stilwell B, Finch H, Irwin K, Crisp N. Agents of Change: the story of the Nursing Now Campaign [Internet]. London: Nursing Now/Burdett Trust for Nursing; 2021 [citado 2022 mar 15]. Disponível em: https://www.nursingnow.org/wp-content/uploads/2021/05/Nursing-Now-Final-Report-Executive-Summary.pdf?msclkid=9f9781e1c00c11ec9c1e50599695b4ec
    » https://www.nursingnow.org/wp-content/uploads/2021/05/Nursing-Now-Final-Report-Executive-Summary.pdf?msclkid=9f9781e1c00c11ec9c1e50599695b4ec
  • 16
    Crisp N, Iro E. Nursing now campaign: raising the status of nurses. Lancet. 2018;391(10124):920-1. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)30494-X PMid:29501235.
    » http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)30494-X
  • 17
    National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. The future of Nursing 2020-2030: Charting a path to achieve health equity. Washington, DC: The National Academies Press; 2021. http://dx.doi.org/10.17226/25982 PMid:34524769.
    » http://dx.doi.org/10.17226/25982
  • 18
    Jordan K. Finding a niche to circumventing institutional constraints: examining the links between academics’ online networking, institutional roles, and identity trajectory. Int Rev Res Open Distance Learn. 2019;20(2):96-111. http://dx.doi.org/10.19173/irrodl.v20i2.4021
    » http://dx.doi.org/10.19173/irrodl.v20i2.4021
  • 19
    Trust T, Krutka DG, Carpenter JP. Together we are better: professional learning networks for teachers. Comput Educ. 2016;102:15-34. http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016.06.007
    » http://dx.doi.org/10.1016/j.compedu.2016.06.007
  • 20
    Fay R, Swint C, Thrower EJB. Development of an intraprofessional scholarship workgroup: systematic process for creating and disseminating nursing knowledge. Nurse Educ. 2021;46(2):65-8. http://dx.doi.org/10.1097/NNE.0000000000000880 PMid:33755381.
    » http://dx.doi.org/10.1097/NNE.0000000000000880
  • 21
    McAlpine L, Akerlind G. Becoming an academic: international perspectives. Great Britain: Macmillan International Higher Education; 2010. 224 p. http://dx.doi.org/10.1007/978-0-230-36509-4
    » http://dx.doi.org/10.1007/978-0-230-36509-4
  • 22
    Rocha CMF, Cassiani SHB. Nursing networks: strategies to strengthen research and extension studies. Rev Gaúcha Enferm. 2015;36(2):8-13. http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015.02.56420 PMid:26334402.
    » http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015.02.56420
  • 23
    Opinion Leader. The role of international collaboration and mobility in research: findings from a qualitative and quantitative study with Fellows and grant recipients of the Royal Society, British Academy, Royal Academy of Engineering and the Academy of Medical Sciences [Internet]. London: The Academy of Medical Sciences; 2017 [citado 2022 abr 29]. Disponível em: https://acmedsci.ac.uk/file-download/96518966
    » https://acmedsci.ac.uk/file-download/96518966
  • 24
    Kraft M, Kästel A, Eriksson H, Hedman A-MR. Global nursing-a literature review in the field of education and practice. Nurs Open. 2017;4(3):122-33. http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79 PMid:28694976.
    » http://dx.doi.org/10.1002/nop2.79
  • 25
    Mohamedbhai G. Research, networking, and capacity building. Ind High Educ. 2012;(68):21-3. http://dx.doi.org/10.6017/ihe.2012.68.8616
    » http://dx.doi.org/10.6017/ihe.2012.68.8616
  • 26
    Rodrigues ML, Nimrichter L, Cordero RJB. The benefits of scientific mobility and international collaboration. FEMS Microbiol Lett. 2016;363(21):fnw247. http://dx.doi.org/10.1093/femsle/fnw247 PMid:27797868.
    » http://dx.doi.org/10.1093/femsle/fnw247
  • 27
    Marshall JC. Global collaboration in acute care clinical research: opportunities, challenges, and needs. Crit Care Med. 2017;45(2):311-20. http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0000000000002211 PMid:28098627.
    » http://dx.doi.org/10.1097/CCM.0000000000002211
  • 28
    Annett H, Rifkin SB. Guidelines for rapid participatory appraisals to assess community health needs: a focus on health improvements for low-income urban and rural areas [Internet]. Geneva: World Health Organization; 1995 [citado 2020 ago 10]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/59366
    » https://apps.who.int/iris/handle/10665/59366
  • 29
    Burns S. Assessing reflective learning. In: Palmer A, Burns S, Bulman C, editores. Reflective practice in nursing: the growth of the professional practitioner. Boston: Blackwell Scientific Publications; 1994. p. 20-34.
  • 30
    Schön DA. The reflective practitioner: how professionals think in action. New York: Basic Books; 1983. 384 p.
  • 31
    Fook J. Developing critical reflection as a research method. In: Higgs J, Titchen A, Horsfall D, Bridges D, editores. Creative spaces for qualitative researching. Rotterdam: SensePublishers; 2011. p. 55-64. http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-761-5_6
    » http://dx.doi.org/10.1007/978-94-6091-761-5_6
  • 32
    Prugh K, Prusak L. Designing effective knowledge networks. MIT Sloan Manag Rev [Internet]. 2013; [citado 2021 jan 14];55(1):79-88. Disponível em: https://sloanreview.mit.edu/article/designing-effective-knowledge-networks/
    » https://sloanreview.mit.edu/article/designing-effective-knowledge-networks/
  • 33
    Rodríguez-Campo VA, Valenzuela-Suazo SV. Migrantes y sus condiciones de trabajo y salud: revisión integrativa desde la mirada de enfermería. Esc Anna Nery. 2020;24(3):e20190299. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0299
    » http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2019-0299
  • 34
    World Health Organization. Decade of healthy ageing: baseline report [Internet]. 2021 [citado 2021 jan 14]. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240017900
    » https://www.who.int/publications/i/item/9789240017900
  • 35
    Carneiro V, Silva I, Jólluskin G. Retrato da literacia em saúde funcional, comunicacional e crítica em mulheres emigrantes. Psicol Saude Doencas. 2020;21(1):8-14. http://dx.doi.org/10.15309/20psd210103
    » http://dx.doi.org/10.15309/20psd210103
  • 36
    United Nations Haut Commissariat for Refugees. Brazil [Internet]. 2022 [citado 2022 mar 10]. Disponível em: https://reporting.unhcr.org/brazil
    » https://reporting.unhcr.org/brazil
  • 37
    Arruda-Barbosa L, Sales AFG, Torres MEM. Impacto da migração venezuelana na rotina de um hospital de referência em Roraima, Brasil. Interface. 2020;24:e190807. http://dx.doi.org/10.1590/interface.190807
    » http://dx.doi.org/10.1590/interface.190807
  • 38
    Souza JB, Heidemann IT, Campagnoni JP, Zanettini A, Schleicher ML, Walker F. Determinantes sociais da saúde que impactam a vivência da imigração no Brasil. Rev Enferm UERJ. 2020;28:e53194. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.53194
    » http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.53194
  • 39
    Breda KL. Qual o papel da Enfermagem na saúde internacional e global? Texto Contexto Enferm. 2012;21(3):489-90. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012000300001
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072012000300001
  • 40
    Backes DS, Backes MS, Lunardi VL, Erdmann AL, Büscher A. Internationalization as a challenge to the impact of globalization: nursing contributions. Rev Esc Enferm USP. 2014;48(5):772-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420140000500001 PMid:25493479.
    » http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420140000500001
  • 41
    Fronteira I, Jesus EH, Dussault G. A enfermagem em Portugal aos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde. Cien Saude Colet. 2020;25(1):273-82. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.28482019
    » http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.28482019
  • 42
    Simões J, Augusto GF, Fronteira I, Hernández-Quevedo C. Portugal: Health system review. Health Syst Transit. 2017;19(2):1-184. PMid:28485714.

Editado por

EDITOR ASSOCIADO

EDITOR CIENTÍFICO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Fev 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    17 Jun 2022
  • Aceito
    21 Out 2022
Universidade Federal do Rio de Janeiro Rua Afonso Cavalcanti, 275, Cidade Nova, 20211-110 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel: +55 21 3398-0952 e 3398-0941 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: annaneryrevista@gmail.com