Contraponto
Thereza Pontual de Lemos Mettel
Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília
A pesquisa de Zilda e Almir del Prette tem grande interesse por se desenvolver num âmbito institucional, com equipe multiprofissional e, finalmente, por se apresentar em linguagem extremamente objetiva, o que permite sua fácil apreensão e divulgação.
Para ampliar a discussão, gostaria de acrescentar o seguinte: o comportamento de vomitar, no caso citado, poderia ser considerado como um raro comportamento esteriotipado e de auto-estimulação encontrado em crianças carenciadas. Parece, também, ter funcionado como um recurso à repetição da cadeia alimentar, pois incluía "reingestão do alimento regurgitado" como seu elo final. Esta categorização parece ser importante para efeito de diagnóstico e de programação do tratamento ideal, no caso, intensificação do contacto social e manejo alimentar.
Neste sentido, o programa de intervenção pode dever seu êxito, não tanto aos procedimentos de "timeout", mas, principalmente, à intensiva estimulação ambiental e social e à modificação da freqüência da escala alimentar.
O desenvolvimento do sistema interativo da criança e das enfermeiras que dela cuidavam, como verdadeiras mães substitutas, levou à ampliação do repertório e ao abandono progressivo do processo de auto-estimulação, ultrapassado pelos de hetero-estimulação e trocas efetivas com o meio ambiente. A criança cresceu! Assim, os terapeutas deveriam reconhecer que houve, no seu "pacote" de intervenção, algo mais (enriquecimento ambiental?) que as três técnicas descritas. A especificação disso permitiria a avaliação completa do sucesso do procedimento e sua replicação.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
09 Out 2012 -
Data do Fascículo
1984