Acessibilidade / Reportar erro

Percepção de Morte entre Universitários: Contribuições da Teoria do Gerenciamento do Terror

Perception of Death among University Students: Contributions of the Terror Management Theory

Percepción de la Muerte entre Estudiantes Universitarios: Aportes de la Teoría del Manejo del Terror

Resumo

A morte é tida como um processo que é influenciado por fatores situacionais, contextuais e culturais, tendo implicações importantes na vida dos indivíduos nos âmbitos comportamental e afetivo. Este estudo teve como objetivo analisar a percepção que estudantes universitários têm da morte, com base na Teoria do Gerenciamento do Terror. Contou-se com a participação de 101 estudantes universitários de duas instituições de ensino superior de João Pessoa, os quais responderam ao teste projetivo de atitudes sobre a vida e perguntas demográficas. A partir da análise de classificação hierárquica descendente (CHD), identificaram-se três classes distintas: 1) Aspectos temporais e cognitivos, 2) Concepções transcendentais da morte e 3) Aspectos emocionais. Os achados do estudo demonstram que, diante de pensamentos sobre a morte, as pessoas tentam se proteger dos temores ocasionados por essas ideias buscando reforçar crenças que visam eternizar sua própria existência. Estes achados reforçam os pressupostos da Teoria do Gerenciamento do Terror, oferecendo evidências da organização dos mecanismos de defesa conscientes e inconscientes diante do medo da morte.

Palavras-chave:
Percepção; Morte; Estudantes Universitários; Teoria do Gerenciamento do Terror

Abstract

Death has been understood as a process influenced by situational, contextual and cultural factors, having important implications on individuals’ life at behavioral and emotional levels. Using as theoretical framework the Terror Management Theory, this study analyzed the perception that university students have of death. Participants were 101 university students from two higher education institutions in João Pessoa (PB, Brazil). They answered the projective test of attitudes about life and demographic questions. Performing a hierarchical ascending classification (HAC) analysis, three distinct classes were identified: 1) Temporal and cognitive aspects, 2) Transcendent conceptions of death, and 3) Emotional aspects. The results demonstrate that, in face of thoughts on death, people try to protect themselves from the fears caused by such thoughts by seeking to reinforce beliefs that perpetuate their own existence. These findings reinforce Terror Management Theory assumptions, showing evidence of the organization of the conscious and unconscious defense mechanisms in facing the fear of death.

Keywords:
Perception; Death; University Students; Terror Management Theory

Resumen

La muerte es considerada un proceso influenciado por factores situacionales, contextuales y culturales, con implicaciones importantes en la vida de los individuos en los niveles conductual y afectivo. El presente estudio tuvo como objetivo analizar la percepción de los estudiantes universitarios sobre la muerte, con base en la Teoría de la Gestión del Terror. En este estudio han participado 101 estudiantes universitarios de dos intuiciones de enseñanza superior de João Pessoa (PB, Brasil), que contestaron a la prueba proyectiva de actitudes sobre la vida y preguntas demográficas. A partir del análisis de Clasificación Jerárquico Descendente (CJD), han sido identificadas tres clases distintas: 1) Aspectos temporales y cognitivos, 2) Concepciones trascendentales de la muerte y 3) Aspectos emocionales. Los resultados indicaron que, ante pensamientos sobre la muerte, las personas intentan protegerse de los temores causados por esas ideas al fortalecer creencias que pretenden eternizar su propia existencia. Los hallazgos refuerzan los presupuestos de la Teoría de la Gestión del Terror y reúne evidencias de la organización de mecanismos de defensa conscientes e inconscientes ante el miedo a la muerte.

Palabras clave:
Percepción; Muerte; Estudiantes Universitarios; Teoría de la Gestión del Terror

Se há uma certeza comum a todos nós é que um dia morreremos. Apesar disso, a temática da finitude humana traz à luz uma série de indagações, discutindo se existe vida após a morte, se a morte é apenas um renascimento para outra vida ou se existem formas de se adiar a morte, por exemplo. Ilustra-se, paradoxalmente, a instabilidade humana diante de sua inevitável mortalidade, e, neste sentido, a finitude se encontra usualmente atrelada a atribuições negativas (Santos, Aoki, & Oliveira-Cardoso, 2013Santos, M. A., Aoki, F. C. O. S., & Oliveira-Cardoso, E. A. (2013). Significado da morte para médicos frente à situação de terminalidade de pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea. Ciência & Saúde Coletiva, 18, 2625-2634. https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csc/v18n9/v18n9a17.pdf
https://www.scielosp.org/article/ssm/con...
) ou à eminência de algo horrível, recorrendo a ideias de terror, castigo e dor (Lambert et al., 2014Lambert, A. J., Eadeh, F. R., Peak, S. A., Scherer, L. D., Schott, J. P., & Slochower, J. M. (2014). Toward a greater understanding of the emotional dynamics of the mortality salience manipulation: Revisiting the “affect-free” claim of terror management research. Journal of Personality and Social Psychology, 106, 655-678. http://psycnet.apa.org/record/2014-13861-001
http://psycnet.apa.org/record/2014-13861...
).

Tomando-se em consideração o ponto de vista histórico, percebe-se que as concepções e atitudes em relação à morte sofreram modificações significativas (Ariès, 2003Ariès, P. (2003). A morte domada. In P. Ariès, História da morte no Ocidente (pp. 25-45). Rio de Janeiro, RJ: Ediouro.). Durante a Idade Média, foi entendida como um acontecimento natural no qual o enfermo desenvolvia determinado ritual, pedindo perdão por seus erros e apresentando seus pertences para posteriormente esperar pelo último suspiro (Aquino, Aguiar, Vasconcelos, & Santos, 2014Aquino, T. A. A., Aguiar, A. A., Vasconcelos, S. X. P., & Santos, S. L. (2014). Falando de morte e da finitude no ambiente escolar: Um estudo à luz do sentido da vida. Psicologia: Ciência e Profissão, 34, 302-317. http://www.redalyc.org/html/2820/282032424004/
http://www.redalyc.org/html/2820/2820324...
; Ariès, 2003Ariès, P. (2003). A morte domada. In P. Ariès, História da morte no Ocidente (pp. 25-45). Rio de Janeiro, RJ: Ediouro.; Santos & Bueno, 2011Santos, J. L., & Bueno, S. M. V. (2011). Educação para a morte a docentes e discentes de enfermagem: revisão documental da literatura científica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45, 272-276. http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/3126
http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/...
). Portanto, a morte era tratada de maneira diferente do que ocorre atualmente, já que era tida como um episódio enunciado, tratando-se de uma cerimônia pública e orquestrada pelo próprio enfermo (Ariès, 2003Ariès, P. (2003). A morte domada. In P. Ariès, História da morte no Ocidente (pp. 25-45). Rio de Janeiro, RJ: Ediouro.).

Não obstante, a concepção moderna de morte se distancia do ponto de vista religioso para a resolução do confronto com a finitude, podendo-se verificar uma transformação dos contextos referentes ao óbito, sendo o âmbito hospitalar o cenário central (Morais, Nunes, Cavalcanti, Soares, & Gouveia, 2016Morais, I. M., Nunes, R., Cavalcanti, T., Soares, A. K. S., & Gouveia, V. V. (2016). Percepção da “morte digna” por estudantes e médicos. Revista Bioética, 24, 108-117. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000100108&lng=pt&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
), dada a emergência de técnicas de otimização da saúde. Ainda assim, a morte provoca angústia existencial no ser humano (Cooper, Goldenberg, & Arndt, 2014Cooper, D. P., Goldenberg, J. L., & Arndt, J. (2014). Perceived efficacy, conscious fear of death and intentions to tan: Not all fear appeals are created equal. British Journal of Health Psychology, 19, 1-15. http://dx.doi.org/10.1111/bjhp.12019
https://doi.org/10.1111/bjhp.12019...
; Greenberg, Kooler, & Pyszczynski, 2004Greenberg, J., Kooler, S., & Pyszczynski, T. (2004). Handbook of experimental existential psychology. New York: Guilford Press.; Rieger & Hofer, 2017Rieger, D., & Hofer, M. (2017). How movies can ease the fear of death: the survival or death of the protagonists in meaningful movies. Mass Communication and Society, 20, 710-733.).

Os seres humanos, não diferentemente de muitos seres vivos, têm um instinto de autopreservação. Contudo, também contam com potenciais cognitivos que os diferenciam dos demais animais, a exemplo do autoconhecimento, do pensamento abstrato e da capacidade de pensar temporalmente. Apesar de tais habilidades os colocarem em posição privilegiada em comparação aos demais seres, produzem um exponencial medo frente à finitude (Abeyta, Juhl, & Routledge, 2014Abeyta, A. A., Juhl, J., & Routledge, C. (2014). Exploring the effects of self-esteem and mortality salience on proximal and distally measured death anxiety: A further test of the dual process model of terror management. Motivation and Emotion, 38, 523-528. https://link.springer.com/article/10.1007/s11031-014-9400-y
https://link.springer.com/article/10.100...
; Becker, 1973Becker, E. (1973). The denial of death. New York: Free Press.; Juhl & Routledge, 2016Juhl, J., & Routledge, C. (2016). Putting the terror in terror management theory: Evidence that the awareness of death does cause anxiety and undermine psychological well-being. Current Directions in Psychological Science, 25, 99-103. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0963721415625218
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
; Klenke, 2016Klenke, K. (2016). Women in combat. Contexts, Terror management, and mortality salience: implications for women’s leadership. International Leadership Journal, 8, 3-33. https://www.tesu.edu/documents/ILJ_Summer_2016.pdf#page=39
https://www.tesu.edu/documents/ILJ_Summe...
). Deste modo, ter consciência de tempo se atrela à compreensão de que a vida está passando e da certeza inevitável da morte, ou seja, a consciência temporal também significa a consciência da própria morte (Milfont & Diniz, 2011Milfont, T. L., & Diniz, P. K. C. (2011). Medo da morte e comportamento social: testando hipóteses da teoria do gerenciamento do terror. In S. C. S. Fernandes, C. E. Pimentel, V. V. Gouveia, & J. L. A. Estramiana (Eds.), Psicologia Social: Perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 89-110). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo .).

Vale ressaltar que há diferentes formas de se tentar burlar o medo da morte, que incluem mecanismos de defesa proximais e distais. No que se refere aos primeiros, são usados de maneira consciente, negando a vulnerabilidade à morte física por meio do pensamento sobre um bom estado físico ou a colocando em um futuro distante (Greenberg, Arndt, Simon, Pyszczynski, & Solomon, 2000Greenberg, J., Arndt, J., Simon, L., Pyszczynski, T., & Solomon, S. (2000). Proximal and distal defenses in response to reminders of one’s mortality: Evidence of a temporal sequence. Personality and Social Psychology Bulletin, 26, 91-99. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167200261009
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
), podendo-se destacar os mecanismos de negação, repressão, deslocamento e intelectualização (Greenberg, Vail, & Pyszczynski, 2014Greenberg, J., Vail, K., & Pyszczynski, T. (2014). Chapter three-terror management theory and research: how the desire for death transcendence drives our strivings for meaning and significance. Advances in Motivation Science, 1, 85-134. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2215091914000042?via%3Dihub
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
; Lee & Loiselle, 2012Lee, V., & Loiselle, C. G. (2012). The salience of existential concerns across the cancer control continuum. Palliative and Supportive Care, 10, 123-133. https://www.cambridge.org/core/journals/palliative-and-supportive-care/article/salience-of-existential-concerns-across-the-cancer-control-continuum/B8CC5BCFE243D41FEA9A022FCA3BF119
https://www.cambridge.org/core/journals/...
). No caso das estratégias de defesa distais, demandam fé na visão de mundo cultural e autoestima, sendo esta última entendida como a percepção da vida perpassada por um significado e um propósito, bem como a autopercepção como um membro provedor de contribuições fundamentais e duradouros para a estrutura social (Du et al., 2013; Pyszczynski, Solomon, & Greenberg, 2015Pyszczynski T., Solomon S., & Greenberg J. (2015). Thirty years of terror management theory: From genesis to revelation. Advances in Experimental Social Psychology, 52, 1-70. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260115000052
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
; Routledge et al., 2010Routledge, C., Ostafin, B., Juhl, J., Sedikides, C., Cathey, C., & Liao, J. (2010). Adjusting to death: the effects of mortality salience and self-esteem on psychological well-being, growth motivation, and maladaptive behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 99, 897-916. http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-243...
; Shaver & Mikulincer, 2012Shaver, P. R., & Mikulincer, M. (2012). Meaning, mortality, and choice: The social psychology of existential concerns. Washington, DC: American Psychological Association .; Vail et al., 2012Vail, K. E., Juhl, J., Arndt, J., Vess, M., Routledge, C., & Rutjens, B. T. (2012). When death is good for life considering the positive trajectories of terror management. Personality and Social Psychology Review, 16, 303-329. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868312440046
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
).

As defesas proximais são utilizadas em uma tentativa de contrapor ou dificultar os pensamentos sobre a finitude, de modo que estas estruturas atuam na extinção ativa de pensamentos ou distorções cognitivas, lançando a problemática da mortalidade para um futuro distante de uma maneira aparentemente racional (Pyszczynski, Solomon, & Greenberg, 1999Pyszczynski, T., Greenberg, J., & Solomon, S. (1999). A dual-process model of defense against conscious and unconscious death-related thoughts: an extension of terror management theory. Psychological Review, 106, 835-845. http://psycnet.apa.org/record/1999-11924-007
http://psycnet.apa.org/record/1999-11924...
). Por outro lado, as defesas distais atuam no sentido de validar e reforçar as visões de mundo e a autoestima, proporcionando, por sua vez, uma conotação de significado e apoio a existência (Yaakobi, Mikulincer, & Shayer, 2014Yaakobi, E., Mikulincer, M., & Shaver, P. R. (2014). Parenthood as a terror management mechanism: the moderating role of attachment orientations. Personality and Social Psychology Bulletin, 40, 762-774. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24692105
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2469...
). Ambos os mecanismos de defesa permitem que os indivíduos deparem com um sentido para a vida e se transformem em pessoas produtivas para a sociedade como um todo (Wisman, Heflick, & Goldenberg, 2015Wisman, A., Heflick, N., & Goldenberg, J. L. (2015). The great escape: The role of self-esteem and self-related cognition in terror management. Journal of Experimental Social Psychology, 60, 121-132. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103115000578
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
), proporcionando um amparo diante da inevitável finitude, bem como a possibilidade de imortalidade simbólica (Hirschberger, 2010Hirschberger, G. (2010). Compassionate callousness: A terror management perspective on prosocial behavior. In M. Mikulincer & P. R. Shaver (Eds.), Prosocial motives, emotions, and behaviors: The better angels of our nature (pp. 201-219). Washington, DC: American Psychological Association.; Yaakobi et al., 2014).

Vale dizer que se pretende analisar as concepções dos seres humanos sobre a morte à luz da Teoria de Gerenciamento do Terror (TGT), que se fundamenta no modelo de duplo processamento, os quais se referem aos mecanismos de defesa mencionados anteriormente. Frisa-se que esta teoria tem ganhado destaque no cenário mundial, sendo utilizada para a compreensão dos mais diferentes construtos, a exemplo da religiosidade (Shults et al., 2017Shults, F. L., Lane, J. E., Wildman, W. J., Diallo, S., Lynch, C. J., & Gore, R. (2017). Modelling terror management theory: computer simulations of the impact of mortality salience on religiosity. Religion, Brain & Behavior, 8, 1-24. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/2153599X.2016.1238846
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
), do comportamento pró-social (Williams, 2014Williams, M. J. (2014). Terror management theory upside down: Prosocial behavior following immortality priming (Master dissertation). University of Nevada, Reno. https://scholarworks.unr.edu/bitstream/handle/11714/2922/Williams_unr_0139D_11565.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://scholarworks.unr.edu/bitstream/h...
) ou mesmo de percepção de desastres naturais (Wolfe, Cote, & Ross, 2015Wolfe, S., Cote, S., & Ross, H. (2015). In the wake of Walkerton: terror management theory explains our response to the small town’s water disaster. Alternatives Journal, 41, 43-46. http://go.galegroup.com/ps/anonymous?id=GALE%7CA465809509&sid=googleScholar&v=2.1⁢=r&linkaccess=fulltext&issn=12057398&p=AONE&sw=w&authCount=1&isAnonymousEntry=true
http://go.galegroup.com/ps/anonymous?id=...
).

De acordo com a TGT, a consciência sobre a própria finitude, aliada ao instinto de autopreservação, resultam em tentativas de burlar a mortalidade por meio dos sistemas culturais padronizados e simbólicos, como são os casos do capitalismo e do dinheiro, respectivamente. Neste sentido, no intuito de se eternizarem, as pessoas vão em busca do desenvolvimento e da adoção de “coisas” que não podem morrer, a exemplo de ideologias culturais (Wisman et al., 2015Wisman, A., Heflick, N., & Goldenberg, J. L. (2015). The great escape: The role of self-esteem and self-related cognition in terror management. Journal of Experimental Social Psychology, 60, 121-132. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103115000578
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
) ou religiosas (Routledge et al., 2010Routledge, C., Ostafin, B., Juhl, J., Sedikides, C., Cathey, C., & Liao, J. (2010). Adjusting to death: the effects of mortality salience and self-esteem on psychological well-being, growth motivation, and maladaptive behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 99, 897-916. http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-243...
).

Cabe ressaltar que todas as sociedades fornecem indicações de valores culturais, de modo que cada indivíduo tenta se esforçar para estar condizente com estes pressupostos, seja se portando como um bom cidadão, atleta profissional, pesquisador ou mesmo um bom marido, de forma a fortalecer seus mecanismos de autoestima, tornando-se, então, algo mais do que apenas um organismo vivo (Hart, 2014Hart, J. (2014). Toward an integrative theory of psychological defense. Perspectives on Psychological Science, 9, 19-39. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1745691613506018
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
; Routledge et al., 2010Routledge, C., Ostafin, B., Juhl, J., Sedikides, C., Cathey, C., & Liao, J. (2010). Adjusting to death: the effects of mortality salience and self-esteem on psychological well-being, growth motivation, and maladaptive behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 99, 897-916. http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-243...
). Assim, essas estruturas assumem papel fundamental no afastamento do medo da morte, de forma que uma substancial quantidade de comportamentos é adotada para sustentá-las e protegê-las de ameaças (Hui, Chan, Lau, Cheung, & Mok, 2014Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
). A propósito, Kovács (1992Kovács, M. J. (1992). Representações de morte. In M. J. Kovács, Morte e desenvolvimento humano. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.) defende que a forma como a morte é percebida exerce influência no modo de ser, tendo em vista que vida e morte se encontram sobrepostas ao longo do desenvolvimento humano.

Conforme pôde ser verificado até então, a morte carrega consigo implicações importantes sobre a vida dos indivíduos nos aspectos comportamentais e afetivos, e neste ínterim têm se verificado o interesse e a expansão de estudos acerca da morte. No tocante ao contexto brasileiro, o medo da morte vem sendo estudado, sobretudo, entre estudantes e profissionais de enfermagem e medicina, devido a sua proximidade com a morte de pacientes em ambiente hospitalar, ou pelo convívio com pacientes terminais.

O estudo da morte possibilita uma melhor compreensão das limitações humanas, colaborando para sua desmistificação (Silva, Santos, Moura, Melo, & Monteiro, 2011Silva, F. J. G. Jr., Santos, L. C. D. S., Moura, P. V. D. S., Melo, B. M. S., & Monteiro, C. F. D. S. (2011). Processo de morte e morrer: evidências da literatura científica de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, 64, 1122-1126. http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a20
http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64...
), ajudando então na promoção de processos de enfrentamento e superação do luto. Além disso, ao se ter em conta que os pensamentos sobre a morte contemplam questões de vida e morte (Hui et al., 2014Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
), confia-se que estes também exerçam influência em situação envolvendo julgamento moral (Trémolière, Neys, & Bonnefon, 2012Trémolière, B., Neys, W., & Bonnefon, J. F. (2012). Mortality salience and morality: Thinking about death makes people less utilitarian. Cognition, 124, 379-384. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0010027712001035
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
), de modo que a compreensão da mortalidade se torna basilar para entender as escolhas humanas frente a dilemas morais. Neste sentido, este estudo teve por objetivo analisar a percepção que estudantes universitários têm da morte, tomando em conta o marco da Teoria do Gerenciamento do Terror. Especificamente, procurou-se identificar elementos da utilização dos mecanismos de defesa proximais e distais preconizados por esta teoria.

Método

Delineamento

Tratou-se de um estudo de natureza teórico-aplicada, representando uma pesquisa científica que considera conhecimentos e teorias existentes para a produção de novos saberes, assim como tem como pretensão entender um problema concreto. Especificamente, refere-se a um estudo ex post facto, tendo objetivo descritivo e abordagem qualitativa. Foi realizado levantamento de pensamentos a partir da aplicação de um questionário com perguntas abertas, tendo como variável de interesse as percepções da mortalidade humana expressa por universitários.

Participantes

Contou-se com uma amostra de conveniência (não probabilística) de 101 estudantes universitários oriundos de duas universidades de João Pessoa (PB), com idades variando entre 16 e 44 anos (M = 22,1; DP = 6,08), sendo a maioria do sexo feminino (62,4%), solteira (84,2%), católica (44,1%) e pertencente à classe média (52%).

Instrumentos

Os participantes responderam a um questionário demográfico (escolaridade, sexo e estado civil) e o Teste Projetivo de Atitudes sobre a Vida, desenvolvido por Rosenblatt, Greenberg, Solomon, Pyszczynski e Lyon (1989Rosenblatt, A., Greenberg, J., Solomon, S., Pyszczynski, T., & Lyon, D. (1989). Evidence for terror management theory: I. The effects of mortality salience on reactions to those who violate or uphold cultural values. Journal of Personality and Social Psychology, 57, 681-690. http://psycnet.apa.org/fulltext/1990-01262-001.html
http://psycnet.apa.org/fulltext/1990-012...
), que é composto pelas seguintes tarefas: 1) descreva brevemente as emoções que o pensamento da sua própria morte desperta em você; e 2) indique, da forma mais específica possível, o que pensa que acontecerá com você enquanto estiver morrendo e o que lhe acontecerá uma vez que esteja fisicamente morto. Frisa-se que este instrumento tem sido amplamente utilizado em pesquisas baseadas na TGT, que apoiam sua eficácia em eliciar pensamentos de mortalidade (Burke, Martens, & Faucher, 2010Burke, B. L., Martens, A., & Faucher, E. H. (2010). Two decades of terror management theory: A meta-analysis of mortality salience research. Personality and Social Psychology Review, 14(2), 155-195. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868309352321
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
), conforme descrevem Roylance, Routledge e Balas (2017Roylance, C., Routledge, C., & Balas, B. (2017). Treating objects like women: the impact of terror management and objectification on the perception of women’s faces. Sex Roles, 77, 593-603. https://link.springer.com/article/10.1007/s11199-017-0747-x
https://link.springer.com/article/10.100...
). Finalmente, vale dizer que o corpus foi organizado em formato monotemático, visto que esta estrutura possibilita resultados que fornecem uma compreensão mais aprofundada do material em análise (Camargo & Justo, 2013Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21, 513-518. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
).

Coleta de dados

Os pesquisadores entraram em contato com as instituições de ensino superior a fim de obter permissão para realizar a pesquisa. Após autorização, realizaram-se as aplicações dos questionários com o auxílio de três colaboradores treinados; os participantes responderam os instrumentos em ambiente coletivo de sala de aula, porém o fizeram individualmente. Na ocasião, os pesquisadores solicitaram a participação dos estudantes presentes, dando-lhes instruções de como responder, explicando os objetivos e permanecendo durante a aplicação para dirimir dúvidas eventuais. Indicou-se que a participação seria voluntária, assegurando-se o anonimato dos respondentes e o sigilo de suas respostas. O tempo médio para concluir a participação no estudo foi cerca de 30 minutos. Este estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CAAE nº 34283614.7.0000.5188), do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba (Protocolo nº 851.916/14), respeitando-se os princípios éticos em conformidade com a Resolução CNS nº 510/2016 (Brasil, 2016Brasil. (2016). Lei nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/...
). Os participantes ratificaram sua colaboração assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Análise de dados

Com o fim de realizar a análise dos dados textuais, as respostas dos participantes foram importadas para o programa OpenOffice Writer, sendo posteriormente lidas pelo programa Iramuteq (Ratinaud, 2009Ratinaud, P. (2009). Iramuteq: Interface de R pour les analyses multidimensionnelles de textes et de questionnaires [computer software]. http://www.iramuteq.org
http://www.iramuteq.org...
), executado na plataforma software R (3.3.2; R Development Core Team, 2015R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. https://cran.r-project.org/doc/manuals/fullrefman.pdf
https://cran.r-project.org/doc/manuals/f...
). Foram consideradas as seguintes análises:

  • Classificação pelo método de Reinert: Nesta análise se realiza uma classificação hierárquica descendente, em que os segmentos de texto são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e o conjunto resultante é dividido com base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras (lemmatization) (Camargo & Justo, 2013Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21, 513-518. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016
    http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
    ).

  • Análise de similitude: Fundamentada na teoria dos grafos, identifica as co-ocorrências de palavras, resultando em indicações de conexões entre elas e ajudando a reconhecer a estrutura do banco de dados (corpus) (Ratinaud & Marchand, 2012Ratinaud, P., & Marchand, P. (2012). Application de la méthode ALCESTE à de «gros» corpus et stabilité des «mondes lexicaux»: analyse du «Cable-Gate» avec Iramuteq. In Actes des 11eme Journées internationales d’Analyse statistique des Données Textuelles (pp. 835-844). Liège: Belgique.).

  • Nuvem de palavras: Este tipo de análise tem como objetivo representar graficamente e organizar as palavras de acordo com suas frequências. Por ser uma análise que facilita a identificação de palavras-chave a partir do banco de dados (corpus), é muito adequada e utilizada em contextos em que se vise a exposição objetiva de informações (Ratinaud, 2009Ratinaud, P. (2009). Iramuteq: Interface de R pour les analyses multidimensionnelles de textes et de questionnaires [computer software]. http://www.iramuteq.org
    http://www.iramuteq.org...
    ).

Resultados

O corpus analisado foi constituído por 130 segmentos de texto (ST), onde foi possível observar a média de 13,58 palavras (número de palavras com radicais distintos no texto) por segmentos de texto, com um total de 4.013 ocorrências (total de palavras contidas no corpus), e uma divisão total em 59 ST, representando os 45,3% do total do corpus classificado na análise. Na tentativa de facilitar a compreensão dos leitores, os resultados deste estudo são descritos em três partes principais, sendo inicialmente reportados aqueles referentes à nuvem de palavras, por se tratar de uma análise mais descritiva e exploratória. Posteriormente, são relatadas as especificidades léxicas do corpus por meio da classificação hierárquica descendente (CHD), e, por fim, são apresentadas as conexões estabelecidas entre os vocábulos tendo em conta a análise de similitude.

A partir da distribuição dos dados elucidada pela nuvem de palavras, pode-se verificar que as palavras foram posicionadas de forma que os vocábulos mais importantes apareceram maiores, demonstrando que as palavras estar, medo e morte apresentaram maior frequência no discurso dos participantes. Destaca-se que, embora a maioria dos discursos reforce uma percepção mais negativa da morte, as palavras vida, acreditar e sentir apareceram associadas aos vocábulos mais destacados no centro da nuvem de palavras, conforme pode ser verificado na Figura 1.

Figura 1
Nuvem de palavras do corpus.

A CHD permitiu identificar três classes distintas, que foram atribuídas de acordo com seus descritores mais representativos. Com o intuito de ilustrar o processo de constituição das classes, o dendograma gerado pela análise permite uma representação gráfica da divisão da base de dados (corpus). Este procedimento possibilita estabelecer a relação entre as palavras e suas classes a partir de seus qui-quadrados e frequências. Ressalta-se que neste estudo foram selecionados apenas os vocábulos que atenderam a critério pré-estabelecido [χ² (1) ≥ 3,84, p < 0,05]. Na Figura 2 são representadas as classes com seus respectivos vocábulos.

Figura 2
Dendograma da representação dos vocábulos das classes.

A partir da visualização do dendograma, observa-se que as palavras mais associadas com a Classe 1 (Aspectos temporais e cognitivos da morte) foram pensar, antes e deixar, apresentando frequências compreendidas entre 4 e 13 e χ2 variando de 3,99 a 35,85. No que concerne à Classe 3 (Aspectos emocionais), as palavras de maior associação foram dor, tristeza e medo, tendo frequências estabelecidas entre 7 e 33 e χ2 variando de 3,72 a 20,11. Por último, a Classe 2 apresentou os vocábulos Deus, espírito e corpo como mais associados, que apresentaram frequências que variaram entre 3 e 13 e χ2 com valores entre 4,19 e 19,05.

Observou-se, ainda, que o dendograma foi dividido em dois subcorpora principais. O primeiro relaciona-se com questões temporais e cognitivas (Classe 1) e ao temor da morte (Classe 3), enquanto o segundo subcorpus foi caracterizado pelos aspectos transcendentais inerentes à morte, sendo representado pela Classe 2.

A esse respeito, a Classe 1 (STClasse1 = 16, explicando 27,1% do total) foi intitulada Aspectos temporais e cognitivos da morte, sendo esta denominação proveniente das palavras mais apresentadas na amostra estudada (e.g., pensar, antes, momento). Esta classe é representada por elementos que se referem à preocupação temporal dos participantes em relação ao momento da morte (e.g., antes, deixar, momento), bem como diz respeito aos recursos cognitivos elucidados diante da finitude (e.g., pensar, imaginar).

A Classe 3 (STClasse3 = 21, explicando 35,5% do total) foi denominada Aspectos emocionais, sendo resultado da reunião dos vocábulos mais elucidados nos segmentos de texto (e.g., medo, angústia, dor). Esta classe foi caracterizada pelos aspectos negativos vivenciados pelos participantes diante da reflexão/imaginação sobre o momento de sua morte (e.g., “angústia e medo, sentirei uma dor fulminante e quando estiver fisicamente morto não sentirei mais nada”).

A Classe 2 (STClasse2 = 22, explicando 37,2% do total), por sua vez, foi chamada Concepções transcendentais da morte, sendo esta denominação resultado das principais palavras que a representam (e.g., Deus, espírito, alma). Na presente classe se verificou maior ocorrência de palavras que denotam uma percepção transcendental da morte, indicando preocupação com o corpo e com a alma (e.g., “Quando estiver morto, meu corpo vai ficar frio, e meu espírito estará com Deus”). Na Tabela 1 são apresentados os segmentos de discurso mais frequentes das três classes antes mencionadas.

Tabela 1
Segmentos de texto mais representativos da classe 1, 2 e 3.

Por fim, a partir da análise de similitude, foi possível identificar as co-ocorrências entre as palavras no corpus. O procedimento permite indicar a conexidade entre os vocábulos, auxiliando na identificação da estrutura e representação do corpus. Neste caso, pareceu claro que as palavras morte, estar, morto, não, vida e medo se apresentaram como centrais na distribuição, com conexões espessas entre elas e outros vocábulos agregados, tal como não e sua conexão com pensar, sentir, medo e estar. Na Figura 3 é representada a análise de similitude. Observa-se que pensar sobre o termo morte faz que os indivíduos deparem com o fato de que sua existência não é infinita, trazendo consigo sentimentos relacionados a ansiedade e medo. Ressalta-se, ainda, que a conexão entre os vocábulos morte e vida sugere a existência de uma consciência temporal acerca da inevitável certeza da morte.

Figura 3
Análise de similitude do corpus.

Discussão

A literatura aponta que pensamentos sobre a morte estão ligados ao engajamento em diferentes tipos de comportamentos sociais que podem servir como atenuadores da ansiedade despertada diante da inevitável mortalidade humana (Ayars, Lifshin, & Greenberg, 2015Ayars, A., Lifshin, U., & Greenberg, J. (2015). Terror management theory. In R. A. Scott, M. C. Buchmann, & S. M. Kosslyn (Eds.), Emerging Trends in the social and behavioral sciences: An interdisciplinary, searchable, and linkable resource (pp. 1-16). Nova Jersey: John Wiley & Sons.; Hui et al., 2014Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
). Esta constatação reforça a importância dos aspectos relacionados à finitude humana como ferramentas na busca da compreensão desses comportamentos.

De acordo com a Teoria do Gerenciamento do Terror (Solomon, Greenberg, & Pyszczynski, 1991Solomon, S., Greenberg, J., & Pyszczynski, T. (1991). A terror management theory of social behavior: The psychological functions of self-esteem and cultural worldviews. Advances in Experimental Social Psychology, 24, 93-159. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108603287
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
), as demandas psicológicas são decorrentes do dilema existencial diante do qual as pessoas estão (Becker, 1973Becker, E. (1973). The denial of death. New York: Free Press.), eliciando a necessidade de gerenciar o medo e a ansiedade ocasionada pela consciência da inevitável finitude (Portalupi, Matlock, Pyszczynski, & Allen, 2016Portalupi, L. B., Matlock, D. D., Pyszczynski, T. A., & Allen, L. A. (2016). Evidence for terror management theory in patients with chronic progressive illness near the end of life: A systematic review. Journal of Cardiac Failure, 22, S105. http://www.onlinejcf.com/article/S1071-9164(16)30460-2/abstract
http://www.onlinejcf.com/article/S1071-9...
). Neste sentido, as pessoas endossam crenças que buscam perpetuar sua própria existência, seja por meio de ideologias culturais (Pyszczynski, Solomon & Greenberg, 2015Pyszczynski T., Solomon S., & Greenberg J. (2015). Thirty years of terror management theory: From genesis to revelation. Advances in Experimental Social Psychology, 52, 1-70. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260115000052
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
) ou religiosas (Routledge et al., 2010Routledge, C., Ostafin, B., Juhl, J., Sedikides, C., Cathey, C., & Liao, J. (2010). Adjusting to death: the effects of mortality salience and self-esteem on psychological well-being, growth motivation, and maladaptive behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 99, 897-916. http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-243...
).

Este estudo teve como objetivo analisar a percepção que estudantes universitários têm da morte, tomando como referência a Teoria do Gerenciamento do Terror. Estima-se que os resultados demonstraram evidências da utilização de mecanismos de defesa proximais e distais, sugeridos pela TGT, diante do temor da morte. Os resultados mostraram que surgiram três classes referentes às concepções que as pessoas têm de sua morte. A Classe 1 (Aspectos temporais e cognitivos) se referiu ao potencial humano de reflexão que conota a habilidade de pensar acerca da passagem do tempo e, consequentemente, o transcurso da vida. A Classe 2 (Concepções transcendentais da morte) tratou de um plano mais místico, onde a figura religiosa, corporificada em Deus, atuaria como um mecanismo simbólico de proteção e/ou entendimento da morte. Por fim, a Classe 3 (Aspectos emocionais) apontou para as sensações e/ou os sentimentos emergentes diante da consciência da própria finitude. Estes achados reforçam os pressupostos da TGT na medida em que trazem evidências da organização dos mecanismos de defesas conscientes (proximais) e inconscientes (distais) diante do temor da morte (Pyszczynski et al., 1999Pyszczynski, T., Greenberg, J., & Solomon, S. (1999). A dual-process model of defense against conscious and unconscious death-related thoughts: an extension of terror management theory. Psychological Review, 106, 835-845. http://psycnet.apa.org/record/1999-11924-007
http://psycnet.apa.org/record/1999-11924...
). Além disso, tais resultados dão suporte à validade do Teste Projetivo de Atitudes sobre a Vida, uma vez que evidencia que o instrumento mede, de fato, os efeitos da saliência de mortalidade.

O dendograma demonstrou que o corpus se dividiu em dois subcorpora, sendo que no primeiro destes figuraram as Classes 1 e 3. A este respeito, vale mencionar que a consciência temporal faz que o indivíduo depare com a passagem do tempo e a percepção de sua própria finitude, que por sua vez gera sentimentos de angústia e medo ao se dar conta de que um dia virá a morrer (Chonody & Teater, 2016Chonody, J. M., & Teater, B. (2016). Why do I dread looking old? A test of social identity theory, terror management theory, and the double standard of aging. Journal of Women & Aging, 28, 112-126. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08952841.2014.950533
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
; Milfont & Diniz, 2011Milfont, T. L., & Diniz, P. K. C. (2011). Medo da morte e comportamento social: testando hipóteses da teoria do gerenciamento do terror. In S. C. S. Fernandes, C. E. Pimentel, V. V. Gouveia, & J. L. A. Estramiana (Eds.), Psicologia Social: Perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 89-110). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo .). Logo, o potencial reflexivo ocasionaria o temor da morte, o que pode ser uma possível explicação para a relação entre tais classes.

Todavia, a consciência da fragilidade e vulnerabilidade corpórea também proporcionaria ao indivíduo formas para a superação desse terror, a exemplo da elaboração e adesão de sistemas culturais que forneceriam, consequentemente, a ideia de transposição das barreiras biológicas (Milfont & Diniz, 2011Milfont, T. L., & Diniz, P. K. C. (2011). Medo da morte e comportamento social: testando hipóteses da teoria do gerenciamento do terror. In S. C. S. Fernandes, C. E. Pimentel, V. V. Gouveia, & J. L. A. Estramiana (Eds.), Psicologia Social: Perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 89-110). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo .). Deste modo, pode-se entender a associação ora encontrada entre as Classes 1 e 2.

O temor da morte se encontra constantemente vinculado com atribuições negativas (Santos & Bueno, 2010Santos, J. L., & Bueno, S. M. V. (2010). A questão da morte e os profissionais de enfermagem. Revista de Enfermagem, 18, 484-487. http://www.facenf.uerj.br/v18n3/v18n3a26.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v18n3/v18n3a26...
), a exemplo do medo e da ansiedade. Assim, a religião atuaria como mecanismo simbólico que funcionaria como atenuador do temor da morte, já que atribuiria uma explicação a questões básicas da existência humana (Morais, 2015Morais. I. M. (2015). A escolha do lugar onde morrer por estudantes e médicos: valores humanos e percepção de morte digna. São Carlos, SP: Pedro & João Editores.), configurando-se, então, como um prisma relevante para compreender o mundo. Além disso, a visão de mundo cultural é considerada uma construção simbólica, a qual proporciona ordem e significado, bem como proteção simbólica contra o terror eminente da morte (Greenberg et al., 1997Greenberg, J., Solomon, S., & Pyszczynski, T. (1997). Terror management theory of self-esteem and cultural worldviews: Empirical assessments and conceptual refinements. Advances in Experimental Social Psychology, 29, 61-139. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108600167
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
). Logo, fica fácil visualizar a associação verificada entre as Classes 2 e 3.

No que diz respeito à Classe 1 (Aspectos temporais e cognitivos), a qual traz à luz mecanismos de defesas proximais, Becker (1973Becker, E. (1973). The denial of death. New York: Free Press.) apresenta três capacidades humanas que colaboram para defrontar o indivíduo com sua própria mortalidade: (i) consciência e pensamento autorreflexivo, (ii) potencial para pensar em termos simbólicos e abstratos e (iii) noção temporal. Nesta mesma direção, Routledge e Arndt (2005Routledge, C., & Arndt, J. (2005). Time and terror: managing temporal consciousness and the awareness of mortality. In A. Strathman & J. Joireman (Eds.), Understanding behavior in the context of time: Theory, research, and applications (pp. 59-84). Mahwah, NJ: Erlbaum.) sugerem que os seres humanos (também os não humanos) possuem um instinto de autopreservação; porém eles também detêm habilidades cognitivas que os tornam únicos. Embora tais características os coloquem em um patamar superior em relação às demais espécies, as habilidades cognitivas também podem ser perturbadoras, produzindo temor de eventos cuja certeza pontual não se pode prever.

Ter a consciência de que o tempo está passando está associada também com a passagem da vida e a certeza inevitável da morte, ou seja, a consciência temporal também significa a consciência da própria morte (Routledge & Arndt, 2005Routledge, C., & Arndt, J. (2005). Time and terror: managing temporal consciousness and the awareness of mortality. In A. Strathman & J. Joireman (Eds.), Understanding behavior in the context of time: Theory, research, and applications (pp. 59-84). Mahwah, NJ: Erlbaum.). Portanto, a noção temporal retoma a questão da fisicalidade humana e suas consequentes implicações psicológicas, isto é, o temor e a angústia que a vulnerabilidade corpórea pode acarretar.

A Classe 2 (Concepções transcendentais da morte) se referiu aos mecanismos de defesa distais. Vale ressaltar que, para se defenderem da ansiedade gerada pela consciência da própria morte, as pessoas acreditam que algum aspecto valorizado de si vai continuar após o fim de seu corpo biológico, seja de forma literal ou simbólica (Du et al., 2013). Uma maior ocorrência de palavras ligadas a divindades e à crença na vida após a morte evidencia a busca pela imortalidade literal, por exemplo, ao acreditar que vai para o céu ou paraíso (Martin, 1999Martin, L. L. (1999). I-D compensation theory: Some implications of trying to satisfy immediate-return needs in a delayed-return culture. Psychological Inquiry, 10, 195-208. http://www.jstor.org/stable/1449306
http://www.jstor.org/stable/1449306...
). Assim, pode-se dizer que a religião, enquanto sistema cultural, atuaria como mecanismo de defesa importante do medo da morte (Hui, Chan, Lau, Cheung, & Mok, 2014Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
; Jong, Halberstadt, & Bluemke, 2012Jong, J., Halberstadt, J., & Bluemke, M. (2012). Foxhole atheism, revisited: The effects of mortality salience on explicit and implicit religious belief. Journal of Experimental Social Psychology, 48, 983-989. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103112000534
https://www.sciencedirect.com/science/ar...
). Tais resultados dão suporte aos achados de Norenzayan e Hansen (2006Norenzayan, A., & Hansen, I. G. (2006). Belief in supernatural agents in the face of death. Personality and Social Psychology Bulletin, 32, 174-187. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167205280251
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1...
), que demonstraram que a saliência de mortalidade propicia um aumento da fé em agentes sobrenaturais, independentemente da religião.

A Classe 3 (Aspectos emocionais) abordou principalmente os sentimentos negativos gerados pela consciência da finitude. Santos e Bueno (2011Santos, J. L., & Bueno, S. M. V. (2011). Educação para a morte a docentes e discentes de enfermagem: revisão documental da literatura científica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45, 272-276. http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/3126
http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/...
) e Souza et al. (2013Souza, L. P. S., Ribeiro, J. M., Rosa, R. B., Gonçalves, R. C. R., Silva, C. S. O., & Barbosa, D. A. (2013). A morte e o processo de morrer: sentimentos manifestados por enfermeiros. Revista Eletrônica Trimestral de Enfermagem, 32, 222-229. http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n32/pt_administracion4.pdf
http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n32/pt...
) afirmam que o temor da morte se mostra constantemente vinculado a atribuições negativas. Esta classe representa uma reação inicial do indivíduo ao defrontar a ideia de sua própria morte, que pode vir acompanhada de consequências negativas tanto a nível psicológico, com os sentimentos negativos (e.g., tristeza, ansiedade, angústia), quanto a nível físico, como a dor.

Considerações finais

A morte é um fenômeno que inevitavelmente está atrelado à história de cada ser vivo, e em se tratando especificamente dos seres humanos, ao se tomar em conta seu potencial de pensar de forma abstrata, assim como sua capacidade de pensar temporalmente, estes carregam consigo o temor diante de sua inevitável finitude. Logo, tentar entender as concepções da morte pode ajudar a compreender as limitações humanas.

O objetivo da presente pesquisa foi analisar a percepção que estudantes universitários têm da morte, com base na Teoria do Gerenciamento do Terror. Estima-se que os achados encontrados endossam os fundamentos da TGT, visto que trazem evidências das estratégias de defesa tanto proximais quanto distais esboçadas por universitários frente ao temor da finitude. Portanto, confia-se que este objetivo tenha sido alcançado.

Os achados deste estudo mostram as concepções de estudantes universitários sobre sua mortalidade. Especificamente, a partir de seus discursos, pôde-se verificar pensamentos referentes ao temor diante da passagem do tempo e a inevitável proximidade da morte, assim como sentimentos negativos ocasionados por esta reflexão. Logo, os resultados contribuem para a literatura na medida em que relevam as concepções que tais indivíduos têm da morte, favorecendo propostas direcionadas ao desenvolvimento de intervenções voltadas a lidar com o luto. Ademais, a partir deste estudo, pôde-se constatar a relevância da TGT para o entendimento dos pensamentos acerca da finitude, configurando-se como um referencial teórico importante para compreender certas estruturas que têm o papel de minorar o medo da morte, a exemplo de ideologias culturais e religiosas (Hui et al., 2014Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1...
; Lambert et al., 2014Lambert, A. J., Eadeh, F. R., Peak, S. A., Scherer, L. D., Schott, J. P., & Slochower, J. M. (2014). Toward a greater understanding of the emotional dynamics of the mortality salience manipulation: Revisiting the “affect-free” claim of terror management research. Journal of Personality and Social Psychology, 106, 655-678. http://psycnet.apa.org/record/2014-13861-001
http://psycnet.apa.org/record/2014-13861...
). Por fim, esta corrente teórica oferece reflexões existenciais no âmbito da Psicologia Social empírica, configurando-se como um campo de estudo importante (Greenberg, Kooler, & Pyszczynski, 2004Greenberg, J., Kooler, S., & Pyszczynski, T. (2004). Handbook of experimental existential psychology. New York: Guilford Press.).

Apesar da relevância dos resultados deste estudo, eles não estão livres de limitações, como, por exemplo, a natureza da amostra (por conveniência), que restringe a generalização dos achados para a população geral. Outra limitação potencial diz respeito à área de estudo dos participantes, variável não investigada nesta pesquisa e que pode ter impactado na formulação de seus discursos. Estudos futuros precisam considerar esta variável. Todavia, os resultados descritos podem servir como ponto de partida para a realização de novos estudos que busquem compreender diferenças na percepção de morte entre discentes de diferentes áreas (e.g., humanas, exatas e saúde).

Referências

  • Abeyta, A. A., Juhl, J., & Routledge, C. (2014). Exploring the effects of self-esteem and mortality salience on proximal and distally measured death anxiety: A further test of the dual process model of terror management. Motivation and Emotion, 38, 523-528. https://link.springer.com/article/10.1007/s11031-014-9400-y
    » https://link.springer.com/article/10.1007/s11031-014-9400-y
  • Ariès, P. (2003). A morte domada. In P. Ariès, História da morte no Ocidente (pp. 25-45). Rio de Janeiro, RJ: Ediouro.
  • Aquino, T. A. A., Aguiar, A. A., Vasconcelos, S. X. P., & Santos, S. L. (2014). Falando de morte e da finitude no ambiente escolar: Um estudo à luz do sentido da vida. Psicologia: Ciência e Profissão, 34, 302-317. http://www.redalyc.org/html/2820/282032424004/
    » http://www.redalyc.org/html/2820/282032424004/
  • Ayars, A., Lifshin, U., & Greenberg, J. (2015). Terror management theory. In R. A. Scott, M. C. Buchmann, & S. M. Kosslyn (Eds.), Emerging Trends in the social and behavioral sciences: An interdisciplinary, searchable, and linkable resource (pp. 1-16). Nova Jersey: John Wiley & Sons.
  • Becker, E. (1973). The denial of death. New York: Free Press.
  • Brasil. (2016). Lei nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
    » http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
  • Burke, B. L., Martens, A., & Faucher, E. H. (2010). Two decades of terror management theory: A meta-analysis of mortality salience research. Personality and Social Psychology Review, 14(2), 155-195. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868309352321
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868309352321
  • Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21, 513-518. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016
    » http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016
  • Chonody, J. M., & Teater, B. (2016). Why do I dread looking old? A test of social identity theory, terror management theory, and the double standard of aging. Journal of Women & Aging, 28, 112-126. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08952841.2014.950533
    » https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08952841.2014.950533
  • Cooper, D. P., Goldenberg, J. L., & Arndt, J. (2014). Perceived efficacy, conscious fear of death and intentions to tan: Not all fear appeals are created equal. British Journal of Health Psychology, 19, 1-15. http://dx.doi.org/10.1111/bjhp.12019
    » https://doi.org/10.1111/bjhp.12019
  • Greenberg, J., Arndt, J., Simon, L., Pyszczynski, T., & Solomon, S. (2000). Proximal and distal defenses in response to reminders of one’s mortality: Evidence of a temporal sequence. Personality and Social Psychology Bulletin, 26, 91-99. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167200261009
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167200261009
  • Greenberg, J., Kooler, S., & Pyszczynski, T. (2004). Handbook of experimental existential psychology. New York: Guilford Press.
  • Greenberg, J., Solomon, S., & Pyszczynski, T. (1997). Terror management theory of self-esteem and cultural worldviews: Empirical assessments and conceptual refinements. Advances in Experimental Social Psychology, 29, 61-139. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108600167
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108600167
  • Greenberg, J., Vail, K., & Pyszczynski, T. (2014). Chapter three-terror management theory and research: how the desire for death transcendence drives our strivings for meaning and significance. Advances in Motivation Science, 1, 85-134. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2215091914000042?via%3Dihub
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2215091914000042?via%3Dihub
  • Hart, J. (2014). Toward an integrative theory of psychological defense. Perspectives on Psychological Science, 9, 19-39. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1745691613506018
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1745691613506018
  • Hirschberger, G. (2010). Compassionate callousness: A terror management perspective on prosocial behavior. In M. Mikulincer & P. R. Shaver (Eds.), Prosocial motives, emotions, and behaviors: The better angels of our nature (pp. 201-219). Washington, DC: American Psychological Association.
  • Hui, C. H., Chan, S. W., Lau, E. Y., Cheung, S. F., & Mok, D. S. Y. (2014). The role of religion in moderating the impact of life events on material life goals: Some evidence in support of terror management theory. Mental Health, Religion & Culture, 17, 52-61. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
    » https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13674676.2012.745494
  • Jong, J., Halberstadt, J., & Bluemke, M. (2012). Foxhole atheism, revisited: The effects of mortality salience on explicit and implicit religious belief. Journal of Experimental Social Psychology, 48, 983-989. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103112000534
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103112000534
  • Juhl, J., & Routledge, C. (2016). Putting the terror in terror management theory: Evidence that the awareness of death does cause anxiety and undermine psychological well-being. Current Directions in Psychological Science, 25, 99-103. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0963721415625218
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0963721415625218
  • Klenke, K. (2016). Women in combat. Contexts, Terror management, and mortality salience: implications for women’s leadership. International Leadership Journal, 8, 3-33. https://www.tesu.edu/documents/ILJ_Summer_2016.pdf#page=39
    » https://www.tesu.edu/documents/ILJ_Summer_2016.pdf#page=39
  • Kovács, M. J. (1992). Representações de morte. In M. J. Kovács, Morte e desenvolvimento humano. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.
  • Lambert, A. J., Eadeh, F. R., Peak, S. A., Scherer, L. D., Schott, J. P., & Slochower, J. M. (2014). Toward a greater understanding of the emotional dynamics of the mortality salience manipulation: Revisiting the “affect-free” claim of terror management research. Journal of Personality and Social Psychology, 106, 655-678. http://psycnet.apa.org/record/2014-13861-001
    » http://psycnet.apa.org/record/2014-13861-001
  • Lee, V., & Loiselle, C. G. (2012). The salience of existential concerns across the cancer control continuum. Palliative and Supportive Care, 10, 123-133. https://www.cambridge.org/core/journals/palliative-and-supportive-care/article/salience-of-existential-concerns-across-the-cancer-control-continuum/B8CC5BCFE243D41FEA9A022FCA3BF119
    » https://www.cambridge.org/core/journals/palliative-and-supportive-care/article/salience-of-existential-concerns-across-the-cancer-control-continuum/B8CC5BCFE243D41FEA9A022FCA3BF119
  • Martin, L. L. (1999). I-D compensation theory: Some implications of trying to satisfy immediate-return needs in a delayed-return culture. Psychological Inquiry, 10, 195-208. http://www.jstor.org/stable/1449306
    » http://www.jstor.org/stable/1449306
  • Milfont, T. L., & Diniz, P. K. C. (2011). Medo da morte e comportamento social: testando hipóteses da teoria do gerenciamento do terror. In S. C. S. Fernandes, C. E. Pimentel, V. V. Gouveia, & J. L. A. Estramiana (Eds.), Psicologia Social: Perspectivas atuais e evidências empíricas (pp. 89-110). São Paulo, SP: Casa do Psicólogo .
  • Morais. I. M. (2015). A escolha do lugar onde morrer por estudantes e médicos: valores humanos e percepção de morte digna. São Carlos, SP: Pedro & João Editores.
  • Morais, I. M., Nunes, R., Cavalcanti, T., Soares, A. K. S., & Gouveia, V. V. (2016). Percepção da “morte digna” por estudantes e médicos. Revista Bioética, 24, 108-117. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000100108&lng=pt&tlng=pt
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422016000100108&lng=pt&tlng=pt
  • Norenzayan, A., & Hansen, I. G. (2006). Belief in supernatural agents in the face of death. Personality and Social Psychology Bulletin, 32, 174-187. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167205280251
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0146167205280251
  • Portalupi, L. B., Matlock, D. D., Pyszczynski, T. A., & Allen, L. A. (2016). Evidence for terror management theory in patients with chronic progressive illness near the end of life: A systematic review. Journal of Cardiac Failure, 22, S105. http://www.onlinejcf.com/article/S1071-9164(16)30460-2/abstract
    » http://www.onlinejcf.com/article/S1071-9164(16)30460-2/abstract
  • Pyszczynski, T., Greenberg, J., & Solomon, S. (1999). A dual-process model of defense against conscious and unconscious death-related thoughts: an extension of terror management theory. Psychological Review, 106, 835-845. http://psycnet.apa.org/record/1999-11924-007
    » http://psycnet.apa.org/record/1999-11924-007
  • Pyszczynski T., Solomon S., & Greenberg J. (2015). Thirty years of terror management theory: From genesis to revelation. Advances in Experimental Social Psychology, 52, 1-70. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260115000052
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260115000052
  • R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. https://cran.r-project.org/doc/manuals/fullrefman.pdf
    » https://cran.r-project.org/doc/manuals/fullrefman.pdf
  • Ratinaud, P. (2009). Iramuteq: Interface de R pour les analyses multidimensionnelles de textes et de questionnaires [computer software]. http://www.iramuteq.org
    » http://www.iramuteq.org
  • Ratinaud, P., & Marchand, P. (2012). Application de la méthode ALCESTE à de «gros» corpus et stabilité des «mondes lexicaux»: analyse du «Cable-Gate» avec Iramuteq. In Actes des 11eme Journées internationales d’Analyse statistique des Données Textuelles (pp. 835-844). Liège: Belgique.
  • Rieger, D., & Hofer, M. (2017). How movies can ease the fear of death: the survival or death of the protagonists in meaningful movies. Mass Communication and Society, 20, 710-733.
  • Rosenblatt, A., Greenberg, J., Solomon, S., Pyszczynski, T., & Lyon, D. (1989). Evidence for terror management theory: I. The effects of mortality salience on reactions to those who violate or uphold cultural values. Journal of Personality and Social Psychology, 57, 681-690. http://psycnet.apa.org/fulltext/1990-01262-001.html
    » http://psycnet.apa.org/fulltext/1990-01262-001.html
  • Routledge, C., & Arndt, J. (2005). Time and terror: managing temporal consciousness and the awareness of mortality. In A. Strathman & J. Joireman (Eds.), Understanding behavior in the context of time: Theory, research, and applications (pp. 59-84). Mahwah, NJ: Erlbaum.
  • Routledge, C., Ostafin, B., Juhl, J., Sedikides, C., Cathey, C., & Liao, J. (2010). Adjusting to death: the effects of mortality salience and self-esteem on psychological well-being, growth motivation, and maladaptive behavior. Journal of Personality and Social Psychology, 99, 897-916. http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
    » http://psycnet.apa.org/fulltext/2010-24308-001.html
  • Roylance, C., Routledge, C., & Balas, B. (2017). Treating objects like women: the impact of terror management and objectification on the perception of women’s faces. Sex Roles, 77, 593-603. https://link.springer.com/article/10.1007/s11199-017-0747-x
    » https://link.springer.com/article/10.1007/s11199-017-0747-x
  • Santos, J. L., & Bueno, S. M. V. (2010). A questão da morte e os profissionais de enfermagem. Revista de Enfermagem, 18, 484-487. http://www.facenf.uerj.br/v18n3/v18n3a26.pdf
    » http://www.facenf.uerj.br/v18n3/v18n3a26.pdf
  • Santos, J. L., & Bueno, S. M. V. (2011). Educação para a morte a docentes e discentes de enfermagem: revisão documental da literatura científica. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45, 272-276. http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/3126
    » http://www.producao.usp. br/handle/BDPI/3126
  • Santos, M. A., Aoki, F. C. O. S., & Oliveira-Cardoso, E. A. (2013). Significado da morte para médicos frente à situação de terminalidade de pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea. Ciência & Saúde Coletiva, 18, 2625-2634. https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csc/v18n9/v18n9a17.pdf
    » https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csc/v18n9/v18n9a17.pdf
  • Shaver, P. R., & Mikulincer, M. (2012). Meaning, mortality, and choice: The social psychology of existential concerns. Washington, DC: American Psychological Association .
  • Shults, F. L., Lane, J. E., Wildman, W. J., Diallo, S., Lynch, C. J., & Gore, R. (2017). Modelling terror management theory: computer simulations of the impact of mortality salience on religiosity. Religion, Brain & Behavior, 8, 1-24. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/2153599X.2016.1238846
    » https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/2153599X.2016.1238846
  • Silva, F. J. G. Jr., Santos, L. C. D. S., Moura, P. V. D. S., Melo, B. M. S., & Monteiro, C. F. D. S. (2011). Processo de morte e morrer: evidências da literatura científica de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, 64, 1122-1126. http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a20
    » http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a20
  • Solomon, S., Greenberg, J., & Pyszczynski, T. (1991). A terror management theory of social behavior: The psychological functions of self-esteem and cultural worldviews. Advances in Experimental Social Psychology, 24, 93-159. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108603287
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0065260108603287
  • Souza, L. P. S., Ribeiro, J. M., Rosa, R. B., Gonçalves, R. C. R., Silva, C. S. O., & Barbosa, D. A. (2013). A morte e o processo de morrer: sentimentos manifestados por enfermeiros. Revista Eletrônica Trimestral de Enfermagem, 32, 222-229. http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n32/pt_administracion4.pdf
    » http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v12n32/pt_administracion4.pdf
  • Trémolière, B., Neys, W., & Bonnefon, J. F. (2012). Mortality salience and morality: Thinking about death makes people less utilitarian. Cognition, 124, 379-384. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0010027712001035
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0010027712001035
  • Vail, K. E., Juhl, J., Arndt, J., Vess, M., Routledge, C., & Rutjens, B. T. (2012). When death is good for life considering the positive trajectories of terror management. Personality and Social Psychology Review, 16, 303-329. http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868312440046
    » http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088868312440046
  • Williams, M. J. (2014). Terror management theory upside down: Prosocial behavior following immortality priming (Master dissertation). University of Nevada, Reno. https://scholarworks.unr.edu/bitstream/handle/11714/2922/Williams_unr_0139D_11565.pdf?sequence=1&isAllowed=y
    » https://scholarworks.unr.edu/bitstream/handle/11714/2922/Williams_unr_0139D_11565.pdf?sequence=1&isAllowed=y
  • Wisman, A., Heflick, N., & Goldenberg, J. L. (2015). The great escape: The role of self-esteem and self-related cognition in terror management. Journal of Experimental Social Psychology, 60, 121-132. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103115000578
    » https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022103115000578
  • Wolfe, S., Cote, S., & Ross, H. (2015). In the wake of Walkerton: terror management theory explains our response to the small town’s water disaster. Alternatives Journal, 41, 43-46. http://go.galegroup.com/ps/anonymous?id=GALE%7CA465809509&sid=googleScholar&v=2.1⁢=r&linkaccess=fulltext&issn=12057398&p=AONE&sw=w&authCount=1&isAnonymousEntry=true
    » http://go.galegroup.com/ps/anonymous?id=GALE%7CA465809509&sid=googleScholar&v=2.1⁢=r&linkaccess=fulltext&issn=12057398&p=AONE&sw=w&authCount=1&isAnonymousEntry=true
  • Yaakobi, E., Mikulincer, M., & Shaver, P. R. (2014). Parenthood as a terror management mechanism: the moderating role of attachment orientations. Personality and Social Psychology Bulletin, 40, 762-774. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24692105
    » https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24692105

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    20 Abr 2018
  • Aceito
    10 Out 2018
Conselho Federal de Psicologia SAF/SUL, Quadra 2, Bloco B, Edifício Via Office, térreo sala 105, 70070-600 Brasília - DF - Brasil, Tel.: (55 61) 2109-0100 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: revista@cfp.org.br