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Aceitação Familiar da Criança com Deficiência: Revisão Sistemática da Literatura

Family Acceptance of Children with Intellectual Disabilities: A Systematic Literature Review

Aceptación Familiar del Niño con Discapacidad Intelectual: Revisión sistemática de la Literatura

Resumo

O nascimento de uma criança com deficiência é uma experiência inesperada que pode trazer à tona diversas questões, como o impacto frente ao diagnóstico e a necessidade de adaptação e aceitação para que seja possível o desenvolvimento da criança. Tendo em vista tais aspectos, este estudo visa compreender, a partir de uma revisão sistemática da literatura, como o diagnóstico de deficiência, especialmente o da deficiência intelectual, é transmitido às famílias. Foram selecionados 16 artigos, avaliados por dois juízes, nas bases de dados Scielo, Lilacs e Science Direct. A partir da análise dos resultados, foram construídas as seguintes categorias: a) comunicação do diagnóstico de deficiência; b) sentimentos e reações diante do diagnóstico de deficiência; e c) possibilidade de desenvolvimento da criança. Os resultados demonstram que os profissionais não estão preparados para a comunicação do diagnóstico de maneira adequada, assunto importante a ser trabalhado na formação acadêmica. Mostra-se imprescindível que seja proporcionado um espaço de escuta aos sentimentos vivenciados pelos pais por meio de um atendimento humanizado, que leve em consideração a complexidade de receber um diagnóstico de deficiência e o impacto que ele ocasiona. Salienta-se, nesse contexto, a importância de mostrar aos pais as possibilidades de desenvolvimento da criança.

Palavras-chave:
Deficiência; Desenvolvimento Cognitivo; Infância; Relações Familiares

Abstract

The birth of a child with disabilities is an unexpected experience that may trigger several responses in parents, such as the diagnosis impact, feelings and reactions, as well as the need for adaptation and acceptance to ensure child development. Considering that, this systematic literature review aims to understand how families receive the diagnosis of disabilities, in particular of intellectual disability. Sixteen articles from the Scielo, Lilacs, and Science Direct databases were selected and analyzed according to the following categories: a) communication of disability diagnosis; b) feelings and reactions to the disability diagnosis; and c) possibility of child development. The results indicate that most health professionals are unprepared to communicate such diagnosis in an appropriate manner, thus comprising an important issue to be addressed during medical training. Considering the complexity of receiving a disability diagnosis and its impact on the parents, professionals communicating this condition must necessarily provide comfort to the feelings experienced by parents through humanized care. Besides clear information, the family must also obtain basic instructions regarding the necessary care and procedures, rehabilitation services, early stimulation resources, and reference centers for orientation. Moreover, professionals should also mention the possibility of child development.

Keywords:
Disability; Cognitive Development; Childhood; Family Relations

Resumen

El nacimiento de un niño con discapacidad es una vivencia inesperada que puede emerger cuestiones como el impacto frente al diagnóstico, necesidad de adaptación y aceptación para la posibilidad de desarrollo del niño. Así, este estudio tiene como objetivo comprender cómo el diagnóstico de discapacidad, en particular el de la discapacidad intelectual, se transmite a las familias a partir de una revisión sistemática de la literatura. Se seleccionaron 16 artículos, evaluados por dos expertos, en las bases de datos SciELO, LILACS y Science Direct. Del análisis de los resultados, emergieron las categorías: a) comunicación del diagnóstico de discapacidad; b) sentimientos y reacciones respecto al diagnóstico de discapacidad; y c) posibilidad de desarrollo del niño. Los resultados demostraron que los profesionales no están preparados para la comunicación del diagnóstico adecuadamente, tema importante que trabajar en la formación académica. Es imprescindible proporcionar un espacio de escucha de los sentimientos vividos por los padres por medio de una atención humanizada, que considere lo complejo que es recibir un diagnóstico de discapacidad y su impacto que ejerce sobre los padres. Se subraya la importancia de mostrar las posibilidades de desarrollo del niño.

Palabras-clave:
Discapacidad; Desarrollo cognitivo; Infancia; Relaciones Familiares

Introdução

A chegada de um novo membro à família é um momento repleto de expectativas. Envolve muitas mudanças na estruturação familiar, bem como em seus aspectos emocionais, físicos, comportamentais, sociais e econômicos. Normalmente, antes mesmo do nascimento do bebê, os pais já o projetam em seus pensamentos e desejos, idealizando o filho com expectativas e sonhos (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Além dessas idealizações, expectativas e comemorações, a espera e o nascimento de uma criança também envolvem dúvidas, incertezas e ansiedades. Tais aspectos incluem os temores relacionados à saúde, à vida e ao futuro do bebê, bem como à dor, ao parto traumático, ao filho com deficiência, à própria morte ou a de seu bebê (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Zimmermann, Zimmermann, Zimmermann, Tatsh, & Santos, 2001Zimmermann, A., Zimmermann, H., Zimmermann, J., Tatsh, F., & Santos, C. (2001). Gestação, parto e puerpério. In C. Eizirik, F. Kapczinski, & A. M. S. Bassols (Eds.), O ciclo da vida humana: Uma perspectiva psicodinâmica (pp. 2939). Artmed.). Muitos pais demonstram, durante o período da gravidez, seus receios e preocupações de que algo errado possa acontecer. Contudo, geralmente, esse sentimento é fugaz e repelido, principalmente quando não há complicações durante a gestação e histórico de deficiência na família (Falkenbach, Drexsler, & Werler, 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Murphy, 2011bMurphy, A. (2011b). Nasce uma criança com síndrome de down. In S. Pueschel (Ed.), Síndrome de down: guia para pais e educadores (pp. 2331). Papirus.).

Dessa forma, o nascimento de uma criança com deficiência é uma experiência inesperada que traz à tona diversas questões. Inicialmente, pode ocorrer um impacto frente ao recebimento do diagnóstico, que faz emergir diversificados sentimentos e reações. Diante disso, a família pode passar por uma fase de negação, o que demanda adaptação para finalmente poder chegar à aceitação, possibilitando o desenvolvimento do filho diante das reais limitações e potencialidades (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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). Existe a necessidade de desconstruir percepções sobre o filho juntamente com a reconstrução de novos conceitos que possibilitem a compreensão da realidade e, consequentemente, a construção de novas idealizações (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Goés, 2006). Neste sentido, a literatura evidencia a importância de ressignificar e de refazer planos e projetos que possibilitem o investimento no bebê e a vinculação com ele (Fiamenghi Jr. & Messa, 2007Fiamenghi Jr., G. A., & Messa, A. A. (2007). Pais, filhos e deficiência: Estudos sobre as relações familiares. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(2), 236245. https://doi.org/10.1590/S1414-98932007000200006
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; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.).

Segundo os dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando a população total do país, estimada em 45.606.048 brasileiros, 23,9% têm algum tipo de deficiência (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República [SDH/PR], Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência [SNPD], & Coordenação-Geral do Sistema de Informações sobre a Pessoa com Deficiência, 2012Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, & Coordenação-Geral do Sistema de Informações sobre a Pessoa com Deficiência. (2012). Cartilha do Censo 2010: Pessoas com deficiência. https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/handle/192/754
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). A deficiência intelectual (DI) abrange 1,4% da população total do país, e os dados apontam que, na faixa etária de 0 a 14 anos, existem 3.459.401 crianças com deficiência, das quais 0,9% são DI.

A DI, segundo critérios da American Psychiatric Association (2014American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Artmed.), é considerada um transtorno do neurodesenvolvimento. Transtornos do neurodesenvolvimento envolvem déficits que ocasionam prejuízo no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Esses déficits de desenvolvimento podem variar desde limitações na aprendizagem ou no controle motor de funções executivas a prejuízos em habilidades sociais ou inteligência. O diagnóstico de DI equivale ao transtorno do desenvolvimento intelectual, pela Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 11 (CID, International Classification of Diseases, no prelo, citado por American Psychiatric Association, 2014American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Artmed.).

A DI se inicia na infância e envolve déficits funcionais, intelectuais e adaptativos. Os déficits intelectuais, ou seja, em capacidades mentais, envolvem raciocínio, planejamento, solução de problemas, juízo crítico, pensamento abstrato e aprendizagem. Os déficits em funções adaptativas resultam em não atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais relacionados a independência pessoal e responsabilidade social. Quando o sujeito não recebe apoio, tais déficits podem limitar o desempenho de atividades que envolvem a comunicação, a participação social e a vida independente (American Psychiatric Association, 2014American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Artmed.).

Nos primeiros dois anos de vida, pode ser identificada a DI mais grave por atrasos em marcos motores, linguísticos e sociais. Em níveis mais leves, a identificação geralmente ocorre em idade escolar, quando as dificuldades de aprendizagem se tornam mais aparentes. Diante dos critérios diagnósticos da DI, existem níveis de gravidade - leve, moderada, grave e profunda - definidos com base no funcionamento adaptativo (American Psychiatric Association, 2014American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Artmed.).

A amplitude do impacto vivenciado pela família pode variar a depender do grau da deficiência, dos conceitos e percepções em relação à deficiência, da maneira como a família recebe a notícia, bem como do nível de expectativas estabelecidas para a criança durante o período da gestação. No caso do diagnóstico de uma deficiência, a forma como ele é transmitido pode influenciar significativamente nas reações vivenciadas pela família (Sá & Rabinovich, 2006Sá, S. M. P., & Rabinovich, E. P. (2006). Compreendendo a família da criança com deficiência física. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 6884. https://doi.org/10.7322/jhgd.19782
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; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Nesse sentido, é possível identificar que muitos profissionais da saúde não estão preparados para informar o diagnóstico da deficiência de maneira adequada, o que torna evidente a necessidade de aprimorar a atuação desses profissionais para essa situação específica (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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; Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
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; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Assim como há despreparo dos profissionais para notificar um diagnóstico, também existe a dificuldade dos pais para recebê-lo.

Algumas famílias podem receber a notícia da existência de uma deficiência de modo realista, enquanto outras podem negar tal realidade (Moura & Valério, 2003Moura, L., & Valério, N. (2003). A família da criança deficiente. Caderno de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 3(1), 4751.; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Batista e França (2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.) discorrem sobre as fases que podem ser vivenciadas pelos pais diante do diagnóstico de deficiência do filho. Primeiramente, pode ocorrer a negação, quando a família não está preparada para lidar com tal situação. Os pais, nesse primeiro momento, frequentemente não acreditam no diagnóstico e procuram negar a existência da deficiência. Dessa forma, pode ocorrer uma busca por outro diagnóstico que seja compatível com as expectativas da família. Ou ainda, como ressaltam Camargo e Londero (2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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, p. 284), “a dificuldade em aceitar o diagnóstico leva a uma constante busca de cura”. Por isso, existe a necessidade de ouvir a mesma informação de diversos profissionais, até que consigam aceitar o quadro (Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
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).

A fase da negação pode se prolongar por dias, meses ou até mesmo anos. É preciso que a família tenha o tempo necessário para expressar seus sentimentos, compreender e elaborar a situação. Esse tempo é particular e varia de uma família para outra. Contudo, a maioria dos pais necessita de bastante tempo para enfrentar a realidade e conseguir estabelecer uma relação com a criança (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Murphy, 2011aMurphy, A. (2011a). Criando um filho portador de deficiência. In S. Pueschel (Ed.), Síndrome de down: Guia para pais e educadores (pp. 3345). Papirus.). Segundo Barbosa, Chaud e Gomes (2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
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), o processo de maternidade e maternagem de um filho com deficiência é construído gradativamente.

Após superar o momento de negação, diante da elaboração da perda do filho idealizado, a família pode iniciar um movimento de adaptação. Nessa fase, os pais buscam mais informações sobre o diagnóstico, não mais com o intuito de contestá-lo, mas de ter maior entendimento e compreensão a fim de se adaptarem à deficiência, o que demanda apoio, confiança e esclarecimentos reais (Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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). Nesse período, o papel dos profissionais envolve proporcionar informações e suporte, ajudando na identificação e compreensão das necessidades do filho, para que a família perceba a criança como um ser humano genuíno, integral e pleno de significados (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.).

A próxima etapa diz respeito à aceitação. Após a elaboração e a superação dos momentos iniciais, para que realmente ocorra a aceitação, a família precisa ter uma visão realista da criança e de sua deficiência (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.). É imprescindível perceber que a criança com deficiência, antes de tudo, é uma criança, e, portanto, apresenta todos os problemas, necessidades normais e questões cotidianas tal qual as demais. Esse é um dos principais conceitos que precisa ser transmitido a seus pais (Glat, 1997Glat, R. (1997). O papel da família na integração do portador de deficiência. Revista Brasileira de Educação Especial, 2(04), 110124.). Diante disso, propõe-se a reflexão sobre como a produção nacional e internacional tem investigado as possibilidades de desenvolvimento da criança com deficiência a partir do diagnóstico de DI. Dessa forma, este estudo tem por objetivo geral compreender como esse diagnóstico é transmitido às famílias a partir de uma revisão sistemática da literatura.

Método

A revisão sistemática da literatura considerou todos os artigos publicados, sem delimitação de tempo, e foi desenvolvida em duas etapas. Na primeira, foram selecionadas as bases de dados investigadas: Scielo, Lilacs e Science Direct, que possibilitam localizar artigos nacionais e internacionais sobre o tema. A escolha das duas primeiras visou levantar os artigos produzidos no Brasil, enquanto a Science Direct foi selecionada por ser uma base de dados multidisciplinar. As palavras-chave utilizadas foram “diagnóstico e criança com deficiência”, “deficiência, diagnóstico e nascimento”, “psicologia, deficiência e criança”, “psicologia, deficiência intelectual e criança”, “psicologia, família e deficiência intelectual”, “psicologia, criança com deficiência e família” e seus respectivos termos em inglês: “diagnosis and children with disabilities”, “birth diagnosis and disabilities”, “psychology and children with disabilities”, “psychology and children with intellectual disabilities”, “psychology and family with intellectual disability”, “psychology and families with children disabilities”. Tais descritores foram selecionados a fim de ampliar a possibilidade de encontrar publicações que envolvessem diagnóstico de deficiência, famílias com crianças com DI e psicologia. Foram encontrados 117 artigos. Após a exclusão dos trabalhos repetidos, restaram 100 para análise do resumo.

A segunda etapa consistiu na revisão dos resumos por dois juízes, com base nos seguintes critérios de inclusão: a) envolver o diagnóstico de deficiência na infância; b) abordar a comunicação do diagnóstico aos familiares e/ou os sentimentos e reações dos familiares em relação à deficiência; c) ser um artigo empírico; e d) avaliar as percepções da família (pais, filhos) que tem filhos com deficiência. Pelo fato de não terem sido encontrados tantos estudos que abordassem de forma específica a comunicação do diagnóstico de DI aos pais, foram incluídos artigos sobre a comunicação do diagnóstico de outras deficiências. O índice de concordância entre os juízes nessa etapa foi de 93%. Restaram 17 artigos para análise do texto completo, após avaliação dos resumos conforme os critérios adotados. No entanto, somente 16 tinham o texto completo disponível. A Figura 1 apresenta as etapas relatadas.

Figura 1
Etapas da revisão sistemática da literatura.

Resultados e discussão

Os objetivos, delineamentos e principais resultados dos estudos estão descritos na Tabela 1. De maneira geral, os objetivos versaram sobre a preparação da equipe frente à transmissão do diagnóstico aos pais (Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207...
; Ferrari, Zaher, & Gonçalves, 2010Ferrari, S., Zaher, V. L., & Gonçalves, M. J. (2010). O nascimento de um bebê prematuro ou deficiente: Questões de bioética na comunicação do diagnóstico. Psicologia USP, 21(4), 781808. https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400008
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; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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; Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
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), as reações, sentimentos e expectativas da família frente à notícia da deficiência do filho (Brunhara & Petean, 1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
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; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200800...
; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
), relação e funcionamento familiar em famílias com filhos com deficiência (Barak-Levy & Atzaba-Poria, 2013Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2013). Paternal versus maternal coping styles with child diagnosis of developmental delay. Research in Developmental Disabilities, 34(6), 20402046. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2013.02.026
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2013.02.0...
; Barak-Levy & Atzaba-Poria, 2015Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2015). The effects of familial risk and parental resolution on parenting a child with mild intellectual disability. Research in Developmental Disabilities , 47, 106116. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.008
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.0...
; Barbosa et al., 2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
https://doi.org/10.1590/S0103-2100200800...
; Feniger-Schaal & Oppenheim, 2013Feniger-Schaal, R., & Oppenheim, D. (2013). Resolution of the diagnosis and maternal sensitivity among mothers of children with Intellectual Disability. Research in Developmental Disabilities , 34(1), 306313. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2012.08.007
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2012.08.0...
; Pereira-Silva & Dessen, 2006Pereira-Silva, N. L., & Dessen, M. A. (2006). Famílias de crianças com síndrome de Down: Sentimentos, modos de vida e estresse parental. Interação em Psicologia, 10(2), 183194. https://doi.org/10.5380/psi.v10i2.7675
https://doi.org/10.5380/psi.v10i2.7675...
; Pereira-Silva, Dessen, & Barbosa, 2015Pereira-Silva, N. L., Dessen, M. A., & Barbosa, A. J. G. (2015). Ajustamento Conjugal: Comparação entre casais com e sem filhos com deficiência intelectual. Psico-USF, 20(2), 297308. https://doi.org/10.1590/1413-82712015200210
https://doi.org/10.1590/1413-82712015200...
) e o relacionamento entre irmãos com crianças com deficiência (Batista, Duarte, & Cia, 2016Batista, B. R., Duarte, M., & Cia, F. (2016). A interação entre as pessoas com síndrome de Down e seus irmãos: Um estudo exploratório. Ciência e Saúde Coletiva, 21(10), 30913099. https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.17282016
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; Yamashiro & Matsukura, 2013Yamashiro, J. A., & Matsukura, T. S. (2013). Irmãos mais velhos de crianças com deficiência e de crianças com desenvolvimento típico: cotidiano e relacionamentos fraternos. Revista de terapia ocupacional da USP, 24(2), 8794. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v24i2p87-94
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). Doze estudos apresentaram delineamento qualitativo, três estudos apresentaram caráter quanti-qualitativo e somente um estudo foi quantitativo. É possível observar que as pesquisas investigaram diferentes atores envolvidos com a DI, embora tenham predominado aquelas realizadas com as mães de crianças com esse diagnóstico. Diante da análise dos resultados, foram construídas as seguintes categorias: a) comunicação do diagnóstico de deficiência; b) sentimentos e reações diante do diagnóstico de deficiência; e c) possibilidade de desenvolvimento da criança.

Tabela 1
Objetivo, método e principais resultados dos artigos levantados.

Comunicação do diagnóstico de deficiência

Foi possível identificar, a partir dos estudos desta revisão, que o nascimento de uma criança com deficiência ocasiona um impacto na família. Existe uma angústia envolta ao choque frente ao inesperado (Brunhara & Petean, 1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
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; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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) e qualquer eventualidade desconhecida ou não planejada pode se tornar uma realidade difícil de ser assimilada. A amplitude desse impacto pode variar a depender do grau da deficiência do filho, dos conceitos e percepções em relação à deficiência, da maneira como a família recebe a notícia, bem como do nível de expectativas estabelecidas para a criança durante o período da gestação (Sá & Rabinovich, 2006Sá, S. M. P., & Rabinovich, E. P. (2006). Compreendendo a família da criança com deficiência física. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 6884. https://doi.org/10.7322/jhgd.19782
https://doi.org/10.7322/jhgd.19782...
).

Nesse sentido, a forma como é transmitido o diagnóstico de deficiência do filho pode influenciar significativamente as reações vivenciadas pela família (Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). A maneira e o momento da comunicação são de extrema importância e podem aumentar ou diminuir o sofrimento e auxiliar ou não na aceitação e na vinculação com a criança. Independentemente da maturidade apresentada pelos pais, o recebimento do diagnóstico é sempre uma situação que envolve muita dor, medo e incerteza. Pereira-Silva e Dessen (2006Pereira-Silva, N. L., & Dessen, M. A. (2006). Famílias de crianças com síndrome de Down: Sentimentos, modos de vida e estresse parental. Interação em Psicologia, 10(2), 183194. https://doi.org/10.5380/psi.v10i2.7675
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) consideram que a comunicação do diagnóstico, por representar um momento crítico para as futuras interações familiares, pode gerar um desequilíbrio no funcionamento da família. Tal situação se torna ainda mais dolorosa se a notícia for informada de maneira inadequada (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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).

Os estudos encontrados nesta revisão sugerem que os profissionais da saúde não estão preparados para informar o diagnóstico da deficiência dos filhos para os pais de maneira adequada (Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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; Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
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; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
). Os estudos enfatizaram também a necessidade de aprimoramento dos profissionais da área da saúde quanto à transmissão aos pais do diagnóstico de deficiência do filho, bem como quanto ao auxílio no primeiro contato da família com a criança (Brunhara & Petean, 1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
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; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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; Pereira-Silva & Dessen, 2006Pereira-Silva, N. L., & Dessen, M. A. (2006). Famílias de crianças com síndrome de Down: Sentimentos, modos de vida e estresse parental. Interação em Psicologia, 10(2), 183194. https://doi.org/10.5380/psi.v10i2.7675
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; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
).

Apesar dessas dificuldades, é destacado que o momento do diagnóstico parece ser um dos momentos decisivos que influenciam em como os pais irão perceber a nova realidade da criança (Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Salienta-se a importância desse momento para o futuro desenvolvimento do filho. O discurso dos profissionais da saúde, ao informar o diagnóstico e fornecer orientações, pode interferir na vinculação com o bebê, gerar falsas expectativas e influenciar no processo de aceitação ou rejeição do filho (Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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).

O momento da comunicação pode ser mais adequado à medida que o profissional dispõe de um conhecimento adequado referente ao diagnóstico. Quanto mais preparados os profissionais estiverem, menor poderá ser o desamparo vivenciado pelos pais (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200800...
; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Mostra-se imprescindível uma postura empática e que, além de fornecerem um diagnóstico compreensível, os profissionais proporcionem conforto aos sentimentos vivenciados pelos pais e construam com a família percepções positivas referentes ao futuro, à esperança e ao encorajamento (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Ferrari et al., 2010Ferrari, S., Zaher, V. L., & Gonçalves, M. J. (2010). O nascimento de um bebê prematuro ou deficiente: Questões de bioética na comunicação do diagnóstico. Psicologia USP, 21(4), 781808. https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400008
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). Silva e Ramos (2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
) consideram fundamental que o profissional esteja preparado para lidar com as reações e os sentimentos da família, acolhendo-a e realizando os encaminhamentos necessários para profissionais especializados.

A despeito dessas necessidades, segundo Höher e Wagner (2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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), os profissionais reconhecem a dificuldade de notificar os pais em relação ao diagnóstico de deficiência de seus filhos. Ferrari et al. (2010Ferrari, S., Zaher, V. L., & Gonçalves, M. J. (2010). O nascimento de um bebê prematuro ou deficiente: Questões de bioética na comunicação do diagnóstico. Psicologia USP, 21(4), 781808. https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400008
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) contribuem apontando que alguns profissionais definem a situação como um momento difícil e delicado, vivenciando emoções e reações como angústia, tristeza e frustração, bem como sensação de inadequação e impotência. Além disso, alguns profissionais buscam se colocar no lugar dos pais e se sensibilizam com o sofrimento, demonstrando falta de preparo técnico e emocional para lidar com tal situação.

É também importante abordar a ênfase que os profissionais da saúde devem dar aos aspectos positivos e potenciais que podem ser atingidos por essas crianças ao invés dos aspectos limitantes das deficiências, já que as características negativas tendem a ofuscar demasiadamente as positivas (Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.). Enfatizar as aquisições e possibilidades do bebê permite aos pais perceberem, também, a existência de suas qualidades (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.).

Os familiares, ao serem informados, devem ser esclarecidos e orientados (Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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), de forma que a transmissão dessas informações esteja de acordo com a capacidade de compreensão e aceitação dos pais. A família deve obter, além de informações claras a respeito do diagnóstico, orientações referentes aos cuidados e procedimentos básicos, informações sobre oportunidades educacionais, serviços de reabilitação, como também recursos de assistência intelectual, emocional e financeira (Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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). Salienta-se a importância de mostrar as possibilidades de desenvolvimento, formas de superar as dificuldades, locais de orientação familiar, recursos para a estimulação precoce e centros de referência para orientações (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.; Fiamenghi Jr. & Messa, 2007Fiamenghi Jr., G. A., & Messa, A. A. (2007). Pais, filhos e deficiência: Estudos sobre as relações familiares. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(2), 236245. https://doi.org/10.1590/S1414-98932007000200006
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; Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
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). Nesse sentido, Brunhara e Petean (1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
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) sugerem que os profissionais envolvidos com a questão da deficiência conheçam, além das condições emocionais dos pais, as expectativas criadas para seus filhos.

Outra questão importante é a comunicação aos irmãos da criança com deficiência, que devem receber informações claras que minimizem o impacto da notícia (Batista et al., 2016Batista, B. R., Duarte, M., & Cia, F. (2016). A interação entre as pessoas com síndrome de Down e seus irmãos: Um estudo exploratório. Ciência e Saúde Coletiva, 21(10), 30913099. https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.17282016
https://doi.org/10.1590/1413-81232015211...
). Yamashiro e Matsukura (2013Yamashiro, J. A., & Matsukura, T. S. (2013). Irmãos mais velhos de crianças com deficiência e de crianças com desenvolvimento típico: cotidiano e relacionamentos fraternos. Revista de terapia ocupacional da USP, 24(2), 8794. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v24i2p87-94
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) consideram que o nascimento de um bebê, independentemente da existência de uma deficiência, ocasiona um impacto no irmão. Torna-se importante o cuidado do profissional ao relatar a notícia do diagnóstico aos pais para que também possam transmitir a notícia aos filhos de forma adequada (Batista et al., 2016Batista, B. R., Duarte, M., & Cia, F. (2016). A interação entre as pessoas com síndrome de Down e seus irmãos: Um estudo exploratório. Ciência e Saúde Coletiva, 21(10), 30913099. https://doi.org/10.1590/1413-812320152110.17282016
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).

Além disso, considerando o impacto que o diagnóstico pode acarretar nas famílias, os resultados dos estudos selecionados na análise também mencionaram os sentimentos e as reações da família frente ao diagnóstico de deficiência, sendo necessária a elaboração dessa situação para a aceitação da criança.

Sentimentos e reações diante do diagnóstico de deficiência

Assim como há despreparo por parte dos profissionais da área da saúde para dar o diagnóstico, também existe dificuldade dos pais em recebê-lo (Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200800...
; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
). Os estudos selecionados neste levantamento apontam que o impacto desencadeado pela notícia do diagnóstico pode ocasionar emoções e reações relacionadas a dúvida, choque, frustração, culpa, tristeza, desamparo, angústia, medo, insegurança, preocupação, rejeição, revolta, agressividade, negação, vergonha, isolamento, superproteção, entre outras (Barak-Levy & Atzaba-Poria, 2015Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2015). The effects of familial risk and parental resolution on parenting a child with mild intellectual disability. Research in Developmental Disabilities , 47, 106116. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.008
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.0...
; Barbosa et al., 2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
https://doi.org/10.1590/S0103-2100200800...
; Brunhara & Petean, 1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
https://doi.org/10.1590/S0103-863X199900...
; Camargo & Londero, 2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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; Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
https://doi.org/10.1590/S1413-8123200800...
; Ferrari et al., 2010Ferrari, S., Zaher, V. L., & Gonçalves, M. J. (2010). O nascimento de um bebê prematuro ou deficiente: Questões de bioética na comunicação do diagnóstico. Psicologia USP, 21(4), 781808. https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400008
https://doi.org/10.1590/S0103-6564201000...
; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Höher & Wagner, 2006Höher, S. P., & Wagner, A. D. L. (2006). A transmissão do diagnóstico e de orientações pais de crianças com necessidades especiais: A questão da formação profissional. Estudos de Psicologia, 23(2), 113125. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2006000200002
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; Lemes & Barbosa, 2007Lemes, L. C., & Barbosa, M. A. M. (2007). Comunicando à mãe o nascimento do filho com deficiência. Acta Paulista de Enfermagem , 20(4), 441445. https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000400009
https://doi.org/10.1590/S0103-2100200700...
; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
https://doi.org/10.4322/cto.2014.003...
).

É possível identificar grande variação na intensidade dessas emoções, como também na habilidade dos pais de lidarem com elas, o que pode dificultar a assimilação das informações fornecidas pela equipe durante o processo do diagnóstico (Barak-Levy & Atzaba-Poria, 2015Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2015). The effects of familial risk and parental resolution on parenting a child with mild intellectual disability. Research in Developmental Disabilities , 47, 106116. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.008
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.0...
; Ferrari et al., 2010Ferrari, S., Zaher, V. L., & Gonçalves, M. J. (2010). O nascimento de um bebê prematuro ou deficiente: Questões de bioética na comunicação do diagnóstico. Psicologia USP, 21(4), 781808. https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400008
https://doi.org/10.1590/S0103-6564201000...
; Silva & Ramos, 2014Silva, C. C. B., & Ramos, L. Z. (2014). Reações dos familiares frente à descoberta da deficiência dos filhos. Caderno de Terapia Ocupacional UFSCar, 22(1), 1523. https://doi.org/10.4322/cto.2014.003
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). Qualquer eventualidade desconhecida ou não planejada pode se tornar uma realidade difícil de ser assimilada. Logo, a família pode apresentar dificuldades para nomear e expressar o que está vivenciando, sendo que um psicólogo pode auxiliar na percepção dos conflitos e sentimentos vivenciados por meio de escuta e acolhimento emocional (Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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; Padua & Rodrigues, 2013Padua, E., & Rodrigues, L. (2013, 5-7 de novembro). Família e deficiência: reflexões sobre o papel do psicólogo no apoio aos familiares de pessoas com deficiência. VIII Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, Londrina.). Cabe ressaltar que essas reações são consideradas naturais perante uma situação de crise (Brunhara & Petean, 1999Brunhara, F., & Petean, E. B. L. (1999). Mães e filhos especiais: Reações, sentimentos e explicações à deficiência da criança. Paidéia, 9(16), 3140. https://doi.org/10.1590/S0103-863X1999000100004
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; Moura & Valério, 2003Moura, L., & Valério, N. (2003). A família da criança deficiente. Caderno de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 3(1), 4751.; Murphy, 2011bMurphy, A. (2011b). Nasce uma criança com síndrome de down. In S. Pueschel (Ed.), Síndrome de down: guia para pais e educadores (pp. 2331). Papirus.).

Segundo Camargo e Londero (2008Camargo, S., & Londero, A. (2008). Implicações do diagnóstico na aceitação da criança com deficiência: Um estudo qualificado. Integração em Psicologia, 12(2), 277289. https://doi.org/10.5380/psi.v12i2.10207
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), receber o diagnóstico de forma negativa pode refletir no aumento de conflitos e na intensificação do sofrimento familiar. Contudo, mesmo que no momento inicial ocorra uma desorganização na família, é possível que posteriormente ela consiga desenvolver estratégias de enfrentamento, adaptando-se ao nascimento do filho com deficiência (Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.).

Possibilidade de desenvolvimento da criança

Diante do nascimento de uma criança com deficiência, torna-se necessária uma reorganização familiar, a partir da qual seus membros vivenciam um processo de mudanças significativas, redefinição de papéis e adaptação a um novo estilo de vida. Frente ao recebimento de um diagnóstico, é provável que nenhuma família esteja preparada para lidar com a deficiência, podendo tanto limitar e distorcer quanto encorajar e auxiliar o desenvolvimento do filho. A partir da literatura, é possível afirmar que apenas após a aceitação da deficiência do filho haverá possibilidade de um desenvolvimento que vise as potencialidades da criança (Barbosa et al., 2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
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; Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.; Fiamenghi Jr. & Messa, 2007Fiamenghi Jr., G. A., & Messa, A. A. (2007). Pais, filhos e deficiência: Estudos sobre as relações familiares. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(2), 236245. https://doi.org/10.1590/S1414-98932007000200006
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; Givigi et al., 2015Givigi, R. C. N., Souza, T. A., Silva, R. S., Dourado, S. S. F., Alcântara, J. N., & Lima, M. V. A. (2015). Implicações de um diagnóstico: O que sentem as famílias dos sujeitos com deficiência? Distúrbios da Comunicação, 27(3), 445453.; Moura & Valério, 2003Moura, L., & Valério, N. (2003). A família da criança deficiente. Caderno de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 3(1), 4751.).

Além das questões apresentadas na introdução em relação às fases vivenciadas pela família até o momento da aceitação da criança com seus limites e potenciais, também pode existir uma dificuldade na interação com o bebê. Por vivenciar um desapego emocional e rompimento afetivo com o filho, a mãe pode não conseguir amamentar seu bebê e dele cuidar. Diante das reações e sentimentos vivenciados pela família no recebimento do diagnóstico de deficiência de um filho, também é possível que a mãe desenvolva uma aversão física e emocional em relação à criança que a impossibilite de se envolver em carinhos e cuidados, dificultando o estabelecimento do vínculo e o apego ao bebê (Barbosa et al., 2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
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; Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.).

Cabe ressaltar que as crianças com deficiência têm as mesmas necessidades das outras crianças. “Precisam dos mesmos afagos, o mesmo amor, o mesmo carinho os mesmos estímulos linguísticos, as mesmas oportunidades para explorarem seus próprios corpos e o ambiente” (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record., p. 37). Buscaglia (2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.) classifica os primeiros anos, que contemplam o nascimento e a infância, como cruciais para o desenvolvimento da criança com deficiência, já que tanto os pais quanto a criança necessitam de maior auxílio nesse período. Para isso, torna-se imprescindível que os pais sejam informados, esclarecidos e orientados a fim de que possam proporcionar um desenvolvimento adequado ao seu filho e de suas capacidades e se sintam preparados para influenciar positivamente na autoconfiança dele (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.; Glat & Pletsch, 2004Glat, R., & Pletsch, M. (2004). Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Cadernos de Educação Especial, 2(24), 3340.).

Estudos levantados nesta revisão têm enfatizado a importância da aceitação para a qualidade da interação com o filho. Segundo Feniger-Schaal e Oppenheim (2013Feniger-Schaal, R., & Oppenheim, D. (2013). Resolution of the diagnosis and maternal sensitivity among mothers of children with Intellectual Disability. Research in Developmental Disabilities , 34(1), 306313. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2012.08.007
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) e Barak-Levy e Atzaba-Poria (2015Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2015). The effects of familial risk and parental resolution on parenting a child with mild intellectual disability. Research in Developmental Disabilities , 47, 106116. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.008
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), aceitar o diagnóstico de deficiência da criança parece promover a capacidade e a qualidade da interação entre a família. Barak-Levy e Atzaba-Poria (2015Barak-Levy, Y., & Atzaba-Poria. (2015). The effects of familial risk and parental resolution on parenting a child with mild intellectual disability. Research in Developmental Disabilities , 47, 106116. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2015.09.008
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) também sugerem que a interação mãe-filho é influenciada pela combinação de ambos os estados de resolução, ou seja, tanto materna quanto paterna. Dessa forma, o fato de um dos parceiros não estar resolvido com o diagnóstico da criança influencia na interação com a criança.

Diante da aceitação, os pais passam a conhecer melhor seu filho e a vinculação tende a ser estabelecida. Ao se aproximarem da criança, seus sentimentos afloram, possibilitando o desenvolvimento do vínculo, e eles passam a amá-lo e respeitá-lo. Além disso, são mais participativos e buscam, cada vez mais, apoio, sugestões e esclarecimentos. Diante da aceitação, são estabelecidos novos parâmetros de comparação e a evolução da criança é percebida gradativamente, ocasionando satisfação pelas conquistas (Barbosa et al., 2008Barbosa, M. A. M., Chaud, M. N., & Gomes, M. M. F. (2008). Vivências de mães com um filho deficiente: Um estudo fenomenológico. Acta Paulista de Enfermagem, 21(1), 4652. https://doi.org/10.1590/S0103-21002008000100007
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; Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.). Segundo Buscaglia (2006Sá, S. M. P., & Rabinovich, E. P. (2006). Compreendendo a família da criança com deficiência física. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 6884. https://doi.org/10.7322/jhgd.19782
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):

A criança pode chorar tão alto quanto qualquer outra, reclamar com a mesma amargura, sofrer do mesmo modo profundo. Ao mesmo tempo, a criança pode rir tão alto, ser tão afetuosa e dar de maneira tão completa quanto as outras crianças. É através dessa percepção que começa a sua aceitação como uma pessoa completa (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record., p. 136).

As fases vivenciadas pela família devem ser compreendidas como um processo circular de desconstrução e reconstrução da realidade, no qual os familiares terão de encontrar maneiras de se adaptarem, gradual e continuamente, transformando a dificuldade da deficiência em um desafio a ser compreendido e superado (Defendi, Sanchez, Araldi, & Mariani, 2008Defendi, E. L., Sanchez, T. M., Araldi, A., & Mariani, E. (2008). A inclusão começa em casa: Família e deficiência visual. Fundação Dorina Nowill para Cegos.). Quando a criança com deficiência deixa de ser vista pelo seu déficit e passa a ser compreendida como uma pessoa integral, plena de significados, procedem, desse novo olhar, atitudes e posicionamentos que possibilitarão seu desenvolvimento global (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.).

É importante ressaltar que não se trata de negar a realidade ou a gravidade do quadro, mas sim de possibilitar condições para que se possa progredir, mesmo diante de significativas dificuldades, isto é, dar ênfase às potencialidades (Glat & Pletsch, 2004Glat, R., & Pletsch, M. (2004). Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Cadernos de Educação Especial, 2(24), 3340.). As únicas limitações reais que as crianças têm são aquelas que lhes são impostas, as quais tendem mais a serem criadas pela família e pela sociedade do que a advirem da própria deficiência. Torna-se importante que as crianças com deficiência se experimentem, descubram suas próprias forças e fraquezas, testem sua realidade e estabeleçam os próprios limites. Os profissionais da saúde, bem como professores e pais, poderão auxiliá-las, a longo prazo, a descobrir quais são suas reais limitações, contudo, apenas elas podem determinar o que lhes é possível e impossível (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.).

A família pode proporcionar o desenvolvimento de seu filho nos aspectos físico, afetivo, social e intelectual (Falkenbach et al., 2008Falkenbach, A. P., Drexsler, G., & Werler, V. (2008). A relação mãe/criança com deficiência: sentimentos e experiências. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2), 20652073. https://doi.org/10.1590/S1413-81232008000900011
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). O processo de crescimento e desenvolvimento da criança resulta da oportunidade, que a família lhe oferece, de ter um lugar seguro para descobrir a si mesma e as outras pessoas de seu mundo. O papel da família envolve o encorajamento da individualidade de seu filho, permitindo que faça suas próprias escolhas, que se manifeste e expresse seus sentimentos (Buscaglia, 2006Buscaglia, L. (2006). Os deficientes e seus pais (5a ed.). Record.; Sá & Rabinovich, 2006Sá, S. M. P., & Rabinovich, E. P. (2006). Compreendendo a família da criança com deficiência física. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 6884. https://doi.org/10.7322/jhgd.19782
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).

Contudo, muitas vezes, as famílias confundem a possibilidade de desenvolvimento com a cura e criam expectativas desproporcionais às reais possibilidades do filho (Glat & Pletsch, 2004Glat, R., & Pletsch, M. (2004). Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Cadernos de Educação Especial, 2(24), 3340.). Em outros contextos, ocorre um cuidado excessivo com a criança com deficiência. Não se nega que as pessoas com deficiência necessitam de um suporte maior, porém, quando se age de forma superprotetora, dificulta-se a independência e a autonomia, construídas a partir das interações sociais (Batista & França, 2007Batista, S., & França, R. (2007). Família de pessoas com deficiência: Desafios e superação. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, 3(10), 117121.; Glat & Pletsch, 2004Glat, R., & Pletsch, M. (2004). Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Cadernos de Educação Especial, 2(24), 3340.).

Além das questões apresentadas até aqui, cabe apontar que não é comprovado por pesquisas científicas que a criança com deficiência irá, necessariamente, produzir conflitos na família (Fiamenghi Jr. & Messa, 2007Fiamenghi Jr., G. A., & Messa, A. A. (2007). Pais, filhos e deficiência: Estudos sobre as relações familiares. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(2), 236245. https://doi.org/10.1590/S1414-98932007000200006
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). Segundo Pereira-Silva e Dessen (2006Sá, S. M. P., & Rabinovich, E. P. (2006). Compreendendo a família da criança com deficiência física. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1), 6884. https://doi.org/10.7322/jhgd.19782
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), não há diferenças acentuadas no funcionamento familiar de crianças com Síndrome de Down e com desenvolvimento típico. Tal entendimento também é obtido por Pereira-Silva et al. (2015Pereira-Silva, N. L., Dessen, M. A., & Barbosa, A. J. G. (2015). Ajustamento Conjugal: Comparação entre casais com e sem filhos com deficiência intelectual. Psico-USF, 20(2), 297308. https://doi.org/10.1590/1413-82712015200210
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), que apontam que a deficiência da criança não constitui um empecilho ao ajustamento diádico do casal. Isso significa que, independentemente da presença de uma criança com DI na família, pode existir ajustamento conjugal positivo ou negativo.

Considerações finais

A partir dos resultados, foi possível identificar que são escassos os estudos que abordam a comunicação do diagnóstico de deficiência da criança, bem como as reações e sentimentos diante dessa situação. A maior parte dos artigos envolveu uma amostragem pequena, explorando a temática de forma qualitativa.

Os resultados demonstram que os profissionais não estão preparados técnica ou emocionalmente para a comunicação do diagnóstico de deficiência de uma criança aos seus familiares, assunto importante a ser trabalhado desde a formação acadêmica. A maneira como o diagnóstico é transmitido pode influenciar significativamente nas reações vivenciadas pela família, na vinculação, aceitação ou rejeição da criança, bem como em sua possibilidade de desenvolvimento. O momento da comunicação pode ser mais adequado à medida que o profissional dispõe de um conhecimento apropriado sobre o diagnóstico. Mais do que ter conhecimento técnico, o ideal é que também haja atitude empática e compreensiva com a família. Compete aos profissionais comunicar de forma clara, compassiva, verdadeira e responsável, por meio de um atendimento humanizado, que leve em consideração a complexidade de receber um diagnóstico de deficiência e o impacto que ele ocasiona aos pais. A família deve obter, além de informações claras a respeito do diagnóstico, orientações referentes aos cuidados e procedimentos básicos, informações sobre serviços de reabilitação, recursos para a estimulação precoce e centros de referência para orientações. Salienta-se a importância de a equipe enfatizar as possibilidades de desenvolvimento da criança.

Diante dos sentimentos e reações que são vivenciados pela família, mostra-se necessário que a equipe de saúde saiba ser compreensiva. Os profissionais devem contribuir para o enfrentamento das angústias e expectativas, proporcionando uma nova visão sobre a criança com deficiência. Nesse sentido, a presença do psicólogo pode auxiliar no momento da comunicação. É necessário os pais possam ser amparados por profissionais preparados para tal situação, que inspirem confiança e forneçam para a família o conforto e o apoio necessários para contribuir da melhor forma com o desenvolvimento desse filho.

Este estudo apresenta algumas limitações. Embora tenha sido realizada uma busca com o intuito de levantar artigos somente sobre deficiência intelectual, a escassez de produções sobre o tema fez com que fossem incluídas palavras-chave mais amplas, como “deficiência”. Possivelmente, a inclusão de palavras-chave como “retardo mental” poderia ter proporcionado a captação de outros estudos, já que embora esse termo não esteja mais em uso na comunidade científica, poderia ter alcançado pesquisas mais antigas acerca da temática.

Apesar disso, este estudo trouxe resultados importantes no que tange à ausência de pesquisas em psicologia sobre a temática. Dessa forma, sugere-se que outros trabalhos busquem identificar como as instituições de ensino superior estão preparando os futuros profissionais da saúde em relação ao diagnóstico de deficiência. No que tange à atuação do psicólogo, seria interessante investigar, por meio de estudos de caso e de avaliação de intervenção, como esse profissional pode auxiliar a família da criança com DI no recebimento do diagnóstico e no atendimento clínico do filho, visando o desenvolvimento de suas potencialidades.

Por fim, ressalta-se que diante de uma comunicação inicial adequada, por meio da qual os pais se deparem com a deficiência conhecendo as possibilidades positivas, o espaço para o desenvolvimento da criança com deficiência não será caracterizado pela doença, mas sim pela saúde. Quando a criança deixar de ser vista apenas pelo seu déficit, poderão proceder desse novo olhar atitudes e posicionamentos que possibilitarão o seu desenvolvimento global.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    25 Jul 2018
  • Aceito
    22 Ago 2019
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