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A Disciplina Psicologia do Esporte nos Cursos de Psicologia e Educação Física

Sports Psychology in Psychology and Physical Education Courses

La Materia Psicología del Deporte en los Cursos de Psicología y Educación Física

Resumo

Este discute a representatividade da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de Psicologia e Educação Física em instituições de ensino superior reconhecidas pelo MEC e situadas na região Sul do país. Foi realizado um estudo documental, com base nos currículos das Instituições. Os resultados revelaram que no Sul do Brasil 21,02% dos cursos de Psicologia, 41,96% dos cursos de bacharelado em Educação Física e apenas 14,83% dos cursos de licenciatura em Educação Física apresentam a disciplina Psicologia do Esporte em sua grade curricular. Observou-se que a disciplina é ofertada mais frequentemente em regime obrigatório nos cursos de bacharelado em Educação Física. Nos cursos de Psicologia, quando ofertada, costuma ser optativa. Os resultados evidenciam uma maior oferta da disciplina para os estudantes de Educação Física, em relação aos de Psicologia, o que pode estar relacionado ao próprio contexto de surgimento da disciplina e sua popularização no meio acadêmico. Para que esse panorama possa mudar e se possa oferecer uma formação adequada no curso de Psicologia para fomentar essa opção de carreira, há necessidade de se repensar o currículo e o próprio perfil do egresso, de forma a dar mais oportunidade aos estudantes para que conheçam as bases teóricas e os campos de aplicação da Psicologia do Esporte. Tal lacuna pode acarretar a fragilização da disseminação desse conhecimento aos estudantes de graduação e a consequente ocupação do mercado de trabalho.

Palavras-chave:
Psicologia do esporte; Psicologia; Educação Física; Grade curricular

Abstract

This study discusses the representativeness of Sports Psychology in Psychology and Physical Education courses at higher education institutions from Southern Brazil. A documentary study was conducted based on the institutions’ curricula. Results show that 21.02% of the Psychology major, 41.96% of the bachelor’s in Physical Education, and only 14.83% of the license in Physical Education offer Sports Psychology in their curricula. Sports Psychology is most often offered as a compulsory subject in the bachelor’s program in Physical Education, whereas Psychology courses offer it mainly as an elective. Physical Education students have greater contact with the discipline when compared with Psychology students, which may be explained by its context of development and popularization in the academic environment. To change this scenario and offer adequate education in the Psychology programs to foster this career option, institutions must rethink their curriculum and the graduate profile itself. This would give students better opportunity to get to know its theoretical bases and fields of application. Such a gap can hinder the dissemination of this knowledge to undergraduate students and the consequent labor market occupation.

Keywords:
Sports Psychology; Psychology; Physical Education; Curriculum

Resumen

El objetivo de este estudio es discutir la representatividad de la materia Psicología del Deporte en los cursos de Psicología y Educación Física en instituciones de educación superior de la región Sur de Brasil, reconocidas por el Ministerio de Educación (MEC). Se realizó un estudio documental, basado en los planes de estudio de las instituciones. Los resultados revelaron que, en el Sur de Brasil, el 21,02% de los cursos de Psicología, el 41,96% de los cursos de licenciatura en Educación Física y sólo el 14,83% de los cursos de profesorado en Educación tienen la materia Psicología del Deporte en sus planes de estudio. Se observó que la materia Psicología del Deporte se ofrece con mayor frecuencia como asignatura obligatoria en los cursos de licenciatura en Educación Física. Cuando se ofrece en los cursos de Psicología, es una materia optativa. Los resultados muestran una mayor oferta para los estudiantes de Educación Física en comparación con Psicología, lo que puede estar relacionado con el contexto del surgimiento de la Psicología del Deporte como materia y su popularización en el ámbito académico. Para que este escenario cambie y sea posible ofrecer una formación adecuada en el curso de Psicología con el fin de fomentar esta opción de carrera, es necesario repensar el plan de estudios y el perfil del egresado, así los estudiantes tendrán más oportunidades de conocer sus bases teóricas y sus campos de actuación. Tal brecha puede debilitar la difusión de este conocimiento a los estudiantes de grado y la consecuente ocupación en el mercado laboral.

Palabras clave:
Psicología del Deporte; Psicología; Educación Física; Plan de estudios

Introdução

A Psicologia do Esporte é um campo de estudo científico sobre comportamento no esporte valorizado especialmente em função das suas contribuições para a avaliação e o desenvolvimento de habilidades no desempenho esportivo (Moran & Toner, 2017Moran, A., & Toner, J. (2017). Psicología del deporte. Manual Moderno.; Raab, 2020Raab, M. (2020). Performance psychology: A guiding framework for sport psychology. In G. Tenenbaum, & R. C. Eklund (Eds.), Handbook of Sport Psychology (pp. 1111-1130). https://doi.org/10.1002/9781119568124.ch54
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). O psicólogo do esporte se ocupa da aplicação de conhecimentos e habilidades técnicas produzidas na área das ciências aplicadas ao esporte e ao exercício, com o propósito de promover o bem-estar psicológico e o desenvolvimento socioprofissional de atletas e praticantes de esportes e exercícios, assim como intervir favoravelmente em seu desempenho e participação em organizações esportivas (Brandão, 1995Brandão, M. R. F. (1995). Psicologia do esporte. In A. Ferreira Neto, S. V. Goellner, & V. Bracht. (Orgs.). As ciências do esporte no Brasil. Autores Associados.; Rubio; 1999Rubio, K. (1999). A psicologia do Esporte: Histórico e áreas de atuação e pesquisa. Psicologia: ciência e profissão , 19(3), 60-69. https://doi.org/10.1590/S1414-98931999000300007
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; Weinberg & Gould, 2018Weinberg, R. S., & Gould, D. (2018). Foundations of Sport and Exercise Psychology. Champaign: Human Kinetics.).

A aplicação de conhecimentos produzidos no âmbito da Psicologia do Esporte tem atraído estudantes e profissionais de diferentes áreas de ensino e pesquisa devido ao potencial de desenvolvimento deste campo de atuação (Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
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; Vilarino et al., 2017Vilarino, G. T., Dominski, F. H., Andrade, R. D., Felden, E. P. G., & Andrade, A. (2017). Análise dos grupos de pesquisa em Psicologia do Esporte e do exercício no Brasil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte , 39(4), 371-379. https://doi.org/10.1016/j.rbce.2017.07.004.
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), reforçando a necessidade de qualificação e profissionalização de especialistas. Assim, a qualificação pode ser construída pela proficiência em Psicologia do Esporte; em termos de domínio do campo e de habilitação profissional é, em geral, adquirida em cursos de especialização (lato sensu) e em pesquisas realizadas nas modalidades stricto sensu (mestrado, doutorado), especialmente nas áreas de Psicologia e Educação Física.

No Catálogo Brasileiro de Ocupações - CBO, dentre as atribuições profissionais do psicólogo, as intervenções em Psicologia do Esporte destinam-se a auxiliar o desempenho de atletas, praticantes de esportes e exercícios e demais envolvidos (treinadores, gestores, pais). Apesar de a atuação em Psicologia do Esporte não estar contemplada nas atribuições do profissional da Educação Física segundo o CBO, há uma intensa participação desses profissionais nesse contexto, e os marcos legais produzidos no âmbito da Psicologia e da Educação Física mostram indicadores curriculares e práticas em Psicologia do Esporte nesses cursos de formação (Lei Federal nº 9.696, 1998Lei Federal nº 9.696/98 de 1 de setembro de 1998. (1998, 1 de setembro) Dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física. Presidência da República. https://bit.ly/2ON8nwh
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; Raab, 2020Raab, M. (2020). Performance psychology: A guiding framework for sport psychology. In G. Tenenbaum, & R. C. Eklund (Eds.), Handbook of Sport Psychology (pp. 1111-1130). https://doi.org/10.1002/9781119568124.ch54
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; Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
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). Neste artigo será apresentado um breve recorte histórico das normas para compreensão do caminho percorrido pela Psicologia do Esporte nos cursos de Psicologia e Educação Física, com o objetivo de conhecer a inserção dessa disciplina nas referidas graduações.

A Psicologia foi reconhecida como profissão pela Lei Federal nº 4.119 (1962Lei Federal nº 4.119/62 de 27 de agosto de 1962. (1962, 27 de agosto) Dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Presidência da República. https://bit.ly/404jRQD
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), que regulamentou os cursos de graduação em Psicologia e a profissão de psicólogo no Brasil. Essa norma aborda as funções privativas do psicólogo e as técnicas psicológicas, bem como o direito do psicólogo de ensinar a Psicologia nos diferentes cursos de graduação. Antes mesmo de haver reconhecimento e regulamentação da Psicologia como profissão, fora instituído em 1961 e regulamentado em 1962 o Currículo Mínimo dos Cursos de Psicologia no Brasil.

Na história da Educação Física, o marco da regulamentação do ensino é o Decreto-lei nº 1.212 (1939Decreto-lei nº 1.212/39 de 17 de abril de 1939. (1939, 17 de abril). Cria, na Universidade do Brasil, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Presidência da República. https://bit.ly/416DMzF
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) que cria, na Universidade do Brasil, a Escola Nacional; esta norma foi considerada um avanço para o campo profissional da Educação Física. O currículo, à época, apresentava um núcleo de disciplinas básicas, assim como disciplinas específicas organizadas a partir das modalidades esportivas de interesse para atuação profissional (Souza Neto et al., 2004Souza Neto, S. D., Alegre, A. D. N., Hunger, D., & Pereira, J. M. (2004). A formação do profissional de Educação Física no Brasil: Uma história sob a perspectiva da legislação federal no século XX. Revista Brasileira de Ciências do Esporte , 25(2). https://bit.ly/3ofqJh2
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). Dentre as disciplinas apresentadas, constava a Psicologia Aplicada, o que mostra uma primeira articulação científica entre a Psicologia e a Educação Física por via de uma organização curricular.

A Lei Federal 4.119 (1962Lei Federal nº 4.119/62 de 27 de agosto de 1962. (1962, 27 de agosto) Dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Presidência da República. https://bit.ly/404jRQD
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) propôs um conjunto de diretrizes indispensáveis para a formação em cursos de graduação em Psicologia, entretanto compartimentado e desvinculado do contexto e das demandas sociais (Damasceno et al., 2016Damasceno, N. F. P., Müller, N., Cordeiro, M. J. J. A., Missio, L., Reis, C. B., & Sales, C. M. (2016). Formação em psicologia: O processo histórico e a análise de um projeto político pedagógico. Interfaces da Educação, 7(21), 243-264. https://doi.org/10.26514/inter.v7i21.1104
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; Rudá et al., 2015Rudá, C., Coutinho, D., & Almeida-Filho, N. (2015). Formação em Psicologia no Brasil: o período do currículo mínimo (1962-2004). Memorandum, 29, 59-85. https://bit.ly/3mue6hv
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). O modelo de formação foi amplamente criticado pela categoria por tornar o estudante apenas um consumidor de conhecimento alheio à sua realidade e às possíveis práticas da Psicologia (Cury & Ferreira Neto, 2014Cury, B. M., & Ferreira Neto, J. L. (2014). Do currículo mínimo às diretrizes curriculares: Os estágios na formação do psicólogo. Psicologia em Revista, 20(3), 494-512. https://bit.ly/3KULruj
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). Esta lei foi construída de forma generalista e possibilitou que as instituições de ensino superior (IES) organizassem seus cursos a partir de diretrizes gerais de funcionamento e organização.

Dessa forma, a construção de um curso de graduação em Psicologia que possibilite uma diversidade de áreas de conhecimentos e campos de atuação em Psicologia sempre foi um empreendimento difícil e complexo, pois o número de créditos a serem cursados e o tempo para a conclusão do curso são variáveis limitadoras (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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; Rubio, 1999Rubio, K. (1999). A psicologia do Esporte: Histórico e áreas de atuação e pesquisa. Psicologia: ciência e profissão , 19(3), 60-69. https://doi.org/10.1590/S1414-98931999000300007
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). Contemplar o debate sobre as novas demandas da profissão, articuladas com a realidade sociocultural e o contexto regional em que a instituição de ensino está inserida, constitui-se relevante para a construção de um curso que contemple as competências necessárias para o exercício profissional voltado para as diferentes demandas sociais (Macedo et al., 2017Macedo, J. P., Lima, M. S. S., Dantas, C., & Dimenstein, M. (2017). Transnacionalização do Ensino Superior: Impactos nos Processos Formativos em Psicologia no Brasil. Psicologia: ciência e profissão , 37(4), 852-868. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703004272016
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; Magalhães, 2013Magalhães, S. M. O. (2013). Ensino de Psicologia: limites do atual paradigma e a complementaridade do paradigma da complexidade. Educar em Revista, 48, 265-287. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602013000200016
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).

É possível identificar algo em comum nos primeiros currículos da Psicologia e da Educação Física: a ausência de discussão sobre a formação profissional de forma ampla. Esse aspecto começa a aparecer na medida em que são identificadas necessidades científicas e profissionais para lidar com o desenvolvimento das subáreas de conhecimento e de especializações (De Oliveira, 1997De Oliveira, A. A. B. (1997). Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Journal of Physical Education, 8(1), 21-27. https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3868
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; Machado, 2009Machado, A. A. (2009). Formação acadêmica e intervenção profissional na perspectiva da Psicologia do Esporte. Motriz, 15(4), 935-943. ). Assim, a avaliação do ensino da Psicologia e da Educação Física e das competências para tornar-se profissional ganha importância devido à exigência do mercado por profissionais qualificados para especificidades do exercício da profissão (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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; De Oliveira, 1997De Oliveira, A. A. B. (1997). Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Journal of Physical Education, 8(1), 21-27. https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3868
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; Iaochite et al., 2004Iaochite, R. T., Largura, W. A. N., Azzi, R. G., & Sadalla, A. M. F. A. (2004). Contribuições da psicologia para a formação em educação física. Motriz. 10(3), 153-158. https://bit.ly/3mrN3DB
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)

Outro documento que traz informações importantes sobre a regulamentação do ensino, em especial quais competências profissionais e habilidades os egressos deveriam desenvolver durante a graduação, são as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para Cursos de Psicologia e da Educação Física. Elas contêm as normas e parâmetros para construção dos cursos de graduação e, consequentemente, os parâmetros para definição das disciplinas que subsidiam o desenvolvimento de competências profissionais gerais e específicas. Nas DCN também estão descritos as regras e os pressupostos para o oferecimento e funcionamento dos cursos de graduação, que versam e estabelecem padrões para o planejamento, a implementação e as ações avaliativas de cursos (Parecer CNE/CES nº 138, 2002Parecer CNE/CES nº 138 de 3 de abril de 2002. (2002, 3 de abril). Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Ministério da Educação. https://bit.ly/2yj7XuA
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; Resolução CNE/CES n.º 5, 2011Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011. (2011, 15 de março). Institui as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar para a formação de professores de Psicologia. Ministério da Educação. https://bit.ly/2JsZhSL
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).

Em 2001 foi elaborada a primeira DCN para os cursos de graduação em Psicologia (Resolução CNE/CES nº 1.314, 2001Resolução CNE/CES nº 1.314 de 7 de novembro de 2001. (2001, 7 de novembro) Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Ministério da Educação. https://bit.ly/3GHdxrg
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); atualmente estão vigentes as DCN que constam na Resolução nº 5, de 15 de março de 2011 (Resolução CNE/CES n.º 5, 2011Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011. (2011, 15 de março). Institui as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar para a formação de professores de Psicologia. Ministério da Educação. https://bit.ly/2JsZhSL
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), a qual determina que os cursos de Psicologia devem promover uma formação pluralista e potencializar o olhar crítico dos graduandos para a realidade em que serão inseridos. Já em relação à Educação Física, o Parecer CNE/CES nº 138 (2002Parecer CNE/CES nº 138 de 3 de abril de 2002. (2002, 3 de abril). Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Ministério da Educação. https://bit.ly/2yj7XuA
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), aprovado em 3 de abril de 2002, aborda as primeiras DCN do curso de graduação em Educação Física. A minuta das DCN foi produzida pelas comissões de especialistas de ensino do Ministério da Educação (MEC) e neste documento constam princípios, fundamentos, condições de oferecimento e procedimentos para o planejamento, implementação e avaliação das graduações em Educação Física.

As DCN vigentes para a Educação Física foram constituídas em 2011 e homologadas no ano subsequente, e mantém a Psicologia como área científica correlata a ser estudada durante a graduação. Essas diretrizes indicam que os conteúdos curriculares proporcionam uma formação ampla, que contempla os contextos históricos e sociais específicos e o diálogo com outras áreas de conhecimento científico. A partir delas, conteúdos oriundos do campo da Psicologia são incluídos no ensino de Educação Física, tendo como orientação o estudo de “conhecimentos comportamentais da Atividade Física / Movimento Humano (mecanismos e processos de desenvolvimento motriz, aquisição de habilidades e de fatores psicológicos)” (Parecer CNE/CES nº 138, 2002, p. 7Parecer CNE/CES nº 138 de 3 de abril de 2002. (2002, 3 de abril). Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Ministério da Educação. https://bit.ly/2yj7XuA
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).

A Psicologia como ciência está inserida legalmente na Educação Física desde a criação do Decreto-lei nº 1.212 (1939Decreto-lei nº 1.212/39 de 17 de abril de 1939. (1939, 17 de abril). Cria, na Universidade do Brasil, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos. Presidência da República. https://bit.ly/416DMzF
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) por via da disciplina Psicologia Aplicada. Posteriormente, essa disciplina foi mantida pela construção das diretrizes curriculares e a inclusão da Psicologia como competência a ser desenvolvida (Epiphanio, 1999Epiphanio, E. H. (1999). Psicologia do Esporte: Apropriando a desapropriação. Psicologia: ciência e profissão , 19(3), 70-73. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931999000300008
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; Iaochite et al., 2004Iaochite, R. T., Largura, W. A. N., Azzi, R. G., & Sadalla, A. M. F. A. (2004). Contribuições da psicologia para a formação em educação física. Motriz. 10(3), 153-158. https://bit.ly/3mrN3DB
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; Massa, 2002Massa, M. (2002). Caracterização acadêmica e profissional da Educação Física. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, 1(1), 29-38. https://bit.ly/41t1dD2
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; Matos & Piccolo, 2013Matos, T. S. Q., & Piccolo, V. L. N. (2013). Contribuições da psicologia na formação do professor de Educação Física. Revista Encontro de Pesquisa em Educação, 1(1), 176-190). https://bit.ly/3KzZaqa
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).

O ensino de conteúdo especializado em Psicologia tem a pretensão de contribuir para o desenvolvimento de habilidades e competências do psicólogo, garantindo, assim, o domínio de conhecimentos científico-metodológicos que poderão ser aplicados em diferentes contextos profissionais (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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; Cury & Ferreira Neto, 2014Cury, B. M., & Ferreira Neto, J. L. (2014). Do currículo mínimo às diretrizes curriculares: Os estágios na formação do psicólogo. Psicologia em Revista, 20(3), 494-512. https://bit.ly/3KULruj
https://bit.ly/3KULruj...
; Magalhães, 2013Magalhães, S. M. O. (2013). Ensino de Psicologia: limites do atual paradigma e a complementaridade do paradigma da complexidade. Educar em Revista, 48, 265-287. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602013000200016
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). Contudo, os cursos de Psicologia são organizados por via da elaboração de disciplinas que vêm a configurar as áreas de atuação do psicólogo; até então, têm-se contemplado principalmente as seguintes áreas de atuação profissional: Psicologia Clínica, Organizacional, Escolar e Social.

Assim, as DCN dos cursos de Psicologia e Educação Física são referências técnicas e legais para o desenvolvimento da formação profissional voltada para diferentes contextos e campos de atuação. Constituem-se como parâmetros para as instituições de ensino organizarem projetos curriculares básicos, complementares e profissionalizantes, buscando contemplar necessidades nacionais e regionais e tendo em vista o perfil institucional de formação e as demandas profissionais.

As demandas profissionais foram surgindo ao longo da história e as profissões têm acompanhado as transformações, se reinventando a partir das necessidades criadas neste percurso. Os cursos de Psicologia e Educação Física, ao acompanhar esses fenômenos históricos da profissão, também reorganizaram seus currículos para alinhar as demandas profissionais com as competências e habilidades a serem abordadas nas disciplinas.

No ano de 2018 aconteceu a mais recente revisão das DCN para os cursos de graduação em Psicologia. Esse movimento contou com a participação de docentes, estudantes e profissionais, que construíram propostas para as novas diretrizes. O processo aconteceu em todas as regiões do Brasil e teve ampla participação (Conselho Federal de Psicologia, 2018Conselho Federal de Psicologia (2018). Ano da formação em Psicologia: Revisão das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em psicologia. Conselho Federal de Psicologia; Associação Brasileira de Ensino de Psicologia; Federação Nacional dos Psicólogos. https://bit.ly/2HmGpGC
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). A minuta das DCN para os cursos de Psicologia, que está tramitando durante o desenvolvimento desta pesquisa, apresenta avanços significativos que coadunam com o Estado democrático de direito, consolidando uma Psicologia norteada pelos direitos humanos, comprometida com a diversidade e os princípios da inclusão, ética em relação ao ser humano e implicada nas questões sociais e na promoção de cidadania. Igualmente às DCN anteriores, essa minuta não propõe modelos de programa, disciplinas ou plano de ensino, possibilitando ao professor elaborar e adequar a programação do conteúdo estudado às demandas locais.

Este processo de discussão e atualização das DCN também aconteceu na Educação Física, e teve como resultado o Parecer CNE/CES nº 584 (2018Parecer CNE/CES nº 584, de 3 outubro de 2018. (2018, 3 de outubro). Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Educação Física. Ministério da Educação. https://bit.ly/416cMQW
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), que aborda o compromisso da Educação Física em assegurar uma formação acadêmico-profissional generalista, humanista e crítica, pautada pela cientificidade e pela ética. A proposta é desenvolver os egressos para analisar criticamente a realidade social, intervindo nas diferentes formas de movimento e exercício humano, jogos e modalidades esportivas, possibilitando o enriquecimento cultural das pessoas e contribuindo para a ampliação de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.

A organização curricular - e, por consequência, as disciplinas ofertadas nos cursos de graduação em geral - é incumbência do Núcleo Docente Estruturante (NDE), que precisa ser ativo na criação, desenvolvimento e atualização do projeto político-pedagógico do curso. O NDE também escolhe se determinada disciplina será obrigatória ou eletiva, assim como a carga horária e o número de créditos. Todavia, as deliberações sobre a grade curricular devem estar em consonância com as DCN Elaborar um currículo que atenda às demandas contextuais, bem como que proporcione ao estudante uma relação entre os conteúdos curriculares e o campo de atuação profissional é uma tarefa desafiadora. Além disso, há a necessidade de ter professores qualificados para lecionar as disciplinas elencadas no curso (Seixas, 2014Seixas, P. S. (2014). A formação graduada em Psicologia no Brasil: reflexão sobre os principais dilemas em um contexto pós-DCN (Tese de doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Repositório Institucional UFRN. https://bit.ly/41tkLXQ
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).

As graduações em Psicologia geralmente são voltadas para o contexto da clínica e da saúde, áreas com um arcabouço teórico e prático mais robusto, em comparação com as áreas emergentes, como é o caso da Psicologia do Esporte. Nos cursos de Educação Física, a licenciatura é voltada para o ensino e o bacharelado, para intervenções no esporte e no movimento humano. Provavelmente pela história e aproximação da Educação Física com o esporte, a disciplina Psicologia do Esporte é ofertada com frequência nos bacharelados em Educação Física; já nas licenciaturas em Educação Física, comumente se encontra a disciplina Psicologia da Educação.

Na Psicologia, no entanto, há mais de duas décadas Carvalho e Sampaio (1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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) questionam a reforma curricular, visando atender as demandas crescentes das novas áreas de atuação, como a Psicologia do Esporte. “A inclusão de disciplinas com conteúdo específico das novas áreas não seria, então, um ponto de partida, mas poderia ser a consequência de um processo ou um ponto de chegada” (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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, p. 17). Este processo deveria considerar, além da mudança curricular em si, as possibilidades de sua implementação, assim como as áreas de atuação que estão sendo constituídas. Dessa maneira, a reforma curricular foi uma estratégia importante para o alinhamento dos conteúdos estudados às demandas enfrentadas pelo profissional no desempenho da profissão (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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; De Oliveira, 1997De Oliveira, A. A. B. (1997). Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Journal of Physical Education, 8(1), 21-27. https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3868
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/...
; Iaochite et al., 2004Iaochite, R. T., Largura, W. A. N., Azzi, R. G., & Sadalla, A. M. F. A. (2004). Contribuições da psicologia para a formação em educação física. Motriz. 10(3), 153-158. https://bit.ly/3mrN3DB
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; Machado, 2009Machado, A. A. (2009). Formação acadêmica e intervenção profissional na perspectiva da Psicologia do Esporte. Motriz, 15(4), 935-943. ).

Nesta perspectiva, movimentos institucionais contribuíram para a organização da Psicologia do Esporte, como foi o caso do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que, com a finalidade de regulamentar o exercício profissional do psicólogo no contexto esportivo (Silva, 2007Silva, M. F. F. (2007). A Psicologia do Esporte no sistema de conselhos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte , 1(1), 1-11. https://bit.ly/401Ze7z
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), elaborou em 1985 uma normativa na qual indicou a Psicologia do Esporte como área de atuação, a ser integrada no CBO, e estipulou as atribuições do psicólogo do esporte. Posteriormente, na década de 1990 surgem os primeiros cursos de pós-graduação na área, que ampliam as possibilidades de atuação e a produção de conhecimento científico, bem como possibilitam a busca por formação acadêmica específica (Rubio, 2000Rubio, K. (2000). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. Casa do Psicólogo.). A regulamentação do título de especialista em Psicologia do Esporte, em 2000, pelo Conselho Federal de Psicologia, instituído pela Resolução CFP nº 14 (2000), juntamente com os outros fatos descritos neste artigo, podem ser considerados marcos para o avanço da Psicologia do Esporte. Como a área de atuação estava em crescimento, paralelamente os cursos de pós-graduação expandiam suas ofertas (Carvalho & Sampaio, 1997Carvalho, M. T. M., & Sampaio, J. R. (1997). A formação do psicólogo e as áreas emergentes. Psicologia: ciência e profissão, 17(1), 14-19. https://bit.ly/3KAgcV9
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; Fitzpatrick et al., 2016Fitzpatrick, S. J., Monda, S. J., & Wooding, C. B. (2016). Great expectations: Career planning and training experiences of graduate students in sport and exercise psychology. Journal of Applied Sport Psychology, 28(1), 14-27. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
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; Rubio, 2000Rubio, K. (2000). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. Casa do Psicólogo.; Silva, 2007Silva, M. F. F. (2007). A Psicologia do Esporte no sistema de conselhos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte , 1(1), 1-11. https://bit.ly/401Ze7z
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).

Uma das principais discussões na Psicologia do Esporte diz respeito aos conteúdos necessários à formação dos profissionais: autores da área ressaltam a necessidade do estudo das ciências do esporte na formação dos psicólogos (Franco, 2004Franco, G. S. (2004). Preparando a vitória: Psicologia do Esporte e Psicodrama. Ágora.; Largura, 2000Largura, W. A. N. (2000). A Formação do psicólogo e a Psicologia do Esporte. In I. Dobranszky, & A. A. Machado (Orgs.), Delineamentos da psicologia do esporte: Evolução e aplicação. Tecnograf.; Rodrigues, 2006Rodrigues, M. C. P. (2006). Psicologia do Esporte: Discussões sobre o cenário brasileiro. (Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas). Repositório da produção científica e intelectual da Unicamp. https://bit.ly/3KyMDD9
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; Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
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; Weinberg & Gould, 2018Weinberg, R. S., & Gould, D. (2018). Foundations of Sport and Exercise Psychology. Champaign: Human Kinetics.). A problematização da relevância da disciplina de Psicologia do Esporte vai ao encontro da necessidade de qualificar os psicólogos que atuam no contexto esportivo. Esta área de atuação tem especificidades que os atuais currículos de Psicologia, no sul do Brasil, não contemplam, devido à escassez da disciplina nas grades curriculares dos cursos de graduação. Cabe mencionar que, quando há a disponibilização da disciplina, geralmente é na modalidade optativa, ocasionando a possibilidade de não oferta em determinados semestres.

Foi no I Congresso Nacional da Psicologia (CNP), realizado em 1994, que, pela primeira vez surgiu a proposta de incluir a disciplina Psicologia do Esporte nas grades curriculares dos cursos de graduação em Psicologia (Abdo, 2000Abdo, E. (2000). Psicologia do Esporte no Brasil. In K. Rubio (Org.), Encontros e Desencontros: Descobrindo a Psicologia do Esporte. Casa do Psicólogo.; Conselho Federal de Psicologia, 1994Conselho Federal de Psicologia. (1994). Jornal do Processo Constituinte. Jornal do Federal, 2(5).). A realidade do Sul do Brasil é semelhante às demais regiões brasileiras: poucos cursos de graduação ofertam a disciplina, que quando é oferecida, geralmente tem o caráter optativo (De Rose Jr, 2000De Rose Jr, D. (2000). O esporte e a Psicologia: enfoque do profissional do esporte. In: Rubio, K. (Org.). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.; Rodrigues, 2006Rodrigues, M. C. P. (2006). Psicologia do Esporte: Discussões sobre o cenário brasileiro. (Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas). Repositório da produção científica e intelectual da Unicamp. https://bit.ly/3KyMDD9
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); além disso, a disciplina está mais presente nos cursos de Educação Física que nos de Psicologia (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2016Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. (2016). Psicologia do Esporte: Contribuições para a atuação profissional. CRP-SP. https://bit.ly/40eU4pa
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).

Nos anos 2000, a Psicologia do Esporte foi denominada área emergente da Psicologia no Brasil, seja no tocante ao ensino, à pesquisa ou à atuação profissional (Dominski et al., 2018Dominski, F. O., Vilarino, G. T., Coimbra, D. R., Silva, R. B., Casagrande, P. O., & Andrade, A. (2018). Análise da produção científica relacionada à Psicologia do Esporte em periódicos das ciências do esporte de língua portuguesa. Journal of Physical Education , 29(1), 1-14. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1.2930
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; Fitzpatrick et al., 2016Fitzpatrick, S. J., Monda, S. J., & Wooding, C. B. (2016). Great expectations: Career planning and training experiences of graduate students in sport and exercise psychology. Journal of Applied Sport Psychology, 28(1), 14-27. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
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; Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
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). Pode-se considerar que a máxima ainda é válida, pois a área de atuação continua em desenvolvimento, os espaços de trabalho têm aumentado e os estudos científicos se multiplicam nas universidades, mesmo sem ter um número significativo de disciplinas ministradas nas graduações em Psicologia (De Rose Jr, 2000De Rose Jr, D. (2000). O esporte e a Psicologia: enfoque do profissional do esporte. In: Rubio, K. (Org.). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.; Rodrigues, 2006Rodrigues, M. C. P. (2006). Psicologia do Esporte: Discussões sobre o cenário brasileiro. (Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas). Repositório da produção científica e intelectual da Unicamp. https://bit.ly/3KyMDD9
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).

No Simpósio bianual de Pesquisa e Intercâmbio Científico da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia de 2016, houve a participação inédita de um grupo de trabalho em Psicologia do Esporte. Foram abordados temas gerais sobre a situação da área no país e, dentre eles, a questão da formação de psicólogos que ensinam em nível superior, bem como aqueles que atuam no campo (Barreira & Conde, 2016Barreira, C. R. A., & Conde, E. (2016). A Psicologia do Esporte na ANPEPP: um inédito grupo de trabalho inaugura sua participação. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 6(2), 2-13. http://dx.doi.org/10.31501/rbpe.v6i2.7091
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). O evento demonstra uma preocupação em desenvolver meios de qualificar o trabalho dos psicólogos esportivos por meio de sua formação. Embora haja avanço em atuação e pesquisa (Barreira & Conde, 2016Barreira, C. R. A., & Conde, E. (2016). A Psicologia do Esporte na ANPEPP: um inédito grupo de trabalho inaugura sua participação. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 6(2), 2-13. http://dx.doi.org/10.31501/rbpe.v6i2.7091
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) e um aumento da visibilidade gerada pelos megaeventos esportivos, a formação do psicólogo do esporte no Brasil ainda se mostra incipiente (Damasceno et al., 2016Damasceno, N. F. P., Müller, N., Cordeiro, M. J. J. A., Missio, L., Reis, C. B., & Sales, C. M. (2016). Formação em psicologia: O processo histórico e a análise de um projeto político pedagógico. Interfaces da Educação, 7(21), 243-264. https://doi.org/10.26514/inter.v7i21.1104
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; Largura, 2000Largura, W. A. N. (2000). A Formação do psicólogo e a Psicologia do Esporte. In I. Dobranszky, & A. A. Machado (Orgs.), Delineamentos da psicologia do esporte: Evolução e aplicação. Tecnograf.; Rodrigues, 2006Rodrigues, M. C. P. (2006). Psicologia do Esporte: Discussões sobre o cenário brasileiro. (Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas). Repositório da produção científica e intelectual da Unicamp. https://bit.ly/3KyMDD9
https://bit.ly/3KyMDD9...
).

Por esse motivo, o presente estudo discute o papel da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de graduação em Psicologia e Educação Física em instituições de ensino superior na região Sul do país reconhecidas pelo MEC. Nesta pesquisa, usa-se Psicologia do Esporte como nome referência da disciplina que aborda as discussões e problematizações do campo Psicologia do Esporte e do Exercício. Essa disciplina, no entanto, aparece nas grades curriculares das IES com este nome e com outros que remetem à atuação do psicólogo no contexto esportivo.

Método

Fonte de informações

Foi realizado um estudo documental com base nas fontes de informação descritas a seguir.

  1. Marcos legais relativos à fundação e profissionalização dos cursos de Psicologia e Educação Física, resoluções normativas relativas às diretrizes curriculares nacionais e às especificidades do exercício profissional no âmbito da Psicologia do Esporte e produções científicas acerca do ensino em Psicologia do Esporte.

  2. Dados obtidos no Sistema e-Mec, plataforma eletrônica do Ministério da Educação, regularizada pela Portaria Normativa nº 21 (2017Portaria nº 21 de 21 de dezembro de 2017. (2017, 21 de dezembro) Dispõe sobre o sistema e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação, avaliação e supervisão da educação superior no sistema federal de educação, e o Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de Educação Superior Cadastro e-MEC. Ministério da Educação. https://bit.ly/2PRcrjG
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    ), por meio da qual são gerenciados os dados das IES e demais cursos brasileiros. O e-Mec possibilita a consulta, via internet, de informações atualizadas sobre as instituições credenciadas, bem como dos cursos autorizados e reconhecidos em território nacional.

  3. Mapeamento da existência de plataformas eletrônicas das Instituições de Ensino Superior e acesso a seus sites. Nos sites foram realizadas buscas de grades curriculares, ementários dos cursos de Psicologia e Educação Física ou projetos políticos pedagógicos dos cursos, a fim de verificar quais deles apresentavam a disciplina Psicologia do Esporte.

Procedimentos

No segundo semestre de 2020, foi realizada a busca, com auxílio do Sistema e-Mec, dos cursos de graduação em Psicologia e Educação Física situados na região Sul do país, ofertados por instituições públicas e privadas reconhecidas pelo MEC. A partir dessa busca, foi gerado um relatório de consulta avançada no mês de dezembro do mesmo ano, em que constam todos os cursos de graduação reconhecidos, as regiões a que pertencem e os respectivos estados federativos.

Subsequentemente, foram mapeados e acessados os sites de todas as IES presentes no relatório de consulta avançada. Nos sites, foi realizada a busca de grades curriculares e ementários dos cursos de Psicologia e Educação Física; na falta dessas informações, procuravam-se os projetos políticos pedagógicos das graduações, a fim de verificar quais delas apresentavam a disciplina Psicologia do Esporte. Nos cursos cujos currículos oferecessem a disciplina, verificou-se seu regime, de modo a categorizá-las como obrigatórias ou optativas.

Neste ínterim, também foram enviadas mensagens por e-mail aos coordenadores dos cursos cujo currículo e/ou ementário não estivesse disponível no site da instituição; nessas mensagens, se apresentava uma breve explicação sobre os objetivos da pesquisa. Também se buscou a informação sobre se o curso oferece a disciplina Psicologia do Esporte e, em caso afirmativo, em qual regime ela é lecionada. Os coordenadores dos cursos também foram contatados via e-mail nos casos em que o currículo do curso e/ou ementário disponível no site da IES não apresentasse o regime de oferecimento da disciplina Psicologia do Esporte. Contudo, não se obtiveram todas as informações solicitadas - as informações obtidas serão apresentadas no texto e figuras subsequentes. Dessa forma, a lógica da busca de informações acerca dos currículos e o percurso podem ser visualizados com auxílio da Figura 1.

Figura 1
Esquema de acesso às informações das disciplinas.

Resultados

Foram mapeados na região Sul do Brasil, com base nos dados disponibilizados pelo sistema e-MEC, um total de 195 cursos de Psicologia, 224 cursos de bacharelado em Educação Física e 236 cursos de licenciatura em Educação Física, reconhecidos pelo MEC. Todos os cursos de Psicologia encontrados são oferecidos na modalidade presencial devido às normas legais que versam sobre este assunto. Os cursos de Educação Física têm normativas que possibilitam graduações à distância. Desta forma, foram contabilizados na modalidade presencial 127 cursos de licenciatura e 133 de bacharelado. Na modalidade à distância têm-se 109 cursos de licenciatura e 91 de bacharelado. Esses dados constam na Tabela 1.

Tabela 1
Oferta da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de graduação em Psicologia e Educação Física nas IES do sul do Brasil.

Dos 11 cursos de Psicologia oferecidos por IES federais e estaduais, quatro têm a disciplina Psicologia do Esporte, sendo uma em regime obrigatório (em Santa Catarina) e três em regime optativo (uma em cada estado da região Sul). Nos 44 cursos de Educação Física das universidades públicas, a disciplina é oferecida em sete IES em regime obrigatório (em dois cursos de licenciatura e cinco de bacharelado) e em seis IES em regime optativo (em quatro cursos de licenciatura e dois de bacharelado). Em uma das universidades, a informação estava indisponível. A frequência da presença da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de Psicologia e Educação Física de instituições públicas de ensino do Sul do Brasil podem ser verificadas na Tabela 2.

Tabela 2
Oferta da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de graduação em Psicologia e Educação Física nas IES Públicas e Privadas para cada estado do sul do Brasil.

Em relação às instituições de ensino superior privadas da região Sul do Brasil, 184 oferecem o curso de Psicologia, sendo 67 no Paraná, 55 em Santa Catarina e 62 no Rio Grande do Sul. Deste montante, há 12 instituições privadas que oferecem a disciplina Psicologia do Esporte de forma obrigatória e 19 de forma optativa. Ainda, dos 184 cursos privados de Psicologia, 122 não oferecem a disciplina e em 22 IES não se obteve a informação pesquisada. Na Tabela 2 é possível verificar os dados por estado.

Das 209 instituições privadas que oferecem o curso de licenciatura em Educação Física, 72 encontram-se no Paraná, 66 em Santa Catarina e 71 no Rio Grande do Sul. Dentre estas instituições da região Sul, 17 apresentam a disciplina Psicologia do Esporte em caráter obrigatório e 141 não têm a disciplina no currículo do curso. Em relação aos 207 cursos de bacharelado em Educação Física, 71 encontram-se no Paraná, 71 em Santa Catarina e 65 no Rio Grande do Sul; destes, 57 oferecem a disciplina de modo obrigatório, cinco de modo optativo e 80 não apresentam a referida disciplina em sua grade curricular.

Discussão

As informações coletadas e dispostas nas Tabelas 1 e 2 mostram uma fotografia da realidade encontrada por estes pesquisadores nas IES situadas no Sul do Brasil. O sistema e-MEC apresentou um total de 195 cursos de Psicologia e 460 cursos de Educação Física, somando bacharelado e licenciatura; tem-se, portanto, um número significativamente maior de cursos de Educação Física do que de Psicologia. Essa informação aponta para uma possibilidade de atuação de psicólogos, que podem lecionar possíveis disciplinas de Psicologia nas graduações em Educação Física e Psicologia, em especial disciplinas voltadas para Psicologia do Esporte, caso sejam oferecidas. Do total de cursos, oferecem a disciplina: 35 cursos de licenciatura em Educação Física, perfazendo 14,83%; 94 cursos de bacharelado em Educação Física, inteirando 41,96% e 41 de Psicologia, totalizando 21,02%. Identifica-se que a disciplina Psicologia do Esporte é ofertada com mais frequência nos cursos de bacharelado em Educação Física, como disciplina obrigatória. Já nos cursos de Psicologia, quando é ofertada, prevalece a condição de optativa.

A região Sul brasileira contém onze IES, somando federais e estaduais, que apresentam graduação em Psicologia, sendo que quatro (36,36%) destas oferecem a disciplina Psicologia do Esporte, uma de forma obrigatória e três optativa. A oferta da disciplina viabiliza que estudantes de Psicologia possam conhecer adequadamente os conhecimentos éticos, técnicos e científicos da atuação do psicólogo no esporte, contudo observa-se essa lacuna nestes cursos de graduação. Essa falta de oferta da disciplina Psicologia do Esporte, sobretudo nas graduações de Psicologia, provavelmente tem relação com a história da Psicologia e, consequentemente, com o modo como os NDE das instituições de ensino superior organizam as disciplinas que irão compor as graduações.

Dentre os 44 cursos de Educação Física das universidades públicas, 14 cursos (31,82%) ofertam a disciplina Psicologia do Esporte - em sete IES a disciplina é concedida em regime obrigatório, seis em regime optativo e em uma não consta a modalidade. Os dados mostram números relativamente menores, em comparação com o oferecimento da disciplina nos cursos de Psicologia em universidades públicas, fato devido à baixa incidência da disciplina nos cursos de licenciatura em Educação Física. Contudo, deve-se destacar que as DCN de Educação Física, desde sua criação, apontam a Psicologia como ciência importante a ser estudada pelo corpo discente. Desta forma, os egressos de Educação Física têm a possibilidade de conhecer a área da Psicologia do Esporte desde a graduação, possibilitando uma inserção multiprofissional com maior arcabouço teórico.

Foram identificados 184 cursos de Psicologia em IES privadas, das quais 37 instituições oferecem a disciplina Psicologia do Esporte, sendo 12 de forma obrigatória e 19 de forma optativa; assim, 20,11% dos cursos disponibilizam a disciplina. Esse número é proporcionalmente menor em comparação com as universidades públicas. Ainda, 66,30% dos cursos não apresentam a disciplina e os outros 11,96% não tinham a informação disponível em seus sites e os coordenadores de curso não responderam ao e-mail com as informações solicitadas.

Diferentemente das instituições de ensino públicas, as privadas têm uma maior possibilidade de atualização de suas grades curriculares, devido ao fluxo menos moroso e burocrático. Mesmo assim, o cenário mostra que a emergente área da Psicologia do Esporte está mais presente como disciplina nas instituições públicas, fato que merece aprofundamento para uma maior compreensão desse movimento tanto nas graduações das instituições públicas quanto nas privadas.

O mapeamento contabilizou 209 cursos de licenciatura em Educação Física em IES privadas e meramente 29 apresentaram a disciplina Psicologia do Esporte, ou seja, apenas 13,87%. Tem-se que 17 cursos oferecem a disciplina de forma obrigatória, dez, de forma optativa e duas não informaram o regime de oferta. Nota-se que os cursos de licenciatura são voltados para a docência, neste caso a disciplina Psicologia Escolar ou Psicologia da Educação aparece com mais frequência. Ainda, há cursos que apresentam a disciplina Psicologia Geral, algo condizente com as DCN da licenciatura em Educação Física, pois a Psicologia está posta como área basilar nas diretrizes curriculares dessa graduação.

No entanto, o panorama é diferente nos 207 cursos de bacharelado em Educação Física: do total, 57 oferecem a disciplina em regime obrigatório, cinco em regime optativo e 24 não informam a modalidade de oferecimento, assim perfazendo 41,54%. Nesse curso, o cenário apresenta-se mais promissor em comparação com a Psicologia, provavelmente pela sua concepção e pela necessidade de se construírem competências específicas para o egresso trabalhar com os desportistas amadores e de rendimento. Outra constatação, possibilitada pela revisão bibliográfica, é a disponibilização de disciplinas na grade curricular voltadas para a atuação profissional em diferentes contextos, uma vez que a prática esportiva com mais frequência apresenta interdisciplinaridade com a área Psicologia do Esporte.

A partir desta pesquisa foi possível verificar que a disciplina Psicologia do Esporte tem maior representatividade nos cursos de bacharelado em Educação Física, em comparação com os cursos de Psicologia, e, ao ser ofertada no bacharelado em Educação Física, aparece predominantemente como conteúdo obrigatório, importante constatação de demarcação da disciplina na grade curricular, provavelmente pelo fato de a Psicologia estar nas DCN da Educação Física.

Desde sua concepção, a Educação Física mantém uma relação com a Psicologia, seja no campo da educação, seja no campo do esporte. Dentre os psicólogos que atuam no contexto esportivo, uma parte buscou o aprofundamento profissional por via dos programas de pós-graduação stricto sensu, desenvolvendo pesquisas do campo esportivo a partir das áreas de atuação e linhas de pesquisas existentes (Dominski, et al., 2018Dominski, F. O., Vilarino, G. T., Coimbra, D. R., Silva, R. B., Casagrande, P. O., & Andrade, A. (2018). Análise da produção científica relacionada à Psicologia do Esporte em periódicos das ciências do esporte de língua portuguesa. Journal of Physical Education , 29(1), 1-14. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1.2930
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; Feltz, 1987Feltz, D. L. (1987). The future of graduate education in sport and exercise science: A sport psychology perspective. Quest, 39(2), 217-223. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
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; Fitzpatrick et al., 2016Fitzpatrick, S. J., Monda, S. J., & Wooding, C. B. (2016). Great expectations: Career planning and training experiences of graduate students in sport and exercise psychology. Journal of Applied Sport Psychology, 28(1), 14-27. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
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; Tod et al., 2009Tod, D., Andersen, M. B., & Marchant, D. B. (2009). A longitudinal examination of neophyte applied sport psychologists’ development. Journal of Applied Sport Psychology, 21(S1), S1-S16. https://doi.org/10.1080/10413200802593604
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).

A ausência da disciplina Psicologia do Esporte na graduação deixa uma lacuna na construção do conhecimento sobre a área e, no contexto da Educação Física, é possível perceber o esforço dos profissionais da área para justificar a importância do conhecimento sobre a Psicologia do Esporte, por exemplo, nas escolas (Chengkun, 2018Chengkun, S. (2018). The Application and Countermeasures of Sports Psychology in Physical Education Teaching. [Apresentação de trabalho]. 3rd International Social Sciences and Education Conference, Yunnan, China. https://bit.ly/3zYEq6C
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; Matos & Piccolo, 2013Matos, T. S. Q., & Piccolo, V. L. N. (2013). Contribuições da psicologia na formação do professor de Educação Física. Revista Encontro de Pesquisa em Educação, 1(1), 176-190). https://bit.ly/3KzZaqa
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). A escassez do conhecimento científico sobre uma área tão relevante e específica contribui para a perpetuação de mitos, concepções equivocadas e até mesmo preconceito quanto à Psicologia do Esporte. A falta de conhecimento sobre ciências do esporte ocasiona a formação de profissionais menos qualificados para atuação na prática (Feltz, 1987Feltz, D. L. (1987). The future of graduate education in sport and exercise science: A sport psychology perspective. Quest, 39(2), 217-223. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
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).

Esse panorama, apresentado no artigo, também é notado no cenário internacional: psicólogos que desejam trabalhar com a área do esporte precisam aprofundar seus conhecimentos nos programas de pós-graduação, cursos de extensão e grupos de pesquisas (Chengkun, 2018Chengkun, S. (2018). The Application and Countermeasures of Sports Psychology in Physical Education Teaching. [Apresentação de trabalho]. 3rd International Social Sciences and Education Conference, Yunnan, China. https://bit.ly/3zYEq6C
https://bit.ly/3zYEq6C...
; Feltz, 1987Feltz, D. L. (1987). The future of graduate education in sport and exercise science: A sport psychology perspective. Quest, 39(2), 217-223. https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10483875
https://doi.org/10.1080/00336297.1987.10...
; Tod et al., 2009Tod, D., Andersen, M. B., & Marchant, D. B. (2009). A longitudinal examination of neophyte applied sport psychologists’ development. Journal of Applied Sport Psychology, 21(S1), S1-S16. https://doi.org/10.1080/10413200802593604
https://doi.org/10.1080/1041320080259360...
). A região Sul do país é onde atualmente se concentra o maior número de grupos de pesquisa em Psicologia do Esporte, juntamente com a região Sudeste (Vilarino et al., 2017Vilarino, G. T., Dominski, F. H., Andrade, R. D., Felden, E. P. G., & Andrade, A. (2017). Análise dos grupos de pesquisa em Psicologia do Esporte e do exercício no Brasil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte , 39(4), 371-379. https://doi.org/10.1016/j.rbce.2017.07.004.
https://doi.org/10.1016/j.rbce.2017.07.0...
). Esse fenômeno pode estar associado à necessidade de aprofundamento técnico científico dos egressos. No presente estudo, não é possível saber, se a existência de grupos de pesquisa está atrelada à oferta ou à falta da disciplina Psicologia do Esporte nas graduações. Segundo (Dominski et al., 2018Dominski, F. O., Vilarino, G. T., Coimbra, D. R., Silva, R. B., Casagrande, P. O., & Andrade, A. (2018). Análise da produção científica relacionada à Psicologia do Esporte em periódicos das ciências do esporte de língua portuguesa. Journal of Physical Education , 29(1), 1-14. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1.2930
https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1....
) encontra-se na região Sul a maior quantidade de produção de artigos científicos do Brasil; provavelmente fruto do número de grupos de pesquisa e pós-graduações na região.

Os resultados encontrados nesta pesquisa se aproximam dos de Reynaga-Estradal e colegas (2013Reynaga-Estradal, D., Landeros-Rubioll, A., Gómez, T. L. A, & Santana, A. G. (2013). Presencia curricular de la psicología de la actividad física y del deporte en los planes de estudio de pregrado y posgrado de educación física versus psicología, en México. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 35(4). https://doi.org/10.1590/S0101-32892013000400004
https://doi.org/10.1590/S0101-3289201300...
), em estudo sobre a presença da disciplina Psicologia do Esporte na graduação e pós-graduação nos planos de ensino de Educação Física e Psicologia em universidades do México. Os autores apontam que a disciplina Psicologia da do Esporte é mais frequente na Educação Física, quando comparada à Psicologia, e reforçam a necessidade de integrar as duas ciências para fomentar a interdisciplinaridade.

Os dados apresentados neste artigo corroboram os estudos de Carvalho (2016Carvalho, C. A. (2016). Psicologia do esporte: Construindo sua história a partir da Educação Física. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 6(1), 70-87. https://bit.ly/3GGjZPj
https://bit.ly/3GGjZPj...
), em que a autora discute a história da Psicologia do Esporte desenvolvida a partir da Educação Física, ou seja, ao contrário do que se poderia imaginar. A inclusão da Psicologia no contexto esportivo aconteceu pelas demandas de formação da Educação Física, e não como uma necessidade de ampliar o campo do saber psicológico (Carvalho, 2016;Carvalho, C. A. (2016). Psicologia do esporte: Construindo sua história a partir da Educação Física. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 6(1), 70-87. https://bit.ly/3GGjZPj
https://bit.ly/3GGjZPj...
Rubio, 1999Rubio, K. (1999). A psicologia do Esporte: Histórico e áreas de atuação e pesquisa. Psicologia: ciência e profissão , 19(3), 60-69. https://doi.org/10.1590/S1414-98931999000300007
https://doi.org/10.1590/S1414-9893199900...
; Souza Neto et al., 2004Souza Neto, S. D., Alegre, A. D. N., Hunger, D., & Pereira, J. M. (2004). A formação do profissional de Educação Física no Brasil: Uma história sob a perspectiva da legislação federal no século XX. Revista Brasileira de Ciências do Esporte , 25(2). https://bit.ly/3ofqJh2
https://bit.ly/3ofqJh2...
), o que justificaria maior presença da disciplina em cursos de bacharelado em Educação Física. Além disso, em uma investigação do estado da arte na produção científica em Psicologia do Esporte no Brasil, Vieira e colegas (2013Vieira, L., Nascimento Junior, J., & Vieira, J. (2013). O estado da arte da pesquisa em Psicologia do Esporte no Brasil. Revista de Psicología del Deporte, 22(2), 501-507. https://bit.ly/3MCAMGY
https://bit.ly/3MCAMGY...
) constataram a prevalência de publicações em periódicos da Educação Física, fato que pode estar atrelado à presença da disciplina Psicologia nos cursos de graduação em Educação Física.

A criação da especialidade em Psicologia do Esporte, sem outras iniciativas, não garante a atuação do psicólogo nesse contexto e o fortalecimento da área, tendo em vista que há especialidades da Psicologia que ainda estão se consolidando tanto no campo profissional quanto acadêmico, como é o caso da Psicologia do Esporte (Dominski et al., 2018Dominski, F. O., Vilarino, G. T., Coimbra, D. R., Silva, R. B., Casagrande, P. O., & Andrade, A. (2018). Análise da produção científica relacionada à Psicologia do Esporte em periódicos das ciências do esporte de língua portuguesa. Journal of Physical Education , 29(1), 1-14. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1.2930
https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1....
; Rubio, 1999Rubio, K. (1999). A psicologia do Esporte: Histórico e áreas de atuação e pesquisa. Psicologia: ciência e profissão , 19(3), 60-69. https://doi.org/10.1590/S1414-98931999000300007
https://doi.org/10.1590/S1414-9893199900...
; Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
https://doi.org/10.1590/S1413-7372201000...
). Entretanto, o paulatino crescimento da Psicologia do Esporte pode ser identificado tanto em produções científicas quanto em disciplinas nos cursos de graduação que abordam o tema (Carvalho, 2008Carvalho, C. A. (2008). Psicologia do esporte: Percurso e possibilidade de atuação. Ciências Humanas em Revista, 6(2), 1-10.; Dominski et al., 2018Dominski, F. O., Vilarino, G. T., Coimbra, D. R., Silva, R. B., Casagrande, P. O., & Andrade, A. (2018). Análise da produção científica relacionada à Psicologia do Esporte em periódicos das ciências do esporte de língua portuguesa. Journal of Physical Education , 29(1), 1-14. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1.2930
https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v29i1....
; Vieira et al., 2010Vieira, L. F., Vissoci, J. R. N., Oliveira, L. P., & Vieira, J. L. L. (2010). Psicologia do Esporte: Uma área emergente da psicologia. Psicologia em Estudo, 15(2), 391-399. https://doi.org/10.1590/S1413-73722010000200018
https://doi.org/10.1590/S1413-7372201000...
; Vieira et al., 2013Vieira, L., Nascimento Junior, J., & Vieira, J. (2013). O estado da arte da pesquisa em Psicologia do Esporte no Brasil. Revista de Psicología del Deporte, 22(2), 501-507. https://bit.ly/3MCAMGY
https://bit.ly/3MCAMGY...
). Foi verificado que a maioria dos cursos de Psicologia não oferecem a disciplina Psicologia do Esporte: isso pode ser considerado um fator limitante para a atuação do psicólogo do esporte na docência nas instituições de ensino superior. Esse fato, segundo De Rose Jr (2000De Rose Jr, D. (2000). O esporte e a Psicologia: enfoque do profissional do esporte. In: Rubio, K. (Org.). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.), perpassa a questão da própria valorização da área e de seu campo de atuação como uma perspectiva de mercado de trabalho.

O ensino direcionado à Psicologia do Esporte é um tema discutido em eventos científicos, assim como a necessidade de os cursos de Psicologia e Educação Física aprimorarem suas grades para o desenvolvimento de habilidades que embasam as intervenções no âmbito esportivo (Brandão, 1995Brandão, M. R. F. (1995). Psicologia do esporte. In A. Ferreira Neto, S. V. Goellner, & V. Bracht. (Orgs.). As ciências do esporte no Brasil. Autores Associados.; De Rose Jr, 2000De Rose Jr, D. (2000). O esporte e a Psicologia: enfoque do profissional do esporte. In: Rubio, K. (Org.). Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo.; Largura, 2000Largura, W. A. N. (2000). A Formação do psicólogo e a Psicologia do Esporte. In I. Dobranszky, & A. A. Machado (Orgs.), Delineamentos da psicologia do esporte: Evolução e aplicação. Tecnograf.; Rodrigues, 2006Rodrigues, M. C. P. (2006). Psicologia do Esporte: Discussões sobre o cenário brasileiro. (Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas). Repositório da produção científica e intelectual da Unicamp. https://bit.ly/3KyMDD9
https://bit.ly/3KyMDD9...
). Afirmação que corrobora a menção feita neste artigo, quando se refere a escassez do compartilhamento desses debates e relevância da presença da disciplina Psicologia do Esporte nas graduações.

Os cursos de pós-graduação em Psicologia do Esporte são multiprofissionais e podem ser frequentados por graduados de diferentes cursos correlatos. Contudo o exercício profissional, seus limites e possibilidades são orientados pela atribuição de cada profissional, de acordo com a graduação realizada, de modo que uma profissão não deve extrapolar o exercício profissional da outra. A multidisciplinariedade de saberes, seja da Psicologia, da Educação Física ou das demais áreas pertinentes, fica estabelecida com contribuição de cada ciência no esporte (Brandão, 1995Brandão, M. R. F. (1995). Psicologia do esporte. In A. Ferreira Neto, S. V. Goellner, & V. Bracht. (Orgs.). As ciências do esporte no Brasil. Autores Associados.; Moran & Toner, 2017Moran, A., & Toner, J. (2017). Psicología del deporte. Manual Moderno.; Weinberg & Gould, 2018Weinberg, R. S., & Gould, D. (2018). Foundations of Sport and Exercise Psychology. Champaign: Human Kinetics.). Nesse sentido, o enfoque da disciplina Psicologia do Esporte precisará ser adequado de acordo com as competências e atribuições que serão desenvolvidas, assim como com o público a que se destina. Se for uma turma de estudantes ou profissionais de Psicologia estudar-se-á um conteúdo, ser for uma turma multidisciplinar o conteúdo será outro. A literatura pesquisada e os dados encontrados apresentam ainda uma necessidade de fomento, tanto na disciplina Psicologia do Esporte quanto na área de atuação em Psicologia do Esporte, considerando-se também que se trata de uma área emergente da Psicologia.

Considerações Finais

O presente estudo visou discutir o papel da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de graduação em Psicologia e Educação Física, oferecidos por instituições de ensino superior públicas e privadas da região Sul do país, em relação à formação desses profissionais. De maneira geral, observou-se que a disciplina Psicologia do Esporte aparece com maior frequência nos cursos de bacharelado em Educação Física e, quando é oferecida, sua frequência é maior na categoria obrigatória. Nos cursos de Psicologia, quando é ofertada, hegemonicamente ocupa a condição de optativa. A menor incidência da disciplina apresentou-se nos cursos de licenciatura em Educação Física, que têm como principal escopo a docência - nesses cursos, a Psicologia aparece frequentemente em disciplinas voltadas para a Psicologia Educacional.

A formação em Psicologia do Esporte precisa ser amplamente discutida nos eventos científicos e profissionais para contribuir para a fomentação da área de atuação correlata. Em clubes esportivos, instituições do terceiro setor voltadas ao esporte, centros de reabilitação de atletas há psicólogos que precisam estar qualificados, tanto pela graduação, por via de disciplinas sobre Psicologia do Esporte, como nas pós-graduações em Psicologia do Esporte, em que poderão aprofundar os estudos.

Uma vez que a Psicologia do Esporte ainda é uma área emergente, ou seja, com uma história recente, com um campo de trabalho menor e em um processo de consolidação na Psicologia em comparação com a áreas da saúde, clínica, organizações e do trabalho, a disciplina Psicologia do Esporte não é amplamente oferecida nos cursos de graduação em Psicologia. Os marcos legais mostraram que a Psicologia está inserida nas graduações de Educação Física desde a criação do curso: possivelmente por esse fato se encontra a disciplina Psicologia do Esporte com maior frequência nos bacharelados em Educação Física.

Vale destacar que a amostra participante desta pesquisa é relevante e proporcionou uma análise criteriosa do cenário, apesar de algumas instituições não terem informado os dados, seja pelos sites, seja por e-mail. Além disso, sugerem-se estudos futuros que busquem verificar a incidência da disciplina Psicologia do Esporte nas outras regiões brasileiras, assim como estudos que aprofundem a formação continuada do psicólogo em Psicologia do Esporte e a existência ou não da relação entre a oferta da disciplina Psicologia do Esporte e a quantidade de produção científica no Sul do Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    16 Jun 2021
  • Aceito
    04 Nov 2021
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