Acessibilidade / Reportar erro

Subjetividade, tempo e psicanálise

Resumos

As psicoterapias breves nos remetem, de maneira inexorável, a uma indagação sobre as relações complexas existentes entre os registros da subjetividade e do tempo na atualidade, por colocarem em pauta uma certa concepção da experiência analítica, que se constituiu ao longo da história da psicanálise e se instituiu como norma em diferentes tradições psicanalíticas. O processo psicanalítico exigira não apenas um tempo longo, mas também uma grande freqüência semanal no número de sessões, fatores estes que se articulariam intimamente, como se fossem duas faces da mesma moeda, em que o tempo longo estabelece uma relação de fundação com a experiência analítica.

A concepção de que toda e qualquer prática clínica que não se realize de acordo com tais parâmetros não passaria de uma psicoterapia, mesmo que conduzida por um psicanalista, precisa ser revista e questionada. Neste artigo, indaga-se sobre as condições de possibilidade da experiência analítica que essas práticas clínicas nos conduzem de maneira infalível. As psicoterapias breves se colocaram há algumas décadas como novas possibilidades terapêuticas nos campos da psiquiatria e da psicologia clínicas, principalmente por razões de ordem econômica e por uma transformação crucial da relação das individualidades com o tempo, impondo, inevitavelmente, uma releitura do ato psicanalítico, em que este pode e deve ser depurado de suas marcas normativas tradicionais.

O questionamento da psicanálise na pós-modernidade e sua preterição em nome de outras práticas clínicas remetem inequivocamente a uma recusa de um dispositivo de escuta que se contrapõe à iminência da ação e da decisão, que a aceleração do tempo na atualidade, em contrapartida, nos impõe. Freud, sensível às variações da demanda, já reconhecia a dimensão normativa e arbitrária do número de sessões, valorizando a sua intensidade em detrimento da sua longevidade, mesmo levando em consideração o mecanismo da resistência.

Psicanálise; experiência psicanalítica; psicoterapia breve; subjetividade; temporalidade na pós-modernidade


Las psicoterapías breves nos remiten, de manera inexorable, a una indagación sobre las relaciones complejas existentes entre los registros de la subjetividad y del tiempo en la actualidad, por poneren en pauta una cierta concepción de la existencia analítica, que se constituyó a lo largo de la história de la psicoanálisis y se instituyó como norma en distintas tradiciones psicoanalíticas. El proceso psicoanalítico exigiera no solo un tiempo largo, pero también una grande frecuencia semanal en el numero de sesiones, factores eses que se articularian intimamente, como se fueran dos lados de la misma moneda, en que el tiempo largo establece una relación de fundación con la experiencia analítica.

La concepción de que toda y cualquier práctica clínica que no se realize de acuerdo con tales parámetros no pasaria de una psicoterapía, mismo que conducida por un psicoanalista, necesita ser revista y cuestionada. En ese artículo, indagase sobre las condiciones de posibilidad de la experiencia analítica que esas prácticas clínicas nos conducen de manera infalible. Las psicoterapías breves se ponen hace algunas decadas como nuevas posibilidades terapéuticas en los campos de la psiquiatría y de la psicologia clínicas, principalmente por razones de orden económica y por una transformación crucial de la relación des las inndividualidades con el tiempo, imponiendo una relectura del acto psicoanalítico, en que ese puede e debe ser depurado de sus marcas normativas tradicionales.

El cuestionamiento de la psicoanálisis en la postmodernidad y su preterir en nombre de otras prácticas clínicas remiten inequivocadamente a una denegación de un dispositivo de escucha que se contrapone a la iminência de la acción y de la decisión, que la aceleración del tiempo en la actualidad nos impone. Freud, sensíble a las variaciones de la demanda, ya reconocia la dimensión normativa y arbitraria del numero de sesiones, valorando la intensidad en lugar de la longevidad, mismo llevando en consideración el mecanismo de la resistencia.

Psicoanálisis; experiencia psicoanalítica; psicoterapía breve; subjectividad; temporalidad en la pós-modernidad


Les psychothérapies brefs nous renvoyé, de façon inexorable, a une question sur les rapports complexes existants entre les enregistrements de la subjetivité et du temps dans l’actualité, pour mettre en rôle une certain conception de l’expérience analytique, que si a constitué comme norme en différents traditions psychanalytiques. Le processus psychanalytique a demandé non seulement un temps long, mais aussi une grand fréquence hebdomadaire dans le nombre de sessions, facteurs que se articulent étroitement, comme deux visages de la même monnaie.

La conception de que tout et quelconque pratique clinique ne se réalise pas d’accord avec tels bornes ne peut pas passer d’une psychothérapie, même que dirigée par un psychanalyste, doit étre revue et questionnée. Dans cet article, on demande sur les conditions de possibilité de l’expérience analytique que les pratiques cliniques on conduisent de façon infaillible. Les psychothérapies brefs sont en quelques décades comme nouvelles possibilités thérapeutiques dans les champs de la psychiatrie et de la psychologie cliniques, surtout pour raisons d’ordre économique et pour une transformation du rapport de l’individualités avec le temps, en imposent une relecture d’act psychanalytique, d’où celui-ci peut et doit étre dépuré de son marques normatifs traditionnelles.

La problématique de la psychanalyse dans la postmodernité et son prétérition en nom d’autres pratiques cliniques renvoyent a une dénégation d’un dispositif d’écoute que se contrepose a la éminence d’action et de la décision, dont l’accélération du temps dans l’actualité on impose. Freud, sensible a les variations de la demande, déjà reconnaissait la dimension normative et arbitraire du numéro de séances, en valorisent l’intensité au détriment de son longévité, même en prenant en considération le mécanisme de la résistance.

Psychanalyse; expérience psychanalytique; psychanalyse bref; subjectivité; temporalité postmodernité


The brief psychotherapies remit us, in an inexorable way, to an indagation about the existing complex relations between the registers of subjectivity and the present time, for questioning a certain conception of analytic experience, wich constitued itself along the history of psychoanalysis and institued itself as rule in different psychoanalytic traditions. The psychoanalytic process demanded not only a long time but also very frequent weely sessions. These factors would articulate intimately, as if they were two sides of the same coin, in which the long time establishes a relation of foundation with the analytic experience.

The conception that all and any clinical practice that doesn’t happen in accordance with such parameters would be nothing more than psychotherapy, even if conducted by a psychoanalyst, needs to be revised and questioned. This article enquires about the conditions of possibility of analytic experience that these clinical practices take us to, in an infallible way. The brief psychotherapies have been employed for some decades as new therapeutic possybilities in the fields of psychiatry and clinical psychology, mainly for economical reasons and for a crucial transformation of the relation of the individualities with the time, imposing, inevitably, a new reading of the psychoanalytic act, in which it can and should be depurated from its traditional normative marks.

The questioning of psychoanalysis in post-modernity and its preterition on behalf of other clinical practices remit unequivocally to a refusal of a mechanism of hearing which opposes itself to the imminence of the action and of the decision, that the acceleration of the present time, on the other hand, imposes us. Freud, sensitive to the variations of the demand, already acknowledged the normative and arbitrary dimension of the number of sessions, valorizing its intensity in detriment of its longivity, even taking into consideration the mechanism of resistance.

Psychoanalysis; analytic experience; brief psychotherapy; subjectivity; temporality in post-modernity


Texto completo disponível apenas em PDF.

Referências bibliográficas

  • BIRMAN, J. Demanda psiquiátrica e saber psicanalítico. In FIGUEIRAS, S. (Coord.). Sociedade e doença mental Rio de Janeiro: Campus, 1978.
  • BIRMAN, J. Enfermidade e loucura Sobre a medicina das inter-relações. Rio de Janeiro: Campus, 1980.
  • BIRMAN, J. Freud e experiência psicanalítica Rio de Janeiro: Taurus-Timbre, 1989.
  • BIRMAN, J. Freud e a interpretação psicanalítica Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1990.
  • BIRMAN, J. A psicopatologia na pós-modernidade. In Mal-estar na atualidade A psicanálise e as novas formas de subjetivação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
  • BIRMAN, J. (1982). Psicanálise e psicoterapia. Jornal de Psicanálise São Paulo, Instituto de Psicanálise – SBPSP. v. 32, nos 58-59, 1999b.
  • BIRMAN, J. Relançando os dados. A psicopatologia na pós-modernidade, novamente. (no prelo).
  • CASSIRER, E. La philosophie des formes symboliques Paris: Minuit, 1972. v. II, II, III.
  • CASTEL, F., CASTEL, R., LOVELL, A. La société psychiatrie avancée Le modèle américain. Paris: Grasset, 1979.
  • FREUD, A. Difficultés survenant sur le chemin de la psychanalyse. Nouvelle Revue de Psychanalyse, 10. Paris: Gallimard, 1974.
  • FREUD, S., BREUER, J. (1895). Études sur l’hystérie Paris: Presses Universitaires de France, 1971.
  • FREUD, S. (1900). L´interprétation des rêves Paris: Presses Universitaires de France, 1976.
  • FREUD, S. (1937). Analysis terminable and interminable. In The Standard Edition of the complete psychological works of Sigmund Freud Londres: Hogarth Press, 1978. v. 23.
  • FREUD, S. La technique psychanalytique Paris: Presses Universitaires de France, 1972.
  • FREUD, S. Cinq Psychanalyses Paris: Presses Universitaires de France, 1975.
  • GREENSON, R. R. Tecnica y práctica del psicoanálisis México: Siglo Veintiuno, 1976.
  • LACAN, J. Écrits Paris: Seuil, 1966.
  • MENNINGER, K. A., HOLZMAN, P. S. Teoria de la técnica psicoanalítica Buenos Aires: Psique, 1974.
  • ROAZEN, P. Freud e seus discípulos São Paulo: Cultrix, 1970.
  • VIDERMAN, S. La construction de l´espace analytique Paris: Denöel, 1970.
  • VIDERMAN, S. Le celeste et le sublunaire. Paris: Presses Universitaires de France, 1977.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2000

Histórico

  • Recebido
    Jul 2000
  • Aceito
    Nov 2000
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com