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A resposta sintomática na fobia: o amor em fuga no encontro com o gozo

Die symptomatische Reaktion bei Phobie: die Liebe auf der Flucht bei der Begegnung mit der Lust

Symptomatic response in phobia: love fleeing from the encounter with jouissance

La réponse symptomatique dans la phobie: l'amour en fuite face à la rencontre avec la jouissance

La respuesta sintomática en la fobia: el amor huidizo en el encuentro con el goce

Resumos

Este artigo aborda o sintoma fóbico segundo a psicanálise. Busca-se circunscrever como a sexualidade opera na formação do sintoma fóbico, entre os efeitos imaginários do amor e os campos do gozo e do desejo. Com a premissa de que o falo simboliza uma falta irredutível, a fobia é considerada uma resposta do sujeito entrincheirado entre o amor em fuga e o encontro com o gozo. O caso Hans permitirá situar a fobia como resposta à dissimetria amorosa e ao acossamento pulsional.

Fobia; sintoma; amor; gozo


In diesem Beitrag wird das Symptom der Phobie aus der Perspektive der Psychoanalyse untersucht. Es ist ein Versuch zu beschreiben, wie die Sexualität zur Entstehung des Symptoms der Phobie beiträgt, inmitten der imaginären Folgen der Liebe und den Feldern der Lust und des Wunsches. Aufgrund der Prämisse, dass der Phallus einen unbeugsamen Mangel darstellt, wird die Phobie als eine Antwort des zwischen der Liebe auf der Flucht und der Begegnung mit der Lust eingekeilten Subjektes gesehen. Der Fall von Hans erlaubt, die Phobie als Antwort auf die Dissymmetrie der Liebe und der triebhaften Bedrängnis anzusiedeln.

Phobie; Symptom; Liebe; Lust


This article discusses the symptom of phobia in psychoanalytic terms and the question of how sexuality functions in the formation of phobic symptoms, that is, between the imaginary effects of love and the fields of enjoyment and desire. Based on the premise that the phallus symbolizes an irreducible lack, phobia is considered a response by the subject entrenched between love in flight and the encounter with jouissance. The case of Little Hans positioned phobia as a response to the dissymmetry of love and the insistence of the drives.

Phobia; symptom; love; jouissance


Cet article aborde le symptôme phobique par moyen d'une approche psychanalytique. Nous cherchons à cerner le rôle de la sexualité dans la formation du symptôme phobique, entre les effets imaginaires de l'amour et les domaines de la jouissance et du désir. En prenant pour prémisse que le phallus symbolise un manque irréductible, la phobie est considérée comme une réponse du sujet acculé entre l'amour en fuite et la rencontre avec la jouissance. Le cas Hans permet de situer la phobie comme réponse à la dissymétrie amoureuse et à la contrainte pulsionnelle.

Phobie; symptôme; amour; jouissance


Este artículo aborda el síntoma fóbico desde el punto de vista del psicoanálisis. Busca delimitar el lugar de la sexualidad en la formación del síntoma fóbico, entre los efectos imaginarios del amor y los campos del goce y del deseo. A partir de la premisa del falo como símbolo de una falta irreducible, la fobia es considerada una respuesta del sujeto aprisionado entre el amor que huye y el encuentro con el goce. El caso Juanito permitirá situar la fobia como una respuesta a la disimetría amorosa y el acosamiento pulsional.

Fobia; síntoma; amor; goce


ARTIGOS

A resposta sintomática na fobia: o amor em fuga no encontro com o gozo* * Este artigo constitui um aprofundamento do trabalho que foi apresentado no IV Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, realizado em Curitiba (PR) entre os dias 4 e 7 de setembro de 2010. Financiamento: bolsa de Doutorado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br) a Caio de Mattos Filho e bolsa de produtividade em pesquisa do mesmo Conselho a Angélica Bastos. Editor do artigo/Editor: Prof. Dr. Manoel Tosta Berlinck Copyright: © 2009 Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental/ University Association for Research in Fundamental Psychopathology. Este é um artigo de livre acesso, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte sejam citados / This is an open-access article, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited. Financiamento/Funding: Os autores declaram contar com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br) / The authors have support by Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br)

Symptomatic response in phobia: love fleeing from the encounter with jouissance

La réponse symptomatique dans la phobie: l'amour en fuite face à la rencontre avec la jouissance

La respuesta sintomática en la fobia: el amor huidizo en el encuentro con el goce

Die symptomatische reaktion bei phobie: die liebe auf der flucht bei der begegnung mit der lust

Caio de Mattos FilhoI; Angélica Bastos II

IPsicanalista; Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (Rio de Janeiro, RJ, Br); Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br)

IIPsicanalista; Prof. Associado II no Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (Rio de Janeiro, RJ, Br); Bolsista de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br); Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP (São Paulo, SP, Br)

Endereço para correspondência

RESUMO

Este artigo aborda o sintoma fóbico segundo a psicanálise. Busca-se circunscrever como a sexualidade opera na formação do sintoma fóbico, entre os efeitos imaginários do amor e os campos do gozo e do desejo. Com a premissa de que o falo simboliza uma falta irredutível, a fobia é considerada uma resposta do sujeito entrincheirado entre o amor em fuga e o encontro com o gozo. O caso Hans permitirá situar a fobia como resposta à dissimetria amorosa e ao acossamento pulsional.

Palavras-chave: Fobia, sintoma, amor, gozo

ABSTRACT

This article discusses the symptom of phobia in psychoanalytic terms and the question of how sexuality functions in the formation of phobic symptoms, that is, between the imaginary effects of love and the fields of enjoyment and desire. Based on the premise that the phallus symbolizes an irreducible lack, phobia is considered a response by the subject entrenched between love in flight and the encounter with jouissance. The case of Little Hans positioned phobia as a response to the dissymmetry of love and the insistence of the drives.

Key words: Phobia, symptom, love, jouissance

RESUMÉ

Cet article aborde le symptôme phobique par moyen d'une approche psychanalytique. Nous cherchons à cerner le rôle de la sexualité dans la formation du symptôme phobique, entre les effets imaginaires de l'amour et les domaines de la jouissance et du désir. En prenant pour prémisse que le phallus symbolise un manque irréductible, la phobie est considérée comme une réponse du sujet acculé entre l'amour en fuite et la rencontre avec la jouissance. Le cas Hans permet de situer la phobie comme réponse à la dissymétrie amoureuse et à la contrainte pulsionnelle.

Mots clés: Phobie, symptôme, amour, jouissance

RESUMEN

Este artículo aborda el síntoma fóbico desde el punto de vista del psicoanálisis. Busca delimitar el lugar de la sexualidad en la formación del síntoma fóbico, entre los efectos imaginarios del amor y los campos del goce y del deseo. A partir de la premisa del falo como símbolo de una falta irreducible, la fobia es considerada una respuesta del sujeto aprisionado entre el amor que huye y el encuentro con el goce. El caso Juanito permitirá situar la fobia como una respuesta a la disimetría amorosa y el acosamiento pulsional.

Palabras clave: Fobia, síntoma, amor, goce

ZUSAMMENFASSUNG

In diesem Beitrag wird das Symptom der Phobie aus der Perspektive der Psychoanalyse untersucht. Es ist ein Versuch zu beschreiben, wie die Sexualität zur Entstehung des Symptoms der Phobie beiträgt, inmitten der imaginären Folgen der Liebe und den Feldern der Lust und des Wunsches. Aufgrund der Prämisse, dass der Phallus einen unbeugsamen Mangel darstellt, wird die Phobie als eine Antwort des zwischen der Liebe auf der Flucht und der Begegnung mit der Lust eingekeilten Subjektes gesehen. Der Fall von Hans erlaubt, die Phobie als Antwort auf die Dissymmetrie der Liebe und der triebhaften Bedrängnis anzusiedeln.

Schlüsselwörter: Phobie, Symptom, Liebe, Lust

No CID -10, a fobia integra a seção dos transtornos fóbico-ansiosos, caracterizados pela evocação da angústia em certas situações ou diante de determinados objetos, que não são correntemente perigosos, e cujo encontro no cotidiano, muitas vezes, é improvável. Mas para o fóbico, o cálculo das probabilidades é uma pilhéria! E o encontro com o objeto fóbico é eminente e angustiante. Com isso, perguntamo-nos: o que está em jogo neste encontro que o fóbico vive como encontro marcado e temido?

Atualmente, os manuais classificatórios das doenças, sobretudo o CID-10 e o DSM-IV , abrangem os transtornos mentais sem relevar suas implicações subjetivas. Ao contrário, tratar-se-ia de situar, objetivamente, a via mais eficaz para a extinção do sintoma e o restabelecimento da saúde ao paciente. O DSM-IV (1995, p. xii), inclusive, manifesta preocupação em não estigmatizar as pessoas ao nomear seus transtornos. Por isso, em vez do estigma de doente mental, prefere-se a distinção do ter um transtorno a ser afastado. Assim, o indivíduo seria preservado em detrimento do transtorno, como quem suporta um parasita indesejado.

Ao lado do princípio da funcionalidade – referido aos marcos de regulação da saúde mental, em relação aos quais o transtorno constitui perturbação patológica disfuncional – destacam-se as diretrizes pragmáticas e fenomênicas dos índices classificatórios. Os transtornos se multiplicam numa abordagem categorial exaustiva, frente aos quais os mentores do DSM-IV reconhecem limites e riscos de impasses diagnósticos. Não é à toa que advertem seus usuários para o fato de que nem os transtornos são entidades com limites absolutos, nem os sujeitos se enquadram inteiramente nas categorias definidas. Assim, os clínicos são orientados a não hesitar em fazer mais de um diagnóstico para um mesmo paciente, procurando definir o transtorno primário que prevalece e subordina os demais.

Além disso, para flexibilizar o sistema categorial e fazê-lo condizer mais com a variedade psicopatológica da vida cotidiana, duas medidas são observáveis à primeira vista: a designação da categoria "Sem Outra Especificação" para cobrir o que escapa à classificação; e o enquadramento do paciente numa categoria, sem que lhe seja exigido corresponder a todos os itens descritivos do transtorno. Assim, esforçam-se por minimizar os efeitos colaterais da escolha da fenomenologia livre de referências estruturais e psicodinâmicas, retornando na prática os resultados da pulverização da sintomatologia neurótica e psicótica em uma infinidade de transtornos, com notável e preocupante crescimento de diagnósticos e medicação.

O sintoma em psicanálise

Notavelmente, não há solidariedade de princípios entre a abordagem do "transtorno" a ser extirpado e os encaminhamentos psicanalíticos. Quando o transtorno rouba a cena, sendo classificado e combatido como uma disfuncionalidade, o paciente se reduz à condição de vítima passiva de uma desregulação estranha, ou o hospedeiro de um parasita. Em contrapartida, em psicanálise, sustentamos a aposta de que o sintoma tem uma função subjetiva, que é a de suportar um gozo e um sentido, em cuja articulação o sujeito desconhece o seu envolvimento. Isso se assenta na razão freudiana do inconsciente, qual seja: não precisamos saber que sabemos para gozarmos de um saber que se veicula como verdade subjetiva, sob o suporte material da linguagem. Por isso, o sintoma constitui uma forma de verdadeiro dizer (Lacan, 1975a), que é compromisso de gozo do sujeito, a despeito da sua queixa de se ver liberado do sintoma.

Dessa forma, de um lado, temos a dimensão significante do sintoma, cujo valor simbólico de enigma reside na cisão psíquica inerente ao sentido inconsciente que o sintoma comporta. O conhecido aforismo freudiano é bem elucidativo do que está em jogo: Wo es war, soll Ich werden – "Onde Isso estava (o estranho sintoma perturbador), o Eu (o sujeito do inconsciente) deve advir". Neste contexto, supomos um desejo em jogo nos sintomas neuróticos, que foram concebidos por Freud como manifestação do inconsciente – instância psíquica resultante da cisão mental (Spaltung) produzida pelo duplo lance do recalque primário e secundário.

Ao lado do recalque de um representante psíquico e do retorno do sintoma como uma formação secundária e interpretável, há também uma dimensão pulsional no sintoma. Quer dizer, ele responde por uma satisfação que, mesmo no limite do interpretável do sentido, se apresenta como um aferrar-se do sujeito num gozo repetitivo, difícil de demover e dialetizar simbolicamente, mas para cuja tarefa a livre associação da análise se propõe. Nestes termos, "um sintoma é um sinal e um substituto de uma satisfação instintual que permaneceu em estado subjacente; é uma consequência do processo de repressão" (Freud, 1926, p. 95).

Dada sua função subjetiva, de formação substitutiva – sua natureza significante e de gozo –, o sintoma incorpora, inclusive, o laço analítico. A isso Freud denominou neurose de transferência, que consiste na substituição dos significados originários dos sintomas por um sentido novo, ligado à satisfação substitutiva encontrada na transferência com o analista. Ou seja, a própria transferência e o processo da cura são integrados ao sintoma e se tornam sua fonte de expansão. Portanto, "a libido passa do sintoma à transferência, da transferência à cura, e a cura mesma é a atividade produtora de satisfação" (Cosentino, 1996, p. 25).

Com isso, o manejo da transferência é um grande desafio, pois o analista se torna protagonista do sintoma do analisante. Daí, em vez de procurar extingui-lo como a um parasita sem implicação subjetiva, o analista não ataca diretamente o sintoma. Na medida em que a queixa do paciente lhe é endereçada, e sabendo da importância do sintoma na economia psíquica, o analista introduz o dispositivo da livre associação na análise, sendo cuidadoso em suas intervenções, pois elas comungam da dimensão significante do sintoma e têm efeitos de gozo. Assim, na medida em que a análise avança, o sujeito tende a se reconhecer implicado em seu sintoma e pode elaborar outra posição na vida, dando novos destinos às exigências pulsionais. Quanto ao sintoma, com frequência ele caduca, e o analisante prescinde dele; assim como ocorre também de não se abrir mão do sintoma, mas não sem rearranjá-lo psiquicamente, não mais como a estranha perturbação de outrora.

O sintoma fóbico na lógica fálica

Desde suas publicações pré-psicanalíticas, Freud já se ocupava do problema da fobia, procurando demarcar suas origens e diferenças em relação à neurose obsessiva e à histeria. Inicialmente, Freud (1985a) procurou distinguir os mecanismos em jogo nas obsessões e nas fobias, caracterizando esta última, essencialmente, por meio do afeto da angústia e da inexistência de mecanismo psíquico de substituição de uma ideia sexual incompatível por outra, enquanto a neurose obsessiva abrangeria outros estados emotivos, sobretudo a dúvida, o arrependimento e a raiva. Além disso, no obsessivo, há substituição psíquica de uma ideia sexual inconciliável por outra que se impõe ao sujeito, o que confere uma escala de razão para os juízos e atos compulsivos.

Freud (1895a) também distinguiu fobias comuns de fobias ocasionais ou atuais. As primeiras ligam-se à neurose obsessiva, entre as quais se encontram os medos primários e comuns de animais, do escuro etc. As fobias comuns, na perspectiva do sintoma obsessivo, resultariam da substituição de uma representação sexual incompatível por outra ideia que apenas alude ao sexual (o urinar, o defecar), constituindo um mecanismo de defesa neurótico. Já as fobias atuais, incluídas entre as neuroses de angústia, e cujo protótipo é a agorafobia, não se valem do mecanismo das substituições das obsessões. Não há ideia incompatível substituída, por isso a angústia não provém de representação recalcada, de que se desprenderia. Neste sentido, a hipótese freudiana era a de que as fobias típicas corresponderiam ao desvio e à transformação de uma pura excitação sexual – que não encontra descarga direta adequada – em angústia, a qual se liga secundariamente a uma representação com valor de objeto, cuja aparição provoca medo. Mas medo de quê? Medo de que a angústia experimentada antes – e que "de outra forma, far-se-ia sentir como libido" (Freud, 1895b, p. 125) – realize seu retorno.

Com os desdobramentos das suas teorias sobre a sexualidade, o complexo de Édipo, o valor estruturante do recalque, da divisão e dos conflitos psíquicos, Freud viu-se novamente interrogado em relação à fobia. Como sustentar, então, que ela prescindiria do recalque e da substituição de representantes psíquicos? Se não houvesse fator psíquico e recalque, como abordar o sintoma na fobia? Por isso, com o caso Hans, e postulando uma concordância estrutural com a histeria, Freud (1909) classificou a fobia como histeria de angústia. A diferença entre elas, contudo, permanece significativa. Nas fobias, haveria também material patogênico recalcado; e a libido desprendida no recalque não liberaria senão angústia, em vez de se converter em inervação corporal histérica. Além disso, o sintoma fóbico seria o substituto que liga a angústia e a domina pelo medo.

Neste contexto, a hipótese de Freud (1909) é a de que são os impulsos edipianos que são recalcados – o amor sexual devotado à mãe e a agressividade contra o pai –, emergindo a angústia que não pode ser revertida em libido. Assim, a fobia passou a se articular ao complexo de castração, ou seja, à experiência da criança de renúncia do gozo sexual que obteria no complexo de Édipo. Referido ao pai como instância de interdição, a castração consiste na lei da perda de gozo, situada por Freud (1923) na fase fálica da organização genital infantil: as meninas diante da própria castração, confirmada no corpo, mas, sobretudo, marcada pela perda de amor do Outro materno; e os garotos angustiados pela ameaça de perda do pênis. Essa organização, que conserva o falo como pivô, é regida por uma lógica constitutiva do sujeito, como veremos a seguir.

Portanto, primeiro, a angústia do sujeito era desvinculada de fatores psíquicos e resultante do acúmulo de excitações internas, especialmente de libido desviada do aparelho mental; depois, a angústia passou a ser o afeto que se desprende da representação recalcada (Freud, 1915) – é assim que ela é esboçada desde o caso Hans; por fim, Freud (1926) não tem dúvidas de que a angústia é angústia de castração e a causa mesma do recalque. Essas modificações na economia da libido e da angústia corresponderam, inequivocamente, a uma renovação dos impasses em relação à fobia.

O pequeno Hans entre o amor em fuga e o encontro com o gozo

Para avançar no debate acerca do sintoma fóbico, tomemos o clássico caso Hans (Freud, 1909), uma neurose infantil com formação de sintoma fóbico. O que se passa com Hans? Seu caso é paradigmático em psicanálise porque sua fobia de cavalos mostra a função da fobia no próprio movimento da constituição do sujeito, destacando sua relação íntima com a castração. Hans vive intensamente a passagem da dialética imaginária de amor com a mãe, em que seu corpo de criança está ameaçado de devoração, para o jogo simbólico da castração paterna, cuja consequência é de apaziguar a criança, pois o pai seria o garante de Outra lei (para além da lei do capricho materno), que interdita o incesto e regula as relações do sujeito com o gozo do Outro.

É importante lembrar que um sujeito só se constitui porque há uma alteridade radical que o precede e o ampara como um Outro de fala e de linguagem. Sem muitas delongas, esta alteridade se revela desejante, pois, se a ele não faltasse nada, por que insistiria nesse ir e vir e na dedicação que dispensa ao recém-nascido? Assim, questões como "O que quer esse Outro de mim?", "O que sou para ele?", "O que ele deseja?", situam a criança em um triângulo imaginário entre o Outro materno e o falo, ou seja, entre o Outro e a incógnita que designa o significado e o objeto do desejo do Outro.

No caso Hans, observamos que sua mãe lhe dedica um amor intenso, satisfazendo-lhe todas as vontades e o carregando como um apêndice indispensável por toda parte. Daí a impressão de que, em seu ser corporal, Hans faz às vezes do falo imaginário da mãe. Ser muito amado fez dele um pequeno amante contumaz, sempre às voltas com a mãe. Enfim, vemo-lo enredado nos encantos imaginários do amor, com horizontes de anulação de toda falta subjetiva. Narcisicamente, é a sideração do amar para ser amado, no idílio amoroso de fazer Um com o Outro.

Podemos dizer que, neste contexto, Hans aposta o próprio ser na satisfação do desejo do Outro, materializando o princípio radical do desejo humano: o de que o desejo é desejo do desejo do Outro, sob a forma de assujeitamento objetal em relação ao capricho daquele que materna. Em outros termos, trata-se de se posicionar, imaginariamente, numa escala de maior ou menor identificação com o falo, o objeto de desejo do Outro. Entretanto, o projeto de ser o que falta ao Outro se revela insustentável, pois as relações de Hans com o mais-além do aconchego amoroso da mãe se complicam, principalmente depois do nascimento da irmã e do seu pênis começar a se agitar durante a fase fálica.

Estes dois personagens – a irmãzinha e o pênis – não introduzem senão o encontro da alteridade impossível de ser equacionada pela simbiose imaginária do amor. O nascimento da irmã é signo do amor em fuga e da interrogação radical acerca do desejo do Outro: "o que queres de mim, afinal?" Por outro lado, o seu pênis, numa excitação incontrolável, convoca-o para a masturbação angustiante. Notavelmente, o gozo fálico emergente não é estritamente autoerótico, como pensara Freud. Ao contrário, o pênis parece ter vida própria e constituir um mundo à parte, sendo o que há de mais heterogêneo no corpo do garoto e o que estorva a lua-de-mel amorosa que vivia com sua mãe (Lacan, 1975).

Com isso, ocorre-lhe o descolamento entre satisfazer a imagem falicizada e ter algo para apresentar quando a pulsão dispara o gozo sexual na relação com o Outro. Este declínio do falo imaginário não é senão o efeito da castração do Outro, que se produz pela evidência incontornável do seu desejo. Neste momento, o objeto não é mais o objeto imaginário com o qual o sujeito pode se tapear. Trata-se, agora, da entrada em cena do objeto real, cuja integração simbólico-imaginária é precária. Por isso, o mundo de Hans está impregnado de interrogações acerca dos pipis (Freud, 1909).

Neste sentido, Lacan (1962-1963) afirma que não existe relação do sujeito com o campo do Outro senão por intermédio do objeto real que se destaca entre o infante e o Outro, e que subjaz ao falo imaginário negativizado (-phi), em forma de objeto a. Por isso, Lacan (p. 49) só pôde situar a castração no campo da especularidade por meio da simetria entre o -phi não especularizável e o real do objeto a. Em outros termos, a lógica fálica se traduz na crise hamletiana de ser ou não ser o falo que falta ao Outro, que se desdobra como não ser da castração e como queda angustiante do objeto real.

Pois bem, nesta dobradiça da constituição subjetiva, a fobia tem lugar e função "correlativa do corte inaugural da estrutura, em que se demarca a fronteira entre o simbólico e o imaginário, introduzindo a possibilidade lógica de uma falta nos dois registros" (Vidal, 1999). Por isso, Lacan (1968-1969) vislumbrou, no nível da fobia, não apenas uma entidade clínica, mas uma placa giratória, na qual a queda do objeto a, com a divisão subjetiva, está em jogo. Assim, além de uma posição neurótica frente ao desejo, como a se manter na antessala do encontro marcado com o gozo esperado, a fobia representa também um momento constitutivo de toda neurose.

No caso Hans, o nascimento da irmã e a agitação do pênis destacam como a presença de um terceiro é um fenômeno estruturante e perturbador, pois se precipita para Hans a distância entre aquilo pelo que é amado e o que ele pode oferecer. Quer dizer, as veleidades do falo real caucionam o poder simbólico do Outro de denunciar que o sujeito não é, nem tem, o falo suficientemente. E isso mobiliza a angústia de castração: alarme de uma virada sem volta, vertiginosa, na qual "o sujeito está suspenso entre um tempo em que ele não sabe mais onde está, em direção a um tempo onde ele será alguma coisa na qual jamais se poderá reencontrar" (Lacan, 1956-1957, p. 231).

Observamos, portanto, que, antes da fobia, o ponto opaco do desejo da mãe mobiliza angústia em Hans: de um lado, a separação da mãe representava o abandono, o sentir-se um nada no jogo do desejo do Outro; de outra parte, ele temia não ser separado da mãe e estar sujeito ao seu capricho, que sabe-se lá onde pode levar. Assim, Hans se via angustiado diante do tropeço da satisfação esperada do Outro materno.

E qual o lugar da fobia de cavalos nisso? O sintoma fóbico vem em socorro do garoto tomado de gozo no órgão sexual e atolado na orgia incestuosa. Trata-se do objeto como um significante que ocupa o lugar onde deve haver a incidência do pai, protegendo Hans da angústia impossível de suportar. "É preciso um termo que seja impossível de dominar pela criança, que dê medo, até mesmo que morda" (idem, p. 413), em suplência à função paterna, responsável pela castração, que corresponde à retirada da criança do alcance da mordida da mãe, de sua boca de crocodilo.

O papel da mãe é o desejo da mãe. É capital. O desejo da mãe não é algo que se possa suportar assim, que lhe seja indiferente. Carreia sempre estragos. Um grande crocodilo em cuja boca vocês estão – a mãe é isso. Não se sabe o que lhe pode dar na telha, de estalo fechar sua bocarra. O desejo da mãe é isso. Então, tentei explicar que havia algo de apaziguador. Digo-lhes coisas simples, estou improvisando, devo dizer. Há um rolo, de pedra, é claro, que lá está em potência, no nível da bocarra, e isso retém, isso emperra. É o que se chama falo. É o rolo que os põe a salvo se, de repente, aquilo se fecha. (Lacan, 1969-1970, p. 105)

No caso Hans, consta que ele dissera ao pai: seria preciso que você chegasse ali nu (Freud, 1909, p. 79), enfatizando a necessidade da presença do pai, não apenas como personagem, mas como detentor do falo que deixa a mãe-crocodilo boquiaberta, a desejar. Estruturalmente, é o real do pai que desloca a criança da promessa da bocarra do crocodilo; ou seja, é o pai que, perturbando a sideração da criança no ser o falo do Outro, pacifica o encontro com o desejo da mãe. Aqui, o pai real concerne a um homem que deseja sua mulher, sendo, assim, agente castrador porque tem as prerrogativas de gozo desta mulher que causa o seu desejo. O pai real é o efeito real do pai idealizado como portador do falo, por isso não é aquele que apenas goza da mulher interditada ao filho. Submetido à linguagem e à lei, portanto castrado, o pai também é um sujeito desejante. A diferença é que há um gozo velado e impossível que lhe é atribuído. E isso provoca efeitos simultâneos de castração e de transmissão da potência desejante.

Em Hans, o pedido de que "aparecesse nu" nada mais é do que o testemunho de que ele somente conheceu os efeitos angustiantes da falta da nudez paterna. Ora, aquilo de que carece Hans, e que retorna sob a forma de demanda da presença do pai nu, é o efeito castrador do pai real, que une a Lei (de interdição do incesto) ao desejo do Outro, legando ao sujeito as bitolas pacificadoras da norma fálica. Em consonância com o pedido de nudez ao pai, que é a denúncia de sua caducidade no real, temos, no caso Hans, uma figura paterna que responde ao desafio de fazer as vezes de pai real pela via da boa vontade pedagógica; ou seja, temos um pai que teatraliza a paternidade fazendo de conta que está nu, quando não há sinais de ter ele a espessura de um obstáculo respeitável. Nem sua mulher o reconhece possuidor do falo que ela deseja, nem ele a preserva como causa de seu desejo. Por isso, a obstinação pedagógica do pai de Hans, de inspiração psicanalítica, revelou-se mise-en-scène frágil da castração.

Assim, a resposta fóbica está ligada à constelação de uma tríade: orgia imaginária, intervenção do pai real e castração simbólica. Ora, não podemos desconsiderar que o objeto fóbico é também um significante. E, neste sentido, o medo de cavalos é um cristal significante que, sintomaticamente, corta, isola e decanta a angústia do garoto. Trata-se de um elemento que amarra a realidade psíquica de Hans, cujos registros do real da angústia, do simbólico do desejo do Outro e do imaginário do amor estavam em supersaturada conjunção, ali onde o sujeito se dividiu angustiado.

Isso explica que o sintoma fóbico tenha vocação para a fronteira e para o que vem em socorro do sujeito dividido. Por isso, os psicanalistas que escrevem sobre a fobia não se furtam do vocabulário topográfico passível de caracterizá-la: junção, intermediário, passagem, limite, barreira, limiar. Tratar-se-ia de um sintoma-ponto-de-trânsito que mantém o sujeito na antessala do seu desejo, inibido e temeroso, à beira da vertigem, que corresponde à iminência da angústia e do que isso representa de encontro infernal com o gozo. Aliás, como já destacamos, o cavalo em Hans isola justamente a mordida concernente à devoração materna possível, e à promessa de fazer Um no campo de Eros, que Platão imaginariza com a alegoria da divisão do corpo andrógino – bastante criticada por Lacan –, mas cuja reunião erótica impossível corresponderia ao horror do encontro do gozo do Outro (Lacan, 1974-1975), e que é sempre iminente na fobia. Assim, reúnem-se no sintoma o que o fóbico mais teme e aquilo por que mais anseia. Basta atentarmos para a tensão dos fóbicos nos protocolos espaciais de evitação nas agorafobias, a necessidade de pontos de fuga, a instituição de acompanhantes: medidas contrafóbicas, de caráter imaginário, defensivas contra a invasão do gozo e o acossamento pulsional no corpo.

Por isso, com o cavalo, Hans funda uma trincheira monitorada, condensando os coices do pênis e a bocarra da mãe. Quer dizer, o objeto fóbico, heráldico, centra todo o campo, prenhe de implicações significantes. Dessa forma, o medo de cavalo tem a função de condensar significações e circunscrever o gozo. Temos, pois, entre o amor em fuga e o encontro com o gozo, a elevação de uma barreira que permite tratar a angústia.

Adulto, Hans se tornará o renomado diretor de cena de óperas Herbert Graf, que, da infância, guarda a lembrança viva de uma frase do segundo ato de Sigfried, de Richard Wagner: "Ah, pudesse eu, filho, ver minha mãe!" (Cosentino, 1999). Ora, subsiste vivo na memória um resto que testemunha o que se enoda por meio do amor, sob o princípio estrutural do esquecimento. Do tempo do gozo experimentado no corpo e tramado simbolicamente a partir da fobia infantil, resta saudosa lembrança encobridora.

Enfim, a fobia de Hans nos auxilia a pensar aquilo que da estrutura subjetiva está em jogo no sintoma fóbico. Sabemos que nem toda fobia emerge no contexto da infância, no tempo da constituição subjetiva. Entretanto, como nos assinala Freud (1909), o frescor do primário no infantil nos ensina sobre os caminhos entrecortados pelo esquecimento da neurose do adulto. A partir de Hans, podemos considerar que a fobia é um arranjo sintomático para os sujeitos acossados pelo vivo do real da pulsão não domada pela cadeia simbólica da organização psíquica. Os abismos, os espaços abertos ou fechados, os animais/objetos que aos sujeitos ameaçam com a mordida castradora e com a morte, todo este universo provocador de medo constitui, antes de tudo, um primeiro anteparo simbólico, uma trincheira espacial contra o real da angústia; e contra o pior: o fantasiado gozo aniquilador do Outro no horizonte desta angústia vertiginosa, sob a proteção precária dos desfiladeiros do significante.

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Recebido/Received: 12.2.2011 / 2.12.2011

Aceito/Accepted: 13.4.2011 / 4.13.2011

Conflito de interesses/Conflict of interest: Os autores declaram que não há conflito de interesses / The authors declare that has no conflict of interest.

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  • *
    Este artigo constitui um aprofundamento do trabalho que foi apresentado no IV Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, realizado em Curitiba (PR) entre os dias 4 e 7 de setembro de 2010. Financiamento: bolsa de Doutorado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br) a Caio de Mattos Filho e bolsa de produtividade em pesquisa do mesmo Conselho a Angélica Bastos.
    Editor do artigo/Editor: Prof. Dr. Manoel Tosta Berlinck
    Copyright: © 2009 Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental/ University Association for Research in Fundamental Psychopathology. Este é um artigo de livre acesso, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte sejam citados / This is an open-access article, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.
    Financiamento/Funding: Os autores declaram contar com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br) / The authors have support by Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (Brasília, DF, Br)
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Jun 2012
    • Data do Fascículo
      Jun 2012

    Histórico

    • Recebido
      12 Fev 2011
    • Aceito
      13 Abr 2011
    Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
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