Acessibilidade / Reportar erro

A educação física no âmbito do tratamento em saúde mental: um esforço coletivo e integrado 1 1 Este texto constitui parte da dissertação sob o título Atividade física como complemento terapêutico multidisciplinar em saúde mental: estudo do impacto de um programa de exercício físico aeróbico nos sintomas negativos em esquizofrênicos hospitalizados, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD, Vila Real, Portugal.

Physical education in mental health treatment: a collective and integrated project

L'éducation physique et le traitement en santé mentale: un effort collectif et integré

La educación física en el tratamiento de la salud mental: un esfuerzo colectivo e integrado

Sportunterricht im Rahmen der Behandlung von Geistesstörungen: eine kollektive und integrierte Initiative

Resumos

Este artigo analisa a Educação Física no processo de tratamento de doenças mentais, identificando as contribuições dessa prática profissional às terapias em saúde mental. Discute-se nesse estudo o papel da Educação Física enquanto atividade terapeutica auxiliar na diminuição da sintomatologia dessas doenças em função da aplicação de atividades físicas identificada em diversos estudos. Concluiu-se que a integração da Educação Física como ciência auxiliar à Psiquiatria tem se constituído um esforço interdisciplinar nos tratamentos de pacientes em sofrimento mental.

Educação física; saúde mental; interdisciplinaridade; tratamento


This article analyzes the use of physical education in treating mental illness by describing the contributions of this area to mental health therapies. Based on several studies, the authors discuss the benefits of physical education as a therapeutic aid in reducing the symptoms of psychic disorders. The conclusion is that physical education and science can be useful to psychiatry as part of interdisciplinary efforts in the treatment of patients with mental distress.

Physical education; mental health; interdisciplinary; treatment


Cet article analyse le processus de l'éducation physique dans le traitement des maladies mentales en identifiant les apports de cette pratique professionnelle aux thérapies de la santé mentale. Nous discutons le rôle de l'éducation physique comme activité thérapeutique auxiliaire qui permet de réduire les symptômes de ces maladies à travers l'application d'activités physiques, identifié dans plusieurs études. Nous concluons que l'intégration de l'Éducation Physique comme support à la Psychiatrie représente un effort interdisciplinaire dans le traitement des patients souffrant de troubles mentaux.

Éducation physique; santé mentale; interdisciplinarité; traitement


En este artículo se analiza el proceso de la educación física en el tratamiento de las enfermedades mentales, identificando los aportes de esta práctica profesional en las terapias de salud mental. Se examina en este estudio el papel de la actividad de educación física como ayuda terapéutica en la reducción de los síntomas de estas enfermedades debido a la aplicación de las actividades físicas identificadas en varios estudios. Se concluyó que la integración de la educación física como ciencia auxiliar a la psiquiatría ha constituido un esfuerzo interdisciplinario en el tratamiento de pacientes con dificultades mentales.

Educación física; salud mental; interdisciplinaria; tratamiento


Dieser Artikel untersucht den Sportunterricht im Behandlungsprozess von Geistesstörungen, wobei die positive Einwirkung dieser Berufspraxis auf die therapeutischen Behandlungen von Geisteskranken erforscht wird. Hier wird die Rolle sportlicher Aktivitäten als therapeutische Hilfsmittel diskutiert, die dazu beitragen, die Symptome dieser Krankheiten zu lindern, wie es in verschiedenen Studien festgestellt wurde. Daraus wird geschlossen, dass die Integration von Sportunterricht als ergänzende Wissenschaft in die Psychiatrie sich als wirksames interdisziplinäres Medium zur Behandlung von geistesgestörten Patienten erwiesen hat.

Sportunterricht im Rahmen


Introdução

A Educação Física é considerada uma área do conhecimento científico que, para fins de classificação dentro do saber acadêmico, em algumas universidades, encontra-se vinculada ao campo das Ciências Sociais e Humanas e, em outras, à área das Ciências da Saúde.

Historicamente, as raízes do conhecimento da Educação Física podem ser situadas no campo da Filosofia, Biologia e Sociologia.

Atualmente, diante da inserção dos profissionais, principalmente a partir das duas últimas décadas, na saúde pública, potencializada pela política pública do Sistema Único de Saúde (SUS), do Movimento Antimanicomial (no campo da saúde mental) e no contexto das equipes dos Núcleos de Apoio de Saúde da Família (NASFs), a profissão tem sido caracterizada cada vez mais como pertencente à área da saúde.

Assim, o lugar da Educação Física em saúde mental possui parâmetros utilizados para situá-la em alguns contextos no campo das Ciências da Saúde. Esses parâmetros nos conduzem a dois questionamentos: A filiação da Educação Física à determinada área do conhecimento científico decorre dos espaços de intervenção profissional ou do objeto de estudo da profissão? A constituição da Educação Física como ciência já revela uma natureza interdisciplinar? Para responder a esses questionamentos optou-se por analisar pesquisas no Brasil e em escala internacional que pudessem vislumbrar a contribuição do objeto da Educação Física às práticas em saúde mental.

Este artigo tem por objetivo analisar o processo de integração da Educação Física no âmbito dos tratamentos em saúde mental de forma a identificar as contribuições dessa prática profissional às terapias relativas ao sofrimento mental.

As atividades físicas como fator da elevação do bem-estar do doente mental

Para Berk (2007)Berk, M. (2007). Should we be targeting exercise as a routine mental health intervention? Acta Neuropsychiatrica, 19, 217-218., o estilo de vida ocidental é predominantemente sedentário, ocasionando um grave problema de saúde que é uma premissa importante a ser observada no paciente esquizofrênico. Por outro lado Callaghan (2004)Callaghan, P. (2004). Exercise: a neglected intervention in mental health care? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 11, 476-483. aponta que indivíduos com aptidão física melhorada pela prática de exercício físico apresentam muitos benefícios fisiológicos que os capacitam para execução de atividades cotidianas, sem dores, cansaço ou esgotamento físico, e Donaghy (2007)Donaghy, M. E. (2000). Exercise can seriously improve your mental health: fact or fiction? Advances in Physiotherapy, 79, 76-88. ressalta que, na perspectiva do sofrimento psíquico, a atividade física melhora proporcionalmente o nível de saúde mental.

O exercício físico está presente em diversas atividades como programas de treinamento desportivo, aulas de Educação Física, atividades de academia, sessões de reabilitação terapêutica, entre outros processos de intervenção motora. A efetividade desta gama de propostas em que o exercício físico encontra-se inserido é influenciada por fatores ambientais, materiais e qualidade técnica e científica dos profissionais envolvidos (Booth & Roberts, 2008)Booth, F. W. & Roberts, C. K. (2008). Linking performance and cronic disease risk: indices of physical performance are surrogates for health., British Journal of Sports Medicine 42(12), 950-952. .

O exercício físico é recomendado para a população em geral por muitas entidades médicas, incluindo a American College of Sports Medicine (ACSM). É de notório conhecimento que a atividade física é considerada uma importante ferramenta para a melhoria da saúde pública e para o aprimoramento de qualidades físicas de acordo com o tipo de exercício executado (ACSM, 2010American College of Sports Medicine (ACMS) (2010). ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription. (8ª ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. ; WHO, 2006)World Health Organization (WHO) (2006). The World Health Report 2006 - working together for health. Geneva: The World Health Report. . Ela está diretamente relacionada à qualidade de vida em indivíduos saudáveis e relacionada à saúde para pessoas com diversas ordens de patologias como: artrite, câncer, cardiopatias, diabetes melito, incapacitações por paralisia cerebral e lesões na medula espinhal, dislipidemia, vírus da imunodeficiência humana, hipertensão, síndrome metabólica, sobrepeso e obesidade, osteoporose, doença arterial periférica e doença renal (ACSM, 2010)American College of Sports Medicine (ACMS) (2010). ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription. (8ª ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. .

Segundo Goodwin (2003)Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. pouco mais da metade (60,3%) de um total de 5.877 adultos nos Estados Unidos mantinham a prática regular de exercícios físicos e estes estavam relacionados à baixa prevalência de depressão e ansiedade. Este número é grandiosamente inferior na população acometida por transtorno mental (Dunn & Jewell, 2010Dunn, A. L., & Jewell, J. S. (2010). The effect of exercise on mental health. Current Sports Medicine Reports, 9(4), 202-207.; Vasconcelos-Raposo, 2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. . A população acometida por transtornos mentais morre 10-15 anos mais cedo do que a população em geral, e os principais fatores contribuintes incluem prevenção de doenças cardiovasculares resultantes de escolhas de estilo de vida pobre, como a inatividade física (Parks, Svendsen, Singer & Foti, 2006)Parks, J., Svendsen, D., Singer, P. & Foti, M. E. (2006). Morbidity and mortality in people with serious mental illness. Alexandria (VA): National Association of State Mental Health Program Directors. .

Os transtornos mentais incluem sintomas emocionais e comportamentais definidas pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - quarta edição (DSM-IV, 2000)Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) (2000). (4ª ed.). text rev. Washington, DC: American Psychiatric Association. e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - décima revisão (CID-10, 2008)Faulkner, G., Cohn, T. & Remington, G. (2006). Validation of a physical activity assessment tool for individuals with schizophrenia. Schizophrenia Research, 82(2-3), 225-231. . Estes incluem esquizofrenia, depressão, transtornos de ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de conduta e abuso e dependência de substâncias.

O exercício físico está inserido no Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de cumprir exigências das diretrizes na forma de ações e serviços de modo universal e integral da assistência com ações e serviços de prevenção e curativos, individuais e coletivos em todos os níveis de complexidade. No panorama da reforma psiquiátrica o exercício físico é incluído como uma terapia na recuperação em casos de transtornos psiquiátricos graves e manutenção para auxiliar no impedimento de novas crises e na prevenção para que o indivíduo não adoeça (Roeder, 2003)Roeder, M. A. (2003). Atividade física, saúde mental & qualidade de vida. Rio de Janeiro: Shape. p. 365..

Na prática acadêmica, os exercícios são propostos a pacientes com transtorno mental por várias razões (Amersfoort, 2004)Amersfoort, Y. V. (2004). Prescripción de ejercicio físico y salud mental. In J. R., Grima & C. B. Calafat (Eds.), Prescripcíon de ejercicio físico para la salud, (pp. 303-340). Barcelona: Paidotribo. . Nesse sentido, há uma gama de pesquisas que relacionam a eficácia do exercício aos ganhos da aptidão física tanto de pacientes saudáveis quanto de pacientes psiquiátricos (Callaghan, 2004Callaghan, P. (2004). Exercise: a neglected intervention in mental health care? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 11, 476-483.; Meyer & Broocks, 2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279.. Os benefícios das alterações e adaptações bioquímicas e fisiológicas estão relacionados com a prática de exercícios regulares. Alguns destes mecanismos afetam o humor, por exemplo, por meio de serotonina (Wipfli, Landers, Nagoshi & Ringenbach, 2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
, as endorfinas que atuam como ansiolítico, ou alteram a reatividade ao estresse (hipotálamo-pituitária-adrenal) relacionado ao nível de cortisol e memória, dentre outros (Wolf, Schommer, Hellhammer, McEwen, & Kirschbaum, 2001Wolf, O. T., Schommer, N. C., Hellhammer, D. H., McEwen, B. S. & Kirschbaum, C. (2001). The relationship between stress induced cortisol levels and memory differs between men and women. Psychoneuroendocrinology, 26, 711-720.; Wolf, 2012)Wolf, O. T. (2012). Immediate recall influences the effects of pre-encoding stress on emotional episodic long-term memory consolidation in healthy young men. Stress, 15(3), 272-280. .

Pesquisas revelam a eficácia da utilização do exercício enquanto terapia não medicamentosa coadjuvante para a saúde mental (Lincoln, Shepherd, Johnson, & Castaneda-Sceppa, 2011Lincoln, A.K., Shepherd, A., Johnson, P.L., & Castaneda-Sceppa, C. (2011). The impact of resistance exercise training on the mental health of older Puerto Rican adults with type 2 diabetes. The Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66(5), 567-570. ; Have, 2011Have, M. de ten, Graaf, R. & Monshouwer, K. (2011). Physical exercise in adults and mental health status Findings from the Netherlands Mental Health Survey and Incidence Study (NEMESIS). Journal of Psychosomatic Research, 71, 342-348. ; Vasconcelos-Raposo, 2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. em pacientes com ansiedade (Berk, 2007Berk, M. (2007). Should we be targeting exercise as a routine mental health intervention? Acta Neuropsychiatrica, 19, 217-218.; Goodwin, 2003Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. ; Wipfli et al., 2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
, sintomas depressivos em pacientes com artrite (Dario, Külkamp, Faraco, Gevaerd & Domenech, 2010)Dario, A.B.; Külkamp, W., Faraco, H.C., Gevaerd, M.S. & Domenech, S.C. (2010). Alterações psicológicas e exercício físico em pacientes com artrite reumatoide. Motricidade, 6(3), 21-30. , dependentes de álcool e drogas (Goodwin, 2003)Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. , depressão (Dunn, Trivedi, Kampert, Clark & Chambliss, 2005Dunn, A. L., Trivedi, M. H., Kampert, J. B. Clark, C. G. & Chambliss, H.O. (2005). Exercise treatment for depression: efficacy and dose response. The American Journal of Preventive Medicine, 28, 1-8. ; Helmich et al., 2010Helmich, I., Latini, A., Sigwalt, A., Carta, M. G., Machado, S., Velasques, B., Budde, H. (2010). Draft for clinical practice and epidemiology in mental health neurobiological alterations induced by exercise and their impact on depressive disorders. Clinical Practice & Epidemiology in Mental Health, 6, 115-125. ; Lincoln et al., 2011Lincoln, A.K., Shepherd, A., Johnson, P.L., & Castaneda-Sceppa, C. (2011). The impact of resistance exercise training on the mental health of older Puerto Rican adults with type 2 diabetes. The Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66(5), 567-570. ; Wipfli et al., 2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
, distúrbios alimentares (Stathopoulou, Powers, Berry, Smits & Otto, 2006)Stathopoulou, G., Powers, M. B., Berry, A. C., Smits, J. A. J., & Otto, M. W. (2006). Exercise Interventions for Mental Health: a quantitative and qualitative review. Clinical Psychology: Science and Practice, 3(2), 179-193. e esquizofrenia (Holley, Crone, Tyson & Lovell, 2011)Holley, J., Crone, D., Tyson, P. & Lovell, G. (2011). The effects of physical activity on psychological well-being for those with schizophrenia: a systematic review., British Journal of Clinical Psychology 50, 84-105. .

De um modo abrangente, independente da patologia acometida no indivíduo, é observada a melhora dos sintomas de ansiedade (Goodwin, 2003Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. ; Meyer & Broocks, 2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279., autoconfiança (Meyer & Broocks, 2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279., autoestima (Durão, Souza & Miasso, 2005Durão, A. M. S., Souza, M. C. B. & Miasso, A. L. (2005). Grupo de acompanhamento de portadores de esquizofrenia. Revista Brasileira de Enfermagem, 58(5), 524-528. ; Sonstroem & Morgan, 1989)Sonstroem, R. J. & Morgan, W. P. (1989). Exercise and self-esteem rationale and model. Medicine & Science in Sports & Exercise, 21, 329-337. , depressão (Goodwin, 2003Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. ; Meyer & Broocks, 2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279., humor (Peluso & Andrade, 2005)Peluso, M. A. M. & Andrade, L. H. S. G. (2005). Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. Clinics, 60(1), 61-70. , imagem corporal (Meyer & Broocks, 2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279. qualidade de vida relacionada à saúde (Schmitz, N., 2004)Schmitz, N., Kruse, J. & Kugler, J. (2004). The association between physical exercises and health-related quality of life in subjects with mental disorders: results from a cross-sectional survey., Preventive Medicine 39, 1200-1207. . A melhora tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes psiquiátricos torna o exercício uma ferramenta auxiliar na prevenção e tratamento de doenças psiquiátricas (Peluso & Andrade, 2005)Peluso, M. A. M. & Andrade, L. H. S. G. (2005). Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. Clinics, 60(1), 61-70. .

Porém, a prescrição inadequada de exercício físico pode desencadear problemas como a síndrome do overtraining (Petibois, Cazorla, Poortmans & Deleris, 2002)Petibois, C., Cazorla, G., Poortmans, J.R. & Deleris, G. (2002). Biochemical aspects of overtraining in endurance sports: a review., Sports Medicine 32(13), 867-878., dismofia muscular (Drewnowski, Kurth & Krah, 1995)Drewnowski, A., Kurth, C.L. & Krah, D. D. (1995). Effects of body image on dieting, exercise, and anabolic steroid use in adolescent males. International Journal of Eating Disorders, 17(4), 381-386. , distúrbios no humor (Peluso & Andrade, 2005)Peluso, M. A. M. & Andrade, L. H. S. G. (2005). Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. Clinics, 60(1), 61-70. , obsessão por exercício (Bamber, Cockerill, & Carroll, 2000)Bamber, D., Cockerill, I. M. & Carroll, D. (2000). The pathological status of exercise dependence. British Journal of Sports Medicine, 34(2), 125-132., alterações psiquiátricas causadas por anabolizantes (Peluso, Assunção, Araújo & Andrade, 2000)Peluso, M. A. M., Assunção, S., Araújo, L. A. & Andrade, L. (2000). Alterações psiquiátricas associadas ao uso de anabolizantes., Revista de Psiquiatria Clínica 27(4), 229-236..

Os benefícios do exercício físico nas qualidades físicas dos pacientes esquizofrênicos são bem documentados na literatura e contribuem para o aumento da longevidade nesta população (Richardson et al., 2005)Richardson, C. R., Faulkner, G., McDevitt, J., Skrinar, G. S., Hutchinson, D. S. & Piette, J. D. (2005). Integrating physical activity into mental health services for persons with serious mental illness. Psychiatric Services, 56(3), 324-331. . Pacientes com esquizofrenia apresentam níveis bastante inferiores de participação de atividade física regular quando comparados à população saudável por diversos fatores, dentre os quais o estigma, o desconhecimento da possibilidade de participação, fatores sociais, econômicos (Chamove, 1986Chamove, A. (1986). Positive short-term effects of activity on behaviour in chronic schizophrenic patients. British Journal of Clinical Psychology, 25(2), 125-133. ; Daley, 2002Daley, A. J. (2002). Exercise therapy and mental health in clinical populations: is exercise therapy a worthwhile intervention? Advances in Psychiatric Treatment, 8, 262-270. ; Doh, 2006DoH - Department of Health. (2006). Choosing health: Supporting the health needs of people with severe mental illness. London: Author. ).

É evidenciado que a atividade física também pode ser útil, nos mais graves problemas de saúde mental, como na esquizofrenia e psicose (Ellis, Crone, Davey & Grogan, 2007Ellis, N., Crone, D., Davey, R. & Grogan, S. (2007). Exercise interventions as an adjunct therapy for psychosis: a critical review., British Journal of Clinical Psychology 46(1), 95-111.; Faulkner, Cohn & Remington. 2006)Faulkner, G., Cohn, T. & Remington, G. (2006). Validation of a physical activity assessment tool for individuals with schizophrenia. Schizophrenia Research, 82(2-3), 225-231. . Com esta evidência, tem havido um aumento de pesquisas voltadas para a utilização da atividade física na saúde mental como um complemento ao tratamento e, em alguns casos, como parte integrante da abordagem plano de assistência à saúde (Crone, Heaney & Owens, 2009)Crone, D., Heaney, L., & Owens, C. (2009). Physical activity and mental health. In L. Dugdill, D. Crone, & R. Murphy (Eds.), Physical activity and health promotion: evidenced-based approaches to practice, (pp. 198-212). London: Blackwell..

Apesar da existência de pesquisas acerca dos efeitos terapêuticos do exercício na saúde mental (Vasconcelos-Raposo, 2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. , deve-se levar em consideração a forma como tais pesquisas devem ser divulgadas aos profissionais de saúde mental (Callaghan, 2004Callaghan, P. (2004). Exercise: a neglected intervention in mental health care? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 11, 476-483.; Faulkner & Biddle, 2001)Faulkner, G. & Biddle, S. (2001). Exercise and mental health: It's just not psychology! Journal of Sports Sciences, 19(6), 433-444. e aos gestores em saúde (Vasconcelos-Raposo, 2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. , pois os profissionais de saúde, de um modo geral, somente recomendam o exercício físico para seus pacientes pelos aspectos positivos alcançados em relação à melhoria da aptidão física (Daley, 2002Daley, A. J. (2002). Exercise therapy and mental health in clinical populations: is exercise therapy a worthwhile intervention? Advances in Psychiatric Treatment, 8, 262-270. ; Faulkner & Biddle, 2001Faulkner, G. & Biddle, S. (2001). Exercise and mental health: It's just not psychology! Journal of Sports Sciences, 19(6), 433-444. ; Dunn & Jewell, 2010)Dunn, A. L., & Jewell, J. S. (2010). The effect of exercise on mental health. Current Sports Medicine Reports, 9(4), 202-207., sendo negligenciada, pelos gestores, a importância do exercício físico enquanto ferramenta terapêutica (Vasconcelos-Raposo, 2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. .

As pesquisas descritas revelam que a atividade física traz benefícios aos pacientes esquizofrênicos no sentido de propor uma dinâmica diferenciada a esses sujeitos, tornando-os agentes principais do tratamento, libertando-os da rotina dos remédios a que comumente são submetidos. A atividade física representa também uma possibilidade de alívio da ansiedade, pois a rotina de hospitais e unidades de saúde que cuidam de esquizofrênicos, por vezes impõe ao paciente uma rotina de terapias medicamentosas que falseiam o seu o quadro clínico.

As Diretrizes da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica para o Tratamento Biológico da Esquizofrenia relatada por Falkai et al. (2006)Falkai, P., Wobrock, T., Lieberman, J., Glenthoj, B., Gattaz, W. F. & Möller, H. J. (2006). Diretrizes da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica para o Tratamento Biológico da Esquizofrenia. Revista de Psiquiatria Clínica, 33, 7-64. na Revista de Psiquiatria Clínica mostram que a atividade física é muito importante para pacientes esquizofrênicos, uma vez que estes, em virtude da enfermidade, são mais propensos ao sedentarismo e com isso desenvolvem obesidade que traz risco de vida e que, segundo eles, tem se ampliado entre esses pacientes, tendo em vista que,

Indivíduos com esquizofrenia têm mais sobrepeso ou obesidade que os indivíduos da população geral (Marder et al., 2004)Marder, S. R., Essok, S. M., Miller, A. L., Buchanan, R. W., Casey, D. E., Davis, J. M. Shon, S. (2004). Physical health monitoring of patients with schizophrenia. American Journal of Psychiatry, 161, 1334-1349.. Combinado com outros fatores de risco (como tabagismo, atividade física reduzida, diabetes e dislipidemia), o risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares se mostra aumentado. (Falkai et al., 2006, p. 22)Falkai, P., Wobrock, T., Lieberman, J., Glenthoj, B., Gattaz, W. F. & Möller, H. J. (2006). Diretrizes da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica para o Tratamento Biológico da Esquizofrenia. Revista de Psiquiatria Clínica, 33, 7-64.

Essas referências mostram que realizar atividade física com pacientes esquizofrênicos implica também uma série de variáveis que devem ser identificadas pelo profissional destacado para aplicar essa tarefa. Gomes (2011)Gomes, E. A. (2011). Atividade física e desportiva para indivíduos com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo: implantação de um programa e análise e aplicabilidade de um teste de capacidade funcional. Porto/PT: Faculdade de desporto da Universidade do Porto. 121p. (Dissertação de Mestrado). em dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto sob o título "Atividade física e desportiva para indivíduos com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo", a qual foi analisada a partir da implantação de um programa de capacidade funcional no qual a autora identificou que nem sempre a atividade física corrobora com a melhora do paciente, uma vez que as melhoras estão em função da inconstância do estado paciente. A autora relata que não identificou mudanças significativas na perda de peso ou da circunferência do abdome.

A interferência da atividade física na sintomatologia do transtorno mental

Algumas pesquisas sobre programas de exercícios físicos relacionados a sintomas negativos em pacientes esquizofrênicos mostram que os termos exercício físico e esquizofrenia, no Information Sciences Institute, foram encontradas 19 pesquisas relevantes entre o período de 1999 a 2011. Sendo que a maioria dos estudos relaciona os efeitos das qualidades físicas no público pesquisado. Enquanto que apenas três estudos relacionam o exercício físico com os sintomas da esquizofrenia.

Beebe et al. (2011)Beebe, L., Smith, K., Burk, R., McIntyre, K., Dessieux, O., Tavakoli, A., Velligan, D. (2011). Effect of a Motivational Intervention on Exercise Behavior in Persons with Schizophrenia Spectrum Disorders. Community Mental Health Journal, 47(6), 628-636. realizaram um estudo piloto com dez pacientes com alta hospitalar que participaram de um programa de caminhada de cinco a trinta minutos, três vezes por semana, durante o período de 16 semanas em que foram analisados a severidade dos sintomas psiquiátricos, índice de massa corporal e percentual de gordura. Não houve diferença significativa entre os sintomas negativos, positivos e escore total da Escala dos sintomas positivos e negativos (PANSS) entre grupo experimental e grupo controle.

No estudo de Marzolini, Jensen & Melville (2009)Marzolini, S., Jensen, B., & Melville, P. (2009). Feasibility and effects of a group-based resistance and aerobic exercise program for individuals with severe schizophrenia: a multidisciplinary approach. Mental Health and Physical Activity, 2(1), 29-36. 13 pacientes foram divididos em grupo experimental e controle onde o grupo experimental participou de um programa aeróbico e de resistência, sendo noventa minutos de duração por sessão, duas vezes por semana, durante 12 semanas, sendo avaliado o nível de saúde mental, a capacidade funcional de exercício, força muscular e medidas antropométricas. O grupo controle apresentou melhora significativa na pontuação total do inventário de saúde mental (p<0,03) quando comparado ao grupo controle.

Acil, Dogan & Dogan (2008)Acil, A. A., Dogan, S., Dogan, O. (2008). The effects of physical exercises to mental state and quality of life in patients with schizophrenia. Journal of Psychiatric Mental Health Nursing, 15(10), 808-815. realizaram uma pesquisa sobre o efeito de um programa de um exercício físico aeróbico, inicialmente por vinte e cinco minutos, duas vezes por semana à quarenta minutos por sessão, três vezes por semana, em um período de dez semanas, com uma amostra de trinta pacientes internados e de alta hospitalar, divididos, de modo igualitário, entre grupo experimental e controle com o objetivo de avaliar os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, utilizando como escalas avaliativas: o Inventário breve de sintomas, a escala de avaliação de sintomas positivos e escala de avaliação dos sintomas negativos e o "World Health Organization Quality of Life Scale - Turkish Version". A pesquisa demonstrou que exercício aeróbico moderado é um programa eficaz na diminuição dos sintomas psiquiátricos comparado ao grupo controle.

Tais estudos apresentaram uma lacuna do conhecimento que instigou a realização do estudo referente à tese de doutorado a qual este artigo é constituinte, ou seja, é evidente que os sintomas positivos são, na sua maioria, tratados pela medicação especificada, porém os sintomas negativos necessitam das terapias complementares e nenhum dos estudos ora apresentados especificam quais sintomas negativos apresentam melhora significativa ao aplicar um programa de exercício físico a esquizofrênicos.

É inquestionável o valor da atividade física no tratamento do paciente esquizofrênico. Apesar dos resultados mostrarem efeitos negativos dessas atividades no comportamento do paciente, a atividade física, como foi possível observar, causa efeito bastante positivo nos indivíduos, especialmente os benefícios relacionados à obesidade, superação do sedentarismo, mas tais resultados sempre dependem do estado em que se encontram os pacientes.

Considerações finais

As análises desses estudos mostram que a atividade física é uma alternativa viável para a melhoria da situação dos pacientes esquizofrênicos, revelando que a equipe que envolve o profissional da Educação Física tem garantido um bom êxito nas experiências que integram saberes profissionais específicos.

O caráter interdisciplinar dos tratamentos relacionados ao sofrimento mental tem colaborado com a consolidação da reforma psiquiátrica com a inserção de áreas, inicialmente a Psicologia que iniciou sua inserção na década de 1970 e atualmente a Educação Física tem ocupado lugares importantes apresentando alternativas viáveis a partir do seu objeto. Respondendo ao questionamento que se fez inicialmente, observou-se que a intervenção profissional da Educação Física tem propiciado a integração do seu objeto centrado nas manifestações do movimento humano com as necessidades dos pacientes esquizofrênicos, como pode ser observado nas investigações de Parks, Svendsen, Singer & Foti (2006)Parks, J., Svendsen, D., Singer, P. & Foti, M. E. (2006). Morbidity and mortality in people with serious mental illness. Alexandria (VA): National Association of State Mental Health Program Directors. ; Amersfoort (2004)Amersfoort, Y. V. (2004). Prescripción de ejercicio físico y salud mental. In J. R., Grima & C. B. Calafat (Eds.), Prescripcíon de ejercicio físico para la salud, (pp. 303-340). Barcelona: Paidotribo. , Callaghan, (2004)Callaghan, P. (2004). Exercise: a neglected intervention in mental health care? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 11, 476-483.; Meyer & Broocks (2000)Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279.; Wipfli, Landers, Nagoshi & Ringenbach (2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
; Wolf, Schommer, Hellhammer, McEwen & Kirschbaum (2001)Wolf, O. T., Schommer, N. C., Hellhammer, D. H., McEwen, B. S. & Kirschbaum, C. (2001). The relationship between stress induced cortisol levels and memory differs between men and women. Psychoneuroendocrinology, 26, 711-720.; Wolf (2012)Wolf, O. T. (2012). Immediate recall influences the effects of pre-encoding stress on emotional episodic long-term memory consolidation in healthy young men. Stress, 15(3), 272-280. e as demais pesquisas relatadas.

Sobre o questionamento da constituição da Educação Física como ciência revela sua natureza interdisciplinar, uma vez que as descrições revelam ampla capacidade, por meio das atividades propostas de determinarem diagnósticos eficazes, como foi possível verificar nos resultados de Berk 2007Berk, M. (2007). Should we be targeting exercise as a routine mental health intervention? Acta Neuropsychiatrica, 19, 217-218.; Goodwin, 2003Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. ; Wipfli et al. (2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
; Lincoln, Shepherd, Johnson & Castaneda-Sceppa, (2011)Lincoln, A.K., Shepherd, A., Johnson, P.L., & Castaneda-Sceppa, C. (2011). The impact of resistance exercise training on the mental health of older Puerto Rican adults with type 2 diabetes. The Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66(5), 567-570. ; Have, M. 2011Have, M. de ten, Graaf, R. & Monshouwer, K. (2011). Physical exercise in adults and mental health status Findings from the Netherlands Mental Health Survey and Incidence Study (NEMESIS). Journal of Psychosomatic Research, 71, 342-348. ; Vasconcelos-Raposo (2011)Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5. ; Dario, Külkamp, Faraco, Gevaerd & Domenech (2010)Dario, A.B.; Külkamp, W., Faraco, H.C., Gevaerd, M.S. & Domenech, S.C. (2010). Alterações psicológicas e exercício físico em pacientes com artrite reumatoide. Motricidade, 6(3), 21-30. ; Goodwin (2003)Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703. ; Dunn, Trivedi, Kampert, Clark & Chambliss (2005)Dunn, A. L., Trivedi, M. H., Kampert, J. B. Clark, C. G. & Chambliss, H.O. (2005). Exercise treatment for depression: efficacy and dose response. The American Journal of Preventive Medicine, 28, 1-8. ; Helmich et al. (2010)Helmich, I., Latini, A., Sigwalt, A., Carta, M. G., Machado, S., Velasques, B., Budde, H. (2010). Draft for clinical practice and epidemiology in mental health neurobiological alterations induced by exercise and their impact on depressive disorders. Clinical Practice & Epidemiology in Mental Health, 6, 115-125. ; Lincoln et al. (2011)Lincoln, A.K., Shepherd, A., Johnson, P.L., & Castaneda-Sceppa, C. (2011). The impact of resistance exercise training on the mental health of older Puerto Rican adults with type 2 diabetes. The Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66(5), 567-570. ; Wipfli et al. (2011)Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
21...
e Stathopoulou, Powers, Berry, Smits & Otto (2006)Stathopoulou, G., Powers, M. B., Berry, A. C., Smits, J. A. J., & Otto, M. W. (2006). Exercise Interventions for Mental Health: a quantitative and qualitative review. Clinical Psychology: Science and Practice, 3(2), 179-193. , Holley, Crone, Tyson & Lovell (2011)Holley, J., Crone, D., Tyson, P. & Lovell, G. (2011). The effects of physical activity on psychological well-being for those with schizophrenia: a systematic review., British Journal of Clinical Psychology 50, 84-105. sobre depressão, distúrbios alimentares, dependência de drogas e álcool, ansiedade, esquizofrenia, entre outros sintomas.

A natureza interdisciplinar da Educação Física no âmbito do trabalho em saúde mental é um forte argumento que sustenta o objeto do presente estudo, uma vez que a Educação Física, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Medicina, Enfermagem, com seus respectivos objetos de estudo - a natureza fenômeno psicopatológico e as múltiplas expressões -, encontram-se profundamente vinculadas, uma vez que as desigualdades e os processos de exclusão oriundos das condições de organização e reprodução da vida material são constituintes dos processos de produção de subjetividades assujeitadas e/ou livres as quais, por sua vez, constituem a lógica de (re)produção do próprio sistema, seja conformando-se e/ou resistindo a ele, na perspectiva de manutenção do instituído e/ ou da produção de movimentos e forças instituintes (Baremblitt, 1992)Baremblitt, G. F. (1992). Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática (5a ed.). Belo Horizonte: Instituto Félix Guattari..

A interdisciplinaridade é um campo de essencial importância para o presente estudo, tendo em vista que a prática do profissional de Educação Física na assistência em saúde mental no hospital geral permeia o domínio de conhecimentos que permitem comunicação entre os membros da equipe, contribuindo com sua especificidade para a resolutividade de problemas propostos. Segundo Almeida et al. (2010)Almeida, M. M., Schall, V. T., Martins, A. M., & Modena, C. M. (2010). Representações dos cuidadores sobre a atenção na esquizofrenia. PsiC, 41(1), 110-117. destacam que a Reforma Psiquiátrica brasileira é produto de um processo social que se constrói cotidianamente, uma realidade concreta e presente, mas um modelo ainda em construção. Dessa forma, sendo a doença mental um processo biopsicossocial, exige a convergência de saberes disciplinares diversos que se integrem, o que se constitui um desafio para os profissionais que tratam da saúde mental, criar novas práticas nessa direção, fazendo-se necessária investigação e reflexão em relação aos tratamentos dos transtornos mentais.

  • Acil, A. A., Dogan, S., Dogan, O. (2008). The effects of physical exercises to mental state and quality of life in patients with schizophrenia. Journal of Psychiatric Mental Health Nursing, 15(10), 808-815.
  • Almeida, M. M., Schall, V. T., Martins, A. M., & Modena, C. M. (2010). Representações dos cuidadores sobre a atenção na esquizofrenia. PsiC, 41(1), 110-117.
  • American College of Sports Medicine (ACMS) (2010). ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription. (8ª ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
  • Amersfoort, Y. V. (2004). Prescripción de ejercicio físico y salud mental. In J. R., Grima & C. B. Calafat (Eds.), Prescripcíon de ejercicio físico para la salud, (pp. 303-340). Barcelona: Paidotribo.
  • Bamber, D., Cockerill, I. M. & Carroll, D. (2000). The pathological status of exercise dependence. British Journal of Sports Medicine, 34(2), 125-132.
  • Baremblitt, G. F. (1992). Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática (5a ed.). Belo Horizonte: Instituto Félix Guattari.
  • Baremblitt, G. F. (2009). Prefácio. In I. C. F. Passos, Reforma psiquiátrica: as experiências francesas e italianas. Rio de Janeiro: Fiocruz.
  • Beebe, L., Smith, K., Burk, R., McIntyre, K., Dessieux, O., Tavakoli, A., Velligan, D. (2011). Effect of a Motivational Intervention on Exercise Behavior in Persons with Schizophrenia Spectrum Disorders. Community Mental Health Journal, 47(6), 628-636.
  • Berk, M. (2007). Should we be targeting exercise as a routine mental health intervention? Acta Neuropsychiatrica, 19, 217-218.
  • Booth, F. W. & Roberts, C. K. (2008). Linking performance and cronic disease risk: indices of physical performance are surrogates for health., British Journal of Sports Medicine 42(12), 950-952.
  • Callaghan, P. (2004). Exercise: a neglected intervention in mental health care? Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 11, 476-483.
  • Chamove, A. (1986). Positive short-term effects of activity on behaviour in chronic schizophrenic patients. British Journal of Clinical Psychology, 25(2), 125-133.
  • Crone, D., Heaney, L., & Owens, C. (2009). Physical activity and mental health. In L. Dugdill, D. Crone, & R. Murphy (Eds.), Physical activity and health promotion: evidenced-based approaches to practice, (pp. 198-212). London: Blackwell.
  • Daley, A. J. (2002). Exercise therapy and mental health in clinical populations: is exercise therapy a worthwhile intervention? Advances in Psychiatric Treatment, 8, 262-270.
  • Dario, A.B.; Külkamp, W., Faraco, H.C., Gevaerd, M.S. & Domenech, S.C. (2010). Alterações psicológicas e exercício físico em pacientes com artrite reumatoide. Motricidade, 6(3), 21-30.
  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) (2000). (4ª ed.). text rev. Washington, DC: American Psychiatric Association.
  • DoH - Department of Health. (2006). Choosing health: Supporting the health needs of people with severe mental illness. London: Author.
  • Donaghy, M. E. (2000). Exercise can seriously improve your mental health: fact or fiction? Advances in Physiotherapy, 79, 76-88.
  • Drewnowski, A., Kurth, C.L. & Krah, D. D. (1995). Effects of body image on dieting, exercise, and anabolic steroid use in adolescent males. International Journal of Eating Disorders, 17(4), 381-386.
  • Dunn, A. L., & Jewell, J. S. (2010). The effect of exercise on mental health. Current Sports Medicine Reports, 9(4), 202-207.
  • Dunn, A. L., Trivedi, M. H., Kampert, J. B. Clark, C. G. & Chambliss, H.O. (2005). Exercise treatment for depression: efficacy and dose response. The American Journal of Preventive Medicine, 28, 1-8.
  • Durão, A. M. S., Souza, M. C. B. & Miasso, A. L. (2005). Grupo de acompanhamento de portadores de esquizofrenia. Revista Brasileira de Enfermagem, 58(5), 524-528.
  • Ellis, N., Crone, D., Davey, R. & Grogan, S. (2007). Exercise interventions as an adjunct therapy for psychosis: a critical review., British Journal of Clinical Psychology 46(1), 95-111.
  • Falkai, P., Wobrock, T., Lieberman, J., Glenthoj, B., Gattaz, W. F. & Möller, H. J. (2006). Diretrizes da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica para o Tratamento Biológico da Esquizofrenia. Revista de Psiquiatria Clínica, 33, 7-64.
  • Faulkner, G. & Biddle, S. (2001). Exercise and mental health: It's just not psychology! Journal of Sports Sciences, 19(6), 433-444.
  • Faulkner, G., Cohn, T. & Remington, G. (2006). Validation of a physical activity assessment tool for individuals with schizophrenia. Schizophrenia Research, 82(2-3), 225-231.
  • Gomes, E. A. (2011). Atividade física e desportiva para indivíduos com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo: implantação de um programa e análise e aplicabilidade de um teste de capacidade funcional. Porto/PT: Faculdade de desporto da Universidade do Porto. 121p. (Dissertação de Mestrado).
  • Goodwin, R. D. (2003). Association between physical activity and mental disorders among adults in the United States. Preventive Medicine, 36, 698-703.
  • Have, M. de ten, Graaf, R. & Monshouwer, K. (2011). Physical exercise in adults and mental health status Findings from the Netherlands Mental Health Survey and Incidence Study (NEMESIS). Journal of Psychosomatic Research, 71, 342-348.
  • Helmich, I., Latini, A., Sigwalt, A., Carta, M. G., Machado, S., Velasques, B., Budde, H. (2010). Draft for clinical practice and epidemiology in mental health neurobiological alterations induced by exercise and their impact on depressive disorders. Clinical Practice & Epidemiology in Mental Health, 6, 115-125.
  • Holley, J., Crone, D., Tyson, P. & Lovell, G. (2011). The effects of physical activity on psychological well-being for those with schizophrenia: a systematic review., British Journal of Clinical Psychology 50, 84-105.
  • Lincoln, A.K., Shepherd, A., Johnson, P.L., & Castaneda-Sceppa, C. (2011). The impact of resistance exercise training on the mental health of older Puerto Rican adults with type 2 diabetes. The Journals of Gerontology, Series B: Psychological Sciences and Social Sciences, 66(5), 567-570.
  • Marder, S. R., Essok, S. M., Miller, A. L., Buchanan, R. W., Casey, D. E., Davis, J. M. Shon, S. (2004). Physical health monitoring of patients with schizophrenia. American Journal of Psychiatry, 161, 1334-1349.
  • Marzolini, S., Jensen, B., & Melville, P. (2009). Feasibility and effects of a group-based resistance and aerobic exercise program for individuals with severe schizophrenia: a multidisciplinary approach. Mental Health and Physical Activity, 2(1), 29-36.
  • Meyer, T. & Broocks, A. (2000). Therapeutic Impact of Exercise on Psychiatric Diseases: guidelines for Exercise Testing and Prescription. Sports Medicine, 30(4), 269-279.
  • Organização Mundial de Saúde (2008). Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10). 8ª ed. 10ª revisão, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
  • Parks, J., Svendsen, D., Singer, P. & Foti, M. E. (2006). Morbidity and mortality in people with serious mental illness. Alexandria (VA): National Association of State Mental Health Program Directors.
  • Peluso, M. A. M. & Andrade, L. H. S. G. (2005). Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. Clinics, 60(1), 61-70.
  • Peluso, M. A. M., Assunção, S., Araújo, L. A. & Andrade, L. (2000). Alterações psiquiátricas associadas ao uso de anabolizantes., Revista de Psiquiatria Clínica 27(4), 229-236.
  • Petibois, C., Cazorla, G., Poortmans, J.R. & Deleris, G. (2002). Biochemical aspects of overtraining in endurance sports: a review., Sports Medicine 32(13), 867-878.
  • Richardson, C. R., Faulkner, G., McDevitt, J., Skrinar, G. S., Hutchinson, D. S. & Piette, J. D. (2005). Integrating physical activity into mental health services for persons with serious mental illness. Psychiatric Services, 56(3), 324-331.
  • Roeder, M. A. (2003). Atividade física, saúde mental & qualidade de vida. Rio de Janeiro: Shape. p. 365.
  • Schmitz, N., Kruse, J. & Kugler, J. (2004). The association between physical exercises and health-related quality of life in subjects with mental disorders: results from a cross-sectional survey., Preventive Medicine 39, 1200-1207.
  • Sonstroem, R. J. & Morgan, W. P. (1989). Exercise and self-esteem rationale and model. Medicine & Science in Sports & Exercise, 21, 329-337.
  • Stathopoulou, G., Powers, M. B., Berry, A. C., Smits, J. A. J., & Otto, M. W. (2006). Exercise Interventions for Mental Health: a quantitative and qualitative review. Clinical Psychology: Science and Practice, 3(2), 179-193.
  • Vasconcelos-Raposo, J. (2011). Saúde e exercício físico como instrumento terapêutico: que papel para as revistas científicas?, Motricidade 7(2), 1-5.
  • Wipfli, B., Landers, D., Nagoshi, C. & Ringenbach, S. (2011). An examination of serotonin and psychological variables in the relationship between exercise and mental health. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 21, 474-481.
    » 21
  • Wolf, O. T. (2012). Immediate recall influences the effects of pre-encoding stress on emotional episodic long-term memory consolidation in healthy young men. Stress, 15(3), 272-280.
  • Wolf, O. T., Schommer, N. C., Hellhammer, D. H., McEwen, B. S. & Kirschbaum, C. (2001). The relationship between stress induced cortisol levels and memory differs between men and women. Psychoneuroendocrinology, 26, 711-720.
  • World Health Organization (WHO) (2006). The World Health Report 2006 - working together for health. Geneva: The World Health Report.
  • Financiamento/Funding: Os autores declaram não ter sido financiados ou apoiados / The authors have no support or funding to report.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2014

Histórico

  • Recebido
    12 Nov 2013
  • Aceito
    25 Jan 2014
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com