Acessibilidade / Reportar erro

Introdução à “Paralisia agitante”, de James Parkinson (1817)*1 *1 Tradução de Luana Villac; revisão técnica de Laszlo A. Ávila.

Apesar de uma extensa pesquisa empírica, o significado da Doença de Parkinson (DP) permanece incerto.1 É improvável que mais trabalhos “empíricos” solucionem esse problema, uma vez que a história da DP mostra algumas confusões conceituais implícitas. De fato, desde sua descrição “oficial”, em 1817, não houve um momento em que os limites clínicos da DP tenham permanecido verdadeiramente estáveis. Pesquisas atuais sugerem que a DP não é uma doença “unitária”, mas sim um complexo proteico de sinais e sintomas se formando e reformando periodicamente em diferentes subgrupos. Espera-se que uma análise histórica adequada da construção da DP possa esclarecer essas questões.

O texto em questão

Convencionalmente, a história da DP começa em 1817 com a publicação feita por James Parkinson (1755-1824),2 de um trato incompleto intitulado “Paralisia agitante”, em que a condição foi definida como: “Movimento involuntário trêmulo, com força muscular diminuída, em partes não ativas, mesmo quando suportadas; com uma propensão de curvatura do tronco para frente e aceleração do ritmo da caminhada: com sentidos e intelecto permanecendo ilesos” (p. 1).

Para evitar uma leitura anacrônica da definição de Parkinson, é importante saber o significado do século XVIII para termos como paralisia cerebral, paralisia, sentidos, intelecto etc. Tanto Sauvages quanto Vogel, por exemplo, definiram “paralisia” como uma perda de movimento e sensibilidade (Cullen, 1803Cullen, W. (1803). Synopsis Nosologiae Methodicae(6th ed.) Edinburgh: Creech.). Esse significado ainda era o oficial para estudantes de medicina no início do século XIX (Anônimo, 1803Anônimo (1803). The Edinburgh Practice of Physic, Surgery and Midwifery (Vol. 2), Medicine. London: Kearsley.); de fato, após a publicação de Parkinson, o termo significava “a abolição ou o enfraquecimento da sensibilidade e do movimento voluntário — ou de apenas uma dessas faculdades — em uma parte do corpo” (Chamberet, 1819Chamberet, N. (1819). Paralysis. In Dictionaire des Sciences Médicales (Vol. 39). Paris: Panckouke.). Isso levanta a questão sobre o que Parkinson quis dizer com “Paralisia”. Ele se referia ao movimento apenas ou também à sensibilidade? Considerando isso, dois trechos da definição de Parkinson merecem reinterpretação: 1) “(...) força muscular reduzida”; e 2) “sentidos e intelecto permanecendo ilesos”.

Sobre o primeiro trecho, os médicos do século XIX interpretaram “força muscular reduzida” como a própria paresia e isso gerou um debate.3 Após os anos 1860, no entanto, os mesmos termos foram reinterpretados como “incapacidade de exercer força muscular (normal) devido à rigidez”. Curiosamente, é provável que Parkinson realmente se referia à paralisia! Em relação ao segundo trecho, a interpretação convencional foi que a “doença” não era acompanhada de insanidade (sentidos prejudicados) ou demência (intelecto) (Jellife & White, 1929Jellife, S.E. & White, W.A. (1929). Diseases of the Nervous System (5th ed.). London: Lewis.). O mais importante para compreender essa declaração é saber o que Parkinson quis dizer com “sentidos”. Em uma leitura histórica, o termo deveria significar “modalidades sensoriais” (ou seja, visão, audição ou tato)4 em vez de “razão”. Isso estaria de acordo com a lógica de seu argumento médico, ou seja, de sua intenção de demonstrar que a sua doença não era apenas outra forma deparalisia (e, portanto, envolvia algumas modalidades sensoriais, tal como os acidentes vasculares cerebrais).

Parkinson acreditava que a DP era uma forma diferente de paralisia, caracterizada por tremores (agitans) e festinação (scelotyrbe), mas não por deficiência sensorial: “depois de efetuadas as consultas necessárias sobre esses dois estados de espírito (...) que parecem ser os sintomas característicos da doença, torna-se necessário, em seguida, esforçar-se paradistinguir esta doença das demais (...)” (Parkinson, 1817Parkinson, J. (1817). An Essay on the Shaking Palsy. London: Sherwood, Neely, and Jones., p. 27). De fato, havia poucos motivos (médicos ou históricos) para essa necessidade de definir uma doença física dizendo: “aliás, ela não é acompanhada por insanidade”.4 Essa leitura também concordaria com o fato de que um de seus casos, o Conde de Lordat, foi de fato afetado por um grave distúrbio mental.5

Em relação à palavra “intelecto”, é provável que Parkinson (1817)Parkinson, J. (1817). An Essay on the Shaking Palsy. London: Sherwood, Neely, and Jones. tenha se referido à cognição, uma vez que descreve: “o estado intacto do intelecto” (p. 45). Sua vontade de negar a presença de sintomas cognitivos também faz sentido, uma vez que naquela época a deficiência intelectual era considerada parte e parcela da “paralisia” (Chamberet, 1819Chamberet, N. (1819). Paralysis. In Dictionaire des Sciences Médicales (Vol. 39). Paris: Panckouke.). De fato, nenhum dos nove pacientes mencionados por Parkinson (idade média de 60 anos) foi descrito com “demência”;6 isso faria sentido em relação aos sujeitos com início precoce da DP, que tendem a ter menor expectativa de vida. Isso também estaria de acordo com a sugestão de que a “demência” só começou a ser relatada como uma complicação da DP após a década de 1850, quando os agentes antimuscarínicos foram introduzidos como tratamento (Miller et al., 1987Miller, E.; Berrios, G.E. & Politynska, B.E. (1987). The adverse effect of Benzhexol on memory in Parkinson’s Disease. Acta Neurologica Scandinavica, 76: 278-282.).7

Uma interpretação definitiva da definição de Parkinson terá que esperar por novas evidências históricas. Também é de se lamentar que Parkinson parece nunca ter terminado sua monografia. Análises textuais sugerem que ela deveria conter duas partes. Na ocasião, ele completou apenas a primeira, que trata do tremor e da festinação; a segunda parte, supostamente destinada a lidar com os “sentidos e intelecto”, parece não ter sido escrita.

Histórico dos principais sintomas da DP

O interesse de Parkinson em tremores e festinação (em detrimento da acinesia e rigidez) propõe um problema histórico interessante. Uma explicação óbvia é que seus pacientes não apresentaram esses sinais (de fato, apenas cinco de seus nove casos parecem realmente corresponder aos seus próprios critérios de diagnóstico!). Outra explicação seria que, no início do século XIX, a “conceituação” da rigidez e acinesia ainda não tivesse sido completada (Barbeau, 1958Barbeau, A. (1958). The understanding of involuntary movements: An historical approach. Journal of Nervous and Mental Disease, 127, 469-489.). Essa parece ser a visão de Schiller (1986)Schiller, F. (1986). Parkinson’s rigidity: the first hundred-and-one years 1817-1918. History and Philosophy of Life Sciences 8, 226-236., que sugeriu que a separação entre rigidez e “espasmos” ocorreu apenas após a década de 1860. O mesmo poderia ser dito da acinesia (incapacidade de se mover, não devido à insuficiência de mecanismos motores voluntários), que não parece ter sido separada da paralisia senão após a publicação da monografia de Parkinson (Ajuriaguerra, 1975Ajuriaguerra, J. de (1975). The concept of Akinesia.Psychological Medicine 5,129-137.).

Em oposição à rigidez e acinesia, o conhecimento sobre a semiologia do tremor era bem avançado naquela época e desde os tempos de Galeno a variedade estática e dinâmica tinham sido reconhecidas. Durante o século XVIII, um termo havia sido renomeado por Van Swieten como palpitação (e acreditava-se ser convulsivo em origem), e o outro foi chamado de tremor e associado à paralisia (Demange, 1887Demange, E. (1887). Tremblement. In A. Dechambre & L. Lereboullet (Eds.). Dictionnaire Encyclopédique des Sciences Médicales (Vol. 97, pp. 59-77). Paris: Masson., p. 61). Cullen (1803)Cullen, W. (1803). Synopsis Nosologiae Methodicae(6th ed.) Edinburgh: Creech. afirmou que o tremor era sempre “sintomático à paralisia, astenia ou convulsões e, portanto, não deveria ser tratado por si só” (p. 282). Parkinson (1817)Parkinson, J. (1817). An Essay on the Shaking Palsy. London: Sherwood, Neely, and Jones.queixou-se de que o termo “tremor foi adotado, como um gênero, por quase todos os nosologistas; mas sempre sem demarcação, em suas várias definições, por tantas facetas quanto esta doença poderia abranger” (p. 2). Em seguida, ele descreveu a história natural do tremor em sua doença: início insidioso, ligeira sensação de fraqueza, fadiga e, em seguida, interferência gradual em tarefas como escrever e comer (pp. 3-7).

Até meados do século XIX, os tremores permaneceram, nas palavras de Romberg (1853)Romberg, M.H. (1853). A Manual of the Nervous Diseases of Man (translated by E.H. Sieveking). Vol. 2, London: Sydenham Society., “a ponte que conduz da região das convulsões até a paralisia” (p. 230), ou seja, a hipótese de Van Swieten ainda era válida. Romberg (1853)Romberg, M.H. (1853). A Manual of the Nervous Diseases of Man (translated by E.H. Sieveking). Vol. 2, London: Sydenham Society. incluiu os tremores sob as “neuroses de motilidade” e tratou com exemplos prototípicos: tremor mercurial, tremor potatorum (alcoólico), senil, febril e paralisia agitante (pp. 231-235). Em 1841, Hall reintroduziu o termo “paralisia agitante” e (surpreendentemente cedo) relatou um leve delirium e letargia como sintomas ocasionais da doença (Hall, 1841Hall, M. (1841). On the Diseases and Derangements of the Nervous System. London: Baillière.).

Por sua vez, Charcot distinguiu novamente o tremor intencional e em repouso e queixou-se de que a DP e seu tremor tinham sido negligenciados na França (Charcot, 1886Charcot, J.M. (1886). Oeuvres Complètes (Vol. 1). Paris: Delahaye., pp. 158-160). Ele concordou com a visão de Gubler de que o tremor era uma forma de astasie musculairee atribuiu a Ordenstein (1868)Ordenstein, L. (1868). Sur la paralysie agitante et la sclérose en plaques généralisées Thèse de Paris. Paris: Mortimer. o diagnóstico diferencial final entre os tremores vistos na Esclerose Múltipla e na DP (Cohn, 1860Cohn (1860). Ein Beiträg zur Lehre der Paralysis Agitans.Wienner Medizinischen Wochenschrift (Charcot, 1886, p. 161).; citado na p. 161, Charcot, 1886Charcot, J.M. (1886). Oeuvres Complètes (Vol. 1). Paris: Delahaye.).8

Em 1877, Jackson apresentou uma hipótese cerebelar do tremor, fazendo uso de sua dicotomia negativo-positivo, sugerindo que o tremor e a rigidez estavam em um continuum: “quando o indivíduo é saudável, o afluxo cerebelar é totalmente antagonizado; nos estágios iniciais da paralisia agitante, ele é intermitentemente antagonizado — o movimento constituindo cada tremor que ocorre entre os impulsos cerebrais; e nas fases finais ele não é antagonizado, e há uma tal corrente de impulsos do cerebelo que ocorre rigidez. Temos paresia cerebral com tremor cerebelar; mais tarde, a paralisia cerebral com rigidez cerebelar” (Jackson, 1931Jackson, J.H. (1931). Selected Writings (pp. 452-458). London: Hodder and Soughton., p. 454).

Conclusões

O que foi mencionado acima sugere que é importante pesquisar sobre a história da construção do que é atualmente chamado de Doença de Parkinson. Apesar de incompleta, a pequena monografia sobre a “Paralisia agitante”, escrita por James Parkinson em 1817, continua sendo um documento importante.

Referências

  • Ajuriaguerra, J. de (1975). The concept of Akinesia.Psychological Medicine 5,129-137.
  • Anônimo (1803). The Edinburgh Practice of Physic, Surgery and Midwifery (Vol. 2), Medicine. London: Kearsley.
  • Barbeau, A. (1958). The understanding of involuntary movements: An historical approach. Journal of Nervous and Mental Disease, 127, 469-489.
  • Berrios, G.E. (1987). Dementia during the 17th and 18th Century: A Conceptual History. Psychological Medicine 17, 829-837.
  • Berrios, G.E. (1995). Parkinson’s Disease (Paralysis Agitans). In G.E. Berrios & R. Porter (Eds). A History of Clinical Psychiatry (pp. 95-113). London: Athlone Press. (Portuguese translation: Berrios, G.E. (2012). Doença de Parkinson (Paralysis Agitans). In G.E. Berrios & R. Porter (Eds.). Transtornos Neuropsiquiátricos (pp. 163-186). São Paulo: Escuta.
  • Chamberet, N. (1819). Paralysis. In Dictionaire des Sciences Médicales (Vol. 39). Paris: Panckouke.
  • Charcot, J.M. (1886). Oeuvres Complètes (Vol. 1). Paris: Delahaye.
  • Cohn (1860). Ein Beiträg zur Lehre der Paralysis Agitans.Wienner Medizinischen Wochenschrift (Charcot, 1886, p. 161).
  • Critchley, M. (Ed.) (1955). James Parkinson 1755-1824. London: MacMillan.
  • Cullen, W. (1803). Synopsis Nosologiae Methodicae(6th ed.) Edinburgh: Creech.
  • Demange, E. (1887). Tremblement. In A. Dechambre & L. Lereboullet (Eds.). Dictionnaire Encyclopédique des Sciences Médicales (Vol. 97, pp. 59-77). Paris: Masson.
  • Goldman, J.G. & Goetz, C.G. (2007). History of Parkinson’s Disease. In W.C. Koller & E. Melamed (2007). Parkinson’s Disease and related disorders. Parts I. Handbook of Clinical Neurology (Vol. 83, pp. 109-128). The Hague: Elsevier.
  • Gowers, W. (1893). A Manual of Diseases of the Nervous System (2nd ed., vol 2. London: Churchill
  • Hall, M. (1841). On the Diseases and Derangements of the Nervous System. London: Baillière.
  • James, R. (1745). Sensus Externi. In Medicinal Dictionary (Vol. 3). London: T Osborne.
  • Jackson, J.H. (1931). Selected Writings (pp. 452-458). London: Hodder and Soughton.
  • Jellife, S.E. & White, W.A. (1929). Diseases of the Nervous System (5th ed.). London: Lewis.
  • Koller, W.C. & Melamed, E. (2007). Parkinson’s Disease and related disorders. Parts I & II. Handbook of Clinical Neurology (Vols. 83 and 84). The Hague: Elsevier.
  • Lereboullet, L. & Bussard, T. (1884). Paralysie agitante. In A. Dechambre & L. Lereboullet (Eds.). Dictionnaire Encyclopédique des Sciences Médicales (Vol. 72, pp. 614-654). Paris: Masson.
  • Miller, E.; Berrios, G.E. & Politynska, B.E. (1987). The adverse effect of Benzhexol on memory in Parkinson’s Disease. Acta Neurologica Scandinavica, 76: 278-282.
  • Morris, A.D. (1989). James Parkinson. His life and Times (pp. 131-148). Boston: Birkhäuser.
  • Ordenstein, L. (1868). Sur la paralysie agitante et la sclérose en plaques généralisées Thèse de Paris. Paris: Mortimer.
  • Pahwa, R. & Lyons, K.E. (2007). Handbook of Parkinson’s Disease (4th Ed.). New York: Informa Health Care.
  • Parkinson, J. (1811). Observations on the Act for Regulating Mad-Houses London: Whittingham and Rowland.
  • Parkinson, J. (1817). An Essay on the Shaking Palsy. London: Sherwood, Neely, and Jones.
  • Romberg, M.H. (1853). A Manual of the Nervous Diseases of Man (translated by E.H. Sieveking). Vol. 2, London: Sydenham Society.
  • Schiller, F. (1986). Parkinson’s rigidity: the first hundred-and-one years 1817-1918. History and Philosophy of Life Sciences 8, 226-236.
  • Tyler, K.L. & Tyler, H.R. (1986). The secret life of James Parkinson. Neurology, 36: 222-224.
  • 1
    Obtenha exemplos a partir da consulta de grandes livros contendo todo o conhecimento atual sobre a DP: Koller & Melamed 2007Koller, W.C. & Melamed, E. (2007). Parkinson’s Disease and related disorders. Parts I & II. Handbook of Clinical Neurology (Vols. 83 and 84). The Hague: Elsevier.; Pahwa & Lyons, 2007Pahwa, R. & Lyons, K.E. (2007). Handbook of Parkinson’s Disease (4th Ed.). New York: Informa Health Care..
  • 2
    Material suficiente foi publicado sobre a vida de James Parkinson (1755-1824), um obscuro cirurgião, político e paleontólogo amador inglês (Critchley, 1955Critchley, M. (Ed.) (1955). James Parkinson 1755-1824. London: MacMillan.; Tyler & Tyler, 1986Tyler, K.L. & Tyler, H.R. (1986). The secret life of James Parkinson. Neurology, 36: 222-224.; Morris, 1989)Morris, A.D. (1989). James Parkinson. His life and Times (pp. 131-148). Boston: Birkhäuser.. Para obter a história completa do desenvolvimento da DP, consulte: Lereboullet & Bussard (1884)Lereboullet, L. & Bussard, T. (1884). Paralysie agitante. In A. Dechambre & L. Lereboullet (Eds.). Dictionnaire Encyclopédique des Sciences Médicales (Vol. 72, pp. 614-654). Paris: Masson.; Berrios (1995)Berrios, G.E. (1995). Parkinson’s Disease (Paralysis Agitans). In G.E. Berrios & R. Porter (Eds). A History of Clinical Psychiatry (pp. 95-113). London: Athlone Press. (Portuguese translation: Berrios, G.E. (2012). Doença de Parkinson (Paralysis Agitans). In G.E. Berrios & R. Porter (Eds.). Transtornos Neuropsiquiátricos (pp. 163-186). São Paulo: Escuta.; Goldman & Goetz (2007)Goldman, J.G. & Goetz, C.G. (2007). History of Parkinson’s Disease. In W.C. Koller & E. Melamed (2007). Parkinson’s Disease and related disorders. Parts I. Handbook of Clinical Neurology (Vol. 83, pp. 109-128). The Hague: Elsevier..
  • 3
    Bournville, editor das Leçons de Charcot, diz (Anexo II, Vol. 1, p. 394) que Charcot, em uma palestra de 19 de novembro de 1876, criticou o termo “paralisia” como inadequado, baseado em que a força muscular era bem preservada, e sugeriu o epônimo Maladie de Parkinson. Charcot confirmou isso em uma carta ao Dr. Nunn datada em 5 de maio de 1884 (consulte também p. X, Critchley, 1955)Critchley, M. (Ed.) (1955). James Parkinson 1755-1824. London: MacMillan.. Nem todos concordaram com o novo nome. Por exemplo, William Gowers (1893)Gowers, W. (1893). A Manual of Diseases of the Nervous System (2nd ed., vol 2. London: Churchill acreditava que “paralisia agitante” era suficientemente adequado.
  • 4
    Além dele, James (1745)James, R. (1745). Sensus Externi. In Medicinal Dictionary (Vol. 3). London: T Osborne. divide em seu dicionário clássico os sentidos como externos e internos, os primeiros sendo “os meios ou instrumentos da sensação externa e são comumente reconhecidos como cinco sentidos” (p. 590, Vol. 3).
  • 5
    “Nunca antes vi um sujeito tão melancólico. O paciente, um homem naturalmente bonito e de estatura média, cheio de disposição e mente ativa, pareceu muito magro, curvado e abatido” (Parkinson, 1817, pParkinson, J. (1817). An Essay on the Shaking Palsy. London: Sherwood, Neely, and Jones., p. 40).
  • 6
    Consulte Berrios (1987)Berrios, G.E. (1987). Dementia during the 17th and 18th Century: A Conceptual History. Psychological Medicine 17, 829-837. para obter o significado de demência durante esse período.
  • 7
    O tratamento com antimuscarínicos pode ter prolongado a vida, permitindo, assim, o aparecimento da demência ou, mais provavelmente, pode ter causado a deficiência cognitiva.
  • 8
    Charcot estava se referindo ao trabalho de seu pupilo Ordenstein (1868)Ordenstein, L. (1868). Sur la paralysie agitante et la sclérose en plaques généralisées Thèse de Paris. Paris: Mortimer.. Em uma nota de rodapé, no entanto, Charcot se sentiu forçado a aceitar que não havia sido Ordenstein, afinal, quem primeiro propôs a diferença entre EM e DP: “Cohn, porém, já havia notado que em dois casos com múltiplas placas no cérebro e na medula espinhal, o tremor só apareceu quando os pacientes queriam realizar um movimento, mas nunca em repouso ou durante o sono” (Charcot refere-se aqui a Cohn, 1860Cohn (1860). Ein Beiträg zur Lehre der Paralysis Agitans.Wienner Medizinischen Wochenschrift (Charcot, 1886, p. 161).).

Editado por

Editor do artigo/Editor : Prof. Dr. German E. Berrios

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Apr 2016

Histórico

  • Recebido
    13 Ago 2015
  • Aceito
    30 Out 2015
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com