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O encantador do Isso - um retorno a Groddeck

The Id whisperer - a return to Groddeck

Le charmeur du Ça - un retour à Groddeck

Lo encantador del Ello - un regresar a Groddeck

Der Beschwörer des Es - Rückkehr zu Groddeck

Resumos

Este artigo propõe um percurso pelos aspectos do Isso (Id) como destacados por Georg Groddeck e apresenta reflexões sobre articulações possíveis entre os pensamentos groddeckiano, freudiano e lacaniano. Ressaltam-se as ideias originais de Georg Groddeck sobre linguagem e símbolos inconscientes na investigação das doenças psicossomáticas num esforço constante de aplicá-las à psicanálise. Em sua clínica, resistência e transferência foram consideradas decisivas para a substituição da linguagem da doença pela da saúde.

Palavras-chave:
Símbolo; linguagem; doença; psicossomática


This paper reviews aspects of the Id as highlighted by Georg Groddeck and reflects on possible connections between Groddeckian, Freudian and Lacanian thinking. We emphasize Georg Groddeck’s original ideas about unconscious language and symbols in investigating psychosomatic diseases, in a constant effort to apply them to psychoanalysis. In his clinic, resistance and transference were considered decisive for the replacement of the language of disease with that of health.

Key words:
Symbol; language; disease; psychosomatic


Cet article propose un parcours à travers les aspects du Ça (Id) tel que mis en évidence par Georg Groddeck et présente des réflexions sur de possibles liens entre la pensée de Groddeck, de Freud et de Lacan. Nous soulignons les idées originales de Georg Groddeck sur le langage inconscient et les symboles dans l’investigation des maladies psychosomatiques, dans un effort constant pour les appliquer à la psychanalyse. Dans sa clinique, la résistance et le transfert étaient considérés comme décisifs pour le remplacement du langage de la maladie par celui de la santé.

Mots clés :
Symbole; langage; maladie; psychosomatique


Este artículo propone un recorrido por los aspectos del Ello, o Id, destacados por Georg Groddeck, y presenta reflexiones sobre posibles vínculos entre el pensamiento groddeckiano, freudiano y lacaniano. Se resaltan las ideas originales de Georg Groddeck sobre el lenguaje y los símbolos inconscientes en la investigación de las enfermedades psicosomáticas, en un esfuerzo constante por aplicarlas al psicoanálisis. En su práctica clínica, la resistencia y la transferencia fueron consideradas decisivas para la sustitución del lenguaje de la enfermedad por el de la salud.

Palabras clave:
Símbolo; lenguaje; enfermedad; psicosomática


Dieser Artikel analysiert die von Georg Groddeck hervorgehobenen Aspekte des Es-Begriffs und stellt Überlegungen an zu möglichen Verbindungen zwischen Groddecks, Freuds und Lacans Denken. Vor allem Georg Groddecks ursprüngliche Ideen über unbewusste Sprache und Symbole werden betont, die dieser Autor bei der Untersuchung psychosomatischer Krankheiten entwickelte, in einem ständigen Bemühen diese in der Psychoanalyse anzuwenden. Widerstand und Übertragung werden in seiner Klinik als entscheidend betrachtet, um die Sprache der Krankheit durch die Sprach der Gesundheit zu ersetzen.

Schlüsselwörter:
Symbol; Sprache; Krankheit; Psychosomatik


Considerado o pai da medicina psicossomática, Georg Groddeck (1866-1934) foi o primeiro a reorientar a medicina moderna colocando de lado a divisão corpo e alma. Seus escritos, que ainda hoje continuam causando impacto pelo senso de humor e ironia, revelam o analista selvagem como ele mesmo se intitulava. Sem interesse em ser visto como cientista, Groddeck escrevia para seus pacientes, de maneira livre e associativa, pois temia que a palavra matasse o pensamento. Apesar de criticado, comentado, insultado e incompreendido, suas ideias são sempre originais e desenvolvem-se a partir de uma inspiração espiritual, filosófica e do esforço constante em aplicá-las à psicanálise.

Fez descobertas no tratamento das doenças orgânicas semelhantes às que o próprio Freud fizera em relação à neurose, uma vez que via a possibilidade de os sintomas serem lidos e interpretados como símbolos respeitando a dinâmica particular do paciente. A inovação que Groddeck trouxe foi a de não se limitar apenas às neuroses de transferência (histeria e neurose obsessiva), estendendo o campo psicanalítico às patologias somáticas. Mesmo tendo sido alvo das mais diversas críticas, seu legado nos estimula a transpor fronteiras e limites, como a famosa afirmação: “A psicanálise não deve deter-se - e não irá deter-se - frente às moléstias orgânicas. Ainda veremos até onde chega o seu alcance” (Groddeck, 2011Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., p. 7).

Não sem razões, suas ideias têm sido ressuscitadas por ana- listas, médicos, filósofos e apaixonados, sendo inquestionável sua contribuição à psicanálise e à psicossomática. Como o próprio Freud (1923/2007)Freud, S. (2007). O Eu e o Id. In Escritos sob a psicologia do inconsciente (vol. 3). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1923). asseverou, as ideias de Groddeck têm lugar nos domínios da ciência. Levando em conta tamanha importância, é indispensável um pouco de sua história.

Groddeck e sua história

Walter Groddeck nasceu no dia 13 de outubro de 1886 em Bad Kösen, Alemanha Central. Seu pai, Carl Groddeck, médico, era filho de deputado. Sua mãe, Caroline Koberstein, era filha de August Koberstein, famoso historiador da literatura alemã que havia sido professor de Nietzsche. Tiveram cinco filhos: os três primeiros homens e, a quarta, uma menina de nome Lina, apenas um ano mais velha que Groddeck, o caçula.

A dissolução da família em consequência de problemas financeiros, levou a mãe a trabalhar como dama de companhia e o pai foi para Berlim. À irmã Lina, companheira de toda a infância, coube trabalhar como babá na casa de um tio e seus outros irmãos acabaram distribuídos entre familiares. Nessa época Groddeck, aos 11 anos de idade, foi enviado a um colégio interno, com uma ferida que nunca cicatrizaria.

Não sem razão, na visão groddeckiana, o mundo da infância confere ao homem a espontaneidade, a inocência, a ligação com a mãe natureza que devem ser buscados como paradigmas de saúde. Tal visão advém de sua própria experiência: um reino perdido com a dissolução da família - a infância concede ao ser humano privilégios como a inocência, a onipotência de ser o centro do mundo. A vida adulta, ao contrário, com suas obrigações e exigências, transforma a criança em um ser limitado e afastado da natureza.

Além disso, para Groddeck, ser criança é ser um com a natureza, conceito que colhe no Deus-Natureza de Goethe, segundo o qual cada coisa deve ser considerada como parte de um todo: “Vê simbolicamente o mundo todo numa flor, num animal, num seixo [...] investiga as coisas sem as decompor, mas as vê em sua totalidade” (Groddeck, 1909/2001Groddeck, G. (2001). Escritos Psicanalíticos sobre Literatura e Arte. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1909)., p. 27).

Desenvolve, pois, sua linha de pensamento a partir de Deus-Natureza de Goethe. Mais tarde, tal conceito dará origem à sua concepção de Isso. Essa denominação foi encontrada em Nietzsche e adotada por Groddeck por caracterizar “o indefinido e o indefinível desse ser, o milagre” (Groddeck, 2011Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., p. 117). Segundo seu ponto de vista, o Isso surge na fecundação, no início do ser humano. O ser humano é vivido pelo Isso, algo desconhecido, um fenômeno que comanda tudo, mas que pode ser penetrado quando decidirmos não mais saber, porém imaginar. O imaginar da infância é um universo de vital importância para ele. Principalmente o universo mítico que a criança vivencia até os três anos de idade e que, embora caído no esquecimento, empurrado para fora de nosso consciente, é conservado em regiões de nosso ser que batizamos com o nome de inconsciente.

O que mais vale para Groddeck diante do insondável, é buscar refúgio como uma criança no reino da fantasia. Quando nos acostumamos com esse reino, descobrimos que a “ciência nada mais é que uma variedade de fantasia, uma espécie de especialidade, dotada de todas as vantagens e de todos os perigos de uma especialidade” (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 5).

Carreira médica e influências

Groddeck seguiu a carreira médica sob contingências de sua vida infantil e por influência de seu pai que o encaminhou, desde muito cedo, para aspectos humanistas da ciência médica. Mais tarde, na universidade, prosseguiu sob influência de seu mestre Ernst Schwenninger (médico de Bismarck) que via a alopatia com extrema reserva. Seguindo essas orientações estabeleceu um tratamento para seus pacientes baseado em massagens, dietas, banhos quentes e procedimentos analíticos, com o intuito de evitar o estado de intoxicação provocado por remédios. Em 1900 funda um sanatório na cidade de Baden-Baden, onde trabalharia até o fim da vida.

Tornou-se crítico veemente da fragmentação da medicina em especializações, por resultarem em campos de investigação cada vez mais estreitos e levarem o médico a perder de vista o ser humano em sua totalidade. Argumenta que toda reflexão científica é uma violação da verdade, uma vez que divide e classifica, traçando limites artificiais fora do conjunto da totalidade.

Monista convicto, Groddeck não aceitava as dicotomias presentes na racionalidade científica moderna como explicitada no pensamento de Descartes, segundo o qual a dicotomia corpo e mente abarca duas substâncias que representam mundos distintos: o mundo das coisas extensas e o mundo do pensamento ou das coisas imateriais. Em oposição ao pensamento dualista, Groddeck concebeu corpo e mente como uma realidade única e indivisível.

Sua arte médica, advinda do mestre Schwenninger, situa-se firmemente na linha da tradição de Hipócrates, tradição na qual a enfermidade pode ser concebida como uma reação do enfermo às condições de sua existência. Doença e doente não se opõem, ambos são parte de um todo. Nessa tradição, a doença é um meio pelo qual o homem pode descobrir em si a infância e a violência de suas paixões.

Groddeck sempre se recusou a considerar a doença o encontro do indivíduo com um bacilo. Para ele, a doença tem um propósito criador do Isso. Sendo assim, não necessariamente deve ser combatida, já que podem haver boas doenças.

O papel do médico é cuidar e não curar, pois “não é o médico que derrota a doença, mas o doente” (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 227). No trato com os pacientes é imprescindível a paciência, a humildade e o amor para devolver-lhes a forma humana para que ela irradie de novo o brilho da infância. As ideias do médico só adquirem forma terapêutica ao serem apropriadas pelos pacientes, através da transferência.

Em suas proposições, a ciência médica é arte e é dessa mesma forma que concebe a psicanálise: “ser médico significa ajudar em caso de aflição, o que implica que, ao usar o método psicanalítico, também se pode recorrer espontaneamente a outra metodologia que não a clássica, desde que necessário” (Groddeck, 2011Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., p. 5).

Como afirma Maud Mannoni (1979/1986)Mannoni, Maud. (1986). A teoria como ficção: Freud, Groddeck, Winnicott, Lacan. (vol. 2). (R. C. Lacerda e W. Dutra, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Campus. (Trabalho original publicado em 1979). em seu livro A teoria como ficção, a teorização de Groddeck tomou forma e lugar em virtude de quatro anos de sua correspondência com Freud, como denota o Livro DIsso (1921/2008). Entende a autora que, apesar de Groddeck ter se mantido fora do campo dos discípulos, suas descobertas foram tão importantes que, em alguns casos, foram antecipações de trabalhos futuros de Freud.

De fato, Groddeck não foi um discípulo, mas sim um grande admi- rador de Freud, tendo reconhecido sua genialidade, além de ter procurado enriquecer as concepções freudianas, sempre de forma original. Em alguma medida, ele amplia a concepção freudiana quando reconhece que a mesma dinâmica psíquica identificada por Freud em fracassos, em sonhos e em neuroses, atua nas moléstias orgânicas. Segundo seu entendimento, a análise dos sintomas corporais não deve ser subestimada quanto à sua significação.

A concepção de doença em Groddeck tem uma razão de ser: ela deve resolver o conflito, recalcá-lo e impedir o que foi recalcado de chegar ao inconsciente. Além disso, para ele a doença também é um símbolo, uma representação de um processo interno, uma encenação do Isso do que não se pode dizer de viva voz. Em suas palavras:

[...] a doença, toda doença, nervosa ou orgânica, e a morte, estão tão carregadas de significação quanto a interpretação de uma peça musical, o ato de acender um fósforo ou de cruzar as pernas. Esses atos transmitem uma mensagem do Isso com mais clareza e insistência do que poderia fazer a fala, a vida consciente. (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 95)

No pensamento de Freud também encontramos exemplos nesse sentido, como em seu texto precursor “Tratamento psíquico (ou mental)” (1890/1992a), em que ressalta a questão do psíquico afetando o físico e causando alterações patológicas no organismo. Relata que é evidente a interferência dos afetos na capacidade de resistência às infecções, muito maior em integrantes de um exército vitorioso que de um derrotado.

O Isso entre convergências e divergências

Apesar de Freud ter sido influenciado por Groddeck na adoção do termo das Es, o Isso [grifos nossos], divergências conceituais fundamentais evidenciaram-se entre os dois, como comprova a carta a Groddeck em 1917 em que Freud expõe sua oposição ao monismo groddeckiano:

A asserção de que o inconsciente exerce em processos somáticos uma in- fluência de força plástica muito maior do que a exercida pelo ato consciente [...] aproxima-se muito de suas revelações [...] por que o senhor, saindo do seu excelente ponto de observação, mergulha no misticismo, cancela a diferença existente entre os fenômenos psicológicos e os físicos e se entrega a teorias filosóficas que não cabem? [...] Não há dúvida de que o inconsciente é o mediador certo entre o físico e o mental, talvez seja o elo que falta [grifo do autor] e há muito procurado. Mas só porque finalmente reconhecemos isto, há razão para recusar ver qualquer outra coisa? (Freud, 1917/1982Freud, S. (1982). Correspondências de amor e outras cartas (Ed. Preparada Ernst L. Freud). Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira. (Trabalho original publicado em 1917)., p. 370)

Não é difícil notar que, embora tivesse grande admiração por Groddeck, Freud o considerava exagerado em suas teorizações. Em seu artigo o “Eu e o Isso” (1923/2007), atribuiu grande valor à contribuição de Groddeck à ciência e, em especial, à concepção do Isso: ‘nós somos vivido’ [grifo do autor] por forças desconhecidas e incontroláveis” (Freud, 1923/2007Freud, S. (2007). O Eu e o Id. In Escritos sob a psicologia do inconsciente (vol. 3). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1923)., p. 36). Completa dizendo:

De fato, todos nós já tivemos a impressão de sermos “vividos” [grifo do autor] por tais forças [...] Proponho, assim, denominarmos [...] seguindo Groddeck, aquele outro psíquico, no qual o Eu se prolonga e que se comporta de forma inconsciente, de Isso. (p. 37)

O Isso de Freud se diferencia do de Groddeck, uma vez que é um conceito tópico em contraposição ao Eu. Todavia, verificamos semelhanças quando afirma que o Eu resultou do processo de diferenciação que se deu na superfície do Isso. Freud (1923/2007)Freud, S. (2007). O Eu e o Id. In Escritos sob a psicologia do inconsciente (vol. 3). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1923). também ressalta que o Eu se empenha em fazer valer a influência do mundo externo junto ao Isso e aos propósitos deste, bem como tentar substituir pelo princípio de realidade o princípio de prazer - que reina no Isso sem restrições. Além disso, Freud faz uma analogia pela qual o Eu se assemelha ao cavaleiro que conduz o cavalo - o Isso - muito mais forte que ele. A diferença está em que o cavaleiro tenta fazê-lo com suas próprias forças, enquanto o Eu precisa fazê-lo com as forças emprestadas do Isso.

Para Groddeck o Isso é muito mais amplo e engloba consciente e inconsciente, o Eu e as pulsões, corpo e alma, o fisiológico e o psicológico. “Perante o Isso não há uma fronteira demarcando o físico e o psíquico. Ambos são manifestações do Isso, formas de apresentação” (Groddeck, 2011Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., p. 118). Segundo Valverde e Riveras, Freud reconhece, em carta a Lou Andreas-Salomé, que o Isso de Groddeck vai além do enfoque psicanalítico. Ressalta para sua discípula que os problemas atacados por ele, sem dúvida, devem ser levados em conta (Valverde & Riveras, 2004Valverde, R. & Riveras, H. R. N. (2004). Para conhecer George Groddeck. Santo André, SP.: Edições Bergasse 19., p. 54).

Groddeck teve seu primeiro trabalho publicado na Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse (Revista Internacional de Psicanálise) em 1917 sob o nome “Condicionamento psíquico e tratamento de moléstias orgânicas pela psicanálise”. Esse artigo foi reconhecido como a primeira investigação sobre o que hoje se conhece como psicossomática. Nele aprofunda a análise de seu conceito de Isso - trata da tendência para a doença e da disposição individual, local e temporal para o adoecimento e ressalta a possibilidade de o tratamento analítico influenciá-lo. O artigo causou tal impacto em Freud que o fez reconhecer Groddeck como um colaborador original.

Sandor Ferenczi (2011)Ferenczi, S. (2011). A psicanálise dos estados orgânicos (Cabral, A. Trad.). In Obras Completas/Sándor Ferenczi (vol. 2.2a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes., um dos principais colaboradores de Freud, leu o artigo e, impressionado, reconheceu o valoroso esforço de Groddeck em aplicar os descobrimentos de Freud à medicina orgânica. Para Ferenczi, o que Groddeck aplicava não estava baseado em hipóteses, mas em fatos que resultaram em êxitos em sua clínica. Em suas palavras:

Groddeck conseguiu demonstrar num grande número de enfermidades orgânicas - inflamações, tumores anomalias constitucionais - que a doença constitui-se como medida de defesa contra sensibilidades [grifo do autor] inconscientes; em outras palavras, que ela está a serviço de uma tendência. Teria até conseguido obter sensíveis melhoras, inclusive curas, em casos de alterações orgânicas muito graves (por exemplo: bócio, esclerodermia, gota, afecções pulmonares etc.) pelo trabalho psicanalítico, pelo fato de tornar consciente estas tendências. (Ferenczi, 2011Ferenczi, S. (2011). A psicanálise dos estados orgânicos (Cabral, A. Trad.). In Obras Completas/Sándor Ferenczi (vol. 2.2a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes., p. 370)

Na concepção de Groddeck, o Isso não fala apenas através de palavras. Todas as formas dizem algo: o nariz grande, o arco das sobrancelhas, a boca rasgada, os modos de falar, o tom de voz, a posição do corpo, entre outras, são formas de expressão do Isso.

Assim como os atos falhos nos revelam recalques, como o sonho que nos apresenta o complexo de Édipo sob milhares de formas, como a neurose nos fala do narcisismo e a paranoia da homossexualidade, [...] o sintoma orgânico é uma das formas de manifestação do Isso. (Groddeck, 2011Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., pp. 118-119)

Esses modos de expressão, na visão groddeckiana, devem ser pesquisados quanto à sua linguagem, pois podem fazer revelações com maior clareza sobre os pareceres e advertências do Isso. Os sintomas corporais equivalem, para Groddeck (2011)Groddeck, G. (2011). Estudos psicanalíticos sobre psicossomática. São Paulo, SP: Perspectiva., a uma linguagem, ao “balbucio da impotência humana” (p. 2).

A linguagem e o corpo

Groddeck tinha grande interesse pelo estudo da linguagem. Em sua conferência de 1909, sustenta que a linguagem é o esteio da cultura e a condição básica da comunicação humana. Como veículo de cultura foram criadas religiões, filosofia, arte, ciência, técnicas, ética, leis, enfim, para Groddeck, na verdade, a linguagem é o meio de transformar os pensamentos e, eternamente fecunda, provoca novas ideias. Porém, a função de comunicação da linguagem é também precária, pois não consegue expressar o mais valioso, profundo e íntimo do pensamento. “Como borboletas que perdem a beleza assim que o dedo as toca, assim são os pensamentos quando se constituem palavras” (Groddeck, 1909/2001Groddeck, G. (2001). Escritos Psicanalíticos sobre Literatura e Arte. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1909)., p. 24).

Para ele, a linguagem tem a função de velar e revelar, mas as barreiras são insuperáveis quando a questão é colocar em palavras o mais íntimo do ser humano, pois é índole da linguagem ser imprecisa e adulterar, tal como a natureza humana. Se algo desse interior tiver que ser comunicado, será por meio do gesto, do toque, do brilho nos olhos, talvez da emissão de um som, ou por meio da música, mas a linguagem, certamente, será insuficiente. Groddeck acreditava que:

O homem não consegue colocar em palavras a sua maneira de ser. O falar não o capacita nem um pouquinho a dizer a verdade. E dando um passo além, percebe-se que no ato de falar já está implícito o falseamento da verdade. (Groddeck, 1909/2001Groddeck, G. (2001). Escritos Psicanalíticos sobre Literatura e Arte. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1909)., p. 25)

Em alguma medida, percebemos que algumas ideias de Groddeck são respaldadas por estudos de Darwin (1872/2009)Darwin, C. (2009). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1872)., como por exemplo, a tendência dos seres humanos e de animais para executar movimentos opostos sob fortes sensações ou emoções, mesmo não tendo utilidade como forma de comunicação. Alguns exemplos simples são dados por Darwin como: chorar quando se está feliz e rir quando se está triste. A expressão da linguagem, por meio da fala, também é apontada por Darwin como advinda do princípio da antítese que é hereditário.

Nesse sentido, também vemos aproximações das ideias de Groddeck às de Freud, como as do artigo “Sobre a significação antitética das palavras primitivas” (1910/1992b), no qual Freud discute a capacidade de línguas arcaicas em designar significações totalmente opostas, como é próprio da lógica do inconsciente. Nesse artigo, Freud comenta as pesquisas do filólogo Karl Abel sobre o fenômeno linguístico da utilização de uma mesma palavra para indicar significados opostos. “A noção de ideias antitéticas se tornará cada vez mais complexa na obra de Freud, observadas no campo da neurose, como uma verdadeira contra vontade do paciente (Jorge, 2017Jorge, M. A. C. (2017). Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan, vol.3: a prática analítica. Rio de Janeiro, RJ: Zahar., p. 38).

A linguagem, na sua dupla função de velar e revelar, de comunicar e falsificar é, segundo Groddeck, um meio de dissimular o pensamento, de colocar a questão da verdade e de veicular os símbolos. A fala é um colar de símbolos, na qual cada palavra é uma figuração. Até a sonoridade da voz é elaborada simbolicamente pelo inconsciente: grave, aguda, forte ou fraca. Todos são modos de falar: os gestos, a posição do corpo, as formas de nosso corpo, os cheiros que exalamos, qualquer movimento, o calor da nossa pele. Todos são formas de expressão e uma dessas formas de expressão é a doença.

A doença como expressão de símbolos inconscientes

Groddeck parte do princípio de que os sintomas orgânicos se desenvolvem de maneira análoga à elaboração dos sonhos e à dinâmica da neurose, ou seja, com um conteúdo latente e outro manifesto. Em sua visão, o homem se transforma em símbolo quando a expressão verbal originária, elaborada conscientemente por meio da palavra, não é mais possível. O sintoma corporal torna-se a pantomima da crise existencial recalcada, expressando seu padecimento na gesticulação, na mímica e na patofisionomia, que ajudam o ser humano a calar sobre seu sofrimento.

Convenceu-se de que os símbolos são de natureza sexual e que a espécie humana tem compulsão a simbolizar. Essa hipótese, que tem origem nos estudos do linguista Hans Sperber sobre a origem sexual da linguagem humana, já havia sido levantada por Freud na Conferência sobre “O simbolismo do sonho” (1915-1916/1991). Groddeck vai extrair conclusões oriundas de inúmeros estudos e observações. Como o exemplo a seguir:

[...] tente fazer uma ideia do imenso acúmulo de vida, de civilização e de desenvolvimento humano contidos no fato de que das pontes de associações foram despejadas, por não se sabe quais razões, milhares e milhares de micções no mar até o momento que, enfim, a navegação passou a existir, até que o mastro, símbolo da potência viril, fosse plantado na embarcação e que remos começassem a se mexer na cadência amorosa. (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 46)

Um bom exemplo do deslocamento da linguagem é dado por Groddeck em O livro dIsso onde convida seu leitor a seguir o “caminho que leva da palavra pássaro ao ato amoroso”. Ele associa a palavra pássaro em alemão - vogel - e a expressão “fazer amor” que na linguagem popular alemã é vogeln. (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 46).

Na cultura brasileira temos inúmeros casos desse tipo, como a palavra pinto designando o órgão masculino, ou avião [grifos nossos] como referência de uma mulher bonita, exemplos de palavras em que percebemos o deslocamento de sentido para o cunho sexual.

Desde o início de seus estudos, Freud ressaltou a importância dos símbolos para a psicanálise. Em o “Simbolismo dos sonhos” (1915-1916/1991), Freud enfatiza que o simbolismo inconsciente é um modo de expressão antigo, porém extinto, embora tenha sobrevivido em diferentes campos de fenômenos - mitos, contos de fada, sintomas, religião, artes - com formas ligeiramente modificadas. Como exemplo, cita o caso de um paciente psicótico, cuja “fantasia era uma linguagem básica da qual todas as relações simbólicas seriam resíduos” (Freud, 1915-1916/1991Freud, S. (1991). Conferência X. El simbolismo del sueño. In Obras completas (vol. 15). Buenos Aires, Argentina: Amorrortu. (Trabalho original publicado em 1915)., p. 110).

Outro ponto importante, sublinhado por Freud, trata da vida mental dos seres humanos que, quando sujeita à investigação psicanalítica, pode oferecer explicações e desvendar “enigmas da vida de comunidades humanas ou, pelo menos, enquadrá-los num enfoque” (p. 111). A neurose e outras manifestações dos pacientes neuróticos é o campo privilegiado para a compreensão da linguagem “primitiva”, campo em que a maior parte dessa linguagem sobreviveu. Seria a doença orgânica um modo de expressão dessa linguagem primitiva? Como o simbolismo poderia nos servir de técnica de interpretação quando a associação livre fosse interrompida?

Segundo as recomendações de Freud:

A interpretação baseada no conhecimento dos símbolos não é uma técnica que possa substituir a técnica associativa, nem competir com esta. A técnica dos símbolos suplementa a técnica associativa e produz resultados que apenas possuem utilidade, quando subordinada a esta. (p. 138)

A concepção de Groddeck sobre símbolos inconscientes seria a mesma elaborada por Freud e desenvolvida por Lacan?

Em Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan - As bases conceituais (2000), Marco Antonio C. Jorge sintetiza a interpretação de Lacan sobre o sentido dos sintomas em Freud, demonstrando que o sintoma é estruturado como uma linguagem. Segundo o autor, essa formulação desembocará na concepção lacaniana da lógica significante. Contudo, ressalta que

[...] apenas com os desenvolvimentos feitos por Lacan pôde ser evidenciado o que essa simbolização designava efetivamente. [...] o simbólico de Lacan revela a estrutura mesma do significante tal como dissecada por Freud ao longo de sua obra. (Jorge, 2010Jorge, M. A. C. (2010). Fundamentos da psicanálise de Freud aLacan, vol. 2: a clínica da fantasia. Rio de Janeiro, RJ, Zahar., p. 69)

A percepção freudiana de um simbolismo especial que deveria ser investigado na subjetividade de cada paciente aponta para a clínica do singular, uma das bases do método analítico, para o qual não há simbolismo universal nem generalização psicológica possível. Essa direção do pensamento freudiano mostra que ele pode ser aproximado da definição lacaniana do significante, que representa um sujeito - e apenas um sujeito - para outro significante.

Nesse aspecto, Groddeck vai mais longe que Freud quando afirma que associar equivale a alinhar símbolos.

Os símbolos não são invenções; eles existem, fazem parte dos bens inalienáveis da espécie humana; pode-se mesmo dizer que todo pensamento e toda ação consciente são consequência inevitável da simbolização inconsciente, que o ser humano é vivido pelo símbolo. (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 45)

A clínica

Em seu Sanatório em Baden-Baden (Alemanha), Groddeck aplicou as ideias freudianas no esclarecimento e tratamento de males orgânicos de seus pacientes que já haviam sido tratados sem êxito. Segundo seu entendimento toda somatização é potencialmente simbolizadora e os tratamentos deveriam levar em conta o sujeito que manifesta a doença.

Na visão groddeckiana, a função da psicanálise é motivar o paciente a interpretar o sentido dos sintomas e levar o Isso a substituir a linguagem da doença pela da saúde por intermédio da conscientização das vivências recalcadas. Dois fatores são decisivos na orientação e aplicação da psicanálise, a saber: a resistência e a transferência que não eram uma novidade para a terapia orgânica em sua época, embora fossem pouco utilizadas como hoje. Esses fatores eram considerados por Freud os mais importantes dos seus ensinamentos.

Mesmo integrando a psicanálise ao seu método de tratamento, Groddeck manteve sua terapêutica anterior com banhos quentes, massagens, dietas e com autoridade sempre que necessário [grifo do autor]. O tratamento consistia, segundo suas palavras:

[...] em tentar tornar conscientes os complexos inconscientes do Eu, metodicamente, e com toda a arte e força de que disponho. Esse aspecto sem dúvida é novo, mas não provém de mim; Freud é o inventor disso, meu papel limita-se a aplicar esse método também aos males orgânicos. (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 228)

Com a originalidade habitual, deu início ao que esperava ser um novo método terapêutico e criou uma revista semanal direcionada aos seus pacientes intitulada Satanarium. Inspirado nas reuniões das quartas-feiras que Freud realizava com seus discípulos em Viena, deu espaço aos seus pacientes para se expressarem livremente. Com a publicação dessas páginas, pretendeu dar às pessoas a oportunidade de livremente exteriorizarem suas tormentas aos brados, sem timidez ou vergonha. “O inferno parece ser o único lugar em que se pode gritar, por isso denominei-a Satanarium” (p. 228).

A obra groddeckiana privilegiou, antes de tudo, seus pacientes e aqueles que são sensíveis à poesia. O conflito humano, segundo a interpretação de Groddeck, conduz, inevitavelmente, ao conflito das interpretações mítica e médica da doença. Enquanto ele interpreta a doença como a “expressão da mitologia do homem, de seu gênio poético, a interpretação médica medicaliza, isto é, despoetiza o mito, que é transformado em história natural” (D’Epinay, 1988d’Epinay, M.L. (1988). Groddeck: A doença como linguagem. Campinas, SP: Papirus., p. 155).

Em sua concepção, a medicina é a arte de cuidar, o analista é o encantador do Isso e a doença, pela sua função simbólica, é parte integrante da cultura, como qualquer outra produção de ordem artística. “Tal prática sustenta toda a técnica no objetivo de operar mudanças por meio da cadeia simbólica, quer seja ela utilizada pelos poetas, psicanalistas ou xamans” (p. 155).

Por acreditar na cadência de um ritmo particular existente em cada ser humano, Groddeck propõe com sua prática clínica que no mundo humano não há simbolismo universal. Assim como o ritmo, é particular. A criança a vivencia desde seu período pré-natal nos movimentos da mãe, na cadência das batidas do coração, pela sensibilidade do líquido amniótico em sua pele, nas vibrações que sente e prematuramente vão formando seu inconsciente.

Um ritmo que dominará todas as suas manifestações, da vida à morte. É preciso respeitar o ritmo, o tempo necessário para que o sujeito realize a dimensão do que se trata no plano do símbolo. “O Isso se manifesta tanto pelo ritmo como pelos símbolos, essa é uma propriedade absoluta do Isso, ou pelo menos, para poder examinar o Isso e sua vida, nos vemos obrigados a lhe atribuir um caráter rítmico” (Groddeck, 1921/2008Groddeck, G. (2008). O Livro dIsso. São Paulo, SP: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1921)., p. 134).

Precisamos observar que o que fala no ser humano “vai bem além da palavra até penetrar nos seus sonhos, seu ser e seu organismo” (Lacan, 1953-1954/2009Lacan, J. (2009). O seminário. Livro 1. Os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro, RJ: Zahar. (Trabalho original publicado em 1953-1954)., p. 338).

É na direção do tratamento, acompanhando a construção da verdade, que nos lançamos como psicanalistas nesse recomeço sem fim. Dentro desse referencial abre-se uma perspectiva teórico-clínica entre psicanálise e psicossomática.

  • Financiamento/Funding: Este trabalho contou com financiamento da Coordenação de Pessoal de Nivel Superior Brasil (Capes) / The research was funded by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
  • Citação/Citation: Madeira, M. O. M., & Coutinho Jorge, M. A. (2019, junho). O encantador do Isso - um retorno a Groddeck. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 22(2), 238-253. http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2019v22n2p238.5.

Referências

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Editoras/Editors: Profa. Dra. Ana Maria G. R. Oda e Profa. Dra. Sonia Leite.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Jul 2019
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2019

Histórico

  • Recebido
    30 Jan 2019
  • Aceito
    05 Maio 2019
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