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Trauma e testemunho em Ferenczi: uma análise de Vozes de Tchernóbil de Svetlana Aleksiévith

Trauma and testimony in Ferenczi: an analysis of Voices from Tchernóbil by Svetlana Aleksiévith

Trauma et témoin chez Ferenczi: une lecture du livre La Supplication de Svetlana Aleksiévitch

Trauma y testimonio en Ferenczi: una lectura de Voces de Chernóbil de Svetlana Aleksiévitch

Resumos

O artigo aborda as noções de trauma e testemunho elaborados por Sándor Ferenczi e os articula com o livro Svetlana Aleksiévitch acerca do desastre nuclear de Tchernóbil. Nosso objetivo foi demonstrar a validade das observações de Ferenczi em relação a um trauma coletivo, organizado em torno de três eixos: a dissimetria relacional, o processo de desmentido e o narcisismo ferido. Através da leitura do livro pode-se compreender como a escritora teve seu papel aproximado daquele designado por Ferenczi.

Palavras-chave:
Ferenczi; literatura de testemunho; trauma coletivo; desmentido


This article approaches the concepts of trauma and testimony as elaborated by Sándor Ferenczi and associates them to Svetlana Aleksiévitch’s book about the nuclear disaster of Chernobyl. It aims to show the value of Ferenczi’s observations on collective trauma by highlighting three topics: relational dissymmetry, process of denial and wounded narcissism. Aleksiévitch’s book allowed us to understand in what ways the author’s role resembles the one described by Ferenczi.

Key words:
Ferenczi; testimonial literature; colective trauma; denial


Cet article discute les notions de traumatisme et de témoignage tels que développés par Sándor Ferenczi et les compare avec le livre de Svetlana Aleksiévitch sur la catastrophe nucléaire de Tchernobyl. Notre but est de montrer la valeur des observations de Ferenczi sur le traumatisme collectif, organisé autour de trois points : la dissymétrie relationnelle, le processus de déni et le narcissisme blessé. La lecture du livre d’Aleksiévitch permet de comprendre la façon dont le rôle de l’auteur se rapproche de celui désigné par Ferenczi.

Mots clés:
Ferenczi; livre de témoignage; traumatisme colletif; déni


Este artículo analiza las nociones de trauma y testimonio, elaborados por Sándor Ferenczi, y se articula con el libro de Svetlana Aleksiévitch sobre el desastre nuclear de Chernóbil. Nuestro objetivo fue demostrar la vigencia de las observaciones de Ferenczi con relación a un trauma colectivo, organizándose alrededor de tres ejes: la asimetría relacional, el proceso de negación y el narcisismo herido. A través de la lectura del libro se puede entender que el papel de la escritora se acercaba al designado por Ferenczi.

Palabras-clave:
Ferenczi; literatura testimonial; trauma colectivo; negación


Introdução

Este artigo pretende discutir as noções de trauma e de testemunho a partir dos trabalhos do psicanalista húngaro Sándor Ferenczi e articulá-los com a obra Vozes de Tchernóbil da autora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch. Essa obra trata da coleta de vários relatos de pessoas que viviam na Bielorrússia na época do acidente nuclear de Tchernóbil e procura fornecer alguma visibilidade a essas vítimas pouco reconhecidas em seu sofrimento.

De fato, Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. demonstra em seu livro que o impacto do acidente de Tchernóbil na população rural daquele país não só os abalou pelas perdas de entes queridos e de suas casas, como também com a perda de sua própria história. Além disso, os efeitos da explosão nuclear engendraram um processo de elaboração do luto narcísico da própria concepção de homem soviético que norteava aquela população, colocando em xeque sua relação com a União Soviética enquanto nação ideal e fonte de orgulho.

Em paralelo a isso, iremos analisar os relatos expressos na obra de Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. a partir dos postulados de Ferenczi em sua teoria do trauma, que tem como principais características a realidade factual do trauma, o processo de desmentido característico da situação traumática e as possibilidades de elaboração desse a partir do papel de testemunha encarnado pelo analista. Desta forma, procuramos apontar a riqueza teórica da concepção de Ferenczi, que extrapola o campo clínico e o coloca como um pensador social digno de reconhecimento (Gondar, 2012Gôndar, J. (2012). Ferenczi como pensador político. Cadernos de Psicanálise, 34(27), 193-210.).

Para tanto, iniciaremos apresentando um apanhado geral das principais ideias que norteiam a teoria do trauma de Ferenczi para, num segundo momento, articular esses achados com as experiências coletadas por Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. e organizadas na obra em questão. O método aqui utilizado foi a pesquisa bibliográfica com a intenção de oferecer um paralelo entre a prática psicanalítica com populações traumatizadas e o próprio trabalho que a autora, Aleksiévitch, desenvolveu nessa obra.

A catástrofe humana: o trauma em Ferenczi

A psicanalista húngara Maria Torok propõe resumir em uma palavra a teoria de Ferenczi sobre o trauma: catástrofe; seja no silêncio da privacidade do lar, seja nas mazelas que atingem as grandes populações (Torok, 2000, apud Gondar, 2012Gôndar, J. (2012). Ferenczi como pensador político. Cadernos de Psicanálise, 34(27), 193-210.). Isto se deve justamente porque Ferenczi, desde o início de sua obra, identificou a concretude da situação traumática que norteia as relações humanas, especialmente em relação a duas características: a dissimetria relacional e a mentira como fonte patológica.

A primeira diz respeito à aquisição ou não de dado poder implícito nas relações humanas. Assim, já em seu primeiro trabalho psicanalítico, “Do alcance da ejaculação precoce” (1908/1991a), o autor notava um desnível entre o poder e a liberdade do homem e a falta dessas possibilidades no caso da mulher. Para o autor, pior que o sofrimento masculino atrelado às dificuldades sexuais, encontrava-se escondido o sofrimento da mulher, impossibilitada de se pronunciar ou demandar qualquer prazer na relação. Assim silenciada, ela deveria se adaptar da melhor maneira possível aos problemas do parceiro, já que os códigos sociais da época assim o prescreviam.

Já em “Psicanálise e pedagogia” (1908/1991b), Ferenczi extrapolava essa dinâmica dissimétrica, vinculando-a à relação entre os adultos e a criança. Movidos pela cegueira introspectiva, os adultos, esquecidos de sua própria infância, menosprezam a voz da criança e suas experiências, em nome das imposições da educação. Entretanto, aqui o autor já agrega mais um elemento: a mentira do adulto. Assim, o adulto não só mente para si mesmo, ao negar suas vivências infantis, como ensina a criança a recusar suas características infantis, ensinando que aquilo que é bom para ela, na verdade é ruim para ele, adulto.

Mais adiante em sua obra, Ferenczi dirá que o ato de mentir é imposto e adquirido por necessidade, já que, para participar da sociedade, o ser humano é levado a mentir sobre seus desejos, suas percepções e suas experiências íntimas. Em paralelo a isto, na análise este tipo de dinâmica relacional também ocorreria entre analista e paciente. Ou seja, ao recusar a verdade do relato de seus pacientes e insistir em interpretações balizadas pela teoria em dissociação com a escuta, o analista retraumatizaria seus pacientes ao não validar a veracidade de suas vivências (Ferenczi, 1928/2011dFerenczi, S. (2011d). A elasticidade da técnica psicanalítica. In S. Ferenczi, Psicanálise IV (A. Cabral, Trad., pp. 29-41). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1928).).

De fato, a mentira que traumatiza e deixa sequelas no outro foi um dos grandes temas de Ferenczi e perpassa toda sua obra. Um de seus trabalhos mais importantes, “Confusão de línguas entre os adultos e a criança” (1933/2011g) trouxe à tona a veracidade dos abusos sexuais na infância e lhe rendeu vários conflitos com Freud, que encarou esse tema como um retorno inconveniente de sua teoria da sedução, desenvolvida nos primórdios da psicanálise. Não obstante, a veracidade das experiências de abuso recolhidas por Ferenczi em sua prática clínica dizia respeito não só ao problema do abuso sexual, como também contemplava o abuso emocional e psíquico e as situações de abandono e negligência vividos em tenra infância.

É dessa forma que ele relata os impactos da percepção infantil do não acolhimento materno em idade precoce e seus efeitos no desejo de morrer expressos em palavras ou em sintomas corporais de certos pacientes. Diz ele: “Todos os indícios confirmam que essas crianças registraram bem sinais conscientes e inconscientes de aversão ou de impaciência da mãe, e que sua vontade de viver viu-se desde então quebrada” (Ferenczi, 1929/2011eFerenczi, S. (2011e). A criança mal acolhida e sua pulsão de morte. In S. Ferenczi, Psicanálise IV (A. Cabral, Trad., 2ª ed., pp. 55-60). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1929)., p. 57).

De acordo com Pinheiro (1995)Pinheiro, T. (1995). Ferenczi: do grito à palavra. Rio de Janeiro, RJ: Zahar., Ferenczi postula dois tipos de trauma em sua obra: o primeiro é aquele vinculado à educação; são as regras que a sociedade impõe à criança para que ela melhor se adapte. Dentre elas podemos apontar o desmame, o treino de higiene e a regulação da sexualidade, expresso na fase autoerótica pela masturbação. Estes traumas configuram-se como estruturantes do sujeito, pois o inserem na lógica civilizada do controle do princípio do prazer, preparando a criança para renúncias cada vez maiores, as quais são exigidas de um indivíduo adulto. São as exigências corriqueiras da vida.

Já o segundo tipo de trauma é chamado por Pinheiro (1995)Pinheiro, T. (1995). Ferenczi: do grito à palavra. Rio de Janeiro, RJ: Zahar. de desestru-turante, pois excede essas exigências cotidianas e é caracterizado pelo abalo maciço de um ego ainda em constituição. São os casos de abusos diversos, do emocional ao sexual, as experiências de negligência física e psíquica e os vários tipos de violência que o adulto dirige à criança.

Retomemos o texto “Confusão de línguas...” (1933/2011g), trabalho emblemático sobre esse tipo de trauma oriundo da violência. Nele Ferenczi explora o caráter dissimétrico da relação entre a criança e o adulto abusador: a criança se liga ao adulto pelos laços libidinais característicos de sua sexua-lidade infantil lúdica, que toma o adulto como um objeto de amor terno. Em contrapartida, o adulto responderia à criança com sua sexualidade genital e francamente sensual, engendrando a sedução sexual que é o abuso. Contudo, Ferenczi alerta que não é o choque da violência sexual em si que gera o trauma. Esse advém no momento em que a criança, ao perceber a mudança de atitude do adulto após o encontro sexual, o questiona a fim de compreender o que de fato ocorrera entre eles. Diante da afirmação da criança, o adulto a desmente dizendo-lhe que isso é bobagem ou mera fantasia infantil. Esse é o processo de desmentido que Ferenczi aponta ser o ponto crucial da formação traumatogênica.

Devemos lembrar que essa situação descrita por Ferenczi (1933/2011g)Ferenczi, S. (2011g). Confusão de línguas entre os adultos e a criança. In S. Ferenczi, Psicanálise IV (A. Cabral, Trad., 2ª ed., pp. 111- 123). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1933). envolve um adulto que a criança ama e sente confiança. Ao desmentir sua vivência, esse adulto mina a autoconfiança infantil, que passa a desconfiar de suas próprias percepções e experiências, gerando a cisão psíquica como defesa característica deste tipo de trauma. Além disso, como dito acima, sendo esse adulto abusador amado pela criança, ela o assimila dentro de si, introjetando a culpa sentida pelo adulto e identificando-se com seu agressor. A ambivalência afetiva é, assim, introjetada e distribuída no ego cindido da criança, que expressa sua cisão através de um fenômeno que Ferenczi (1930/2011f)Ferenczi, S. (2011f). Princípio de relaxamento e neocatarse. In S. Ferenczi, Psicanálise III (A. Cabral, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1930). denominou teratoma.

O teratoma foi descrito por Ferenczi no texto “Princípio de relaxamento e neocatarse” (1930/2011f), e é um dos efeitos da cisão psíquica. Portanto, esse termo indica a presença de parte da personalidade do sujeito que foi “sequestrado de si mesmo”, albergando um gêmeo que foi inibido. Esse efeito é melhor identificado nos relatos de sonhos dos pacientes traumatizados, nos quais o teratoma surge na cena do sonho como um deslocamento dessa cisão. Assim, o sonho repete a cena traumática para que o sujeito tente solucionar aquilo que foi deixado em aberto. Um exemplo desse tipo de sonho é encontrado em “Reflexões sobre o trauma” (1934/2011i): uma moça sonha assistir do alto de um aeroplano uma cena em que uma jovem está deitada no fundo de uma canoa, tendo sobre si um gigantesco homem que esmaga sua cabeça. Assim, a cisão do ego é testemunhada através da divisão entre as duas personagens do sonho: uma que sofre a violência de um homem enquanto a outra assiste a cena à distância.

Outro aspecto importante relacionado aos traumas desestruturantes é sua articulação com o narcisismo. Desde sua conceituação feita por Freud em 1914, essa noção passou a nortear os escritos de Ferenczi. Assim, em 1916 Ferenczi escreve “Dois tipos de neurose de guerra” (1916/2011h) no qual analisa uma série de sintomas histéricos observados por ele em soldados. A aproximação desses sintomas com a histeria deve-se justamente pela característica conversão notada por Ferenczi. São tremores e paralisias que envolvem a marcha dessas pessoas, sendo a origem desses o choque ocorrido em campo de batalha. Tal choque pode ocorrer em graduações diferentes, do choque maciço de uma explosão próxima ao sujeito a vários micros choques acumulados. De qualquer forma, o que nos interessa aqui é apontar como Ferenczi articula a ideia de narcisismo nessas manifestações somáticas. Como se sabe, Ferenczi tinha um papel muito importante no movimento psicanalítico de sua época, sendo considerado por Freud seu “paladino e grão-vizir secreto” (Sabourin, 1988)Sabourin, P. (1988). Ferenczi, paladino e grão-vizir secreto. (L. C. Costa, Trad.) São Paulo, SP: Martins Fontes.. Dessa forma, defender as ideias e postulados da psicanálise é uma característica típica de seus trabalhos.

Como nas neuroses de guerra o elemento psicossexual não se fazia nítido, Ferenczi sabiamente o encontrou na expressão do narcisismo do sujeito. Assim, ao relatar casos que atendeu durante a I Guerra Mundial em sua estada no quartel de Papa, na Hungria, o autor percebeu uma espécie de ferida nar-císica engendrada pelos choques sofridos por esses soldados. Nesses relatos, uma característica chama a atenção: eram homens fortes, acostumados com o trabalho árduo nos campos rurais ou soldados já experientes em batalhas. Entretanto, o choque vivido durante os combates na I Guerra Mundial os abalara em seu narcisismo, devido à proporção das destruições testemunhadas e do imenso risco de morte experimentado, fazendo-os regredir a etapas anteriores do desenvolvimento, especificamente, à fase em que a criança não pode andar sozinha e necessita da assistência de outros. Assim, Ferenczi nota a relação entre essas formações sintomáticas e o abalo narcísico experimentado por esses soldados, incapazes de marchar de volta aos campos de guerra (Ferenczi, 1916/2011hFerenczi, S. (2011h). Dois tipos de neurose de guerra (histeria). In S. Ferenczi, Psicanálise II (A. Cabral, Trad. 2ª ed., pp. 293-310). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1916).).

Da mesma maneira, nos casos de abusos e violências, podemos notar o choque narcísico diante do desmentido, já que desautoriza a criança em suas percepções e constatações da realidade, invalidando seu discurso como verdadeiro. É por essa razão que Ferenczi concebeu o tratamento psicanalítico desses pacientes como uma proposta de reconstrução desses laços deteriorados, através da transferência ao analista. Assim, o trabalho deveria ser balizado pelo tato e pelo sentir com (Einfühlung) para restaurar a confiança necessária reatualizada na figura do analista (1928/2011d). Aqui, o analista funcionaria como testemunha da catástrofe particular do sujeito, reconhecendo a legitimidade de sua fala e possibilitando-o perlaborar suas cicatrizes.

De acordo com Mészáros (2010)Mészáros, J. (2010). Building block toward contemporary trauma theory: Ferenczi’s paradigm shift. The American Journal of Psychoanalysis, 70(4), 328-340. a proposta teórica de Ferenczi confi-gura-se numa mudança de paradigma na psicanálise de sua época, sendo provavelmente este um dos motivos das severas críticas que o autor recebeu de seus colegas, inclusive de Freud. Isto porque Ferenczi nota que esse tipo de paciente traumatizado denotava uma espécie de defesa que já não correspondia ao recalcamento. De fato, os efeitos da cisão psíquica geram outros desafios ao analista, que necessita adaptar sua técnica ao sujeito. Isto porque se nas neuroses oriundas do recalcamento, o trabalho de associação livre e acesso às memórias da infância é possível, com a cisão psíquica há poucas lembranças a serem encontradas, posto que um dos efeitos dela é justamente minar a possibilidade representacional do sujeito.

Isto implica uma mudança no paradigma teórico e clínico da psicanálise posto que, com esses pacientes, o analista precisa auxiliar o trabalho de cons-trução representativa que falhou anteriormente. Assim, a técnica é revista por Ferenczi numa série de trabalhos em que ele experimenta novas modalidades de intervenção, tais como a técnica ativa (1919/2011a; 1921/2011b), o relaxamento e a neocatarse (1928/2011d) e, finalmente, a análise mútua (1932/2003). Nossa intenção aqui não é detalhar as diferenças entre essas técnicas e a técnica clássica estipulada por Freud, mas sim salientar como Ferenczi buscou sanar as dificuldades dessas análises com experimentos diversos, sendo que em todos uma característica é afirmada: a necessária confiança que o paciente deve sentir em relação ao analista.

Ademais, é necessário lembrar a noção de Ferenczi de hipocrisia profissional, que ele frequentemente apontava em seus trabalhos, sendo notória sua comunicação em “Confusão de línguas” (1933/2011g), ou seja, ao recusar ou impor suas interpretações aos pacientes, o analista nada mais estaria fazendo que reatualizar o trauma original balizado pelo desmentido do adulto. Portanto, Ferenczi abordou uma nova categoria de ética em psicanálise, já que privilegiava a clínica como espaço fundamental de produção de teorias, as quais devem ser revistas e reformuladas mediante sua dissi-metria com a prática clínica.

Desta forma, podemos indicar três elementos que norteiam a teoria do trauma de Ferenczi: a dissimetria relacional, o desmentido e o narcisismo ferido. Mészáros (2010)Mészáros, J. (2010). Building block toward contemporary trauma theory: Ferenczi’s paradigm shift. The American Journal of Psychoanalysis, 70(4), 328-340. também indica uma diferença entre o trabalho com indivíduos isolados e os traumas coletivos. Segundo ela, nos casos individuais, em geral, pode-se encontrar o trauma vinculado a um segredo de família, posto que tratam de casos de abusos sexuais e outras violências, das quais tanto o sujeito como seu entorno evitam falar. Já os traumas coletivos, acidentes de grandes proporções ou desastres naturais, em sua maioria, são de conhecimento comum, gerando a solidariedade das pessoas em relação às suas vítimas. Não obstante, veremos como nem sempre as coisas se dão dessa maneira, já que como nos casos individuais, as peculiaridades dos casos coletivos às vezes não seguem esta observação. Ao menos, é isso que depreendemos da leitura de Vozes de Tchernóbil (2016) de Aleksiévitch.

Um trauma invisível

O livro em questão foi escrito a partir da experiência de coleta de relatos de várias pessoas envolvidas no acidente nuclear de Tchernóbil: de esposas dos bombeiros, que prestaram os primeiros socorros ainda durante a explosão; familiares de pessoas que foram contaminadas e, se não morreram, até hoje travam angustiantes batalhas para manter o mínimo de qualidade de vida; pessoas do alto escalão envolvidas com a direção da usina nuclear; camponeses da região de Prípiat, Dniepr e Soj que foram evacuados imediatamente após a explosão para nunca mais retornarem para suas casas; pessoas idosas da região que viram no acidente uma espécie de reatulização dos combates vividos durante a II Guerra Mundial. Dentre essas histórias, também se encontra a daqueles chamados liquidadores, soldados ou voluntários em missão de destruir todos os animais, domésticos e selvagens, da região contaminada e que, nessa tarefa, também foram contaminados (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras.).

A usina nuclear de Tchernóbil, na época símbolo do poder tecnológico da União Soviética, sofreu uma grande explosão na noite de 26 de abril de 1986. Sua estrutura física era localizada numa área que abrangia parte da Ucrânia, da Rússia e da Bielorrússia. Segundo informações dadas logo no início do livro, os impactos do acidente na região da Bielorrússia não tiveram a visibilidade que as outras áreas receberam. A autora da história, uma jorna-lista bielorrussa, passou dez anos entrevistando as diversas testemunhas do ocorrido. O livro Vozes de Tchernóbil (2016) foi lançado pela primeira vez na Rússia, em 1997, e foi traduzido para diversas línguas. A autora foi contemplada em 2015 com o prêmio Nobel de Literatura, não obstante sua obra nunca ter sido publicada em sua terra natal, a Bielorrússia.

Esse fato, e outros narrados no livro, nos mostra o processo de desmentido envolvido no acidente de Tchernóbil. Suas vítimas não sentem a solidariedade mencionada por Mészáros (2010)Mészáros, J. (2010). Building block toward contemporary trauma theory: Ferenczi’s paradigm shift. The American Journal of Psychoanalysis, 70(4), 328-340. pois ninguém sabe da existência delas. A isto, soma-se outro fator: a invisibilidade da radiação. Quando Tchernóbil explodiu, uma nuvem radioativa se espalhou por toda a região e chegou a alcançar a Europa, em países como a Inglaterra e Portugal (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras.). Entretanto, o alcance radioativo foi negado pelos órgãos públicos da União Soviética (URSS), numa época em que essa nação buscava se inovar e favorecer a abertura econômica. Dessa forma, a opinião pública dos países de primeiro mundo tinha grande importância nas decisões dos dirigentes da URSS.

Além disso, o fator extremamente cancerígeno presente nos compostos radioativos dispersos no ar também foi minimizado. As pesquisas realizadas eram firmes em afirmar que o único tipo de câncer engendrado pela radiação é o de tireoide (Demidchik; Saenko; Yamashita, 2007Demidchik, Y., Saenko, V., & Yamashita, S. (2007). Childhood thyroid cancer in Belarus, Russia and Ukraine after Chernobyl and at present. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabólica, 51(5), 749-762.). Já as pessoas entrevistadas por Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. afirmam o contrário. Em suas vivências, testemunharam maridos e filhos morrerem das mais variadas mazelas, inclusive câncer de pele e pulmonar. Apenas para oferecer alguns dados esta-tísticos, foi apontada uma proporção de doenças oncológicas de 82 pessoas para cada 100 mil antes do acidente; depois, as cifras passaram para 6 mil pessoas em cada 100 mil, sendo esses dados mantidos em segredo.

Isto indica a presença do processo de desmentido, veiculado através da nítida dissimetria relacional entre as vítimas de Tchernóbil, pessoas comuns de uma região politicamente pouco expressiva, e os poderosos da URSS e seus interesses geoeconômicos. Aqui, a invisibilidade da radiação se liga à invisibilidade dessas pessoas, cujas narrativas de sofrimento ficaram no escuro até o surgimento do livro. Até porque, como nos indica Gondar (2012)Gôndar, J. (2012). Ferenczi como pensador político. Cadernos de Psicanálise, 34(27), 193-210., o reverso do desmentido seria justamente o reconhecimento.

A invisibilidade radioativa também desempenha seu papel nessa história: justamente por sua imaterialidade, os camponeses da região de Prípiat não compreendiam porque não podiam mais consumir seus alimentos; porque deveriam matar seu gado e abandonar seus gatos. Um dos relatos mais comoventes da obra é de um liquidador que não consegue se esquecer dos cães que foi obrigado a enterrar, alguns ainda vivos. Em seus sonhos continuamente retorna a imagem de um filhote que lutava contra a terra jogada sobre si em sua busca desesperada pela vida (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras.).

Conforme vimos com Ferenczi, o sonho tem uma dupla função: a primeira foi definida por Freud e configura-se na realização dos desejos inconscientes; a segunda, descrita por Ferenczi, circunscreve a função traumatolítica do sonho, ou seja, a repetição de fragmentos do trauma vivido, que o sujeito buscaria solucionar no sonho (Ferenczi, 1934/2011iFerenczi, S. (2011i). Reflexões sobre o trauma. In S. Ferenczi, Psicanálise IV (A. Cabral, Trad., 2ª ed., pp. 125-135). São Paulo,SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1934.). Nos relatos coletados por Aleksiévitch, testemunhamos junto à autora o sofrimento daqueles que repetidamente sonham com o último olhar de um cônjuge, com a voz de uma filha, com o cheiro do orvalho nos bosques bielorrussos (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras.).

Entretanto, como Ferenczi (1924/2011c)Ferenczi, S. (2011c). Perspectivas da psicanálise. In S. Ferenczi, Psicanálise III (A. Cabral, Trad., pp. 243-260). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1924). nos ensina, a vida não se conforma em nenhuma teoria. Ao ler as entrevistas concedidas à autora, não pode se detectar nenhum aspecto de cisão psíquica, nem mesmo nas crianças de Tchernóbil. Pelo contrário, o que fica nítido no livro é a contínua necessidade dessas pessoas em relatar o ocorrido, no que observamos o papel de testemunha exercida pela autora, num paralelo ao que seria o trabalho de um analista com pacientes traumatizados.

No segundo capítulo, intitulado “Entrevista da autora consigo mesma sobre a história omitida e sobre por que Tchernóbil desafia a nossa visão de mundo”, Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. conta como, a partir do acidente, a população bielorrussa passou a filosofar: sobre o sentido da vida, o sentido daquele acidente, sobre a União Soviética como nação ideal. Aqui, temos o paralelo entre a criança abusada descrita por Ferenczi e as vítimas de Tchernóbil que desejam contar sua história. Mas para quem? Desta forma é que Aleksiévitch se autodenomina uma “mulher ouvido”, empenhada na tarefa de legitimar tais narrativas como forma de restabelecer a dignidade desses sujeitos.

Contudo, se o início do livro é marcado por narrativas angustiantes sobre perdas afetivas: familiares e o próprio lar; com sua evolução surgem vozes que remetem ao narcisismo ferido daquela população. Para eles a União Soviética, aquela que venceu a II Guerra Mundial, que levou o primeiro homem para o espaço, não poderia dar as costas ao seu povo como estava fazendo. Nesses trechos, o entrevistado em geral menciona uma expressão, o Homem Soviético, encarnação de poder e soberania que orgulhava esta população. Agora, esse Homem mentia impotente sobre o que fazer numa situação até então sem precedentes. Assim, vemos no depoimento de um liquidador:

O que era a radiação? [...] Ensinaram como você deve se atirar ao solo para que a onda explosiva passe por cima sem te tocar. A irradiação, a onda térmica [...] Mas sobre o fato de que a contaminação radiativa do meio ambiente é o fator mais letal, nenhuma palavra foi dita. Tampouco os oficiais de carreira que nos levaram a Tchernóbil entendiam do assunto. Só sabiam de uma coisa: quanto mais vodca, melhor, porque ajudava contra a radiação. (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras., p. 246)

Em alguns casos, a autora se encontrou diante de atitudes diferentes: ao invés da desilusão, a negação dos fatos. Assim, algumas pessoas simplesmente se recusaram a conversar com ela, já outros defendiam seu narcisismo nacional relegando a responsabilidade do acidente a pretensos complôs engendrados pelos Estados Unidos. Em muitas narrativas sentimos o ódio palpável desses cidadãos, que se viram traídos pela pátria (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras.).

De certa forma, essa decepção com o objeto amado, a URSS, parecia mais forte naqueles camponeses que lutaram contra os alemães durante a II Guerra Mundial. Tchernóbil serviu como um reativador de traumas passados e muitos lembraram de assassinatos e outras barbaridades cometidas em nome do Homem Soviético:

Quando eu era criança, uma vizinha que tinha sido partisan1 1 Partisan é o nome das patrulhas voluntárias que se formavam para fugir ou combater a ocupação nazista. me contou como, na época da guerra, a sua unidade tentava sair do cerco. A mulher levava nos braços um bebê de um mês, caminhavam pelo pântano cercado pelos inimigos. A criança chorava, poderia delatá-los, entregar toda a unidade. E ela a asfixiou. Falava sobre isso de forma alienada, como se não tivesse sido ela, como se outra mulher qualquer tivesse feito isso, como se o bebê não fosse seu. Por que razão ela se lembrou disso, eu já esqueci. Mas me recordo claramente de outra coisa: do meu horror. O que ela tinha feito? Como pôde fazer isso? Durante todo o relato, eu tinha a impressão de que toda a unidade de partisans conseguiria sair do cerco graças ao bebê, para salvá-lo. E então, descobri que para que esses homens sãos o e fortes continuassem vivos, tiveram de asfixiar o bebê? Qual é então o sentido da vida? (Aleksiévitch, 2016Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras., p. 155)

Esse fenômeno pode ser compreendido pelo conceito de après-coup descrito por Freud em sua teoria da sedução, e que Ferenczi (1930/2011f)Ferenczi, S. (2011f). Princípio de relaxamento e neocatarse. In S. Ferenczi, Psicanálise III (A. Cabral, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1930). compreende como parte do processo de repetição pelo qual o trauma insiste em se manifestar. Assim, a vivência traumática experimentada num momento, só ganha sentido em momento posterior. No caso de Tchernóbil, a visão cotidiana de corpos estraçalhados e em degeneração rápida, por conta dos efeitos da radiação, vão ao encontro das imagens terrificantes da II Guerra Mundial. Além disto, a própria atmosfera física da região de Tchernóbil relembrava a guerra, com soldados por todos os lados, evacuações e áreas de acesso proibido.

Os primeiros atingidos pela radiação foram os bombeiros chamados para socorrer o incêndio da usina. É com o relato da esposa de um deles que Aleksiévitch (2016)Aleksiévitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. (S. Branco, Trad.) São Paulo, SP: Companhia das Letras. abre o livro. “Não sei do que falar [...] Da morte ou do amor?” (p. 16), diz a entrevistada. O relato que segue fala de um jovem casal apaixonado e a interrupção abrupta dessa história pelo evento nuclear. À esposa sobrou a difícil tarefa de driblar enfermeiras e outros seguranças para entrar escondida na área protegida, onde seu marido se desfazia em bolhas de sangue. Outro relato impactante é da jovem mãe que fica grávida um ano após o acidente. Sua filha nascera com aplasia múltipla, atingindo a vulva, o ânus e o rim esquerdo. Nas palavras da mãe: “Soa assim em linguagem médica, na popular é: sem xaninha, sem fiofó, com um rim só. [...] Crianças como ela não sobrevivem, morrem logo. Ela não morreu, porque é muito amada” (p. 125).

Ao longo do relato, a mãe da criança observa como o caso da filha tornou-se de interesse científico, fato que para ela não significa nada diante da crueldade da mazela da criança: “Onde existe no mundo outra criança em que a cada meia hora é preciso expulsar a urina com as mãos? E por quanto tempo se pode resistir a algo assim? (Chora)” (p. 127).

Em seu papel de testemunha do trauma, Aleksiévitch compreende que não escreve para o passado. Este é imutável. Sua escrita visa o futuro, no qual as vítimas de Tchernóbil, como outras também, possam ter suas vozes ouvidas e seu sofrimento reconhecido.

Considerações finais

Os traumas coletivos podem ser compreendidos pela composição de indivíduos acometidos pela mesma desgraça. Cada qual viveu o momento de forma singular, cada um testemunhou fragmentos do desastre. Contudo, essas vozes dissonantes formam um coro unívoco que aponta para os horrores incompreensíveis da vida. Gondar (2012)Gôndar, J. (2012). Ferenczi como pensador político. Cadernos de Psicanálise, 34(27), 193-210. observa que as vítimas de acidentes em massa, em geral, apontam uma característica em comum: uma nova visão ou sabedoria que emerge da catástrofe vivida.

Além do mais, Ferenczi nos ofereceu em sua teoria do trauma noções importantes que permitem uma maior aproximação das vítimas de eventos coletivos desastrosos, de forma a fornecer subsídios que amparem o trabalho de escuta e testemunho dessas vivências, criando um espaço de acolhimento repleto de possibilidades. A palavra aqui não é cura, mas sim o apaziguamento das feridas vivas herdadas do trauma e a possibilidade de transformar a dor e a falta de sentido desses eventos em uma narrativa coerente e dignificante.

No caso de Tchernóbil, cuja realidade se faz tão distante da nossa brasileira, os relatos e sofrimentos da população bielorrussa possa nos servir como base para pensar nossas próprias tragédias, como o incêndio da Boite Kiss, no Rio Grande do Sul, fruto do descaso e da irresponsabilidade; ou o caso das barragens de Mariana, que levaram sua população sobrevivente a evacuar o lugar e cujas vozes começam a ser ouvidas pelo trabalho de psicólogos e psicanalistas, legitimando o valor da existência dessas pessoas.

Ademais, a falta de sentido da própria vida faz com que essas catástrofes reverberem em cada um, possibilitando, pela via da empatia, a desconstrução das mentiras patológicas que estão por trás do sofrimento que atinge uma sociedade. Tanto é que as palavras mais mencionadas no livro de Aleksiévitch são: horror, morte e amor. Como observou uma professora do ensino infantil na região de Prípiat: “Uma menina se enforcou. Do quinto ano. Assim, sem mais nem menos. Os pais ficaram loucos. O diagnóstico era o mesmo para todos: Tchernóbil” (p. 165). Tchernóbil, um diagnóstico que abarca muitas vozes.

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    Partisan é o nome das patrulhas voluntárias que se formavam para fugir ou combater a ocupação nazista.

Referências

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Editora/Editor: Profa. Dra. Sonia Leite

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    Dez 2020

Histórico

  • Recebido
    03 Maio 2017
  • Aceito
    30 Out 2017
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