Acessibilidade / Reportar erro

Café da manhã: caracterização, consumo e importância para a saúde

Breakfast: characterization, consumption and importance for health

Resumos

O café da manhã é uma das três principais refeições do dia, mas, apesar da sua importância para a saúde, a diminuição do seu consumo é uma modificação importante no comportamento alimentar atual. Neste estudo, reflete-se sobre a caracterização dessa refeição e a implicação de seu consumo para a saúde; discutem-se, também, sua importância e as recomendações de consumo. Após revisão de artigos e respectivas contribuições científicas em bases de dados da área, pode-se afirmar que o café da manhã, objeto desta comunicação, é ainda bastante carente de pesquisas na literatura científica. Contudo, evidências científicas associam o consumo habitual de café da manhã a baixo risco de sobrepeso e obesidade, bem como melhoria na capacidade de aprendizagem. Estudos identificam que o perfil dos consumidores frequentes dessa refeição é de não fumantes que praticam atividade física, que controlam o peso e que não fazem uso frequente de álcool. Os autores pesquisados sugerem, assim, uma relação positiva entre o consumo de café da manhã e um estilo de vida saudável, justificando a recomendação de programas de incentivo ao seu consumo.

Alimentação básica; Comportamento alimentar; Estilo de vida


Breakfast is one of the main daily meals but despite its importance for health, skipping breakfast is becoming increasingly common and constitutes an important change from former to current food habits. This study discusses the characterization of this meal, its implication on health, its importance and consumption recommendations. Searching databases in the field for articles and their respective scientific contributions evidences that there are very few studies on this meal. However, the existing studies show that regular breakfast consumption is associated with a lower risk of overweight and obesity and improved learning ability. Individuals who have breakfast regularly are usually physically active nonsmokers who monitor their weight and drink only sporadically. Thus, the reviewed articles suggest that there is a positive association between having breakfast regularly and healthy lifestyle, justifying the recommendation of programs that stimulate its consumption.

Staple Food; Feeding behavior; Life style


COMUNICAÇÃO COMMUNICATION

Café da manhã: caracterização, consumo e importância para a saúde

Breakfast: characterization, consumption and importance for health

Suelen Caroline TrancosoII; Suzi Barletto CavalliII; Rossana Pacheco da Costa ProençaII

IIUniversidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições. Campus Universitário, Trindade, 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: R.P.C. PROENÇA. E-mail: <rossana@mbox1.ufsc.br>.

RESUMO

O café da manhã é uma das três principais refeições do dia, mas, apesar da sua importância para a saúde, a diminuição do seu consumo é uma modificação importante no comportamento alimentar atual. Neste estudo, reflete-se sobre a caracterização dessa refeição e a implicação de seu consumo para a saúde; discutem-se, também, sua importância e as recomendações de consumo. Após revisão de artigos e respectivas contribuições científicas em bases de dados da área, pode-se afirmar que o café da manhã, objeto desta comunicação, é ainda bastante carente de pesquisas na literatura científica. Contudo, evidências científicas associam o consumo habitual de café da manhã a baixo risco de sobrepeso e obesidade, bem como melhoria na capacidade de aprendizagem. Estudos identificam que o perfil dos consumidores frequentes dessa refeição é de não fumantes que praticam atividade física, que controlam o peso e que não fazem uso frequente de álcool. Os autores pesquisados sugerem, assim, uma relação positiva entre o consumo de café da manhã e um estilo de vida saudável, justificando a recomendação de programas de incentivo ao seu consumo.

Termos de indexação: Alimentação básica. Comportamento alimentar. Estilo de vida.

ABSTRACT

Breakfast is one of the main daily meals but despite its importance for health, skipping breakfast is becoming increasingly common and constitutes an important change from former to current food habits. This study discusses the characterization of this meal, its implication on health, its importance and consumption recommendations. Searching databases in the field for articles and their respective scientific contributions evidences that there are very few studies on this meal. However, the existing studies show that regular breakfast consumption is associated with a lower risk of overweight and obesity and improved learning ability. Individuals who have breakfast regularly are usually physically active nonsmokers who monitor their weight and drink only sporadically. Thus, the reviewed articles suggest that there is a positive association between having breakfast regularly and healthy lifestyle, justifying the recommendation of programs that stimulate its consumption.

Termos de indexação: Staple Food. Feeding behavior. Life style.

Introdução

Reconhecendo a importância da alimentação para a saúde, o Guia alimentar para a população brasileira1 considera saudável a refeição preparada com alimentos variados, com tipos e quantidades adequadas. Sugere pelo menos três refeições por dia - café da manhã, almoço e jantar -, intercaladas por pequenos lanches.

Apesar de o café da manhã ser considerado uma das principais refeições do dia, observa-se uma relativa carência de informações na literatura científica sobre ele quando comparado às outras refeições. Assim, neste estudo, a partir das contribuições científicas encontradas na literatura, reflete-se sobre a caracterização dessa refeição e a implicação de seu consumo para a saúde, discutindo-se, ainda, sua importância e recomendações de consumo.

Métodos

Para a estruturação deste estudo foi reali-zada uma revisão de artigos nas bases de dados ScienceDirect, Scopus, SciELO, MedLine/PubMed, bem como no Portal de teses e dissertações da Capes, em livros e dicionários, considerando o período de 1996 a 2009. As palavras-chave pes-quisadas foram "café da manhã", "desjejum" e "comportamento alimentar", nas línguas portuguesa e inglesa. Na análise das publicações, agruparam-se as informações de modo a caracterizar e a apresentar as definições de café da manhã, a diminuição do seu consumo, o impacto desse consumo para a saúde, os alimentos consumidos e os programas de incentivo ao café da manhã. A pesquisa não se pautou pela preocupação numérica de garantir a representatividade proporcional dos achados para análise quantitativa. Assim, pri-vilegiando o enfoque de apresentar estudos rela-cionados ao mesmo tema, artigos semelhantes foram descartados.

Definições do café da manhã

O café da manhã é uma das três principais refeições do dia1-3, definida como a primeira re-feição consumida pela manhã4. Um sinônimo para a expressão "café da manhã" é a palavra desjejum, que vem do latim e significa o rompimento do jejum involuntário mantido durante o sono4.

Quanto ao seu conteúdo, a recomendação brasileira é que ele garanta em média 25% do total energético consumido durante o dia5. Esse percentual aproxima-se do valor encontrado por Requejo et al.6 e Rivas et al.7, que, ao investigarem adolescentes da Espanha que consomem frequen-temente essa refeição, encontraram um consumo médio de 20% do total energético diário.

Siega-Riz et al.8 eRampersaud9 contribuem para a definição do café da manhã, ressaltando quatro aspectos: a percepção que o indivíduo tem dessa refeição, o tipo de alimento frequentemente consumido (por exemplo: café com leite, pão com manteiga), a realização da refeição em uma hora específica do dia (por exemplo, às 7h da manhã), e o fato de ser a primeira refeição consumida após o acordar.

Estudo de Garcia10, no Brasil, analisando os discursos dos funcionários administrativos da região central de São Paulo, constatou que, quan-do questionados sobre sua alimentação, o café da manhã foi citado com uma frequência menor do que o almoço e o jantar. Para muitos, o café da manhã consistia em consumir somente o café, representando para poucos uma refeição mais completa. A percepção dos indivíduos entrevistados quanto ao café da manhã demonstra uma relação de certo descaso para com essa refeição, o que justifica a sugestão dessa autora quando utiliza a expressão "grandes refeições" para referir-se apenas aos eventos de almoço e jantar11.

Diminuição no consumo de café da manhã

O estilo de vida da sociedade contem-porânea tem modificado os hábitos alimentares da população. No vasto campo de estudos sobre alimentação contemporânea, há evidências da diminuição do consumo de café da manhã como uma modificação importante no comportamento alimentar atual7-9,12-20.

Com objetivo de demonstrar a relevância do tema e correspondentes estudos em diferentes populações e faixas etárias, o (Quadro 1) apre- senta alguns estudos que tratam dessa preocu-pação com a diminuição significativa e frequente do café da manhã.


Autores mencionam que o declínio no con-sumo de café da manhã está normalmente rela-cionado com mudanças no estilo de vida contem-porâneo da população, tais como: aumento do número de indivíduos que moram sozinhos, falta de tempo para realizar as refeições e particula-ridades no consumo de pratos diferentes pelos membros da família8,16,21.

Uma relação importante entre o consumo de café da manhã e a idade é também evidenciada nessas pesquisas. O consumo dessa refeição pare-ce aumentar com a idade quando se trata de adul-tos, entre 18 e 60 anos12,16,22,23, e diminuir quando se estuda o consumo dessa refeição em crianças e adolescentes, entre 4 e 18 anos2,8,9, cons-tatando-se ainda que, na idade adulta, em geral, o consumo de café da manhã é predominante-mente maior que em outras fases da vida.

A relação entre café da manhã e gênero foi também evidenciada em diferentes pesquisas: a omissão dessa refeição foi encontrada principalmente em adolescentes do sexo feminino. En-tre as razões para esse achado, autores destacam a preocupação com a imagem corporal, o que comumente leva a pessoa a seguir dietas restritivas sem orientação, situação em que a prática de omitir refeições é muito comum9,14,24.

Outros estudos ressaltam que a omissão de refeições é um fenômeno comum entre ado-lescentes, para quem o café da manhã é a refeição mais negligenciada, o que se justifica pela irre-gularidade alimentar comum nessa fase da vida, seja pela atitude de submissão a dietas restritivas sem acompanhamento, seja pela referida falta de tempo para a realização de refeições2,13,17.

Entre as crianças, as razões normalmente citadas para a não realização do café da manhã são: falta de tempo, falta de fome nesse momento do dia ou desejo de fazer dieta para perder peso2. Acredita-se que a falta de incentivo para a criação de um hábito alimentar que inclua o consumo de café da manhã também influencia a omissão des-sa refeição pelas crianças.

Rampersaud et al.2, em estudo de revisão, também constataram uma alta prevalência de crianças e adolescentes que omitem o consumo de café da manhã, tanto nos Estados Unidos como na Europa (variando de 10% a 30%). Os autores revisaram 47 estudos, o que lhes possibilitou traçar um perfil dos não consumidores dessa refeição: adolescentes meninas, crianças de baixo nível socioeconômico, crianças e adolescentes mais velhos, bem como jovens negros e hispânicos. A omissão dessa refeição entre os adultos foi asso-ciada a pessoas fumantes, pessoas com baixa fre-quência de atividade física, pessoas que, preocu-padas com o peso corporal, fazem dietas sem acompanhamento. Alexander et al.25 identifica-ram, ainda, associação positiva entre a omissão desta refeição e o aumento da adiposidade vis-ceral.

No estudo de Keski-Rahkonen et al.24, diversos fatores foram significativamente asso-ciados ao perfil de adolescentes e adultos que não consomem café da manhã: fumar, não pra-ticar exercícios físicos com frequência, apresentar baixo nível educacional, fazer uso frequente de álcool e ter alto Índice de Massa Corporal (IMC). Esses autores observaram, também, que as mulhe-res adolescentes e os homens adultos omitem mais frequentemente essa refeição.

Assim, alguns estudos mostram que o per-fil dos consumidores habituais do café da manhã pode ser definido como sendo composto pela maioria de não fumantes, de pessoas que prati-cam atividade física, que não fazem uso frequente de álcool e que controlam o peso. Os estudos analisados parecem indicar uma relação positiva entre o consumo de café da manhã e um estilo de vida saudável2,16,24,25.

Impacto do consumo do café da manhã para a saúde

Os achados dos estudos analisados foram agrupados pela relação entre o consumo do café da manhã e diferentes situações; refletindo-se sobre o impacto para a saúde, analisaram-se as vantagens do consumo e as desvantagens do não consumo dessa refeição para as pessoas que, omitindo-a, transformam em primeira refeição do dia um lanche no decorrer da manhã ou o almoço.

O Quadro 2 ilustra essa análise sobre os estudos que avaliaram as vantagens do consumo frequente e as desvantagens do não consumo de café da manhã. Para melhor visualização, os estu-dos são apresentados em ordem cronológica.


Evidências científicas relacionam o consu-mo frequente de café da manhã com baixo risco de sobrepeso e obesidade2,3,15,16,23,25-31.

O consumo frequente e adequado do café da manhã pode melhorar o poder de saciedade do comensal e, assim, reduzir a quantidade caló-rica total ingerida durante o dia; em especial, pode limitar o consumo de lanches calóricos por crian-ças e adolescentes ao longo da jornada31. No Brasil, Gauche et al.33, ao analisarem os ritmos circadianos de consumo de lanches e refeições em adultos, chegam à mesma constatação quan-do, ao apontarem a diminuição da frequência das três principais refeições - café da manhã, almoço e jantar -, sugerem que essas refeições podem estar sendo substituídas por pequenos lanches durante o dia. A substituição do café da manhã por lanches durante o dia, no entanto, não é vista como uma prática saudável. Alguns estudos mostram que essa substituição - principalmente em crianças e adolescentes comparados com indivíduos que ingeriam habitualmente o café da manhã - teve como consequência o aumento do consumo energético total de carboidratos - espe-cialmente os açúcares simples - e de gordu-ras7,15,17,30.

O consumo adequado do café da manhã parece também auxiliar no controle de peso; com-parada aos lanches, a refeição matinal propor-ciona uma maior ingestão de vitaminas e minerais e menor ingestão de gorduras e colesterol31.

A ausência dessa refeição pode, por sua vez, inviabilizar a elevação da glicemia, necessária às atividades matinais, e favorecer uma possível deficiência de cálcio, uma vez que nessa refeição geralmente se concentra o maior consumo diário de leites e derivados, que são fontes desse mineral13.

Outra relação importante pode ser feita entre o consumo de café da manhã e a melhoria no rendimento escolar de estudantes. Estudos apontaram efeitos positivos no desempenho cognitivo acadêmico2,3,16,27,30,32, na atenção e na memória para atividades escolares2,29,31, e na fre-quência escolar de crianças e adolescentes2.

Ao analisar o comportamento escolar de crianças, Benton & Jarvis30 constataram que os que comem frequentemente café da manhã despen-dem mais tempo nos estudos do que os não con-sumidores dessa refeição; consequentemente, esses alunos apresentaram melhor rendimento escolar. Justifica-se, assim, a importância da exis-tência de programas de café da manhã em escolas e a real necessidade de se incentivar o consumo dessa refeição em crianças e adolescentes3,18,27,30.

Unusan et al.18, ao investigarem a per-cepção de estudantes quanto ao café da manhã, verificaram que, quando questionados sobre o sentimento que o consumo dessa refeição causa-va, a maioria relatou alegria e um sentimento de disposição após o seu consumo. Porém, os senti-mentos de fraqueza e cansaço - relatados com frequência pelos não consumidores de café da manhã - não foram citados pelos consumidores dessa refeição.

Alimentos do café da manhã

Vários autores destacam que a ingestão adequada do café da manhã pode representar a um indivíduo a oportunidade diária de consu-mir uma refeição com alimentos ricos em nu-trientes e, assim, contribuir para uma dieta saudá-vel2,3,16,18, 23,25-32.

Nas áreas urbanizadas do mundo ociden-tal, o café da manhã é realizado, normalmente, entre as 5 horas e as 10 horas da manhã12. No que se refere à quantidade calórica, Song et al.16 evidenciaram, em seu estudo, um consumo médio de 416kcal entre os consumidores habituais de café da manhã, o que representou um consumo de 18,6% do total energético diário. Quanto aos nutrientes dessa refeição, Nicklas et al.26 encon-traram, entre os consumidores frequentes de café da manhã, um consumo médio de 13,0% de proteínas, 55,0% de carboidratos (14,0% de açúcar simples) e 34,0% de gordura (12,0% de gordura saturada).

No que se refere à quantidade calórica, o Guia Alimentar para a População Brasileira1 sugere um consumo médio diário de 2 mil kcal totais. Philippi5 recomenda dividir esse Valor Energético Total (VET) diário em seis refeições, cabendo ao café da manhã um consumo de 25% do VET, ou seja, um consumo médio de 500kcal.

No Brasil, a composição dessa refeição po-de ser simplificada pelo consumo de café com leite e pão com manteiga ou margarina11; ou, no caso de uma composição mais completa: leite, café, pães, frios, biscoitos, frutas e sucos de frutas, manteiga/margarina34. Essa composição é seme-lhante à encontrada no estudo de Mattos & Martins35, que em uma amostra de 559 indivíduos com mais de 20 anos do município de Cotia, São Paulo, Brasil, identificaram como alimentos mais consumidos no café da manhã: café (87,5%), pão francês (70,8%), leite (51,3%) e margarina (50,8%). O consumo de frutas foi referido por apenas 11,3% da população, sendo elas: laranja (7,2%) e banana nanica (4,1%).

Gambardella et al.13 sugerem uma compo-sição padrão para o café da manhã de adoles-centes brasileiros, constituída de alimentos fonte de cálcio e de energia. A fonte de cálcio sugerida é o leite e seus derivados; a fonte energética, por sua vez, é constituída de pães e biscoitos, com acompanhamentos como geleias, mel, margari-nas, manteiga, maionese, queijos e frios.

Alves & Boog20, adaptando as opções de Gambardella et al.13, sugerem três configurações de café da manhã: padrão, completo e incom-pleto. O café da manhã padrão manteve-se como a definição original. A configuração café da ma-nhã completo foi definida como uma refeição composta por alimentos fonte de cálcio, de ener-gia e alimentos reguladores. Já o café da manhã incompleto seria uma refeição com quaisquer outros alimentos que não contemplem as combi-nações apresentadas nas opções padrão ou com-pleto.

Sungsoo et al.28 separam a configuração do café da manhã em nove grupos de alimentos frequentemente consumidos nos Estados Unidos da América por diferentes etnias, que são: 1) gorduras e doces, 2) produtos lácteos, 3) carnes e ovos, 4) frutas e vegetais, 5) cereais matinais, 6) cereais cozidos, 7) pães, 8) bolos, tortas, pan-quecas, waffles e 9) bebidas. Dentre esses, os mais consumidos foram: os grupos de cereais matinais, pães, bolos, tortas, panquecas, waffles, carnes e ovos.

Estudos mencionam que a qualidade nutri-cional do café da manhã nos Estados Unidos da América melhorou nos últimos anos, provavel-mente devido ao aumento da oferta e do consu-mo de alimentos considerados mais saudáveis, como, por exemplo, cereais matinais e iogurtes, paralelamente à diminuição do consumo de gor-dura, encontrada sobretudo no bacon e nos ovos8,12,16,22,36. Pesquisas demonstram que nesse país, no período de 1965 a 1996, no café da ma-nhã de adultos, adolescentes e crianças, houve um aumento no consumo de leite desnatado, pães integrais, cereais ricos em fibras, e frutas cítricas. Como contraponto, houve diminuição no consumo de leite integral, bacon, ovos, pão bran-co, pão branco rico em gordura, manteiga e mar-garina8,12.

Ainda nos Estados Unidos da América, o consumo de cereal matinal tem sido alvo de diver-sos estudos, uma vez que a ingestão de cereais está sendo relacionada com benefícios para a saúde: redução no consumo total de gorduras, diminuição nos níveis de colesterol sérico e índice glicêmico; aumento no consumo de fibras, de magnésio e vitamina E8,12,36.Carson et al.22 corro-boram essa afirmação ao evidenciarem que os indivíduos que consomem regularmente (mais de três dias por semana) cereal matinal no café da manhã têm as proporções da gordura total, da gordura saturada e do colesterol mais baixas que os não consumidores. Apresentam, ainda, as pro-porções de fibra, cálcio, ferro, zinco, e das vita-minas A, B, C e E mais elevadas. No estudo de Song et al.36, o consumo desse cereal foi associado ao hábito de realizar a refeição matinal e à inges-tão de leite, o que colaborou para que a amostra dos consumidores do cereal tivesse ingestão ade-quada de cálcio.

Os estudos acima citados referem-se aos cereais matinais descritos em inglês como "Ready-To-Eat Cereal - RTEC"8,12,22,36, não expli-citando, na maioria das vezes, a que tipo de cereal matinal específico se refere. Assim, essa afirmação de benefícios para a saúde deve ser encarada com cuidado, considerando-se que, no Brasil, encon-tram-se, minimamente, dois tipos de cereais mati-nais cujo consumo teria potencialmente conse-quências distintas para a saúde. Um grupo, por exemplo, seria formado pelos cereais matinais elaborados com farinhas e açúcar refinados, adi-cionados de vitaminas e minerais, sendo, portan-to, fontes de carboidratos simples e micronu-trientes artificiais. Outro grupo seria o dos cereais matinais elaborados com farinhas integrais, oleaginosas e açúcar mascavo, sendo fontes de carboidratos complexos, fibras, vitaminas e mi-nerais.

Poulain37, ao analisar as características dos hábitos alimentares contemporâneos na França, descreve que o café da manhã mais tradicional consiste basicamente no consumo de uma bebida quente e um pão com manteiga ou croissant, sugerindo, assim, uma refeição mais simplificada. Michaud et al.38 e Lambert et al.21 corroboram essa descrição ao sugerir que, além do café da manhã, o almoço e o jantar francês também sofre-ram modificações no decorrer dos anos, apresen-tando-se hoje como refeições mais simplificadas.

Na Espanha, o café da manhã considerado adequado deve ser composto por leite, cereais, torradas com azeite, frutas in natura e/ou suco de frutas38,39.

O Quadro 3 aponta os estudos encon-trados e os correspondentes alimentos investi-gados que integram o café da manhã em alguns países, apresentando um panorama das dife-renças estruturais dessa refeição. Pode-se observar a ingestão quase generalizada de algum tipo de leite, de pão e de cereais, demonstrando certa homogeneidade na composição dessa refeição em regiões urbanas de países do ocidente.


Rampersaud et al.2 sugerem uma lista de recomendações sobre o consumo de café da manhã para crianças e adolescentes, destacando-se a necessidade de consumir diariamente um café da manhã saudável com variedade entre os grupos alimentares (por exemplo, grãos integrais, frutas e produtos lácteos), priorizando o consumo de alimentos nutritivos, ricos em fibras, pobres em açúcar e alimentos reguladores. O estudo ain-da sugere que o incentivo dessa refeição para crianças e adolescentes deve acontecer sempre, tanto por parte dos pais como por parte das esco-las e programas de incentivo ao consumo de café da manhã.

Nesse enfoque, Trancoso40 desenvolveu um instrumento de avaliação da qualidade nutricional e sensorial de bufês de café da manhã (AQCM). Esse instrumento pode ser utilizado, por exemplo, como forma de avaliar um café da manhã adequado, pois sugere um padrão mínimo para garantir o consumo dessa refeição com quali-dade nutricional e sensorial, além de fornecer alternativas para melhorar a qualidade dessa re-feição por meio de um plano de ação estrutu-rado. O instrumento de avaliação desenvolvido respeita a oferta de alimentos saudáveis, regionais e da estação, as opções de melhorias, a forma de apresentação dos alimentos, o fornecimento de informações completas, ditas importantes para a saúde, dentre outros itens.

Programas de incentivo ao café da manhã

Constatados os benefícios do consumo adequado do café da manhã para a saúde, surgi-ram alguns programas que visam a educar e a incentivar crianças e adolescentes para o consumo dessa refeição de forma mais saudável, buscando formar bons hábitos para a vida adulta. Estudos relatam que tais programas podem ter a capaci-dade de diminuir a disparidade do consumo nutri-cional de alimentos e adequar a ingestão alimen-tar no café da manhã, além de contribuir para a diminuição de sobrepeso e obesidade e para a melhoria do rendimento escolar em crianças e adolescentes2,3,9,15-19,23,27,30-32,41,42 .

Para que esse incentivo fosse eficiente, alguns programas buscaram educar crianças na fase escolar, como é o exemplo do programa School Breakfast Program (SBP) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América41. No México, um programa de café da manhã pa-ra escolares - Programa de Desayunos Escolares (PDE) -, além de incentivar a ingestão dessa refeição matinal, preocupou-se também em ade-quar nutricionalmente os alimentos nela ofere-cidos às crianças, incluindo alimentos fortificados, tais como: leite fortificado com vitamina A, ce-reais, bolachas e pães com ferro, sucos de frutas com vitamina C, dentre outros42.

No Brasil, o Programa Nacional de Alimen-tação Escolar (PNAE) oferece a chamada merenda escolar, que visa melhorar as condições nutri-cionais e a capacidade de aprendizagem de crian-ças que frequentem as escolas desde a pré-escola até o ensino fundamental da rede pública ou filan-trópica. Destaca-se que o PNAE não se refere especificamente ao café da manhã, e sim ao for-necimento de lanches e almoço, embora seja o café da manhã a refeição mais comumente ofe-recida17,43.

Conclusão

O Guia Alimentar para a População Bra-sileira1 sugere que as três principais refeições diárias - café da manhã, almoço e jantar - devam aproximar-se do atendimento das porções diárias recomendadas. Dessa forma, considerando a im-portância e as vantagens do seu consumo ade-quado, o café da manhã poderia ser responsável pelo consumo de algumas ou de todas as porções diárias de alguns grupos alimentares, como o dos cereais, o das frutas e sucos de frutas, e o do leite e derivados. Esse fato poderia contribuir para uma adequação nutricional no consumo de alimentos por parte da população, auxiliar na diminuição de sobrepeso e de obesidade e, ainda, melhorar o rendimento escolar, principalmente, em crianças e adolescentes.

Com base na revisão realizada e diante dos benefícios do consumo adequado do café da manhã, considera-se importante que os pro-fissionais e os programas de saúde ligados à ali-mentação incrementem o incentivo para a reali-zação dessa refeição, objetivando a criação de um hábito alimentar que a inclua. Atingido esse objetivo, outras contribuições à saúde poderão ser também alcançadas, uma vez que os estudos correlacionam o perfil dos consumidores habituais de café da manhã com um estilo de vida saudável.

Sabe-se que existem iniciativas brasileiras de incentivo ao consumo de café da manhã reali-zadas tanto por prefeituras municipais em res-taurantes populares quanto em empresas cadas-tradas ou não ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Contudo, como não foram en-contrados estudos científicos analisando tais ini-ciativas, elas não puderam ser discutidas no con-texto deste artigo.

Apesar de os estudos sugerirem o incentivo do consumo frequente e adequado do café da manhã como forma de garantir um estilo de vida saudável, observou-se a necessidade de reflexão e definição do que seria esse consumo adequado para a população de cada país, considerando mo-delos alimentares regionais. Outra questão seria discutir os significados dessa refeição em dife-rentes países, posto que, nos artigos analisados, nem mesmo a definição da refeição é comumente discutida, citando-a apenas como uma palavra de senso comum.

Por fim, é também importante a discussão sobre instrumentos de avaliação para essa re-feição, imprescindíveis tanto ao meio científico como à vida cotidiana, considerando-se as espe-cificidades do café da manhã e a necessidade cada vez maior da sua realização fora de casa.

Colaboradores

S.C. TRANCOSO participou da elaboração do projeto de pesquisa, coleta e análise dos dados, dis-cussão dos resultados e elaboração do artigo. R.P.C. PROENÇA e S.B. CAVALLI participaram da elaboração do projeto de pesquisa, análise dos dados, discussão dos resultados e elaboração do artigo.

Recebido em: 11/6/2008

Versão final reapresentada em: 4/5/2010

Aprovado em: 31/5/2010

  • 1
    Brasil. Ministério da Saúde.Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
  • 2. Rampersaud GC, Pereira MA, Girard BL, Adams J, Metzl J. Breakfast habits, nutritional status, body weight, and academic performance in children and adolescents. J Am Diet Assoc. 2005; 105(5):743-60.
  • 3. Affenito SG. Breakfast: a missed opportunity. J Am Diet Assoc. 2007; 107(4):565-9.
  • 4. Houaiss A, Villar MS. Dicionário da língua brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva; 2004.
  • 5. Philippi ST. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Barueri: Manole; 2008.
  • 6. Requejo AM, Ortega RM, Lopez Sobaler AM, Quintas ME, Andrés P, Redondo MR, et al Valeur nutritionnelle du petit déjeuner et composition de l'alimentation quotidienne chez des écoliers de Madrid. Cah Nutr Diét.1998; 33(1):41-7.
  • 7. Rivas PR, Figuero CR, Lanza, TA, lamuño DG, Fuentes MG, Grupo Avena.Desayuno y almuerzo de los adolescentes escolarizados de Santander.Nutr Hosp. 2005; 20(3):217-22.
  • 8. Siega-Riz AM, Popkin BM, Carson T. Trends in breakfast consumption for children in the United States from 1965 to 1991. Am J Clin Nutr. 1998; 67(Suppl):748S-56S.
  • 9. Rampersaud GC. Benefits of breakfast for children and adolescents: update and recommendations for practitioners. Am J Lifestyle Medicine. 2009; 3(2): 86-103.
  • 10. Garcia RWD. Práticas e comportamento alimentar no meio urbano: um estudo no centro urbano da cidade de São Paulo. Cad Saúde Pública.1997; 13(3): 455-67.
  • 11. Garcia RWD. Comida, a dieta, o gosto: mudanças na cultura alimentar urbana [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1999.
  • 12. Haines PS, Guilkey DK, Popkin BM. Trends in breakfast consumption if US adults between 1965 and 1991. J Am Diet Assoc. 1996; 96(5):464-70.
  • 13. Gambardella AND, Frutuoso MPF, Franchi C. Prática alimentar de adolescentes. Rev Nutr. 1999; 12(1): 55-63. doi: 10.1590/S1415-52731999000100005.
  • 14. Vieira VCR, Priore SE, Ribeiro SMR, Franceschini SCC, Almeida LP. Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Rev Nutr. 2002; 15(3):273-82. doi: 10.1590/S1415-5273200200 2000300003.
  • 15. Nicklas TA, Morales M, Linares A, Yang S, Baranowski T, De Moor C, et al. Children's meal patterns have changed over a 21-year period: the Bogalusa heart study. J Am Diet Assoc. 2004; 104(5):753-61.
  • 16. Song W, Chun O, Obayashi S, Cho S. Chung, C. Is consumption of breakfast associated with body mass index in US adults? J Am Diet Assoc. 2005; 105(9):1373-82.
  • 17. Sturion GL, Silva MV, Ometto AMH, Furtuoso MCO, Pipitone MAP. Fatores condicionantes da adesão dos alunos ao Programa de Alimentação Escolar no Brasil. Rev Nutr. 2005; 18(2):167-81. doi: 10.15 90/S1415-52732005000200001.
  • 18. Unusan N, Sanlier N, Danisik H.Comparison of attitudes towards breakfast by Turkish fourth graders living in Turkey and Germany. Appetite. 2006; 46(3):248-53.
  • 19. Wilson NC, Parnell WR, Wohlers M, Shirley PM. Eating breakfast and its impact on children's daily diet. Nutr Diet. 2006; 63(1):15-9.
  • 20. Alves HJ, Boog MCF. Comportamento alimentar em moradia estudantil: um espaço para promoção da saúde.Rev Saúde Pública. 2007; 41(2):197-204.
  • 21. Lambert JL, Batalha MO, Sproesser RL, Silva AL, Lucchese T. As principais evoluções dos compor-tamentos alimentares: o caso da França. Rev Nutr. 2005;18(5):577-91. doi: 10.1590/S1415-5273200 5000500001.
  • 22. Carson TA, Siega-Riz AM, Popkin BM. The importance of breakfast meal type to daily nutrient intake: Differences by age and ethnicity. Cereal Foods World. 1999; 44(6):414-22.
  • 23. Affenito SG, Thompson DR, Barton BA, Franko DL, Daniels SR, Obarzanek E, et al. Breakfast consumption by African-American and white adolescent girls correlates positively with calcium and fiber intake and negatively with body mass index. J Am Diet Assoc. 2005; 105(6):938-45.
  • 24. Keski-Rahkonen A, Kaprio J, Rissanen A, Virkkunen M, Rose RJ. Breakfast skipping and health-compromising behaviors in adolescents and adults. Eur J Clin Nutr. 2003; 57(7):842-53.
  • 25. Alexander KE, Ventura EE, Spruijt-Metz D, Weigensberg MJ, Goran MI, Davis JN. Association of breakfast skipping with visceral fat and insulin indices in overweight Latino youth. Obesity. 2009; 17(8):1528-33.
  • 26. Nicklas TA, Myers L, Reger C, Beech B, Berenson GS. Impact of breakfast consumption on nutritional adequacy of the diets of young adults in Bogalusa, Luisiana: Ethic and gender contrasts. J Am Diet Assoc.1998; 98(12):1432-8.
  • 27. Berkey CS, Rockett HRH, Gillman MW, Field AE, Colditz GA. Longitudinal study of skipping breakfast and weight change in adolescents. Int J Obes. 2003; 27(10):1258-66.
  • 28. Sungsoo C, Dietrich M, Brown CJP, Clarck CA, Block G. The effect of breakfast type on total daily energy intake and body mass index: results from the Third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III). J Am Diet Assoc. 2003; 22(4):296-302.
  • 29. Niemeier H, Raynor h, Lloyd-Richardson e, Rogers m, Wing r. Fast food consumption and breakfast skipping: predictors of weight gain from adolescence to adulthood in a nationally representative sample. J Adolesc Health. 2006; 39(6):842-9.
  • 30. Benton D,Jarvis M. The role of breakfast and a mid-morning snack on the ability of children to concentrate at school. Physiol Behav. 2007; 90(2-3): 382-5.
  • 31. Utter J, Scragg R, Mhurchu C, Schaaf D. At-home breakfast consumption among New Zealand children: Associations with body mass index and related nutrition behaviors. J Am Diet Assoc. 2007; 107(4):570-6.
  • 32. Moore gf, Tapper K, Murphy S, Lynch R, raisanen l, pimm c, et al Associations between deprivation, attitudes towards eating breakfast and breakfast eating behaviours in 9-to-11-year-olds. Public Health Nutr. 2007; 10(6):582-9.
  • 33. Gauche H, Calvo MCM, Assis MAA. Ritmos circa-dianos de consumo alimentar nos lanches e re-feições de adultos: aplicação do semanário alimen-tar. Nutr. 2006; 19(2):177-85. doi: 10.1590/S14 15-52732006000200005.
  • 34. Santos JS, Costa COM, Sobrinho CLN, Silva MCM, Souza KEP, Melo BO. Perfil antropométrico e con-sumo alimentar de adolescentes de Teixeira de Freitas - Bahia. Rev Nutr. 2005; 18(5):623-32. doi: 10.15 90/S1415-52732006000500005.
  • 35. Mattos LL, Martins IS. Consumo de fibras alimen-tares em população adulta. Rev Saude Pública. 2000; 34(1):50-5.
  • 36. Song W, Chun O, Kerver J, Cho S, Chung C, Chung S. Ready-to-eat breakfast cereal consumption enhances milk and calcium intake in the US population. J Am Diet Assoc. 2006; 106(11):1783-9.
  • 37. Poulain JP. The contemporary diet in France: "de-structuration" or from commensalism to "vagabond feeding". Appetite. 2002; 39:43-55.
  • 38. Michaud C, Baudier F, Guilbert P, Carel D, Le Bihan G, Gautier A, et al. Les repas des français: résultats du baromètre santé nutrition 2002. Cah Nutr Diet. 2004; 39(3):203-9.
  • 39. Arnáiz MG. Somos lo que comemos. Barcelona: Ariel; 2002.
  • 40. Trancoso SC. Desenvolvimento de instrumento para avaliação da qualidade nutricional e sensorial de bufês de café da manhã em hotéis de negócios [dissertação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2008.
  • 41. Kennedy E, Davis C. US Department of Agriculture School Breakfast Program. Am J Clin Nutr.1998; 67(Suppl):798S-803S.
  • 42. Lopez ER, Haro MI, Valencia ME, Ponce JA, Artalejo E. Impacto de un programa de desayunos escolares en la prevalecía de obesidad y factores de riesgo cardiovascular en niños sonorenses. Salud Publica Mex. 2005; 47(2):126-33.
  • 43. Muniz VM, Carvalho AT. o programa de alimen-tação escolar em município do estado da Paraíba: um estudo sob o olhar dos beneficiários do pro-grama. Rev Nutr. 2007; 20(3):285-96. doi: 10.1590/S1415-52732007000300007.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Maio 2011
  • Data do Fascículo
    Out 2010

Histórico

  • Recebido
    11 Jun 2008
  • Aceito
    31 Maio 2010
  • Revisado
    04 Maio 2010
Pontifícia Universidade Católica de Campinas Núcleo de Editoração SBI - Campus II , Av. John Boyd Dunlop, s/n. - Prédio de Odontologia, 13059-900 Campinas - SP Brasil, Tel./Fax: +55 19 3343-6875 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: sbi.submissionrn@puc-campinas.edu.br