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Força muscular e densidade mineral óssea em idosos eutróficos e desnutridos

Muscle strength and bone mineral density in well-nourished and malnourished elderly

Resumos

OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo avaliar a associação do estado nutricional com a força muscular de preensão manual e a densidade mineral óssea em idosos do sexo masculino. MÉTODOS: Participaram do estudo 41 idosos do sexo masculino, sendo 20 eutróficos (peso: M=69,6, DP=8,4; índice de massa corporal: M=25,7, DP=2,2) e 21 desnutridos (peso: M=50,9, DP=6,1; índice de massa corporal: M=18,7, DP=1,8), classificados subjetivamente segundo a Mini Avaliação Nutricional. A avaliação antropométrica incluiu peso corporal, altura, circunferência do braço e da panturrilha. A composição corporal foi avaliada pelo método de absorciometria por dupla emissão de Raios X, e a ocorrência de osteoporose foi definida de acordo com os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde. A força muscular foi avaliada pelo dinamômetro de mão. RESULTADOS: O grupo desnutrido apresentou valores expressivamente menores dos parâmetros antropométricos e de com-posição corporal em relação ao grupo eutrófico (p<0,005). Além disso, a ocorrência de osteoporose foi signifi-cativamente maior (p<0,01) no grupo desnutrido em todas as regiões estudadas: colo do fêmur, quadril total e coluna. A força muscular de preensão manual dos idosos desnutridos foi significativamente menor que a dos idosos eutróficos (M=23,1, DP=6,8 e M=30,3, DP=8,4, respectivamente; p<0,005). CONCLUSÃO: A desnutrição está associada à menor força muscular e à diminuição da densidade mineral óssea em idosos do sexo masculino.

Composição corporal; Desnutrição; Envelhecimento; Força muscular; Idoso; Peso corporal


OBJECTIVE: The present study investigated the possible association of nutritional status with handgrip strength and bone mineral density in elderly men. METHOODS: The study included 41 elderly males of which 20 were well-nourished (weight: M=69.6, SD=8.4kg; BMI: M=25.7, SD=2.2) and 21 were malnourished (weight: M=50.9, SD=6.1kg; BMI: M=18.7, SD=1.8). They were subjectivity classified by the Mini Nutritional Assessment. Anthropometric measurements included weight, height and arm and calf circumferences. Body composition was determined by dual energy x-ray absorptiometry and presence of osteoporosis was determined according to the World Health Organization's criteria. Muscle strength was assessed by a handheld dynamometer. RESULTS: The malnourished group presented significantly lower anthropometric and body composition measurements than the well-nourished group (p<0.005). Furthermore, the occurrence of osteoporosis was significantly higher (p<0.01) among malnourished individuals in all studied body areas: femoral neck, total hip and spine. The handgrip strength of malnourished individuals was significantly lower than that of well-nourished individuals (M=23.1, SD=6.8 and M=30.3, SD=8.4, respectively; p<0.005). CONCLUSION: Malnutrition is associated with lower muscle strength and low bone mineral density in elderly men.

Body composition; Malnutrition; Aging; Muscle strength.; Aged. Body weight.


ORIGINAL ORIGINAL

Força muscular e densidade mineral óssea em idosos eutróficos e desnutridos

Muscle strength and bone mineral density in well-nourished and malnourished elderly

Karla Helena Coelho VilaçaI,II; Eduardo FerriolliII; Nereida Kilza da Costa LimaII; Francisco José Albuquerque de PaulaII; Julio Sérgio MarchiniII; Julio Cesar MorigutiII

IUniversidade Católica de Brasília, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia. Brasilia, DF, Brasil.

IIUniversidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Departamento de Clínica Médica. Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre, 14049-900, Ribeirão Preto, SP, Brasil, Correspondência para/Correspondence to: K.H.C. Vilaça. E-mail: <karlav@ucb.br>.

RESUMO

OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo avaliar a associação do estado nutricional com a força muscular de preensão manual e a densidade mineral óssea em idosos do sexo masculino.

MÉTODOS: Participaram do estudo 41 idosos do sexo masculino, sendo 20 eutróficos (peso: M=69,6, DP=8,4; índice de massa corporal: M=25,7, DP=2,2) e 21 desnutridos (peso: M=50,9, DP=6,1; índice de massa corporal: M=18,7, DP=1,8), classificados subjetivamente segundo a Mini Avaliação Nutricional. A avaliação antropométrica incluiu peso corporal, altura, circunferência do braço e da panturrilha. A composição corporal foi avaliada pelo método de absorciometria por dupla emissão de Raios X, e a ocorrência de osteoporose foi definida de acordo com os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde. A força muscular foi avaliada pelo dinamômetro de mão.

RESULTADOS: O grupo desnutrido apresentou valores expressivamente menores dos parâmetros antropométricos e de com-posição corporal em relação ao grupo eutrófico (p<0,005). Além disso, a ocorrência de osteoporose foi signifi-cativamente maior (p<0,01) no grupo desnutrido em todas as regiões estudadas: colo do fêmur, quadril total e coluna. A força muscular de preensão manual dos idosos desnutridos foi significativamente menor que a dos idosos eutróficos (M=23,1, DP=6,8 e M=30,3, DP=8,4, respectivamente; p<0,005).

CONCLUSÃO: A desnutrição está associada à menor força muscular e à diminuição da densidade mineral óssea em idosos do sexo masculino.

Termos de indexação: Composição corporal. Desnutrição. Envelhecimento. Força muscular. Idoso. Peso corporal.

ABSTRACT

OBJECTIVE: The present study investigated the possible association of nutritional status with handgrip strength and bone mineral density in elderly men.

METHOODS: The study included 41 elderly males of which 20 were well-nourished (weight: M=69.6, SD=8.4kg; BMI: M=25.7, SD=2.2) and 21 were malnourished (weight: M=50.9, SD=6.1kg; BMI: M=18.7, SD=1.8). They were subjectivity classified by the Mini Nutritional Assessment. Anthropometric measurements included weight, height and arm and calf circumferences. Body composition was determined by dual energy x-ray absorptiometry and presence of osteoporosis was determined according to the World Health Organization's criteria. Muscle strength was assessed by a handheld dynamometer.

RESULTS: The malnourished group presented significantly lower anthropometric and body composition measurements than the well-nourished group (p<0.005). Furthermore, the occurrence of osteoporosis was significantly higher (p<0.01) among malnourished individuals in all studied body areas: femoral neck, total hip and spine. The handgrip strength of malnourished individuals was significantly lower than that of well-nourished individuals (M=23.1, SD=6.8 and M=30.3, SD=8.4, respectively; p<0.005).

CONCLUSION: Malnutrition is associated with lower muscle strength and low bone mineral density in elderly men.

Indexing terms: Body composition. Malnutrition. Aging. Muscle strength. Aged. Body weight.

INTRODUÇÃO

A desnutrição é um problema grave para o idoso, podendo ser decorrente de fatores so-cioeconômicos, culturais, fisiológicos, patológicos e cognitivos, capazes de levar ao aparecimento de diversas doenças e de associar-se à precária condição de saúde, à diminuição na recuperação de ferida, ao aumento da morbidade e à fragi-lidade1,2.

A diminuição do Índice de Massa Corporal (IMC) nessa população tem sido apontada como fator mais fortemente associado à mortalidade do que o excesso de peso3. Além disso, esses indi-víduos apresentam risco maior de sofrer quedas e fraturas relacionadas à osteoporose4.

A prevalência de desnutrição entre idosos nas regiões brasileiras varia de 10% a 19%, e es-ses valores são considerados marcadores de situação de pobreza em adultos pela Organização Mundial de Saúde5. Embora diversos métodos sejam empregados para avaliação do estado nutricional da população idosa, ainda é escasso o emprego de medidas da capacidade funcional como indicador do estado nutricional. Alguns es-tudos têm utilizado a dinamometria como um indicador funcional para avaliação da força mus-cular, comparado a métodos de avaliação antro-pométrica6.

A avaliação da capacidade funcional em idosos é importante, pois pode determinar riscos de dependência futura, quedas, morbidade e mor-talidade, e são úteis para direcionar estratégias terapêuticas nessa população, tendo em vista que tais informações complementam o resultado da avaliação nutricional7,8.

No envelhecimento, observam-se mudan-ças na composição corporal, relacionadas à dimi-nuição da Massa Magra (MM) e ao aumento da gordura corporal, conhecida como Massa Gorda (MG). Alguns estudos têm procurado avaliar a influência dessas alterações sobre a diminuição da Massa Óssea (MO)9,10.

Apesar dos grandes prejuízos que a des-nutrição ocasiona, ainda são poucos os estudos que abordam a função física e a massa óssea em idosos desnutridos. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a associação do estado nutricional com a força muscular de preensão ma-nual e a densidade mineral óssea em idosos do sexo masculino.

MÉTODOS

Participaram do estudo 41 idosos do sexo masculino, com idade entre 62 e 87 anos, advin-dos do ambulatório de geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRPUSP) e do seu Centro de Saúde—Escola.

A amostra foi dividida em dois grupos, sendo o primeiro constituído de 20 idosos eutró-ficos (peso: Média - M=69,6, Desvio-Padrão - DP=8,4; IMC: M=25,7, DP=2,2), e o segundo, de 21 idosos desnutridos (peso: M=50,9, DP=6,1; IMC: M=18,7, DP=1,8). A seleção dos grupos foi baseada nas informações da anamnese, exame físico e estado nutricional, classificado segundo a Mini Avaliação Nutricional (MAN)11. Foram consi-derados eutróficos os idosos que obtiveram pon-tuação igual ou superior a 23,5 pontos, e des-nutridos aqueles que obtiveram pontuação igual ou inferior a 23,0 pontos.

Foram excluídos do estudo os idosos com demencia, gravemente debilitados, acamados, obesos, alcoólatras, nefropatas, hepatopatas, diabéticos, e aqueles que utilizassem próteses ortopédicas na ocasião da avaliação. Também foram excluídos os usuários de medicamentos que interferissem no metabolismo ósseo, como corti-costeroide, esteroides gonadais, anticonvulsi-vantes e diuréticos.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo HCRP n° 10.299/03). Os participantes receberam informa-ções detalhadas a respeito dos objetivos e proce-dimentos do trabalho, bem como assinaram o termo de consentimento livre esclarecido.

Antropometria

O peso corporal foi medido em balança eletrônica (Filizola ID 1500, São Paulo, SP, Brasil), com capacidade de 150kg e precisão de 0,1kg, com o indivíduo descalço e com roupas leves. A altura foi mensurada em barra metálica, graduada com precisão de 0,5cm, e o IMC calculado a partir de tais dados.

A Circunferência do Braço (CB) e a Circun-ferência da Panturrilha (CP) foram mensuradas no lado direito do corpo, utilizando-se fita celu-loide inextensível. A CB foi medida no ponto defi-nido pela distância média entre a ponta do acrô-mio e a ponta do olecrano, e a CP no ponto defi-nido como o de maior circunferência à inspeção.

Composição corporal

A composição corporal foi avaliada pelo método absorciometria por dupla emissão de Raios X (DXA), usando-se o modelo com análise de corpo total (Hologic, QDR 4500W, Waltham, MA, USA). A MM foi definida pela somatória do Conteúdo Mineral Ósseo (CMO, g) com as partes moles sem gordura, e a Densidade Mineral Óssea (DMO, g/cm²) foi determinada no corpo inteiro. O coeficiente de variação do DXA encontrado nesse estudo foi, para o grupo eutrófico: 0,49% para o peso corporal; 1,48% para a massa óssea; 1,99% para a massa magra; 4,71% para a massa gorda. Já no grupo desnutrido, foi encontrado: 0,34% para o peso corporal; 1,44% para a massa óssea; 1,79% para a massa magra; 7,98% para a massa gorda. A ocorrência de osteoporose na região da coluna lombar (L1-L4), no colo do fêmur e no quadril total foi estimada de acordo com os critérios estabelecidos pela World Health Organization (WHO)12.

A força muscular foi avaliada pelo teste de força de preensão manual, com a utilização do dinamômetro portátil Sammons Preston Smedley - Type Hand Dynamometer (JAMAR, Bolingbrook IL, 60440), com escala de graduação de 0-100kgf. Durante o teste, o voluntário foi orientado a pressionar o aparelho até o alcance de sua força máxima. Foram realizadas três medi-ções em cada membro, com intervalo mínimo de um minuto, alternando-se o lado dominante e o não-dominante, e anotando-se o maior valor.

Os dados estão descritos como média e desvio-padrão. Foi utilizado o teste - t de Student para comparação das medidas antropométricas, de composição corporal, força muscular e pon-tuação da MAN, entre o grupo eutrófico e o des-nutrido.

Para verificar a associação entre a preva-lência de osteopenia e osteoporose e o estado nutricional, foi proposto o teste Exato de Fisher. Para verificar a relação entre força muscular de preensão manual e estado nutricional, foi utilizada a regressão linear simples; tal modelo de análise tem como pressuposto que seus resíduos tenham distribuição normal, com média zero e variância constante. O nível de significância adotado foi de p<0,0513.

RESULTADOS

As características antropométricas e de composição corporal são apresentados e sepa-rada pelos grupos e nota-se, que a idade e a altura não foram diferentes entre eles. No entanto, o peso corporal, a circunferência do braço, a da pan-turrilha e o IMC foram significativamente menores no grupo de idosos desnutridos, da mesma forma que as variáveis MM e MG, avaliadas pelo método DXA, e a força muscular de preensão manual (Ta-bela 1).

Os dados expostos na Tabela 2 mostram que entre os idosos desnutridos a presença de osteoporose foi significativamente maior (p<0,01) em relação ao grupo de idosos eutróficos, em todas as regiões estudadas: colo do fêmur, 85% vs 15%; quadril total, 80% vs 20%; e coluna, 92% vs 8% (grupo de idosos desnutridos e eutró-ficos, respectivamente).

A Figura 1 ilustra a dispersão dos dados entre o grupo de idosos desnutridos e eutróficos e a força muscular de preensão manual. O mo-delo estimado pela regressão linear simples - [FPM=1,88 + (1,11 x IMC); p<0,01; r2=0,27]; demonstra que, a cada diminuição do IMC, há diminuição concomitante da força muscular de preensão manual de 1,11kgf.


DISCUSSÃO

No presente estudo foi avaliada uma ca-racterística importante em idosos desnutridos, que é a presença de osteoporose e o prejuízo da força muscular de preensão manual. Os dados mos-traram claramente que os idosos desnutridos apresentaram maior prevalência de osteoporose e menor força muscular do que os idosos eutró-ficos.

De acordo com alguns autores, a desnu-trição pode ser considerada uma síndrome ge-riátrica, devido a sua relação com transtornos mentais (depressão e comprometimento cogni-tivo), doenças somáticas, além de ser uma das maiores causas de declínio funcional e aumento da morbidade e mortalidade nessa população14. Baseado nessas informações, os achados do pre-sente trabalho demonstram a importância de se avaliarem aspectos multidimensionais no idoso, especialmente os desnutridos, complementando os dados comumente avaliados sobre o estado nutricional, como os exames bioquímicos, antro-pométricos e de composição corporal15.

O grupo de idosos desnutridos apresentou menor densidade mineral óssea em comparação com os idosos eutróficos (p<0,01). Além disso, houve associação significativa entre a prevalência de osteopenia e osteoporose e o estado nutri-cional comprometido, sendo que grande parte dos idosos desnutridos apresentaram T-score abaixo de -2,5 desvio-padrão. Esses dados são consis-tentes com o diagnóstico de osteoporose segundo os critérios adotados pela World Health Organization12 e enfatizam o alto risco de fraturas nessa população. Estudos anteriores observaram também associação entre peso corporal e DMO, tanto na coluna como no colo do fêmur16,17. Além disso, outro importante estudo também identi-ficou associação entre idosos com baixo peso corporal e osteoporose nas regiões do colo do fêmur e quadril total, com T-score de -3 e -2,7, respectivamente18, demonstrando a influência do peso corporal na massa óssea.

Existem evidências de que há prejuízos na função muscular e diminuição da força, na presen-ça da desnutrição19. Newman et al.20 demons-traram, de modo similar ao presente estudo, que a desnutrição está associada à diminuição da massa magra e que tal variável está intimamente relacionada à força, podendo interferir na função do idoso.

De acordo com alguns estudos, o prejuízo na força muscular dos pacientes desnutridos surge antes das alterações laboratoriais e antropo-métricas21,22. Por essa razão, a avaliação funcional do idoso desnutrido é de suma importância para acompanhar seu estado nutricional e as interven-ções terapêuticas19.

Neste trabalho, os valores da força mus-cular de preensão manual dos idosos eutróficos foram condizentes com os valores de referência encontrados em estudo brasileiro23, ao passo que a força muscular dos idosos desnutridos foi signi-ficativamente menor. Esses achados concordam com estudos que avaliaram a capacidade fun-cional e a força muscular de pacientes desnu-tridos e observaram também pior desempenho associado à desnutrição24,25.

A dinamometria é um método seguro, rápido, prático, barato e não invasivo de avaliação de força isométrica dos membros superiores. Se-gundo Frederiksen et al.26, é aplicado também como preditor de incapacidade, morbidade e mor-talidade nos idosos. A força de preensão manual é como um teste funcional indicador de depleção proteica27 e, nesse sentido, tem sido utilizada co-mo indicador funcional de desnutrição nesses indivíduos.

Os dados da análise de regressão linear apontaram que, a cada diminuição do IMC, há diminuição da força muscular de preensão ma-nual, e esses dados auxiliam na confirmação da relação entre o peso corporal e a força muscular desenvolvida pelo indivíduo. Com o avançar da idade e com o menor peso corporal, aumentam as chances de desenvolvimento da sarcopenia, processo que tem impacto direto na força e na funcionalidade do idoso28. Estudos anteriores en-contraram correlação positiva entre a força mus-cular e o IMC em idosos27.

A literatura aponta o comprometimento do estado nutricional e a perda de peso como responsáveis pela alteração na função do músculo esquelético e, consequentemente, pela perda de força muscular. Por isso, recentemente, alguns estudos têm comparado parâmetros antropo-métricos e funcionais, reforçando a validade des-ses indicadores como instrumentos de avaliação nutricional29,30.

Diante dos resultados encontrados nesta pesquisa e da grande relevância clínica do tema, é importante que futuros estudos sejam condu-zidos com maior número de voluntários, utilizando diferentes métodos de avaliação nutricional e outras maneiras de avaliar a capacidade funcional nessa população.

Sugere-se que intervenções públicas de saúde sejam implementadas para acompanhar precocemente a evolução do estado nutricional e funcional de idosos, em especial a perda de força muscular e do compartimento ósseo, a fim de prevenir complicações advindas da desnutrição nessa população.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo indicam que a desnutrição está associada à menor força muscular de preensão manual e à osteoporose no idoso.

Nesse sentido, é importante que seja in-cluída a avaliação da força muscular de preensão manual nas avaliações nutricionais, por ser um indicador funcional que complementa a avaliação do estado nutricional de idosos.

AGRADECENTO

Pelo apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

COLABORADORES

K.H.C. Vilaça, E. Ferriolli, J.S. Marchini e J.C. Moriguti contribuíram na concepção do projeto, análise dos dados e revisão do artigo. N.K.C. Lima e F.J.A. Paula contribuíram na análise dos dados e revisão do artigo.

(Recebido em: 20/5/2010)

(Versão final reapresentada em: 31/8/2011)

(Aprovado em: 20/9/2011)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2011

Histórico

  • Revisado
    03 Ago 2011
  • Recebido
    20 Maio 2010
  • Aceito
    20 Set 2011
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