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Estado nutricional de crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda tratados em um Centro de Referência da Região Nordeste do Brasil

Nutritional status of children and adolescents survivors of acute lymphocytic leukemia treated at a reference center in Northeastern Brazil

Resumos

OBJETIVO: Avaliar o estado nutricional e os fatores clínicos, laboratoriais e comportamentais associados ao excesso de peso em crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda, tratados em um centro de referência da Região Nordeste do Brasil. MÉTODOS: Estudo de série de casos com 30 sobreviventes de leucemia linfoide aguda. Entre os meses de março e setembro de 2011, foram coletados dados clínicos, comportamentais e laboratoriais. O diagnóstico antropométrico foi realizado em três ocasiões distintas: no momento do diagnóstico, no término do tratamento, e no período pós-tratamento, a partir dos índices altura/idade e índice de massa corporal/idade, segundo a Organização Mundial de Saúde. RESULTADOS: A amostra tinha idade média de 10,2 anos (DP=3,2). Observou-se que 33,3% dos sobreviventes tinham excesso de peso no início e no término do tratamento. No período pós-tratamento, encontrou-se aumento significante do escore-Z de índice de massa corporal/idade, e uma frequência de 43,3% de excesso de peso, além de 16,6% e 35,5% de obesidade abdominal por meio da circunferência da cintura e razão cintura/estatura respectivamente. O crescimento linear foi significativamente diminuído quando comparado os escores-Z de altura/idade no início e no término do tratamento. Na análise dos dados laboratoriais, obtiveram-se 52,1% com colesterol total acima do recomendado. Entretanto, 58,3%, 66,7% e 79,2% evidenciaram, respectivamente, Lipoproteína de Alta Densidade e Lipoproteína de Baixa Densidade-colesterol e triglicerídeo na faixa considerada desejável. CONCLUSÃO: Os sobreviventes de leucemia linfoide aguda analisados apresentaram maior risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis uma vez que apresentam frequência importante de excesso de peso, obesidade abdominal e colesterol total elevado.

Adolescente; Criança; Leucemia linfoide; Obesidade; Sobrepeso; Sobreviventes


OBJECTIVE: This study evaluated the nutritional status and clinical, laboratory, and behavioral factors associated with overweight among children and adolescents survivors of acute lymphocytic leukemia treated at a reference center in Northeastern Brazil. METHODS: A case-series study was carried out with 30 survivors of acute lymphocytic leukemia. Clinical, behavioral and laboratory data were collected between March and September 2011. The anthropometric variables height-for-age and body mass index-for-age were determined on three different occasions (time of diagnosis, end of treatment, and post-treatment period), using the reference standards of the World Health Organization. RESULTS: The mean age and standard deviation of the sample was 10.2±3.2 years. A total of 33.3% of the survivors were overweight at the beginning and end of treatment. In the post-treatment period, a significant increase was found in the body mass index-for-age Z-score. The frequency of excess weight was 43.3%. The frequency of abdominal obesity was 16.6% and 35.5% based on the waist circumference and waist-to-height ratio, respectively. The comparison of body mass index-for-age Z-scores before and after treatment revealed significantly stunted linear growth. The laboratory tests showed that total cholesterol was 52.1% above the upper limit. However, 58.3%, 66.7%, and 79.2% of the sample had high-density lipoprotein and low-density lipoprotein cholesterol, and triglyceride levels, respectively, within the recommended ranges. CONCLUSION: Based on the frequency of excess weight, abdominal obesity, and high total cholesterol, the study survivors of acute lymphocytic leukemia were at greater risk of developing chronic, non-communicable diseases.

Adolescent; Child; Lymphocytic leukemia; Obesity; Overweight; Survivor


ORIGINAL

Estado nutricional de crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda tratados em um Centro de Referência da Região Nordeste do Brasil

Nutritional status of children and adolescents survivors of acute lymphocytic leukemia treated at a reference center in Northeastern Brazil

Bianca Araújo de OliveiraI; Mecneide Mendes LinsII; Francisco PedrosaII; Poliana Coelho CabralIII; Janine Maciel BarbosaIV

IInstituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Programa de Residência em Nutrição Clínica. Recife, PE, Brasil

IIInstituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Unidade de Oncologia Pediátrica. Recife, PE, Brasil

IIIUniversidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Recife, PE, Brasil

IVInstituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Departamento de Nutrição. R. dos Coelhos, 300, Boa Vista, 50070-550, Recife, PE, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: JM Barbosa. E-mail: < janinebarbosa@gmail.com>

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar o estado nutricional e os fatores clínicos, laboratoriais e comportamentais associados ao excesso de peso em crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda, tratados em um centro de referência da Região Nordeste do Brasil.

MÉTODOS: Estudo de série de casos com 30 sobreviventes de leucemia linfoide aguda. Entre os meses de março e setembro de 2011, foram coletados dados clínicos, comportamentais e laboratoriais. O diagnóstico antropométrico foi realizado em três ocasiões distintas: no momento do diagnóstico, no término do tratamento, e no período pós-tratamento, a partir dos índices altura/idade e índice de massa corporal/idade, segundo a Organização Mundial de Saúde.

RESULTADOS: A amostra tinha idade média de 10,2 anos (DP=3,2). Observou-se que 33,3% dos sobreviventes tinham excesso de peso no início e no término do tratamento. No período pós-tratamento, encontrou-se aumento significante do escore-Z de índice de massa corporal/idade, e uma frequência de 43,3% de excesso de peso, além de 16,6% e 35,5% de obesidade abdominal por meio da circunferência da cintura e razão cintura/estatura respectivamente. O crescimento linear foi significativamente diminuído quando comparado os escores-Z de altura/idade no início e no término do tratamento. Na análise dos dados laboratoriais, obtiveram-se 52,1% com colesterol total acima do recomendado. Entretanto, 58,3%, 66,7% e 79,2% evidenciaram, respectivamente, Lipoproteína de Alta Densidade e Lipoproteína de Baixa Densidade-colesterol e triglicerídeo na faixa considerada desejável.

CONCLUSÃO: Os sobreviventes de leucemia linfoide aguda analisados apresentaram maior risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis uma vez que apresentam frequência importante de excesso de peso, obesidade abdominal e colesterol total elevado.

Termos de indexação: Adolescente; Criança; Leucemia linfoide; Obesidade; Sobrepeso; Sobreviventes.

ABSTRACT

OBJECTIVE: This study evaluated the nutritional status and clinical, laboratory, and behavioral factors associated with overweight among children and adolescents survivors of acute lymphocytic leukemia treated at a reference center in Northeastern Brazil.

METHODS: A case-series study was carried out with 30 survivors of acute lymphocytic leukemia. Clinical, behavioral and laboratory data were collected between March and September 2011. The anthropometric variables height-for-age and body mass index-for-age were determined on three different occasions (time of diagnosis, end of treatment, and post-treatment period), using the reference standards of the World Health Organization.

RESULTS: The mean age and standard deviation of the sample was 10.2±3.2 years. A total of 33.3% of the survivors were overweight at the beginning and end of treatment. In the post-treatment period, a significant increase was found in the body mass index-for-age Z-score. The frequency of excess weight was 43.3%. The frequency of abdominal obesity was 16.6% and 35.5% based on the waist circumference and waist-to-height ratio, respectively. The comparison of body mass index-for-age Z-scores before and after treatment revealed significantly stunted linear growth. The laboratory tests showed that total cholesterol was 52.1% above the upper limit. However, 58.3%, 66.7%, and 79.2% of the sample had high-density lipoprotein and low-density lipoprotein cholesterol, and triglyceride levels, respectively, within the recommended ranges.

CONCLUSION: Based on the frequency of excess weight, abdominal obesity, and high total cholesterol, the study survivors of acute lymphocytic leukemia were at greater risk of developing chronic, non-communicable diseases.

Indexing terms: Adolescent. Child. Lymphocytic leukemia. Obesity. Overweight. Survivor.

INTRODUÇÃO

A taxa de incidência do câncer infantil tem aumentado em torno de 0,6% ao ano. Contudo, a mortalidade nesses pacientes sofreu uma queda considerável e a sobrevida em 5 anos aumentou atualmente para 80,0%1. Essa melhora na sobrevida resultou em um aumento crescente na população de sobreviventes de câncer infantil. Estimou-se apenas nos Estado Unidos um aumento de sobreviventes de câncer de 3 milhões em 1971 para quase 12 milhões em 2007. Desses, estima-se que 328.652 são sobreviventes de câncer na infância2.

Essa população pode apresentar complicações em longo prazo relacionadas não apenas ao tratamento específico como a certas características individuais do hospedeiro3. Os danos causados em longo prazo variam desde deficiência de crescimento e desenvolvimento a até mesmo disfunção cognitiva, comprometimento cardiopulmonar, disfunção endócrina, insuficiência renal, disfunção gastrointestinal, sequelas musculoesqueléticas, além de maior risco de desenvolvimento de neoplasias secundárias3,4. Nas alterações endócrinas, destacam-se a obesidade e a síndrome metabólica, como também a deficiência do hormônio do crescimento, disfunção da tireoide e disfunção gonadal3,4.

A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o tipo mais comum de câncer infantil, constituindo cerca de um terço de todas as neoplasias malignas da criança5. Constitui uma doença maligna que resulta na produção descontrolada de blastos de origem linfoide e no bloqueio da produção normal de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas6. A taxa de cura encontra-se em torno de 80%. A obesidade tem-se apresentado de maneira crescente nessa população7-10, com importantes implicações em longo prazo devido tanto a sua associação com o aumento da morbidade e da mortalidade, principalmente devido ao aumento do risco cardiovascular, bem como a consequências sociais, psicológicas e econômicas7.

A obesidade entre os sobrevivente de câncer infantil pode ser decorrente de fatores relacionados ao próprio tratamento oncológico, tais como o uso de altas doses de corticoesteroides associado ao uso concomitante ou não de radioterapia craniana, que termina por ocasionar desregulação hormonal8. Estudos apontam que fatores familiares de risco9, além dos associados ao estilo de vida, como escolhas alimentares pouco saudáveis10, aumento de tempo gasto em atividades sedentárias e redução na prática de atividade física11, também poderiam contribuir para a obesidade nos pacientes sobreviventes de câncer infantil.

Dessa forma, os custos econômicos com o câncer infanto-juvenil ultrapassam as cifras destinadas ao tratamento oncológico, apesar de serem uma parcela importante dos valores gastos com a doença. As complicações em longo prazo decorrentes do tratamento oncológico acarretam custos indiretos pela perda da produtividade no adulto jovem, além dos custos diretos aos serviços de saúde ocasionados pelo tratamento dessas comorbidades12,13. Além disso, existe ainda a necessidade de monitorização regular do estado de saúde por meio de programas oferecidos pelas próprias instituições onde os pacientes foram tratados e curados, com intuito de acompanhar a saúde e seus agravos no período pós-tratamento (follow-up)14,15.

A doença oncológica apresenta um impacto importante na saúde pública, e os efeitos em longo prazo na população de sobreviventes de câncer podem traduzir-se num problema ainda maior para os serviços de saúde. Nesse sentido, este estudo objetivou identificar a frequência e os fatores clínicos, laboratoriais e comportamentais associados ao excesso de peso em crianças e adolescentes sobreviventes de LLA, e assim contribuir com a adoção de medidas de prevenção e controle, auxiliando a melhora da qualidade de vida dessa população.

MÉTODOS

Este é um estudo de série de casos realizado na Unidade de Oncologia Pediátrica de um centro de referência da Região Nordeste do Brasil, entre os meses de março e setembro de 2011. Na rotina do serviço, após o término do tratamento, os pacientes mantêm acompanhamento regular até completar cinco anos de cura com objetivo de confirmar a remissão de sua doença, assim como avaliar as toxicidades relacionadas ao tratamento. Esse grupo de pacientes sobreviventes deu origem a esta amostra de estudo, composta por todas as crianças e adolescentes (n=30) sobreviventes de LLA há pelo menos um ano após o término do tratamento oncológico, e que compareceram para reavaliação médica no período de estudo.

Os pacientes integrantes da amostra foram tratados conforme Protocolo LLA-RE-2005, que é dividido de acordo com a classificação de risco da doença (risco baixo, intermediário e alto). Os pacientes de baixo risco e risco intermediário são submetidos a sete fases de tratamento (indução, consolidação, manutenção primária, reindução, manutenção A e B) com duração em média de 120 semanas. Os pacientes de alto risco passam por 8 fases (indução, consolidação, manutenção primária, reindução I, manutenção A, reindução II, manutenção A e B) com o mesmo tempo de duração dos pacientes de risco baixo e intermediário. Os quimioterápicos utilizados durante cada fase específica são: prednisona, vincristina, daunoblastina, asparaginase e metrotexate; para cada fase do tratamento, são utilizadas drogas e dosagens específicas.

Todas as informações necessárias ao estudo foram obtidas por nutricionista treinada para a aplicação de formulário previamente estruturado, com informações clínicas, antropométricas, comportamentais e laboratoriais. Os dados foram coletados em três ocasiões distintas do tratamento: (1) no momento do diagnóstico de LLA; (2) ao término do tratamento antineoplásico; (3) e no período ≥1 ano após o final do tratamento oncológico (pós-tratamento). Os dados clínicos e antropométricos referentes aos dois primeiros períodos (início e término do tratamento) foram obtidos de forma retrospectiva nos prontuários eletrônicos dos pacientes, enquanto as variáveis comportamentais e laboratoriais bem como a avaliação antropométrica referente ao período pós-tratamento (peso, altura, circunferência da cintura) foram obtidas entre março e setembro de 2011, junto aos pacientes ou a partir de informações dadas pelos pais ou responsáveis no momento da entrevista, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Para a avaliação antropométrica, utilizaram-se medidas de peso e estatura (nas três fases de coleta de dados) e cintura (avaliada no pós-tratamento). As crianças e adolescentes que compuseram a amostra tiveram seus pesos aferidos em balança digital (Welmy®, W-300A, São Paulo-SP, Brasil), com precisão de 0,100kg e capacidade de até 200kg; e a altura, por meio do antropômetro acoplado à balança. O diagnóstico nutricional foi realizado a partir dos índices antropométricos Altura/Idade (A/I) e Índice de Massa Corporal/Idade (IMC/I), segundo o sexo, tomando-se como base o padrão de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS)16 e empregando-se o programa WHO AnthroPlus® versão 3.2.2. Os resultados foram expressos em escores-Z, considerando que as crianças abaixo de dois desvios-padrão para o indicador A/I apresentavam deficit estatural e acima de um desvio-padrão para o indicador IMC/I, excesso de peso.

Para avaliação do crescimento linear e da velocidade de ganho pôndero-estatural, empregou-se metodologia descrita por Baruzzi17. O cálculo da Velocidade de Crescimento Linear (VC) foi realizado dividindo-se a diferença entre duas medidas sucessivas de altura (cm) pela diferença entre as idades nas mesmas ocasiões: VC (cm/ano)=∆ altura/∆ idade em anos. Obteve-se ainda a variação do escore-Z dos indicadores antropométricos (A/I e IMC/I) pelo cálculo da diferença entre dois valores de escore-Z sucessivos dividido pela diferença entre as idades em anos, com objetivo de verificar a velocidade de ganho pôndero-estatural entre os períodos de tratamento analisados.

A Circunferência da Cintura (CC) foi medida com auxílio de fita métrica inextensível e não elástica (Mabbis®, Gulick, Curitiba-PR, Brasil), com o paciente em posição ereta, na distância média entre a última costela e a crista ilíaca. Foram adotados os pontos de corte propostos por Freedman et al.18, que identificam obesidade abdominal quando CC ≥percentil 90. A Relação Cintura Estatura (RCEst) foi determinada por meio da divisão da CC (cm) pela estatura (cm). Utilizou-se como ponto de corte para obesidade abdominal valores iguais ou superiores a 0,519.

Dentre as variáveis comportamentais, foram coletadas informações referentes às atividades sedentárias e às horas de sono. Para avaliação das atividades sedentárias, obtiveram-se informações sobre o tempo diário gasto em atividades como assistir à televisão, jogar videogame e utilizar o computador20. As horas de sono diárias foram calculadas pela média ponderal entre o total de horas de sono durante a semana e o total de horas de sono durante o final de semana, informados pelo entrevistado ou responsável.

Coletou-se alíquota de 10mL de sangue periférico após período de 12 horas de jejum para dosagem dos lipídeos séricos (colesterol total, Low Density Lipoprotein - LDL, High Density Lipoprotein - HDL, triglicerídeos) e glicemia de jejum, cujas análises foram efetuadas pela Siemens Healthcare Diagnostics, com o calibrador Dimension®Clinical Chemistry System por meio do Flex Reagent Cartridge®, teste para diagnóstico in vitro para a determinação quantitativa de glicose e lipídeos séricos. Utilizaram-se como ponto de corte indicativo de hiperglicemia valores ≥100mg/dL, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes21. Para análise dos lipídeos séricos, utilizaram-se como ponto de corte os valores recomendados pela "I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência", segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia22 (Colesterol total ≥150mg/dL; LDL-colesterol >100mg/dL; HDL-colesterol <45mg/dL e triglicerídeo ≥100mg/dL).

Os dados foram digitados no programa Excel para Windows®. As análises foram realizadas no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 13.0. As variáveis contínuas foram testadas quanto à normalidade pelo teste de Kolmogorov Smirnov. Para as variáveis com distribuição normal, utilizaram-se o teste t de Student para comparar dois grupos independentes e o teste t de Student pareado para comparar dois grupos dependentes. Para comparação entre as proporções, utilizou-se o teste Qui-quadrado. Adotou-se nível de significância de 5%.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Bioética em pesquisa do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Protocolo nº 2166-11, em fevereiro de 2011, e todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de sua inclusão na amostra.

RESULTADOS

Trinta pacientes integraram a amostra analisada; a maioria eram meninas (54,8%), com idade média no período pós-tratamento de 10,2 anos (Desvio-Padrão - DP=3,2). A idade da confirmação do diagnóstico de neoplasia variou entre 1,5-12,1 anos, com média de 5,9 anos (DP=3,0). Dentre eles, apenas um paciente realizou radioterapia craniana. A média em anos de duração do tratamento antineoplásico e o tempo transcorrido após o término do tratamento foram respectivamente de 2,3 (DP=0,2) e 2,0 (DP=0,7).

Os pacientes apresentaram no início e no término do tratamento antineoplásico 3,3% e 13,3% de baixa estatura, respectivamente; e 33,3% de excesso de peso em ambos os períodos. No período pós-tratamento analisado, obtiveram-se 10,0% de baixa estatura e 43,3% de excesso de peso. No entanto, não se encontraram diferenças estatisticamente significantes nas frequências dos agravos nutricionais entre os períodos avaliados (p>0,05).

A Tabela 1 apresenta a média de escore-Z em relação ao início, término e pós-tratamento. Para o crescimento linear, avaliado pelo indicador A/I, obteve-se diminuição no escore-Z durante o tratamento (comparação entre médias do início e término), seguida de aumento no período pós-tratamento, com diferenças estatisticamente significantes (p=0,003 e p=0,018 respectivamente). Os resultados apontam ainda para um incremento nas médias de escore-Z de IMC/I entre os três períodos analisados, com diferenças estatisticamente significantes entre o término e o pós-tratamento (p=0,007).

A análise da velocidade de ganho pôndero-estatural nos dois períodos indicou que houve incremento significativo do escore-Z apenas para a medida de altura (A/I) (Tabela 2). Em adição, calculou-se ainda a velocidade de crescimento linear, cujo resultado foi uma média de 4,67cm/ano (DP=2,37) durante tratamento antineoplásico, e de 7,08cm/ano (DP=3,75) no período pós-tratamento (p<0,05).

No período pós-tratamento, analisaram-se ainda as medidas de adiposidade central que indicaram frequência de 16,1% de obesidade abdominal por meio da CC e 35,5% pela RCEst. Os exames laboratoriais revelaram que mais da metade da amostra (52,1%) apresentou valores de colesterol total acima do recomendado. No entanto, a maioria apresentava tanto HDL-colesterol como LDL-colesterol e triglicerídeo na faixa considerada desejável (58,3%, 66,7% e 79,2% respectivamente). Em relação à glicemia, todos os pacientes encontravam-se dentro da faixa de normalidade.

A Tabela 3 apresenta as médias das principais variáveis clínicas, antropométricas, laboratoriais e comportamentais avaliadas entre os sobreviventes de câncer, de acordo com a classificação do IMC/I: com excesso de peso e sem excesso de peso. Os resultados apresentados revelam que houve diferenças estatisticamente significantes apenas quando comparados ambos os grupos em relação às médias da CC e RCEst (p<0,001).

DISCUSSÃO

Com o surgimento de novos recursos diagnósticos e terapêuticos, além da padronização dos protocolos para o tratamento das crianças e dos adolescentes com câncer, houve um aumento considerável na taxa de sobrevida desses pacientes1,2. Como consequência, complicações decorrentes do tratamento passaram a ocorrer de maneira mais significativa3,4. Atualmente, a sobrevivência por cinco anos tem sido apenas o início, e não o ponto final do sucesso do tratamento oncológico, uma vez que os efeitos tardios relacionados à doença e ao tratamento causam impacto na saúde e na qualidade de vida dos sobreviventes de câncer na infância3,4,7,8,10-15.

A obesidade constitui uma das complicações mais frequentes associadas ao tratamento oncológico em pacientes sobreviventes de LLA23. No presente estudo, obteve-se frequência importante de excesso de peso entre os três períodos analisados (início, término e pós-tratamento). Entretanto, ressalta-se o incremento na frequência de excesso de peso na ordem de 1,3 vez no período pós-tratamento quando comparada ao término do tratamento (43,3% versus 33,3% respectivamente). Essa frequência é superior às relatadas por outros estudos conduzidos com sobreviventes de LLA, e até mesmo às encontradas na população geral.

Veringa et al.24, em estudo retrospectivo incluindo 68 pacientes sobreviventes de LLA, encontraram 38,8% de excesso de peso, enquanto Chow et al.25, em estudo longitudinal incluindo 165 sobreviventes de LLA, obtiveram 38,2%. A última pesquisa brasileira de base populacional (Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2008/2009)26 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) obteve frequências para excesso de peso de 33,5% entre as crianças (5 a 9 anos) e de 21,5% entre os adolescentes (10 e 19 anos).

Comparando a frequência de excesso de peso entre o início e o término do tratamento, assim como as médias de escore-Z de IMC/I entre esses dois períodos, não se evidenciou aumento significativo quer nas frequências ou nas médias de escore-Z. Contudo, houve um aumento significante da média de escore-Z do indicador IMC/I entre o término e o período pós-tratamento, apesar de um aumento não significante na frequência de excesso de peso no mesmo período.

Resultados diferentes foram obtidos por outros autores23,27. Estudo retrospectivo condu-zido com 120 sobreviventes de LLA, com idade entre 2 e 17 anos, tratados no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (Recife-PE), entre os anos de 1998 e 2002, mostrou aumento superior a três vezes na frequência de sobrepeso/obesidade comparando o início e o término do tratamento (14,2% e 45,8%, respectivamente)23, com diferenças estatisticamente significantes (p<0,001). Enquanto Esbenshade et al.27, em estudo de coorte retrospectivo realizado com 183 pacientes pediátricos com LLA, encontraram que a média de IMC aumentou durante a fase de indução da remissão da doença, com retorno para os valores normais logo após o término dessa fase. Entretanto, houve novamente aumento do IMC nos primeiros 22 meses na fase de manutenção da terapia. Dessa forma, ao término do tratamento, houve um incremento na ordem de 20,0% na frequência de sobrepeso/obesidade.

A obesidade após tratamento de LLA pode ser decorrente de fatores relacionados ao tratamento, tais como a deficiência do hormônio do crescimento, o uso de altas doses de corticoesteroides associado ainda ao uso concomitante ou não de radioterapia craniana8. Em adição, o Childhood Cancer Survivor Study (CCSS) obteve que, além do tratamento antineoplásico, o estilo de vida, fatores individuais e o uso de antidepressivos específicos também poderiam contribuir para a obesidade nos pacientes sobreviventes de câncer infantil11.

No presente estudo, encontrou-se maior frequência de obesidade abdominal por meio da RCEst quando comparada à obtida pela CC, cuja análise utilizou o ponto de corte e referência proposto por Freedman et al.18. Este resultado pode ser explicado, em parte, pelo maior ponto de corte proposto por Freedman et al.18 (percentil 90) quando comparado a outras referências, a saber Taylor et al.28 (percentil 85).

Estudo desenvolvido por Chiara et al.29 obteve que dentre os indicadores de obesidade central, as circunferências de cintura e de abdômen apresentaram os melhores desempenhos, destacando-se a CC como mais apropriada para uso complementar ao IMC na avaliação nutricional de adolescentes. Em adição, Almeida et al.30, com base em estudo sobre sensibilidade e especificidade das tabelas de Freedman et al.18 e Taylor et al.28, sugerem que se considere a referência de Taylor et al.28 para triagem, e a de Freedman et al.18 para uso clínico/ambulatorial, sendo possível o seu emprego em substituição a dosagens de custo mais elevado.

A frequência de baixa estatura encontrada na amostra avaliada indica comprometimento importante do crescimento linear durante tratamento antineoplásico, mas com recuperação dos valores de escore-Z de A/I no período pós-tratamento. Vários fatores têm sido apontados como causadores de alterações no crescimento linear durante tratamento oncológico, entre eles, pode-se citar a própria doença, a nutrição deficiente, a ocorrência de infecções, a quimioterapia e a deficiência do hormônio do crescimento secundária à irradiação craniana31. O somatório de todos esses fatores determina uma desaceleração do crescimento durante tratamento oncológico, seguido ou não de recuperação estatural em longo prazo (catch-up growth)4,11,17.

Estudo realizado com sobreviventes de LLA tratados no Saint Jude Children's Hospital Reasearch (Memphis, EUA), ao analisar os efeitos de três tratamentos antineoplásicos distintos com uso ou não de radioterapia sobre o crescimento linear, obteve retardo de crescimento independente do tipo de tratamento adotado. O estudo encontrou ainda que, um ano após o tratamento, houve crescimento compensatório, porém sem atingir o canal de crescimento inicial17.

As medidas de adiposidade central bem como os níveis séricos de colesterol total obtidos, cujos valores encontravam-se acima do recomendado em percentual importante da amostra, constituem achados relevantes entre sobreviventes de câncer na infância, uma vez que representam fatores de risco para doenças cardiovasculares que podem interferir na qualidade de vida desses pacientes. Talvensaari et al.32, ao estudarem o perfil lipídico de sobreviventes de LLA, encontraram diminuição do HDL-colesterol e aumento do colesterol total como os achados mais consistentes. No mesmo estudo, os autores evidenciaram ainda hiperinsulinemia e aumento do risco de desenvolvimento de síndrome metabólica. Acredita-se que a deficiência de GH secundária à irradiação craniana seja o principal fator responsável por essas alterações, porém no presente estudo apenas um pacientes recebeu esse tipo de tratamento.

Pacientes sobreviventes com excesso de peso apresentaram média de tempo gasto em atividades sedentárias maior quando comparados aos eutróficos, entretanto não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Jarvela et al.33 obtiveram que sobreviventes LLA tratados com protocolos mais modernos não praticavam exercício físico suficiente e apresentavam baixa aptidão física. A redução na prática de atividade física encontrada nessa população pode ocorrer possivelmente devido à presença de dor e de fraturas secundárias a morbidades musculoesqueléticas decorrentes do tratamento oncológico, o que reduz o gasto energético e pode levar ao ganho de peso34.

Algumas limitações metodológicas devem ser consideradas. A primeira reside no reduzido tamanho amostral e no delineamento do estudo, o que não permite estabelecer relação de causalidade entre as variáveis estudadas. Outra potencial limitação do estudo refere-se à não coleta de informações sobre outros possíveis fatores de risco para excesso de peso, tais como obesidade dos pais e hábito alimentar. Dessa forma, é importante que estudos futuros investiguem de forma mais precisa as possíveis relações entre as diversas variáveis clínicas e comportamentais sobre a ocorrência de excesso de peso nesse grupo de pacientes.

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo evidenciam que os sobreviventes de LLA analisados apresentaram frequência importante de excesso de peso, obesidade abdominal e colesterol total elevado, fatores considerados de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. O tempo gasto em atividades sedentárias não se mostrou estatisticamente associado ao excesso de peso. No entanto, esse resultado deve ser avaliado com cautela, devido às limitações metodológicas do presente estudo.

Diante do exposto, pacientes sobreviventes do câncer infantil deveriam ser informados sobre a importância e os benefícios de adotarem um estilo de vida saudável, e deveriam ainda ser encorajados ao consumo de uma alimentação saudável e à prática de atividade física regular. O acompanhamento clínico e nutricional no período pós-tratamento, com o objetivo de detectar e prevenir as comorbidades associadas, principalmente nos primeiros anos de seguimento desses pacientes, reveste-se de grande importância, uma vez que pode proporcionar-lhes melhor qualidade de vida.

COLABORADORES

BA Oliveira foi responsável pela coleta, tabulação e análise dos dados, pela revisão da literatura e redação preliminar do manuscrito. MM Lins e F Pedrosa, foram os orientadores médicos na área de oncologia pediátrica. PC Cabral contribuiu com a análise dos dados e participou da discussão dos resultados preliminares. JM Barbosa orientou a tabulação, análise estatística e a redação da versão final do manuscrito. Todos os autores participaram da revisão da versão final do manuscrito.

Recebido em: 4/5/2012

Versão final em: 21/11/2012

Aprovado em: 8/1/2013

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  • Endereço para correspondência:
    JM Barbosa.
    E-mail: <
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      Jun 2013

    Histórico

    • Recebido
      04 Maio 2012
    • Aceito
      08 Jan 2013
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