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Tempo de aleitamento materno entre indígenas Xakriabá aldeados em Minas Gerais, Sudeste do Brasil

Duration of breastfeeding among the indigenous Xakriabá people living in the Minas Gerais state, Southeast Brazil

Resumos

OBJETIVO:

Estimar a duração mediana do aleitamento materno na Terra Indígena Xakriabá e identificar fatores que se relacionaram ao tempo de amamentação nessa população.

MÉTODOS:

Neste estudo transversal, coletaram-se dados por meio de questionário que abrange características sociodemográficas, saúde e amamentação de 342 binômios mãe/criança, residentes na Terra Indígena Xakriabá, Minas Gerais, em 2007. Dados descritivos foram obtidos de 317 crianças que mamaram por pelo menos um dia, mas, para alcance dos objetivos, analisaram-se somente questionários que foram integralmente respondidos e que se referiam a crianças que mamaram por pelo menos um dia, ou seja, 82,2% (287) do universo das 349 crianças indígenas menores de 3 anos, pelo método de Kaplan Meier e modelo de Regressão de Cox.

RESULTADOS:

A maioria das crianças era do sexo masculino (52,0%), 1º, 2º ou 3º filho (53,6%) e teve o leite materno como primeiro alimento (94,6%). A duração mediana do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno foi de 11,73 meses e 7,27 dias, respectivamente, sendo os meninos e as crianças nascidas na 4ª ordem ou adiante os mais vulneráveis ao desmame.

CONCLUSÃO:

Na Terra Indígena Xakriabá, a duração mediana do aleitamento materno exclusivo foi curta, e metade das crianças deixou de ter os benefícios nutricionais, imunológicos e funcionais do leite materno em idade próxima a 12 meses, quando foram desmamadas. O sexo e a ordem de nascimento se relacionaram a essa duração, mas pesquisas poderiam ser realizadas para maior entendimento dos fatores socioculturais que se relacionaram ao tempo de amamentação nesta Terra Indígena.

Aleitamento materno; Aleitamento materno exclusivo; Índios sul-americanos


OBJECTIVE:

To estimate the median duration of breastfeeding in the Xakriabá Indigenous lands and identify the factors related to breastfeeding duration among these people.

METHODS:

A cross-sectional study was conducted, and data regarding health, breastfeeding, and socio-demographic characteristics of 342 mothers/children living in this Indigenous Land in Minas Gerais in 2007 were collected using a questionnaire. Descriptive data of 317 children who were breastfed for at least one day were obtained, but in order to achieve this study objective, only the questionnaires that were fully completed and referred to children who were breastfed for at least one day were analyzed, i.e., 82.2% (287 children) of the total population of indigenous children under 3 years old (349). Data were analyzed using the Kaplan Meier method and the Cox regression model.

RESULTS:

The majority of children were male (52.0%), 53.6% were the 1st, 2nd, or 3rd born child, and 94.6% were breastfed as the first form of nutrition. The median duration of exclusive breastfeeding and non-exclusive breastfeeding was 11.73 months and 7.27 days, respectively; the boys and the 4th or further children were weaned earlier.

CONCLUSION:

In the Xakriabá Indigenous Land, the median duration of exclusive breastfeeding is short and half of the children were weaned at around 12 months of age, and therefore they could no longer reap the nutritional, immunological and functional benefits provided by breast milk. Gender and birth order were associated with the duration of breastfeeding, but further studies are needed to better understand the sociocultural factors related to the duration of breastfeeding in this Indigenous Land.

Breastfeeding; Exclusive breastfeeding; South American indigenous


INTRODUÇÃO

No Brasil, a alimentação das crianças indí-genas foi um fato curioso aos descobridores por-tugueses, pois na Europa as crianças eram ama-mentadas por "amas de leite"1Almeida JAG. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999.. De fato, desde o nascimento e na fase de colo, as índias ama-mentavam seus filhos a qualquer hora, sem a preocupação da alternância de seio, do qual a criança só largava quando saciada2Ornellas LH. Alimentação através dos tempos. 3ª ed. Florianópolis: UFSC; 2003.. Somente quando era capaz de andar é que a criança recebia a comida dos adultos, mas sem abandonar o peito da mãe3Silva AAM. Amamentação: fardo ou desejo? Estudo histórico-social dos saberes e práticas sobre aleita-mento materno na sociedade brasileira [mestrado]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 1990.. Geralmente, o aleitamento materno se prolongava por mais de dois anos. Entretanto, no caso de doença grave ou morte da mãe, e se a criança fosse filha de inimigo tribal ou de outro parceiro, ela era precocemente desmamada4Rocha JM. Introdução à história da puericultura e pediatria no Brasil. In: Almeida JAG. Amamentação: um híbrido natureza cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999. p.27-30.. Nessa época, não havia relatos de desnutrição infantil pelos viajantes e jesuítas3Silva AAM. Amamentação: fardo ou desejo? Estudo histórico-social dos saberes e práticas sobre aleita-mento materno na sociedade brasileira [mestrado]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 1990., ao contrário dos dados epidemiológicos atuais, que mostram elevadas taxas de morbimortalidade entre as crianças indígenas5Santos RV, Coimbra Jr. CEA. Cenário e tendências da saúde e da epidemiologia dos povos indígenas do Brasil. In: Coimbra Jr. CEA, Santos RV, Escobar AL, organizadores. Epidemiologia e saúde dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003..

Como exemplo, nos anos 2000 e 2009, as taxas de mortalidade infantil indígena foram 2,5 e 1,9 vezes, respectivamente, superiores àque-las de crianças brancas brasileiras6Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância em saúde indígena: síntese dos indicadores 2010. Brasília: Funasa; 2010 [acesso 2012 abr 2].
http://www.paho.org/bra/index.php?option...
, 7Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Obser-vações sobre a evolução da mortalidade no Brasil: o passado, o presente e perspectivas. Rio de Ja-neiro: IBGE; 2010.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
, refletindo a ampla desigualdade social entre os povos indí-genas e não indígenas, evidenciada por precárias condições de saneamento básico, difícil acesso à alimentação adequada e aos serviços de saúde, que imprimem à população indígena, sobretudo às crianças, uma maior vulnerabilidade às doenças e ao óbito5,6,8,9. Além disso, dados do "I Inquérito Nacional de Nutrição e Saúde Indígena", realizado no Brasil em 2008 e 2009, revelaram que 51,2% de 5.397 crianças indígenas menores de 5 anos estavam anêmicas, ou seja, quase o dobro da prevalência reportada para as crianças não indí-genas de mesma faixa etária10. Vale, ainda, obser-var que a taxa de mortalidade infantil no Brasil teve uma redução de 47,6% de 2000 a 2010, chegando a 15,6/mil nascidos vivos, como reflexo de inúmeras estratégias implementadas no âmbito das políticas públicas na saúde, mas que não tiveram o mesmo alcance para os povos in-dígenas9Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Obser-vações sobre a evolução da mortalidade no Brasil: o passado, o presente e perspectivas. Rio de Ja-neiro: IBGE; 2010.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/...
, 1111 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Resultados gerais da amostra. Rio de janeiro: IBGE; 2012.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/...
.

Como uma das mais eficazes estratégias de redução da morbimortalidade e promoção da saúde infantil, o governo brasileiro, em conso-nância com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, vem incentivando o aleita-mento materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado por alimentos saudáveis até pelo menos os dois anos1212 Escuder MML, Venâncio SI, Pereira JCP. Estimativa de impacto da amamentação sobre a mortalidade infantil. Rev Saúde Pública. 2003; 37(3):319-25.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102003...
, 1313 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
. Essas recomendações ainda não foram plenamente atingidas no País, pois a duração do aleitamento materno pode ser influenciada por fatores socioeconômicos e cultu-rais1Almeida JAG. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999. , 3Silva AAM. Amamentação: fardo ou desejo? Estudo histórico-social dos saberes e práticas sobre aleita-mento materno na sociedade brasileira [mestrado]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 1990. , 4Rocha JM. Introdução à história da puericultura e pediatria no Brasil. In: Almeida JAG. Amamentação: um híbrido natureza cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999. p.27-30. , 1414 Venâncio SI, Escuder MML, Saldiva SRDM, Giugliani ERJ. A prática do aleitamento materno nas capitais brasileiras e no Distrito Federal: situação atual e avanços. J Pediatr. 2010; 86(4):317-24.
http://dx.doi.org/10.2223/JPED.2016...
, 1515 Silveira FJF, Lamounier JA. Fatores associados à duração do aleitamento materno em três municípios na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública. 2006; 22(1):69-77.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2006...
. Com relação aos povos indígenas, poucos são os estudos sobre as práticas de nutri-ção das crianças de diferentes etnias, sobretudo do aleitamento materno. Não se tem conheci-mento se essas práticas sofrem influência da atual política de atenção à saúde da mulher e da criança do Brasil e se contribuem para melhoria dos indi-cadores de saúde da população infantil indígena.

Nesse contexto, os objetivos deste estudo foram estimar a duração mediana do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) e Aleitamento Materno (AM) na Terra Indígena Xakriabá, em 2007, e identificar fatores que se relacionaram ao tempo de amamentação nesta Terra Indígena (TI).

MÉTODOS

Desenho e população do estudo

Este é um estudo transversal, de natureza quantitativa, com coleta de dados atuais e re-trospectivos, por meio de questionário aplicado nos domicílios da TI Xakriabá, localizada na zona rural do município de São João das Missões, ao norte de Minas Gerais, região Sudeste do Brasil16. Em 2007, foi realizada pela equipe do estudo uma pesquisa censitária em todos os 1.225 domicílios da TI. Naqueles onde residiam crianças menores de 3 anos, as mães foram convidadas a participar do estudo, cujo critério de inclusão foi: a) ser mãe de criança(s) menor(es) de 3 anos (<36 meses); b) estar disposta a responder a um questionário para cada filho menor de 3 anos, e c) consentir sua livre participação no estudo. Assim, do uni-verso de 349 crianças menores de 3 anos em 2007, coletaram-se dados de 342 (98%). Foram excluídas do estudo 7 (2%) crianças cujas mães não quiseram responder ao questionário.

Os Xakriabá constituem a maior etnia in-dígena em população e ocupação territorial, dentre as oito já reconhecidas no estado de Minas Gerais. Pertencem ao grupo linguístico Macro--Gê, divisão Akwên, mas falam o português1717 Paraíso MHB. Laudo antropológico. Identidade étnica dos Xakriabá. Belo Horizonte: arquivos do Grupo de Estudos da Educação Indígena da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais; 1987. 1818 Santos AFM. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social de fronteiras [mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 1997.. Em 2007, somavam aproximadamente 6.500 habitantes vivendo em 52 aldeias, numa área ter-ritorial de 53.014,92 ha, na zona rural do muni-cípio de São João das Missões, ao Norte do Esta-do1616 Schettino MPF, Correia CS. Relatório circunstancial de identificação e delimitação da Terra Indígena Xakriabá Rancharia - MG. Minas Gerais: Funai; 1999. Relatório Técnico. , 1818 Santos AFM. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social de fronteiras [mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 1997. , 1919 Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena. Demografia dos povos indígenas. Brasília: Funai; 2010 [acesso 2011 set 10]. Disponível em: http://sis.funasa.gov.br/transparencia_publica/siasiweb/Layout/quantitativo_de_pessoas_2010. asp
http://sis.funasa.gov.br/transparencia_p...
. Ocupavam originalmente a margem es-querda do Rio São Francisco, mas, devido às sucessivas invasões de suas terras, inicialmente pelos bandeirantes e depois por fazendeiros e posseiros, viram-se obrigados a se deslocarem para áreas mais distantes, desfavoráveis à pesca, agricultura e pecuária, devido principalmente à escassez de água e clima semiárido1818 Santos AFM. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social de fronteiras [mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 1997. , 2020 Clementino AM, Monte-Mór RL. Xakriabá: econo-mia espaço e formação de identidade. In: XV En-contro Nacional de Estudos Populacionais; 2006 Set 18-22; Caxambu, MG. Minas Gerais: Abep; 2006 [acesso 2011 abr 18]. Disponível em: www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/abep2006_482.pdf
www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/do...
. Além disso, sofreram forte miscigenação com brancos, negros e outros povos indígenas ao longo de sua história, sendo conhecidos como "grupo de ca-boclos"1717 Paraíso MHB. Laudo antropológico. Identidade étnica dos Xakriabá. Belo Horizonte: arquivos do Grupo de Estudos da Educação Indígena da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais; 1987. , 1818 Santos AFM. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social de fronteiras [mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 1997.. Entretanto, estão em constante processo de valorização de suas tradições, bus-cando reafirmar sua indianidade, revelada princi-palmente pelos aspectos religiosos e de posse coletiva da terra1616 Schettino MPF, Correia CS. Relatório circunstancial de identificação e delimitação da Terra Indígena Xakriabá Rancharia - MG. Minas Gerais: Funai; 1999. Relatório Técnico. , 1818 Santos AFM. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social de fronteiras [mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 1997.. Com relação à saúde, desde o ano 2000, os Xakriabá são assistidos por 5 polos--base de atenção à saúde indígena, coordenados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Minas Gerais/Espírito Santo (DSEI MG/ES), do Ministério da Saúde, que vem enfrentando grandes desafios para melhorar o acesso aos serviços de saúde e as condições de saneamento básico, que são precárias em toda a TI9Pena JL, Heller L. Saneamento e saúde indígena: uma avaliação na população Xakriabá, Minas Gerais. Eng Sanit Ambient. 2008; 13(1):222-31.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-41522008...
, 2020 Clementino AM, Monte-Mór RL. Xakriabá: econo-mia espaço e formação de identidade. In: XV En-contro Nacional de Estudos Populacionais; 2006 Set 18-22; Caxambu, MG. Minas Gerais: Abep; 2006 [acesso 2011 abr 18]. Disponível em: www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/abep2006_482.pdf
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.

Coleta de dados

Os dados relativos às características so-ciodemográficas, à saúde e à história pregressa e atual de amamentação foram obtidos por meio da aplicação, em um único momento, de um questionário semiestruturado em todos os domi-cílios onde residiam crianças menores de 3 anos, cujas mães aceitaram participar do estudo. Os questionários foram aplicados por 15 jovens indí-genas Xakriabá, com ensino médio ou funda-mental completo, intensivamente treinados e supervisionados pela equipe do estudo. Naqueles domicílios onde residiam mais de uma criança menor de 3 anos, a mãe respondeu a um ques-tionário para cada criança. Assim, foram respon-didos 342 questionários.

Sobre a criança, foram coletados os se-guintes dados (variáveis independentes infantis): idade, sexo, ordem de nascimento, peso ao nas-cer, tempo de nascimento, primeiro alimento recebido, amamentação cruzada, doença do recém-nascido. Os dados referentes às mães (va-riáveis independentes maternas) foram: idade materna no início da gestação, número de consul-tas de pré-natal, início do pré-natal, tipo de parto, paridade, doença da mãe, escolaridade, ocupação e renda familiar. Ressalta-se que a idade materna deu origem a duas variáveis dicotômicas: IM1 (ida-de materna <15 anos e >15 anos) e IM2 (idade materna <20 anos e >20 anos).

Sobre as práticas de nutrição infantil, deu--se ênfase ao AME, ou seja, a criança recebe (ou recebeu) exclusivamente o leite materno, sem receber qualquer outro alimento líquido ou sólido, nem mesmo a água (exceção se faz a gotas de medicamentos), e a prática do AM, ou seja, a criança recebe (ou recebeu) leite materno direto da mama ou ordenhado, além de receber outros tipos de leite ou outros alimentos líquidos e/ou semi-sólidos1313 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

Análise dos dados

Para caracterizar o binômio mãe/criança, utilizaram-se dados das crianças que mamaram por pelo menos um dia, ou seja, 317 crianças (92,3% dos questionários respondidos). Para análise dos dados, visando ao alcance dos obje-tivos, adotaram-se dois critérios simultâneos: a criança ter sido amamentada por pelo menos um dia e a mãe ter respondido integralmente ao questionário, o que resultou em 287 questioná-rios. Assim, a população do estudo constou de 287 crianças, ou seja, 82,2% do universo das 349 crianças Xakriabá menores de 3 anos, em 2007. Ressalta-se que, dos 342 questionários respon-didos, foram excluídos das análises questionários de 55 (16,1%) crianças, sendo 25 (7,3%) de crianças que nunca mamaram e 30 (8,8%) por ausência de uma ou mais respostas às perguntas do questionário.

Para caracterizar a população do estudo, foram realizadas análises descritivas de frequência de eventos, por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 13 (SPSS Inc., Chicago, United States). Para estimar a duração mediana do AME (tempo em que 50% das crianças já haviam recebido outros líquidos e/ou alimentos sólidos além do leite materno e 50% ainda mamavam exclusivamente) e do AM (tempo em que 50% das crianças não mais recebiam o leite materno e 50% ainda ma-mavam), realizaram-se análises de sobrevivência por meio do estimador não paramétrico de Kaplan-Meier, estimador de máxima veros-similhança da função de sobrevivência, utilizando--se o programa livre R (The R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria, versão 2.15.2). A variável resposta foi o tempo até o des-mame. As 156 crianças que ainda eram ama-mentadas foram consideradas como censura. Tal estimativa foi obtida por meio dos comandos para o software R, como descrito em Colosimo & Giolo2121 Colosimo EA, Giolo SR. Análise de sobrevivência aplicada. São Paulo: Edgard Blücher; 2006..

Posteriormente, visando à identificação dos fatores que se associaram à duração do aleitamento materno, realizou-se análise multi-variada, por meio do modelo semiparamétrico de Regressão de Cox, em que a resposta (variável dependente) foi o tempo até a ocorrência do desmame, ajustado pelas variáveis independentes (covariáveis) maternas e infantis, citadas na seção "Coleta de Dados". Para o ajuste do modelo de Cox, foram selecionadas as variáveis que perma-neceram no modelo final, no qual a significância estatística considerada foi de 5%. Para a utilização do modelo de Regressão de Cox, é necessário que a suposição de riscos proporcionais seja atendida. Para confirmar a proporcionalidade dos riscos, analisaram-se os resíduos de Schoenfeld2121 Colosimo EA, Giolo SR. Análise de sobrevivência aplicada. São Paulo: Edgard Blücher; 2006.. Ressalta--se que, embora este estudo seja do tipo trans-versal, um período de risco constante foi atribuído a todas as crianças, o risco de desmame, o que justificou estimar a Razão de Risco (RR) pelo méto-do de Regressão de Cox.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (Processo nº 2005/58), pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) (Parecer nº 902/2006 do Registro Conep nº 12.827) e pe-la Fundação Nacional do Índio (Autorização nº 73/CGEP/06). Obtiveram-se também aprovação das lideranças indígenas Xakriabá e a assinatura, pelas mães envolvidas no estudo, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

Do universo de 349 crianças indígenas Xakriabá menores de três anos, 92,7% (317) ma-maram por pelo menos um dia. As características sociodemográficas dessas 317 crianças e de suas mães foram apresentadas nas Tabelas 1 e 2, res-pectivamente. A maioria das crianças era do sexo masculino (52,0%), ocupava a 1ª, 2ª, ou 3ª ordem de nascimento e teve o leite materno como pri-meiro alimento (94,6%) (Tabela 1).

Tabela 1.
Caracterização sociodemográfica das crianças meno-res de três anos amamentadas por pelo menos um dia. Terra Indígena Xakriabá (MG), 2007 (n=317).

Mais de 80,0% das mães eram adultas com baixa escolaridade (Tabela 2). O parto normal prevaleceu entre elas (90,5%), e esse filho menor de três anos que participou do estudo nasceu no segundo parto ou posterior (78,2%). Além disso, cerca de 90,0% das mães trabalhavam sem vín-culo empregatício, ou seja, realizavam trabalhos domésticos, artesanatos ou plantavam roças para subsistência da família. Nessa TI, a renda familiar mensal era igual ou inferior a um salário mínimo para a maioria das famílias (79,4%).

Tabela 2.
Caracterização sociodemográfica das mães participan-tes do estudo. Terra Indígena Xakriabá (MG), 2007.

O tempo mediano de amamentação foi entre 6 e 12 meses, mais próximo de 12, pois o percentual de crianças desmamadas, ou seja, que deixaram de receber o leite materno nesse tempo foi de aproximadamente 49% [S(t)=0,489] (Tabela 3). Por interpolação linear, obteve-se o tempo mediano de 11,73 meses. Pelo mesmo método, estimou-se também a duração média do aleita-mento materno, que foi de 10,088 meses (dado não mostrado).

Tabela 3.
Tempos de sobrevivência do aleitamento materno na Terra Indígena Xakriabá (MG), 2007.

A estimativa do tempo em que 50% das crianças continuam sendo nutridas exclusiva-mente pelo leite materno foi de 7,27 dias. Tem-se, ainda, um tempo médio de amamentação exclu-siva estimado de 80,7 dias (dados não mostrados).

Quando foram testadas associações das covariáveis maternas e infantis com a variável de-pendente (tempo até a ocorrência do desmame), os fatores que se associaram à duração do aleita-mento materno foram o sexo e a ordem de nascimento das crianças (Tabela 4), sendo as crianças Xakriabá do sexo feminino mais pro-tegidas do desmame do que as do sexo masculino; aquelas que ocuparam a 4ª ordem de nascimento ou posterior apresentavam, aproximadamente, o dobro do risco de desmame em relação àquelas que nasceram na 1ª à 3ª ordem.

Tabela 4.
Razão de riscos de desmame, segundo as variáveis sexo e ordem de nascimento, que permaneceram no modelo final do ajuste de riscos proporcionais de Cox. Terra Indígena Xakriabá (MG), 2007.

Ressalta-se que, ao verificar a suposição de riscos proporcionais para cada covariável in-cluída no modelo final (sexo e ordem de nasci-mento), considerou-se que não houve evidências de violação de riscos proporcionais devido à ausência de tendências acentuadas para qualquer uma das variáveis presentes no modelo (Figura 1). A proporcionalidade também foi confirmada por meio do teste de proporcionalidade dos riscos no modelo de Cox ajustado, no qual os valores de p observados para as covariáveis sexo e ordem de nascimento foram 0,724 e 0,912, respecti-vamente, e o valor de p global foi 0,935 (dados não mostrados).

Figura 1.
Resíduos padronizados de Schoenfeld versus o tempo para as covariáveis Sexo (S) e Ordem de Nascimento (ON) incluídas no modelo final.

DISCUSSÃO

Na Terra Indígena Xakriabá, iniciar a nutri-ção infantil pela amamentação faz parte do uni-verso biológico e sociocultural feminino, visto que a maioria das crianças menores de três anos rece-beu como primeiro alimento o leite materno. En-tretanto, a duração mediana do aleitamento materno exclusivo e do aleitamento materno foi curta nesta TI. Com uma semana de vida, metade das crianças Xakriabá amamentadas passou a receber água, chás, outros tipos de leite ou outros alimentos além do leite materno, sendo, assim, interrompido precocemente o aleitamento materno exclusivo. Com relação à prática de aleitamento materno, metade das crianças foi desmamada em tempo muito próximo de completar um ano de vida, sendo privadas dos grandes benefícios do aleitamento materno para crescimento e desenvolvimento adequados. O desmame precoce observado neste estudo contra-diz a recomendação do Ministério da Saúde, que preconiza, para todas as crianças brasileiras, o aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou mais1313 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
.

A duração mediana de AME entre os Xakriabá foi inferior àquela observada para as crianças brasileiras não indígenas da área rural (1,2 meses) 2222 Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
em 2006, e do Vale Alto Jequi-tinhonha (1,5 meses) 2323 Silveira FJF, Lamounier JA. Prevalência do aleita-mento materno e práticas de alimentação comple-mentar em crianças com até 24 meses de idade na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Rev Nutr. 2004; 17(4):437-47.
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732004...
. Foi também inferior à observada para a população brasileira não in-dígena em 2010 (54,1 dias) 1414 Venâncio SI, Escuder MML, Saldiva SRDM, Giugliani ERJ. A prática do aleitamento materno nas capitais brasileiras e no Distrito Federal: situação atual e avanços. J Pediatr. 2010; 86(4):317-24.
http://dx.doi.org/10.2223/JPED.2016...
. A prática do AME também foi pouco observada em outras comuni-dades indígenas, como os Wari' de Rondônia, e não indígenas de área rural, que mantêm hábitos tradicionais de amamentar suas crianças, mas introduzem precocemente água, chás e outros líquidos2424 Leite, MS. Iri' Karawa, Iri' Wari': um estudo sobre as práticas alimentares e nutrição entre os índios Wari' (Pakaanova) do sudoeste da Amazônia [doutorado]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2004.
http://bvssp.icict.fiocruz.br/pdf/leitem...
, 2525 Assis AMO, Prado MS, Freitas MCS, Silva RCR, Ramos B. Prática de aleitamento materno em comu-nidades rurais do semi-árido baiano. Rev Saúde Pública. 1994; 28(5):380-4.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101994...
.

Uma possível explicação para essa curta duração do AME se apoiaria nos relatos de mães Xakriabá, segundo as quais a introdução precoce de água e chás é ensinada pelos mais velhos para saciar a sede, curar cólicas e complementar o leite materno. Esses mesmos motivos são também relatados pelos não indígenas2525 Assis AMO, Prado MS, Freitas MCS, Silva RCR, Ramos B. Prática de aleitamento materno em comu-nidades rurais do semi-árido baiano. Rev Saúde Pública. 1994; 28(5):380-4.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101994...
. Assim, pode-se inferir que fatores socioculturais influenciam a introdução precoce de água e chás nos primeiros meses de vida, o que reduz a duração mediana do aleitamento materno exclusivo.

Outro exemplo da influência de fatores socioculturais no aleitamento materno pode ser visto nas etnias Yaminawa, do Peru, e Yawanawa, do Brasil, no estado do Acre, que vivem em região fronteiriça. Na primeira, as práticas medicinais indígenas são muito valorizadas, e as mães, por terem pouco contato com os não indígenas nas Unidades de Saúde, amamentam exclusivamente suas crianças pequenas, continuam amamen-tando por cerca de dois anos ou mais e não usam leite em pó e mamadeiras. Já na etnia Yawanawa, do Acre, imersa num contexto sociocultural marcado por grande contato com não indígenas, muitas mulheres não amamentam seus bebês, oferecem fórmulas à base de leite em pó ou pre-parados à base de banana ou mandioca e lhes dão mamadeiras2626 Gil LP. Políticas de saúde, pluralidade terapêutica e identidade na Amazônia. Saúde Soc. 2007; 16(2):48-60.
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. Os Xakriabá também tiveram grande contato com os não indígenas ao longo de sua história, o que poderia influenciar negati-vamente a prática do aleitamento materno, como visto entre os Yawanawas, do Acre. Entretanto, a focalização dessa análise na ideia de que as cul-turas são dinâmicas, permite flexibilizar as inte-rações entre as culturas indígenas e não indígenas, ao contrário de vislumbrá-las como resultantes de um processo de aculturação. Nesse caso, o aleitamento materno se apresentaria como mecanismo de resistência e manutenção da cul-tura indígena, no contexto multiétnico da socieda-de brasileira.

Considerando ainda os fatores sociocul-turais, no que tange às crenças passadas de ge-ração a geração, as características do leite mater-no percebidas pelas mães, embora influenciadas pelas impressões de mulheres mais velhas da comunidade, podem levar à introdução de outros alimentos, como acontece entre os Wari', de Rondônia, Norte do País2424 Leite, MS. Iri' Karawa, Iri' Wari': um estudo sobre as práticas alimentares e nutrição entre os índios Wari' (Pakaanova) do sudoeste da Amazônia [doutorado]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2004.
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. Nessa etnia, as mães acreditam na necessidade de se introduzirem alimentos não lácteos, caso o leite materno pareça "aguado". Entre os Xakriabá, essa prática tam-bém foi relatada para os bebês, para justificar a oferta frequente de chás e, mais raramente, de garapa (caldo de cana).

Com relação ao AM, a curta duração me-diana observada na TI Xakriabá foi semelhante à estimada para as crianças brasileiras não indí-genas da área urbana em 2006 (12,9 meses) 2222 Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
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, inferior àquela das crianças brasileiras não indí-genas da área rural (15,8 meses) 2222 Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher - PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
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, mas superior àquela estimada para as crianças não indígenas do Vale do Jequitinhonha (10,8 meses) 2323 Silveira FJF, Lamounier JA. Prevalência do aleita-mento materno e práticas de alimentação comple-mentar em crianças com até 24 meses de idade na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Rev Nutr. 2004; 17(4):437-47.
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, outra região mineira de clima semiárido e baixo Índice de Desenvolvimento Humano. Sobre o tempo de AM de outras etnias indígenas do Brasil, raros são os estudos quantitativos publicados até o momento. Destaca-se o estudo de Valencia et al. 2727 Valencia MMA, Santos RV, Coimbra Jr. CEA, Oliveira MVG, Escobar AL. Aspectos de la fecundidad de mujeres indígenas Suruí, Rondônia, Brasil: una aproximación. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2010; 10(3):349-58.
http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38292010...
, que encontrou uma duração mediana de aleitamento materno de 18,4 meses na etnia indígena Suruí, de Rondônia, região Norte do País, bem superior àquela estimada para os Xakriabá. Entre os Kamaiurá do Alto Xingu, Brasil Central, a alimentação durante o primeiro ano de vida se baseava exclusivamente no aleitamento materno e se prolongava até os dois ou três anos de ida-de2828 Mondini L, Cano EM, Fagundes U, Lima EES, Ro-drigues D, Baruzzi, RG. Condições de nutrição em crianças Kamaiurá: povo indígena do Alto Xingu, Brasil Central. Rev Bras Epidemiol. 2007; 10(1):39-47.
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2007...
. Recentemente, dados do "I Inquérito Na-cional de Nutrição e Saúde Indígena"2929 Escola Nacional de Saúde Pública. Fundação Na-cional de Saúde. Resultados preliminares do I Inquérito Nacional de Nutrição e Saúde dos Povos Indígenas. Rio de Janeiro: Ensp; 2010.
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revelaram elevadas taxas de amamentação, principalmente na região Norte do País, onde 90,4% das crianças ainda mamavam aos 12 meses de vida, e 51,9% aos 24 meses. Já nas regiões Sul e Sudeste agru-padas, aos 12 meses, 75,0% das crianças ainda mamavam, ao contrário do observado na etnia Xakriabá.

A baixa duração mediana do AME e do AM na TI Xakriabá possivelmente tem implicações nas taxas de morbimortalidade infantil, já que a criança deixa de se beneficiar, precocemente, dos componentes nutricionais, imunológicos e fun-cionais do leite materno, ao mesmo tempo em que se encontram vulneráveis à desnutrição e a doenças infectoparasitárias, que coexistem num ciclo sinérgico, dadas as precárias condições de saneamento básico e higiene pessoal e domiciliar a que são expostas9Pena JL, Heller L. Saneamento e saúde indígena: uma avaliação na população Xakriabá, Minas Gerais. Eng Sanit Ambient. 2008; 13(1):222-31.
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, 2020 Clementino AM, Monte-Mór RL. Xakriabá: econo-mia espaço e formação de identidade. In: XV En-contro Nacional de Estudos Populacionais; 2006 Set 18-22; Caxambu, MG. Minas Gerais: Abep; 2006 [acesso 2011 abr 18]. Disponível em: www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/abep2006_482.pdf
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. Em 2004, a maioria das crianças Xakriabá (75,5%) não tinha instalação sanitária nos domicílios, e 47,8% não tinham acesso à água de poços tubulares profundos. Quanto à água de beber, 77,8% das amostras apresentaram positividade para coliformes totais e/ou Escherichia coli 9Pena JL, Heller L. Saneamento e saúde indígena: uma avaliação na população Xakriabá, Minas Gerais. Eng Sanit Ambient. 2008; 13(1):222-31.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-41522008...
. Em 2007, época de reali-zação deste estudo, Carvalho3030 Carvalho GLX. Prevalência de enteroparasitoses em crianças de 0 a 12 anos e condições sanitárias na Terra Indígena Xakriabá, São João das Missões, Mi-nas Gerais, 2007 [mestrado]. Ouro Preto: Univer-sidade Federal de Ouro Preto; 2011. verificou que 29,9 e 2,8% das 2.081 crianças Xakriabá de 0 a 12 anos apresentaram monoparasitismo e polipara-sitismo, respectivamente, por protozoários pato-gênicos. Além disso, 7,6% apresentavam parasi-tismo por helmintos. O autor também relatou sobre as condições insalubres em que vive o povo Xakriabá.

Em tais condições insalubres também so-brevivem muitas crianças indígenas de outras etnias, na mesma e em outras regiões brasi-leiras5Santos RV, Coimbra Jr. CEA. Cenário e tendências da saúde e da epidemiologia dos povos indígenas do Brasil. In: Coimbra Jr. CEA, Santos RV, Escobar AL, organizadores. Epidemiologia e saúde dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. , 8Leite MS, Santos RV, Coimbra Jr. CEA, Gugelmin, SA. Alimentação e nutrição de povos indígenas no Brasil. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organi-zadores. Epidemiologia nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007. p.503-17. , 1010 Leite MS, Cardoso AM, Coimbra Jr. CEA, Welch JR, Gugelmin SA, Lira PCI, et al. Prevalence of anemia and associated factors among indigenous children in Brazil: Results from the first national survey of indigenous people's health and nutrition. Nutrition J. 2013; 12:69.
http://dx.doi.org/10.1186/1475-2891-12-6...
, 2424 Leite, MS. Iri' Karawa, Iri' Wari': um estudo sobre as práticas alimentares e nutrição entre os índios Wari' (Pakaanova) do sudoeste da Amazônia [doutorado]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2004.
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, 2828 Mondini L, Cano EM, Fagundes U, Lima EES, Ro-drigues D, Baruzzi, RG. Condições de nutrição em crianças Kamaiurá: povo indígena do Alto Xingu, Brasil Central. Rev Bras Epidemiol. 2007; 10(1):39-47.
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. Aliadas a isso, as mudanças nos pa-drões alimentares das comunidades indígenas nas últimas décadas - consequência de fatores como a restrição territorial, o esgotamento das reservas naturais, o maior acesso a alimentos industriali-zados, dentre outros -, têm levado à redução da diversidade alimentar e a alterações no perfil nu-tricional dos indígenas, aspectos em que as crian-ças parecem ser particularmente atingidas8Leite MS, Santos RV, Coimbra Jr. CEA, Gugelmin, SA. Alimentação e nutrição de povos indígenas no Brasil. In: Kac G, Sichieri R, Gigante DP, organi-zadores. Epidemiologia nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007. p.503-17. , 3131 Coimbra CEA, Santos RV, Welch JR, Cardoso AM, Souza MC, Garnelo L, et al. The first national survey of indigenous people's health and nutrition in Brazil: Rationale, methodology, and overview of results. BMC Public Health. 2013; 13:52.
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. De fato, em 2008-2009, em duas diferentes pes-quisas de base populacional, 26% das crianças indígenas menores de 5 anos apresentaram des-nutrição crônica, ao contrário dos 6% reportados para crianças brasileiras (maioria não indígena) de mesma faixa etária3232 Horta BL, Santos RV, Welch JR, Cardoso AM, Santos JV, Assis AMO, et al. Nutritional status of indigenous children: Findings from the first national survey of indigenous people's health and nutrition in Brazil. Intern J Equity Health, 2013; 12:23.
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, 3333 Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Ministério da Saúde. Pesquisa de Orça-mentos Familiares 2008-2009. Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2010.
http://ibge.gov.br/home/estatistica/popu...
.

Quanto aos fatores que se relacionaram à duração do aleitamento materno na TI Xakriabá, as crianças do sexo feminino foram mais prote-gidas do desmame do que aquelas do sexo masculino, e as crianças com ordem de nasci-mento de 4º filho adiante tiveram quase o dobro do risco de desmame, quando comparadas àque-las cujas ordens de nascimento foram a 1a, 2a ou 3a. Esses dados contradizem o que se esperava para populações indígenas, pois se supunha, ba-seando-se em Almeida1, que a amamentação entre os indígenas era um híbrido natureza-cultura, em que o ato fisiológico era fortalecido pela cul-tura da amamentação prolongada, transmitida entre gerações e, na maioria das vezes, inviolada pela influência dos não indígenas.

O fato de as meninas serem mais prote-gidas do desmame foi curioso, entretanto não foi possível obter mais informações para elucidar esse achado. Além disso, a amamentação pro-longada poderia ser uma alternativa economi-camente viável às famílias que sobreviviam com parcos recursos financeiros para aquisição de alimentos, como são as famílias Xakriabá. Nesse caso, o leite materno complementaria a alimen-tação oferecida à criança, protegendo-a da des-nutrição. Tal afirmativa é corroborada por Horta et al.32, que verificaram que a prevalência de baixo peso foi menor entre as crianças indígenas amamentadas até os 12 meses, quando compa-radas àquelas de mesma idade que nunca mamaram3232 Horta BL, Santos RV, Welch JR, Cardoso AM, Santos JV, Assis AMO, et al. Nutritional status of indigenous children: Findings from the first national survey of indigenous people's health and nutrition in Brazil. Intern J Equity Health, 2013; 12:23.
http://dx.doi.org/10.1186/1475-9276-12-2...
.

Outra possível justificativa para que a mãe pudesse amamentar por mais tempo o quarto filho ou além deste, seria a vivência da prática do AM, que interferiria positivamente na decisão ma-terna de amamentar, bem como facilitaria o seu desempenho. Segundo estudos realizados com crianças brasileiras não indígenas, a experiência prévia de amamentação e o consequente apren-dizado são determinantes importantes das altas taxas de aleitamento materno3434 Fujimori E, Minagawa AT, Laurenti D, Montero RMJM, Borges ANV, Oliveira IMV. Duração do aleitamento materno em menores de dois anos de idade em Itupeva, São Paulo, Brasil: há diferença entre os grupos sociais? Rev Bras Saúde Matern Infant. 2010; 10(1):39-49.
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, 3535 Vieira GO, Martins CC, Vieira TO, Oliveira NF, Silva, LR. Fatores preditivos da interrupção do aleitamento materno exclusivo no primeiro mês de lactação. J Pediatr. 2010; 86(5):441-4.
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. Entretanto, os resultados não foram ao encontro dessas pers-pectivas e, até o momento, não se tem explicação para a relação encontrada entre desmame, gê-nero e ordem e nascimento.

Neste estudo, a maioria das mães trabalha no lar, nas casas de farinha ou nas roças, ou seja, sem nenhum vínculo empregatício, o que poderia propiciar um maior contato entre mãe/filho e fa-vorecer a amamentação. De fato, Demétrios et al. 3636 Demétrio F, Pinto EJ, Assis AMO. Fatores associados à interrupção precoce do aleitamento materno: um estudo de coorte de nascimento em dois municípios do Recôncavo da Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública. 2012; 28(4):641-54. verificaram que o trabalho materno fora do domicílio imprime risco 1,83 vez maior para o oferecimento precoce à criança de leite de vaca e de outros alimentos diferentes do leite humano. Entretanto, entre os Xakriabá não foi observada associação entre ocupação materna e a duração do AM. Entre os Wari', as crianças tanto podiam ser levadas às roças ou casas de farinhas, local de trabalho das mães, onde seriam amamentadas, quanto podiam ficar sob o cuidado das avós ou parentes próximos, recebendo chás ou sendo amamentadas por outras mulheres (mães de leite) 2424 Leite, MS. Iri' Karawa, Iri' Wari': um estudo sobre as práticas alimentares e nutrição entre os índios Wari' (Pakaanova) do sudoeste da Amazônia [doutorado]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2004.
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. Essa prática, denominada de ama-mentação cruzada, foi pouco observada entre as mães Xakriabá e não se relacionou à duração do AM.

Também não foi observada relação entre renda familiar e duração do AM, provavelmente devido ao fato de cerca de 80% das famílias sobreviverem com um salário mínimo ou até com menos, fato que as coloca em situação de se-melhança econômica familiar.

Como possível limitação deste estudo, aponta-se o fato de as mães terem que relembrar a história de amamentação de seus filhos já des-mamados. Entretanto, buscou-se minimizar esse possível viés de memória com treinamento inten-sivo dos entrevistadores indígenas nos questiona-mentos. Além disso, foi utilizada técnica de coleta de dados retrospectivos, que se mostrou apro-priada em estudo semelhante15.

CONCLUSÃO

Amamentar as crianças no início da vida faz parte do universo feminino das mães Xakriabá. Entretanto, a duração mediana do AME foi curta e metade das crianças deixou de ter os benefícios nutricionais, imunológicos e funcionais do leite materno em idade próxima a 12 meses, quando foram desmamadas. Além disso, os meninos e as crianças nascidas na 4ª ordem ou adiante foram mais vulneráveis ao desmame precoce. Essa curta duração não é condizente com aquela reco-mendada pelo Ministério da Saúde para as crian-ças brasileiras. Assim, a realização de pesquisas que possibilitem o entendimento dos fatores socioculturais relacionados à curta duração do aleitamento materno nesta Terra Indígena é de grande relevância.

  • COLABORADORES

    MAO SÍRIO participou da concepção do estudo, revisão bibliográfica, coleta, processamento, análise e interpretação dos dados, redação e revisão para apro-vação final do manuscrito. SN FREITAS participou da coleta de dados e revisão crítica do manuscrito. AM FIGUEIREDO participou da concepção do estudo, da redação e revisão do manuscrito. GDR GOUVÊA parti-cipou da análise e interpretação dos dados, JL PENA e GLL MACHADO-COELHO participaram da concepção e delineamento do estudo, além da revisão crítica para aprovação final do manuscrito.

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  • Artigo baseado na tese de MAO SÍRIO, intitulada "Estado nutricional das crianças de 0 a 12 anos e práticas alimentares da sociedade indígena Xakriabá de Minas Gerais". Universidade Federal de Ouro Preto; 2012.
  • Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (CDS-APQ 01161-10) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Ação sobre saúde indígena - 402530/2008-0).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    06 Jun 2014
  • Revisado
    20 Fev 2015
  • Aceito
    05 Mar 2015
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