Resumos
OBJETIVO:
Avaliar a frequência de adesão aos "10 Passos da Alimentação Saudável para Crianças" e fatores associados em escolares.
MÉTODOS:
Estudo transversal com 813 escolares do 1º ano das Escolas Municipais de Ensino Fundamental de São Leopoldo (RS). Os dados foram obtidos das mães/responsáveis por meio de um questionário com questões sobre alimen-tação, atividade física, tempo de tela e características sociodemográficas. O critério de adesão a cada passo foi definido pelos pesquisadores. As associações foram analisadas por meio do teste Qui-quadrado de Pearson e de tendência linear.
RESULTADOS:
O número médio de passos atingido foi 3,9, e nenhum escolar aderiu a todos os passos. O Passo 4 (consumir feijão com arroz no mínimo cinco vezes/semana) apresentou maior frequência de adesão (99,8%), e aqueles que envolvem medidas restritivas, como evitar alimentos gordurosos/frituras (Passo 6) e guloseimas (Passo 7), foram os menos frequentemente atingidos, respectivamente, 2,1 e 0,0%. O Passo 10 (ser ativo e ter tempo de tela <2 horas/dia) também apresentou baixa adesão (14,5%). Maior escolaridade materna e melhor nível econômico associou-se positivamente com o Passo 5 (consumo diário de grupo do leite e das carnes), o contrário sendo observado para o Passo 2 (incluir diariamente cereais, tubérculos e raízes nas refeições) e para o Passo 10.
CONCLUSÃO:
O estudo revelou um cenário desfavorável, que indica a necessidade de ações de diferentes atores (governo, produtores, escola e família) para aumentar a frequência de adesão aos 10 Passos pelos escolares.
Consumo de alimentos; Estudantes; Guias alimentares
OBJECTIVE:
To assess the frequency of adherence to the "10 Steps to Healthy Eating for Children" and associated factors in schoolchildren.
METHODS:
The present study had a cross-sectional design and was conducted on 813 first grade students from elementary public schools in São Leopoldo (RS). Data were obtained using a questionnaire completed by mothers/guardians. It consisted of questions about food, physical activity, screen time, and socio-demographic characteristics. The criterion of adherence to every step was defined by the researchers. Pearson's chi-square and linear trends were used to evaluate the factors associated with the frequency of adherence to each step of the recommendations investigated.
RESULTS:
The average number of steps of the "Healthy Eating for Children" recommendations actually followed was 4.9, and none of the students followed all of the steps. Step 4 (consumption of the beans and rice at least five times/week) showed higher compliance (99.8%), and those involving restrictive measures, such as avoiding fatty foods and fried foods (Step 6) and sweets, soft drinks, and sugar-sweetened beverages (Step 7), showed the least compliance, respectively, 2.1 and 0.0%. Step 10 (be active and have screen time <2 hours/day) also showed low compliance (14.5%). Respondents' (mothers/guardians) higher level of education and higher economic level were positively associated with Step 5 (daily consumption of milk and meat groups). The opposite was observed for Step 2 (daily consumption of cereals, stem tubers, tuberous roots) and for Step 10 (mentioned above).
CONCLUSION:
This study revealed an unfavorable scenario for the population investigated, which indicates the need for actions by different actors (government, school, family, and fruit, nut, cereal, grain, and vegetable growers), in order to increase the frequency of adherence to the 10 Steps by young students.
Food consumption; Students; Food guide
INTRODUÇÃO
No final da década de 1960 e início da de 1970, com a mudança nos padrões alimentares e nutricionais e o consequente aumento na inci-dência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), várias nações estabeleceram programas nacionais de alimentação e nutrição baseados em metas dietéticas ou diretrizes11 Berger S. The implementation of dietary guidelines-ways and difficulties. Am J Clin Nutr. 1987; 45(5 Suppl):1383-9..
Os guias alimentares são um conjunto de diretrizes dietéticas que tem o propósito de
pro-mover bem-estar nutricional e atender às ques-tões relacionadas à alimentação da
população22 Food and Agriculture Organization of the United Nations, World
Health Organization. Preparation and use of food-based dietary guidelines.
Report of a joint FAO/WHO consultation. Geneva: FAO/WHO; 1998.. Esses instrumentos salientam
a importância da adoção de um estilo de vida saudável e de escolhas alimentares
adequadas33 Anderson GH, Black R, Harris S. Dietary guidelines: Past experience
and new approaches. J Am Diet Assoc. 2003; 103(12 Suppl
2):S3-S59.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jada.2003.09...
por meio de recomendações
baseadas em evidências cien-tíficas sobre as relações entre alimentos e o pro-cesso
saúde-doença22 Food and Agriculture Organization of the United Nations, World
Health Organization. Preparation and use of food-based dietary guidelines.
Report of a joint FAO/WHO consultation. Geneva: FAO/WHO; 1998.
-
33 Anderson GH, Black R, Harris S. Dietary guidelines: Past experience
and new approaches. J Am Diet Assoc. 2003; 103(12 Suppl
2):S3-S59.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jada.2003.09...
, bem como nos hábitos de consumo alimentar
e no contexto cultural e so-cioeconômico de um país44 Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população
brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde;
2006.. Dessa forma, os guias alimentares são um importante instrumento dos
programas de educação alimentar e nutricional55 Horta P, Pascoal M, Santos L. Atualizações em guias alimentares para
crianças e adolescentes: uma revi-são. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2011;
11(2):115-24.
http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38 29201...
.
O primeiro conjunto formal de guias ali-mentares foi publicado na Suécia, em 1968, e
abordava a alimentação da população dos Países Escandinavos (Suécia, Dinamarca,
Noruega e Finlândia)66 Keys A. Official collective recommendations on diet in the
Scandinavian countries. Nutr Rev. 1968; 26(9):163-259.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1753-4 887.1...
. No Brasil, a primeira
recomendação baseada em alimentos foi feita em 1999, quando se adaptou a pirâmide
alimentar norte-americana à realidade da população brasileira77 Philippi ST, Latterza AR, Cruz ATR, Ribeiro LC. Pirâmide alimentar
adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev Nutr. 1999;
12(1):S65-80.
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52731999...
. Anos depois, em 2002, o primeiro guia alimentar brasileiro
foi publicado, contudo foi destinado à população menor de dois anos de idade88 Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças menores de
dois anos. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.. Em 2005, o Mi-nistério da Saúde lançou o
"Guia Alimentar para a População Brasileira: promovendo a alimen-tação saudável",
com o propósito de contribuir com a redução da incidência das DCNT, prevenir doenças
causadas por deficiências nutricionais e aumentar a resistência a doenças
infecciosas em crianças e adultos4. No final de 2014, uma nova versão do
Guia Alimentar foi lançada, com atuali-zação das recomendações, de modo a contemplar
as modificações no perfil socioeconômico, nutri-cional e epidemiológico da população
brasileira, e chamar a atenção da população quanto aos riscos do elevado consumo dos
alimentos ultrapro-cessados99 Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população
brasileira. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014..
Estudos têm mostrado que a população infantil não tem seguido as recomendações dos
guias alimentares dos seus países, apresentando baixo consumo de alguns grupos
alimentares, principalmente das frutas e dos vegetais1010 Basterfield L, Jones AR, Parkinson KN, Reilly J, Pearce MS, Reilly
JJ, et al. Physical activity, diet and BMI in children aged 6-8 years: A
cross-sectional analysis BMJ Open. 2014; 4:e005001.
http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2014-0...
,
1111 Lynch C, Kristjansdottir AG, Velde SJ, Lien N, Roos E, Thorsdottir
I, et al. Fruit and vegetable consumption in a sample of 11-year-old children in
ten European countries: The PRO GREENS cross-sectional survey. Public Health
Nutr. 2014; 17(11):2436-44.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368 98001400...
. Entre os principais fatores associados ao
consumo ali-mentar não saudável, destacam-se: sexo mas-culino, menor nível
socioeconômico e menor esco-laridade1212 Hiza HAB, Casavale KO, Guenther PM, Davis CA. Diet quality of
americans differs by age, sex, race/ethnicity, income, and education level. J
Acad Nutr Diet. 2013; 113(2):297-306.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jand.2012.08...
13 Yu SH, Song YJ, Park M, Kim SH, Shin S, Joung H. Relationship
between adhering to dietary guidelines and the risk of obesity in Korean
children. Nutr Res Pract. 2014; 8(6):705-12.
http://dx.doi.org/10.4162/nrp.2014.8.6.7...
-
1414 Moreira P, Santos S, Padrao P, Cordeiro T, Bessa M, Valente H, et
al. Food patterns according to sociodemographics, physical activity, sleeping
and obesity in Portuguese children. Int J Environ Res Public Health. 2010;
7(3):1121-38.
http://dx.doi.org/10.3390/ijerph7031121...
.
No Brasil, são escassos estudos que ava-liaram o quanto a dieta da população infantil
está de acordo com as diretrizes do Guia Alimentar e quais os seus
determinantes1515 Assis MA, Calvo MC, Kupek E, Vasconcelos FAG, Campos VC, Machado M,
et al. Qualitative analysis of the diet of a probabilistic sample of
schoolchildren from Florianopolis, Santa Catarina State, Brazil, using the
Previous Day Food Questionnaire. Cad Saúde Pública. 2010;
26(7):1355-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
16 Molina MCB, Lopéz PM, Faria CP, Cade NV, Zandonade E. Preditores
socioeconômicos da qualidade da alimentação de crianças. Rev Saúde Pública.
2010; 44(5):785-92.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
-
1717 Galego CR, D'Avila GL, Vasconcelos FAG. Factors associated with the
consumption of fruits and vegetables in schoolchildren aged 7 to 14 years of
Florianópolis, South of Brazil. Rev Nutr. 2014; 27(4):413-22.
http://dx.doi.org/10.1590/1415-52 732014...
. Conhecer essa situação é fundamental para
identificar as re-comendações do Guia que necessitam de mais ações, tais como
campanhas midiáticas, educação alimentar no âmbito da família, da escola e da
comunidade, efetuadas por diferentes atores, tanto públicos quanto privados99 Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população
brasileira. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014..
De modo a levar em conta as particula-ridades de saúde e características de cada
público--alvo, a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição, durante a vigência da
primeira versão do Guia Alimentar, produziu material de apoio, com as diretrizes
sendo sintetizadas nos "10 Pas-sos para uma Alimentação Saudável"1818 Brasil. Ministério da Saúde.Secretaria de Atenção à Saúde. Relatório
de Gestão - 2007 [acesso 2015 mar 20]. Disponível em:
http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/relatorio_2007_cgpan.pdf
http://189.28.128.100/nutricao/docs/gera...
. Este estudo teve como objetivo avaliar a
frequência de adesão aos "10 Passos da Alimentação Saudá-vel para Crianças" e seus
fatores associados em escolares.
MÉTODOS
Este é um estudo transversal, de base escolar, conduzido com escolares matriculados no 1º ano do Ensino Fundamental das escolas mu-nicipais de São Leopoldo. Situado na região do Vale do Rio dos Sinos, que integra a região Metropolitana de Porto Alegre, o município fica a 34 km da capital do estado do Rio Grande do Sul. Em 2011, contava com 35 escolas municipais de Ensino Fundamental, com 2.369 escolares matriculados no 1º ano. No início do ano letivo, o projeto foi apresentado às equipes diretivas das escolas. Naquela ocasião, ficou acertado que os pesquisadores apresentariam o projeto na pri-meira reunião de pais e os convidariam a participar da pesquisa. Como nem todos os pais se fizeram presentes nessas reuniões, a equipe de pesquisa enviou-lhes cartas de apresentação do projeto. Desse modo, todos os escolares que estavam ma-triculados no 1º ano foram convidados a parti-cipar do estudo, que teve início em maio de 2011.
As entrevistas foram agendadas para se-rem realizadas na escola, contudo, devido ao baixo número de comparecimentos, os entrevis-tadores passaram a realizá-las nos domicílios. Os endereços dos escolares foram obtidos junto à Secretaria Municipal de Educação. Por dificul-dades logísticas, foram coletados dados de 847 escolares, que representaram 35,8% da popula-ção inicial. Com esse tamanho de amostra foi possível estimar prevalências de realização dos passos com margens de erro que variaram de 0,4 a 3,5 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%. A amostra permitiu, ainda, identificar diferenças de 2,8 pontos percentuais entre as pre-valências detectadas para cada fator investigado, com poder de 80% e nível de confiança de 95%. Aqueles que realizavam dietas para condições especiais foram excluídos, posteriormente, da análise dos dados.
Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário padronizado, pré-codificado e pré--testado, aplicado às mães ou aos responsáveis dos escolares por alunos dos cursos de graduação da área da saúde, devidamente treinados, por meio de uma entrevista padronizada. Com o obje-tivo de avaliar o questionário, a logística do estu-do, bem como o desempenho dos entrevista-dores, conduziu-se um estudo piloto com mães ou responsáveis de escolares matriculados no 2º ano do ensino fundamental de uma das escolas municipais.
O desfecho de interesse foi a frequência de adesão a cada um dos "10 Passos para a Ali-mentação Saudável para Crianças". O Quadro 1 apresenta a descrição de cada passo e os critérios propostos para considerar que o escolar estava em conformidade com a recomendação.
Descrição dos 10 Passos e sumário dos critérios utilizados para considerar que um passo foi realizado.
Para os dados relativos ao consumo ali-mentar, desenvolveu-se um questionário de
fre-quência alimentar baseado no "Formulário de Marcadores de Consumo Alimentar",
constante no protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
(Sisvan)1919 Brasil. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional:
Sisvan na assistência à saúde. Brasília: Ministério da Saúde;
2008.. Optou-se por desmem-brar os
grupos em alimentos individuais, tendo em vista as dificuldades das
mães/responsáveis em responder sobre alimentos agregados, confor-me identificado no
estudo-piloto. Assim, 'salada crua' e 'legumes e verduras cozidas' foram
des-membrados em: alface, repolho, tomate, pepino, couve, moranga, chuchu, cenoura e
beterraba; 'frutas frescas ou salada de fruta' em frutas e sa-lada de frutas;
'hambúrguer e embutidos' em: linguiça/salsichão, mortadela, salsicha,
apresun-tado/presunto e salame; 'bolachas/biscoitos sal-gados ou salgadinhos de
pacote' em: biscoitos salgados e salgadinhos de pacote; e 'bolachas/biscoitos doces
ou recheadas, doces, balas, chocolates (em barra ou bombom)' em: biscoitos doces,
biscoitos recheados, bala, chocolate, chi-clete, pirulito e rapadurinha. O item
'batata frita, batata de pacote e salgados fritos (coxinha, quibe, pastel etc.)' foi
transformado em 'algum alimento frito'. Além dessas modificações, foram incluídos
alimentos como arroz, milho, aipim, batata, mas-sa, pães, queijo, carne, frango,
peixe, ovo, mar-garina, manteiga e suco em pó. A inclusão desses alimentos foi feita
com base em estudo de padrão alimentar, conduzido com mulheres adultas de São
Leopoldo2020 Alves AL, Olinto MTA, Costa JS, Bairros FS, Balbinotti MA. Dietary
patterns of adult women living in an urban area of Southern Brazil. Rev Saúde
Pública. 2006; 40(5):865-73.
http://dx.doi.org/10.1590/S0 034-8910200...
. O padrão alimentar dessas
mulheres foi utilizado como um indicativo dos alimentos que poderiam fazer parte da
dieta dos escolares. Para cada alimento, perguntou-se o número de dias, da semana
anterior à entrevista, em que ele fora ingerido.
Para os passos compostos por grupos de alimentos, como, por exemplo, o Passo 5 (in-gestão diária de alimentos do grupo do leite e das carnes), somou-se o número de dias que os alimentos de cada grupo foram ingeridos e consi-derou-se que a recomendação foi atingida se o somatório para cada grupo fosse >7. Assim, se o escolar tivesse ingerido leite (7 dias), iogurte (1 dia) e queijo (1 dia), o total de dias de ingestão seria 9, e ele teria atingido a recomendação para o grupo do leite, porém, para considerar que o passo foi atingido, o somatório para o grupo das carnes também deveria ser >7.
O Passo 2 recomenda a inclusão de ali-mentos do grupo dos carboidratos complexos nas refeições, ao longo do dia, o que pressupõe que a criança não deve ingerir sempre o mesmo ali-mento. Assim, considerou-se que o escolar atin-giu o passo se tivesse consumido três diferentes alimentos fontes de carboidratos complexos em todos os sete dias anteriores à entrevista.
Para os Passos 6 e 7, como a recomen-dação é evitar alimentos gordurosos e ricos em açúcar, respectivamente, considerou-se que o escolar atingiu os passos quando o somatório dos dia de consumo dos alimentos desses grupos foi igual a zero, pois esses alimentos devem ser evi-tados ou consumidos apenas ocasionalmente99 Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014..
Quanto ao Passo 10, o qual recomenda que as crianças sejam ativas, foram considerados
dois componentes: ser ativo e tempo de tela. Para o componente ser ativo, a mãe do
escolar ou o responsável por ele informou quantos dias dos sete dias anteriores à
entrevista ele realizou ati-vidades que fizeram com que ele suasse muito ou
respirasse mais forte do que o normal. Para o componente tempo de tela, a mãe ou o
respon-sável informou o número de horas em que o es-colar ficava em frente à
televisão, no computador ou jogando videogame em um dia típico. Ambas as questões
foram baseadas no questionário de atividade física do National Health and
Nutrition Examination Survey (NHANES) - 2003/20042121 National Health and Nutrition Examination Survey. 2003-04
Questionnaire: Physical activity and physical fitness [cited 2015 Jan 27].
Available from: http://www.cdc.gov/nchs/data/nhanes/nhanes_
03_04/sp_paq_c.pdf
http://www.cdc.gov/nchs/data/nhanes/nhan...
. Esse questionário mostrou validade moderada (coefi-ciente
de correlação de Spearman entre 0,45 e 0,63) e boa reprodutibilidade (coeficiente de
correlação intraclasse de 0,75 para meninos e 0,82 para meninas)2222 Crocker PR, Bailey DA, Faulkner RA, Kowalski KC, McGrath R.
Measuring general levels of physical activity: Preliminary evidence for the
physical activity questionnaire for older children. Med Sci Sports Exerc. 1997;
29(10):1344-9.
http://dx.doi.org/10. 1097/00005768-1997...
. Os pontos de corte para os componentes do
Passo 10 foram baseados no estudo de Anderson et al.
2323 Anderson SE, Economos CD, Must A. Active play and screen time in US
children aged 4 to 11 years in relation to sociodemographic and weight status
characteristics: A nationally representative cross-sectional analysis. BMC
Public Health. 2008; 8:366.
http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-8-36...
, que investigou uma amostra de
2.964 crianças americanas, entre 4 e 12 anos, partipantes dos
NHANES de 2001-2004, com o objetivo de estimar a proporção de crian-ças
insuficientemente ativas (atividade física <7 dias/semana) e/ou com tempo de tela
elevado (>2 horas/dia). No presente estudo, considerou-se que o escolar realizava
o Passo 10 se ele fosse ativo e ao mesmo tempo tivesse um tempo de tela < a 2
horas/dia, em todos os 7 dias anteriores à entre-vista.
As variáveis independentes foram: sexo do escolar (feminino/masculino); idade da mãe
ou responsável (coletada em anos completos e posteriormente categorizada em: 20-29;
30-39; 40 anos ou mais); cor da pele da mãe ou responsável (autorreferida e coletada
conforme IBGE - branca, preta, parda/mulata, amarela e indígena - e posteriormente
categorizada em: branca e não branca), escolaridade da mãe ou responsável (coletada
em anos completos de estudo e posteriormente categorizada em: <4 anos, 4 a 8 anos
e >8 anos); classificação eco-nômica (realizada com base no Critério de
Clas-sificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
[ABEP] 2424 Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critérios de
classificação econômica Brasil - 2010 [acesso 2010 jun 29]; Disponível em:
http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID= 301Acesso
http://www.abep.org/novo/Content.aspx?Co...
: A: 35 a 46 pontos; B: 23 a 34
pontos; C: 14 a 22 pontos; D: 8 a 13 pontos e E: 0 a 7 pontos).
Com o objetivo de verificar a reproduti-bilidade e avaliar a validade interna da pesquisa, entrevistou-se novamente uma amostra aleatória de 10% dos indivíduos participantes do estudo.
A digitação dos dados foi realizada com dupla entrada, no Programa EpiData, versão 3.1., com o objetivo de identificar erros de digitação. Para a análise dos dados, utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19.0. A frequência de adesão a cada um dos 10 Passos foi expressa em percentual e cal-culada a Média (M) e Desvio-Padrão (DP) do nú-mero de passos atingidos. Para a análise de as-sociação das variáveis estudadas com cada passo, utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson e de tendência linear, sendo considerado um nível de significância de 5%.
Por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, foram observadas as regras previstas na Resolução 466/13 e o protocolo de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e apro-vado sob o número 11/013. A mãe/responsável pelo escolar só respondia à entrevista após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
Ao todo, foram coletados dados de 847 escolares, o que representou 35,8% do total de 2.369 alunos matriculados no 1º ano, sendo 53,9% das entrevistas conduzidas nos domicílios. Foram excluídos das análises dezesseis escolares que estavam realizando dietas especiais e dezoito que tinham mais de 30,0% de dados faltantes no questionário, o que totalizou uma amostra de 813 indivíduos (34,3%).
Mais da metade dos escolares era do sexo masculino, com idade média de 6,8±0,5 anos; 40,6% das mães ou responsáveis tinham entre 30 e 39 anos; a maioria delas era de pele branca e 53,5% tinham entre 4 e 8 anos de estudo. A maioria das famílias dos escolares pertencia à classe econômica D e nenhuma pertencia à classe econômica A (Tabela 1).
As porcentagens de escolares que atin-giram a recomendação de cada passo variaram de 0% para o Passo 7 (evitar refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia) a 97% para o Passo 4 (consumo de feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana). Somente 14,5% dos escolares atingiram a recomendação do Passo 10 (ser ativo diariamente e evitar assistir à televisão por um longo período, jogar videogame ou brincar no computador) (Tabela 2).
Frequência de adesão a cada um dos "10 Passos da Alimentação Saudável Para Crianças" em escolares de 1º ano de escolas municipais. São Leopoldo (RS), Brasil, 2011 (n=813).
O número médio de passos atingidos foi 3,9 (DP=1,4), e a maioria dos escolares (58,6%) atingiu entre 3 e 4 passos. Apenas um escolar não atingiu nenhum passo, e nenhum escolar atingiu o total de 9 ou 10 passos (dados não de-monstrados).
Neste estudo, verificou-se que, para os marcadores de consumo alimentar saudável, houve maior frequência de ingestão diária de pães (85,1%), arroz (84,5%) e leite/derivados (90,2%). Marcadores de consumo alimentar não saudável, como margarina e fritura (49,9%), suco em pó (35,3%) e mortadela (25,1%), estavam entre os alimentos mais consumidos pelos escolares numa frequência diária. Em relação ao componente va-riabilidade do Passo 1, somente um quinto (19,8%) da amostra atingiu a recomendação. Contudo, 70,4% dos escolares realizavam as três refeições principais e no mínimo dois lanches por dia. Quanto ao Passo 10, as frequências dos com-ponentes ser ativo e tempo de tela foram, res-pectivamente, 55,4 e 26,3% (dados não de-monstrados).
A Tabela 3 mostra a frequência de esco-lares que atingiu cada passo segundo variáveis demográficas e socioeconômicas. Meninos atin-giram o Passo 9 mais frequentemente do que as meninas. Filhos de mães ou responsáveis mais velhas (>40 anos) atingiram mais frequentemente o Passo 10 (ser ativo e evitar muitas horas em frente à televisão, videogame ou computador). O contrário foi observado para o Passo 8 (diminuir a quantidade de sal na comida). Filhos de mães ou responsáveis não brancas apresentaram maior conformidade com o Passo 10 do que os filhos das mães ou responsáveis de cor de pele branca. Escolares cujas mães ou responsáveis tinham menos de 4 anos de estudo atingiram mais o Passo 2 e o Passo 10, e aqueles cujas mães ou respon-sáveis tinham mais do que 8 anos de estudo atingiram mais frequentemente o Passo 5 (con-sumo diário de leite/derivados e carnes, peixe, aves ou ovos). Quanto ao nível socioeconômico, escolares pertencentes à classe B/C atingiram a recomendação do Passo 5 mais frequentemente do que os que pertenciam às demais classes eco-nômicas. Já aqueles da classe E apresentaram maior conformidade com o Passo 9 (consumo diário de água ou sucos naturais) e com o Passo 10. Nenhuma das variáveis independentes apre-sentou associação estatisticamente significativa com os Passos 1, 3, 4 e 6.
DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo avaliar a frequência de adesão aos "10 Passos da
Ali-mentação Saudável para Crianças" e seus fatores associados em escolares.
Observou-se um baixo percentual de adesão às recomendações para a maioria dos passos
bem como um baixo número médio de passos atingido. Esses resultados são preocupantes
uma vez que os hábitos desenvol-vidos na infância tendem a se manter na
adoles-cência2525 Madruga SW, Araujo CL, Bertoldi AD, Neutzling MB. Tracking of
dietary patterns from childhood to adolescence. Rev Saúde Pública. 2012;
46(2):376-86.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89 10201...
e na vida adulta2626 Mikkila V, Räsänen L, Raitakari OT, Pietinen P, Viikari J.
Consistent dietary patterns identified from childhood to adulthood: The
cardiovascular risk in young finns study. Br J Nutr. 2005;
93(6):923-31.
http://dx.doi.org/10.1079/BJN20051418...
, e hábitos alimentares inadequados têm sido
associados positivamente com obesidade1313 Yu SH, Song YJ, Park M, Kim SH, Shin S, Joung H. Relationship
between adhering to dietary guidelines and the risk of obesity in Korean
children. Nutr Res Pract. 2014; 8(6):705-12.
http://dx.doi.org/10.4162/nrp.2014.8.6.7...
,
2727 Ambrosini GL, Emmett PM, Northstone K, Howe LD, Tilling K, Jebb SA.
Identification of a dietary pattern prospectively associated with increased
adiposity during childhood and adolescence. Int J Obes. 2012;
36(10):1299-305.
http://dx.doi.org/10.1038/ijo.2012.127...
e fatores de risco cardiome-tabólicos281 Berger S. The implementation of dietary guidelines-ways and
difficulties. Am J Clin Nutr. 1987; 45(5 Suppl):1383-9.. Embora a comparação direta com outros
estudos seja limitada pelas diferenças me-todológicas, em geral, os resultados do
presente estudo são consistentes com a literatura na-cional1515 Assis MA, Calvo MC, Kupek E, Vasconcelos FAG, Campos VC, Machado M,
et al. Qualitative analysis of the diet of a probabilistic sample of
schoolchildren from Florianopolis, Santa Catarina State, Brazil, using the
Previous Day Food Questionnaire. Cad Saúde Pública. 2010;
26(7):1355-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
16 Molina MCB, Lopéz PM, Faria CP, Cade NV, Zandonade E. Preditores
socioeconômicos da qualidade da alimentação de crianças. Rev Saúde Pública.
2010; 44(5):785-92.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
-
1717 Galego CR, D'Avila GL, Vasconcelos FAG. Factors associated with the
consumption of fruits and vegetables in schoolchildren aged 7 to 14 years of
Florianópolis, South of Brazil. Rev Nutr. 2014; 27(4):413-22.
http://dx.doi.org/10.1590/1415-52 732014...
e internacional1010 Basterfield L, Jones AR, Parkinson KN, Reilly J, Pearce MS, Reilly
JJ, et al. Physical activity, diet and BMI in children aged 6-8 years: A
cross-sectional analysis BMJ Open. 2014; 4:e005001.
http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2014-0...
,
1111 Lynch C, Kristjansdottir AG, Velde SJ, Lien N, Roos E, Thorsdottir
I, et al. Fruit and vegetable consumption in a sample of 11-year-old children in
ten European countries: The PRO GREENS cross-sectional survey. Public Health
Nutr. 2014; 17(11):2436-44.
http://dx.doi.org/10.1017/S1368 98001400...
, que também apon-tam para a pobre
qualidade da dieta das crianças e não conformidade com as recomendações dos guias
alimentares.
Ao se avaliarem os componentes do Passo 1 separadamente, verificou-se que um elevado
percentual dos escolares realizava as três refeições e os dois lanches, entretanto
somente um quinto da amostra tinha uma alimentação diária variada, contendo todos os
grupos alimentares. Esses achados atestam a monotonia da alimentação e,
consequentemente, a baixa qualidade da dieta da população estudada. A pouca
variedade da dieta também foi observada por Assis et al.
1515 Assis MA, Calvo MC, Kupek E, Vasconcelos FAG, Campos VC, Machado M,
et al. Qualitative analysis of the diet of a probabilistic sample of
schoolchildren from Florianopolis, Santa Catarina State, Brazil, using the
Previous Day Food Questionnaire. Cad Saúde Pública. 2010;
26(7):1355-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
ao investigarem a qualidade da dieta de
uma amostra probabilística de 1.232 escolares, de 7 a 10 anos, da
cidade de Florianópolis (SC), por meio do Questionário Alimentar do Dia Anterior
(Quada). Nesse estudo, os autores verificaram que somente 2,0% dos escolares
consumiram os cinco grupos alimentares no dia de referência da pesquisa.
Um percentual baixo de escolares (12,1%) atingiu o Passo 2 (incluir diariamente
cereais, tu-bérculos e raízes nas refeições). É possível que o critério para
considerar adesão ao passo - con-sumir, no mínimo, 3 alimentos diferentes do grupo
de carboidratos complexos, todos os dias -, tenha sido muito conservador. O
objetivo, entretanto, era evitar que se considerasse, indevidamente, como tendo
atingido o passo um escolar que só ingerisse um único componente desse grupo
alimentar. Essa é uma preocupação pertinente tendo em vista que o pão e o arroz,
alimentos com alto e médio índice glicêmico2929 Lajolo FM, Menezes EW. Tabela brasileira de composição de alimentos.
Projeto integrado de composição de alimentos [acesso 2015 jan 31]. Disponível
em: http://www.fcf.usp.br/tabela
http://www.fcf.usp.br/tabela...
, foram consu-midos diariamente por um elevado percentual de escolares.
Dados de 205 participantes do Dortmund Nutritional and Anthropometric
Longitudinally Designed Study (Donald study) mostraram
que a ingestão de alimentos com alto IG na puberdade associou-se positivamente com
maiores níveis de Interleucina 6 no início da vida adulta, um mediador
pró-inflamatório as-sociado com risco cardiovascular3030 Goletzke J, Buyken AE, Joslowski G, Bolzenius K, Remer T, Carstensen
M et al. Increased intake of carbohydrates from sources with a higher glycemic
index and lower consumption of whole grains during puberty are prospectively
associated with higher IL-6 concentrations in younger adulthood among healthy
individuals. J Nutr. 2014; 144(10): 1586-93.
http://dx.doi.org/10.3945/jn.114.193391...
.
É importante destacar que somente 37,8% da amostra estavam em conformidade com o
Passo 3, ou seja, consumiam frutas e hortaliças diariamente. Essa situação pode ser
até mais crítica se for levado em conta que não se obteve informação sobre o número
de porções con-sumidas pelos escolares. Estudos conduzidos com crianças da mesma
faixa etária do presente estu-do, ou mais velhas, também apontam para o baixo
consumo desse grupo alimentar. Entre os parti-cipantes de 6 a 8 anos do
Gateshead Millennium Study, um estudo de coorte conduzido na
região nordeste da Inglaterra, somente 3,1% consumiam a quantidade recomendada de
frutas e horta-liças1010 Basterfield L, Jones AR, Parkinson KN, Reilly J, Pearce MS, Reilly
JJ, et al. Physical activity, diet and BMI in children aged 6-8 years: A
cross-sectional analysis BMJ Open. 2014; 4:e005001.
http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2014-0...
. Dados do Pro Greens,
um projeto que ava-liou o consumo de frutas e vegetais de 8.158
crianças, de 11 anos de idade, de 10 países euro-peus, por meio de recordatório de
24 horas e de questionário de frequência alimentar, revelaram que somente 23,5%
ingeriam a quantidade reco-mendada pela Organização Mundial da Saúde (>400
g/dia)11. Em uma amostra probabilística de 2.863
escolares de Florianópolis, de 7 a 14 anos, a recomendação de ingerir >5
porções/dia de frutas e verduras foi atingida por apenas 4,7% dos escolares, tanto
entre aqueles de 7 a 9 anos, quanto entre os mais velhos17. A situação
revelada pelos estudos é preocupante, uma vez que o con-sumo insuficiente desses
grupos alimentares aumenta o risco para a ocorrência de doenças crônicas não
transmissíveis3131 World Health Organization. Global health risks: Mortality and burden
of disease attributable to selected major risks. Geneva: WHO;
2009..
Em relação ao Passo 4 (consumo diário de arroz e feijão), a elevada frequência de
adesão a ele chama a atenção, na medida em que dados nacionais sobre disponibilidade
alimentar nos domicílios mostraram uma tendência de dimi-nuição no consumo de arroz
e feijão3232 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de
Orçamentos Familiares 2008-2009. Avaliação nutricional da disponibilidade
domiciliar de alimentos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. O achado do presente estudo
poderia ser atribuído ao baixo nível econômico da população estudada (82,6%
pertenciam às classes econômicas D e E), uma vez que os dados da Pesquisa de
Orçamentos Fa-miliares (POF) de 2008-2009 mostraram maior disponibilidade desses
alimentos nos domicílios cuja renda familiar per capita
encontrava-se nos quintos mais baixos da distribuição3333 Levy RB, Claro RM, Mondini L, Sichieri R, Monteiro CA. Distribuição
regional e socioeconômica da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil
em 2008-2009. Rev Saúde Pública. 2012; 46(1):6-15.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011...
. O consumo desses alimentos deve ser sempre estimulado, pois
estudos conduzidos com adultos têm evidenciado o efeito protetor do padrão comum
brasileiro (ar-roz e feijão) contra o excesso de peso3434 Olinto MT, Gigante DP, Horta B, Silveira V, Oliveira I, Willett W.
Major dietary patterns and cardiovascular risk factors among young Brazilian
adults. Eur J Nutr. 2012; 51(3):281-91.
http://dx.doi.org/10.1007/s00394-011-021...
e as doen-ças cardiovasculares3535 Mattei J, Hu FB, Campos H. A higher ratio of beans to white rice is
associated with lower cardiometabolic risk factors in Costa Rican adults. Am J
Clin Nutr. 2011; 94(3):869-76.
http://dx.doi.org/10.3945/ajcn.111.01321...
.
O Passo 5, que recomenda a oferta diária de leite/derivados e
carnes/aves/peixes/ovos, foi um dos passos com maior percentual de adesão (68,9%).
Ao se analisarem separadamente os seus componentes, observou-se que o percentual de
escolares que ingeria o grupo do leite/derivados diariamente foi maior do que o
grupo das carnes (90,2 vs. 75,8%). No estudo de Assis et
al.
1515 Assis MA, Calvo MC, Kupek E, Vasconcelos FAG, Campos VC, Machado M,
et al. Qualitative analysis of the diet of a probabilistic sample of
schoolchildren from Florianopolis, Santa Catarina State, Brazil, using the
Previous Day Food Questionnaire. Cad Saúde Pública. 2010;
26(7):1355-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
, o contrário foi encontrado: enquanto
73,5% atin-giram a recomendação para o grupo das carnes, somente 37,9% atingiram a
recomendação para o grupo do leite/derivados. O maior percentual de escolares que
atingiram a recomendação de ingestão do grupo do leite/derivados do presente estudo
poderia ser atribuído à faixa etária estu-dada (6-8 anos), para a qual esses
alimentos ainda são importantes constituintes da dieta, bem como às diferenças na
obtenção da informação da in-gestão alimentar e definição dos critérios para atingir
o passo. A ingestão de leite/derivados deve ser estimulada, uma vez que recente
estudo de revisão evidenciou a importância dos produtos lácteos no crescimento
linear e na saúde óssea durante a infância3636 Dror DK, Allen LH. Dairy product intake in children and adolescents
in developed countries: Trends, nutritional contribution, and a review of
association with health outcomes. Nutr Rev. 2014; 72(2):68-81.
http://dx.doi.org/10.1111/nure.12078...
.
A baixa frequência de adesão ao Passo 6 e a não adesão ao Passo 7 indicam que os
esco-lares estão consumindo alimentos ultraproces-sados, com alto teor de açúcar,
gordura e sal, contrariando a recomendação do Guia Alimentar9 de
evitá-los. No estudo que avaliou a tendência temporal da disponibilidade domiciliar
de itens alimentares no Brasil, segundo o grau de proces-samento industrial, os
autores verificaram que a contribuição dos alimentos ultraprocessados para o total
de calorias per capita aumentou entre 2002-2003 e 2008-2009,
passando de 20,8 para 25,4%3737 Martins APB, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA.
Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira
(1987-2009). Rev Saúde Pública. 2013; 47(4):656-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.201...
. Dados de uma
coorte de crianças do mesmo município do presente estudo mostraram que o consumo de
alimentos ultraprocessados na idade pré-escolar foi um preditor independente do
aumento nos níveis séricos de colesterol total e LDL-colesterol na idade de 7 e 8
anos3838 Rauber F, Campagnolo PD, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of
ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: A
longitudinal study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2015;
25(1):116-22.
http://dx.doi.org/10.1016/j.numecd.2014....
.
A recomendação de diminuir o sal da co-mida (Passo 8) foi atingida por um elevado
percentual de escolares (85%). Esse resultado, entretanto, deve ser visto com
cautela, uma vez que não se avaliou a quantidade de sal da dieta. Assim, o
percentual de adesão poderia estar superestimado, especialmente se for considerado
que os escolares consumiam alimentos ultrapro-cessados, que aportam quantidade de
sal bem acima das recomendações. Esse aspecto é preocu-pante, pois existem
evidências de que consumo excessivo de sal durante a infância pode aumentar os
níveis pressóricos. Dados do Donald study, com crianças alemãs,
mostraram que a cada aumento de 1 g/dia no consumo de sal houve um aumentou em 0,2
mmHg na pressão sanguínea sistólica3939 Shi L, Krupp D, Remer T. Salt, fruit and vegetable consumption and
blood pressure development: A longitudinal investigation in healthy children. Br
J Nutr. 2014; 111(4):662-71.
http://dx.doi.org/10.1017/S0007114513002...
.
Em relação à ingestão de líquidos (água e sucos naturais), somente um terço dos
escolares atingiu a recomendação. Esse dado, entretanto, poderia estar subestimado,
uma vez que a in-formação foi dada pela mãe ou responsável. Estudos de coorte
prospectivos, com adultos, têm evidenciado que maior consumo de água em substituição
ao consumo de bebidas açucaradas tem efeito protetor contra o ganho de peso a longo
prazo4040 Pan A, Malik VS, Hao T, Willett WC, Mozaffarian D, Hu FB. Changes in
water and beverage intake and long-term weight changes: Results from three
prospective cohort studies. Int J Obes. 2013; 37(10):1378-85.
http://dx.doi.org/10.1038/ijo.20 12.225...
.
Assim como a alimentação saudável, a prática de atividade física também é um
compo-nente importante para promoção da saúde. Quando se considerou o componente
ser ativo do Passo 10, metade dos escolares realizou ativi-dade
física todos os sete dias anteriores à entre-vista, resultado consistente com outros
estudos4141 Dumith SC. Physical activity in Brazil: A systematic review. Cad
Saúde Pública. 2009; 25(Suppl 3): S415-26.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2 00...
. Entretanto, é difícil fazer
comparações, uma vez que os instrumentos utilizados para a avaliação da atividade
física diferem entre as pesquisas. Além disso, os dados sobre atividade física foram
fornecidos pela mãe/responsável do escolar, o que poderia diminuir a precisão dessa
medida, resul-tando em sub ou superestimativa da frequência de escolares
suficientemente ativos. Entretanto, a obtenção desse tipo de informação de crianças
mais jovens é limitada pela sua menor habilidade cognitiva, além de ser menos comum
a sua parti-cipação em atividades físicas estruturadas4242 Foster E, Adamson AJ, Anderson AS, Barton KL, Wrieden WL. Estimation
of portion size in children's dietary assessment: Lessons learnt. Eur J Clin
Nutr. 2009; 63 (Suppl 1):S45-9.
http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2008.64...
.
Além da prática de atividade física, ativi-dades sedentárias como assistir à
televisão, jogar videogame e fazer uso do computador também vêm sendo investigadas.
Neste estudo, tais ativi-dades foram denominadas de tempo de tela.
Observou-se que somente 26,3% dos escolares apresentaram tempo de tela <2
horas/dia. Estudos apontaram associação positiva entre tempo de tela e aumento dos
marcadores de risco cardiovas-cular4343 Stamatakis ECN, Jago R, Gama A, Mourão I, Nogueira H, Rosado V,
Padez C. Type-specific screen time associations with cardiovascular risk markers
in children. Am J Prev Med. 2013; 44(5):481-8.
http://dx.doi.org/10.1016/j.amepre.2013....
, bem
como do índice de massa corporal44.
Quanto às associações entre as variáveis sociodemográficas e a adesão aos passos,
poucas apresentaram significância estatística. Em geral, meninas apresentam consumo
alimentar mais saudável do que os meninos12.12 Hiza HAB, Casavale KO, Guenther PM, Davis CA. Diet quality of
americans differs by age, sex, race/ethnicity, income, and education level. J
Acad Nutr Diet. 2013; 113(2):297-306.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jand.2012.08...
Neste estudo, entretanto, o sexo masculino esteve
positiva-mente associado com o Passo 9 (consumo diário de água e sucos naturais),
resultado que poderia ser explicado pelo fato de os meninos da amostra estudada
serem significativamente mais ativos fisicamente do que as meninas (41,5
vs. 28,1%), o que poderia determinar maior ingestão de
líquidos.
Melhor nível de educação dos pais/res-ponsáveis e maior renda estão associados a um
padrão alimentar mais saudável4545 Jones LR, Steer CD, Rogers IS, Emmett PM. Influences on child fruit
and vegetable intake: Sociodemographic, parental and child factors in a
longitudinal cohort study. Public Health Nutr. 2010;
13(7):1122-30.
http://dx.doi.org/10.1017/S13689 8001000...
, que pode
ser explicado tanto pelo maior conhecimento sobre a relação entre nutrição e saúde,
quanto pelo maior acesso a alimentos que têm custo mais elevado, como é o caso das
frutas e verduras, e de alimentos fontes de proteínas de alto valor biológico4646 Claro RM, Monteiro CA. Renda, preço dos alimen-tos e participação de
frutas e hortaliças na dieta. Rev Saúde Pública. 2010;
44(6):1014-20.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
. No presente estudo, escolares cujas
mães/responsáveis tinham mais escolaridade e aqueles pertencentes às classes
econômicas B e C apresentaram maior adesão ao Passo 5 (con-sumo diário de
leite/derivados e de carne/aves/peixes/ovos). Contrariamente, maior adesão ao Passo
2 foi observada em escolares de mães/res-ponsáveis com menor escolaridade e naqueles
que se encontravam na classe econômica E. Esses resultados não surpreendem uma vez
que os alimentos fontes de carboidratos complexos são mais baratos quando comparados
a frutas, ver-duras, lácteos e carnes, o que facilita o acesso a eles pelas classes
de menor poder aquisitivo, conforme identificado na POF de 2008-20094646 Claro RM, Monteiro CA. Renda, preço dos alimen-tos e participação de
frutas e hortaliças na dieta. Rev Saúde Pública. 2010;
44(6):1014-20.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
. O preço dos alimentos é um aspecto
importante na determinação do padrão de consumo, já que esses escolares vivem na
área urbana, e mais de 85.0% das mães/responsáveis informaram que os ali-mentos são
comprados em supermercados e mer-cadinhos do bairro. Não se pode descartar,
entre-tanto, que a utilização do critério da ABEP não é suficiente para definir as
condições socioeco-nômicas de uma população, pois ele é baseado na presença de bens
no domicílio, e, segundo uma publicação da Secretaria de Assuntos Estratégicos do
Governo Federal, a renda familiar média mensal correspondente à classe econômica E
seria de 536 reais, pelo critério Brasil, e de 227 reais, segundo o Grau de
Vulnerabilidade, em abril de 20124747 Brasil. Secretaria de Assuntos Estratégicos. Per-guntas e respostas
sobre a definição de classe média [acesso 2014 dez 15]. Disponível em: http://
www.sae.gov.br/site/?p=13431
http://
www.sae.gov.br/site/?p=13...
.
A adesão ao Passo 10 (ser ativo e ter tem-po de tela <2 horas/dia) foi mais
frequente em escolares de mães mais velhas, que se autode-clararam não brancas, e
que tinham menor esco-laridade, e entre aqueles que pertenciam à classe econômica E.
Esses achados parecem contro-ver-sos quando confrontados com a literatura. No estudo
de Andrade Neto et al.
4848 Andrade Neto F, Eto FN, Pereira TSS, Carletti L, Molina MCB. Active
and sedentary behaviours in children aged 7 to 10 years old: The urban and rural
contexts, Brazil. BMC Public Health. 2014; 14:1174.
http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-14-1...
, com escolares de 7 a 10 anos, de duas
cidades do estado do Espírito Santo, uma urbana e outra rural, os auto-res
observaram que os escolares fisicamente ativos eram aqueles cujas mães tinham maior
escola-ridade, na área urbana, e aqueles com melhor nível socioeconômico, na área
rural. Para o com-portamento sedentário, um estudo conduzido com 402 crianças
americanas, de 8 a 11 anos, encontrou maior tempo de tela entre as crianças de menor
nível socioeconômico4949 Drenowatz C, Eisenmann JC, Pfeiffer KA, Welk G, Heelan K, Gentile D,
et al. Influence of socio-economic status on habitual physical activity and
sedentary behavior in 8- to 11-year old children. BMC Public Health. 2010;
10:214.
http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-10-2...
. Diferente-mente, o
estudo conduzido com adolescentes de 11 anos, pertencentes à coorte de nascimentos
de 1983, de Pelotas (RS)5050 Dumith SC, Hallal PC, Menezes AMB, Araújo CL. Sedentary behavior in
adolescents: The 11-year follow-up of the 1993 Pelotas (Brazil) birth cohort
study. Cad Saúde Pública. 2010; 26(10):1928-36.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010...
, demonstrou que o
nível socioeconômico associou-se positivamente com o comportamento sedentário. Os
autores argu-mentam que as diferenças entre seus resultados e aqueles de estudos
realizados em países industrializados se devem ao fato de que, nesses países, mesmo
os indivíduos de menores níveis socioeconômicos têm maior poder de compra do que
seus pares em países de baixa e média renda. Esse argumento também valeria para a
cor da pele e para a escolaridade. Assim, a maior adesão ao Passo 10 pelos escolares
de maior vulnera-bilidade socioeconômica, do presente estudo, poderia ser atribuída
a sua menor capacidade de compra de produtos eletrônicos, como compu-tador e
videogame, e, consequentemente, maior tempo despendido com atividade física não
estruturada. Esses achados, contudo, devem ser vistos com cautela, tendo em vista
que os dados tanto de atividade física quanto de comporta-mento sedentário foram
fornecidos pelas mães/responsáveis.
Os resultados do presente estudo devem ser considerados à luz de algumas limitações.
Primeiramente, não foi possível investigar todos os escolares matriculados no 1º ano
do ensino fundamental das escolas municipais, como estava previsto. Ao se compararem
os escolares inves-tigados e aqueles que não participaram do estudo, verificou-se
uma diferença estatisticamente signi-ficativa, porém de pequena magnitude, na média
de idade (6,9±0,54 anos vs. 6,7±0,40 anos), e maior proporção de
meninos na amostra inves-tigada (52,9%) do que na população não estu-dada (49,1%).
Contudo, dados preliminares de um estudo com os mesmos escolares identificou que a
prevalência de excesso de peso (38,1%; IC95% 34,7-41,5%) foi semelhante aos que não
participaram do estudo (39,7%; IC95% 37,2-42,3%)5151 Vicenzi K. Insegurança alimentar e excesso de peso em escolares do
1o ano do ensino fundamental da rede municipal de São Leopoldo/RS [mestrado].
São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos; 2012.. Em segundo lugar, o instrumen-to de avaliação da ingestão alimentar
utilizado neste estudo não foi validado1919 Brasil. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional:
Sisvan na assistência à saúde. Brasília: Ministério da Saúde;
2008.,
entretanto a for-ma como foi concebido permite identificar a ingestão de alimentos
considerados marcadores de alimentação saudável e não saudável, além de ser de fácil
aplicação. O erro recordatório em relação às informações sobre ingestão alimentar e
atividade física do escolar, fornecidas pelas mães/responsáveis, também pode ser
considerado uma limitação deste estudo. Entretanto, crianças na faixa etária
estudada (6 a 8 anos) ainda não têm habilidades cognitivas para responder a um
inquérito dietético4242 Foster E, Adamson AJ, Anderson AS, Barton KL, Wrieden WL. Estimation
of portion size in children's dietary assessment: Lessons learnt. Eur J Clin
Nutr. 2009; 63 (Suppl 1):S45-9.
http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2008.64...
. Importante considerar
que a determinação do consumo alimentar é uma tarefa complexa, sendo inúmeros os
fatores que interferem e dificultam a obtenção de dados de ingestão de um indivíduo,
especialmente quando se utiliza um informante proxy. Outra
limitação importante do presente estudo diz respeito tanto à operacionalização de
cada passo quanto aos critérios utilizados para considerar que eles tenham sido
atingidos. Assim, a porcentagem de adesão ao Passo 2, por exemplo, poderia estar
subestimada, uma vez que se considerou que o passo era atingido se o escolar tivesse
ingerido 3 alimentos fontes de carboidrato diferentes, em todos os 7 dias anteriores
à entrevista. Já a adesão ao Passo 8 poderia estar superestimada, tendo em vista que
não foi avaliada a quantidade de sal presente nas preparações. Apesar dessas
limita-ções, em geral, os resultados estão na mesma direção daqueles encontrados na
literatura.
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo demonstram baixa frequência de realização da maioria dos pas-sos, salientando-se que nenhum escolar atingiu todos os 10 passos. A combinação entre alguns comportamentos, como ingestão de carboidratos com elevada carga glicêmica, consumo de alimen-tos ultraprocessados, baixo consumo de fru-tas/hortaliças, baixa frequência de atividade física e tempo excessivo em atividades sedentárias, sinaliza que essa população poderia estar em risco para a ocorrência de desfechos desfavoráveis em saúde. Esses achados suscitam a necessidade da atuação de diferentes atores, tais como governo, produtores e comerciantes de alimentos, bem como a escola, para potencializar a adesão desse segmento populacional às recomendações do guia alimentar, o qual foi recentemente atualizado e preconiza a informação como um recurso para auxiliar os indivíduos a fazerem escolhas saudá-veis. Entretanto, a adoção de uma alimentação saudável depende de outros aspectos, como a capacidade de compra e o preço dos alimentos. Quanto às associações entre as variáveis estu-dadas e cada passo, nem todas mostraram signi-ficância estatística, contrastando com a literatura. Esses resultados indicam a necessidade de mais estudos, tanto qualitativos quanto quantitativos, para melhor compreender esses achados.
-
COLABORADORES
AP WEBER participou da coordenação da pes-quisa, do planejamento, delineamento, da logística, coleta de dados, análise, interpretação e discussão dos resultados, redação e revisão do texto. RL HENN coor-denou a pesquisa principal, o planejamento, deli-neamento, a logística, coleta de dados, análise, inter-pretação e discussão dos resultados, redação e revisão do artigo. K VICENZI e V BACKES participaram da coor-denação da pesquisa, do planejamento, delineamento, da logística, coleta de dados e discussão dos resultados. VMV PANIZ colaborou na análise e discussão dos resul-tados e na revisão do artigo. MTA OLINTO colaborou no planejamento do estudo e na revisão do artigo.
REFERÊNCIAS
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
May-Jun 2015
Histórico
-
Recebido
26 Maio 2014 -
Revisado
03 Fev 2015 -
Aceito
05 Mar 2015