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Influência do estado nutricional, distribuição da gordura corporal e força muscular na estabilometria de idosas

Influence of nutritional status, distribution of body fat and muscle strength on stabilometry of the elderly

Resumos

OBJETIVO:

Investigar as associações entre diversas medidas indicadoras do estado nutricional, a força muscular e as diferentes variáveis estabilométricas em uma amostra de idosas.

MÉTODOS:

Neste estudo exploratório de corte transversal, 108 idosas tiveram suas variáveis estabilométricas avaliadas através de uma plataforma de força, em duas condições experimentais: olhos abertos e olhos fechados. Verificaram-se as associações entre as variáveis explicativas: idade, massa corporal, estatura, índice de massa corporal, circunferência de quadril, circunferência de cintura, relação cintura/quadril, percentual de gordura corporal, massa gorda, massa magra, área muscular de braço corrigida, força isométrica voluntária máxima e diversas variáveis estabilométricas: amplitude anteroposterior, deslocamento da oscilação e área elíptica da superfície, dentre outras.

RESULTADOS:

Com exceção da estatura, todas as variáveis explicativas associaram-se significativamente com as variáveis estabilométricas. A regressão múltipla (forward) revelou que a circunferência de cintura e a força isométrica voluntária máxima foram as variáveis que mais influenciaram as variáveis estabilométricas, entretanto sem diferenças significativas entre as condições olhos abertos e olhos fechados. O percentual de gordura parece não sobrecarregar o sistema de controle postural. Na condição olhos abertos, a variável estabilométrica desvio--padrão médio-lateral foi a mais influenciada pelas variáveis explicativas. A circunferência de cintura foi respon-sável por 8,8% de toda variação do desvio-padrão médio-lateral e a força isométrica voluntária máxima contribuiu com 9,4% adicionais.

CONCLUSÃO:

Os resultados sugerem que a distribuição centrípeta de gordura corporal associada à diminuição da força muscular são as principais responsáveis pelas alterações estabilométricas em idosas.

Composição corporal; Equilíbrio postural; Estado nutricional; Força muscular


OBJECTIVE:

To investigate the association and the relative contribution of different measurements used as indicators of nutritional status and muscle strength with different stabilometric variables in a sample of elderly.

METHODS:

In this cross-sectional study and exploratory, stabilometry with the use of force platform was performed with 108 elderly women selected in two experimental conditions: eyes open and eyes closed. It was found associations between explanatory variables: age, body mass, height, body mass index, hip circumference, waist circumference, waist to hip ratio, percentage of body fat, fat mass, lean body mass, corrected arm muscle area, maximum voluntary isometric strength and the stabilometric several variables: anteroposterior amplitude, cop displacement and elliptical surface area, among others.

RESULTS:

The explanatory variables associated significantly with the stabilometric variables, except height. Multiple regression analysis (forward) revealed that waist circumference and the maximum voluntary isometric strength were the variables that most influenced stabilometric variables without major significant differences between the conditions of eyes open and eyes closed. The % body fat seems not to overload the system postural control sample of this study. The variable stabilometric mediolateral standard deviation (eyes open) was the most influenced by the explanatory variables. The waist circumference was responsible for 8.8% of all variation of mediolateral standard deviation and maximum voluntary isometric strenght contributed 9.4% additionally.

CONCLUSION:

The regression analysis suggests that the centripetal distribution of body fat associated with reduced muscle strength are responsible, partly, for stabilometric changes in elderly women.

Body composition; Postural balance; Nutritional status; Muscle strenght


INTRODUÇÃO

O envelhecimento é caracterizado por uma importante perda de funcionalidade11. Kirkwood TBL, Austad SN. Why do we age? Nature. 2000; 408(6809):233-8. http://dx.doi.org/10.1038/35041682.
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,22. Rubenstein LZ. Falls in older people: Epidemiology, risk factors and strategies for prevention. Age Ageing. 2006; 35(2):37-41. http://dx.doi.org/10.10 93/ageing/afl084.
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, e uma das consequências mais drásticas dessa perda é a queda. Sabe-se que durante o processo de en-velhecimento há um aumento significativo no número de episódios de queda que pode ser atribuído ao declínio do desempenho do sistema de controle postural33. Mancini M, Horak FB. The relevance of clinical balance assessment tools to differentiate balance deficits. Eur J Phys Rehabl Med. 2010; 46(2):239-48..

O controle postural é mantido por vários sistemas: sensorial (somatossensorial, visual e vestibular), motor e um sistema de controle central de integração, que envolve complexas interações entre os vários sistemas neurais. Todos esses sistemas são afetados, de maneira inde-pendente, pelo envelhecimento33. Mancini M, Horak FB. The relevance of clinical balance assessment tools to differentiate balance deficits. Eur J Phys Rehabl Med. 2010; 46(2):239-48..

É de extrema relevância dispor de instru-mentos que possam avaliar adequadamente o sistema de controle postural, principalmente, por sua relação com o risco de quedas. O mais utili-zado e referido na literatura é a estabilometria com o uso da plataforma de força, que permite quantificar diversas variáveis derivadas do centro de pressão (do inglês center of pressure)33. Mancini M, Horak FB. The relevance of clinical balance assessment tools to differentiate balance deficits. Eur J Phys Rehabl Med. 2010; 46(2):239-48.,44. Duarte M, Freitas SMSF. Revisão sobre posturografia ba-seada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Rev Bras Fisio. 2010; 14(3):183-92.. Essas variáveis estabilométricas sofrem alterações significativas com o avançar da idade55. Abrahamová D, Hlavacka F. Age-related changes of human balance during quiet stance. Physiol Res. 2008; 57(6):957-64., entretanto são muitos os fatores que podem contribuir para as alterações, como o medo de cair66. Nardone A, Schieppati M. The role of instrumental assessment of balance in clinical decision making. Eur J Phys Rehabil Med. 2010; 46(2):221-37., a interação medicamentosa77. Pajala S, Era P, Koskenvuo M, Kaprio J. Force platform balance measures as predictors of indoor and outdoor falls in community-dwelling women aged 63-76 years. J Gerontol. 2008; 63(2):171-8., algumas disfunções muscu-loesqueléticas88. Lihavainen K, Sipilä S, Rantanen T, Sihvonen S, Sulkava R, Hartikainen S. Contribution of musculoskeletal pain to postural balance in community-dwelling people aged 75 years and older. J Gerontol. 2010; 65(9):990-6. http://dx.doi. org/10.1093/gerona/glq052.
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, doenças neurológicas33. Mancini M, Horak FB. The relevance of clinical balance assessment tools to differentiate balance deficits. Eur J Phys Rehabl Med. 2010; 46(2):239-48., dentre outras.

Além dos fatores extrínsecos e/ou pato-lógicos que influenciam negativamente o controle postural e elevam os riscos de quedas, as alte-rações da morfologia e/ou da composição corpo-ral podem ser consideradas possíveis fatores in-trínsecos de instabilidade postural durante o processo de envelhecimento99. Baumgartner RN, Koehler KM, Gallagher D, Romero L, Heymstleld SB, Ross RR, et al. Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico. Am J Epidemiol. 1998; 147(8):755-63.,1010. Waters DL, Hale L, Grant AM, Herbison P, Goulding A. Osteoporosis and gait and balance disturbances in older sarcopenic obese New Zealanders. Osteoporos Int. 2010; 21(2):351-7. http://dx.doi. org/10.1007/s00198-009-0947-5.
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. Nessa direção, mais recentemente, medidas e índices como a por-centagem de gordura corporal1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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12. Blaszczyk JW, Plewa M, Cies J, Zahorska-Markiewicz B, Markiewicz A. Effects of excessive body weight on postural control. J Biomech. 2009; 42(9):1295-300. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbiomech.2009.03.006.
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-1313. Mainenti M, Rodrigues EC. Adiposity and postural balance control: Correlations between bioelectrical impedance and stabilometric signal in elderly Brazilian women. Clinics. 2011; 66(9):1513-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-593220110009 00001.
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, o Índice de Massa Corporal (IMC)1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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,1313. Mainenti M, Rodrigues EC. Adiposity and postural balance control: Correlations between bioelectrical impedance and stabilometric signal in elderly Brazilian women. Clinics. 2011; 66(9):1513-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-593220110009 00001.
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, a massa muscular es-quelética1313. Mainenti M, Rodrigues EC. Adiposity and postural balance control: Correlations between bioelectrical impedance and stabilometric signal in elderly Brazilian women. Clinics. 2011; 66(9):1513-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-593220110009 00001.
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,1414. Handrigan G, Hue O, Simoneau M, Corbeil P, Marceau P, Marceau S, et al. Weight loss and muscular strength affect static balance control. Int J Obesity. 2010; 34(5):936-42. http://dx.doi.org/10.1038/ijo.2009.300.
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, a razão cintura/quadril1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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, a circun-ferência de cintura1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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, a circunferência de quadril1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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e a força muscular1414. Handrigan G, Hue O, Simoneau M, Corbeil P, Marceau P, Marceau S, et al. Weight loss and muscular strength affect static balance control. Int J Obesity. 2010; 34(5):936-42. http://dx.doi.org/10.1038/ijo.2009.300.
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vêm chamando a atenção dos pesquisadores pelo seu potencial de influen-ciar negativamente o controle postural dos sujeitos.

Durante o processo de envelhecimento, são verificadas alterações importantes na mor-fologia e na composição corporal. Verifica-se, por exemplo, a diminuição da massa corporal magra, principalmente da massa muscular esquelética, diminuição da força muscular, aumento pro-gressivo e redistribuição da gordura corporal e acúmulo na região abdominal (distribuição centrípeta da gordura corporal) e nos quadris, que na mulher persiste até os 75 anos1010. Waters DL, Hale L, Grant AM, Herbison P, Goulding A. Osteoporosis and gait and balance disturbances in older sarcopenic obese New Zealanders. Osteoporos Int. 2010; 21(2):351-7. http://dx.doi. org/10.1007/s00198-009-0947-5.
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. De forma geral, são notáveis as prevalências de alterações do estado nutricional na população idosa, contudo não foi estabelecido se essas alterações influenciam as variáveis estabilométricas.

A prevalência de sobrepeso e de obesidade dentre as idosas é marcante e vem sendo as-sociada às alterações do equilíbrio em alguns estudos1313. Mainenti M, Rodrigues EC. Adiposity and postural balance control: Correlations between bioelectrical impedance and stabilometric signal in elderly Brazilian women. Clinics. 2011; 66(9):1513-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-593220110009 00001.
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,1515. Winters K. Body composition predicts bone mineral density and balance in premenopausal women. J Women's Health Gender-Based Med. 2000; 9(8):856-72.,1616. Hassinen M, Komulainen P, Lakka TA, Väisänen SB, Rauramaa R. Associations of body composition and physical activity with balance and walking ability in the elderly. J Phys Act Health. 2005; 3:298-306.. Ademais, tem-se sugerido que o excesso de massa corporal, em associação com a distribuição centrípeta da gordura corporal, possa alterar o equilíbrio (tanto estático quanto dinâ-mico), podendo, portanto, modificar a localização do centro de massa corporal, levando à insta-bilidade do controle postural1212. Blaszczyk JW, Plewa M, Cies J, Zahorska-Markiewicz B, Markiewicz A. Effects of excessive body weight on postural control. J Biomech. 2009; 42(9):1295-300. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbiomech.2009.03.006.
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.

Apesar de reconhecida a influência do excesso de peso e de adiposidade bem como o tipo de distribuição da gordura central ou peri-férica sobre a instabilidade postural, em sujeitos classificados com magreza excessiva ou baixo peso também foram observados alterações de equi-líbrio e risco de quedas1717. Kinney JM. Nutritional frailty, sarcopenia and falls in the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metabol Care. 2004; 7(1):15-20.,1818. Miller MD, Thomas JM, Cameron ID, Sheng Chen J, Sambrook PN, March LM, et al. BMI: A simple, rapid and clinically meaningful index of under-nutrition in the oldest old? Br J Nutr. 2008; 101(9):1300-5.. Alguns estudos vão além, observando que, em idosos, o aumento da massa corporal pode reduzir o risco de cair1919. Young Y, Myers AH, Provenzano G. Factors associated with time to first hip fracture. J Aging Health. 2001; 13(4):511-26..

Sabe-se também que a redução da força muscular e da massa muscular tem sido citada como importante fator de risco para limitações funcionais, representando um aspecto crítico para a alteração do equilíbrio postural do idoso1717. Kinney JM. Nutritional frailty, sarcopenia and falls in the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metabol Care. 2004; 7(1):15-20.,2020. Rantanen T, Guralnik JM, Sakari-Rantala R, Leveille S, Simonsick EM, Ling S, et al. Disability, physical activity, and muscle strength in older women: The women's health and aging study. Arch Phys Med Rehabil. 1999; 80(2):130-5. http://dx.doi.org/10.1016/S0003-9993(99)90109-0.
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,2121. Orr R. Contribution of muscle weakness to postural instability in the elderly: A systematic review. Eur Phys Rehebil Med. 2010; 46(2):183-220.. Há uma forte correlação positiva entre a massa muscular e a força muscular, entretanto existem evidências que indicam que as alterações quan-titativas na massa muscular (hipotrofia) não são suficientes para explicar a perda de força as-sociada ao envelhecimento2222. Jubrias SA, Odderson IR, Esselman PC, Conley KE. Decline in isokinetic force with age: Muscle cross-sectional area and specific force. Eur J Physiol. 1997; 434(3):246-53.. Apesar de a perda de força muscular poder prejudicar o controle postural e aumentar o risco de quedas, a influên-cia da diminuição da massa muscular sobre esses mecanismos não está totalmente esclarecida99. Baumgartner RN, Koehler KM, Gallagher D, Romero L, Heymstleld SB, Ross RR, et al. Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico. Am J Epidemiol. 1998; 147(8):755-63.,2121. Orr R. Contribution of muscle weakness to postural instability in the elderly: A systematic review. Eur Phys Rehebil Med. 2010; 46(2):183-220..

Quanto à relação entre as variáveis antro-pométricas e o controle postural, um estudo re-cente1414. Handrigan G, Hue O, Simoneau M, Corbeil P, Marceau P, Marceau S, et al. Weight loss and muscular strength affect static balance control. Int J Obesity. 2010; 34(5):936-42. http://dx.doi.org/10.1038/ijo.2009.300.
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comparou indivíduos eutróficos com obe-sos e grandes obesos (idade média de 40 anos) e identificou que, nos sujeitos com excesso de peso, a perda de peso é mais eficiente para melhorar o controle postural do que aumentar ou mesmo manter a força muscular.

Demonstra-se, portanto, que o exame da literatura revela-se controverso quando se tenta estabelecer se as alterações de equilíbrio, princi-palmente quando avaliadas pela estabilometria, estão associadas à massa corporal, à quantidade de massa ou força muscular, bem como à adi-posidade e sua distribuição. Além do mais, ainda não estão totalmente esclarecidas as associações entre as variáveis estabilométricas e essas va-riáveis, especialmente entre a população idosa para a qual o risco de queda, além de ser mais elevado, representa um dos mais importantes preditores de morbimortalidade22. Rubenstein LZ. Falls in older people: Epidemiology, risk factors and strategies for prevention. Age Ageing. 2006; 35(2):37-41. http://dx.doi.org/10.10 93/ageing/afl084.
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.

Devido ao exposto, o objetivo do presente estudo exploratório foi investigar as associações entre diversas medidas estabilométricas com três diferentes variáveis utilizadas como indicadoras do estado nutricional (IMC, porcentagem de gor-dura corporal e aérea muscular de braço cor-rigida), tipo de distribuição de gordura corporal e força muscular em uma amostra de idosas. Adi-cionalmente, verificou-se a contribuição relativa das variáveis antropométricas e da força muscular para o desempenho de diferentes variáveis estabi-lométricas.

MÉTODOS

Para compor a amostra deste estudo de corte transversal e de caráter exploratório, foram selecionadas, de maneira conveniente, 108 adultas idosas, fisicamente independentes, enga-jadas em atividades de lazer ofertadas por cinco instituições de terceira idade do município de Maceió (AL).

Para participar da amostra, o sujeito de-veria ser do sexo feminino; não estar realizando, há pelo menos seis meses, treinamento objeti-vando o aumento da força muscular; ser volun-tário e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Seriam excluídos da amostra os sujeitos que apresentassem: desordens neurológicas e cognitivas autorreferidas (exemplo: Parkinson, acidente vascular encefálico), tivessem realizado cirurgia da coluna vertebral e/ou membros infe-riores e aqueles portadores de condições clínicas que pudessem impedir a realização das atividades propostas (exemplos: cardiopatias agudas, doen-ças pulmonares, hipertensão não controlada, am-putações de membros, dentre outras), alterações visuais graves e alterações brandas sem correção; e quaisquer alterações que impedissem o registro das medidas antropométricas, de força muscular e/ou estabilométricas.

O estudo foi realizado em conformidade com os padrões éticos estabelecidos na Decla-ração de Helsinque e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, sob o Processo de nº 000741/2011-01.

Os sujeitos da amostra leram e assinaram o TCLE, e todos os procedimentos foram reali-zados por pesquisadores devidamente treinados para as funções, com instrumentos previamente calibrados e certificados pelos órgãos compe-tentes.

As coletas foram realizadas nas depen-dências das próprias instituições de terceira idade em duas etapas: no primeiro encontro, os sujeitos foram informados e esclarecidos sobre os obje-tivos da pesquisa, os procedimentos e medidas a serem realizados (medidas antropométricas e de Força Isométrica Voluntária Máxima [FIVM] e avaliação estabilométrica), e após a leitura as voluntárias assinaram o TCLE. Ainda no primeiro encontro, realizou-se a aplicação do questionário para coleta das informações sociodemográficas e dos dados gerais de saúde. Após preenchimento e entrega dos questionários, foram agendados os encontros para a realização das medidas antro-pométricas, da FIVM e da estabilometria.

Todos os sujeitos foram instruídos quanto ao vestuário (traje de banho ou menor quantidade de roupa possível) a ser utilizado no dia da coleta das variáveis antropométricas. Para a avaliação estabilométrica e FIVM, as voluntárias foram orientadas a não fazerem uso de qualquer bebida estimulante (café, chá, energético ou álcool) ou tabaco, durante as 24 horas que antecederem a realização das medidas.

Avaliação antropométrica e medidas de estado nutricional

Foram registradas as medidas de circun-ferência de braço, cintura, quadril e coxa, dobra cutânea bicipital, tricipital e coxa, além da massa corporal e estatura. Para as medidas da massa corporal, utilizou-se balança digital portátil (Plenna(r), Modelo MEA-07400, Measurement Specialities Inc., Fremont, Califórnia, Estados Unidos), e, para a aferição da estatura, um esta-diômetro de parede portátil (Seca(r), Baystate Scale eSystems, Burlington,Massachusetts, Estados Unidos). Para a mensuração das circunferências, utilizou-se uma trena antropométrica metálica, inextensível, com precisão de 0,1 cm (Sanny(r), São Bernardo do Campo, São Paulo). As medidas das pregas cutâneas foram realizadas com um adi-pômetro com precisão de 0,1 mm (Lange(r), Beta Technology Incorporated, Cambridge, Maryland, Estados Unidos). Todas as medidas antropomé-tricas foram realizadas de acordo com os pro-tocolos recomendados por Lohman et al.2323. Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric Standardization Reference Manual. Champaign (IL): Human Kinetics Books; 1991..

O índice de massa corporal foi calculado por meio da razão entre a massa corporal e o quadrado da estatura (IMC = Mc (kg) / Est² (m)). A massa corporal e a estatura foram incluídas na análise: a primeira pela forte associação ao IMC e gordura corporal, e a estatura por ser frequen-temente relacionada às alterações do centro de pressão2424. Chiari L, Rocchi L, Cappello A. Stabilometric parameters are affected by anthropometry and foot placement. Clin Biomec. 2002; 17(9-10):666-77..

Para o cálculo da área muscular de braço corrigida, utilizou-se a equação para mulheres proposta por Frisancho2525. Frisancho AR. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. Am J Clin Nutr. 1981; 34(11):2540-5., onde AMBc é a Área Muscular de Braço corrigida, CB é a Circunfe-rência de Braço e DCT é a Dobra Cutânea Trici-pital, ambas expressas em centímetros (cm): AMBc (cm²) = [CB (cm)- ( x DCT (cm) / 10]² - 6,54 (.

A área muscular de braço corrigida é uti-lizada na avaliação da reserva de tecido muscular corrigindo a área óssea e tem sido descrita como a medida teórica mais correta para a avaliação indireta da massa muscular em idosos, além de permitir distinguir adequadamente indivíduos eutróficos e desnutridos2525. Frisancho AR. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. Am J Clin Nutr. 1981; 34(11):2540-5..

A Relação de Cintura/Quadril (RCQ), um dos indicadores mais utilizados no diagnóstico de obesidade central, foi calculada pela razão entre as medidas da Circunferência de Cintura (CC) e Circunferência de Quadril (CQ) em centímetros (cm), pela fórmula RCQ=CC/CQ. Tanto a relação de cintura/quadril quanto as circunferências de cintura e quadril isoladamente foram incluídas na análise visto poderem estar associadas às alte-rações da estabilidade postural1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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,2424. Chiari L, Rocchi L, Cappello A. Stabilometric parameters are affected by anthropometry and foot placement. Clin Biomec. 2002; 17(9-10):666-77..

Para o cálculo da porcentagem de Gordura Corporal (%GC), utilizou-se a equação proposta por Oliveira & Geraldes2626. Oliveira DWL, Geraldes AR. Validação de equação preditiva para a composição corporal em idosas alagoanas [mestrado]. Alagoas: Universidade Federal de Alagoas; 2011., especialmente cons-truída para esse tipo de população: %GC= 15,329 + 1,044 (IMC) -1,055 (Cant) + 0,282 (CQ) + 0,164 (DCCx) - 0,262 (CCox), onde Cant: representa a Circunferência de antebraço expressa em cm, CQ: a Circunferência de Quadril, CCox: a Circun-ferência de Coxa, e DCCx: a Dobra Cutânea de Coxa, expressa em mm.

Avaliação da força isométrica voluntária máxima

Neste estudo, escolheu-se a força isomé-trica voluntária máxima dos extensores de joelho como medida da força muscular devido às suas correlações com a força global2323. Lohman TG, Roche AF, Martorell R. Anthropometric Standardization Reference Manual. Champaign (IL): Human Kinetics Books; 1991. e pelo fato de esta medida ser utilizada como preditora de quedas em idosos2121. Orr R. Contribution of muscle weakness to postural instability in the elderly: A systematic review. Eur Phys Rehebil Med. 2010; 46(2):183-220..

A força isométrica voluntária máxima dos músculos extensores do joelho foi avaliada com auxílio de um transdutor de força, tipo célula de força, com capacidade de 2000 N (EMG System do Brasil Ltda., São José dos Campos, São Paulo), adaptado a um aparelho de Bonnet modificado, sem os braços de resistência. Para análise dos sinais, utilizou-se o softwareMATLAB (MathWorks Inc., Natick,Massachusetts, Estados Unidos) ver-são 7.10 (autorun). A taxa de amostragem foi de 2000 Hz e dotada de um filtro passa-faixa de 23 Hz. Para a realização da medida da FIVM de extensores do joelho, a voluntária deveria estar sentada, com as costas apoiadas no encosto da cadeira de Bonnet adaptada, joelhos fletidos a 90° (medidos com auxílio de um goniômetro Uni-versal), tendo suas coxas presas à cadeira com faixas de velcro, visando a estabilizar sua pos-tura2727. Edwards RH, Young A, Hosking GP, Jones DA. Human skeletal muscle function: Description of tests and normal values. Clin Sci Mol Med. 1977; 52(3):283-90.. Durante a realização da medida, uma cor-reia de couro colocada em volta do tornozelo do membro testado era acoplada a uma célula de carga por meio de uma corrente que, por sua vez, era fixada à base da cadeira.

Para essa medida, eram realizadas três contrações voluntárias isométricas máximas do quadríceps femoral bilateralmente no movimento de extensão do joelho. Cada contração deveria ser mantida durante cinco segundos. Como me-dida final, registrou-se o maior valor de força obtido dentre as três tentativas.

Avaliação estabilométrica

A estabilometria foi realizada com auxílio de uma plataforma de força (EMGSystem do Brasil Ltda., São José dos Campos, São Paulo) com dimensões de 50 cm de largura por 50 cm de comprimento, composta por quatro células de força. O processamento das variáveis estabilo-métricas foi realizado pelo software MATLAB 7.10 (autorun). A frequência de aquisição utilizada foi de 100 Hz; com o objetivo de minimizar os ruídos, utilizou-se um filtro passa-baixa de 23 Hz.

Para a realização da avaliação estabilo-métrica, a plataforma foi posicionada em super-fície plana em frente a uma parede branca com um alvo disposto à altura da glabela da voluntária avaliada, a um metro de distância. O centro de pressão foi registrado em duas diferentes con-dições: olhos abertos e olhos fechados.

Foi solicitado a cada avaliada que perma-necesse em bipedestação sobre a plataforma com os naviculares posicionados no centro da plata-forma a uma distância de dois centímetros e um ângulo de abertura anterior de trinta graus. Na primeira medida da condição olhos abertos, os contornos dos pés foram marcados para que o sujeito retornasse à mesma posição após o pe-ríodo de repouso.

Durante a avaliação estabilométrica, os membros superiores dos sujeitos deveriam per-manecer ao longo do tronco, e o olhar (na condi-ção olhos abertos) fixado na marca posicionada na parede. Os sujeitos foram orientados a per-manecerem imóveis o máximo possível, por 60 segundos, em cada condição para registro do centro de pressão com um intervalo de dois mi-nutos entre cada registro. Conforme as orienta-ções de Lafond et al.2828. Lafond D, Corriveau H, Hebert R, Prince F. Intrasession reliability of center of pressure measures of postural steadiness in healthy elderly people. Arch Phys Med Rehabil. 2004; 85(6):896-901. http://dx.doi.org/10.1016/j.apmr.2003.08.089 .
http://dx.doi.org/10.1016/j.apmr.2003.08...
, as medidas foram reali-zadas em duplicata e utilizaram-se as médias aritméticas de cada análise do centro de pressão.

Embora sejam várias as possibilidades de medidas obtidas através da estabilometria, um número limitado, composto pelas medidas consi-deradas variáveis fundamentais para a análise do centro de pressão, tem sido mais utilizado nas pesquisas44. Duarte M, Freitas SMSF. Revisão sobre posturografia ba-seada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Rev Bras Fisio. 2010; 14(3):183-92.. Portanto, para o presente estudo, as seguintes medidas foram analisadas: 1) Área elíptica do estatocinesiograma: superfície de confiança que contém 95% das posições amos-tradas do centro de pressão; 2) Desvio-padrão anteroposterior e médio-lateral: que comumente indica para altos valores do desvio-padrão grande instabilidade postural2929. Riley MA, Baker AA, Schmit JM, Weaver E. Effects of visual and auditory short-term memory tasks on the spatiotemporal dynamics and variability of postural sway. J Motor Behav. 2005; 37(4):311-24. http://dx.doi.org/10.3200/JMBR.37.4.311-324 .
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; 3) Deslocamento da osci-lação total: Tamanho ou comprimento da traje-tória do centro de pressão sobre a base de supor-te; 4) Velocidade média anteroposterior e médio--lateral; amplitude anteroposterior e médio-lateral, e 5) Frequência média anteroposterior e médio--lateral.

Análise estatística

O Teste de Kolmogorov-Smirnov foi utili-zado para verificar se os dados apresentavam distribuição normal. Para a caracterização da amostra, utilizaram-se os valores da média aritmé-tica, o desvio-padrão e a amplitude. Os coeficien-tes de correlação foram computados para deter-minar as associações simples entre as variáveis explicativas (idade, massa corporal, estatura, IMC, circunferência de cintura, razão cintura/quadril, porcentagem de gordura corporal, massa gorda, massa magra, área muscular de braço corrigida e FIVM) e as variáveis respostas (variáveis estabi-lométricas).

A idade e a estatura foram incluídas na análise de regressão porque têm sido apontadas como variáveis responsáveis por importantes alte-rações do centro de pressão em alguns estu-dos1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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,2424. Chiari L, Rocchi L, Cappello A. Stabilometric parameters are affected by anthropometry and foot placement. Clin Biomec. 2002; 17(9-10):666-77.,3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.200...
. No caso de variáveis com distribuição não normal, realizou-se a transformação loga-rítmica neperiana das variáveis não normais.

A análise de regressão múltipla (forward) foi utilizada para determinar quais dentre as variáveis explicativas influenciavam as variáveis estabilométricas. Antes da construção dos mo-delos de equações, realizou-se a verificação da colinearidade ou multicolinearidade entre as variáveis explicativas. Para a escolha do modelo de regressão, respeitaram-se os pressupostos de normalidade, linearidade, colinearidade e homo-cedasticidade. O peso matemático de cada va-riável explicativa na equação (() bem como seu testet foram examinados e apresentados.

Tratando-se de um estudo exploratório, o modelo final de regressão escolhido para cada variável dependente (estabilométrica) deve conter o maior número de variáveis explicativas, res-peitando-se os pressupostos apresentados ante-riormente, bem como valores de t e teste F comp<0,05. Em caso de violação do pressuposto da colinearidade, a variável com maior correlação linear com a variável estabilométrica era incluída na análise de regressão múltipla. Todos os resul-tados foram considerados significantes para um nível de 5% (p<0,05). O software estatísticoPredictive Analytics Software (PASW, IBMCorporation, Armonk, Nova York, Estados Uni-dos), versão 18.0 foi utilizado para todas as análises.

Tabela 1.
Características das voluntárias incluindo as variáveis idade, medidas de estado nutricional, variáveis antropométricas e estabilométricas nas condições com olhos abertos e olhos fechados (n=108). Maceió (AL), 2012

RESULTADOS

As características físicas (idade, medidas antropométricas, medidas de estado nutricional e FIVM) bem como os valores médios de todas as variáveis estabilométricas nas condições olhos abertos e fechados dos sujeitos estão dispostos na Tabela 1.

Nas Tabelas 2 e 3 encontram-se os coefi-cientes de correlação linear das associações entre as variáveis explicativas e as variáveis estabilo-métricas nas situações de olhos abertos e fecha-dos, respectivamente.

Tabela 2.
Coeficientes de correlação das variáveis explicativas e variáveis estabilométricas na condição olhos abertos das idosas. Maceió (AL), 2012.

MC: Massa Corporal; Est: Estatura; IMC: Índice de Massa Corporal; CC: Circunferência de Cintura; CQ: Circunferência de Quadril; RCQ: Relação Cintura/Quadril; %GC: Porcentagem de Gordura Corporal; MM: Massa Magra; MG: Massa Gorda; AMBc: Área Muscular de Braço corrigida; FIVM: Força Muscular Máxima Isométrica; DPAP: Desvio-Padrão Anteroposterior; DPML: Desvio-Padrão Médio-lateral; DOT: Deslocamento da Oscilação Total; AmpAP: Amplitude Anteroposterior; AmpML: Amplitude Médio-lateral; VelAP: Velocidade Média Anteroposterior; VelML: Velocidade Média Médio-lateral; FMAP: Frequência Média Anteroposterior; FMML: Frequência Média Médio-lateral.

Tabela 3.
Coeficientes de correlação das variáveis explicativas e variáveis estabilométricas na condição olhos fechados das voluntárias. Maceió (AL), 2012.

MC: Massa Corporal; Est: Estatura; IMC: Índice de Massa Corporal; CC: Circunferência de Cintura; CQ: Circunferência de Quadril; RCQ: Relação Cintura/Quadril; %GC: Porcentagem de Gordura Corporal; MM: Massa Magra; MG: Massa Gorda; AMBC: Área Muscular de Braço Corrigida; FIVM: Força Muscular Máxima Isométrica de Extensão do Joelho; DPAP: Desvio-Padrão Anteroposterior; DPML: Desvio-Padrão Médio-lateral; DOT: Deslocamento da oscilação total; AmpAP: Amplitude Anteroposterior; AmpML: Amplitude Médio-lateral; VelAP: Velocidade Média Anteroposterior; VelML: Velocidade Média Médio-lateral; FMAP: Frequência Média Anteroposterior; FMML: Frequência Média Médio-lateral.

A análise de regressão múltipla (forward) foi realizada para cada variável estabilométrica separadamente e disposta nas Tabelas 4 e 5 em ordem decrescente para valores de r² ajustados nas duas condições experimentais: olhos abertos e fechados.

Tabela 4.
Resumo dos modelos de regressão múltipla (forward), com exame do efeito das variáveis explicativas sobre as variáveis estabilométricas na condição de olhos abertos das voluntárias. Maceió (AL), 2012.
Tabela 5.
Resumo dos modelos de regressão múltipla (forward) com exame do efeito das variáveis explicativas sobre as variáveis estabilométricas na condição de olhos fechados das voluntárias. Maceió (AL), 2012.

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo exploratório foi investigar a associação entre diferentes medi-das estabilométricas, três medidas indicadoras do estado nutricional - IMC, percentual de gordura corporal e área muscular de braço corrigida -, tipo de distribuição de gordura corporal e força mus-cular em uma amostra de idosas. Adicionalmen-te, verificou-se a contribuição relativa das variáveis antropométricas e da força muscular para o de-sempenho de diferentes variáveis estabilométricas.

Nos resultados, foi observado que, com exceção da estatura, a razão cintura/quadril (con-dição olhos abertos), a FIVM (condição olhos fechados) e as variáveis explicativas incluídas no presente estudo apresentaram associações esta-tisticamente significantes com uma ou mais va-riáveis estabilométricas. A análise de regressão múltipla (forward) permitiu identificar que as variáveis estabilométricas desvio-padrão médio--lateral (condição olhos abertos) e amplitude ante-roposterior (condição olhos fechados) foram as mais influenciadas pelas variáveis explicativas.

Corroborando o descrito na literatura1010. Waters DL, Hale L, Grant AM, Herbison P, Goulding A. Osteoporosis and gait and balance disturbances in older sarcopenic obese New Zealanders. Osteoporos Int. 2010; 21(2):351-7. http://dx.doi. org/10.1007/s00198-009-0947-5.
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, neste estudo, também foram notáveis as altera-ções do estado nutricional verificadas na popula-ção idosa, sobretudo no que se refere às elevadas médias observadas no IMC (28,34±5,02) e na per-centual de gordura corporal (40,82±6,17). Le-vando-se em consideração tais achados, a lite-ratura indica a possibilidade de o excesso de peso e o tipo de distribuição da gordura corporal influenciarem o controle postural dos indiví-duos1414. Handrigan G, Hue O, Simoneau M, Corbeil P, Marceau P, Marceau S, et al. Weight loss and muscular strength affect static balance control. Int J Obesity. 2010; 34(5):936-42. http://dx.doi.org/10.1038/ijo.2009.300.
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,3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.200...
.

Há pelo menos duas possíveis razões (uma mecânica e outra funcional) que poderiam expli-car o fato de a estabilidade postural ser associada às mudanças da composição corporal, incluindo aumento da massa corporal, gordura corporal e modificações da distribuição da gordura corporal. A primeira está relacionada à contribuição dos mecanorreceptores do pé e a sensibilidade cutâ-nea plantar para o controle postural.

O poder discriminatório dos mecanor-receptores pode ser afetado por um estímulo constante e repetitivo, conforme sugerem Hue et al.3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
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,os quais atestam que o excesso de peso pode ser um provável candidato para reduzir a sensibilidade de mecanorreceptores. Quando comparados aos não obesos, pessoas obesas ge-ralmente apresentam maiores áreas de contato plantar e maiores valores de pressão média para a maioria dos pontos anatômicos testados3131. Birtane M, Tuna H. The evaluation of plantar pressure distribution in obese and non-obese adults. Clin Biomech. 2004; 19(10):1055-9. http:// dx.doi.org/10.1016/j.clinbiomech.2004.07.008.
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, bem como aumento significativo na pressão sob o calcanhar, mediopé e cabeças metatarsais3232. Hills AP, Hennig EM, McDonald M, Bar-Or O. Plantar pressure differences between obese and non-obese adults: A biomechanical analysis. Int J Obest Relat Metab Disord. 2001; 25(11):1674-9..

Em consequência, os maiores valores de pressão e de áreas de contato nas pessoas obesas podem reduzir a qualidade e/ou a quantidade de informações sensoriais provenientes dos meca-norreceptores plantares. Na verdade, esse fato é sugerido por Teasdale et al.3333. Teasdale N, Hue O, Marcotte J, Berrigan F, Simoneau M, Dore J, et al. Reducing weight increases postural stability in obese and morbid obese men. Int J Obest. 2007; 31(1):153-60. http://dx.doi.org/10.10 38/sj.ijo.0803360.
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, que demonstraram, em intervenção, que a perda de peso em pa-cientes obesos e obesos mórbidos proporcionou uma melhora significativa da estabilidade postural (diminuição da amplitude e velocidade do centro de pressão). Ressalta-se ainda que, em idosos, a sensibilidade cutânea plantar e a aferência meca-norreceptora são prejudicadas tanto pelo processo de envelhecimento em si, quanto pela presença de patologias que influenciam negativamente o sistema nervoso periférico3434. Mickle KJ, Munro BJ, Lord SR, Menz HB, Steele JR. Foot pain, plantar pressures, and falls in older people: A prospective study. J Am Geriatr Soc. 2010; 58(10):1936-40. http://dx.doi.org/10.1111/j.1532-54 15.2010.03061.x.
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.

A segunda provável razão para explicar o motivo da estabilidade postural pode ser as alte-rações verificadas na circunferência de cintura, que inclui o aumento da massa corporal, gordura corporal e modificações da distribuição da gor-dura corporal: o modelo de pêndulo invertido. Em outras palavras, quando em pé, o corpo huma-no é muitas vezes comparado a um pêndulo inver-tido, girando em torno da articulação do tor-nozelo1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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. Tem-se sugerido que a obesidade e/ou o sobrepeso, em associação com a distribuição centrípeta da gordura corporal, alterem o equi-líbrio, o que modificaria a localização do centro de massa, levando à instabilidade biomecânica do controle postural1212. Blaszczyk JW, Plewa M, Cies J, Zahorska-Markiewicz B, Markiewicz A. Effects of excessive body weight on postural control. J Biomech. 2009; 42(9):1295-300. http://dx.doi.org/10.1016/j.jbiomech.2009.03.006.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jbiomech.200...
,1313. Mainenti M, Rodrigues EC. Adiposity and postural balance control: Correlations between bioelectrical impedance and stabilometric signal in elderly Brazilian women. Clinics. 2011; 66(9):1513-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-593220110009 00001.
http://dx.doi.org/10.1590/S1807-59322011...
,3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
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,3333. Teasdale N, Hue O, Marcotte J, Berrigan F, Simoneau M, Dore J, et al. Reducing weight increases postural stability in obese and morbid obese men. Int J Obest. 2007; 31(1):153-60. http://dx.doi.org/10.10 38/sj.ijo.0803360.
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.

Portanto, quando uma pessoa obesa, so-bretudo idosa, é submetida a uma pequena oscilação para frente, a distribuição anormal de gordura corporal na região abdominal (posição do centro de massa comum relativa ao tornozelo) cede a um torque maior reestabilizante do tor-nozelo, necessário para recuperar o equilíbrio. Isso sugere que, quando submetidos a um estresse postural diário e outras perturbações, as pessoas obesas, particularmente aqueles com distribuição excessiva de gordura na região abdominal, podem estar em maior risco de cair quando comparadas a indivíduos com peso normal, visto que os indi-víduos eutróficos possuem uma maior capacidade de gerar torque rápido no tornozelo para recupe-rar o equilíbrio1111. Corbeil P, Simoneau M, Rancourt D, Tremblay A, Teasdale N. Increased risk for falling associated with obesity: Mathematical modeling of postural control. IEEE Trans Neural Syst Rehabil Eng. 2001; 9(2):126-36. http://dx.doi.org/10.1109/7333.928572.
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,3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
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,3333. Teasdale N, Hue O, Marcotte J, Berrigan F, Simoneau M, Dore J, et al. Reducing weight increases postural stability in obese and morbid obese men. Int J Obest. 2007; 31(1):153-60. http://dx.doi.org/10.10 38/sj.ijo.0803360.
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.

No presente estudo, observou-se que a massa corporal, IMC, percentual de gordura cor-poral e a massa gorda, bem como a razão cintura/quadril, circunferência de cintura e quadril as-sociaram-se significativamente a alterações das variáveis estabilométricas (Tabelas 2 e 3).

Apesar de tanto a percentual de gordura corporal, quanto o IMC, a massa corporal e a mas-sa magra, sozinhas, influenciarem a estabilidade postural, parece que há uma maior contribuição da distribuição da gordura corporal do que o excesso de peso ou adiposidade. Quando ana-lisados os modelos de regressão, pode-se observar que a influência das circunferências de cintura e quadril, ou seja, a distribuição de gordura corporal foi claramente marcante.

Para as variáveis desvio-padrão médio--lateral e amplitude médio-lateral (condição olhos abertos), as quais obtiveram maiores valores de r² (cerca 18,0% cada) nos modelos finais de re-gressão, a circunferência de cintura foi determi-nante para explicar a variação da estabilidade postural, e nem a massa corporal, percentual de gordura corporal, massa gorda e IMC foram in-cluídas nos modelos.

A circunferência de cintura foi responsável por 8,8% da variação do desvio-padrão médio--lateral e 11,0% da variação da amplitude médio-lateral. Vale salientar que há evidências crescentes de que a instabilidade médio-lateral é um importante marcador estabilométrico de compro-metimento do equilíbrio funcional3535. Piirtola M, Era P. Force platform measurements as predictors of falls among older people: A review. Gerontology. 2006; 52(1):1-16. http://dx.doi.org/10.1159/000089820.
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. Já no modelo final de regressão para a variável ampli-tude anteroposterior (condição olhos fechados), a circun-ferência de cintura, sozinha, foi respon-sável por cerca de 10,0% da variação.

Nos demais modelos, a influência da cir-cunferência de cintura variou de 5,0 a 6,8%, e a razão cintura/quadril foi incluída em um modelo (desvio-padrão anteroposterior) contribuindo com 3,0%. Contudo, o IMC, a massa corporal e a mas-sa gorda não foram inseridos em nenhum modelo de regressão, e a percentual de gordura corporal em apenas um modelo, contribuindo apenas com 4,7% da variação da variável velocidade antero-posterior (Tabela 4).

Na condição olhos fechados, as circun-ferências de cintura e de quadril prevaleceram nos modelos de regressão. Essas variáveis foram incluídas em 60% de todos os modelos, e, em seis deles, foram as únicas variáveis explicativas presentes (Tabela 5).

No presente estudo, identificou-se uma elevada colinearidade entre as variáveis de massa corporal, IMC, percentual de gordura corporal, massa gorda, relação de cintura/quadril, circun-ferência de cintura e circunferência de quadril; sendo assim, foram incluídas nos modelos de re-gressão múltipla apenas as variáveis que não violaram os pressupostos de inclusão e que se cor-relacionavam mais fortemente com a variável resposta.

Hue et al.3030. Hue O, Simoneau M, Marcotte J, Berrigan F, Doré J, Marceau P, et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait Posture. 2007; 26(1):32-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.gaitpost.2006.07.005.
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, utilizando como amostra su-jeitos com idades entre 24 e 61 anos, atribuíram à massa corporal uma grande relevância para as alterações da estabilidade postural. No estudo citado, para a variável estabilométrica velocidade média, a massa corporal foi responsável por 55% da variação observada. Vale salientar que, no estudo citado, a inclusão da massa corporal nos modelos de regressão foi forçada, e as medidas que verificavam o estado nutricional (IMC) e a distribuição de gordura corporal, como a relação de cintura/quadril, circunferência de cintura e circunferência de quadril, foram excluídas de suas análises pela elevada colinearidade com a massa corporal, não permitindo atribuir um peso relativo à massa corporal e sua distribuição isoladamente, ou seja, não foi possível verificar se, de fato, a massa corporal era, entre todas as variáveis, a maior responsável pelas grandes variações obser-vadas.

No presente estudo, observou-se, clara-mente, que as medidas de distribuição de gordura corporal (relação de cintura/quadril, circunferência de cintura e circunferência de quadril) influenciam sobremaneira o controle postural das idosas, visto que foram incluídas em 60% dos modelos de regressão (Tabelas 4 e 5), enquanto a massa cor-poral, ou mesmo o IMC, não esteve presente em nenhuma. Dessa forma, os achados do presente estudo sugerem que a instabilidade postural em idosos parece ser mais bem explicada, no tocante à composição corporal, pela influência do acú-mulo anormal de gordura na região central do corpo, levando a um maior deslocamento do centro de massa no modelo de pêndulo invertido do que pelo excesso de peso em si.

Apesar de observadas fortes evidências de que o aumento da gordura corporal e sua distri-buição centrípeta estejam possivelmente rela-cionadas a maiores alterações do controle pos-tural, pesquisas verificaram que indivíduos classifi-cados em baixo peso ou desnutridos, sobretudo idosos, estão sob maior risco de desequilíbrio e quedas1717. Kinney JM. Nutritional frailty, sarcopenia and falls in the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metabol Care. 2004; 7(1):15-20.,1818. Miller MD, Thomas JM, Cameron ID, Sheng Chen J, Sambrook PN, March LM, et al. BMI: A simple, rapid and clinically meaningful index of under-nutrition in the oldest old? Br J Nutr. 2008; 101(9):1300-5..

No presente estudo, não foram encon-tradas associações negativas e estatisticamente significativas entre as variáveis estabilométricas e o baixo peso, avaliado pelo IMC. Apenas para a variável massa corporal foi estabelecida uma associação: indivíduos com menor massa corporal pareciam aumentar a frequência média de osci-lação médio-lateral do centro de pressão na con-dição olhos fechados, ocasionando maior insta-bilidade (Tabela 3).

A observação sugere que os indivíduos com baixos valores de massa corporal talvez soli-citem maiores ajustes de controle neuromuscular para manter o equilíbrio devido à diminuição de massa muscular associada. Contudo, nos modelos de regressão, nem a massa corporal nem qualquer outra variável explicativa que se correlacione fortemente a ela (IMC, por exemplo) foi incluída de modo a associar-se negativamente à frequên-cia de oscilação do centro de pressão.

Embora o índice de massa corporal seja amplamente utilizado em estudos populacionais por ser uma forma simples, barata e útil, tanto em nível individual quanto populacional, além de permitir comparações com outros estudos (na-cionais ou internacionais), expressar as reservas energéticas do indivíduo e apresentar elevada correlação com a massa corporal não destingue adequadamente massa gorda e magra, espe-cialmente massa muscular. Além disso, apresenta sérias restrições quanto ao uso na população idosa3636. Cervi A, Franceschini CC, Priore E, Federal U, Regional U, Grande R, et al. Análise crítica do uso do índice de massa corporal para idosos. Rev Nutr. 2005; 18(6):765-75. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732005000600007 .
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. Dessa forma, outras medidas que permi-tam um diagnóstico do estado nutricional e que possam ser utilizadas sem grandes restrições nessa população são desejadas. No presente estudo, foram incluídas mais duas medidas de estado nutricional: percentual de gordural corporal e área muscular de braço corrigida.

A avaliação da percentual de gordura corporal permite quantificar a massa magra, enquanto a área muscular de braço corrigida per-mite verificar, indiretamente e de maneira acura-da, a massa muscular do idoso2525. Frisancho AR. New norms of upper limb fat and muscle areas for assessment of nutritional status. Am J Clin Nutr. 1981; 34(11):2540-5.. Sabe-se que, com o avançar da idade, há um declínio na massa corporal magra, nomeadamente no que se refere à massa muscular. Tais alterações têm sido des-critas como importantes fatores de declínio da funcionalidade e capacidade física, além de ele-varem o risco de quedas99. Baumgartner RN, Koehler KM, Gallagher D, Romero L, Heymstleld SB, Ross RR, et al. Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico. Am J Epidemiol. 1998; 147(8):755-63.,1717. Kinney JM. Nutritional frailty, sarcopenia and falls in the elderly. Curr Opin Clin Nutr Metabol Care. 2004; 7(1):15-20.. Entretanto, Visser et al.3737. Visser M, Langlois J, Guralnik JM, Cauley J, Kronmal R, Robbins J, et al. High body fatness, but not low fat-free mass, predicts disability in older men and women: The cardiovascular health study. Am J Clin Nutr. 1998; 68(3):584-90. não encontraram qualquer associação entre massa muscular e autorrelato de deficiência ou desempenho de membros inferiores.

Nesse sentido, a massa magra pareceu influenciar negativamente apenas a frequência anteroposterior e mediolateral nas situações olhos abertos e fechados, respectivamente (Tabelas 4 e 5). Ao contrário do que sugere a literatura, a área muscular de braço corrigida não pareceu associar--se à alteração de controle postural em idosas uma vez que apresentou correlações fracas e posi-tivas apenas com duas variáveis respostas: desvio--padrão médio-lateral (condição olhos abertos) e área elíptica do estatocinesiograma (condição olhos fechados). Era de se esperar que quanto menor a área muscular de braço corrigida (que exprime a massa muscular), maiores fossem as alterações de equilíbrio3838. Broadwin J, Goodman-Gruen D, Slymen D. Ability of fat and fat-free mass percentages to predict functional disability in older men and women. J Am Geriatr Soc. 2001; 49(12):1641-5. http://dx. doi.org/10.1111/j.1532-5415.2001.49273.x.
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.

O idoso normalmente apresenta grande redução da força muscular associada à perda de massa muscular (medida aqui de forma indireta pela área muscular de braço corrigida)2121. Orr R. Contribution of muscle weakness to postural instability in the elderly: A systematic review. Eur Phys Rehebil Med. 2010; 46(2):183-220.. Na pre-sente pesquisa, a medida escolhida para verificar os níveis de força muscular foi a FIVM dos exten-sores do joelho, que apresentou, na condição olhos abertos, correlações estatisticamente signi-ficativas (p<0,05) com algumas variáveis esta-bilométricas.

Para as variáveis desvio-padrão médio--lateral, amplitude médio-lateral e área elíptica do estatocinesiograma, as associações verificadas foram fracas e negativas. Ou seja, quanto menor a força muscular, maior a instabilidade postural. Contudo, para a variável frequência média médio--lateral (condição olhos abertos), a correlação foi positiva (r=0,347; p<0,01), o que não era espe-rado.

Embora a perda de massa muscular esteja associada ao declínio da força em idosos, essa diminuição é muito mais rápida do que a perda concomitante de massa muscular, sugerindo um declínio na qualidade do músculo por causa de uma função deteriorada da junção neuromus-cular3939. Goodpaster B, Park S. The loss of skeletal muscle strength, mass, and quality in older adults: The health, aging and body composition study. J Gerontol. 2006; 61(10):1059-64.. Além disso, manter ou ganhar massa muscular não impede diminuição da força mus-cular associada ao envelhecimento4040. Morley JE, Baumgartner RN, Roubenoff R, Mayer J, Nair KS. Sarcopenia. J Lab Clin Med. 2001; 137(4):231-43..

A idade vem sendo citada em diversos estudos como um importante preditor de quedas e instabilidade postural3535. Piirtola M, Era P. Force platform measurements as predictors of falls among older people: A review. Gerontology. 2006; 52(1):1-16. http://dx.doi.org/10.1159/000089820.
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. Em virtude disso, foi incluída nas análises de correlação e regressão múltipla. A média de idade amostral do presente estudo foi de 70,1 anos, com amplitude entre 60 e 87 anos, e obtiveram-se baixas correlações com as variáveis estabilométricas (Tabelas 2 e 3).

Nos modelos de regressão, a idade foi incluída em três modelos na condição olhos aber-tos (Tabela 4) e em dois modelos na condição olhos fechados (Tabela 5). A maior influência da idade foi verificada na variável estabilométrica, deslocamento da oscilação total (olhos abertos), sendo responsável por 6,6% da variação total para esse parâmetro. Era esperada uma maior influência da idade sobre as variáveis estabi-lométricas visto que há um declínio significativo dos sistemas que regulam o controle postural, como o visual, somatossensorial e o vestibular4141. Horak FB. Postural orientation and equilibrium: What do we need to know about neural control of balance to prevent falls? Age Ageing. 2006; 35(2):7-11. http://dx.doi.org/10.1093/ageing/afl077.
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.

Outra possível variável de confundimento incluída nas análises de correlação e regressão múltipla foi a estatura. A estatura, per se, é citada como um fator independente de alterações do controle postural2424. Chiari L, Rocchi L, Cappello A. Stabilometric parameters are affected by anthropometry and foot placement. Clin Biomec. 2002; 17(9-10):666-77.. Em estudo clássico, Era et al.4242. Era P, Schroll M, Ytting H, Gause-Nilsson I, Heikkinen E, Steen B. Postural balance and its sensory-motor correlates in 75-year -old men and women: A cross-national comparative study. J Gerontol. 1996; 51(2):M53-63. http://dx.doi.org/10.1093/gerona/51A.2.M53.
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identificaram que, em idosos, quanto menor a estatura, melhor o desempenho das mulheres nos teste de equilíbrio quando comparadas a indiví-duos do sexo oposto. Na presente pesquisa, a estatura associou-se significativamente com as variáveis estabilométricas apenas na condição olhos fechados (Tabela 3), corroborando os acha-dos de Era et al.4242. Era P, Schroll M, Ytting H, Gause-Nilsson I, Heikkinen E, Steen B. Postural balance and its sensory-motor correlates in 75-year -old men and women: A cross-national comparative study. J Gerontol. 1996; 51(2):M53-63. http://dx.doi.org/10.1093/gerona/51A.2.M53.
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, contudo ela não foi incluída nos modelos finais de regressão.

Os pontos fortes do presente estudo pri-mariamente foram a homogeneidade, o tamanho e o perfil da amostra. Ademais, até o término do presente estudo, não havia publicações relevantes que buscaram verificar a influência da composição corporal, distribuição da gordura corporal e força muscular no controle postural avaliado por pla-taforma de força. Observa-se também que estu-dos semelhantes, mas com uma amostra distinta (crianças, por exemplo), sempre utilizaram correla-ções simples apenas, e não modelos de regressão com o intuito de verificar a contribuição relativa das variáveis de estado nutricional, distribuição de gordura corporal e força muscular sobre as variáveis estabilométricas de idosas.

Algumas limitações do estudo merecem ser discutidas: 1) a estabilometria, sozinha, talvez não seja a melhor forma de identificar insta-bilidade postural. Apesar de poder-se quantificar as oscilações posturais, condições que imprimam desequilíbrio são desejadas; 2) outros métodos complementares, como registros eletromiográ-ficos e baropodométricos, poderiam fornecer maiores informações. Este estudo investiga uma área limitada dos mecanismos fisiológicos envol-vidos no controle da postura humana, sendo a compreensão de toda a dinâmica relacionada ao controle postural ainda um campo aberto de pes-quisa; 3) o fato de a amostra ter sido não proba-bilística pôde ter causado viés de seleção; 4) é provável que o uso de um teste sensorial plantar possa fornecer informações sobre a neuropatia pré-clínica, especialmente em indivíduos idosos e obesos com índice elevado de sensibilidade à insulina.

CONCLUSÃO

Um adequado controle postural é um pré--requisito essencial para as tarefas diárias, servindo de base para a realização da maioria dos movi-mentos, sobretudo em idosos. Diante do exposto, pode-se concluir que um número relevante de variáveis explicativas estudadas que se referem ao estado nutricional, distribuição de gordura corporal e força muscular associa-se significa-tivamente a uma ou mais variáveis estabilomé-tricas, o que pode contribuir para alterações de estabilidade postural. Adicionalmente, a análise de regressão sugere que, dentre as variáveis explicativas, a distribuição de gordura corporal e a diminuição de força muscular, não o excesso de massa corporal, são responsáveis, em parte, pelas alterações da estabilometria de idosas.

Claramente, estudos clínicos prospectivos devem ser realizados com o intuito de identificar os benefícios das modificações de composição corporal, distribuição da gordura corporal e força muscular no controle postural e, consequen-temente, no risco de quedas em idosos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    10 Nov 2014
  • Revisado
    31 Jul 2015
  • Aceito
    24 Ago 2015
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