Acessibilidade / Reportar erro

Uso de medidas autorreferidas de peso e altura na determinação do estado nutricional de trabalhadores

Use of self-reported weight and height for determining workers' nutritional status

RESUMO

Objetivo

Avaliar o uso de medidas autorreferidas de peso e altura na avaliação do estado nutricional de trabalhadores de um frigorífico do Sul do Brasil.

Métodos

Foi conduzido um estudo transversal, com 902 trabalhadores com idade entre 18 e 50 anos. As variáveis so-ciodemográficas, assim como peso e altura autorreferidos foram obtidos por um questionário pré-testado e padronizado. Posteriormente, foram aferidos peso e altura, calculado o índice de massa corporal e classificado o estado nutricional. Foi utilizada a estatística de Bland-Altman para determinar as diferenças médias e os limites de concordância entre medidas autorreferidas e aferidas. O percentual de concordância na classificação do estado nutricional foi avaliado de acordo com o sexo, idade e escolaridade dos trabalhadores.

Resultados

A diferença média da altura autorreferida, em relação à aferida, foi de 0,55 cm (limite inferior; limite superior: -7,41; 6,29) (p<0,001) e o do índice de massa corporal foi - 0,14 (limite inferior; limite superior: -2,72; 2,99) (p=0,005). Com relação ao diagnóstico nutricional, o excesso de peso foi subestimado em 12,4% entre as mulheres, 9,6% entre os mais velhos (³32 anos) e 7,2% entre os menos escolarizados.

Conclusão

A utilização de medidas autorreferidas para avaliação do estado nutricional em trabalhadores deve ser realizada com atenção, principalmente em indivíduos cujos relatos têm a tendência ao erro, como mulheres e trabalhadores com maior idade e menor escolaridade.

Palavras-chave:
Estudos de validação; Índice de massa corporal; Pesos e medidas corporais; Trabalhadores.

ABSTRACT

Objective

To assess the use of self-reported weight and height for determining the nutritional status of workers from a poultry-processing plant in Southern Brazil.

Methods

This cross-sectional study included 902 workers aged 18-50 years. Sociodemographic variables, weight, and height were collected by a pretested and standardized questionnaire. Body mass index was then calculated for nutritional status classification. The Bland-Altman plot measured the difference and the limits of agreement between the self-reported and measured weights, heights, and body mass indices. The percentage of agreement in nutritional status classification was evaluated by workers' sex, age, and education level.

Results

The mean differences between the self-reported and measured heights and body mass indices were 0.55 cm (lower-b; upper-b: -7.41; 6.29) (p<0.001); and -0.14 kg/m2 (lower-b; upper-b: -2.72; 2.99) (p=0.005), respectively. Excess weight was underestimated in 12.4% of the women, 7.2% of the workers with low education level, and 9.6% of the older workers (³32 years old).

Conclusion

Self-reported measures should be used carefully for evaluating nutritional status in workers, mainly in subjects who tend to misreport, such as women, older workers, and workers with lower education level.

Keywords:
Validation studies; Body mass index; Body weight and measures; Workers.

INTRODUÇÃO

O Índice de Massa Corporal (IMC), obtido por meio do peso e altura do indivíduo, tem sido o principal indicador na avaliação do estado nutri-cional em adultos, principalmente na distribuição de sobrepeso e obesidade em nível populacional11. World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of anthropometry. Technical Report Series, nº 854. Geneva: WHO; 1995.. Mudanças no ambiente de trabalho parecem con-tribuir diretamente para a epidemia de obesida-de22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25.. Por exemplo, a mudança rápida para um estilo de trabalho mais sedentário, com pouca atividade física, é um fator de risco evidente para a obesidade33. Macagnan J, Pattussi MP, Canuto R, Henn RL, Fassa AG, Olinto MT. Impact of nightshift work on overweight and abdominal obesity among workers of a poultry processing plant in southern Brazil. Chronobiol Int. 2012; 29(3):336-43. http://dx.doi.org/10.3109/07420528.2011.653851
https://doi.org/10.3109/07420528.2011.65...
. Assim, estudos epidemiológicos que monitorem o estado nutricional de trabalhadores, de forma rápida e fácil, fazem-se cada vez mais necessários.

As informações de peso e altura geral-mente são obtidas por meios diretos, utilizando balanças e estadiômetros. Porém, isso implica uma difícil logística, levando em consideração: custo, tempo de estudo, treinamento e padronização para aferição, como também transporte desses instrumentos durante a coleta de dados44. Kac G, Sichieri R, Gigante DP. Epidemiologia nutri-cional. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007.,55. Silveira EA, Araújo CL, Gigante DP, Barros AJD, Lima MS. Validação do peso e altura referidos para o diagnóstico do estado nutricional em uma população de adultos no Sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2005; 21(1):235-45. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100026
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200500...
.

Conhecendo as dificuldades de se obterem as informações de peso e altura aferidos de toda a população, o uso de medidas autorreferidas é um instrumento fácil e de baixo custo, e vem sendo empregado em diversos inquéritos na-cionais de saúde no mundo para avaliar o estado nutricional de populações66. de Munter JS, Tynelius P, Magnusson C, Rasmussen F. Longitudinal analysis of lifestyle habits in relation to body mass index, onset of overweight and obesity: Results from a large population-based cohort in Sweden. Scand J Public Health. 2015; 43(3):236-45. http://dx.doi.org/10.1177/1403494815569865
https://doi.org/10.1177/1403494815569865...

7. Gu JK, Charles LE, Bang KM, Ma CC, Andrew ME, Violanti JM, et al. Prevalence of obesity by occupation among US workers: The National Health Interview Survey 2004-2011. Int J Occup Environ Med. 2014; 56(5):516-28. http://dx.doi.org/10.1097/JOM.0000000000000133
https://doi.org/10.1097/JOM.000000000000...

8. Malta DC, Andrade SC, Claro RM, Bernal RT, Monteiro CA. Trends in prevalence of overweight and obesity in adults in 26 Brazilian state capitals and the Federal District from 2006 to 2012. Rev Bras Epidemiol. 2014; 17(Suppl.1):267-76. http://dx.doi.org/10.1590/1809-4503201400050021
https://doi.org/10.1590/1809-45032014000...
-99. Twells LK, Gregory DM, Reddigan J, Midodzi WK. Current and predicted prevalence of obesity in Canada: A trend analysis. CMAJ Open. 2014; 2(1):E18-26. http://dx.doi.org/10.9778/cmajo.20130016
https://doi.org/10.9778/cmajo.20130016...
. Essas informações podem ser obtidas através de entrevistas pessoais ou por telefone e por questionários autoaplicáveis enviados pelo correio1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
.

Na literatura internacional, alguns estudos já avaliaram a validade de peso e altura autorrefe-ridos em trabalhadores e encontraram boa con-cordância entre as medidas. Porém, seus achados sugerem que características sociodemográficas, comportamentais e antropométricas interferem na qualidade dessas informações1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...

12. Lois K, Kumar S, Williams N, Birrell L. Can self-reported height and weight be relied upon? Occup Med. 2011; 61(8):590-2. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/kqr140
https://doi.org/10.1093/occmed/kqr140...

13. Nakamura K, Hoshino Y, Kodama K, Yamamoto M. Reliability of self-reported body height and weight of adult Japanese women. J Biosoc Sci. 1999; 31(4):555-8.

14. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...

15. Osuna-Ramirez I, Hernandez-Prado B, Campuzano JC, Salmeron J. Indice de masa corporal y percepción de la imagen corporal en una población adulta mexicana: la precisión del autorreporte. Salud Publica Mex. 2006; 48(2):94-103. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-36342006000200003
https://doi.org/10.1590/S0036-3634200600...
-1616. Wada K, Tamakoshi K, Tsunekawa T, Otsuka R, Zhang H, Murata C, et al. Validity of self-reported height and weight in a Japanese workplace population. Int J Obes. 2005; 29(9):1093-9. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012...
.

No Brasil, estudos com essa temática em trabalhadores são escassos1717. Chor D, Coutinho ES, Laurenti R. Reliability of self-reported weight and height among state bank employees. Rev Saúde Pública. 1999; 33(1):16-23. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101999000100004
https://doi.org/10.1590/S0034-8910199900...
,1818. Fonseca MJ, Faerstein E, Chor D, Lopes CS. Validade de peso e estatura informados e índice de massa corporal: estudo pró-saúde. Rev Saúde Pública. 2004; 38(3):392-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000300009
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200400...
Além disso, uma vez que a acurácia no autorrelato nas medidas pode variar de acordo com fatores sociodemo-gráficos e comportamentais, são necessários estudos em diferentes setores de atividades para que se possa melhor compreender essas relações. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o uso de medidas autorreferidas de peso e altura na avaliação do estado nutricional de trabalhadores de um frigorífico do Sul do Brasil, de acordo com sexo, idade, escolaridade e estado nutricional.

MÉTODOS

Este estudo foi conduzido com trabalha-dores da área de produção de um frigorífico de frango, localizado no Sul do Brasil, que funciona durante as 24 horas do dia. Trata-se de um estudo transversal realizado com trabalhadores entre 18 e 50 anos de idade, de ambos os sexos, no ano de 2010. Foram excluídos da amostra aqueles que trabalhavam na empresa há menos de seis meses, gestantes e trabalhadores afastados há mais de dez dias. A amostra final deste estudo foi com-posta por 902 trabalhadores; maiores informações sobre a amostra e a amostragem podem ser en-contradas no artigo de Canuto et al.1919. Canuto R, Pattussi MP, Macagnan JB, Henn RL, Olinto MT. Sleep deprivation and obesity in shift workers in Southern Brazil. Public Health Nutr. 2013; 29:1-5. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980013002838
https://doi.org/10.1017/S136898001300283...
.

As informações sobre sexo, idade, escolari-dade, peso e altura referidos foram obtidas por meio de um questionário estruturado, padroni-zado e pré-codificado. As entrevistas foram reali-zadas no domicílio do trabalhador por entrevis-tadores treinados. As categorias das variáveis foram: sexo (feminino; masculino); idade (coletada em anos completos e categorizada em: 18 a 31 anos; ³32 anos); escolaridade (de 1º a 4º ano do ensino fundamental, 5º a 8º ano do ensino fun-damental, ensino médio incompleto, e ensino médio completo ou mais). As informações de peso e altura autorreferidas foram obtidas por meio das seguintes perguntas: "Qual o seu peso?" e "Qual sua altura?". Após a coleta das informa-ções foi calculado o IMC (IMC = peso/altura22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25.) e classificado o estado nutricional, com seguintes pontos de corte2020. World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic: Report of a World Health Organization Consultation. Technical Report Series, nº 894. Geneva: WHO; 2000.: <25,0 kg/m22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25.; ³25 kg/m22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25. e <30,0 kg/m22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25.; e ³30,0 kg/m22. Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25..

As medidas aferidas foram realizadas no momento em que os trabalhadores realizavam a coleta de sangue em laboratório de análises clí-nicas (dados não utilizados neste estudo), no máxi-mo, quinze dias após a obtenção das informações das medidas autorreferidas, por profissionais de enfermagem treinados e padronizados para este estudo. O peso foi obtido em uma balança digital (Toledo, modelo 2096PP, São Paulo) em kg, com precisão de 100 g. O entrevistado foi pesado des-calço e vestindo roupas leves. A altura foi obtida em metros, com o indivíduo em pé, descalço, com os calcanhares juntos e encostados à parede, postura ereta e braços estendidos ao longo do corpo, em um estadiômetro portátil com 1 mm de precisão (Seca Bodimeter 2008, Hamburgo, Alemanha). A classificação do IMC foi realizada da mesma forma que o IMC obtido por meio das medidas referidas11. World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of anthropometry. Technical Report Series, nº 854. Geneva: WHO; 1995..

A entrada de dados foi realizada no pro-grama EpiData (EpiData Association, Odense, Dinamarca) versão 3.0, com dupla digitação. A análise dos dados foi realizada no programa Stata (StataCorp, College Station, Texas, Estados Uni-dos), versão 12. Foram realizadas análises estatís-ticas com o objetivo de avaliar a concordância do IMC (variável numérica) e da classificação do esta-do nutricional (variável ordinal), obtidos por meio das medidas de peso e altura autorreferidas de acordo com o sexo, idade e escolaridade. Na des-crição do peso e altura, foram apresentadas as médias e desvios padrão das medidas. Adi-cionalmente, foram utilizados a estatística de Bland & Altman2121. Bland JM, Altman DG. Comparing methods of measurement: Why plotting difference against standard method is misleading. Lancet. 1995; 346(8982):1085-7. e o teste t pareado para medir a diferença e os limites de concordância entre as medidas de peso, altura autorreferidas e aferidas e o IMC obtido por meio dessas. Valores negativos significaram subestimação do valor autorreferido, e valores positivos representaram superestimação do valor autorreferido. Por fim, foram calculadas as prevalências de desnutrição, eutrofia, sobre-peso e obesidade, a partir dos dados obtidos por meio das medidas autorreferidas e aferidas, para a amostra geral e para as categorias que apre-sentaram diferenças estatisticamente significa-tivas para o IMC na estatística de Bland & Altman2121. Bland JM, Altman DG. Comparing methods of measurement: Why plotting difference against standard method is misleading. Lancet. 1995; 346(8982):1085-7.. Foi ainda empregado o teste Qui-quadrado de Pearson para testar a significância estatística. Em todas as análises foi considerado um nível de confiança de 95%.

O presente trabalho respeitou todos os critérios éticos para estudos com seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Registro nº 2014.0.000.390-09).

RESULTADOS

Participaram do estudo 902 trabalhadores, com média de idade de 31 anos (Desvio-Padrão-DP=8,7). A maioria eram mulheres (66,3%), indi-víduos entre 18 e 31 anos (56,5%), com o segun-do grau completo ou mais (56,6%) e eutróficos (58,8%), sendo 39,4% com excesso de peso.

Na Tabela 1, apresentam-se as médias das medidas autorreferidas e aferidas de peso e altura de acordo com o sexo, idade, escolaridade e esta-do nutricional. Na amostra global, as médias das medidas autorreferidas foram um pouco maiores do que das aferidas. Entre os homens, as medidas autorreferidas e aferidas foram bastante se-melhantes; já entre as mulheres, observaram-se maiores medidas de altura autorreferidas. Indi-víduos mais velhos e com menor escolaridade tiveram maior média de altura autorreferida. Já os trabalhadores obesos apresentaram menor média de peso autorreferido e maior média de altura autorreferida, quando comparados às medidas aferidas.

Tabela 1
Média e desvio-padrão das medidas de peso e altura mensuradas e autorreferidas, segundo variáveis sociodemográficas e estado nutricional de trabalhadores de um frigorífico no Sul do Brasil, 2010.

Na Tabela 2, são apresentadas as dife-renças das médias e limites de concordância entre as medidas autorreferidas e aferidas de peso, altura e IMC nas diferentes categorias de sexo, idade, escolaridade e estado nutricional. Na amostra global, observaram-se diferenças signi-ficativas entre as medidas autorreferidas e aferidas de altura e IMC. Observou-se que os homens e os trabalhadores com IMC <25 kg/m² superesti-maram seu peso, enquanto aqueles com ³30 kg/m² o subestimaram. Em relação à altura, as mulheres, assim como os trabalhadores com 32 anos ou mais de idade, com menor escolaridade, eutróficos e com excesso de peso superestimaram a medida. Como consequência, o IMC obtido por medidas autorreferidas foi subestimado para as mulheres, indivíduos mais velhos, com menor escolaridade, com sobrepeso ou obesidade; por outro lado, foi superestimado entre os homens e os trabalha-dores com IMC <25 kg/m².

Tabela 2
Diferença entre valores autorreferidos e aferidos de peso e altura e índice de massa corporal segundo variáveis sociodemográficas e estado nutricional de trabalhadores de um frigorífico no Sul do Brasil, 2010.

Na Figura 1, apresenta-se o percentual da classificação do estado nutricional dos tra-balhadores, obtido pelas medidas de peso e altura autorreferidas e aferidas para toda a amostra e para os grupos que tiveram menor concordância para o IMC na estatística de Bland & Altman2121. Bland JM, Altman DG. Comparing methods of measurement: Why plotting difference against standard method is misleading. Lancet. 1995; 346(8982):1085-7.: a subestimativa do sobrepeso foi de 7,3% na amostra em geral, de 12,6% entre as mulheres, de 15,6 entre os trabalhadores mais velhos, e de 16,6% e entre os menos escolarizados. Já a subes-timativa da obesidade foi de 11,2% na amostra geral, de 12,0% entre as mulheres, de 8,3% entre os homens, de 9,6% entre os trabalhadores mais velhos e de 7,2% entre aqueles com menor escolaridade. Quando analisado o excesso de peso (sobrepeso + obesidade), a subestimativa foi de 8,4% na amostra total, 12,4% entre as mulheres, 9,6% entre os mais velhos e 7,2% entre os menos escolarizados. Entre os homens, as estimativas tiveram boa concordância, exceto para obesidade, que teve subestimativa de 8,0%. Todas as análises apresentaram significância estatística.

Figura 1.
Comparação da classificação do estado nutricional por meio das medidas de peso e altura autorreferidas e das aferidas em trabalhadores de um frigorífico no Sul do Brasil, 2010.

DISCUSSÃO

O presente estudo demonstrou superes-timação de peso e altura autorreferidos entre os trabalhadores. Entretanto, a altura foi superes-timada cinco vezes mais do que o peso, levando à subestimação do IMC. Essa subestimação do IMC levou ao erro do diagnóstico nutricional prin-cipalmente entre as mulheres, as pessoas com menor escolaridade e os trabalhadores com mais de 32 anos.

Superestimação de peso foi verificada em homens e trabalhadores com IMC <25 kg/m². Quando comparado aos achados da literatura, este estudo encontrou maior superestimação de peso nos homens, em comparação a alguns estudos com a população em geral2222. Castro V, Moraes S, Freitas ICM. Concordância de medidas antropométricas em estudo epidemioló-gico de base populacional. Ribeirão Preto, SP, 2006. Projeto OBEDIARP. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(1):58. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201000...

23. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.

24. Schmidt MI, Duncan BB, Tavares M, Polanczyk CA, Pellanda L, Zimmer PM. Validity of self-reported weight: A study of urban brazilian adults. Rev Saúde Pública. 1993; 27(4):271. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101993000400007
https://doi.org/10.1590/S0034-8910199300...
-2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...
. Já a supe-restimação de peso em trabalhadores com IMC <25 kg/m² foi menor em comparação a estudos com a população em geral2222. Castro V, Moraes S, Freitas ICM. Concordância de medidas antropométricas em estudo epidemioló-gico de base populacional. Ribeirão Preto, SP, 2006. Projeto OBEDIARP. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(1):58. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201000...
,2424. Schmidt MI, Duncan BB, Tavares M, Polanczyk CA, Pellanda L, Zimmer PM. Validity of self-reported weight: A study of urban brazilian adults. Rev Saúde Pública. 1993; 27(4):271. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101993000400007
https://doi.org/10.1590/S0034-8910199300...
,2626. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
,2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
, e maior quan-do comparado a estudos com trabalhadores1414. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...
,1616. Wada K, Tamakoshi K, Tsunekawa T, Otsuka R, Zhang H, Murata C, et al. Validity of self-reported height and weight in a Japanese workplace population. Int J Obes. 2005; 29(9):1093-9. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012...
.

Neste estudo, houve uma subestimação de peso em trabalhadores com IMC ³30 kg/m². Outros estudos com trabalhadores corroboram es-se achado, encontrando subestimação1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,1414. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...
, assim como estudos com a população em geral2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...

26. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
-2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
.

Segundo Schmidt et al.2424. Schmidt MI, Duncan BB, Tavares M, Polanczyk CA, Pellanda L, Zimmer PM. Validity of self-reported weight: A study of urban brazilian adults. Rev Saúde Pública. 1993; 27(4):271. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101993000400007
https://doi.org/10.1590/S0034-8910199300...
, a explicação dos homens possuírem a tendência de superestimar seu peso, enquanto as mulheres o subestimam, deve-se à especificidade de gêneros quanto a seus ideais culturais de peso. As pessoas relatam seu peso, superestimando ou subestimando, de acor-do com seu ideal de imagem corporal, o que pode lhe dar uma ideia errada de seu próprio corpo. O padrão de beleza imposto atualmente para os homens é da atratividade masculina, ou seja, cor-pos fortes e musculosos. Isso pode ser uma expli-cação da superestimação de peso por parte dos homens. Eles desejam ter uma estrutura corporal maior, não sendo capazes de diferenciar o acú-mulo de massa magra e o acúmulo de gordura corporal em relação ao peso corporal2828. Neighbors LA, Sobal J. Prevalence and magnitude of body weight and shape dissatisfaction among university students. Eating Behav. 2007; 8(4):429-39. http://dx.doi.org/10.1016/j.eatbeh.2007.03.003
https://doi.org/10.1016/j.eatbeh.2007.03...
. Cabe ain-da ressaltar que a população deste estudo é, em parte, rural e, dessa forma, o corpo forte pode ser ainda mais desejado pelo papel que desem-penha no trabalho braçal.

Os trabalhadores eutróficos tiveram uma maior precisão em relatar o próprio peso, quando comparados à população em geral. Mas foram menos precisos, quando comparados aos tra-balhadores de outros estudos. Esse achado pode ser explicado pelo viés do trabalhador saudável: por passarem por exames médicos rotineiros, os trabalhadores poderiam ser mais precisos ao esti-mar o seu peso e altura. Porém, nesta empresa, peso e altura não são aferidos nos exames de rotina, explicando a menor precisão em relação aos trabalhadores de outras empresas, que pos-sivelmente incluam essas medidas.

Já a superestimação de peso por parte das pessoas desnutridas e a subestimação de peso de pessoas obesas, podem ser decorrentes de uma distorção de imagem corporal, definida como uma dificuldade no julgamento do tamanho e da forma do próprio corpo2929. Gardner RM, Brown DL. Comparison of video distortion and figural drawing scale for measuring and predicting body image dissatisfaction and distortion. Pers Individ Dif. 2010; 49(7):794-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.paid.2010.07.001
https://doi.org/10.1016/j.paid.2010.07.0...
.

Neste estudo, a superestimação da altura esteve associada às mulheres e aos trabalhadores mais velhos, com menor escolaridade e com excesso de peso. Outros estudos com trabalha-dores1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,1414. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...
,1818. Fonseca MJ, Faerstein E, Chor D, Lopes CS. Validade de peso e estatura informados e índice de massa corporal: estudo pró-saúde. Rev Saúde Pública. 2004; 38(3):392-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000300009
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200400...
e com a população em geral2626. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
,3030. Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
https://doi.org/10.1590/S0102-31...

31. Lee DH, Shin A, Kim J, Yoo KY, Sung J. Validity of self-reported height and weight in a Korean population. J Epidemiol. 2011; 21(1):30-6. http://dx.doi.org/10.2188/jea.JE20100058
https://doi.org/10.2188/jea.JE20100058...

32. Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...
-3333. Wen M, Kowaleski-Jones L. Sex and ethnic differences in validity of self-reported adult height, weight and body mass index. Ethn Dis. 2012; 22(1):72-8. corroboram os resultados de superestimação de altura em mulheres. A superestimação entre trabalhadores mais velhos também foi encontrada em um estudo com trabalhadores1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
e em outros com populações em geral2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...
,3030. Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
https://doi.org/10.1590/S0102-31...

31. Lee DH, Shin A, Kim J, Yoo KY, Sung J. Validity of self-reported height and weight in a Korean population. J Epidemiol. 2011; 21(1):30-6. http://dx.doi.org/10.2188/jea.JE20100058
https://doi.org/10.2188/jea.JE20100058...
-3232. Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...
,3434. Dhaliwal SS, Howat P, Bejoy T, Welborn TA. Self-reported weight and height for evaluating obesity control programs. Am J Health Behav. 2010; 34(4):489-99. http://dx.doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
https://doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.4...
,3535. Hayes AJ, Kortt MA, Clarke PM, Brandrup JD. Estimating equations to correct self-reported height and weight: Implications for prevalence of overweight and obesity in Australia. Aust N Z J Public Health. 2008; 32(6):542-5. http://dx.doi.org/10.1111/j.1753-6405.2008.00306.x
https://doi.org/10.1111/j.1753-6405.2008...
. Já a supe-restimação associada à menor escolaridade corroborou dados da população em geral, des-tacando que estudos estratificados por sexo mostraram que mulheres com menor escolaridade superestimavam mais sua altura do que ho-mens1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
,2222. Castro V, Moraes S, Freitas ICM. Concordância de medidas antropométricas em estudo epidemioló-gico de base populacional. Ribeirão Preto, SP, 2006. Projeto OBEDIARP. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(1):58. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201000...
,3030. Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
https://doi.org/10.1590/S0102-31...
,3131. Lee DH, Shin A, Kim J, Yoo KY, Sung J. Validity of self-reported height and weight in a Korean population. J Epidemiol. 2011; 21(1):30-6. http://dx.doi.org/10.2188/jea.JE20100058
https://doi.org/10.2188/jea.JE20100058...
. Com relação à superestimação da altura associada ao excesso de peso, outros estu-dos com trabalhadores corroboram os acha-dos1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,1414. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...
, como também estudos de base popula-cionais1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
,2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...
,2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
.

Uma possível explicação da superes-timação de altura pelas mulheres pode ser o anseio por serem mais altas do que realmente são. Outra questão é a não verificação periódica da altura por pessoas mais velhas, que acabam relatando informações imprecisas, fundamen-tadas em medições anteriores3030. Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
https://doi.org/10.1590/S0102-31...
,3232. Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...
.

O índice de massa corporal estimado a partir de medidas autorreferidas de peso e altura mostrou-se subestimado. Além disso, a subesti-mação mostrou-se associada às mulheres e aos indivíduos mais velhos, com menor escolaridade e excesso de peso. Outros estudos com trabalha-dores tiveram resultados semelhantes quanto à subestimação do valor de IMC em mulheres1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,1414. Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375...
,1818. Fonseca MJ, Faerstein E, Chor D, Lopes CS. Validade de peso e estatura informados e índice de massa corporal: estudo pró-saúde. Rev Saúde Pública. 2004; 38(3):392-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000300009
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200400...
, como também em estudos de base popula-cionais2626. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
,3030. Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
https://doi.org/10.1590/S0102-31...
,3232. Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...

33. Wen M, Kowaleski-Jones L. Sex and ethnic differences in validity of self-reported adult height, weight and body mass index. Ethn Dis. 2012; 22(1):72-8.
-3434. Dhaliwal SS, Howat P, Bejoy T, Welborn TA. Self-reported weight and height for evaluating obesity control programs. Am J Health Behav. 2010; 34(4):489-99. http://dx.doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
https://doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.4...
. Mulheres mostraram-se mais propensas a subestimar seu peso e superestimar sua altura, o que resultou numa subestimativa de IMC. Esse dado é condizente com as atuais expectativas das mulheres quanto ao padrão de beleza feminino imposto pela mídia, em que a magreza é tomada como sinônimo de norma-lidade e saúde, o que pode provocar insatisfação e sentimentos de inadequação com o corpo, resultando numa subestimação do seu estado nutricional3636. Paquette MC, Raine K. Sociocultural context of women's body image. Social Sci Med. 2004; 59(5):1047-58. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.12.016
https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2003...
.

A literatura também traz resultados se-melhantes de subestimação de IMC entre indiví-duos mais velhos e com menor escolaridade, en-tre trabalhadores1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
e nas populações em ge-ral1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
,2222. Castro V, Moraes S, Freitas ICM. Concordância de medidas antropométricas em estudo epidemioló-gico de base populacional. Ribeirão Preto, SP, 2006. Projeto OBEDIARP. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(1):58. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
https://doi.org/10.1590/S1415-790X201000...
,2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...
,2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
,3131. Lee DH, Shin A, Kim J, Yoo KY, Sung J. Validity of self-reported height and weight in a Korean population. J Epidemiol. 2011; 21(1):30-6. http://dx.doi.org/10.2188/jea.JE20100058
https://doi.org/10.2188/jea.JE20100058...
,3434. Dhaliwal SS, Howat P, Bejoy T, Welborn TA. Self-reported weight and height for evaluating obesity control programs. Am J Health Behav. 2010; 34(4):489-99. http://dx.doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
https://doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.4...
,3737. Krul AJ, Daanen HA, Choi H. Self-reported and measured weight, height and body mass index (BMI) in Italy, the Netherlands and North America. Eur J Public Health. 2011; 21(4):414-9. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckp228
https://doi.org/10.1093/eurpub/ckp228...
. A subestimação de IMC por pessoas de baixa escolaridade pode estar as-sociada às dificuldades de acesso e compreensão das informações relacionadas à saúde e, assim, do próprio estado nutricional3232. Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
https://doi.org/10.1590/1980-54972015000...
. Em relação à ida-de, como mencionado anteriormente, a dimi-nuição nas medições periódicas de peso e altura pode levar ao erro da classificação do estado nutricional.

Este estudo também demonstrou maior subestimação do valor de IMC conforme o aumento do excesso de peso (0,36 kg/m² sobrepeso e 1,00 kg/m² obesidade). Achados semelhantes foram encontrados em estudo com trabalhadores1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,1212. Lois K, Kumar S, Williams N, Birrell L. Can self-reported height and weight be relied upon? Occup Med. 2011; 61(8):590-2. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/kqr140
https://doi.org/10.1093/occmed/kqr140...
e com a população geral55. Silveira EA, Araújo CL, Gigante DP, Barros AJD, Lima MS. Validação do peso e altura referidos para o diagnóstico do estado nutricional em uma população de adultos no Sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2005; 21(1):235-45. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100026
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200500...
,1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
,2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...

26. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
-2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
,3838. Danubio ME, Miranda G, Vinciguerra MG, Vecchi E, Rufo F. Comparison of self-reported and measured height and weight: Implications for obesity research among young adults. Econ Hum Biol. 2008; 6(1):181-90. http://dx.doi.org/10.1016/j.ehb.2007.04.002
https://doi.org/10.1016/j.ehb.2007.04.00...
. O IMC mos-trou-se superestimado entre homens e trabalha-dores com IMC <25 kg/m². Resultados semelhan-tes foram observados por Silveira et al.55. Silveira EA, Araújo CL, Gigante DP, Barros AJD, Lima MS. Validação do peso e altura referidos para o diagnóstico do estado nutricional em uma população de adultos no Sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2005; 21(1):235-45. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100026
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200500...
, entre trabalhadores. Já estudos de base populacional encontraram superestimativas maiores do valor de IMC comparado a este estudo2323. Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.,2525. Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421...
. Os trabalha-dores do sexo masculino e com IMC <25 kg/m² superestimaram o seu peso, o que resultou na superestimação do IMC. Os possíveis motivos para essas superestimações no peso foram explicados anteriormente.

Quando avaliadas as consequências dos erros no relato de peso e altura na classificação do estado nutricional, na amostra geral nota-se subestimação na prevalência de pessoas com sobrepeso e obesidade, quando utilizados dados autorreferidos (7,3 e 11,2%, respectivamente). Dekkers et al.1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
, em uma população também de trabalhadores, encontraram percentuais de su-perestimação para sobrepeso (5,1%) e subestima-ção para obesidade (20,5%).

Estudos de base populacional encontraram valores de subestimação de sobrepeso em mulhe-res, tanto menores (2,3%)1010. Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
https://doi.org/10.1590/S0034-8910200600...
quanto maiores (23,0%)3939. Basterra-Gortari FJ, Bes-Rastrollo M, Forga L, Martinez JA, Martinez-Gonzalez MA. Validación die índice de masa corporal auto-referido un la Enausta Nacional de Salud. An Sist Sanit Navar. 2007; 30(3):373-81., quando comparados a este estudo (12,6%). Em relação aos valores de subestimação de obesidade, alguns estudos encontraram valores de subestimação maiores, tanto do sexo feminino como do masculino2626. Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201000...
,2727. Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
https://doi.org/10.1038/oby.2007.536...
,3939. Basterra-Gortari FJ, Bes-Rastrollo M, Forga L, Martinez JA, Martinez-Gonzalez MA. Validación die índice de masa corporal auto-referido un la Enausta Nacional de Salud. An Sist Sanit Navar. 2007; 30(3):373-81..

Quando se observa a relação entre idade e o erro no diagnóstico, o presente estudo encon-trou uma subestimação de sobrepeso de 15,6% em trabalhadores mais velhos, ao passo que outro estudo encontrou superestimação de 7,2%1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
. Quando se analisa o erro em relação à obesidade, outros estudos também encontraram subestima-ção de obesidade por pessoas mais velhas, com valores maiores1111. Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69...
,3434. Dhaliwal SS, Howat P, Bejoy T, Welborn TA. Self-reported weight and height for evaluating obesity control programs. Am J Health Behav. 2010; 34(4):489-99. http://dx.doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
https://doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.4...
. Não foram localizados estu-dos que observassem o erro de diagnóstico para sobrepeso e obesidade em relação à escolaridade.

Como se pode perceber, este estudo encontrou um menor erro no diagnóstico nutri-cional, quando comparado aos estudos condu-zidos com a população em geral. Este achado po-de ser explicado, em parte, pelo viés do trabalha-dor saudável. Nesta empresa, são realizados exa-mes periódicos de rotina, porém peso e altura não são aferidos. De qualquer forma, sabe-se que os trabalhadores são mais saudáveis do que a população em geral (por exemplo, nesta amostra, apenas 5% dos trabalhadores relataram ser taba-gistas). Além disso, muitas vezes, por possuírem plano de saúde, como é o caso desta empresa, têm maior acesso aos serviços de saúde, e pos-sivelmente são submetidos a medidas antropo-métricas e recebem informações sobre a impor-tância destas para a saúde.

Quando comparada a estudos entre tra-balhadores, esta pesquisa encontrou resultados diferentes. Além das possíveis explicações já dis-cutidas ao longo do artigo, cabe ressaltar que este estudo foi conduzido entre trabalhadores da linha de produção de um frigorífico de aves, e, dessa forma, eles podem possuir menor escolaridade do que os trabalhadores investigados em outros estudos. Outra característica importante a se res-saltar é que se trata de uma população do inte-rior de Santa Catarina, que em parte reside na área rural e, assim, pode estar menos exposta tanto a aferições de peso e altura constantes quanto à pressão social pelo controle do peso. Essas características da amostra também devem ser consideradas na generalização dos achados deste estudo.

Por fim, embora estudos epidemiológicos que monitoram o estado nutricional de trabalha-dores, de forma rápida e fácil, desempenhem um importante papel na vigilância nutricional dessa população, os achados do presente estudo mos-tram que a utilização de medidas de peso e altura autorreferidos deve ser realizada com atenção, na avaliação do seu estado nutricional. Especial atenção deve ser dedicada àqueles indivíduos cujos relatos têm maior tendência ao erro, como mulheres e trabalhadores mais idosos e menos escolarizados. Além disso, trabalhadores de diferentes empresas e setores, por possuírem características sociodemográficas variadas, po-dem apresentar diferenças na habilidade de autor-relatar o seu peso e altura.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

REFERÊNCIAS

  • 1
    World Health Organization. Physical status: The use and interpretation of anthropometry. Technical Report Series, nº 854. Geneva: WHO; 1995.
  • 2
    Olinto MTA, Canuto R, Silva AG. Work and abdominal obesity risk. In: Nutrition in the prevention and treatment of abdominal obesity. Philadelphia (PA): Elsevier; 2014. p.17-25.
  • 3
    Macagnan J, Pattussi MP, Canuto R, Henn RL, Fassa AG, Olinto MT. Impact of nightshift work on overweight and abdominal obesity among workers of a poultry processing plant in southern Brazil. Chronobiol Int. 2012; 29(3):336-43. http://dx.doi.org/10.3109/07420528.2011.653851
    » https://doi.org/10.3109/07420528.2011.653851
  • 4
    Kac G, Sichieri R, Gigante DP. Epidemiologia nutri-cional. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007.
  • 5
    Silveira EA, Araújo CL, Gigante DP, Barros AJD, Lima MS. Validação do peso e altura referidos para o diagnóstico do estado nutricional em uma população de adultos no Sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 2005; 21(1):235-45. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100026
    » https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000100026
  • 6
    de Munter JS, Tynelius P, Magnusson C, Rasmussen F. Longitudinal analysis of lifestyle habits in relation to body mass index, onset of overweight and obesity: Results from a large population-based cohort in Sweden. Scand J Public Health. 2015; 43(3):236-45. http://dx.doi.org/10.1177/1403494815569865
    » https://doi.org/10.1177/1403494815569865
  • 7
    Gu JK, Charles LE, Bang KM, Ma CC, Andrew ME, Violanti JM, et al. Prevalence of obesity by occupation among US workers: The National Health Interview Survey 2004-2011. Int J Occup Environ Med. 2014; 56(5):516-28. http://dx.doi.org/10.1097/JOM.0000000000000133
    » https://doi.org/10.1097/JOM.0000000000000133
  • 8
    Malta DC, Andrade SC, Claro RM, Bernal RT, Monteiro CA. Trends in prevalence of overweight and obesity in adults in 26 Brazilian state capitals and the Federal District from 2006 to 2012. Rev Bras Epidemiol. 2014; 17(Suppl.1):267-76. http://dx.doi.org/10.1590/1809-4503201400050021
    » https://doi.org/10.1590/1809-4503201400050021
  • 9
    Twells LK, Gregory DM, Reddigan J, Midodzi WK. Current and predicted prevalence of obesity in Canada: A trend analysis. CMAJ Open. 2014; 2(1):E18-26. http://dx.doi.org/10.9778/cmajo.20130016
    » https://doi.org/10.9778/cmajo.20130016
  • 10
    Peixoto MR, Benicio MH, Jardim PC. Validade do peso e da altura auto-referidos: o estudo de Goiânia. Rev Saúde Publica. 2006; 40(6):1065-72. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000700015
  • 11
    Dekkers JC, van Wier MF, Hendriksen IJ, Twisk JW, van Mechelen W. Accuracy of self-reported body weight, height and waist circumference in a Dutch overweight working population. BMC Med Res Methodol. 2008; 8:69. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
    » https://doi.org/10.1186/1471-2288-8-69
  • 12
    Lois K, Kumar S, Williams N, Birrell L. Can self-reported height and weight be relied upon? Occup Med. 2011; 61(8):590-2. http://dx.doi.org/10.1093/occmed/kqr140
    » https://doi.org/10.1093/occmed/kqr140
  • 13
    Nakamura K, Hoshino Y, Kodama K, Yamamoto M. Reliability of self-reported body height and weight of adult Japanese women. J Biosoc Sci. 1999; 31(4):555-8.
  • 14
    Niedhammer I, Bugel I, Bonenfant S, Goldberg M, Leclerc A. Validity of self-reported weight and height in the French GAZEL cohort. Int J Obes Relat Metab Disord. 2000; 24(9):1111-8. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
    » https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0801375
  • 15
    Osuna-Ramirez I, Hernandez-Prado B, Campuzano JC, Salmeron J. Indice de masa corporal y percepción de la imagen corporal en una población adulta mexicana: la precisión del autorreporte. Salud Publica Mex. 2006; 48(2):94-103. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-36342006000200003
    » https://doi.org/10.1590/S0036-36342006000200003
  • 16
    Wada K, Tamakoshi K, Tsunekawa T, Otsuka R, Zhang H, Murata C, et al. Validity of self-reported height and weight in a Japanese workplace population. Int J Obes. 2005; 29(9):1093-9. http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012
    » https://doi.org/10.1038/sj.ijo.0803012
  • 17
    Chor D, Coutinho ES, Laurenti R. Reliability of self-reported weight and height among state bank employees. Rev Saúde Pública. 1999; 33(1):16-23. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101999000100004
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89101999000100004
  • 18
    Fonseca MJ, Faerstein E, Chor D, Lopes CS. Validade de peso e estatura informados e índice de massa corporal: estudo pró-saúde. Rev Saúde Pública. 2004; 38(3):392-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102004000300009
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000300009
  • 19
    Canuto R, Pattussi MP, Macagnan JB, Henn RL, Olinto MT. Sleep deprivation and obesity in shift workers in Southern Brazil. Public Health Nutr. 2013; 29:1-5. http://dx.doi.org/10.1017/S1368980013002838
    » https://doi.org/10.1017/S1368980013002838
  • 20
    World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic: Report of a World Health Organization Consultation. Technical Report Series, nº 894. Geneva: WHO; 2000.
  • 21
    Bland JM, Altman DG. Comparing methods of measurement: Why plotting difference against standard method is misleading. Lancet. 1995; 346(8982):1085-7.
  • 22
    Castro V, Moraes S, Freitas ICM. Concordância de medidas antropométricas em estudo epidemioló-gico de base populacional. Ribeirão Preto, SP, 2006. Projeto OBEDIARP. Rev Bras Epidemiol. 2010; 13(1):58. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
    » https://doi.org/10.1590/S1415-790X2010000100006
  • 23
    Merrill RM, Richardson JS. Validity of self-reported height, weight, and body mass index: Findings from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2006. Prev Chronic Dis. 2009; 6(4):A121.
  • 24
    Schmidt MI, Duncan BB, Tavares M, Polanczyk CA, Pellanda L, Zimmer PM. Validity of self-reported weight: A study of urban brazilian adults. Rev Saúde Pública. 1993; 27(4):271. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101993000400007
    » https://doi.org/10.1590/S0034-89101993000400007
  • 25
    Stommel M, Schoenborn CA. Accuracy and usefulness of BMI measures based on self-reported weight and height: Findings from the NHANES & NHIS 2001-2006. BMC Public Health. 2009; 9:421. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
    » https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-421
  • 26
    Lucca A, Moura EC. Validity and reliability of self-reported weight, height and body mass index from telephone interviews. Cad Saúde Pública. 2010; 26(1):110-22. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
    » https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010000100012
  • 27
    Nyholm M, Gullberg B, Merlo J, Lundqvist-Persson C, Rastam L, Lindblad U. The validity of obesity based on self-reported weight and height: Implications for population studies. Obesity. 2007; 15(1):197-208. http://dx.doi.org/10.1038/oby.2007.536
    » https://doi.org/10.1038/oby.2007.536
  • 28
    Neighbors LA, Sobal J. Prevalence and magnitude of body weight and shape dissatisfaction among university students. Eating Behav. 2007; 8(4):429-39. http://dx.doi.org/10.1016/j.eatbeh.2007.03.003
    » https://doi.org/10.1016/j.eatbeh.2007.03.003
  • 29
    Gardner RM, Brown DL. Comparison of video distortion and figural drawing scale for measuring and predicting body image dissatisfaction and distortion. Pers Individ Dif. 2010; 49(7):794-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.paid.2010.07.001
    » https://doi.org/10.1016/j.paid.2010.07.001
  • 30
    Del Duca GF, Gonzalez-Chica DA, Santos JV, Knuth AG, Camargo MB, Araujo CL. Peso e altura autor-referidos para determinação do estado nutricional de adultos e idosos: validade e implicações em análises de dados. Cad Saúde Pública. 2012; 28(1):75-85. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-31 1X2012000100008
    » https://doi.org/10.1590/S0102-31
  • 31
    Lee DH, Shin A, Kim J, Yoo KY, Sung J. Validity of self-reported height and weight in a Korean population. J Epidemiol. 2011; 21(1):30-6. http://dx.doi.org/10.2188/jea.JE20100058
    » https://doi.org/10.2188/jea.JE20100058
  • 32
    Martins PC, de Carvalho MB, Machado CJ. Use of self-reported measures of height, weight and body mass index in a rural population of Northeast Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2015; 18(1):137-48. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
    » https://doi.org/10.1590/1980-5497201500010011
  • 33
    Wen M, Kowaleski-Jones L. Sex and ethnic differences in validity of self-reported adult height, weight and body mass index. Ethn Dis. 2012; 22(1):72-8.
  • 34
    Dhaliwal SS, Howat P, Bejoy T, Welborn TA. Self-reported weight and height for evaluating obesity control programs. Am J Health Behav. 2010; 34(4):489-99. http://dx.doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
    » https://doi.org/10.5555/ajhb.2010.34.4.489
  • 35
    Hayes AJ, Kortt MA, Clarke PM, Brandrup JD. Estimating equations to correct self-reported height and weight: Implications for prevalence of overweight and obesity in Australia. Aust N Z J Public Health. 2008; 32(6):542-5. http://dx.doi.org/10.1111/j.1753-6405.2008.00306.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1753-6405.2008.00306.x
  • 36
    Paquette MC, Raine K. Sociocultural context of women's body image. Social Sci Med. 2004; 59(5):1047-58. http://dx.doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.12.016
    » https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.12.016
  • 37
    Krul AJ, Daanen HA, Choi H. Self-reported and measured weight, height and body mass index (BMI) in Italy, the Netherlands and North America. Eur J Public Health. 2011; 21(4):414-9. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckp228
    » https://doi.org/10.1093/eurpub/ckp228
  • 38
    Danubio ME, Miranda G, Vinciguerra MG, Vecchi E, Rufo F. Comparison of self-reported and measured height and weight: Implications for obesity research among young adults. Econ Hum Biol. 2008; 6(1):181-90. http://dx.doi.org/10.1016/j.ehb.2007.04.002
    » https://doi.org/10.1016/j.ehb.2007.04.002
  • 39
    Basterra-Gortari FJ, Bes-Rastrollo M, Forga L, Martinez JA, Martinez-Gonzalez MA. Validación die índice de masa corporal auto-referido un la Enausta Nacional de Salud. An Sist Sanit Navar. 2007; 30(3):373-81.
  • Apoio:

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Processos nº 477069/2009-6 e 478366/2011-6) e bolsas de produtividade pela mesma instituição (Processos nº 307257/2013-4 e 303424/2011-7).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Fev 2015
  • Revisado
    12 Jan 2016
  • Aceito
    28 Jan 2016
Pontifícia Universidade Católica de Campinas Núcleo de Editoração SBI - Campus II , Av. John Boyd Dunlop, s/n. - Prédio de Odontologia, 13059-900 Campinas - SP Brasil, Tel./Fax: +55 19 3343-6875 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: sbi.submissionrn@puc-campinas.edu.br