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Distalização dos molares superiores com aparelho Pendex: estudo em modelos de gesso

Distal movement of the upper molars with the Pendex appliance: a study with cast models

Resumos

OBJETIVO: a presente pesquisa clínica, longitudinal e prospectiva, avaliou os efeitos do aparelho Pendex mediante o emprego de modelos de gesso. METODOLOGIA: utilizou-se uma amostra de 30 modelos de gesso, obtidos no início e no final da distalização dos molares superiores com o aparelho Pendex, de 15 jovens brasileiros tratados no Curso de Pós-Graduação, nível de Mestrado em Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. RESULTADOS E CONCLUSÕES: os resultados mostraram aumento do perímetro do arco dentário superior com inclinação distal e controle transversal dos primeiros molares superiores.

Má oclusão Classe II de Angle; Aparelhos ortodônticos; Aparelho Pendex e Pêndulo; Distalização dos molares


AIM: this clinical longitudinal prospective study evaluated in cast models the effects of the Pendex appliance. METHODS: thirty cast models of 15 adolescents treated at the Post-graduate course of the School of Dentistry of Araçatuba - UNESP were obtained at the beginning and at the end of the distal movement of the upper molars with the Pendex appliance. RESULTS AND CONCLUSIONS: the results showed increase of the upper dental arch perimeter with distal inclination and transverse control of the upper first molars

Class II malocclusion; Pendex appliance; Pendulum appliance; Distal molar movement


ARTIGO INÉDITO

Distalização dos molares superiores com aparelho Pendex: estudo em modelos de gesso

Distal movement of the upper molars with the Pendex appliance: a study with cast models

Eduardo César Almada SantosI; Omar Gabriel da Silva FilhoII; Patrícia Maria Pizzo ReisII; Francisco Antônio BertozIII

IProfessor Assistente Doutor da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP

IIMestrando em Odontologia, Área de Concentração Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP

IIIProfessor Titular da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP

Endereço de correspondência Endereço de correspondência Eduardo César Almada Santos Rua José Bonifácio, 1193 CEP: 16015-050 – Araçatuba/SP almada@foa.unesp.br

RESUMO

OBJETIVO: a presente pesquisa clínica, longitudinal e prospectiva, avaliou os efeitos do aparelho Pendex mediante o emprego de modelos de gesso.

METODOLOGIA: utilizou-se uma amostra de 30 modelos de gesso, obtidos no início e no final da distalização dos molares superiores com o aparelho Pendex, de 15 jovens brasileiros tratados no Curso de Pós-Graduação, nível de Mestrado em Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.

RESULTADOS E CONCLUSÕES: os resultados mostraram aumento do perímetro do arco dentário superior com inclinação distal e controle transversal dos primeiros molares superiores.

Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Aparelhos ortodônticos. Aparelho Pendex e Pêndulo. Distalização dos molares.

ABSTRACT

AIM: this clinical longitudinal prospective study evaluated in cast models the effects of the Pendex appliance.

METHODS: thirty cast models of 15 adolescents treated at the Post-graduate course of the School of Dentistry of Araçatuba – UNESP were obtained at the beginning and at the end of the distal movement of the upper molars with the Pendex appliance.

RESULTS AND CONCLUSIONS: the results showed increase of the upper dental arch perimeter with distal inclination and transverse control of the upper first molars

Key words: Class II malocclusion. Pendex appliance. Pendulum appliance. Distal molar movement.

INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

Não deixa de ser provocativa, para os ortodontistas habituados com a ancoragem extrabucal tradicional, a possibilidade de distalizar os molares superiores com a grande diversidade de aparelhos de ancoragem intrabucal e intramaxilar inseridos no arsenal ortodôntico contemporâneo, os chamados distalizadores intrabucais. Esses dispositivos, em evidência a partir da década de 1990, têm o seu mérito na distalização dos molares sem a colaboração do paciente e sem o efeito ortopédico de restrição do deslocamento anterior da maxila, mesmo quando aplicados durante o surto de crescimento da adolescência. Do ponto de vista clínico, esses aparelhos corrigem a Classe II, desencadeando a distalização dos molares, sem necessitarem da cooperação do paciente, e com estimativa de tempo para se alcançar o objetivo. Enfim, os distalizadores intrabucais constituem alternativa viável, na clínica ortodôntica, para distalização dos molares superiores, como esclarece a tabela 1, porém aplicados com ressalvas, ou seja, com uma visão equilibrada dos seus efeitos (Fig. 1).


Os aparelhos Pêndulo e Pendex, idealizados por Hilgers10,12, ou quaisquer de suas variações1, 2,5,6,7,8,15,16,17,18,19,20,23,24,25,26 fazem parte dessa gama de aparelhos que induzem efeito dentário, sem influência esquelética e sem exigir cooperação. O presente trabalho de pesquisa fecha a trilogia de estudos empenhados em explicitar os efeitos induzidos a curto prazo pelo aparelho Pendex usando uma amostra prospectiva da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. As duas empreitadas anteriores basearam-se na cefalometria21, que confirmou a ausência de efeitos ortopédicos e reafirmou os efeitos ortodônticos nos molares e na ancoragem, e na radiografia panorâmica22, que confirmou o movimento de inclinação dos primeiros e segundos molares superiores durante a distalização. Na verdade, a coroa do molar se desloca para distal, enquanto a raiz nem sempre. A avaliação mediante emprego da telerradiografia lateral21 demonstrou inclinação distal dos molares com uma velocidade média de 0,8mm/mês acompanhada de vestibularização dos incisivos superiores, com aumento do trespasse horizontal. Essa inclinação vestibular dos dentes anteriores se traduz como perda de ancoragem. Num resultado otimista da literatura17, 72,5% do espaço aberto com o Pêndulo foi atribuído à distalização dos molares e somente 27,5% correspondeu à perda de ancoragem, o que se aproxima da perda de ancoragem sugerida pelo criador do aparelho Pêndulo, que é de 20%. A figura 1 retrata com clareza os efeitos provocados pelo aparelho Pêndulo.

O presente trabalho de pesquisa lançou mão de modelos de gesso para avaliar o comportamento sagital, vertical e transversal dos molares superiores decorrente do uso do Pendex.

MATERIAL E MÉTODO

Material

Para o presente estudo longitudinal e prospectivo, utilizou-se uma amostra de 30 modelos de gesso, obtidos no início e no final da distalização dos molares superiores com o aparelho Pendex, de 15 jovens brasileiros tratados no Curso de Pós-Graduação, nível de Mestrado em Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, por uma única profissional. Todos os pacientes, sendo 9 do gênero masculino e 6 do gênero feminino, apresentavam má oclusão de Classe II, com média de idade de 11 anos e 3 meses, numa faixa etária entre 9 e 15 anos. Não foram incluídos pacientes com agenesias, perda precoce de dentes decíduos e pacientes submetidos a qualquer tipo de tratamento ortodôntico prévio.

Para a coleta de dados, o presente estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.

Método

Descrição dos passos do tratamento

O aparelho distalizador intrabucal Pendex utilizado no presente trabalho (Fig. 2) constituiu-se de bandas nos primeiros pré-molares e primeiros molares permanentes superiores, apoios oclusais na distal dos segundos pré-molares, parafuso expansor, botões acrílicos e molas distalizadoras de TMA (titânio-molibdênio). As bandas foram cimentadas com cimento de ionômero de vidro modificado com resina (Fuji Ortho LC - GC Corporation, Tokyo, Japan - sistema pó-líquido). Dos 15 pacientes apenas um apresentava os primeiros molares decíduos superiores na cavidade bucal. Para este caso, não foi realizada a bandagem dos primeiros molares decíduos e sim a confecção de apoios oclusais na mesial dos respectivos dentes com fio de aço 0,9 mm (Fig. 3). Antes da cimentação do aparelho distalizador, as molas foram ativadas de forma a deixá-las paralelas à rafe palatina mediana (Fig. 4). De acordo com Hilgers e Tracey13, cerca de 1/3 desta força é anulada durante o encaixe do segmento intratubo da mola distalizadora no tubo palatino do primeiro molar superior permanente. A força registrada pelo tensiômetro Dontrix (ETM Corporation, Monrovia, Califórnia) foi de aproximadamente 300g por lado. As avaliações foram realizadas quinzenalmente e as ativações das molas a cada trinta dias, conforme a necessidade de correção da relação molar. O aparelho foi removido quando os primeiros molares encontravam-se sobrecorrigidos e o tempo gasto para alcançar este objetivo durou em média 5,2 meses (Fig. 5). No momento em que se observou a cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior ocluindo com o sulco mésio-vestibular do primeiro molar inferior, foi realizada uma dobra anti-inclinação no segmento intratubo da mola distalizadora com 15º de inclinação para oclusal (Fig. 6). O objetivo desta dobra era promover a verticalização da raiz, conferindo à distalização do primeiro molar superior permanente um movimento próximo ao de corpo, conforme proposto por Byloff e Darendeliler5.






Descrição da metodologia sobre os modelos de gesso

Os modelos de gesso do arco dentário superior inicial e pós-distalização foram usados para avaliar o efeito produzido pelo aparelho Pendex. O comportamento sagital do arco dentário superior foi avaliado por duas grandezas (Fig. 7), uma representativa do segmento posterior e outra do comprimento total do arco superior. A grandeza do segmento posterior estende-se da crista marginal mesial do primeiro molar superior até a crista marginal mesial do primeiro pré-molar, dos dois lados. São nomeados M-PMD e M-PME, onde as últimas letras identificam os lados direito (D) e esquerdo (E). A grandeza do comprimento total do arco estende-se da crista marginal mesial do primeiro molar superior até a borda mesial do incisivo central do lado correspondente. Essas grandezas receberam a identificação de M-ICD e M-ICE.


O comportamento vertical do primeiro molar foi avaliado na superfície vestibular, mediante comprimento da coroa nas ameias interproximais mesial e distal (Fig. 8). Essas grandezas receberam os nomes Ameia mesial D, Ameia mesial E, Ameia distal D e Ameia distal D, em ambos os lados nos modelos, inicial e pós-distalização.


O comportamento transversal do arco dentário superior foi avaliado pela distância entre as cúspides mésio-vestibulares, as cúspides disto-vestibulares e as cúspides mésio-palatinas (Fig. 9). Essas três medidas são identificadas como MV-MV, DV-DV e MP-MP.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

A distalização dos molares superiores passa a ser uma exigência do tratamento quando a intenção é corrigir a relação de Classe II sem extração de dentes e sem avanço mandibular. Além de influenciar a relação inter-arcos, a distalização dos molares reflete na relação intra-arco, com aumento do perímetro do arco dentário superior, o que pode ser revertido na correção do apinhamento superior e/ou na correção do trespasse horizontal aumentado. Ao contrário dos aparelhos fixos, o AEB depende integralmente da cooperação do paciente no que tange ao número de horas de uso diário, o que muitas vezes o torna pródigo em "metas não cumpridas". Em vista dessa vicissitude, a distalização dos molares superiores exclusivamente com o AEB representa visão superada pelas evidências acadêmicas e clínicas (Tab. 1): os distalizadores intrabucais, fixos, constituem dispositivos imersos na prática ortodôntica contemporânea.

A presente pesquisa usou modelos de gesso para avaliar os efeitos do aparelho Pendex aplicado no final da dentadura mista ou na dentadura permanente. O aparelho Pendex, assim como o seu original Pêndulo, foram idealizados por Hilgers10,11,12 e Hilgers e Tracey13 e têm sido divulgados na literatura desde o início da década de 1990, acrescido de muitas variações. Sua característica principal que o diferencia dos demais distalizadores é ter como elemento ativo para distalização dos molares uma mola confeccionada de TMA (liga titânio-molibdênio) de 0,032" de diâmetro, a qual é inserida no tubo palatino dos primeiros e ou segundos molares superiores com intenção de movimentá-los para distal seguindo uma curvatura pendular, o que originou o seu nome. Este efeito pendular da mola distalizadora provoca a movimentação do molar para palatino, com rotação e inclinação distal. Quanto à ativação, Hilgers12 recomendou deixar a mola distalizadora paralela à rafe palatina a fim de liberar uma força contínua com magnitude entre 200 e 300 gramas de cada lado, com o intuito de distalizar até 5mm num período de tempo de 3 a 4 meses, admitindo que 20% desse espaço deve-se à perda de ancoragem anterior (Fig. 1).

A comparação dos modelos de gesso pré e pós-distalização dos molares superiores (Fig. 7) revelou a criação de espaço na mesial dos primeiros molares. É inegável, portanto, o aumento do perímetro do arco dentário superior. Os números das medidas sagitais mostram isso na tabela 2. A distância dos molares aos incisivos aumentou 6mm enquanto a distância dos molares aos primeiros pré-molares aumentou 7mm com o efeito do Pendex. O espaço criado é maior do que o encontrado na literatura em modelos de gesso, cujos valores para o espaço aberto na mesial do 16 e do 26 foram, respectivamente, 4,6mm e 4,4mm17.

As medidas sagitais da tabela 2 mostraram que houve ganho de espaço no arco dentário superior, mas não determinaram o quanto esse ganho é real, ou seja, qual porcentagem desse espaço representava distalização dos molares e qual porcentagem correspondia à mesialização dos pré-molares, acompanhada ou não de vestibularização dos incisivos. A literatura tem divulgado uma distalização média dos primeiros molares superiores variável, de 3,37mm9, 3,39mm5, 4,14mm6, 5,7mm4, 5,1mm14 e 5,9mm3. Outrossim, a literatura tem mostrado a mesialização dos pré-molares4,5,9, com movimento de inclinação9, e a vestibularização dos incisivos superiores3,4,5,21. A perda de ancoragem significa que a ancoragem utilizada no aparelho, um apoio de acrílico encostado na mucosa palatina, não conseguiu neutralizar a reação do aparelho distalizador. De fato, esse aspecto mecânico, ação e reação dentro da boca, é uma de suas desvantagens em relação ao AEB. A prodigiosa transformação que os mini-parafusos para ancoragem ortodôntica vem induzindo na clínica ortodôntica promete anular a reação dos distalizadores intrabucais e com isso eliminar um de seus grandes inconvenientes: a perda de ancoragem.

Se o espaço aberto na mesial dos primeiros molares determina aumento do perímetro do arco superior, é preciso igualmente reconhecer um fato inquietante, do ponto de vista prático: os molares inclinam para distal. Em trabalho com radiografia panorâmica22 quantificou-se em 19° e 22° a inclinação distal dos primeiros molares, fato este já repetido com telerradiografia lateral: 8,369º, 10,64º, 14,55º, 15,714º e 3,14°. Encontrou-se, inclusive, correlação significante entre a quantidade de distalização e o grau de inclinação distal dos molares5. Essa constatação prévia em metodologia cefalométrica é substanciada no presente trabalho mediante o comportamento das medidas verticais realizadas nas ameias mesial e distal dos molares, antes e depois da distalização dos molares (Fig. 8). A altura da ameia mesial aumentou cerca de 2mm, sugerindo extrusão, enquanto a altura da ameia distal reduziu cerca de 1mm, sugerindo intrusão (Tab. 2). A extrusão da ameia mesial e a intrusão da ameia distal refletem o movimento de inclinação dos molares para distal. Por isso, podemos dizer que os molares distalizam inclinando, concordando com Kinzinger et al.17 em pesquisa realizada com modelos de gesso.

Em síntese, os modelos comprovam que os molares superiores são inclinados para distal, abrindo espaço à frente dos primeiros molares, com o uso do aparelho Pendex. A inclinação dos molares superiores para distal com o uso do Pendex foi confirmada nos três estudos que compõem a trilogia de Araçatuba: telerradiografia lateral21, radiografia panorâmica22 e, no presente artigo, modelos de gesso (Fig. 10). A implicação disso volta-se principalmente para a estabilidade pós-tratamento comprometida, com relato na literatura de até quase 90% de recidiva da distalização dos molares3.


A inclinação distal dos molares durante sua distalização é previsivelmente extensível a todos os distalizadores intrabucais, não se restringindo ao efeito do aparelho Pendex. Este representa o elemento-chave na resposta a esta abordagem mecânica: distalização com aparelhos intrabucais. A explicação mecânica para a inclinação está na localização do ponto de aplicação da força em relação ao centro de resistência do molar e na impossibilidade em fazer com que a linha de ação de força passe pelo centro de resistência. Essa inclinação para distal não desqualifica o resultado, mas impõe limites na quantidade de distalização possível durante o planejamento ortodôntico, bem como exige providências durante a execução da distalização, como: o uso de dobra anti-inclinação, sobrecorreção e a estabilização do molar distalizado depois da suspensão do aparelho distalizador. As dobras compensatórias nas molas distalizadoras não cumprem em toda plenitude a função anunciada de distalizar a raiz dos molares distalizados5,21,22, pelo menos de um modo geral.

Byloff et al.6 tentaram corrigir a inclinação distal dos molares superiores incorporando uma dobra de contra-angulação com a intenção de inclinar a raiz dos molares para distal. Conseguiram atenuar a inclinação, sem no entanto alcançar um movimento de corpo. Santos et al.22, trabalhando com radiografia panorâmica e com telerradiografia lateral21,22, também não conseguiram distalizar a raiz dos molares na mesma proporção que a coroa, mesmo com a dobra anti-inclinação sendo aplicada aos molares, após o restabelecimento da relação molar de Classe I.

O terceiro grupo de medidas, as transversais (Tab. 2), avalia o comportamento do molar no sentido vestíbulo-lingual mediante 3 grandezas (Fig. 9): distância entre as cúspides mésio-vestibulares, distância entre as cúspides disto-vestibulares e distância entre as cúspides mésio-palatinas dos primeiros molares. Essas distâncias aumentaram quase na mesma magnitude, entre 2mm e 3mm, o que depreende que não houve rotação e tão pouco movimento importante dos molares no sentido transversal. O desenho da mola distalizadora de TMA confere inúmeras habilidades: distalização da coroa, inclinação distal da raiz e vestibularização dos molares. Essa última permite o controle transversal durante a distalização. No presente trabalho, o controle transversal dos molares pode ser obtido pelo aparelho expansor (ativação do parafuso expansor) e pela alça incorporada na mola distalizadora de TMA. O desenho do aparelho Pendex não incluiu os primeiros molares na barra de conexão, como se vê nas figuras 2 a 5, o que significa que o controle transversal ficou em grande parte por conta das molas distalizadoras. Esse ajuste transversal é importante para evitar a mordida cruzada entre os molares durante a distalização dos mesmos.

O trabalho de Kinzinger et al.17 demonstrou 1,68mm de aumento da distância entre as cúspides mésio-vestibulares e 0,96mm para a distância entre as cúspides disto-vestibulares, com a ressalva que o movimento transversal foi controlado exclusivamente pelas alças das molas distalizadoras, pois não houve expansão transversal incluída na mecânica de distalização.

Uma sugestão de caráter prático, na mecânica de distalização com o Pendex, é a fixação das bandas dos molares nas barras de conexão do aparelho expansor. Essa conexão transmite aos molares o efeito transversal total atribuído às ativações do parafuso expansor. Finalizada a fase ativa da expansão, os molares que serão distalizados sob o efeito da mola distalizadora devem ser desconectados da barra de conexão, como ilustra a figura 11. Assim se obtém a soma dos efeitos transversal e sagital - vertentes terapêuticas presentes no aparelho Pendex.


CONCLUSÃO

As medidas realizadas nos modelos de gesso inicial e pós-distalização, com a utilização do aparelho Pendex, permitem observar que é possível aumentar o perímetro do arco dentário superior, em parte pelo menos com a inclinação dos primeiros molares para distal. O movimento dos primeiros molares não é de corpo, como sugere a extrusão da superfície mesial e intrusão da superfície distal dos mesmos. A avaliação transversal mostra discreta vestibularização dos molares.

Enviado em: abril de 2005

Revisado e aceito: agosto de 2005

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  • Endereço de correspondência

    Eduardo César Almada Santos
    Rua José Bonifácio, 1193
    CEP: 16015-050 – Araçatuba/SP
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Jul 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2006

    Histórico

    • Recebido
      Abr 2005
    • Aceito
      Ago 2005
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