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Editorial

EDITORIAL

Prezados colegas,

Abrimos esta segunda edição da RAC em 2010 com uma despedida. O Professor Walter Lee Ness Jr deixa nosso Conselho Editorial depois de quase dez anos de enorme contribuição à RAC. Sempre ponderado, inteligente e colaborador o Prof. Ness nos deixará saudades com sua aposentadoria, a ele o nosso mais profundo agradecimento.

Se por um lado temos uma despedida, por outro temos um celebrado retorno, já que este número da RAC traz de volta a seção de Documentos e Debates com a efervescente discussão dos chamados mestrados profissionais. Essa seção é aberta com o texto de Tânia Fischer intitulado Sobre Maestria, Profissionalização e Artesanato Intelectual. A Primeira réplica é de autoria de Flávio Carvalho Vasconcelos e Isabella Freitas Gouveia de Vasconcelos sob o título As Dimensões e Desafios do Mestrado Profissional. A segunda réplica, Mestrado Profissional, Você Sabe Com Quem Está Falando? é de Paulo Rogério Meira Menandro. A seção se encerra com a tréplica de Tânia - Reimaginar a Pós- Graduação: Resgatando o Elo Perdido. Em suma, trata-se de uma discussão contemporânea, importante e imperdível.

No que tange à nossos artigos, iniciamos com um interessante trabalho de Alexandre Reis Rosa e Mozar José de Brito, intitulado "Corpo e Alma" nas Organizações: um Estudo Sobre Dominação e Construção Social dos Corpos na Organização Militar. Esse trabalho busca discutir como ocorre o processo de construção social do sujeito militar e os mecanismos de controle subjacentes a essa socialização. "Nesse sentido, autores como Pierre Bourdieu e sua articulação campo-habitus como elemento de reprodução do social, em conjunto com as reflexões de Michel Foucault sobre o poder disciplinar e as tecnologias de docilização dos corpos, nos ajudam a compreender como se processam esses corpos, a partir de uma tecnologização inerente à socialização militar". Os autores concluem que há uma variação nas formas de dominação, privilegiando técnicas que vão desde uma pedagogia corporal para os soldados, até uma pedagogia moral para os oficiais.

O segundo artigo, ainda na linha da gestão pública, é denominado Quando Descentralizar é Concentrar Poder: o Papel do Governo Estadual na Experiência Catarinense, de autoria de Eliane Salete Filippim e Fernando Luiz Abrucio. Este artigo, de resultados paradoxais, descreve e analisa a experiência de descentralização da administração pública pela via do governo estadual em Santa Catarina por meio de reconstrução histórico-institucional, via estudo de caso. Foram realizadas entrevistas com atores diretamente envolvidos no processo de descentralização nas 36 Secretarias de Desenvolvimento Regionais [SDRs] e 24 Fóruns de Desenvolvimento. "O fenômeno estudado neste trabalho revela como a descentralização, ao contrário do esperado, pode ser usada como mecanismo de concentração de poder".

No trabalho seguinte, José Carlos Thomaz e Eliane Pereira Zamith Brito nos trazem à discussão a Reputação Corporativa: Construtos Formativos e Implicações para a Gestão. Com este estudo os autores buscam testar a relação entre reputação, identificação, comunicação e desempenho organizacional por meio de duas fases de pesquisa. Na primeira se tratou da construção da escala de mensuração de reputação e a adequação da escala de cada um dos demais construtos e na segunda do levantamento de dados, usando as escalas testadas na fase anterior. Coletaram-se dados de uma amostra de 2.139 respondentes, sendo 1.025 funcionários e 1.114 clientes de doze importantes empresas. Os dados foram analisados, usando modelagem de equações estruturais. "Conclui-se que a comunicação e a identificação são fatores críticos para explicar a variabilidade da avaliação da reputação e, consequentemente, do desempenho organizacional".

O quarto artigo desta edição, Institucionalização como Mecanismo de Controle de Marketing de André Luiz Maranhão de Souza Leão e Sérgio Carvalho Benício de Mello, ao analisar a atual perspectiva do controle de marketing, conclui que esta seja contingencial, mas sugere, como alternativa mais adequada, a perspectiva institucional. "Para a nossa análise assumimos como escopo a perspectiva dos encontros de serviço". Com isto em vista, este ensaio teórico busca o desenvolvimento de um processo de controle de marketing baseado nos significados da organização.

Segue-se o artigo intitulado Publicação Científica Nacional e Internacional sobre Franchising: Levantamento e Análise do Período 1998-2007 de Pedro Lucas de Resende Melo e Tales Andreassi. "O objetivo deste trabalho é desenvolver uma inédita metanálise sobre franchising, envolvendo artigos científicos nacionais e internacionais publicados de 1998 a 2007. São abordados os seguintes questionamentos: como tem evoluído a pesquisa científica em franchising; a quais veículos acadêmicos estão vinculados; as principais temáticas abordadas; os vínculos institucionais destes autores; a participação dos estados e países; a predominância de determinados autores; os métodos de pesquisa utilizados e os segmentos econômicos de aplicação".

No antepenúltimo artigo, veiculado neste número da RAC, Importância dos Fatores Não-tecnológicos na Implementação do CPFR (Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment), de Mauro Vivaldini, Sílvio R. I. Pires e Fernando Bernardi de Souza, os autores partem da percepção de que existem dois fatores preponderantes na implementação do CPFR: um essencialmente tecnológico e outro não-tecnológico. "Nesse contexto, o propósito principal deste estudo é identificar na literatura os chamados fatores não tecnológicos que envolvem o CPFR e analisá-los em situações reais". Os resultados obtidos em grande rede de fast food e em grande distribuidor de alimentos "destacam, principalmente, que a previsão da demanda realizada pela empresa coordenadora do CPFR é preponderante sobre o entendimento da demanda por todos os elos da cadeia de suprimentos, que a cultura colaborativa é considerada muito importante no relacionamento ao longo da cadeia e que o monitoramento das atividades é fundamental para o alinhamento das empresas na gestão do CPFR".

O Sétimo texto deste número é de autoria de Claudia Simone Antonello e Arilda Schmidt Godoy. Este trabalho, que tem como título A Encruzilhada da Aprendizagem Organizacional: uma Visão Multiparadigmática, busca responder à seguinte pergunta: Quais questões e características básicas fazem a Análise Organizacional peculiar e a separam de outros conceitos relacionados? Para responder a este questionamento as autoras apresentam diversas perspectivas teóricas que abordam a Aprendizagem Organizacional, algumas questões e reflexões relacionadas às teorias, assim como definições e estudos desenvolvidos no campo.

No último artigo, Fatores Condicionantes de Inadimplência em Processos de Concessão de Crédito a Micro e Pequenas Empresas do Estado de Minas Gerais, Marcos Antônio de Camargos, Mirela Castro Santos Camargos, Flávio Wagner Silva, Fabiana Soares dos Santos e Paulo Junio Rodrigues buscam identificar e analisar os fatores condicionantes da inadimplência nos processos de financiamentos concedidos pelo BDMG no Programa GERAMINAS entre junho de 1997 e janeiro de 2006. Para tanto os autores analisam 25.616 processos de 17.743 micro e pequenas empresas, utilizando o Modelo de Regressão Logística Binária.

Na seção de Casos de Ensino em administração, Lilian Aparecida Pasquini Miguel e Janette Brunstein apresentam Focus Empreendimentos: o Resgate da Credibilidade. "O caso em questão trata da situação de crise em uma organização após a deflagração de escândalo político de abrangência nacional, que envolveu seu nome num esquema de corrupção. Apresenta o cenário de crescimento e prosperidade da organização antes da crise e suas metas para o futuro. Descreve como a corporação foi atingida pelo esquema de corrupção e os seus reflexos nos negócios. Expõe as medidas tomadas pela corporação para reverter o cenário que ameaçou sua reputação e imagem, incluindo a revisão do planejamento estratégico e a necessidade de reestruturação da empresa".

Nas Resenhas Bibliográficas temos Gestão da Empresa Familiar: Conceitos, Casos e Soluções de José Carlos Casillas, Carmen Díaz e Adolfo Vázquez (Resenha por Luciana Teixeira e Magnus Luiz Emmendoerfer) e Taylorismo e Fordismo na Indústria Paulista: o Empresariado e os Projetos de Organização Racional do Trabalho, 1920-1940, de Augusto Zanetti e João Tristan Vargas (Resenha por Thiago Alves Paiva).

Por fim, apresentamos a seção de Notas Bibliográficas, com MARKETING: Gerenciamento e Serviços, de Christian Grönroos (por Marcelo Esteves-Alves) e A ENCRUZILHADA DA NANOTECNOLOGIA: Inovação, Tecnologia e Riscos de Peter Schulz (por Alvaro Augusto Dossa).

Boa leitura a todos!

Rogério H. Quintella

Editor Geral

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Mar 2010
  • Data do Fascículo
    Abr 2010
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