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Análise de Escalas e Medidas de Virtudes Morais: Uma Revisão Sistemática

RESUMO

Objetivo:

investigar como as escalas para o conceito de virtudes morais são construídas e mensuradas, em estudos associados à ética empresarial e à tradição da ética das virtudes.

Métodos:

realizou-se uma revisão sistemática da literatura para selecionar artigos empíricos sobre virtudes morais que elaboram ou aplicam escalas. Com base em critérios de busca, seleção e análise, foram consultadas cinco bases de dados e selecionados 37 trabalhos, analisando-se o procedimento de desenvolvimento e mensuração de escalas (itens, amostra, análise fatorial) e fatores emergentes.

Resultados:

o estudo reúne escalas de múltiplas virtudes morais (19) e de virtudes específicas (18), evidenciando limitações na geração de itens e na proporção item-amostra em algumas escalas, como também contribuições teóricas em liderança e fortalecimento de relações, fazendo uma discussão teórico-metodológica, à luz dos pressupostos da ética das virtudes na tradição aristotélico-tomista.

Conclusões:

o artigo intenciona contribuir para uma melhor compreensão sobre as virtudes morais em administração, ao discutir as escalas a partir da unidade das virtudes e da conexão phronesis-virtudes morais, com implicações no comportamento humano e na ética empresarial. Recomendam-se procedimentos para estudos futuros qualitativos e quantitativos em novos contextos de pesquisa.

Palavras-chave:
virtudes morais; análise de escalas; ética das virtudes; ética empresarial

ABSTRACT

Objective:

to investigate how scales for the concept of moral virtues are constructed and measured, in studies associated with business ethics and the tradition of virtue ethics.

Methods:

a systematic literature review was conducted to select empirical articles on moral virtues that design or apply scales. Based on search, selection, and analysis criteria, five databases were consulted, and 37 papers were selected, with subsequent analysis of the scales development and measurement procedure (items, sample, factor analysis) and emerging factors.

Results:

the study gathers scales of multiple moral virtues (19) and of specific virtues (18), showing limitations in the generation of items, and in the item-sample proportion in some scales, as well as theoretical contributions in leadership and relationship strengthening, making a theoretical and methodological discussion in the light of the assumptions of virtue ethics in the Aristotelian-Thomistic tradition.

Conclusions:

the article intends to contribute to a better understanding of moral virtues in management, by discussing the scales from the unity of virtues and the phronesis-moral virtues connection, with implications for human behavior and business ethics. Procedures are recommended for future qualitative and quantitative studies in new research contexts.

Keywords:
moral virtues; scale analysis; virtue ethics; business ethics

INTRODUÇÃO

A ética das virtudes tem se revelado nos últimos anos uma influente tradição nos estudos sobre ética empresarial (Alzola, Hennig, & Romar, 2020Alzola, M., Hennig, A., & Homar, E. (2020). Thematic symposium editorial: Virtue ethics between east and west. Journal of Business Ethics, 165, 177-189. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04317-2
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). O interesse pelo tema tem se intensificado desde a reinterpretação de Aristóteles (2009) por autores da filosofia moral, como Anscombe (1958Anscombe, G. E. M. (1958). Modern moral Philosophy. Philosophy, 33(124), 1-19. https://doi.org/10.1017/S0031819100037943
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) e MacIntyre (2007). Os problemas éticos da realidade organizacional têm sido discutidos por diferentes perspectivas e tradições relacionadas às virtudes (Sison, Ferrero, & Guitián, 2018Sison, A. J. G., Ferrero, I., & Guitián, G. (Eds.). (2018). Business ethics: A virtue ethics and common good approach. New York, NY: Routledge.), como alternativa às éticas consequencialistas e deontológicas, sendo a corrente de estudos empíricos e quantitativos um tema proeminente da área desde a virada do milênio (Sison & Ferrero, 2015).

Essa corrente tem elaborado escalas e medidas, tendo por base as listas de virtudes morais propostas por Solomon (1992Solomon, R. (1992). Corporate roles, personal virtues: An Aristotelean approach to business ethics. Business Ethics Quarterly, 2(3), 317-339. https://doi.org/10.2307/3857536
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; 1999) e Murphy (1999Murphy, P. (1999). Character and Virtue Ethics in International Marketing: An agenda for managers, researchers and educators. Journal of Business Ethics, 18(1), 107-124. https://doi.org/10.1023/A:1006072413165
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). Tais estudos visam a identificar e mensurar virtudes morais no contexto da administração e negócios. No entanto, tem-se criticado o uso de certos métodos científicos das ciências sociais (Beadle, Sison, & Fontrodona, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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), empregados para abordar virtudes morais, um conceito de raiz filosófica e valorado por muitas culturas. Nesse processo, elementos e pressupostos podem ser reduzidos a meros comportamentos observáveis, o que pode prejudicar uma melhor compreensão das virtudes (Sison & Ferrero, 2015; Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
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). Isso vem reforçando a necessidade de uma sólida base teórica sobre o construto virtudes morais em sua multidimensionalidade (Aguirre-Y-Luker, Hyman, & Shanahan, 2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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).

Além de virtudes morais individuais, outro construto desenvolvido se refere às virtudes morais organizacionais, ou virtuosidade (Huhtala, Kangas, Kaptein, & Feldt, 2018Huhtala, M., Kangas, M., Kaptein, M., & Feldt, T. (2018). The shortened Corporate Ethical Virtues scale: Measurement invariance and mean differences across two occupational groups. Business Ethics: A European Review, 27(3), 238-247. https://doi.org/10.1111/beer.12184
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; Gomide, Vieira, & Oliveira, 2016Gomide, S. Jr., Vieira, L. E., & Oliveira, A. F. (2016). Percepção de virtudes morais organizacionais: Evidências de validade de um instrumento de medida para o contexto brasileiro. Psicologia: Organizações e Trabalho, 16(3), 298-307. http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2016.3.10417
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; Rego & Cunha, 2015Rego, A., & Cunha, M. P. (2015). As virtudes nas organizações. Análise Psicológica, 4(33), 349-359. https://doi.org/10.14417/ap.1022
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). Apesar de sua estrita relação, os conceitos de virtude moral e virtuosidade não são idênticos: o primeiro se refere ao indivíduo, enquanto o segundo à organização, ao que pode ser externamente verificado (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
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; Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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). Dessa maneira, há escalas de virtudes morais em âmbito individual e outras em âmbito de grupo e organizacional (virtuousness), como as revisitadas por Dawson (2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
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) e Aguirre-Y-Luker, Hyman e Shanahan (2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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). Este artigo limita-se a investigar escalas de virtudes morais em âmbito individual, isto é, relacionadas às características de um único indivíduo, deixando as escalas de virtuosidade para uma futura pesquisa.

O tema dispõe de diferentes tradições teóricas (Sison et al., 2018Sison, A. J. G., Ferrero, I., & Guitián, G. (Eds.). (2018). Business ethics: A virtue ethics and common good approach. New York, NY: Routledge.) e amplas listas de virtudes. Embora a concepção de virtudes contemple seus componentes ou dimensões (Newstead, Macklin, Dawkins, & Martin, 2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
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), a pesquisa empírica tem se restringido a traços ou comportamentos observáveis, revelando um impasse metodológico na relação entre a ética das virtudes - com origem na filosofia moral - e as ciências experimentais, como certas ramificações na psicologia. Diante do desenvolvimento de novas escalas sobre virtudes, este trabalho se propõe a responder à seguinte pergunta: ‘Como as escalas para o construto virtudes morais são construídas e mensuradas em estudos associados à ética das virtudes?’ O presente artigo visa a analisar as escalas e medidas do construto virtudes morais individuais (pessoais), partindo de uma revisão sistemática da literatura (Snyder, 2019Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: An overview and guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-339. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.07.039
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).

Dois trabalhos antecedentes contribuem nesse sentido. Aguirre-Y-Luker et al. (2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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) abordam desafios, possibilidades e cuidados para o desenvolvimento de escalas, descrevendo escalas, itens e aspectos psicométricos, enquanto Dawson (2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
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) lista escalas de virtudes morais individuais, de grupo e organizacionais.

O artigo em curso pretende dar continuidade a esses trabalhos ao fazer uma revisão sistemática de artigos que desenvolvem ou aplicam escalas a partir dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-Análises, de Moher, Liberati, Tetslaff e Altman (2009Moher, D., Liberati, A., Tetslaff, J., & Altman, D. G. (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: The PRISMA Statement. Annals of Internal Medicine, 151(4), 264-269. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
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), seguida de uma análise estatística segundo recomendações de Fávero, Belfiore, Silva e Chan (2009Fávero, L. P. L., Belfiore, P. P., Silva, F. L. & Chan, B. L. (2009) Análise de dados: Modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier.), Hair, Babin, Money e Samouel (2005Hair, J., Jr., Babin, B., Money, A., & Samouel, P. (2005). Fundamentos de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman.) e Hair, Black, Babin, Anderson e Tathan (2009).

O trabalho procura contribuir com a análise de métodos empregados para elaboração e aplicação de escalas de virtudes morais, diante do impasse metodológico para pesquisas empíricas sobre a ética das virtudes. Isso é realizado e discutido metodológica e teoricamente, considerando pressupostos da ética das virtudes na tradição aristotélico-tomista (Sison, Beabout, & Ferrero, 2017Sison, A. J. G., Beabout, G. R., & Ferrero, I. (Eds.). (2017). Handbook of virtue ethics in business and management. Dordrecht, the Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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).

As próximas seções deste artigo estão assim organizadas. Primeiro, discute-se o conceito de virtudes morais, considerando pressupostos da ética das virtudes e perspectivas que buscam mensurar virtudes. Na sequência, descrevem-se os procedimentos para a revisão sistemática de artigos, bem como critérios de análise. Na seção seguinte são apresentados os resultados e análises das medidas e escalas encontradas, seguidos de uma discussão sobre métodos e pressupostos teóricos e de sugestões de estudos futuros. Ao final, consideram-se as limitações e conclusões de pesquisa.

VIRTUDES MORAIS SEGUNDO A TRADIÇÃO DA ÉTICA DAS VIRTUDES EM BUSINESS ETHICS

A retomada ou reinterpretação das virtudes morais na filosofia, psicologia, educação e ética empresarial é tributária ao trabalho de autores como Elizabeth Anscombe (1958Anscombe, G. E. M. (1958). Modern moral Philosophy. Philosophy, 33(124), 1-19. https://doi.org/10.1017/S0031819100037943
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), Philippa Foot (1967Foot, P. (1967). The problem of abortion and the doctrine of double effect. Oxford Reviews, 5, 5-15. Retrieved from https://spot.colorado.edu/~heathwoo/phil3100,SP09/foot.pdf
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) e Alasdair MacIntyre (2007), os quais retomam conceitos aristotélicos e tomistas. A ética das virtudes tem sido desenvolvida por meio de várias perspectivas, tanto ocidentais como orientais (Alzola et al., 2020Alzola, M., Hennig, A., & Homar, E. (2020). Thematic symposium editorial: Virtue ethics between east and west. Journal of Business Ethics, 165, 177-189. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04317-2
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), que se desenvolveram a partir de tradições morais, relacionadas a questões éticas de organizações e de diferentes funções da administração (Ferrero & Sison, 2014Ferrero, I., & Sison, A. (2014). A quantitative analysis of authors, schools and themes in virtue ethics articles in business ethics and management journals (1980-2011). Business ethics: A European Review, 23(4), 375-400. https://doi.org/10.1111/beer.12057
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).

O interesse pela ética das virtudes tem se evidenciado em conferências, simpósios temáticos e chamadas especiais de trabalho (Alzola et al., 2020Alzola, M., Hennig, A., & Homar, E. (2020). Thematic symposium editorial: Virtue ethics between east and west. Journal of Business Ethics, 165, 177-189. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04317-2
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; Beadle et al., 2015Beadle, R., Sison, A. J. G., & Fontrodona, J. (2015). Introduction-virtue and virtuousness: when will the twain ever meet? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S67-S77. https://doi.org/10.1111/beer.12098
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; Hühn, Habisch, Hartmann, & Sison, 2020Hühn, M. P., Habish, A., Hartmann, E. M., & Sison, A. J. G. (2020). Practicing management wisely. Business Ethics: A European Review, 29(S1), 1-5. https://doi.org/10.1111/beer.12321
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), handbooks de ética das virtudes na Administração (Sison et al., 2017), publicação de livros (Hartmann, 2020; Moore, 2017Moore, G. (2017). Virtue at work: Ethics for individuals, managers, and organizations. Oxford, UK: Oxford University Press.; Sison et al., 2018) e na formação de grupos de pesquisa, como o Virtue Ethics in Business (VEiB), da Universidade de Navarra. Adicionalmente, revistas como o Journal of Business Ethics, o Business Ethics Quarterly e o Business Ethics: Environment and Responsibility reúnem muitas questões que abordam a ética das virtudes.

Os estudos sobre as virtudes podem ser vinculados a duas distintas perspectivas: teoria da virtude e ética das virtudes (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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). São chamados de teoria da virtude os estudos sobre virtudes internas aos modelos deontológicos e consequencialistas. Diferentemente, a ética das virtudes é adotada como uma terceira perspectiva na filosofia moral, para representar estudos centrados no caráter, ancorados no tripé arête (virtude ou excelência), phronesis (prudência ou sabedoria prática) e eudaimonia (florescimento humano). Enquanto as perspectivas dentológicas e consequencialistas têm como referência a ação, a ética das virtudes enfoca no agente, considerando as particularidades contextuais que vivencia em comunidade (Alzola et al., 2020Alzola, M., Hennig, A., & Homar, E. (2020). Thematic symposium editorial: Virtue ethics between east and west. Journal of Business Ethics, 165, 177-189. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04317-2
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).

Solomon (1992Solomon, R. (1992). Corporate roles, personal virtues: An Aristotelean approach to business ethics. Business Ethics Quarterly, 2(3), 317-339. https://doi.org/10.2307/3857536
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) e Moberg (1999Moberg, D. J. (1999). The big five and organizational virtue. Business Ethics Quarterly, 9(2), 245-272. https://doi.org/10.2307/3857474
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) foram precursores na consideração da ética das virtudes na ética empresarial. Solomon (1992) tentou abordar a lacuna entre ética e prática nos negócios por meio de uma perspectiva baseada em Aristóteles (Alzola et al., 2020Alzola, M., Hennig, A., & Homar, E. (2020). Thematic symposium editorial: Virtue ethics between east and west. Journal of Business Ethics, 165, 177-189. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04317-2
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), com a ideia de que as pessoas e as corporações fazem parte da comunidade. Moberg (1999) explorou a conexão entre ética das virtudes e psicologia da personalidade, abrindo caminho para as pesquisas empíricas sobre ética das virtudes na ética empresarial.

As virtudes morais são geralmente descritas como disposições do caráter responsáveis por indicar os corretos fins das ações, enquanto a prudência ou practical wisdom (phronesis) é a virtude responsável por indicar os meios para a consecução de tais fins (Ames & Serafim, 2019Ames, M. C. F. D. C., & Serafim, M. C. (2019). Teaching-learning practical wisdom (phronesis) in Administration: A Systematic Review. Revista de Administração Contemporânea, 23(4), 564-586. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2019180301
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; Aristóteles, 2009; Ferrero & Sison, 2014Ferrero, I., & Sison, A. (2014). A quantitative analysis of authors, schools and themes in virtue ethics articles in business ethics and management journals (1980-2011). Business ethics: A European Review, 23(4), 375-400. https://doi.org/10.1111/beer.12057
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). No momento em que ações virtuosas, como coragem e humildade, começam a ser repetidas, tornam-se hábitos de alguém, e no longo prazo isso determina o seu caráter. O agente virtuoso é aquele que expressa virtudes em suas ações, e por isso suas ações e seus traços pessoais podem servir como referência para os demais (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
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). Tais ações são fruto de uma vontade ou intenção, a qual tem um fim, ou telos, voltado para o alcance da eudaimonia. Ao realizar ações virtuosas, o ser humano se aprimora, assim como as suas ações. Dessa forma, “o núcleo central da ética das virtudes reside na relação causal que se estabelece entre o que o agente faz e o que o agente se torna, por meio da aquisição de virtudes e do desenvolvimento do caráter” (Ferrero, 2020, p. 11).

Entre suas principais tradições, pode-se destacar a tradição neoaristotélica, a escola tomista e as contribuições de MacIntyre (2007), o qual se aprofunda na ética de Aristóteles e Tomás de Aquino (Zyl, 2019Zyl, L. van. (2019). Virtue ethics: A contemporary Introduction. New York, NY: Routledge.). Estudos recentes compartilham da noção de virtudes cardeais - um “eixo principal” de virtudes - herdadas dessas tradições (Morales-Sánchez & Cabello-Medina, 2013Morales-Sánchez, R., & Cabello-Medina, C. (2013). The role of four moral competencies in Ethical Decision-making. Journal of Business Ethics, 116(4), 717-734. https://doi.org/10.1007/s10551-013-1817-9
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). As virtudes cardeais são um grupo de quatro virtudes: (1) temperança, também conhecida como autodomínio ou moderação (Sanz & Fontrodona, 2019Sanz, P., & Fontrodona, J. (2019). Moderation as a Moral Competence: Integrating Perspectives for a Better Understanding of Temperance in the Workplace. Journal of Business Ethics, 155, 981-994. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3899-x
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); (2) fortaleza ou coragem; (3) justiça (Morales-Sánchez & Cabello-Medina, 2013); e (4) prudência ou sabedoria prática, originalmente do grego phronesis (Ames, Serafim, & Zappellini, 2020Ames, M. C. F. D. C., Serafim, M. C., & Zappellini, M. B. (2020). Phronesis in administration and organizations: a literature review and future research agenda. Business Ethics, the Environment & Responsibility, 29(S1), 65-83. https://doi.org/10.1111/beer.12296
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; Bachmann, Habisch, & Dierksmeier, 2017Bachmann, C., Habisch, A., & Dierksmeier, C. (2017). Practical wisdom: Management’s no longer forgotten virtue. Journal of Business Ethics, 153, 147-165. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3417-y
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). Tais tradições consideram que as virtudes podem ser aprendidas, especialmente pela experiência vivida (Aristóteles, 2009).

Pressupondo que a ação virtuosa de alguém pode ser percebida pelos demais agentes, estudos que utilizam escalas buscam mensurar a percepção das virtudes morais sobre a ação de colegas, líderes e administradores de uma forma geral. A lista de virtudes de Solomon (1992Solomon, R. (1992). Corporate roles, personal virtues: An Aristotelean approach to business ethics. Business Ethics Quarterly, 2(3), 317-339. https://doi.org/10.2307/3857536
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; 1999) contribuiu nesse sentido. Seu arcabouço considera seis dimensões: comunidade, excelência, identidade do papel ou cargo, integridade, julgamento e holismo. Ele sugere uma lista de virtudes relacionadas à esfera dos negócios - honestidade, lealdade, sinceridade, coragem, confiabilidade, benevolência, cooperação, civilidade, para citar algumas - as quais servem de base para a escala de virtudes morais de Shanahan e Hyman (2003Shanahan, K. J., & Hyman, M. R. (2003). The Development of a Virtue Ethics Scale. Journal of Business Ethics, 42(2), 197-208. https://doi.org/10.1023/A:1021914218659
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). Contudo, discute-se em que medida um grupo de virtudes pode ser associado à administração e negócios, sem que se considere adicionalmente o contexto e a percepção dos próprios administradores sobre virtudes a cultivar (Dawson, 2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-...
).

Além desse problema empírico, a psicologia positiva e a positive organizational scholarship (POS) limitam a definição de virtudes em termos de comportamento e por aspectos externos ao indivíduo (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
https://doi.org/10.1017/beq.2015.24...
; Aguirre-Y-Luker et al., 2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-...
). Sison e Ferrero (2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
https://doi.org/10.1111/beer.12099...
) argumentam que não se pode reduzi-las aos aspectos cognitivos e emocionais do caráter, pois envolvem outros elementos e pressupostos fundamentais, como a inter-relação entre ações, hábitos, caráter e trajetória de vida. Isso pressupõe uma natureza humana que tem por fim (telos) a felicidade (eudaimonia) ou florescimento humano.

Não há um conceito unânime para a virtude, haja vista as contribuições de diferentes tradições e campos do saber. Ainda assim, ela tende a ser vista como “uma inclinação [ou disposição] humana para sentir, pensar e agir de forma a expressar a excelência moral e contribuir para o bem comum” (Newstead et al., 2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162...
, p. 446, tradução nossa). Considera-se que seus componentes intelectual, emocional, motivacional e comportamental “não são redutíveis um ao outro” (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
https://doi.org/10.1017/beq.2015.24...
, p. 306, tradução nossa), algo similar aos multicomponentes percebidos por Morgan, Gulliford e Kristjánsson (2017Morgan, B., Gulliford, L., & Kristjánsson, K. (2017). A new approach to measuring moral virtues: The Multi-Component Gratitude Measure. Personality and Individual Differences, 107(1), 179-189. https://doi.org/10.1016/j.paid.2016.11.044
https://doi.org/10.1016/j.paid.2016.11.0...
). Na ética das virtudes, são entendidas como inclinações ou disposições pessoais expressas por uma gama de disposições: ações, hábitos, caráter e estilo de vida (forma de viver), com vistas ao bem comum (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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). Por isso, tem-se admitido que a manifestação comportamental de uma ação não é suficiente para inferir a presença de virtude (Alzola, 2015; Robson, 2015Robson, A. (2015). Constancy and integrity: (un)measurable virtues? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S115-S129. https://doi.org/ 10.1111/beer.12103
https://doi.org/ 10.1111/beer.12103...
).

Newstead, Macklin, Dawkins e Martin (2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162...
) desdobram o conceito em virtue (a inclinação virtuosa em si), virtues e virtuous, este último correspondendo à percepção frente a um evento virtuoso, descrito como uma experiência subjetiva experienciada, uma interpretação que um agente faz sobre a virtude expressada por alguém (virtues) em um evento/momento.

Como exposto, o arcabouço da ética das virtudes reúne elementos teóricos e pressupostos fundamentais. Entre seus elementos estão: o agente humano e sua natureza, ações e hábitos morais reiterados que formam o seu caráter, a prática de virtudes morais, coordenadas pela sabedoria prática ou prudência, um fim último voltado para o florescimento humano ou eudaimonia, em um contexto comunitário em que se contribui para o bem comum. Entre seus pressupostos, dois deles merecem destaque e estão relacionados: (1) a conexão ou interdependência entre a virtude da phronesis e as virtudes morais - por exemplo, para ser prudente em decisões é preciso que a temperança contenha os impulsos que afetariam tal decisão, como a raiva ou a impaciência; e (2) a unidade das virtudes: no agente as virtudes estão vinculadas umas às outras - isto é, não há virtude isolada -, o que significa que se uma pessoa tem uma virtude, ela também tem as outras (Zyl, 2019Zyl, L. van. (2019). Virtue ethics: A contemporary Introduction. New York, NY: Routledge.).

Perspectivas que buscam mensurar virtudes morais

Em administração, os estudos da ética das virtudes se ramificaram para uma corrente que emprega métodos quantitativos e estatísticos no intuito de mensurar virtudes e seus impactos positivos nas organizações (Ferrero & Sison, 2014Ferrero, I., & Sison, A. (2014). A quantitative analysis of authors, schools and themes in virtue ethics articles in business ethics and management journals (1980-2011). Business ethics: A European Review, 23(4), 375-400. https://doi.org/10.1111/beer.12057
https://doi.org/10.1111/beer.12057...
). Tal corrente está inserida no campo da psicologia positiva e é chamada de positive organizational scholarship (POS) (Sison & Ferrero, 2015; Meyer, 2018Meyer, M. (2018). The evolution and challenges of the concept of organizational virtuousness in positive organizational scholarship. Journal of Business Ethics, 153, 245-264. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-z
https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-...
). Essa corrente se ramifica em duas perspectivas que buscam mensurar virtudes: (1) uma atrelada à psicologia positiva de Peterson e Seligman (2004Peterson, C., & Seligman, M. (2004). Character strengths and virtues: A handbook and classification. New York, NY: Oxford University Press.) e de abordagem em nível individual, correspondente a um movimento positivo nas ciências sociais (Kinghorn, 2017Kinghorn, W. (2017). The politics of virtue: An Aristotelian-Thomistic engagement with the VIA classification of character strengths. The Journal of Positive Psychology, 12(5), 436-446. https://doi.org/10.1080/17439760.2016.1228009
https://doi.org/10.1080/17439760.2016.12...
); e (2) os estudos que assumem o conceito de virtuousness ou virtuosidade, para acessar virtudes em âmbito organizacional (Meyer, 2018; Huhtala et al., 2018Huhtala, M., Kangas, M., Kaptein, M., & Feldt, T. (2018). The shortened Corporate Ethical Virtues scale: Measurement invariance and mean differences across two occupational groups. Business Ethics: A European Review, 27(3), 238-247. https://doi.org/10.1111/beer.12184
https://doi.org/10.1111/beer.12184...
).

Essas duas correntes buscam mensurar virtudes, adotando métodos e assumindo pressupostos distintos daqueles compartilhados pela tradição aristotélico-tomista da ética das virtudes (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
https://doi.org/10.1111/beer.12099...
; Meyer, 2018Meyer, M. (2018). The evolution and challenges of the concept of organizational virtuousness in positive organizational scholarship. Journal of Business Ethics, 153, 245-264. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-z
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).

A primeira é atrelada à psicologia positiva e considera as forças do caráter como traços positivos dos indivíduos. O modelo de Peterson e Seligman (2004Peterson, C., & Seligman, M. (2004). Character strengths and virtues: A handbook and classification. New York, NY: Oxford University Press.) foi desenvolvido a partir da leitura de textos clássicos de diferentes culturas, revisados pelo grupo de pesquisa dedicado a tais estudos, reunindo indutivamente as características humanas que levam ao florescimento. Há diferenças entre o conceito de virtudes e de forças do caráter (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
https://doi.org/10.1017/beq.2015.24...
). O modelo VIA - virtudes em ação - é composto por seis principais características (virtudes) e 24 forças. Contudo, esse modelo tem sido metodológica e filosoficamente questionado. Ele não assume o pressuposto da unidade das virtudes (Robson, 2015Robson, A. (2015). Constancy and integrity: (un)measurable virtues? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S115-S129. https://doi.org/ 10.1111/beer.12103
https://doi.org/ 10.1111/beer.12103...
). Kinghorn (2017Kinghorn, W. (2017). The politics of virtue: An Aristotelian-Thomistic engagement with the VIA classification of character strengths. The Journal of Positive Psychology, 12(5), 436-446. https://doi.org/10.1080/17439760.2016.1228009
https://doi.org/10.1080/17439760.2016.12...
) elucida como o modelo foi construído e argumenta que não oferece condições para se dizer universal ou válido independentemente do contexto cultural. Tal modelo acolhe valores da sociedade democrática moderna, na qual se privilegia a autodeterminação dos indivíduos, seus direitos e liberdades (Kinghorn, 2017). O autor conclui que não há como um grupo de virtudes transcender a comunidade política particular na qual foi pensado, o que implica que o contexto particular importa e futuros instrumentos deveriam considerar a cultura do contexto e comunidade em análise.

A segunda é a corrente de estudos organizacionais positivos (EOP) e utiliza o conceito de virtuosidade, o qual não é idêntico à noção de virtude (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
https://doi.org/10.1111/beer.12099...
). A virtuosidade é manifesta em estruturas, processos, atributos e culturas, bem como na ação individual e coletiva, e é expresso na e por meio das organizações (Cameron, Bright, & Caza, 2004Cameron, K., Bright, D., & Caza, A. (2004). Exploring the relationships between organizational virtuousness and performance. American Behavioral Scientist, 47(6), 1-14. https://doi.org/10.1177/0002764203260209
https://doi.org/10.1177/0002764203260209...
; Sison & Ferrero, 2015). Ela é entendida como um aspecto que contribui para a performance organizacional, o que pode vir a ser usado instrumentalmente para alcançar bons indicadores de comprometimento, satisfação e capital social (Sison & Ferrero, 2015). Nessa abordagem, o conceito de virtuosidade é investigado predominantemente por métodos quantitativos e em âmbito organizacional (Meyer, 2018Meyer, M. (2018). The evolution and challenges of the concept of organizational virtuousness in positive organizational scholarship. Journal of Business Ethics, 153, 245-264. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-z
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). Além disso, essa corrente não trata do papel da phronesis em seu arcabouço para compreender a virtuosidade em organizações (Sison & Ferrero, 2015).

Sison e Ferrero (2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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) ainda remetem às diferenças conceituais. Afirmam que os pressupostos sobre a natureza humana, fim último, phronesis e eudaimonia subjacentes à virtuosidade são muito diferentes da ética das virtudes, bem como o locus de realização: as virtudes são encontradas nas pessoas e apenas por analogia se associam a conceitos como os de caráter corporativo. Por outro lado, a virtuosidade se refere a organizações primeiramente e apenas secundariamente a indivíduos (Meyer, 2018Meyer, M. (2018). The evolution and challenges of the concept of organizational virtuousness in positive organizational scholarship. Journal of Business Ethics, 153, 245-264. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-z
https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-...
).

Entre os críticos da ética das virtudes, Aguirre-Y-Luker et al. (2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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) expõem que a crítica situacionista não reconhece a necessidade de se conhecer fatores internos inerentes ao comportamento. Diferentemente, Alzola (2017Alzola, M. (2017). Virtues and their explanatory and predictive power in the workplace. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-...
) argumenta que as virtudes morais podem ajudar na compreensão das ações dos indivíduos. Apesar da diversidade e desafios empíricos, ainda são necessárias adaptações para diferentes contextos e culturas (Dawson, 2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-...
). E afinal, virtudes podem ser mensuradas? Não há consenso sobre essa questão. Robson (2015Robson, A. (2015). Constancy and integrity: (un)measurable virtues? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S115-S129. https://doi.org/ 10.1111/beer.12103
https://doi.org/ 10.1111/beer.12103...
) argumenta que a psicologia positiva é capaz de mensurar traços de personalidade e tendências de comportamento, mas não é capaz de articular virtudes, porque não pode propor um tipo de arquitetura substantiva, para dar suporte a uma abordagem de virtudes a partir de uma tradição, como a ética das virtudes.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta seção apresenta os procedimentos de busca e análise desta revisão sistemática, empregados para sintetizar e comparar evidências (Mendes-da-Silva, 2019; Snyder, 2019Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: An overview and guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-339. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.07.039
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.0...
). São descritos etapas, procedimentos e critérios de busca e seleção de estudos, de análise metodológico-teórica e de apresentação dos resultados. Partiu-se da formulação da pergunta central sobre o fenômeno de interesse (Mendes-da-Silva, 2019). Os principais itens e os critérios de elegibilidade adotados para esta revisão sistemática visam a empregar um procedimento replicável e transparente (Moher, Liberati, Tetslaff, & Altman, 2009Moher, D., Liberati, A., Tetslaff, J., & Altman, D. G. (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: The PRISMA Statement. Annals of Internal Medicine, 151(4), 264-269. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
). Os critérios de elegibilidade são:

  1. Tipo de estudo: pesquisas empíricas que desenvolvem ou aplicam escalas e medidas de virtudes morais em âmbito individual, sendo esse o critério de seleção.

  2. Critérios de exclusão: (a) pesquisas de outras áreas, como a médica e jurídica; (b) trabalhos que não abordam virtudes diretamente; (c) estudos teóricos ou empíricos que não abordam o construto por meio de escalas; (d) pesquisas empíricas que desenvolvam ou apliquem escalas de virtudes em âmbito organizacional (virtuosidade).

  3. Tópico: a identificação e seleção dos trabalhos é feita por uma leitura nos títulos e resumos, palavras-chave e revistas.

  4. Design de pesquisa: estudos empíricos que relatam o desenvolvimento, aplicação e resultados obtidos com o uso de escalas de virtudes em nível individual.

  5. Recorte temporal: sem recortes temporais.

  6. Idioma: acolhem-se trabalhos em português, inglês e espanhol.

  7. Status da publicação: artigos científicos revisados por pares.

  8. Critérios de busca: consultas às bases de dados eletrônicas e, complementarmente, inclusão de estudos citados pelos estudos selecionados, ainda não integrantes da amostra. A primeira etapa ocorreu no mês de junho de 2017 e atualizações foram realizadas em 2018 e fevereiro de 2021. A busca foi realizada em cinco bases de dados: EBSCOhost, Science Direct, Scopus, Web of Science e Wiley.

Com o intuito de ampliar o alcance das buscas, empregaram-se cinco queries diferentes, compostos por dois termos: o primeiro referente a escalas e mensuração e o segundo às virtudes, conforme detalhado na Tabela 1.

Tabela 1
Número de referências por base de dados, query e formato de busca.

Até 2018 foram selecionadas 517 referências e, com a adição de 248 referências em fevereiro de 2021, foram totalizadas 765. Com a experiência das primeiras etapas, optou-se por fazer a atualização de 2021 restringindo-se a buscas no abstract. Além delas, alguns artigos foram adicionados à amostra manualmente (n=3), encontrados a partir do trabalho de buscas e leitura, indicado na Etapa 2 no fluxo do processo de seleção, na Figura 1. Atentou-se para as publicações das revistas Journal of Business Ethics, Business Ethics: Environment and Responsibilty e Business Ethics Quarterly, para assegurar a seleção de artigos da área.

Figura 1
Fluxo do processo de seleção, segundo modelo de Moher et al. (2009Moher, D., Liberati, A., Tetslaff, J., & Altman, D. G. (2009). Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: The PRISMA Statement. Annals of Internal Medicine, 151(4), 264-269. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000097
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
).

As referências foram exportadas para o organizador de referências EndNote 8, na primeira etapa, e Mendeley na última seleção. O processo de seleção durante as etapas foi o mesmo: primeiro, a retirada dos registros repetidos; segundo, a leitura de títulos, resumos, palavras-chave e nome da revista, aplicando os critérios de elegibilidade. A Figura 1 apresenta o fluxo do processo de seleção até chegar-se ao número de artigos incluídos na amostra, ou seja, 37 artigos que desenvolvem ou aplicam escalas de virtudes morais em nível individual.

Conforme a Figura 1, oito artigos entre os disponíveis tratavam de outros construtos e outros oito abordavam escalas de virtuosidade, ou virtude em âmbito organizacional, que não é o foco desta revisão. As razões dessa opção remetem aos pressupostos distintos entre o conceito de virtuosidade e virtudes morais a partir do arcabouço da ética das virtudes (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
https://doi.org/10.1111/beer.12099...
; Meyer, 2018Meyer, M. (2018). The evolution and challenges of the concept of organizational virtuousness in positive organizational scholarship. Journal of Business Ethics, 153, 245-264. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3388-z
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) e, além disso, seu foco de análise é em âmbito organizacional, ou seja, focam no que é objetivamente verificável, naquilo expresso na e por meio da organização, como nos elementos de estrutura e cultura (Meyer, 2018).

Para uma discussão teórico-metodológica sobre o desenvolvimento de escalas e medidas de virtudes, primeiramente os artigos foram inteiramente lidos e seus dados principais organizados em planilhas do Excel, contendo informações sobre: (a) como a escala é construída ou aplicada, geração de itens, pré-testes, amostra e respondentes, tratamento dos itens; (b) análise estatística utilizada, técnicas estatísticas, fatores de ajuste, técnicas de análise, fatores emergentes; (c) eliminações de itens, tipos de validações e temas relacionados; e (d) país de aplicação, para analisar possíveis limitações e o rigor empregado na criação e validação. Para a análise do uso de análise fatorial exploratória (AFE), de análise fatorial confirmatória (AFC) e de outras técnicas, seguiram-se as orientações de Fávero et al. (2009Fávero, L. P. L., Belfiore, P. P., Silva, F. L. & Chan, B. L. (2009) Análise de dados: Modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier.) e Hair et al. (2005Hair, J., Jr., Babin, B., Money, A., & Samouel, P. (2005). Fundamentos de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman.).

Após a análise das escalas, buscou-se analisar as contribuições dos trabalhos para o conhecimento sobre virtudes morais, considerando os artigos que listam um conjunto de virtudes e aqueles que se aprofundam em uma única. Discutem-se desafios metodológicos para acessar virtudes morais, especialmente para pesquisadores que se inserem em uma tradição da ética das virtudes. Discute-se como são definidas, operacionalizadas e acessadas, de modo a discutir implicações teóricas e questões metodológicas em um escopo maior, pois o debate sobre mensuração de virtudes é uma questão em aberto, para a qual pesquisadores de ética empresarial e de psicologia podem ter posições diferentes sobre sua possibilidade, relevância e pertinência.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os 37 artigos empíricos selecionados refletem as contribuições de duas áreas com interesse em virtudes ou ética das virtudes: a ética empresarial e a psicologia. Os trabalhos foram publicados por 21 diferentes journals. Da área de administração e negócios, o Journal of Business Ethics (JBE) publicou 11 artigos sobre escalas e mensuração de virtudes morais em âmbito individual, seguido de outras revistas da área com um artigo: Asian Journal of Business & Accounting, Business Ethics: A European Review, Canadian Journal of Administrative Sciences, Journal of Business Research, Leadership & Organization Development Journal e Organizational Dynamics. Da área da psicologia destacam-se as revistas Personality and Individual Differences (4 artigos), Current Psychology (3) e Frontiers in Psychology (2).

As investigações que desenvolvem ou aplicam escalas de virtudes seguem dois formatos predominantes: focam em múltiplas virtudes analisadas conjuntamente, ou em uma única virtude moral. Em revistas do campo da administração, os trabalhos partem, na sua maioria, de listas desenvolvidas a partir de Solomon (1999Solomon, R. (1999). A better way to think about business: how personal integrity leads to corporate success. New York, NY: Oxford University Press.) e Murphy (1999Murphy, P. (1999). Character and Virtue Ethics in International Marketing: An agenda for managers, researchers and educators. Journal of Business Ethics, 18(1), 107-124. https://doi.org/10.1023/A:1006072413165
https://doi.org/10.1023/A:1006072413165...
). No campo da psicologia, os trabalhos se apoiam na psicologia positiva de Peterson e Seligman (2004Peterson, C., & Seligman, M. (2004). Character strengths and virtues: A handbook and classification. New York, NY: Oxford University Press.) ou em tentativas de articulação entre psicologia e filosofia moral (ex.: Shahab & Adil, 2020Shahab, S. O., & Adil, A. (2020). Development and validation of Temperance Scale in Pakistan. PsyCh Journal, 9(6), 911-923. https://doi.org/10.1002/pchj.394
https://doi.org/10.1002/pchj.394...
). Dos 37 artigos, 19 se referem ao uso e desenvolvimento de escalas sobre múltiplas virtudes, que optamos por chamar de 'virtudes morais múltiplas'; e 18 abordam escalas e medidas de 'virtudes morais específicas', como exposto na Tabela 2.

Tabela 2
Escalas relacionadas a virtudes morais em nível individual - múltiplas e específicas.

Os trabalhos da primeira década do atual milênio optaram por escalas de múltiplas virtudes, abordando uma lista de traços do caráter. Na década seguinte, ocorre uma discussão metodológica sobre a mudança do conceito para o âmbito organizacional, com discussões sobre a virtuosidade organizacional, bem como sobre os pressupostos e métodos da psicologia positiva. Nos últimos três anos, os estudos empíricos focam predominantemente na mensuração de uma virtude específica, buscando abordar componentes como pensamento, sentimentos e comportamentos que expressam virtudes. Mas cabe ressaltar que essas questões permanecem em aberto e há posicionamentos distintos sobre a viabilidade ou não de articular a filosofia moral e a psicologia para ampliar o entendimento sobre virtudes morais (Beadle et al., 2015Beadle, R., Sison, A. J. G., & Fontrodona, J. (2015). Introduction-virtue and virtuousness: when will the twain ever meet? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S67-S77. https://doi.org/10.1111/beer.12098
https://doi.org/10.1111/beer.12098...
). Possibilidades de articulação são consideradas por Newstead et al. (2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162...
) e Snow, Whright e Warren (2020Snow, N. E., Wright, J. C., & Warren, M. T. (2020). Virtue Measurement: Theory and Applications. Ethical Theory and Moral Practice, 23, 277-293. https://doi.org/10.1007/s10677-019-10050-6
https://doi.org/10.1007/s10677-019-10050...
).

É importante ressaltar que as escalas de virtudes morais, múltiplas ou específicas, acessam a ‘percepção’ de virtudes, seja a autopercepção do respondente, seja a percepção em relação às outras pessoas (gestor, colaborador, liderança, etc.), algo próximo ao que Newstead et al. (2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162...
) chamaram de virtues. Mas tais estudos não as consideram a partir de um evento, limitando-se ao julgamento abstrato sobre lista de atributos, desconectado de um contexto de ação. Isso se verifica em boa parte dos instrumentos de medida no estilo de lista de itens.

Os artigos que abordam virtudes morais específicas se dedicam a observar empiricamente uma ou duas virtudes: admiração às virtudes e sua relação com status (Bai, Ho, & Yan, 2020Bai, F., Ho, G. C. C., & Yan, J. (2020). Does Virtue lead to status? Testing the moral virtue theory of status attainment. Journal of Personality & Social Psychology, 118(3), 501-531. http://doi.org/10.0.4.13/pspi0000192
http://doi.org/10.0.4.13/pspi0000192...
), autoconsideração e consideração pelos outros (Grappi, Romani, & Bagozzi, 2013Grappi, S., Romani, S., & Bagozzi, R. P. (2013). Consumer response to corporate irresponsible behavior: Moral emotions and virtues. Journal of Business Research, 66(10), 1814-1821. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.02.002
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2013.0...
), coragem moral (Mansur, Sobral, & Islam, 2020Mansur, J., Sobral, F., & Islam, G. (2020). Leading with moral courage: The interplay of guilt and courage on perceived ethical leadership and group organizational citizenship behaviors. Business Ethics: A European Review, 29(3), 587-601. https://doi.org/10.1111/beer.12270
https://doi.org/10.1111/beer.12270...
), gratidão (Bernabe-Valero, Blasco-Magraner, & García-March, 2020Bernabe-Valero, G., Blasco-Magraner, J. S., & García-March, M. R. (2020). Gratitude questionnaire-20 Items (G20): A cross-cultural, psychometric and crowdsourcing analysis. Frontiers in Psychology, 11(December), 1-9. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.626330
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.62633...
; Gulliford, Morgan, Hemming, & Abbott, 2019Gulliford, L., Morgan, B., Hemming, E., & Abbott, J. (2019). Gratitude, self-monitoring and social intelligence: A prosocial relationship? Current Psychology, 38(4), 1021-1032. https://doi.org/10.1007/s12144-019-00330-w
https://doi.org/10.1007/s12144-019-00330...
; Hudecek, Blabst, Morgan, & Lermer, 2020Hudecek, M. F. C., Blabst, N., Morgan, B., & Lermer, E. (2020). Measuring gratitude in Germany: Validation study of the German version of the Gratitude Questionnaire-Six Item Form (GQ-6-G) and the Multi-Component Gratitude Measure (MCGM-G). Frontiers in Psychology, 11. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.590108
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.59010...
; Morgan, Gulliford, & Kristjánsson, 2017), gratidão e amor (Diessner, Iyer, Smith, & Haidt, 2013Diessner, R., Iyer, R., Smith, M. M., & Haidt, J. (2013). Who engages with moral beauty? Journal of Moral Education, 42(2), 139-163. http://dx.doi.org/10.1080/03057240.2013.785941
http://dx.doi.org/10.1080/03057240.2013....
), humildade (Colombo, Strangmann, Houkes, Kostadinova, & Brandt, 2021Colombo, M., Strangmann, K., Houkes, L., Kostadinova, Z., & Brandt, M. J. (2021). Intellectually Humble, but Prejudiced People. A Paradox of Intellectual Virtue. Review of Philosophy and Psychology,12, 353-371. https://doi.org/10.1007/s13164-020-00496-4
https://doi.org/10.1007/s13164-020-00496...
; Qin, Liu, Brown, Zheng, & Owens, 2019Qin, X., Liu, X., Brown, J. A., Zheng, X., & Owens, B. P. (2019). Humility harmonized? Exploring whether and how leader and employee humility (in)congruence influences employee citizenship and deviance behaviors. Journal of Business Ethics, 170, 147-165. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250-4
https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250...
), integridade (Castro-González, Bande, Fernández-Ferrín, & Kimura, 2019Castro-González, S., Bande, B., Fernández-Ferrín, P., & Kimura, T. (2019). Corporate social responsibility and consumer advocacy behaviors: The importance of emotions and moral virtues. Journal of Cleaner Production, 231, 846-855. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.05.238
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2019.0...
), justiça (Beekun, Westerman, & Barghouti, 2005Beekun, R. I., Westerman, J., & Barghouti, J. (2005). Utility of ethical frameworks in determining behavioral intention: A comparison of the US and Russia. Journal of Business Ethics, 61(3), 235-247. https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-2
https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-...
; Beugré, 2012Beugré, C. D. (2012). Development and validation of a deontic justice scale. Journal of Applied Social Psychology, 42(9), 2163-2190. https://doi.org/10.1111/j.1559-1816.2012.00935.x
https://doi.org/10.1111/j.1559-1816.2012...
), perdão de si mesmo (Kim, Volk, & Enright, 2021), respeito e responsabilidade (Manly, Leonard, & Riemenschneider, 2015Manly, T. S., Leonard, L. N. K., & Riemenschneider, C. K. (2015). Academic integrity in the information age: Virtues of respect and responsibility. Journal of Business Ethics, 127(3), 579-590. https://doi.org/10.1007/s10551-014-2060-8
https://doi.org/10.1007/s10551-014-2060-...
), traços bons e maus do caráter (Jiao, Yang, Guo, Xu, Zhang, & Jiang, 2020Jiao, L., Yang, Y., Guo, Z., Xu, Y., Zhang, H., & Jiang, J. (2020). Development and validation of the good and evil character traits (GECT) scale. Scandinavian Journal of Psychology, 62(2), 276-287. https://doi.org/10.1111/sjop.12696
https://doi.org/10.1111/sjop.12696...
), resiliência (Lasota, Tomaszek, & Bosacki, 2020Lasota, A., Tomaszek, K., & Bosacki, S. (2020). How to become more grateful? The mediating role of resilience between empathy and gratitude. Current Psychology. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01178-1
https://doi.org/10.1007/s12144-020-01178...
) e temperança (Shahab & Adil, 2020Shahab, S. O., & Adil, A. (2020). Development and validation of Temperance Scale in Pakistan. PsyCh Journal, 9(6), 911-923. https://doi.org/10.1002/pchj.394
https://doi.org/10.1002/pchj.394...
).

Além de virtudes específicas, virtudes associadas à liderança foram uma temática para a qual se desenvolveram várias escalas (Mansur et al., 2020Mansur, J., Sobral, F., & Islam, G. (2020). Leading with moral courage: The interplay of guilt and courage on perceived ethical leadership and group organizational citizenship behaviors. Business Ethics: A European Review, 29(3), 587-601. https://doi.org/10.1111/beer.12270
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; Qin et al., 2019Qin, X., Liu, X., Brown, J. A., Zheng, X., & Owens, B. P. (2019). Humility harmonized? Exploring whether and how leader and employee humility (in)congruence influences employee citizenship and deviance behaviors. Journal of Business Ethics, 170, 147-165. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250-4
https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250...
; Riggio, Zhu, Reina, & Maroosis, 2010Riggio, R., Zhu, W., Reina, C., & Maroosis, J. (2010). Virtue-Based Measurement of Ethical Leadership: The Leadership Virtues Questionnaire. Consulting Psychology Journal: Practice and Research, 62(4), 235-250. https://doi.org/10.1037/a0022286
https://doi.org/10.1037/a0022286...
; Thun & Kelloway, 2011Thun, B., & Kelloway, E. K. (2011). Virtuous leaders: Assessing character strengths in the workplace. Canadian Journal of Administrative Sciences, 28(3), 270-283. https://doi.org/10.1002/cjas.216
https://doi.org/10.1002/cjas.216...
; Sarros, Cooper, & Hartican, 2006Sarros, J., Cooper, B. & Hartican, A. (2006). Leadership and Character. Leadership & Organization Development Journal, 27(8), 682-699. https://doi.org/10.1108/01437730610709291
https://doi.org/10.1108/0143773061070929...
; Seijts, Gands, Crossan, & Reno, 2015Seijts, G., Gandz, J., Crossan, M., & Reno, M. (2015). Character matters: character dimensions´ impact on leader performance and outcomes. Organizational Dynamics, 44(1), 65-74. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2014.11.008
https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2014.11...
; Wang & Hackett, 2016Wang, G., & Hackett, R. D. (2016). Conceptualization and measurement of virtuous leadership: Doing well by doing good. Journal of Business Ethics, 137(2), 321-345. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2560-1
https://doi.org/10.1007/s10551-015-2560-...
).

Desenvolvimento e aplicação de escalas sobre virtudes morais

A Tabela 3 resume as informações da construção de escalas. Nela é possível observar o número de itens iniciais e finais, a proporção item-amostra, o país e o perfil dos respondentes, em sua maioria universitários e profissionais da área. As escalas empregam itens com grade de respostas no formato Likert (‘discordo totalmente - concordo totalmente’) ou escalas adjetivais, variando entre escalas de quatro a dez pontos.

Tabela 3
Itens, amostra e medidas em escalas relacionadas a virtudes morais em nível individual.

Quanto ao contexto, as pesquisas foram realizadas em 15 diferentes países: Estados Unidos (11 estudos), China (3), Reino Unido (3), entre outros. Algumas analisam resultados de dois países (Bai et al., 2020Bai, F., Ho, G. C. C., & Yan, J. (2020). Does Virtue lead to status? Testing the moral virtue theory of status attainment. Journal of Personality & Social Psychology, 118(3), 501-531. http://doi.org/10.0.4.13/pspi0000192
http://doi.org/10.0.4.13/pspi0000192...
; Beekun et al., 2005Beekun, R. I., Westerman, J., & Barghouti, J. (2005). Utility of ethical frameworks in determining behavioral intention: A comparison of the US and Russia. Journal of Business Ethics, 61(3), 235-247. https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-2
https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-...
; Hudecek et al., 2020Hudecek, M. F. C., Blabst, N., Morgan, B., & Lermer, E. (2020). Measuring gratitude in Germany: Validation study of the German version of the Gratitude Questionnaire-Six Item Form (GQ-6-G) and the Multi-Component Gratitude Measure (MCGM-G). Frontiers in Psychology, 11. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.590108
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.59010...
; Seijts et al., 2015Seijts, G., Gandz, J., Crossan, M., & Reno, M. (2015). Character matters: character dimensions´ impact on leader performance and outcomes. Organizational Dynamics, 44(1), 65-74. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2014.11.008
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). Outras recrutaram respondentes em plataformas, como na Amazon MTurk, de trabalhadores remotos (Bernabe-Valero et al., 2020Bernabe-Valero, G., Blasco-Magraner, J. S., & García-March, M. R. (2020). Gratitude questionnaire-20 Items (G20): A cross-cultural, psychometric and crowdsourcing analysis. Frontiers in Psychology, 11(December), 1-9. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.626330
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.62633...
; Colombo et al., 2021Colombo, M., Strangmann, K., Houkes, L., Kostadinova, Z., & Brandt, M. J. (2021). Intellectually Humble, but Prejudiced People. A Paradox of Intellectual Virtue. Review of Philosophy and Psychology,12, 353-371. https://doi.org/10.1007/s13164-020-00496-4
https://doi.org/10.1007/s13164-020-00496...
; Kim et al., 2021Kim, J. J., Volk, F., & Enright, R. D. (2021). Validating the Enright Self-Forgiveness Inventory (ESFI). Current Psychology. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01248-4
https://doi.org/10.1007/s12144-020-01248...
; Mansur et al., 2020Mansur, J., Sobral, F., & Islam, G. (2020). Leading with moral courage: The interplay of guilt and courage on perceived ethical leadership and group organizational citizenship behaviors. Business Ethics: A European Review, 29(3), 587-601. https://doi.org/10.1111/beer.12270
https://doi.org/10.1111/beer.12270...
). Embora Mansur et al. (2020) tenham vínculo com universidade brasileira, a descrição de sua amostra não especifica o contexto de pesquisa. Análises exploratórias em um novo contexto são importantes, pois as virtudes dependem do contexto de ação (Kinghorn, 2017Kinghorn, W. (2017). The politics of virtue: An Aristotelian-Thomistic engagement with the VIA classification of character strengths. The Journal of Positive Psychology, 12(5), 436-446. https://doi.org/10.1080/17439760.2016.1228009
https://doi.org/10.1080/17439760.2016.12...
; Newstead et al., 2018Newstead, T., Macklin, R., Dawkins, S., & Martin, A. (2018). What is virtue? Advancing the conceptualization of virtue to inform positive organizational inquiry. Academy of Management Perspectives, 32(4), 443-457. https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162
https://doi.org/10.5465/amp.2016.0162...
). Por exemplo, ser temperante em um dado país pode exigir mais do que ser em outro, e diferentes virtudes podem ser cultivadas em cada contexto. No uso de escalas, isso requer desenvolver algo a partir do contexto, adaptando as desenvolvidas em outras culturas (Dawson, 2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
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).

Na proporção item-tamanho da amostra, alguns trabalhos (n=11) não alcançam a razão de 5:1 indicada por Hair et al. (2009Hair, J., Jr., Black, W., Babin, B., Anderson, R., & Tathan, R. (2009) Análise multivariada de dados. (6th ed.). Porto Alegre, RS: Bookman., p. 108). Diferentemente, Bai et al. (2020Bai, F., Ho, G. C. C., & Yan, J. (2020). Does Virtue lead to status? Testing the moral virtue theory of status attainment. Journal of Personality & Social Psychology, 118(3), 501-531. http://doi.org/10.0.4.13/pspi0000192
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) buscam uma proporção de 10:1, algo acompanhado pela maioria dos artigos recentes. Hair et al. (2009) recomendam que o pesquisador deve interpretar qualquer descoberta com precaução, quando se lida com amostras menores ou com uma proporção pequena. Além disso, a geração de itens em maior número, mediante aprofundamento teórico, análise léxica (Jiao et al., 2020Jiao, L., Yang, Y., Guo, Z., Xu, Y., Zhang, H., & Jiang, J. (2020). Development and validation of the good and evil character traits (GECT) scale. Scandinavian Journal of Psychology, 62(2), 276-287. https://doi.org/10.1111/sjop.12696
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), consulta com especialistas (Dawson, 2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
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) e potenciais respondentes (pré-testes), poderia reunir itens mais atrelados a virtudes de determinado contexto (Aguirre-Y-Luker et al., 2017Aguirre-Y-Luker, G; Hyman, M., & Shanahan, K. (2017). Measuring systems of virtues development. In A. Sison, G. Beabout, & I. Ferrero (Eds.), Handbook of virtues ethics in business and management. Netherlands: Springer. https://doi.org/10.1007/978-94-007-6510-8
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). Por exemplo, Shanahan e Hyman (2003Shanahan, K. J., & Hyman, M. R. (2003). The Development of a Virtue Ethics Scale. Journal of Business Ethics, 42(2), 197-208. https://doi.org/10.1023/A:1021914218659
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) fizeram grupos focais, mas poucos trabalhos descrevem a realização de pré-testes (Libby & Thorne, 2007Libby, T., & Thorne, L. (2007). The development of a measure of auditors’ virtue. Journal of Business Ethics, 71(1), 89-99. https://doi.org/10.1007/s10551-006-9127-0
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; Shanahan & Hyman, 2003).

Para ilustrar a análise do desenvolvimento de escalas, consideram-se conceitos e resultados encontrados, os quais remetem a elementos da ética das virtudes. Os estudos sobre virtudes na liderança sugerem que o caráter do líder ainda é um atributo de suma importância para a ética em administração, o que poderia ampliar a discussão sobre traços de liderança e liderança como processo e entre as perspectivas heroicas e pós-heroicas (Sobral & Furtado, 2019Sobral, F., & Furtado, L. (2019). A liderança pós-heroica: Tendências atuais e desafios para o ensino de liderança. Revista de Administração de Empresas, 59(3), 209-214. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020190306
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).

Sarros et al. (2006Sarros, J., Cooper, B. & Hartican, A. (2006). Leadership and Character. Leadership & Organization Development Journal, 27(8), 682-699. https://doi.org/10.1108/01437730610709291
https://doi.org/10.1108/0143773061070929...
) sugerem que a integridade é um atributo-chave para o caráter de líderes. Riggio et al. (2010Riggio, R., Zhu, W., Reina, C., & Maroosis, J. (2010). Virtue-Based Measurement of Ethical Leadership: The Leadership Virtues Questionnaire. Consulting Psychology Journal: Practice and Research, 62(4), 235-250. https://doi.org/10.1037/a0022286
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) investigam as virtudes cardeais da temperança, fortaleza, justiça e prudência relacionadas à liderança, baseados em premissas de Tomás de Aquino e Aristóteles, sendo um dos poucos estudos que procura abordar o pressuposto da unidade das virtudes. Os resultados de duas etapas de análise fatorial exploratória sugerem um único fator explicativo do modelo, o que Riggio et al. (2010) consideram uma evidência da unidade das virtudes.

Apoiando-se em conceitos aristotélicos e confucianos para desenvolver o Questionário de Liderança Virtuosa, Wang e Hackett (2016Wang, G., & Hackett, R. D. (2016). Conceptualization and measurement of virtuous leadership: Doing well by doing good. Journal of Business Ethics, 137(2), 321-345. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2560-1
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) partem de seis virtudes - coragem, prudência, justiça, temperança, humanidade e confiabilidade e, pela análise fatorial, chegam a cinco fatores: coragem (4), temperança (4), justiça (3), prudência (4) e humanidade (3).

Na Escala de Forças do Caráter da Liderança, Thun e Kelloway (2011Thun, B., & Kelloway, E. K. (2011). Virtuous leaders: Assessing character strengths in the workplace. Canadian Journal of Administrative Sciences, 28(3), 270-283. https://doi.org/10.1002/cjas.216
https://doi.org/10.1002/cjas.216...
) encontram os fatores humanidade (4 itens), sabedoria (5) e temperança (5), enquanto Seijts et al. (2015Seijts, G., Gandz, J., Crossan, M., & Reno, M. (2015). Character matters: character dimensions´ impact on leader performance and outcomes. Organizational Dynamics, 44(1), 65-74. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2014.11.008
https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2014.11...
) discutem o caráter como uma amálgama de virtudes, traços de personalidade e valores, descrevendo 11 elementos do caráter e sua importância para a liderança. Por fim, Mansur et al. (2020Mansur, J., Sobral, F., & Islam, G. (2020). Leading with moral courage: The interplay of guilt and courage on perceived ethical leadership and group organizational citizenship behaviors. Business Ethics: A European Review, 29(3), 587-601. https://doi.org/10.1111/beer.12270
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) sugerem que a coragem moral contribui para a liderança ética e o comportamento cidadão em grupo.

Outras evidências do papel das virtudes morais aparecem nos seguintes temas: relações entre comprador-vendedor (Donada, Mothe, Nogatchewsky, & Ribeiro, 2019Donada, C., Mothe, C., Nogatchewsky, G., & Ribeiro, G. C. de. (2019). The Respective effects of virtues and inter-organizational management control systems on relationship quality and performance: Virtues Win. Journal of Business Ethics, 154(1), 211-228. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3418-x
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); líder-liderado (Qin et al., 2019Qin, X., Liu, X., Brown, J. A., Zheng, X., & Owens, B. P. (2019). Humility harmonized? Exploring whether and how leader and employee humility (in)congruence influences employee citizenship and deviance behaviors. Journal of Business Ethics, 170, 147-165. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250-4
https://doi.org/10.1007/s10551-019-04250...
); gerentes-vendedores (Shanahan & Hopkins, 2019Shanahan, K. J., & Hopkins, C. D. (2019). Level of Agreement Between Sales Managers and Salespeople on the Need for Internal Virtue Ethics and a Direct Path from Satisfaction with Manager to Turnover Intent. Journal of Business Ethics, 159(3), 837-848. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3813-6
https://doi.org/10.1007/s10551-018-3813-...
); caráter de profissionais (Arthur et al., 2021Arthur, J., Earl, S. R., Thompson, A. P., & Ward, J. W. (2021). The value of character-based judgement in the professional domain. Journal of Business Ethics, 169, 293-308. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04269-7
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); e consumo responsável (Song & Kim, 2018Song, S. Y., & Kim, Y. K. (2018). Theory of Virtue ethics: Do consumers’ good traits predict their socially responsible consumption? Journal of Business Ethics, 152(4), 1159-1175. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3331-3
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).

Embora elaboradas com rigor estatístico, escalas de liderança são específicas para esse papel. Além disso, são elaboradas a partir de contextos culturais, morais e políticos específicos, o que requer reelaboração para outros contextos organizacionais, inseridos na cultura de uma comunidade, de forma a acolher as particularidades em termos de virtudes morais e da noção de florescimento humano.

Considerando as aplicações do modelo de forças do caráter de Peterson e Seligman (2004Peterson, C., & Seligman, M. (2004). Character strengths and virtues: A handbook and classification. New York, NY: Oxford University Press.), alguns estudos empregam parcial ou integralmente os itens das forças do caráter: (a) Park e Peterson (2006Park, N., & Peterson, C. (2006). Moral competence and character strengths among adolescents: The development and validation of the values in action inventory of strengths for youth. Journal of Adolescence, 29(6), 891-909. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2006.04.011
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) abordam a competência moral como bom caráter, utilizando 198 itens dentre os 240 do modelo. Sua amostra, porém, é de 250 estudantes adolescentes, fazendo com que a proporção item-amostra seja inferior ao indicado estatisticamente. Aplicando a análise fatorial exploratória (AFE), chegam a quatro fatores: temperança (4), intelectual (6), teológico (10), e outras forças (4); (b) Song e Kim (2018Song, S. Y., & Kim, Y. K. (2018). Theory of Virtue ethics: Do consumers’ good traits predict their socially responsible consumption? Journal of Business Ethics, 152(4), 1159-1175. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3331-3
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) abordam nove virtudes do modelo para verificar como traços positivos dos consumidores explicam seu consumo responsável; e (c) Arthur et al. (2021Arthur, J., Earl, S. R., Thompson, A. P., & Ward, J. W. (2021). The value of character-based judgement in the professional domain. Journal of Business Ethics, 169, 293-308. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04269-7
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) abordam a autopercepção de profissionais sobre as virtudes mais importantes do modelo. Embora haja diferenças e similaridades entre virtudes morais e forças do caráter (Alzola, 2015Alzola, M. (2015, July). Virtuous persons and virtuous actions in business ethics and organizational research. Business Ethics Quarterly, 25 (3), 287-318. https://doi.org/10.1017/beq.2015.24
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), os caminhos para o seu entendimento no âmbito das organizações passam por aprofundamento teórico e estratégias de pesquisa que permitam alcançar mais que um 'retrato' instantâneo sobre virtudes, pois elas são cultivadas ao longo da vida.

Discussão

A virtude é um conceito de raiz filosófica e é considerada na tradição da ética das virtudes como o meio termo entre dois vícios: a sua falta, de um lado, e o seu excesso, do outro (Aristóteles, 2009). Nesse sentido, o agente virtuoso está em constante reflexão sobre sua conduta, seus erros e acertos, buscando nortear-se em vistas a um bem, sendo sua autoeducação ou autoaperfeiçoamento um elemento-chave. Por isso, destaca-se a importância do contexto, da ação dentro de uma perspectiva maior, na trajetória de vida. Muitas vezes é depois de cometidos alguns ou vários erros que se aprendem as virtudes, a exemplo do perdão de si mesmo (Kim et al., 2021Kim, J. J., Volk, F., & Enright, R. D. (2021). Validating the Enright Self-Forgiveness Inventory (ESFI). Current Psychology. https://doi.org/10.1007/s12144-020-01248-4
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). Nesse sentido, caberia um arcabouço ético compreensivo, capaz de considerar aspectos negativos e positivos do caráter, erros e acertos, vícios e virtudes, como parece ser o caso da ética das virtudes.

Optar por abordar somente uma virtude, como estudos recentes têm feito, seria uma maneira de alcançar um entendimento mais detalhado de seus multicomponentes. Por exemplo, os fatores emergentes indicados a partir das AFEs representam uma coletânea de percepções de virtudes ou traços do caráter, muito embora resultem da operacionalização a partir de diferentes áreas e pressupostos éticos. Alguns fatores aparecem mais de uma vez. É o caso de temperança (Park & Peterson, 2006Park, N., & Peterson, C. (2006). Moral competence and character strengths among adolescents: The development and validation of the values in action inventory of strengths for youth. Journal of Adolescence, 29(6), 891-909. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2006.04.011
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; Riggio et al., 2010Riggio, R., Zhu, W., Reina, C., & Maroosis, J. (2010). Virtue-Based Measurement of Ethical Leadership: The Leadership Virtues Questionnaire. Consulting Psychology Journal: Practice and Research, 62(4), 235-250. https://doi.org/10.1037/a0022286
https://doi.org/10.1037/a0022286...
; Thun & Kelloway, 2011Thun, B., & Kelloway, E. K. (2011). Virtuous leaders: Assessing character strengths in the workplace. Canadian Journal of Administrative Sciences, 28(3), 270-283. https://doi.org/10.1002/cjas.216
https://doi.org/10.1002/cjas.216...
; Wang & Hackett, 2016Wang, G., & Hackett, R. D. (2016). Conceptualization and measurement of virtuous leadership: Doing well by doing good. Journal of Business Ethics, 137(2), 321-345. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2560-1
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), justiça (Beekun et al., 2005Beekun, R. I., Westerman, J., & Barghouti, J. (2005). Utility of ethical frameworks in determining behavioral intention: A comparison of the US and Russia. Journal of Business Ethics, 61(3), 235-247. https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-2
https://doi.org/10.1007/s10551-005-4772-...
; Riggio et al., 2010; Wang & Hackett, 2016) e desenvoltura (Cawley, Martin, & Johnson, 2000Cawley, M. J., Martin, J. E., & Johnson, J. A. (2000). A virtues approach to personality. Personality and Individual Differences, 28(5), 997-1013. https://doi.org/10.1016/s0191-8869(99)00207-x
https://doi.org/10.1016/s0191-8869(99)00...
; Yang, Stoeber & Wang, 2015Yang, H., Stoeber, J., Wang, Y. (2015). Moral perfectionism and moral values, virtues, and judgments: a preliminary investigation. Personality and Individual Differences, 75, 229-233. https://doi.org/10.1016/j.paid.2014.11.040
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; Dawson, 2018Dawson, D. (2018). Measuring Individuals’ Virtues in Business. Journal of Business Ethics, 147(4), 793-805. https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-7
https://doi.org/10.1007/s10551-017-3505-...
). A virtude da prudência é encontrada nos trabalhos de Riggio et al. (2010) e Wang e Hackett (2016), enquanto Sarros et al. (2006Sarros, J., Cooper, B. & Hartican, A. (2006). Leadership and Character. Leadership & Organization Development Journal, 27(8), 682-699. https://doi.org/10.1108/01437730610709291
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) e Thun e Kelloway (2011) definem o fator como sabedoria.

Por outro lado, seria uma limitação não considerar, por exemplo, o papel da phronesis vinculada às virtudes morais (Ames et al., 2020Ames, M. C. F. D. C., Serafim, M. C., & Zappellini, M. B. (2020). Phronesis in administration and organizations: a literature review and future research agenda. Business Ethics, the Environment & Responsibility, 29(S1), 65-83. https://doi.org/10.1111/beer.12296
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; Bachmann et al., 2017Bachmann, C., Habisch, A., & Dierksmeier, C. (2017). Practical wisdom: Management’s no longer forgotten virtue. Journal of Business Ethics, 153, 147-165. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3417-y
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). A unidade das virtudes reconhece a conexão entre elas, ou seja, que para ser virtuoso alguém expressa mais que uma virtude - por exemplo: honestidade e justiça, para comunicar da melhor forma possível; coragem e prudência, para tomar boas decisões frente aos riscos do ambiente.

Considerando os pressupostos da participação da prudência em cada virtude e da unidade das virtudes (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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), percebe-se que a maioria dos artigos não considera tais pressupostos no desenvolvimento ou uso de escalas. Entre as poucas exceções, há a tentativa de Riggio et al. (2010Riggio, R., Zhu, W., Reina, C., & Maroosis, J. (2010). Virtue-Based Measurement of Ethical Leadership: The Leadership Virtues Questionnaire. Consulting Psychology Journal: Practice and Research, 62(4), 235-250. https://doi.org/10.1037/a0022286
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). Alguns trabalhos se apoiam em autores da ética das virtudes - como em Aristóteles (2009), MacIntyre (2007) e Sison e Ferrero (2015) - enquanto outros a articulam à psicologia positiva (ex.: Arthur et al., 2021Arthur, J., Earl, S. R., Thompson, A. P., & Ward, J. W. (2021). The value of character-based judgement in the professional domain. Journal of Business Ethics, 169, 293-308. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04269-7
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; Donada et al., 2019Donada, C., Mothe, C., Nogatchewsky, G., & Ribeiro, G. C. de. (2019). The Respective effects of virtues and inter-organizational management control systems on relationship quality and performance: Virtues Win. Journal of Business Ethics, 154(1), 211-228. https://doi.org/10.1007/s10551-016-3418-x
https://doi.org/10.1007/s10551-016-3418-...
; Shahab & Adil, 2020Shahab, S. O., & Adil, A. (2020). Development and validation of Temperance Scale in Pakistan. PsyCh Journal, 9(6), 911-923. https://doi.org/10.1002/pchj.394
https://doi.org/10.1002/pchj.394...
).

Quais estratégias de pesquisa seriam possíveis, considerando a necessidade de maior desenvolvimento teórico sobre virtudes em administração? Baseando-se nessa pergunta, é possível retomar alguns aspectos teórico-metodológicos para reunir sugestões a estudos futuros.

SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Do ponto de vista teórico-metodológico, quatro pontos cabem ser mencionados: aprendizagem de virtudes, sua presença em diferentes papéis sociais, dualidade subjetivo-objetivo e julgamento-ação. O primeiro deles é que o cultivo e a aprendizagem das virtudes se dão ao longo da vida, com a experiência (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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). Métodos que pontualmente consultam respondentes em um momento específico, sem uma análise contextualizada em suas trajetórias de vida, não conseguem acessar o contexto e a circunstância de ação, algo considerado na tradição da ética das virtudes (Kinghorn, 2017Kinghorn, W. (2017). The politics of virtue: An Aristotelian-Thomistic engagement with the VIA classification of character strengths. The Journal of Positive Psychology, 12(5), 436-446. https://doi.org/10.1080/17439760.2016.1228009
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). Cabe ainda levar em conta a idade ou tempo de experiência dos pesquisados, o que pode fazer a diferença na maturidade moral.

O segundo ponto está atrelado ao primeiro, pois remete à reflexão de alguém sobre a sua vida como um todo, o que envolve considerar em pesquisas não somente o trabalho no âmbito profissional, mas a harmonia entre os diferentes papéis sociais (Sison et al., 2018Sison, A. J. G., Ferrero, I., & Guitián, G. (Eds.). (2018). Business ethics: A virtue ethics and common good approach. New York, NY: Routledge.). O terceiro ponto se refere à dualidade subjetivo-objetivo relacionada ao conceito de virtude, algo que precisa ser considerado pelas abordagens focadas em comportamentos observáveis, ou no uso de escalas de percepção sobre virtudes. Tal dualidade é importante porque uma virtude moral expressa uma harmonia entre subjetivo-objetivo, isto é, entre vontade e ação, algo complexo de se acessar por escalas e medidas. Finalmente, o quarto ponto levanta a questão da lacuna julgamento-ação que separa o momento de responder a um teste/escala, sobre uma dada questão hipotética, da vivência real de uma questão ética. Acessar as virtudes a partir da trajetória de vida de alguém poderia encontrar evidências fidedignas à experiência do participante.

Diante disso, algumas estratégias de pesquisa interpretativas e de abordagens qualitativas poderiam alcançar um conhecimento mais aprofundado sobre as virtudes em um contexto nacional e organizacional específico, considerando os pressupostos da unidade das virtudes e do papel crucial da phronesis (Sison & Ferrero, 2015Sison, A. J. G., & Ferrero, I. (2015). How different is neo-Aristotelian virtue from positive organizational virtuousness? Business Ethics: A European Review, 24(S2), S78-S98. https://doi.org/10.1111/beer.12099
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; Zyl, 2019Zyl, L. van. (2019). Virtue ethics: A contemporary Introduction. New York, NY: Routledge.). Podem-se cogitar possíveis contribuições da história oral, de abordagens narrativas, estudo de caso, etnografia e fenomenologia. Estratégias exploratórias geralmente antecedem abordagens quantitativas, de modo a prover conhecimento para futuros estudos utilizando escalas, como a Etapa 1, sugerida na Figura 2.

Figura 2
Sugestões de etapas futuras nos estudos sobre virtudes morais.

A revisão de trabalhos que buscam mensurar virtudes requer uma discussão metodológica e teórica. Quanto ao método, essa discussão questiona por que as pesquisas buscam mensurar virtudes, as limitações e possibilidades a partir dos artigos revisados, e busca se inserir nas discussões sobre quais métodos podem ser considerados para estudos empíricos de ética das virtudes. A partir disso, sugerem-se possíveis procedimentos em estudos futuros, como pontuado na Figura 2.

Entendem-se as Etapas 1 e 2 como um percurso para os estudos sobre virtudes morais. A Etapa 2 segue diretrizes básicas para o desenvolvimento de escalas, como propostas por DeVellis (2016DeVellis, R. F. (2016). Scale development: Theory and applications. (4th ed). Thousand Oaks, CA: Sage Publications.).

Diante de preocupações sobre a instrumentalização do construto para a melhoria da performance ou produtividade, estudos futuros podem abordar a sua contribuição para o florescimento humano e o relacionamento interpessoal. A percepção de virtudes, por sua vez, pode permitir entender como as pessoas associam tais atributos a outras questões organizacionais, como liderança, tomada de decisão ou cultura organizacional. Do ponto de vista teórico, permanece a discussão sobre as contribuições do uso de escalas para a expansão ou aprofundamento do entendimento que se tem sobre as virtudes morais no ambiente organizacional e de negócios, tendo em mente os pressupostos e elementos da tradição da ética das virtudes como arcabouço para o estudo da ética em administração.

Dentre as limitações de pesquisa, optou-se por analisar escalas de virtude morais no âmbito individual. Portanto, as escalas de virtuosidade (âmbito organizacional) podem ser revisadas em estudos futuros. Na busca por artigos, o estudo limitou-se aos termos como ética das virtudes e virtudes morais. Assim, estudos posteriores podem buscar por uma virtude específica. No relato desta pesquisa não se descreveu como se fizeram validações convergentes e discriminantes em relação a outros conceitos, e procurou-se fazer uma análise geral à luz da ética das virtudes, restringindo-se a discutir alguns de seus pressupostos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou analisar como as escalas sobre virtudes morais são construídas e mensuradas em estudos associados à ética das virtudes em administração, a partir de uma revisão sistemática de artigos. Buscando-se em cinco bases de dados, foram selecionados 37 artigos, publicados em 21 journals das áreas de ética empresarial em sua maioria, que desenvolvem ou aplicam escalas relacionadas à percepção de virtudes morais em âmbito individual, dos quais 19 abrangem virtudes morais múltiplas e 18 buscam por uma virtude moral específica.

Apoiando-se em pressupostos da ética das virtudes aristotélico-tomista e em recomendações estatísticas para o desenvolvimento e aplicação de escalas, este estudo analisou a sua construção, apresentando números sobre a geração de itens antes e depois de análises fatoriais, a proporção de respondentes por itens (amostra-item), o perfil dos respondentes, o contexto de pesquisa ilustrativo de 15 países, bem como os tipos de análises estatísticas empregadas (análises fatoriais exploratórias e confirmatórias e fatores emergentes, modelagem de equações estruturais, Manova, entre outras).

Os estudos selecionados ilustram áreas do campo de administração relacionadas ao tema das virtudes, como liderança, relação gerentes-colaboradores, consumo responsável, entre outros campos. Uma parcela dos respondentes é público universitário, o que demanda novos estudos para acesso aos profissionais atuantes na área. Abordaram-se virtudes como coragem, gratidão, humildade, integridade, perdão, respeito, resiliência e temperança.

Os resultados foram discutidos teórica e metodologicamente, considerando o uso de escalas em relação ao aprofundamento conceitual da área e levando-se em conta os pressupostos da particularidade contextual, da unidade das virtudes e de sua interconexão com a phronesis (sabedoria prática). Aprendizagem, presença em diversos papéis e dualidade julgamento-ação também foram discutidos para elucidar implicações teóricas e práticas de algumas limitações encontradas no aprofundamento e na operacionalização conceitual.

Isso permitiu sugerir procedimentos para estudos futuros sobre virtudes morais, organizados em etapas sucessivas, de modo a articular estudos exploratórios qualitativos, inicialmente, para alcançar-se clareza conceitual, dados do contexto e dos participantes em foco, bem como recomendações para o desenvolvimento de escalas de percepção de virtudes como um passo subsequente: maiores conjuntos de itens, melhor proporção item-amostra no acesso ao campo, validação com especialistas e potenciais respondentes e realização de pré-testes.

Os aprofundamentos conceituais dispõem de tradições ocidentais e orientais para a ética das virtudes, mas é necessário refletir sobre as razões de se tentar mensurar virtudes no campo da administração. Um caminho alternativo pode ser a análise e a identificação de aspectos organizacionais que contribuam para que as pessoas cultivem virtudes, como as práticas e instituições, a cultura organizacional e funções administrativas.

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    M1, M10.
  • Relatório de Revisão por Pares:

    O Relatório de Revisão por Pares está disponível neste link externo.
  • Financiamento

    Os autores agradecem o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CHSSA, Processo nr. 445434/2015-5) pelo suporte financeiro ao projeto de pesquisa, a partir do qual o presente estudo foi desenvolvido.
  • Verificação de Plágio

    A RAC mantém a prática de submeter todos os documentos aprovados para publicação à verificação de plágio, mediante o emprego de ferramentas específicas, e.g.: iThenticate.
  • Direitos Autorais

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  • Método de Revisão por Pares

    Este conteúdo foi avaliado utilizando o processo de revisão por pares duplo-cego (double-blind peer-review). A divulgação das informações dos pareceristas constantes na primeira página e do Relatório de Revisão por Pares (Peer Review Report) é feita somente após a conclusão do processo avaliativo, e com o consentimento voluntário dos respectivos pareceristas e autores.
  • Disponibilidade dos Dados

    Os autores afirmam que todos os dados utilizados na pesquisa foram disponibilizados publicamente, e podem ser acessados por meio da plataforma Harvard Dataverse:
    Ames, Maria Clara Figueiredo Dalla Costa; Serafim, Mauricio C.; Martins, Felipe Flôres, 2021, "Replication Data for "Analysis of scales and measures of moral virtues: A systematic review" published by RAC - Revista de Administração Contemporânea", Harvard Dataverse, V1. https://doi.org/10.7910/DVN/NGOPMM
    A RAC incentiva o compartilhamento de dados mas, por observância a ditames éticos, não demanda a divulgação de qualquer meio de identificação de sujeitos de pesquisa, preservando a privacidade dos sujeitos de pesquisa. A prática de open data é viabilizar a reproducibilidade de resultados, e assegurar a irrestrita transparência dos resultados da pesquisa publicada, sem que seja demandada a identidade de sujeitos de pesquisa.

Editado por

Editores-chefes:

Wesley Mendes-da-Silva (Fundação Getulio Vargas, EAESP, Brasil)
Marcelo de Souza Bispo (Universidade Federal da Paraíba, PPGA, Brasil)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Nov 2019
  • Revisado
    15 Jun 2021
  • Aceito
    16 Jun 2021
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