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Editorial

EDITORIAL

José da Rocha Carvalheiro

Este é o primeiro número do ano em que finalmente nos encontramos disponíveis para acesso virtual na base SciELO. Este fato nos coloca em condições de maior divulgação internacional, fatalmente melhorando a nossa classificação baseada em índices de impacto. Esperamos que a (boa) produção epidemiológica brasileira acolhida na RBE, motivo primordial de nossa proposta de criação, seja de fato consagrada no ambiente acadêmico e de serviços fora do país. De certa maneira isso já vem ocorrendo, na medida em que acolhemos trabalhos originados em diversos países. Especialmente, mas não só, da América Latina alvo precípuo de nossa decisão de publicar em espanhol, além do português e do inglês. Não existiria a iniciativa de nos enviar contribuições se não tivéssemos divulgação e leitores nesses sítios.

Uma das vantagens dessa nova modalidade de divulgação está em permitir a ampliação do debate em assuntos internacionalmente polêmicos, incluindo autores de outras partes do mundo. É o caso do esforço brasileiro, comentado em um número da RBE no ano passado, da manutenção do rigor dos princípios éticos inseridos na Declaração de Helsinque. Evitando a todo o custo a criação de um duplo standard, com afrouxamento das exigências nos paises em desenvolvimento. É ainda o caso da obrigatoriedade de registro único dos ensaios clínicos controlados, defendida pelo editores científicos das mais prestigiadas revistas médicas em todo o mundo. A RBE vai se esforçar por apresentar nesses debates a visão própria de nosso ambiente científico, abrindo-se para o contraditório que certamente virá.

A partir de agora vamos buscar uma ampliação do processo de divulgação dos trabalhos. Eles passarão, quando tecnicamente possível, a ser divulgados em meio virtual à medida em que estiverem aprovados em definitivo pelo nosso sistema de peer review. Os autores devem estar atentos a essa alteração pela freqüente necessidade de incluírem as "publicações em periódico" em seus currículos. Continuaremos a editar trimestralmente nossas versões em papel, compostas pelos artigos aprovados no intervalo entre os números.

Neste número publicamos nove artigos, todos oriundos de diversas instituições situadas em todas as macro regiões do País, salvo a norte. Três trabalhos são do nordeste (Ceará, Paraíba e Piauí) e outros três do sudeste (dois de São Paulo, um de Minas Gerais). Um do sul (Santa Catarina) e outro do centro oeste (Goiás). Além de um trabalho conceitual, de autoria de professora de São Paulo. Essa classificação está baseada na origem dos dados e da fonte geográfica das preocupações que motivaram os autores. A diversidade de origem institucional das equipes é ainda maior. O que já nos permite adiantar que, como tem sido usual, apenas dois dos trabalhos têm autorias individuais, um deles o já mencionado trabalho conceitual. A média de autores é de 3,6, sendo que dos 32 autores 63 % são mulheres. Não queremos expressar nenhum juízo de valor: cabe aos leitores interpretar. Não pode no entanto passar despercebido que a quase totalidade dos artigos tem base em dados originais obtidos diretamente pelos autores ou em dados buscados em fontes secundárias disponíveis.

O trabalho conceitual, de autoria de ex-Presidente da Abrasco, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, trata da inserção da Epidemiologia Social no âmbito da disciplina e da diversidade de correntes teóricas atuais.

Três trabalhos tratam da mortalidade empregando os sistemas de registro disponíveis e comparando-os com resultados obtidos por método próprio. Um deles, da USP, avalia a confiabilidade dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), corrigindo-os através de entrevistas domiciliares e consulta a dados de outros registros. Outro, da Universidade Federal do Ceará, compara as notificações de tuberculose do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) com os dados de mortalidade do SIM, concluindo por uma expressiva sub notificação de casos que evoluíram para óbito. O terceiro, da Universidade Federal do Piauí, analisa a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias nos últimos trinta anos do século XX, em Teresina, tecendo considerações a respeito do que chama doenças emergentes (aids, dengue, cólera) e permanecentes (tuberculose, leishmaniose).

Da Fundação Nacional de Saúde e da Universidade de Brasília, um trabalho pode ser encarado como estudo de intervenção. Mostra como resultado de um trabalho de esclarecimento de escolares a respeito de sinais e sintomas de hanseníase um substancial acréscimo na taxa de detecção de casos.

Um trabalho, da UNICAMP e UNESP, ambas de São Paulo, além da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, através da tipagem de exemplares de Candida albicans isolados da cavidade bucal de crianças saudáveis de uma cidade do interior de São Paulo, busca estabelecer as rotas de propagação entre crianças de diversas categorias socioeconômicas.

A condição de saúde bucal é objeto de estudo transversal em todos os idosos institucionalizados em Goiânia, realizado por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde e da Universidade Federal de Goiás, clamando pela sua precariedade.

Um grupo de pesquisadores de São Paulo (UNIFESP e USP), associados a outros da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), relaciona o perfil lipídico com obesidade em escolares de baixa renda num município de Santa Catarina.

Outro grupo de pesquisadores com origem institucional extremamente heterogênea discute, em municípios do Estado da Paraíba, a realidade da Vigilância Sanitária, através da relação entre os procedimentos exercidos pela agência regulatória e o contexto sanitário dos locais estudados. Os autores pertencem à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ao Ministério da Saúde (MS), à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e à Universidade de Brasília.

Como de hábito, desejamos a todos uma proveitosa leitura desses trabalhos. Desta vez, estendida aos que nos acessarem através da base SciELO.

O Editor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jun 2007
  • Data do Fascículo
    Mar 2005
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