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Vigilância do câncer em Mato Grosso, Brasil: aspectos metodológicos e operacionais de um projeto de extensão/pesquisa

RESUMO:

Objetivo:

Descrever os aspectos metodológicos e operacionais do projeto “Vigilância do câncer e seus fatores associados: registro de base populacional e hospitalar” (VIGICAN), em Mato Grosso (MT).

Métodos:

O VIGICAN desdobrou-se em dois projetos: um de extensão, que atualizou os dados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) de Mato Grosso no período de 2008 a 2016; e um de pesquisa, que coletou dados primários por meio de entrevistas individuais e análise de prontuários de pessoas com diagnóstico de câncer, com 18 anos ou mais, atendidas em hospitais de referência para oncologia. Para analisar os fatores associados ao câncer, foram coletadas as seguintes variáveis: socioeconômicas e demográficas, suporte social, situação e comportamentos de saúde e exposição ambiental.

Resultados:

No período de 2008 a 2016, foram notificados nos RCBP Cuiabá e Interior, aproximadamente, 100 mil casos de câncer (incidentes e prevalentes). Após os procedimentos de validação, foram eleitos 50 mil casos incidentes. A pesquisa entrevistou 1.012 pacientes, sendo 38,2% residentes nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, 60,4% no interior do Estado e 1,4% em outros Estados. Os dados preliminares revelaram que a maioria era do sexo feminino (55,0%) e tinha menos de 60 anos (54,3%). Entre os entrevistados, 7,2% relataram fumar tabaco, 15,5% consumiam bebidas alcoólicas (15,5%) e 32,7% moravam próximo a lavouras.

Conclusão:

O desenvolvimento desses projetos permitiu a integração do ensino com os serviços de saúde e possibilitará o reconhecimento das especificidades e dos diferentes cenários de exposição ao câncer, bem como fatores associados a ele, no território mato-grossense.

Palavras-chave:
Neoplasia; Sistema de informação; Metodologia; Inquéritos epidemiológicos

ABSTRACT:

Objective:

To describe the methodological and operational aspects of the “Project for surveillance of cancer and its associated factors: population-based and hospital-based registry” (VIGICAN), in the state of Mato Grosso (MT), Brazil.

Methods:

VIGICAN was divided into two projects: a university extension one, which updated the data from the Population-based Cancer Registry (PBCR) of MT in the 2008-2016 period; and a research project, which collected primary data, through individual interviews and analysis of medical records of people with a diagnosis of cancer, aged 18 years or older, treated at reference hospitals for oncology. To analyze the factors associated with cancer, the following variables were collected: socioeconomic and demographic, social support, health status and behavior, and environmental exposure.

Results:

In the 2008-2016 period, approximately one hundred thousand cases of cancer (incident and prevalent) were reported in the PBCR Cuiabá and PBCR Interior. After validation procedures, 50 thousand incident cases were elected. The survey interviewed 1,012 patients, 38.2% living in the municipalities of Cuiabá and Várzea Grande, 60.4% in small cities of the state, and 1.4% in other states. Preliminary data showed that the majority were women (55.0%) and younger than 60 years of age (54.3%). Among the interviewees, 7.2% reported smoking tobacco, 15.5% consumed alcoholic beverages (15.5%), and 32.7% lived nearby crops.

Conclusion:

The development of these projects allowed the integration of education with health services and will enable the recognition of specificities and different exposure scenarios and factors associated with cancer in the Mato Grosso territory.

Keywords:
Neoplasms; Information systems; Methodology; Health surveys

INTRODUÇÃO

As pesquisas com dados secundários e os inquéritos populacionais de monitoramento das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) no Brasil têm-nos permitido conhecer a magnitude e a transcendência dessas doenças e a vulnerabilidade da população a elas11 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2018 uma análise de situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2018_analise_situacao_saude_doencas_agravos_cronicos_desafios_perspectivas.pdf
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,22 Malta DC, Silva MMA, Moura L, Morais Neto OL. A implantação do sistema de vigilância de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, 2003 a 2015: alcances e desafios. Rev Bras Epidemiol 2017; 20(4): 661-75. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700040009
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, destacando-se o câncer como um grave problema de saúde pública por ser uma das principais causas de mortalidade prematura no mundo33 Cardoso LSM, Teixeira RA, Ribeiro ALP, Malta DC. Premature mortality due to non-communicable diseases in Brazilian municipalities estimated for the three-year periods of 2010 to 2012 and 2015 to 2017. Rev Bras Epidemiol 2021; 24(Supl 1): E210005. https://doi.org/10.1590/1980-549720210005.supl.1
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66 Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2018; 68(6): 394-424. https://doi.org/10.3322/caac.21492
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. No Brasil, foram registrados cerca de 235 mil óbitos por câncer em 2019, configurando-se essa doença como a segunda causa de morte (17,4%), com 2.889 falecimentos em Mato Grosso (MT)77 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Mortalidade – Brasil – Dados preliminares [Internet]. Brasília. Departamento de Informática do SUS (DATASUS); 2020. [cited on July 15, 2021]. Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def
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.

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estimou para o Brasil, no triênio de 2020 a 2022, cerca de 630 mil casos novos de câncer, sendo 49,4% em homens e 50,6% em mulheres. Os cânceres mais incidentes, excluindo-se o de pele não melanoma, serão o de mama feminino, de próstata, de cólon e reto, de pulmão e de estômago, além do de colo do útero88 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. [cited on May 20, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
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.

A incidência de câncer pode ser explicada, em grande parte, pelas alterações socioeconômicas, ambientais e comportamentais e pela redução das doenças infectoparasitárias que, conjuntamente, contribuíram para a transição demográfica brasileira66 Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2018; 68(6): 394-424. https://doi.org/10.3322/caac.21492
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,99 Parkin DM, Fernández LMG. Use of statistics to assess the global burden of breast cancer. Breast J 2006; 12 Suppl 1: S70-80. https://doi.org/10.1111/j.1075-122X.2006.00205.x
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. Além disso, o estilo de vida não saudável, a infecção por alguns microrganismos como papilomavírus humano (HPV) e Helicobacter pylori (H. Pylori) e as exposições ambientais e ocupacionais a agentes químicos (agrotóxicos, metais pesados, benzeno e sílica) também são apontados como fatores de risco importantes para as neoplasias88 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. [cited on May 20, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
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Para a compreensão da magnitude e do impacto do câncer, no Brasil, vêm sendo utilizadas principalmente as bases de dados secundárias, como Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), Registros Hospitalares de Câncer (RHC), Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Esses dados são fundamentais para o planejamento das ações de prevenção e controle da doença em cada localidade1010 Latorre MRDO, Almeida ABM, Möller BB, Silva TGV, Toporcov TN. A importância do registro de câncer no planejamento em saúde. Rev USP 2021; 1(128): 27-44. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.i128p27-44
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. Ademais, inquéritos conduzidos por instituições públicas de saúde e/ou por meio de pesquisas acadêmicas constituem ferramentas primordiais que auxiliam na vigilância dos fatores de risco para as DCNT, entre elas o câncer22 Malta DC, Silva MMA, Moura L, Morais Neto OL. A implantação do sistema de vigilância de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil, 2003 a 2015: alcances e desafios. Rev Bras Epidemiol 2017; 20(4): 661-75. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700040009
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.

Nesse contexto, foi desenvolvido o projeto “Vigilância do Câncer e seus fatores associados: atualização do registro de base populacional e hospitalar (VIGICAN)” no Estado de Mato Grosso, com parcerias de instituições públicas e a cooperação de discentes de diferentes níveis de ensino. Este estudo tem como objetivo descrever os aspectos metodológicos e operacionais do projeto VIGICAN.

MÉTODOS

O VIGICAN desdobrou-se em dois projetos: um de extensão, que atualizou o RCBP Cuiabá e Interior, ambos de Mato Grosso; e um de pesquisa, que entrevistou pacientes com câncer nos serviços de referência para oncologia (Figura 1). Diante das diferenças de operacionalização, os dois projetos serão apresentados separadamente.

Figura 1
Fluxograma dos projetos de pesquisa e extensão do projeto “Vigilância do câncer e seus fatores associados: registro de base populacional e hospitalar”, Mato Grosso (MT), 2021.

LOCAL DO ESTUDO

O Estado de Mato Grosso localiza-se na Região Centro-Oeste do Brasil. Em 2020, sua população foi estimada em 3.526.220 habitantes. É o terceiro estado mais extenso do país, com densidade de 3,90 habitantes por km2 e índice de desenvolvimento humano de 0,725. Mato Grosso é composto de 141 municípios, distribuídos espacialmente de forma heterogênea, dos quais apenas cinco têm população maior que 100 mil habitantes. Cuiabá, capital do estado, é o maior deles, com 618.124 habitantes1111 Brasil. Instituto Brasil de Geografia e Estatística. Cidades. Cuiabá [Internet]. 2021 [cited on July 20, 2021]. Available at: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/cuiaba/panorama
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. A economia do estado baseia-se na produção de commodities agrícolas para exportação, tais como soja, algodão, cana-de-açúcar e milho, por meio do modelo produtivo do agronegócio1212 Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária. Mapa das macrorregiões do IMEA; 2017. [cited on July 20, 2021] Available at: https://www.imea.com.br/imea-site/view/uploads/metodologia/justificativamapa.pdf
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, o que o torna o maior consumidor de agrotóxicos do Brasil nos últimos anos1313 Pignati WA, Souza e Lima FAN, Lara SS, Correa MLM, Barbosa JR, Leão LHC, et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a Vigilância em Saúde. Ciênc Saúde Colet 2017; 22(10): 3281-93. https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.17742017
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.

Quanto à rede de assistência ao câncer, Mato Grosso conta com cinco serviços habilitados como Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), sendo três unidades situadas na capital e duas em municípios do interior (Sinop e Rondonópolis)1414 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria n° 1399, de 17 de dezembro de 2019. Redefine os critérios e parâmetros referenciais para a habilitação de estabelecimentos de saúde na alta complexidade em oncologia no âmbito do SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de dezembro de 2019. Edição 245, seção 1, página 173. [cited on July 15, 2021]. Available at: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-1.399-de-17-de-dezembro-de-2019-234338206
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,1515 Governo de Mato Grosso. Secretaria de Estado de Saúde. Resolução CIB/MT Ad referendum n° 001 de 20 de fevereiro de 2017. Dispõe sobre a Aprovação do Plano de Ação da Atenção Oncológica no Estado de Mato Grosso de 2017 a 2019 [Internet]. 2017 [cited on July 15, 2021]. Available at: www.saude.mt.gov.br/arquivo/7317
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A rede de diagnóstico, que disponibiliza exames de anatomia patológica, imuno-histoquímica, ultrassonografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética, está concentrada nos municípios com maior densidade demografica: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Sinop1414 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria n° 1399, de 17 de dezembro de 2019. Redefine os critérios e parâmetros referenciais para a habilitação de estabelecimentos de saúde na alta complexidade em oncologia no âmbito do SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de dezembro de 2019. Edição 245, seção 1, página 173. [cited on July 15, 2021]. Available at: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-1.399-de-17-de-dezembro-de-2019-234338206
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,1515 Governo de Mato Grosso. Secretaria de Estado de Saúde. Resolução CIB/MT Ad referendum n° 001 de 20 de fevereiro de 2017. Dispõe sobre a Aprovação do Plano de Ação da Atenção Oncológica no Estado de Mato Grosso de 2017 a 2019 [Internet]. 2017 [cited on July 15, 2021]. Available at: www.saude.mt.gov.br/arquivo/7317
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PROJETO DE EXTENSÃO: ATUALIZAÇÃO DOS REGISTROS DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL

A área de cobertura do RCBP Cuiabá abrange os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, nomeadamente Grande Cuiabá. O RCBP Cuiabá foi implantado em 1999 pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT). Atualmente, conta com 38 estabelecimentos de saúde como fontes notificadoras, sendo um hospital de natureza federal, quatro serviços de saúde estaduais, seis estabelecimentos filantrópicos, dez serviços municipais e 17 instituições de saúde particulares (clínicas de diagnóstico e tratamento e laboratórios de anatomopatologias). O RCBP Interior abrange os demais 139 municípios mato-grossenses.

Diante da dificuldade em manter os registros disponíveis, uma parceria entre a SES-MT e o Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi estabelecida em 2016, a fim de desenvolver o projeto de extensão VIGICAN. O objetivo geral desse projeto foi implementar a vigilância do câncer por meio da atualização dos registros de base populacional em Mato Grosso. Esse projeto teve vigência de abril de 2016 a março de 2021.

A equipe foi composta de docentes de várias universidades: UFMT, Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Faculdade de Sinop (FASIPE), Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), Universidade de Cuiabá (UNIC) e Faculdade de Cuiabá (FAUC/AUM); além de profissionais de saúde da SES-MT e das Secretarias Municipais de Saúde, consultores contratados, discentes do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e dos cursos de graduação em Saúde Coletiva, Medicina, Enfermagem, Psicologia e Estatística da UFMT, que atuaram como estagiários, voluntários ou bolsistas, por meio de seleção pública e contratação pela Fundação de Apoio da UFMT (UNISELVA).

Os participantes do projeto foram capacitados como registradores de casos de câncer pelo INCA em abril de 2017 e julho de 2018. Após a apropriação da metodologia adotada pelo INCA1212 Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária. Mapa das macrorregiões do IMEA; 2017. [cited on July 20, 2021] Available at: https://www.imea.com.br/imea-site/view/uploads/metodologia/justificativamapa.pdf
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, iniciou-se a busca ativa de informações sobre os tumores malignos diagnosticados no período de 2008 a 2016, realizada com as fontes notificadoras em visitas previamente agendadas pela SES-MT, que aconteceram em dias da semana e horários com menor fluxo de pacientes a fim de não comprometerem o atendimento. As fontes de dados nessas buscas foram os prontuários dos pacientes, físicos e eletrônicos (serviços de diagnóstico e tratamento), e os laudos de exames anatomopatológicos (laboratórios de anatomopatologia). Os dados obtidos foram transcritos para a ficha de notificação do tumor padronizada pelo INCA, com preenchimento das variáveis obrigatórias, opcionais e essenciais1616 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Vigilância e Análise da Situação. Manual de rotinas e procedimentos para registros de câncer de base populacional. 2ᵃ ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Inca; 2012. [cited on Sept. 05, 2018]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-de-rotinas-e-procedimentos-para-registros-de-cancer-de-base-populacional.pdf
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(Quadro 1), exceto as complementares, que não são coletadas em Mato Grosso (lateralidade, classificação [TNM]/estadiamento e localização de metástase a distância).

Quadro 1
Variáveis dos Registros de Câncer de Base Populacional e do Sistema de Informações sobre Mortalidade, projeto “Vigilância do câncer e seus fatores associados: registro de base populacional e hospitalar”, Mato Grosso (MT), 2021.

O processamento os dados deu-se no SisBasepopWeb (BPW), desenvolvido e disponibilizado pelo INCA para a estruturação de suas bases de dados e o gerenciamento do processo de coleta e produção de informações1616 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Vigilância e Análise da Situação. Manual de rotinas e procedimentos para registros de câncer de base populacional. 2ᵃ ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Inca; 2012. [cited on Sept. 05, 2018]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-de-rotinas-e-procedimentos-para-registros-de-cancer-de-base-populacional.pdf
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.

Para completar as variáveis de identificação e endereço da residência não encontradas nos prontuários e laudos, foram consultados outros sistemas de informação, como: Sistema de Cadastramento e Manutenção de Informações de Usuários do SUS (CADSUS), Sistema de Autorização de Procedimento Ambulatorial de Alta Complexidade/Custo (APAC) e SIM.

No intuito de dar celeridade e reduzir os erros no processo de atualização dos dados, a equipe foi subdividida em três grupos: busca ativa; codificação dos tumores pela Classificação Internacional de Doenças para Oncologia — 3ᵃ edição (CID-O/3)1717 Organização Mundial da Saúde. CID-O. Classificação internacional de doenças para oncologia. 3ᵃ ed. São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo; 2013.; e processamento das fichas de notificação no BPW. Foram estabelecidos rodízios semanais das atividades para cada registrador e reuniões quinzenais com a equipe da SES-MT para o esclarecimento de dúvidas na coleta, codificação, processamento dos dados e validação dos casos.

Os casos notificados obedecem a critérios específicos para serem classificados como incidentes1616 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Vigilância e Análise da Situação. Manual de rotinas e procedimentos para registros de câncer de base populacional. 2ᵃ ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Inca; 2012. [cited on Sept. 05, 2018]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-de-rotinas-e-procedimentos-para-registros-de-cancer-de-base-populacional.pdf
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, tais como: verificação de duplicidade, validação das variáveis de idade, área de abragência do RCBP, extensão da doença, topografia, morfologia, data do diagnóstico e comparação com a base de coleta e com a base dos casos incidentes. Para garantir uma validação correta dos casos, contratou-se um registrador de câncer com expertise nesse processo. Atualmente, as bases de dados do RCBP Cuiabá e Interior estão atualizadas e consolidadas para o período de 2001 a 2016.

Foram realizadas diversas capacitações para os profissionais da vigilância em saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá-MT e da SES-MT e para a equipe do projeto VIGICAN, com temas referentes ao relacionamento de banco de dados (linkage), métodos de análises de tendências históricas das doenças, análise de sobrevida e análise espacial das taxas de morbidade e mortalidade, para assegurar a publicização dos dados.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DOS CASOS

Para a definição dos casos de câncer, foram estabelecidos crítérios de inclusão e exclusão. No RCBP, como critérios de inclusão selecionaram-se todos os casos incidentes (indicador de definitivo “true”) de câncer (CID-O/3ᵃ edição1717 Organização Mundial da Saúde. CID-O. Classificação internacional de doenças para oncologia. 3ᵃ ed. São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo; 2013. — C-00 a C-80) obrigatoriamente diagnosticados por meio de exames anatomopatológicos, clínicos, citológicos, necropsias e casos com notificação somente por declaração de óbito (SDO), residentes no local de estudo1616 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação-Geral de Prevenção e Vigilância. Divisão de Vigilância e Análise da Situação. Manual de rotinas e procedimentos para registros de câncer de base populacional. 2ᵃ ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Inca; 2012. [cited on Sept. 05, 2018]. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//manual-de-rotinas-e-procedimentos-para-registros-de-cancer-de-base-populacional.pdf
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. Foi realizada análise de duplicidade de casos por nome do paciente, nome da mãe, sexo, data de nascimento, código da doença e data de diagnóstico.

Em relação ao SIM, incluíram-se indivíduos com registro de óbito por câncer por topografia-localização conhecida (C00.0 a C77.9) e localização primária desconhecida (C80 e C80.9). Excluíram-se os casos em que o nome do falecido estava em branco ou preenchido como “desconhecido”, “ignorado” ou “indigente”.

VARIÁVEIS E ORGANIZAÇÃO DOS BANCOS PARA ANÁLISE

O Quadro 1 apresenta as variáveis da base de dados do RCBP e as selecionadas do SIM. As variáveis de identificação, ocupação e munícipio de residência foram comuns entre esses dois sistemas. A variável ocupação foi categorizada em grandes grupos, conforme a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e o Censo 20001818 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Classificação de ocupações. Censo demográfico; 2000. [cited on Sept. 05, 2019]. Available at: https://concla.ibge.gov.br/classificacoes/por-tema/ocupacao/classificacao-brasileira-de-ocupacoes.html
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, e o município de residência foi agregado em diferentes unidades geográficas (macrorregião, regiões de saúde e regiões geográficas intermediárias). A topografia e a morfologia do câncer no RCBP foram codificadas pela CID-O/3ᵃ edição1717 Organização Mundial da Saúde. CID-O. Classificação internacional de doenças para oncologia. 3ᵃ ed. São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo; 2013.. As variáveis específicas do SIM1919 Organização Mundial da Saúde. CID-10. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. 10ᵃ ed. rev. São Paulo: Edusp; 1997 são data do óbito e causa básica do óbito. A causa básica foi codificada pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde — 10ᵃ revisão (CID-10).

Para o relacionamento probabilístico (linkage) entre os bancos RCBP e SIM, utilizaram-se os campos com dados comuns, como nome do paciente, nome da mãe, data de nascimento e sexo, para estimar a probabilidade de determinados registros pertencerem à mesma pessoa nas duas bases de dados2020 Teixeira CLS, Klein CH, Bloch KV, Coeli CM. Método de relacionamento de bancos de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e das autorizações de internação hospitalar (BDAIH) no Sistema Único de Saúde (SUS), na investigação de óbitos de causa mal-definida no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 1998. Epidemiol Serv Saúde 2006; 15(1): 47-57. http://doi.org/10.5123/S1679-49742006000100004
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.

O linkage probabilístico entre os bancos RCBP e SIM foi realizado seguindo-se os três passos propostos por Brastulin e Marson2121 Brastulin R, Marson PG. Inclusão de etapa de pós-processamento determinístico para o aumento de performance do relacionamento (linkage) probabilístico. Cad Saúde Pública 2018; 34(6): e00088117. https://doi.org/10.1590/0102-311X00088117
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: padronização e uniformização dos campos comuns a serem empregados no pareamento; blocagem, por meio da variável sexo; e pareamento por meio da construção de escores de concordância com base nas variáveis nome (do paciente e do falecido), nome da mãe e data de nascimento.

A blocagem admite que as bases de dados sejam divididas em blocos mutuamente exclusivos, sendo as comparações e o cálculo de escores limitados aos registros pertencentes ao mesmo bloco. Para encontrar os pares verdadeiros, tal etapa foi desenvolvida pela combinação do primeiro nome com a variável sexo.

Para a definição de pares verdadeiros foram usados os parâmetros de pareamento apresentados por Coeli e Camargo Jr.2222 Coeli CM, Camargo Jr. KR. Avaliação das diferentes estratégias de blocagem no relacionamento probabilístico de registros. Rev Bras Epidemiol 2002; 5(2): 185-96. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2002000200006
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em cada passo. Todos os escores com valores acima de 7,0 foram revisados manualmente com o intuito de melhorar a captação de pares verdadeiros.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da área da Saúde da UFMT (número do parecer 4.858.521, de 20 de julho de 2021).

PROJETO DE PESQUISA: FATORES ASSOCIADOS AO CÂNCER

De forma complementar, buscando superar as limitações dos dados secundários, em meados de 2019 teve início o projeto de pesquisa “Câncer e seus fatores associados: análise de registro de base populacional e hospitalar de Cuiabá-MT”, que tinha por objetivo investigar associações entre fatores comportamentais e ambientais em pacientes mato-grossenses. O projeto foi financiado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) da 23ᵃ Região, com vigência até julho de 2023.

Da rede de assistência ao câncer no Estado, foram selecionados para a realização da pesquisa o Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCan-MT) e o Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), ambos localizados na capital do Estado, Cuiabá. O HCan-MT, classificado como uma UNACON1414 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria n° 1399, de 17 de dezembro de 2019. Redefine os critérios e parâmetros referenciais para a habilitação de estabelecimentos de saúde na alta complexidade em oncologia no âmbito do SUS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 de dezembro de 2019. Edição 245, seção 1, página 173. [cited on July 15, 2021]. Available at: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-1.399-de-17-de-dezembro-de-2019-234338206
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria...
,1515 Governo de Mato Grosso. Secretaria de Estado de Saúde. Resolução CIB/MT Ad referendum n° 001 de 20 de fevereiro de 2017. Dispõe sobre a Aprovação do Plano de Ação da Atenção Oncológica no Estado de Mato Grosso de 2017 a 2019 [Internet]. 2017 [cited on July 15, 2021]. Available at: www.saude.mt.gov.br/arquivo/7317
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, é o hospital de referência no atendimento do câncer no Estado, sendo responsável por quase 70% dos atendimentos oncológicos. O HUJM é o hospital-escola da UFMT e é responsável, principalmente, pelo tratamento cirúrgico do câncer.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

A pesquisa incluiu pessoas atendidas com diagnóstico citopatológico ou histopatológico de câncer, com idade igual ou superior a 18 anos, admitidas aos hospitais selecionados. Foram excluídos pacientes que estavam internados e aqueles cujos prontuários apresentaram registros incompletos referentes ao diagnóstico e ao estadiamento do câncer.

AMOSTRA

Para o cálculo da amostra de pacientes com câncer atendidos nos dois hospitais, considerou-se o número de internações do Registro Hospitalar de Câncer (2015) de pacientes com 20 anos ou mais (2.146 no HCan-MT e 245 HUJM). Não havia informações sobre o quantitativo de pacientes atendidos nos ambulatórios, por isso tais atendimentos não foram considerados no processo de amostragem. Adotou-se proporção máxima p=0,50, erro tolerável de 2,5% e nível de confiança de 95%. A amostra foi estimada em 1.050 pacientes, considerando-se 10% de perdas e uma distribuição proporcional dos pacientes conforme o número de internações por hospital.

ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

A elaboração do questionário demandou uma revisão ampla da literatura e consulta a manuais, guias sobre programas e ações de saúde2323 Abreu GA, Silva TLN, Teixeira LR, Bloch KV. Análise da qualidade da informação autorreferida sobre duração do sono de escolares do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Cad Saúde Pública 2019; 35(10): e00152918. https://doi.org/10.1590/0102-311X00152918
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3030 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Aténção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção à saúde do homem. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. [cited on Aug. 15, 2019]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_saude_homem.pdf
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, experiências nacionais como a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL)3131 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2017. Brasília: Ministério da Saúde; 2018. [cited on Aug. 25, 2019]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2017_vigilancia_fatores_riscos.pdf
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, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)3232 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de saúde 2013: ciclos de vida: Brasil e grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE; 2014. [cited on Aug. 23, 2019]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94522.pdf
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e estudos sobre dados socioeconômicos3333 Friche AAL, Xavier CC, Proietti FA, Caiaffa WT, orgs. Saúde urbana em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Editora UFMG; 2015., suporte social3434 Chor D, Griep RH, Lopes CS, Farstein E. Medidas de rede e apoio social no Estudo Pró-Saúde: pré-testes e estudo piloto. Cad Saúde Pública 2001; 17(4): 887-96. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2001000400022
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3636 Griep RH, Chor D, Faerstein E, Werneck GL, Lopes CS. Validade de constructo de escala de apoio social do Medical Outcomes Study adaptada para o português do Estudo Pró-Saúde. Cad Saúde Pública 2021; 21(3): 703-14. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300004
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, religião2424 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Pesquisa de conhecimento, atitudes e práticas na população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. [cited on Aug. 05, 2019]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_conhecimentos_atitudes_praticas_populacao_brasileira.pdf
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,3737 Lucchetti G, Lucchetti ALG, Peres MF, Leão FC, Moreira-Almeida A, Koenig HG. Validation of the Duke religion index: DUREL (portuguese version). J Relig Health 2012; 51(2): 579-86. https://doi.org/10.1007/s10943-010-9429-5
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3939 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual do recenseador CD 1.09. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. [cited on Aug. 15, 2019]. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc2601.pdf
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e capacidade funcional4040 Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist 1969; 9(3): 179-86. PMID: 5349366. Também foram consultados profissionais de saúde da SES-MT, bem como pesquisadores com expertise nas áreas de exposição ambiental, ocupacional e fatores comportamentais para melhor compreensão das demandas acadêmicas e da vigilância do câncer. Ressalta-se que essa troca de informação na elaboração dos questionários foi primordial para que todos os temas de interesse fossem abordados no estudo.

Elaboraram-se dois instrumentos de coleta de dados: um formulário para a entrevista realizada com o paciente e outro de coleta de dados de prontuários, totalizando 14 blocos de questões (Quadro 2). Diante dessa diversidade de variáveis, um desafio superado foi a organização de um questionário em tamanho apropriado e adequado aos objetivos específicos da investigação.

Quadro 2
Descrição dos blocos e variáveis abordadas no instrumento de coleta de dados da pesquisa sobre fatores associados ao câncer do projeto “Vigilância do câncer e seus fatores associados: registro de base populacional e hospitalar”, Mato Grosso (MT), 2019 e 2021.

AUTOMATIZAÇÃO DA COLETA

Este estudo utilizou formulários eletrônicos aplicados com o auxílio de tablets por meio do aplicativo Open Data Kit (ODK), que consiste em um conjunto de ferramentas que permite navegar, editar e armazenar as informações coletadas off-line usando um equipamento de sistema Android4141 Detoni MB, Lima DM, Silva TP, Machado LF, Tomiotto-Pellissier F, Costa IN, et al. Temporal and spatial distribution of American tegumentary leishmaniasis in north Paraná: 2010-2015. Rev Soc Bras Med Trop 2019; 52: e20180119. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0119-2018
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.

Foram empregados dois dos três programas contidos no ODK: XLSForm (preparação de formulário) e ODK Collect (coleta de dados). No primeiro momento, a máscara foi criada e salva no programa Excel, em formato .XLSX. Em seguida, utilizou-se o site do XLSForm Online v2.x (https://getodk.org/xlsform) para convertê-lo ao formato .XML, que é compatível com o ODK. Essa nova máscara no formato .XML foi importada para o Google Drive.

O aplicativo ODK foi baixado e instalado em todos os tablets utilizados para a coleta de dados. Por fim, foi feita a vinculação da máscara disponível no Google Drive e a entrada dos dados nos tablets utilizando o ODK Collect. Ao término das entrevistas, as informações foram enviadas para um servidor online (Google Drive), em e-mail criado exclusivamente para o armazenamento de dados da pesquisa, e exportadas para uma planilha do Excel.

TRABALHO DE CAMPO

A equipe encarregada do trabalho de campo foi composta de entrevistadores selecionados por processo seletivo (estagiários bolsistas da graduação) e supervisores de campo (docentes e discentes da pós-graduação). A equipe foi capacitada, e disponibilizou-se um manual do entrevistador com informações detalhadas de cada pergunta e o cartão resposta correspondente.

Os entrevistadores foram capacitados para a abordagem dos participantes nas entrevistas e a inserção dos dados no ODK e participaram do teste piloto nos locais selecionados para a coleta de dados: Ambulatório de Oncologia do HCan-MT e Ambulatórios I e II do HUJM.

No trabalho de campo, após o acolhimento do paciente com câncer que aguardava atendimento, fez-se o convite para a participação na pesquisa. Após a aceitação e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), fez-se a aplicação do questionário. As entrevistas foram realizadas entre 11 de novembro de 2019 e 20 de março de 2020.

A coleta de dados em prontuário foi realizada por discentes e participantes da Liga Acadêmica de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMT (Lion) e finalizada em junho de 2021.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUJM (número do parecer 3.048.183).

RESULTADOS

No período de 2008 a 2016, foram notificados nos RCBP Cuiabá e Interior, aproximadamente, 100 mil casos de câncer (incidentes e prevalentes). Após os procedimentos de validação dos casos, foram eleitos 50 mil casos incidentes. O RCBP Cuiabá apresentou melhores indicadores de qualidade do que o Interior (Tabela 1).

Tabela 1
Indicadores de qualidade dos dados* * Baseado na variável “meio de diagnóstico do câncer”. dos Registros de Câncer de Base Populacional Cuiabá e Interior, segundo sexo. Mato Grosso (MT), 2008 a 2016.

Os cânceres mais frequentes foram de próstata (33,6%) e pulmão (8,2%) em homens, e mama (29,7%) e colo do útero (13,2%) em mulheres, excluindo-se os de pele não melanoma.

A pesquisa com dados primários abordou 1.126 pacientes. Destes, quatro casos foram duplicados, seis recusaram-se a participar, 21 não tiveram seus prontuários encontrados e 83 foram excluídos por não apresentaram diagnóstico de câncer confirmado, o que resultou em 1.012 pacientes entrevistados, sendo 968 (95,7%) do HCan-MT e 44 (4,3%) do HUJM. Do total, 38,2% residiam nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, 60,4% no interior do Estado e 1,4% em outros estados. A Figura 2 apresenta a distribuição das entrevistas por município de residência dos entrevistados.

Figura 2
Distribuição das entrevistas por município de residência dos pacientes com câncer atendidos nos hospitais de referência do Estado de Mato Grosso, Projeto “Vigilância do câncer e seus fatores associados: registro de base populacional e hospitalar”, Mato Grosso (MT), 2019 e 2020.

Os dados preliminares revelam que a maioria era do sexo feminino (55,0%), tinha menos de 60 anos (54,3%) e possuía menos de cinco anos de escolaridade (49,7%). A média de idade foi 56,8 anos (desvio padrão — DP=14,3). Dos entrevistados, 7,2% fumavam diariamente, 15,5% consumiam bebida alcoólica e 52,8% já haviam residido, nos dez anos anteriores, em municípios onde existiam plantações agrícolas; destes, 32,7% afirmaram que sua residência ficava próximo às lavouras.

DISCUSSÃO

O desenvolvimento dos projetos permitiu a integração do ensino, pesquisa e extensão com os serviços de saúde, promovendo a inserção de discentes no campo prático, novas formas de organização do trabalho nos serviços do SUS e valiosa troca de saberes entre discentes, docentes, profissionais de saúde e usuários. Essa integração da comunidade acadêmica com os serviços de saúde e outros atores da sociedade vem fomentando importantes reflexões e propostas curriculares em alguns cursos de graduação e pós-graduação da área da saúde na UFMT, promovendo formação e condições para a produção de informações qualificadas para os atuais e futuros profissionais de saúde e gestores4242 Brasil. Presidencia da República. Casa Civil, Subchefia para Assuntis Jurídicos. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 de dezembro de 1996. [cited on July 10, 2021]. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
,4343 Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n° 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília, 20 de agosto de 2007. [cited on July 10, 2021]. Available at: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1996_20_08_2007.html
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e possibilitando atendimento humanizado e com qualidade aos usuários4444 Albuquerque VS, Gomes AP, Rezende CHA, Sampaio MX, Dias OV, Lugarinho RM. A integração ensino-serviço no contexto dos processos de mudança na formação superior dos profissionais da saúde. Rev Bras Educ Méd 2008; 32(3): 356-62. https://doi.org/10.1590/S0100-55022008000300010
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,4545 Costa MV, Patricio KP, Câmara AMCS, Azevedo GD, Batista SHSS. Pró-Saúde e PET-Saúde como espaços de educação interprofissional. Interface 2015; 19 Supl 1: 709-20. https://doi.org/10.1590/1807-57622014.0994
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.

O projeto possibilitou a atualização dos RCBP Cuiabá e Interior, que não eram atualizados havia mais de uma década. Com base nessas informações, em conjunto com os registros de óbitos do SIM, será possível conhecer a incidência, a sobrevida e a mortalidade dos tipos de câncer em MT. O levantamento de dados primários sobre fatores associados ao câncer, por sua vez, permitirá reconhecer e discutir diferentes cenários de exposição a fim de revelar especificidades do território mato-grossense, sobretudo relacionadas aos fatores ambientais e ocupacionais.

Quanto ao projeto de extensão, destaca-se sua contribuição em disponibilizar a série histórica completa do RCBP Cuiabá e Interior, que contribuirá para a vigilância do câncer em Mato Grosso. Entretanto, ressaltam-se algumas limitações dos dados do RCBP em relação à completude, à consistência de variáveis explicativas e/ou de desfecho e a cobertura do sistema em diferentes periodos e espaços, além dos vieses de seleção, informação e fatores de confusão e interação que, por sua multicausalidade4646 Afshar N, English DR, Milne RL. Factors explaining socio-economic inequalities in cancer survival: a systematic review. Cancer Control 2021; 28: 10732748211011956. https://doi.org/10.1177/10732748211011956
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, também devem ser considerados nas análises. Entre as forças do projeto de pesquisa, destacam-se a representatividade da amostra, que abrange quase 80,0% dos municípios mato-grossenses, e a mensuração da exposição de diversos fatores ambientais e ocupacionais aos diversos tipos de cânceres avaliados em hospitais de referência de Cuiabá (MT).

A abrangência dos projetos no campo da saúde coletiva e seus resultados contribuirão diretamente para o processo de tomada de decisão, o redirecionamento de políticas públicas e a reorganização da rede de atenção e de ações para o enfrentamento do câncer em MT. No meio acadêmico, essas análises possibilitarão o fortalecimento da extensão, da pesquisa e de sua interação com o SUS. A publicização dos resultados será um importante instrumento para a promoção das medidas necessárias na garantia dos direitos difusos coletivos e individuais, que é uma das principais funções institucionais do MPT.

NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO/APROVAÇÃO DO CEP

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller (número do parecer: 3.048.183); Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (número do parecer: 3.263.744) e Comitê de Ética em Pesquisa da área da Saúde da Universidade Federal de Mato Grosso (CEP-SAÚDE/UFMT) (número do parecer: 4.858.521)

  • Fonte de financiamento: Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, com o financiamento do projeto de extensão “Vigilância de câncer e seus fatores associados: atualização de registro de base populacional e hospitalar” (contrato 088/2016); Ministério Público do Trabalho da 23ᵃ Região, com o financiamento do projeto de pesquisa “Câncer e seus fatores associados: análise de registro de base populacional e hospitalar” (Termo de Cooperação Técnica 08/2019).

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) as bolsas de pós-graduação; ao Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) a contribuição na capacitação dos registradores de casos de câncer; ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso o espaço físico, à Fundação de Apoio da Universidade Federal de Mato Grosso (UNISELVA) a contribuição na execução financeira e aos serviços de oncologia o apoio na execução dos projetos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    27 Ago 2021
  • Revisado
    03 Mar 2022
  • Aceito
    04 Mar 2022
  • Preprint postado em
    25 Abr 2022
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