Acessibilidade / Reportar erro

Tendência de mortalidade e análise de anos potenciais de vida perdidos por leucemias e linfomas no Brasil e em Mato Grosso

RESUMO:

Objetivos:

Estimar a tendência de mortalidade e analisar os anos potenciais de vida perdidos (APVP) por leucemias e linfomas no Brasil e em Mato Grosso, entre os anos de 2001 e 2019.

Métodos:

Estudo de série temporal de óbitos por leucemias e linfomas obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade. As tendências foram calculadas por faixa etária pelo método de regressão joinpoint, usando ano calendário como variável regressora, e estimaram-se a variação percentual anual (APC) e a variação percentual média anual, considerando intervalos de confiança de 95% (IC95%). As taxas de APVP foram coletadas do Atlas de Mortalidade por Câncer. Resultados: No Brasil, a tendência da taxa de mortalidade apresentou estabilidade para ambos os agravos, leucemias (APC=0,2; IC95% 0,0–0,3) e linfomas (APC=0,2; IC95% 0,4–0,1). No estado, a taxa por leucemias também apontou estabilidade (APC=0,3; IC95% 1,0–1,6). Para os linfomas, a tendência foi de aumento (APC=2,3; IC95% 0,5–4,2), contudo tendência decrescente foi observada entre aqueles com menos de 59 anos. Para leucemias, as taxas de APVP foram de 64 e 65/100 mil no Brasil e em Mato Grosso, respectivamente. Para linfomas, esses valores foram de 27 e 22/100 mil, respectivamente, sendo as maiores taxas encontradas no sexo masculino.

Conclusão:

As taxas de mortalidade por leucemias e linfomas em Mato Grosso apresentam comportamento diferente do observado nacionalmente, com tendência crescente para linfomas e sem diferenças entre as faixas etárias, para ambos os agravos. As taxas de APVP por leucemias foram semelhantes, no entanto para os linfomas foram maiores entre os homens e menores para o estado, quando comparadas com as do Brasil.

Palavras-chave:
Leucemia; Linfoma; Tendência; Anos potenciais de vida perdidos

ABSTRACT:

Objective:

To estimate the mortality trend and to analyze the potential years of life lost (PYLL) due to leukemias and lymphomas in Brazil and Mato Grosso, from 2001 to 2019.

Methods:

Time-series study on deaths from leukemias and lymphomas with data obtained from the Mortality Information System. Trends were calculated by age group by the Joinpoint regression method, using calendar year as regressor variable, estimated annual percentage change (APC) and mean annual percentage change, considering 95% confidence intervals. PYLL rates were collected from the Cancer Mortality Atlas.

Results:

In Brazil, the mortality rate trend remained stable for both diseases in the period: leukemias (APC=0.2; 95%CI 0.0–0.3) and lymphomas (APC=0.2; 95%CI 0.4–0.1). In Mato Grosso state, the rate for leukemias was also stable (APC=0.3; 95%CI 1.0–1.6). For lymphomas, the trend was ascendant (APC=2.3; 95%CI 0.5–4.2), but descending among people younger than 59 years. For leukemias, PYLL rates were 64 and 65/100,000 in Brazil and Mato Grosso, respectively. For lymphomas, 27 and 22/100,000, respectively, with the highest rates found among males.

Conclusion:

The behavior of mortality rates from leukemia and lymphoma in Mato Grosso was different from that observed nationally, with an upward trend for lymphomas and no differences between age groups for both diseases. PYLL rates for leukemias were similar, while for lymphomas they were higher among men and lower in Mato Grosso when compared to Brazil.

Keywords:
Leukemia; Lymphoma; Trends; Potential years of life lost

INTRODUÇÃO

As neoplasias são um assunto de grande interesse por parte da saúde pública, dadas a sua incidência, a sua mortalidade e as complexidades no desenvolvimento da doença. Segundo dados do Global Cancer Observatory, foram estimados para o ano de 2020 mais de 19,3 milhões de novos casos e aproximadamente 10 milhões de óbitos por câncer no mundo, configurando-se a doença como a principal causa de mortalidade nos países desenvolvidos e a segunda em países em desenvolvimento, grupo do qual o Brasil faz parte11 Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2021; 71(3): 209-49. https://doi.org/10.3322/caac.21660
https://doi.org/10.3322/caac.21660...
,22 Siegel RL, Miller KD, Fuchs HE, Jemal A. Cancer statistics, 2021. CA Cancer J Clin 2021; 71(1): 7-33. https://doi.org/10.3322/caac.21654
https://doi.org/10.3322/caac.21654...
.

As leucemias constituem um grupo de mais de 12 tipos de neoplasias malignas dos glóbulos brancos, sendo as mais comuns a leucemia linfoblástica aguda e a leucemia mieloide aguda, cuja principal característica é o acúmulo de células neoplásicas na medula óssea33 Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer: leucemias – versão para profissionais de saúde [Internet]. 2018. [cited on Jun 3, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia/profissional-de-saude
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/...
. Segundo as estimativas do Globocan, a leucemia foi a 15ᵃ neoplasia mais diagnosticada, sendo responsável por 474.519 casos incidentes e 311.594 mortes11 Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2021; 71(3): 209-49. https://doi.org/10.3322/caac.21660
https://doi.org/10.3322/caac.21660...
. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), foram estimados para o triênio 2020–2022 cerca de 5.920 casos novos de leucemias em homens e 4.890 em mulheres, representando taxa bruta de 5,67 e 4,56 para cada 100 mil homens e mulheres, respectivamente44 Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.in...
. Além disso, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), apenas no ano de 2019 foram registrados 7.370 óbitos por essa causa55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Mortalidade – Brasil – Dados preliminares [Internet]. Brasília: Departamento de Informática do SUS (DATASUS); 2020. Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/pobt10uf.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....
.

Já os linfomas são neoplasias que têm origem no sistema linfático, sendo os tipos mais comuns os linfomas de Hodgkin e não Hodgkin66 Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. Tipos de câncer: linfoma de Hodgkin [Internet]. 2021. [cited on Jun 3, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/linfoma-de-hodgkin
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/...
. Foram estimados em todo o mundo 544.352 casos novos e 259.793 mortes para 202011 Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2021; 71(3): 209-49. https://doi.org/10.3322/caac.21660
https://doi.org/10.3322/caac.21660...
. As estimativas brasileiras de casos novos de linfomas de Hodgkin e não Hodgkin para o triênio 2020–2022 apontaram a ocorrência de 14.670 casos entre homens e mulheres de todas as faixas etárias44 Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.in...
. Ademais, no Brasil, os linfomas foram responsáveis por 4.713 mortes no ano de 201955 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Mortalidade – Brasil – Dados preliminares [Internet]. Brasília: Departamento de Informática do SUS (DATASUS); 2020. Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/pobt10uf.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi....
.

Em estudo sobre número de óbitos no Brasil entre 2010 e 2016, observou-se que os óbitos por leucemias e linfomas ocorrem predominantemente em homens e pessoas de raça/cor branca. Viu-se ainda que a idade mais avançada (>60 anos para leucemias e >70 anos para linfomas) esteve associada a maiores taxas de mortalidade77 Gouveia MS, Batista JKM, Passos TS, Prado BS, Siqueira CE, Almeida-Santos MA. Comparison of factors associated with leukemia and lymphoma mortality in Brazil. Cad Saúde Pública 2020; 36(8): e00077119. https://doi.org/10.1590/0102-311X00077119
https://doi.org/10.1590/0102-311X0007711...
.

Os fatores de risco para os cânceres hematológicos não estão bem estabelecidos, no entanto doenças hereditárias, mutações genéticas, alterações epigenéticas, tabagismo, algumas infecções por vírus e presença de síndromes mielodisplásicas preexistentes parecem contribuir com o maior risco de desenvolvimento de linfomas e leucemias88 Whitehead TP, Metayer C, Wiemels JL, Singer AW, Miller MD. Childhood leukemia and primary prevention. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 2016; 46(10): 317-52. https://doi.org/10.1016/j.cppeds.2016.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cppeds.2016.08...
1010 Wild CP, Weiderpass E, Stewart BW, editors. World cancer report: cancer research for cancer prevention. Lyon: International Agency for Research on Cancer 2020. Available at: http://publications.iarc.fr/586.
http://publications.iarc.fr/586...
. Além disso, atividades relacionadas à agricultura e a consequente exposição ocupacional, ambiental ou intradomiciliar a agentes químicos, como solventes e pesticidas, se configuram como prováveis colaboradores para esses agravos1111 Costa VIB, Mello MSC, Friedrich K. Exposição ambiental e ocupacional a agrotóxicos e o linfoma não Hodgkin. Saúde Debate 2017; 41(112): 49-62. https://doi.org/10.1590/0103-1104201711205
https://doi.org/10.1590/0103-11042017112...
,1212 Curvo HRM, Pignati WA, Pignatti MG. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícola de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad Saúde Colet 2013; 21(1): 10-7..

Vários estudos também apontam para comportamentos desiguais entre as regiões do país, o que pode ser explicado por disparidades no acesso aos serviços de saúde, especialmente de diagnóstico e tratamento, aumento da expectativa de vida e presença da agropecuária e indústrias nessas regiões e sobretudo no Mato Grosso1313 Ferreira JMO. Incidência, mortalidade e sobrevida de leucemia e linfoma no Município de Fortaleza, Ceará. [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ); 2010.,1414 Pignati WA, Lima FANS, Lara SS, Corrêa MLM, Barbosa JR, Leão LHC, et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a vigilância em saúde. Ciênc Saúde Colet 2017; 22(10): 3281-93. https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.17742017
https://doi.org/10.1590/1413-81232017221...
.

Desse modo, a realização deste estudo justifica-se pela necessidade de conhecer o perfil dos óbitos por leucemias e linfomas do estado de Mato Grosso, a tendência das taxas de mortalidade e os anos potenciais de vida perdidos (APVP), de forma comparativa ao padrão de ocorrência brasileiro, podendo contribuir com a elaboração de políticas públicas, a promoção de ações preventivas e o aumento da sobrevida dos indivíduos acometidos por esses agravos à saúde.

Assim, os objetivos deste estudo foram estimar a tendência de mortalidade e analisar os APVP por leucemias e linfomas no Brasil e em Mato Grosso, entre os anos de 2001 e 2019.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo ecológico de série temporal das taxas de mortalidade por leucemias e linfomas, utilizando-se os dados de óbitos de indivíduos de todas as idades ocorridos no estado de Mato Grosso entre os anos de 2001 e 2019. O presente estudo pertence a um projeto maior, denominado “Vigilância de câncer e fatores associados: atualização dos registros de base populacional e hospitalar”, realizado em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso, com o Ministério Público do Trabalho da 23ᵃ Região de Mato Grosso e com a Universidade Federal de Mato Grosso.

O estado de Mato Grosso está localizado na Região Centro-Oeste do país, tem área de 903.207,050 km22 Siegel RL, Miller KD, Fuchs HE, Jemal A. Cancer statistics, 2021. CA Cancer J Clin 2021; 71(1): 7-33. https://doi.org/10.3322/caac.21654
https://doi.org/10.3322/caac.21654...
e é constituído de 141 municípios. Com população estimada, em 2021, de 3.567.234 habitantes, o estado apresenta índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,725, ocupando o 11o lugar entre os estados brasileiros1515 Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Mato Grosso [Internet]. [cited on Aug 8, 2021]. Available at: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/panorama.
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/pa...
.

Para as informações sociodemográficas acerca dos óbitos por leucemias e linfomas, consultou-se o SIM e consideraram-se os seguintes códigos para a causa básica, segundo a 10ᵃ edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10):

  • C81: linfomas de Hodgkin;

  • C82: linfomas não Hodgkin, foliculares (nodulares);

  • C83: linfomas não Hodgkin difusos;

  • C84: linfomas de células T cutâneas e periféricas;

  • C85: linfomas não Hodgkin de outros tipos e de tipos não especificados;

  • C91: leucemias linfoides;

  • C92: leucemias mieloides;

  • C93: leucemias monocíticas;

  • C94: outras leucemias de tipo especificado;

  • C95: leucemia de tipo celular não especificado.

O número de óbitos e a mortalidade proporcional foram descritos segundo as variáveis sexo, raça/cor, grau de instrução, estado civil e faixa etária. As taxas de mortalidade bruta e ajustada foram calculadas para cada ano de análise, dividindo-se o número de óbitos por câncer (leucemias ou linfomas) pela população ao longo do período. As taxas padronizadas foram calculadas por idade utilizando-se o método direto, com base na população mundial proposta por Segi, revisada por Doll e Smith1616 Doll R, Smith PG. Comparison between registries: age-standardized rates. In: Waterhouse JAH, Muir CS, Shanmugaratnam K, Powell J, eds. Cancer incidence in five continents vol. IV. Lyon: IARC; 1982. p. 671-5..

Para analisar as tendências das taxas de mortalidade, foi empregado o método de regressão por joinpoint, usando-se o ano calendário como variável regressora. O objetivo da análise foi identificar a ocorrência de possíveis joinpoints em que houve uma mudança significativa na tendência.

O método aplicado identificou joinpoints baseados no modelo com no máximo três pontos de mudança. O modelo final selecionado foi o mais ajustado, com a variação percentual anual (annual percentage change — APC) fundamentada na tendência de cada segmento, estimando se esses valores eram estatisticamente significativos ao nível de confiança de 95%. Permaneceu-se com a opção padrão do programa para ajuste de um modelo de erros não correlacionados, após testes da presença de autocorrelação serial indicarem que a análise apresentada era segura contra erros de interpretação. Os testes de significância utilizados basearam-se no método de permutação de Monte Carlo e no cálculo da variação percentual anual da razão, por meio do logaritmo da razão.

Para quantificar a medida resumo da tendência ao longo do período estudado, foi calculada a variação percentual média anual (average annual percentage change — AAPC), uma medida síntese (ou sumária) das APCs, calculada com base na média ponderada dos coeficientes angulares da linha de regressão com pesos iguais ao comprimento de cada segmento ao longo do intervalo. Na descrição, os termos aumento ou redução ou decréscimo significam que a tendência é estatisticamente significativa (p<0,05). Para as não significativas, foi usado o termo estável1717 Kim HJ, Fay MP, Feuer EJ, Midthune DN. Permutation tests for joinpoint regression with applications to cancer rates. Stat Med 2000; 19(3): 335-51. https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0258(20000215)19:3<335::aid-sim336>3.0.co;2-z
https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0258(...
,1818 Clegg LX, Hankey BF, Tiwari R, Feuer EJ, Edwards BK. Estimating average annual per cent change in trend analysis. Stat Med 2009; 28(29): 3670-82. https://doi.org/10.1002/sim.3733
https://doi.org/10.1002/sim.3733...
. Para essas análises, a variável faixa etária foi recategorizada em: 0 a 19 anos, 20 a 59 anos, 60 anos ou mais, considerando-se os casos infantojuvenis, adultos e idosos.

As taxas de APVP foram consultadas, já calculadas por meio do Atlas de Mortalidade por Câncer, disponível na página eletrônica do tabulador do INCA/Ministério da Saúde1919 Brasil. Ministério da Saúde. Insituto Nacional de Câncer. Atlas da mortalidade, anos potenciais de vida perdidos [Internet]. [cited on 05 de jul. de 2021]. Available at: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/.
https://mortalidade.inca.gov.br/Mortalid...
. Para a tabulação desse indicador, foram excluídos os óbitos ocorridos em indivíduos menores de um ano e, adicionalmente, optou-se pela exclusão dos maiores de 70 anos, de acordo com o método proposto por Romeder e McWhinnie2020 Romender JM, McWhinnie JR. Años de vida potencial perdidos entre las edades de 1 y 70 años: un indicador de mortalidad prematura para la planificación de la salud. In: Buck C, Llopis A, Nájera E, Terris M, orgs. El desafío de la epidemiología: problemas y lecturas seleccionadas. Washington: Organización Panamericana de la Salud; 1988. p. 254-63. quanto ao limite superior de idade. Em seguida, o tabulador soma o número de mortes em cada faixa etária e multiplica-os pelos anos de vida que faltam até os 70 anos. Assim, APVP traduz a magnitude da mortalidade, pois considera não apenas o risco de morrer, mas a idade em que o óbito ocorreu, evidenciando a importância da mortalidade prematura enquanto expressão do valor social da morte2020 Romender JM, McWhinnie JR. Años de vida potencial perdidos entre las edades de 1 y 70 años: un indicador de mortalidad prematura para la planificación de la salud. In: Buck C, Llopis A, Nájera E, Terris M, orgs. El desafío de la epidemiología: problemas y lecturas seleccionadas. Washington: Organización Panamericana de la Salud; 1988. p. 254-63..

Os dados foram descritos segundo medidas absolutas e relativas por meio do software Excel® 2010 (Microsoft Corporation, Estados Unidos), enquanto as análises de tendência foram realizadas com o software Joinpoint Regression, versão 8.3.6.1.

Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller e aprovado com o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) 98150718.1.0000.8124, número do parecer 3.048.183, de 20 de novembro de 2018, e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, aprovado com o CAAE 98150718.1.3003.5164, número do parecer 3.263.744, de 12 de abril de 2019.

RESULTADOS

Entre os anos de 2001 e 2019, foram registrados 1.468 óbitos por leucemias e 724 óbitos por linfomas em indivíduos residentes no estado de Mato Grosso. Quando observada a distribuição de acordo com as categorias do CID-10, entre os óbitos por leucemias, as mais frequentes foram as mieloides (41,1%), seguidas das linfoides (31,1%). Quanto aos óbitos por linfomas, os linfomas não Hodgkin de outros tipos e tipos não especificados (83,4%) foram os mais frequentes, seguidos de linfomas não Hodgkin difusos (11,3%).

Em ambas as neoplasias, a mortalidade proporcional foi maior no sexo masculino (54 e 62,4%, respectivamente). Dos óbitos por leucemias, a maior parte dos indivíduos era de raça/cor parda ou preta (56,2%), com grau de instrução de quatro a sete anos (26,2%), estado civil casado (41,1%), seguido de solteiro (36,1%), e idade menor de 19 anos (20,6%). Em relação aos linfomas, a maior parte dos indivíduos também era de raça/cor parda ou preta (55,9%) e estado civil casado (50,8%), contudo diferenças foram observadas em relação ao grau de instrução e à idade: a maior proporção de óbitos ocorreu entre aqueles com um a três anos de estudo (27,2%) e naqueles com idade entre 60 e 69 anos (22,5%), seguido de 70 a 79 anos (20,9%) (Tabela 1). Destaca-se que cerca de 10% dos registros não apresentavam informação para as variáveis grau de instrução e estado civil.

Tabela 1
Óbitos por leucemias (n=1.468) e linfomas (n=724), segundo variáveis sociodemográficas, Mato Grosso, Brasil, 2001 a 2019* * Nas variáveis raça/cor, escolaridade e estado civil, os totais divergem dos demais por ausência de informação. .

As taxas padronizadas de mortalidade por leucemias no Brasil variaram de 2,96 (por 100 mil) em 2001 a 3,24 (por 100 mil) em 2019. Em Mato Grosso, as taxas foram de 2,77 (por 100 mil) e 3 (por 100 mil), nos mesmos anos. O maior valor foi observado no ano de 2004 (3,81/100 mil), e o menor, em 2006 (2,11/100 mil). Para os linfomas, no Brasil, as taxas variaram de 1,91 (por 100 mil) em 2001 a 2,01 (por 100 mil) em 2019, enquanto em Mato Grosso de 1,73 a 2,05 (por 100 mil), maior valor da série. Menor valor foi constatado em 2004 (0,85/100 mil).

A análise de tendência temporal evidenciou que, no Brasil, as taxas de mortalidade por leucemias apresentaram comportamento de estabilidade (APC=0,2; IC95% 0,0–0,3), considerando-se todo o período analisado. Quando estratificado por faixa etária, observou-se tendência decrescente entre os mais jovens no período de 2010 a 2019 (APC=-1,3; IC95% −2,4–-0,2) e aqueles com idade entre 20 e 59 anos de 2001 a 2019 (APC=-0,5; IC95% −0,8–-0,3). Entre aqueles com 60 anos ou mais, as taxas indicaram tendência crescente, especialmente entre 2014 e 2019 (APC= 3,3; IC95% 1,6–5,0). Para Mato Grosso, não foram verificadas oscilações nas taxas de mortalidade por leucemias, apresentando-se estáveis em todo o período analisado (APC=0,3; IC95% 1,0–1,6), mesmo após estratificação por faixa etária (Tabela 2).

Tabela 2
Tendências de mortalidade por leucemias, Mato Grosso e Brasil, 2001 a 2019.

As taxas de mortalidade por linfomas no Brasil também se mostraram estáveis no período de 2001 a 2019 (APC=0,2; IC95% −0,4–0,1). Quando analisadas nas diferentes faixas etárias, constatou-se importante redução entre aqueles com menos de 20 anos, particularmente entre 2014 e 2019 (APC=-5,3; IC95% −9,7–-0,8), e entre 20 e 59 anos (APC=-0,5; IC95% −0,8–-0,2). Tendência crescente foi vista entre aqueles com 60 anos ou mais (APC=0,5; IC95% 0,2–0,7). Em Mato Grosso, diferentemente do observado para o país, a mortalidade por linfomas mostrou-se crescente (APC=2,3; IC95% 0,5–4,2). Não foram encontradas oscilações estatisticamente significativas na análise por faixa etária (Tabela 3).

Tabela 3
Tendências de mortalidade por linfomas, Mato Grosso e Brasil, 2001 a 2019.

No Brasil, entre 2001 e 2019, foram mais de 2,2 milhões de APVP por leucemias, com taxa de 64 APVP a cada 100 mil habitantes, enquanto para os linfomas foram aproximadamente 923 mil APVP, com taxa de 27 anos a cada 100 mil habitantes. Desse total, o estado de Mato Grosso foi responsável por 1,6% dos APVP para as leucemias e 1,3% para os linfomas. Para ambos os agravos, o sexo masculino apresentou maiores taxas de APVP, e, quando comparadas as faixas etárias, maiores proporções de APVP por leucemias foram observadas nos indivíduos entre 20 e 29 anos (17,6%) e por linfomas entre aqueles com de 40 a 49 anos (16,6%), enquanto maiores taxas ocorreram entre aqueles com de 5 a 9 anos (87/100 mil) e de 50 a 59 anos (38/100 mil), nessa ordem, similarmente às taxas de APVP do Brasil (Tabela 4 e 5).

Tabela 4
Número médio de anos, proporção e taxa de potenciais anos de vida perdidos por leucemias segundo faixa etária a cada 100 mil habitantes, Mato Grosso e Brasil, 2001 a 2019.
Tabela 5
Número médio de anos, proporção e taxa de potenciais anos de vida perdidos por linfomas segundo faixa etária a cada 100 mil habitantes, Mato Grosso e Brasil, 2001 a 2019.

DISCUSSÃO

O presente estudo identificou que, em Mato Grosso, as maiores proporções de óbitos por leucemias e linfomas foram observadas na população masculina, em pessoas de raça/cor parda/preta e entre aqueles que disseram ser casados. A principal diferença está relacionada à faixa etária, com predominância das leucemias entre menores de 19 anos e dos linfomas entre aqueles com idade superior a 60 anos. Resultados semelhantes, porém observados em períodos de análises diferentes, foram encontrados nos estudos realizados por Saraiva et al.2121 Saraiva DCA, Santos SS, Monteiro GTR. Tendência de mortalidade por leucemias em crianças e adolescentes nas capitais dos estados brasileiros: 1980-2015. Epidemiol Serv Saúde 2018; 27(3): e2017310. https://doi.org/10.5123/S1679-49742018000300004
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201800...
e Boccolini et al.2222 Boccolini PMM, Boccolini CS, Meyer A. Tendência de mortalidade por linfomas não Hodgkin no Brasil, 1980 a 2012. Cad Saúde Colet 2015; 23(2): 188-97. https://doi.org/10.1590/1414-462X201500020014
https://doi.org/10.1590/1414-462X2015000...
.

A faixa etária e o sexo podem ser identificados como fatores que influenciam nos padrões de mortalidade, uma vez que adolescentes e adultos jovens têm melhores taxas de sobrevivência após o diagnóstico e o tratamento da doença2323 Smith A, Crouch S, Lax S, Li J, Painter D, Howell D, et al. Lymphoma incidence, survival and prevalence 2004-2014: sub-type analyses from the UK's Haematological Malignancy Research Network. Br J Cancer 2015; 112(9): 1575-84. https://doi.org/10.1038/bjc.2015.94
https://doi.org/10.1038/bjc.2015.94...
,2424 Blum KA, Keller FG, Castellino S, Phan A, Flowers CR. Incidence and outcomes of lymphoid malignancies in adolescent and young adult patients in the United States. Br J Haematol 2018; 183(3): 385-99. https://doi.org/10.1111/bjh.15532
https://doi.org/10.1111/bjh.15532...
. Além disso, a exposição aos fatores de risco atribuíveis às infecções e ao tabagismo pode influenciar a maior mortalidade em homens do que em mulheres2525 Islami F, Chen W, Yu XQ, Lortet-Tieulent J, Zheng R, Flanders WD, et al. Cancer deaths and cases attributable to lifestyle factors and infections in China, 2013. Ann Oncol 2017; 28(10): 2567-74. https://doi.org/10.1093/annonc/mdx342
https://doi.org/10.1093/annonc/mdx342...
2727 Pereira WV. Leucemia mielocítica aguda da infância e adolescência: fracassos e vitórias. Rev Bras Hematol Hemoter 2006; 28(4): 239-45. https://doi.org/10.1590/S1516-84842006000400001
https://doi.org/10.1590/S1516-8484200600...
.

No presente estudo, observou-se tendência estável das taxas globais de leucemias no Brasil e em Mato Grosso, ambas de três por 100 mil habitantes em todo o período analisado. Uma possível explicação para esses resultados é que o avanço terapêutico, bem como o das terapias farmacológicas quimioterápicas, impediu o crescimento das taxas de mortalidade, tendo em vista que mudanças na condução dos casos e de tratamento para as leucemias são fatores que podem ser elencados como hipótese para a diminuição e a manutenção dessas taxas2828 Derossi SA, Paim JS, Aquino E, Silva LMV. Evolução da mortalidade e anos potenciais de vida perdidos por câncer cérvico-uterino em Salvador (BA), 1979-1997. Rev Bras Cancerol 2001, 47(2): 163-70. https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2001v47n2.2329
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2...
.

Por outro lado, a taxa global de mortalidade por linfomas apresentou aumento para o estado de Mato Grosso. No Brasil essa tendência foi estável, sendo decrescente apenas nas faixas etárias inferiores a 60 anos. Os fatores apontados para esse aumento do número de óbitos em Mato Grosso podem estar ligados principalmente à exposição a agrotóxicos, radiação ionizante, benzeno e outros hidrocarbonetos e alguns tipos de infecções virais, além do envelhecimento e de hábitos do estilo de vida2929 Parodi S, Santi I, Marani E, Casella C, Puppo A, Garrone E, et al. Lifestyle factors and risk of leukemia and non-Hodgkin's lymphoma: a case-control study. Cancer Causes Control 2016; 27(3): 367-75. https://doi.org/10.1007/s10552-016-0713-x
https://doi.org/10.1007/s10552-016-0713-...
, comuns à população do restante do país.

O recorte por faixa etária nas análises deste trabalho revelou discrepâncias no comportamento das taxas de mortalidade de acordo com a idade. A tendência de redução da mortalidade entre os mais jovens, no Brasil, tanto por linfoma como por leucemia, observada no presente estudo, vai ao encontro de estudos internacionais que apresentaram tendência de declínio nas Américas3030 Curado MP, Pontes T, Guerra-Yi ME, Cancela MC. Leukemia mortality trends among children, adolescents, and young adults in Latin America. Rev Panam Salud Publica 2011; 29(2): 96-102. https://doi.org/10.1590/s1020-49892011000200004
https://doi.org/10.1590/s1020-4989201100...
,3131 Bertuccio P, Bosetti C, Malvezzi M, Levi F, Chatenoud L, Negri E, et al. Trends in mortality from leukemia in Europe: an update to 2009 and a projection to 2012. Int J Cancer 2013; 132(2): 427-36. https://doi.org/10.1002/ijc.27624
https://doi.org/10.1002/ijc.27624...
e na Europa3232 Chatenoud L, Bertuccio P, Bosetti C, Rodriguez T, Levi F, Negri E, et al. Hodgkin's lymphoma mortality in the Americas, 1997-2008: achievements and persistent inadequacies. Int J Cancer 2013; 133(3): 687-94. https://doi.org/10.1002/ijc.28049
https://doi.org/10.1002/ijc.28049...
. No mesmo sentido, Gouveia et al.77 Gouveia MS, Batista JKM, Passos TS, Prado BS, Siqueira CE, Almeida-Santos MA. Comparison of factors associated with leukemia and lymphoma mortality in Brazil. Cad Saúde Pública 2020; 36(8): e00077119. https://doi.org/10.1590/0102-311X00077119
https://doi.org/10.1590/0102-311X0007711...
, em estudo sobre fatores associados à mortalidade por leucemia e linfoma no Brasil, verificaram maior aumento do risco de morte em relação à idade em pacientes com linfomas.

Em contrapartida, as diferenças entre as faixas etárias não foram observadas nos resultados referentes a Mato Grosso. Balmant et al.3333 Balmant NV, Reis RS, Santos MO, Oliveira JP, Camargo B. Trends in cancer mortality among adolescents and young adults in Brazil. J Adolesc Young Adult Oncol 2017; 6(2): 341-7. https://doi.org/10.1089/jayao.2016.0042
https://doi.org/10.1089/jayao.2016.0042...
perceberam pequeno declínio das taxas de mortalidade por linfomas entre adolescentes e adultos jovens, mas apenas nas regiões Sul e Sudeste; nas regiões Norte e Nordeste houve tendência de aumento significativo tanto para os linfomas quanto para as leucemias. De maneira semelhante, Gouveia et al.77 Gouveia MS, Batista JKM, Passos TS, Prado BS, Siqueira CE, Almeida-Santos MA. Comparison of factors associated with leukemia and lymphoma mortality in Brazil. Cad Saúde Pública 2020; 36(8): e00077119. https://doi.org/10.1590/0102-311X00077119
https://doi.org/10.1590/0102-311X0007711...
evidenciaram maiores taxas de óbitos por leucemias e linfomas nas regiões Sul e Sudeste, comparadas às demais. Assim, destaca-se que, apesar das melhorias no tratamento e diagnóstico precoce, é possível que esses achados reflitam desigualdades regionais e barreiras no acesso em tempo oportuno ao diagnóstico e ao tratamento.

O Mato Grosso tem base econômica na produção agrícola e sabidamente é o maior consumidor de fertilizantes químicos e agrotóxicos do Brasil. Esses fatores contribuem não somente para a exposição, mas também para o adoecimento e a mortalidade por doenças crônicas1111 Costa VIB, Mello MSC, Friedrich K. Exposição ambiental e ocupacional a agrotóxicos e o linfoma não Hodgkin. Saúde Debate 2017; 41(112): 49-62. https://doi.org/10.1590/0103-1104201711205
https://doi.org/10.1590/0103-11042017112...
,1212 Curvo HRM, Pignati WA, Pignatti MG. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícola de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad Saúde Colet 2013; 21(1): 10-7., como os cânceres hematológicos. Ademais, em sua distribuição geográfica, apresenta importantes diferenças na capacidade instalada e menor disponibilidade de serviços de atenção primária, estabelecimentos de atendimento especializado e ambulatorial de média e alta complexidades3434 Scatena JHG, Oliveira LR, Galvão ND, Neves MAB. Caracterização das regiões de saúde de Mato Grosso. In: Scatena JHG, Kehrig RT, Spinelli MAS, eds. Regiões de saúde: diversidade e processo de regionalização em Mato Grosso. São Paulo: Hucitec; 2014. p. 135-67..

Em relação aos APVP, para os linfomas, o sexo masculino apresentou o dobro da taxa quando comparado ao sexo feminino. Ademais, as taxas de APVP foram menores para o estado em comparação com as do Brasil. No caso das leucemias, observou-se similaridade entre as taxas estaduais e nacionais de APVP, 64 e 65, respectivamente, com maior proporção entre os mais jovens.

É importante analisar as estimativas de APVP para avaliar o impacto das taxas de mortalidade por câncer entre as faixas etárias mais jovens, mesmo que ocorram com pouca frequência. Song et al.3535 Song M, Hildesheim A, Shiels MS. Premature years of life lost due to cancer in the United States in 2017. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2020; (12): 2591-8. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-20-0782
https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-20...
, em estudo sobre a carga de APVP por câncer nos Estados Unidos da América, em 2017, mostraram que a maior mortalidade ocorreu nas idades mais avançadas, resultando em menor APVP, no entanto os resultados demostraram que os cânceres raros, como as leucemias, apesar de não contribuírem muito para a mortalidade geral por câncer, refletem no aumento da taxa de APVP.

Segundo o relatório da Organização Pan-Americana da Saúde que analisou a carga das doenças crônicas não transmissíveis nas Américas, em 2019, o câncer foi responsável por 31 milhões de APVP, equivalentes a 3.072 anos por 100 mil habitantes, com aumento de 25,2 milhões de anos em 2000 para 31,1 milhões de anos em 2019. Entre as principais neoplasias que afetam os APVP, as leucemias e os linfomas estão na quarta e na quinta posição, respectivamente. Desse modo, chama a atenção para a gravidade da doença e para um conjunto de ações e intervenções que devem ser priorizadas para a redução da mortalidade prematura3636 Pan American Health Organization. Burden of cancer [Internet] 2019. [cited on Aug 3, 2021]. Available at: https://www.paho.org/en/noncommunicable-diseases-and-mental-health/noncommunicable-diseases-and-mental-health-data-18
https://www.paho.org/en/noncommunicable-...
.

Um estudo realizado por Wünsch Filho et al.3737 Wünsch Filho V, Antunes JLF, Boing AF, Lorenzi RL. Perspectivas da investigação sobre determinantes sociais em câncer. Physis 2008; 18(3): 427-50. https://doi.org/10.1590/S0103-73312008000300004
https://doi.org/10.1590/S0103-7331200800...
identificou que no Brasil as diferenças de mortalidade estão relacionadas à confiabilidade dos dados, ao tempo de sobrevida e às condições socioeconômicas. Nessa perspectiva, estudos destacaram alguns problemas que interferem na precisão das estatísticas de mortalidade, como mal preenchimento dos atestados médicos de óbitos e o desafio da investigação dos óbitos por causa mal definidas, que, apesar das dificuldades em sua implantação, têm contribuído para importante redução no percentual desses registros3838 Cunha CC, Teixeira R, França E. Avaliação da investigação de óbitos por causas mal definidas no Brasil em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2017; 26(1): 19-30. https://doi.org/10.5123/S1679-49742017000100003
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201700...
,3939 Silva JAC, Yamaki VN, Oliveira JPS, Teixeira RKC, Santos FAF, Hosoume VSN. Declaração de óbito, compromisso no preenchimento: avaliação em Belém - Pará, em 2010. Rev Assoc Med Bras 2013; 59(4): 335-40. https://doi.org/10.1016/j.ramb.2013.03.001
https://doi.org/10.1016/j.ramb.2013.03.0...
.

O uso de dados secundários pode apresentar-se como uma limitação dos estudos epidemiológicos, pois tais dados são registros administrativos de domínio público que podem conter subnotificações. Todavia, essa limitação não impede a confiança nesses dados nem a sua utilização.

Ressalta-se que a qualidade da informação do SIM tem evoluído progressivamente. Uma avaliação realizada pelo Ministério da Saúde no período de 2000 a 2016 evidenciou cobertura de acima de 95% para ambos os sexos no estado de Mato Grosso e discreta melhora no nível de proporção de óbitos classificados com código Garbage (acima de 15% em 2000 para percentuais entre 10 e 15% em 2016). No índice geral de qualidade dos dados de mortalidade, o estado passou de índice médio de qualidade (entre 50 e 69%) no ano de 2000 para alto nível de qualidade (entre 70 e 84%) em 20164040 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Avaliação da qualidade dos dados sobre mortalidade 2000 a 2016. In: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2018 uma análise de situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. p. 377-92..

Desse modo, destaca-se a importância do fortalecimento da estruturação da vigilância de câncer, mediante os registros para monitoramento, controle da doença, fechamento de casos e registro de óbitos, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas do Brasil e de Mato Grosso, onde os vazios assistenciais são uma realidade e podem interferir na qualidade de acesso às informações sobre o câncer.

Sendo assim, crê-se de extrema importância a articulação entre os bancos de dados do registro de câncer de base populacional, registro hospitalar de câncer e sistema de mortalidade, a fim de subsidiar informações de incidência e prevalência do câncer e mortalidade pela doença e diminuir as chances de incompletude ou baixa confiabilidade das informações4141 Lima DV, Caló RS, Alves MR, Oliveira JCS, Souza BSN, Andrade ACS, et al. Distribuição espacial de diagnósticos incompletos de câncer no estado de Mato Grosso de 2000 a 2015. Brazilian Journal of Development 2021, 7(7): 75217-25. https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-617
https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-617...
.

Por outro lado, predomina a carência de publicações sobre as informações que se referem aos APVP por cânceres em geral, especialmente por leucemias e linfomas em níveis estadual e nacional, abordando a caracterização desse perfil em razão de sexo e faixa etária. Isso leva a considerar a singularidade deste artigo e a necessidade de continuidade das análises nos próximos anos, o que permitirá obter um cenário mais amplo sobre o impacto da carga do câncer e os altos índices de mortalidade.

A alta média de anos perdidos ilustra o mau prognóstico da doença em comparação com o de países desenvolvidos. O diagnóstico precoce e tratamentos adequados e oportunos são imprescindíveis para mudar essa situação, bem como para diminuir as iniquidades socioeconômicas, contribuindo no aumento da sobrevida dos indivíduos acometidos por essa grave morbidade.

  • Fonte de financiamento: Este estudo faz parte do projeto de extensão “Vigilância de Câncer e seus fatores associados: atualização dos registros de base populacional e hospitalar” com financiamento da Secretaria de Estado de Saúde do estado de Mato Grosso (SES-MT) que teve vigência de abril de 2016 a março de 2021, e do projeto de pesquisa “Câncer e seus fatores associados: análise dos registros de base populacional e hospitalar” com financiamento do Ministério Público do Trabalho 23ᵃ Região com vigência de julho de 2019 a julho de 2023.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), as bolsas de mestrado; à Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso e ao Ministério Público do Trabalho da 23ᵃ Região, o suporte financeiro do projeto; e ao Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), a contribuição na capacitação dos registradores de câncer.

REFERENCES

  • 1
    Sung H, Ferlay J, Siegel RL, Laversanne M, Soerjomataram I, Jemal A, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin 2021; 71(3): 209-49. https://doi.org/10.3322/caac.21660
    » https://doi.org/10.3322/caac.21660
  • 2
    Siegel RL, Miller KD, Fuchs HE, Jemal A. Cancer statistics, 2021. CA Cancer J Clin 2021; 71(1): 7-33. https://doi.org/10.3322/caac.21654
    » https://doi.org/10.3322/caac.21654
  • 3
    Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Tipos de câncer: leucemias – versão para profissionais de saúde [Internet]. 2018. [cited on Jun 3, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia/profissional-de-saude
    » https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia/profissional-de-saude
  • 4
    Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2019. Available at: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
    » https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
  • 5
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Mortalidade – Brasil – Dados preliminares [Internet]. Brasília: Departamento de Informática do SUS (DATASUS); 2020. Available at: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/pobt10uf.def
    » http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/pobt10uf.def
  • 6
    Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. Tipos de câncer: linfoma de Hodgkin [Internet]. 2021. [cited on Jun 3, 2021]. Available at: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/linfoma-de-hodgkin
    » https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/linfoma-de-hodgkin
  • 7
    Gouveia MS, Batista JKM, Passos TS, Prado BS, Siqueira CE, Almeida-Santos MA. Comparison of factors associated with leukemia and lymphoma mortality in Brazil. Cad Saúde Pública 2020; 36(8): e00077119. https://doi.org/10.1590/0102-311X00077119
    » https://doi.org/10.1590/0102-311X00077119
  • 8
    Whitehead TP, Metayer C, Wiemels JL, Singer AW, Miller MD. Childhood leukemia and primary prevention. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 2016; 46(10): 317-52. https://doi.org/10.1016/j.cppeds.2016.08.004
    » https://doi.org/10.1016/j.cppeds.2016.08.004
  • 9
    Belson M, Kingsley B, Holmes A. Risk factors for acute leukemia in children: a review. Environ Health Perspect 2007; 115(1): 138-45. https://doi.org/10.1289/ehp.9023
    » https://doi.org/10.1289/ehp.9023
  • 10
    Wild CP, Weiderpass E, Stewart BW, editors. World cancer report: cancer research for cancer prevention. Lyon: International Agency for Research on Cancer 2020. Available at: http://publications.iarc.fr/586
    » http://publications.iarc.fr/586
  • 11
    Costa VIB, Mello MSC, Friedrich K. Exposição ambiental e ocupacional a agrotóxicos e o linfoma não Hodgkin. Saúde Debate 2017; 41(112): 49-62. https://doi.org/10.1590/0103-1104201711205
    » https://doi.org/10.1590/0103-1104201711205
  • 12
    Curvo HRM, Pignati WA, Pignatti MG. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícola de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad Saúde Colet 2013; 21(1): 10-7.
  • 13
    Ferreira JMO. Incidência, mortalidade e sobrevida de leucemia e linfoma no Município de Fortaleza, Ceará. [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ); 2010.
  • 14
    Pignati WA, Lima FANS, Lara SS, Corrêa MLM, Barbosa JR, Leão LHC, et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a vigilância em saúde. Ciênc Saúde Colet 2017; 22(10): 3281-93. https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.17742017
    » https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.17742017
  • 15
    Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Mato Grosso [Internet]. [cited on Aug 8, 2021]. Available at: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/panorama
    » https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/panorama
  • 16
    Doll R, Smith PG. Comparison between registries: age-standardized rates. In: Waterhouse JAH, Muir CS, Shanmugaratnam K, Powell J, eds. Cancer incidence in five continents vol. IV. Lyon: IARC; 1982. p. 671-5.
  • 17
    Kim HJ, Fay MP, Feuer EJ, Midthune DN. Permutation tests for joinpoint regression with applications to cancer rates. Stat Med 2000; 19(3): 335-51. https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0258(20000215)19:3<335::aid-sim336>3.0.co;2-z
    » https://doi.org/10.1002/(sici)1097-0258(20000215)19:3<335::aid-sim336>3.0.co;2-z
  • 18
    Clegg LX, Hankey BF, Tiwari R, Feuer EJ, Edwards BK. Estimating average annual per cent change in trend analysis. Stat Med 2009; 28(29): 3670-82. https://doi.org/10.1002/sim.3733
    » https://doi.org/10.1002/sim.3733
  • 19
    Brasil. Ministério da Saúde. Insituto Nacional de Câncer. Atlas da mortalidade, anos potenciais de vida perdidos [Internet]. [cited on 05 de jul. de 2021]. Available at: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/
    » https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/
  • 20
    Romender JM, McWhinnie JR. Años de vida potencial perdidos entre las edades de 1 y 70 años: un indicador de mortalidad prematura para la planificación de la salud. In: Buck C, Llopis A, Nájera E, Terris M, orgs. El desafío de la epidemiología: problemas y lecturas seleccionadas. Washington: Organización Panamericana de la Salud; 1988. p. 254-63.
  • 21
    Saraiva DCA, Santos SS, Monteiro GTR. Tendência de mortalidade por leucemias em crianças e adolescentes nas capitais dos estados brasileiros: 1980-2015. Epidemiol Serv Saúde 2018; 27(3): e2017310. https://doi.org/10.5123/S1679-49742018000300004
    » https://doi.org/10.5123/S1679-49742018000300004
  • 22
    Boccolini PMM, Boccolini CS, Meyer A. Tendência de mortalidade por linfomas não Hodgkin no Brasil, 1980 a 2012. Cad Saúde Colet 2015; 23(2): 188-97. https://doi.org/10.1590/1414-462X201500020014
    » https://doi.org/10.1590/1414-462X201500020014
  • 23
    Smith A, Crouch S, Lax S, Li J, Painter D, Howell D, et al. Lymphoma incidence, survival and prevalence 2004-2014: sub-type analyses from the UK's Haematological Malignancy Research Network. Br J Cancer 2015; 112(9): 1575-84. https://doi.org/10.1038/bjc.2015.94
    » https://doi.org/10.1038/bjc.2015.94
  • 24
    Blum KA, Keller FG, Castellino S, Phan A, Flowers CR. Incidence and outcomes of lymphoid malignancies in adolescent and young adult patients in the United States. Br J Haematol 2018; 183(3): 385-99. https://doi.org/10.1111/bjh.15532
    » https://doi.org/10.1111/bjh.15532
  • 25
    Islami F, Chen W, Yu XQ, Lortet-Tieulent J, Zheng R, Flanders WD, et al. Cancer deaths and cases attributable to lifestyle factors and infections in China, 2013. Ann Oncol 2017; 28(10): 2567-74. https://doi.org/10.1093/annonc/mdx342
    » https://doi.org/10.1093/annonc/mdx342
  • 26
    Martel C, Georges D, Bray F, Ferlay J, Clifford GM. Global burden of cancer attributable to infections in 2018: a worldwide incidence analysis. Lancet Glob Health 2020; 8(2): e180-e190. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(19)30488-7
    » https://doi.org/10.1016/S2214-109X(19)30488-7
  • 27
    Pereira WV. Leucemia mielocítica aguda da infância e adolescência: fracassos e vitórias. Rev Bras Hematol Hemoter 2006; 28(4): 239-45. https://doi.org/10.1590/S1516-84842006000400001
    » https://doi.org/10.1590/S1516-84842006000400001
  • 28
    Derossi SA, Paim JS, Aquino E, Silva LMV. Evolução da mortalidade e anos potenciais de vida perdidos por câncer cérvico-uterino em Salvador (BA), 1979-1997. Rev Bras Cancerol 2001, 47(2): 163-70. https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2001v47n2.2329
    » https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2001v47n2.2329
  • 29
    Parodi S, Santi I, Marani E, Casella C, Puppo A, Garrone E, et al. Lifestyle factors and risk of leukemia and non-Hodgkin's lymphoma: a case-control study. Cancer Causes Control 2016; 27(3): 367-75. https://doi.org/10.1007/s10552-016-0713-x
    » https://doi.org/10.1007/s10552-016-0713-x
  • 30
    Curado MP, Pontes T, Guerra-Yi ME, Cancela MC. Leukemia mortality trends among children, adolescents, and young adults in Latin America. Rev Panam Salud Publica 2011; 29(2): 96-102. https://doi.org/10.1590/s1020-49892011000200004
    » https://doi.org/10.1590/s1020-49892011000200004
  • 31
    Bertuccio P, Bosetti C, Malvezzi M, Levi F, Chatenoud L, Negri E, et al. Trends in mortality from leukemia in Europe: an update to 2009 and a projection to 2012. Int J Cancer 2013; 132(2): 427-36. https://doi.org/10.1002/ijc.27624
    » https://doi.org/10.1002/ijc.27624
  • 32
    Chatenoud L, Bertuccio P, Bosetti C, Rodriguez T, Levi F, Negri E, et al. Hodgkin's lymphoma mortality in the Americas, 1997-2008: achievements and persistent inadequacies. Int J Cancer 2013; 133(3): 687-94. https://doi.org/10.1002/ijc.28049
    » https://doi.org/10.1002/ijc.28049
  • 33
    Balmant NV, Reis RS, Santos MO, Oliveira JP, Camargo B. Trends in cancer mortality among adolescents and young adults in Brazil. J Adolesc Young Adult Oncol 2017; 6(2): 341-7. https://doi.org/10.1089/jayao.2016.0042
    » https://doi.org/10.1089/jayao.2016.0042
  • 34
    Scatena JHG, Oliveira LR, Galvão ND, Neves MAB. Caracterização das regiões de saúde de Mato Grosso. In: Scatena JHG, Kehrig RT, Spinelli MAS, eds. Regiões de saúde: diversidade e processo de regionalização em Mato Grosso. São Paulo: Hucitec; 2014. p. 135-67.
  • 35
    Song M, Hildesheim A, Shiels MS. Premature years of life lost due to cancer in the United States in 2017. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2020; (12): 2591-8. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-20-0782
    » https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-20-0782
  • 36
    Pan American Health Organization. Burden of cancer [Internet] 2019. [cited on Aug 3, 2021]. Available at: https://www.paho.org/en/noncommunicable-diseases-and-mental-health/noncommunicable-diseases-and-mental-health-data-18
    » https://www.paho.org/en/noncommunicable-diseases-and-mental-health/noncommunicable-diseases-and-mental-health-data-18
  • 37
    Wünsch Filho V, Antunes JLF, Boing AF, Lorenzi RL. Perspectivas da investigação sobre determinantes sociais em câncer. Physis 2008; 18(3): 427-50. https://doi.org/10.1590/S0103-73312008000300004
    » https://doi.org/10.1590/S0103-73312008000300004
  • 38
    Cunha CC, Teixeira R, França E. Avaliação da investigação de óbitos por causas mal definidas no Brasil em 2010. Epidemiol Serv Saúde 2017; 26(1): 19-30. https://doi.org/10.5123/S1679-49742017000100003
    » https://doi.org/10.5123/S1679-49742017000100003
  • 39
    Silva JAC, Yamaki VN, Oliveira JPS, Teixeira RKC, Santos FAF, Hosoume VSN. Declaração de óbito, compromisso no preenchimento: avaliação em Belém - Pará, em 2010. Rev Assoc Med Bras 2013; 59(4): 335-40. https://doi.org/10.1016/j.ramb.2013.03.001
    » https://doi.org/10.1016/j.ramb.2013.03.001
  • 40
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Avaliação da qualidade dos dados sobre mortalidade 2000 a 2016. In: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2018 uma análise de situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. p. 377-92.
  • 41
    Lima DV, Caló RS, Alves MR, Oliveira JCS, Souza BSN, Andrade ACS, et al. Distribuição espacial de diagnósticos incompletos de câncer no estado de Mato Grosso de 2000 a 2015. Brazilian Journal of Development 2021, 7(7): 75217-25. https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-617
    » https://doi.org/10.34117/bjdv7n7-617

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    20 Ago 2021
  • Revisado
    13 Mar 2022
  • Aceito
    14 Mar 2022
  • Preprint postado em
    19 Abr 2022
Associação Brasileira de Saúde Coletiva Av. Dr. Arnaldo, 715 - 2º andar - sl. 3 - Cerqueira César, 01246-904 São Paulo SP Brasil , Tel./FAX: +55 11 3085-5411 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br