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Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em área de Caatinga na comunidade do Sítio Nazaré, município de Milagres, Ceará, Brasil

Ethnobotanical survey of medicinal plants in the Caatinga area in the community of Sitio Nazaré, Milagres, Ceará, Brazil

Resumos

O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento das plantas medicinais nativas no bioma Caatinga na comunidade do Sítio Nazaré, no município de Milagres, Ceará. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com 100 informantes entre 25 a 85 anos registrando informações de 62 espécies medicinais sobre o uso, parte utilizada, indicação terapêutica, e formas de preparo dos remédios caseiros, além de coleta do material botânico e produção de exsicatas. As famílias com maior representatividade na pesquisa foram Fabaceae (16 spp.), Euphorbiaceae (7 spp.), Cucurbitaceae e Malvaceae (3 spp.), e as demais com duas ou uma espécie cada. Nas preparações dos remédios caseiros verificou-se que todas as partes da planta são utilizadas, predominando as raízes (33,77%) e as cascas (29,87%). Observaram-se várias formas de preparo, sendo o chá a mais indicada (49,21%), seguida do lambedor (40,69%). Os dados encontrados revelaram que o conhecimento popular sobre as plantas medicinais é de extrema importância para o controle das afecções e contribui para a realização de estudos etnofarmacológicos.

Caatinga; etnobotânica; plantas medicinais; Ceará


The present study aimed to survey the native medicinal plants in the biome Caatinga in the community of Sítio Nazaré from Milagres, in Ceará, Brazil. Semi-structured interviews with 100 persons, from 25 to 85 years old, were recorded. Sixty-two species were pointed for medical information on use, used plant part, therapeutic indication and methods of preparation of home remedies. We also prepared the collection of botanical material and production of exsiccates. The most representative families reported in this study were: Fabaceae (15 spp.), Euphorbiaceae (7 spp.), Cucurbitaceae and Malvaceae (3 spp.). On the preparation of remedies, we found that all parts of the plants were used, predominantly the roots (33.77%) and the barks (29.87%). The most common way of preparation observed was tea (49.21%), followed by syrup (40.69%). These collected data revealed that popular knowledge on medicinal Caatinga plants were important for disease control in the local population and it has contributed to other ethnopharmacology studies.

Caatinga; ethnobotanical; medicinal plants; Ceará


INTRODUÇÃO

Toda sociedade humana acumula um acervo de informações que a possibilita interagir e prover suas necessidades de sobrevivência. O ser humano foi e, ainda é, importante agente de mudanças vegetacionais e de evolução vegetal, porque sempre foi dependente do meio botânico para a sobrevivência, manipulando-o não somente para suprir as necessidades mais urgentes, mas também na magia e medicina, no uso empírico ou simbólico, nos ritos gerenciadores da vida e mantenedores da ordem social (Albuquerque, 2005ALBUQUERQUE, U. P. Introdução à etnobotânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2005. 93p.). Reconhecer a importância das relações entre o homem e a natureza significa um avanço cognitivo (Santos et al., 2008SANTOS, M.R.A. et al. Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia. Horticultura Brasileira, v. 26, p. 244-250. 2008.).

Muitas comunidades rurais do nordeste estão inseridas em áreas de vegetação de caatinga, onde tiram seu sustento, através da agricultura, assim como, de produtos não madeireiros, como ervas medicinais, óleos, sementes, frutos. As plantas medicinais acabam sendo a única alternativa dessas comunidades para combater suas enfermidades, sendo o único recurso disponível. Para Pilla et al. (2006)PILLA, M.A.C. et al. Obtenção e uso de plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, Município de Mogi Mirim, SP, Brasil., Acta Botanica Brasilica v.20, n.4, p.789-802. 2006. Disponível em:<http://www.ibb.unesp.br/servicos/publicacoes/rbpm/pdf _v12_n1_2010/v12_n01_31_42.pdf>. Acesso em: 07 mar. 2011.
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, à medida que a relação com a terra passa por uma modernização e o contato com centros urbanos se intensifica, a rede de transmissão do conhecimento sobre plantas medicinais pode sofrer alterações, sendo necessário com urgência fazer o resgate deste conhecimento e das técnicas terapêuticas, como uma maneira de deixar registrado este modo de aprendizado informal.

A partir de levantamentos em determinadas comunidades locais pode-se averiguar as potencialidades dos recursos vegetacionais, desde medicinais, alimentares, madeireiros, forrageiros, assim como, as formas de uso repassado para futuras gerações pelos moradores.

Através disso, o estudo da etnobotânica busca não só o registro do uso dos recursos vegetais presentes em determinada área, mas as formas de manejo como são empregadas por comunidades tradicionais. O conhecimento repassado de geração a geração nas comunidades tradicionais, sobre os recursos terapêuticos das plantas encontradas em seu ambiente natural pode ser um instrumento importante, como por exemplo, para indústria farmacêutica na elaboração de novos medicamentos. A etnobotânica é citada na literatura como sendo um dos caminhos alternativos que mais evoluiu nos últimos anos para a descoberta de produtos naturais bioativos (Maciel et al., 2002MACIEL, M.A.M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Revista Química Nova, v. 23, n. 3, p. 429-438. 2002.).

O objetivo do presente trabalho foi realizar o estudo etnobotânico de espécies vegetais nativas utilizadas como plantas medicinais por moradores locais da comunidade do Sítio Nazaré, município de Milagres-CE. Para isso foram investigados: as partes das plantas utilizadas, as principais doenças combatidas, a forma de preparo e uso dos medicamentos e número indicado de plantas por informantes.

MATERIAL E MÉTODOS

O Sítio Nazaré está situado a 5 km do município de Milagres, as margens da BR 116, próxima a Reserva Lega da Fazenda Nazaré, onde esta foi dividida em duas áreas: A1 (07º17'52''S e 38º54'26,6''W) e A2 (07º17'41,15''S e 38º54'57,6''W) (Figura 1). O município de Milagres está localizado na mesorregião do Sul cearense e na microrregião de Brejo Santo, com área de 577 Km², 499 km da capital Fortaleza (IBGE, 2010).

FIGURA 1.
Localização da área de estudo, Sítio Nazaré, município de Milagres, CE:

Possui um clima semiárido, conforme a classificação de Köppen é do tipo BSh', tropical quente, temperatura média anual de 26°C. A precipitação média anual é de 939 mm, com período chuvoso de fevereiro a abril. O relevo inclui a Chapada do Araripe e Depressão sertaneja. Os solos em sua maioria são litólicos, podzólico vermelho-amarelo e vertissolo (IPECE, 2009IPECE. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Perfil Básico Municipal: Milagres. Fortaleza, 2009. Disponível em:<http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/perfil_basico/pbm-2009/Milagres_Br_office.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2010.
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).

A coleta de dados foi feita mensalmente na comunidade rural do Sítio Nazaré, no período de janeiro a dezembro de 2011, na estação chuvosa e seca. Utilizaram-se observação participante, entrevistas semiestruturadas e estruturadas (Albuquerque & Lucena, 2004ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P. Métodos e técnicas de pesquisa etnobotânica. Recife: Livro Rápido/ NUPEEA, 2004. 189p.), buscando obter informações sobre o potencial medicinal e características botânicas das plantas utilizadas.

Foram entrevistados 100 (cem) moradores entre 25 a 85 anos, sendo considerados especialistas locais (raizeiros, mateiros, agricultores, rezadeiras, donas-de-casa), onde se utilizou como técnica de amostragem a metodologia proposta por Bailey (1994)BAILEY, K. Methods of social research. 4.ed. New York: The Free Press, 1994. 588p., chamada "bola de neve" (snow ball), onde o primeiro especialista entrevistado indica o próximo, e assim por diante, até chegar o final do estudo, onde todos especialistas da comunidades estejam entrevistados . O grau de escolaridade da maioria dos entrevistados foi o 5º ano do Ensino Fundamental, onde a vida cotidiana está voltada à agricultura familiar. Residem em casas de alvenaria, sem saneamento básico, apesar de possuir no local, um Posto de Saúde, onde são realizadas as consultas uma vez por semana.

A coleta do material vegetativo fértil (com flor, fruto) foi realizada na Reserva Legal, que em seguida, foram feitas exsicatas e duplicatas, realizando todo processo de herborização proposto por Bridson & Forman (1998)BRIDSON, D.; FORMAN, L. The herbarium handbook. Kew: The Royal Botanic Gardens, 1998. 732p., onde foram depositadas no Herbário CSTR, da Universidade Federal de Campina Grande, sendo incorporadas à sua coleção. Análises morfológicas para as identificações, descrições das espécies foram realizadas com auxílio de chaves analíticas, diagnoses encontradas na bibliografia, e os nomes científicos das espécies estão de acordo com o site Forzza et al.(2012)FORZZA, R.C. et al. Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:< http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/>. Acesso em: 10 abr. 2012.
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.

A frequência relativa das plantas medicinais foi calculada no Programa Excel, conforme Martins (1979)MARTINS, F. R. O método de quadrantes e a fitossociologia de uma floresta residual no interior do Estado de São Paulo: Parque Estadual de Vassununga. 1979. 239p. Tese (Doutorado- Área de Concentração em Ciências), Departamento de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo., Castro (1987) CASTRO, A. A. J. F. Florística e fitossociologia de um cerrado marginal brasileiro, Parque Estadual de Vassununga, Santa Rita do Passa Quatro- SP. 1987. 240p. Dissertação (Mestrado- Área de Concentração em Ciências Biológicas), Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas., Rodal et al (1992)RODAL, M.J.N. et al. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico - ecossistema caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil/Seção Regional de Pernambuco. 32p. 1992.. Apenas as plantas que apresentaram frequência de citação ≥ 5% foram consideradas para fins de discussão.

Um checklist foi elaborado contendo nomes científicos e populares, bem como finalidades terapêuticas, formas de uso, parte(s) utilizada(s) e indicação das espécies mencionadas pelos informantes locais.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Foram citadas 62 espécies, 31 famílias e 53 gêneros, sendo 2 espécies identificadas apenas a nível de gênero (Sapium sp.; Ocimum sp.) (Tabela 1). As famílias com maior representatividade foram Fabaceae (16 spp.), Euphorbiaceae (7 spp.), Cucurbitaceae e Malvaceae (3 spp.) e, as demais com duas ou uma espécie cada. Muitos trabalhos realizados no bioma Caatinga como o de Roque et al. (2010), Albuquerque & Andrade (2002), Florentino et al. (2007)FLORENTINO, A.T.N.; ARAÚJO, E.L.; ALBUQUERQUE, U.P. Contribuição de quintais agroflorestais na conservação de plantas da caatinga, município de Caruaru, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.21, n.1, p.37-47, 2007. reforçam a existência de espécies medicinais nativas do bioma na região nordeste.

TABELA 1.
Espécies medicinais utilizadas pela comunidade do Sítio Nazaré, município de Milagres-CE. Convenções: Voucher (Herbário CSTR); NI/PI = Número de Indicações por Plantas pelos Informantes;*Plantas consideradas para fins de discussão.

Nesta pesquisa foram dada ênfase apenas as espécies medicinais nativas e sendo consideradas para fins de discussão, as espécies com frequência de citação ≥ 5%, por ter sido citada diversas vezes entre os entrevistados. Para comprovar o nome das espécies utilizou-se, para esta finalidade bibliografia especializada.

Dentre as 62 espécies medicinais indicadas durante as entrevistas, H. courbaril (9,5%), A. cearensis (9,2%), M. urundeuva (8,4%) e C. grewioides (8,3%) foram as mais citadas pelos informantes da comunidade do Sítio Nazaré, seguidas das demais que tem suas particularidades, na cura de várias enfermidades, como gripes, resfriados, tosse, e sendo entre muitas das plantas medicinais local, repassadas pelos povos mais antigos como "plantas milagrosas" (Tabela 2).

TABELA 2.
Espécies consideradas pelos informantes significativas para cura de enfermidades. NI/PI: Número de Indicações por Plantas pelos Informantes; FR: Frequência Relativa (≥ 5%).

No Sítio Nazaré a idade dos informantes foi entre 25 a 85 anos, onde a faixa etária entre 36 a 45 anos, entre ambos os sexos, obteve uma maior porcentagem, correspondendo a 28%. O maior número de entrevistados pertence ao sexo feminino (67%). A presença da mulher se destacou, devido ao fato de passar mais tempo em casa e ser a responsável por cuidar do ambiente familiar, enquanto o homem dedica suas atividades fora de sua residência. Estudos realizados por Marinho et al. (2011MARINHO, M.G.V. et al. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em área de caatinga no município de São José de Espinharas, Paraíba, Brasil., Revista Brasileira de Plantas Medicinais Botucatu, v.13, n.2, p.170-182, 2011.), no município São José de Espinharas-PB, dos informantes entre 30 a 60 anos, (70%) foi do sexo feminino, assim como, Silva et al. (2012SILVA, W.A. et al. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais na cidade de São João da Ponte-MG. Revista de Biologia e Farmácia-BioFar, v. 7, n 1, p. 122-131, 2012.), no município de São João da Ponte-MG confirma que 77% dos entrevistados entre 28 a 78 anos, pertenciam ao sexo feminino, sendo verificados os dados percentuais na pesquisa em estudo.

O tempo de residência dos informantes numa escala de 2 até mais de 50 anos, 30% (30 a 50 anos) moram no local, onde os demais foram embora para a cidade ou se destinaram para outros Estados, como por exemplo, o Sudeste do Brasil, para trabalharem em indústrias, na construção civil, grandes plantações agrícolas, em busca de melhores condições de vida.

A maioria dos entrevistados afirmou que obteve o conhecimento adquirido sobre o uso das plantas medicinais através dos pais (74%), verificando que os demais relataram ter informações sobre as plantas medicinais com tios, vizinhos e até mesmo, com os filhos mais jovens (Figura 2). Marinho (2006MARINHO, M.G.V. Levantamento de plantas medicinais em duas comunidades do Sertão Paraibano, Nordeste do Brasil, com ênfase na atividade Imunológica de Amburana cearensis (F. All.) A. C. Smith (Fabaceae). 2006.171p. Tese (Doutorado - Área de Concentração em Farmacologia), Departamento de Farmácia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.) verificou no município de São José de Espinharas - PB, que 85% dos entrevistados adquiriram o aprendizado sobre as plantas medicinais com os pais.

FIGURA 2.
Herança de conhecimento das espécies de plantas medicinais dos moradores do Sítio Nazaré, município de Milagres-CE.

Para obter um estudo comparativo sobre as partes e formas de uso das plantas medicinais, a opinião entre homens e mulheres foi dividida, como forma de investigar o saber adquirido por estes gêneros ao longo de suas gerações. Para preparação dos remédios caseiros, as partes utilizadas foram raízes, cascas do caule, folhas, flores, frutos e sementes, onde se verificaram que (33,77%) dos homens utilizavam às raízes e (29,51%) das mulheres as cascas do caule, embora as folhas sejam procuradas para cura das enfermidades dos homens (28,96%) e mulheres (32,47%) (Figura 3). Oliveira et al. (2005)OLIVEIRA, R.L.C. et al. Tópicos em conservação, etnobotânica e etnofarmacológica de plantas medicinais. Recife: NUPEEA/ Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia. p. 165-88. 2005. relatam para o município de Caruaru-PE, que as plantas medicinais localmente disponíveis fornecem estruturas perenes (cascas, entrecascas e raízes) para uso medicinal, assim como, as não perenes (folhas, flores e frutos), onde o uso medicinal das espécies em questão, não significam sua utilização efetiva, mas o seu conhecimento sobre o uso de forma empírica.

FIGURA 3.
Partes utilizadas das plantas medicinais pela comunidade do Sítio Nazaré, município de Milagres-CE.

Diversas formas de preparo dos remédios caseiros foram indicadas por homens e mulheres, como lambedor, xarope, chás por decocção e infusão, macerado em água, álcool, cachaça e vinho, banho de assento, compressas e outros. Verificou-se entre as mulheres (43,45%) e os homens (49,21%), que o chá foi à forma de preparo mais citada, seguido de lambedor (40,69%) e (33,33%), respectivamente para curar as enfermidades (Figura 4). Trabalhos como o de Marinho et al. (2011)MARINHO, M.G.V. et al. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em área de caatinga no município de São José de Espinharas, Paraíba, Brasil., Revista Brasileira de Plantas Medicinais Botucatu, v.13, n.2, p.170-182, 2011., Baldauf et al. (2009)BALDAUF, C. et al. "Ferveu, queimou o ser da erva": conhecimentos de especialistas locais sobre plantas medicinais na região Sul do Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.11, n.3, p.282-291, 2009., reforçam esta prática.

FIGURA 4.
Formas de uso das plantas medicinais entre os informantes do Sítio Nazaré, município de Milagres-CE.

A troca de informações, desde os mais velhos aos mais jovens, é recíproca e dinâmica, em que a relação homem-planta medicinal se completa e mantém vivo o conhecimento. Vários dos informantes relataram que na ausência de remédios convencionais, encontram como alternativa imediata, à espécie Croton grewioides (canelinha de cheiro), para amenizar os sintomas considerados simples, como por exemplo, gripe e tosse, sem contar que eles a utilizam como uma bebida quente, na falta do pó de café no período da tarde.

O interesse de repassar o conhecimento sobre as plantas que fazem bem à saúde para as gerações seguintes foi retratado pela comunidade estudada, assim como, a interação com o meio ambiente, em busca de prover meios de sobrevivência.

Durante a realização deste trabalho, observou-se que, apesar da comunidade do Sítio Nazaré estar inserida em uma área de fácil acesso, ter a implantação de um Posto de Saúde, localizado próximo à sede do município de Milagres-CE, muitas pessoas ainda mantêm a forma tradicional de curar suas enfermidades, através das plantas medicinais.

A partir de pesquisas com plantas medicinais, tendo como referência comunidades rurais, o pesquisador, acaba sendo de certa forma, um norteador, o qual pode e deve planejar caminhos que orientem no manejo da vegetação e conservação das espécies ocorrentes na área estudada, tendo em vista, que a Caatinga que tem as suas particularidades relevantes para a comunidade local. Desta forma, oferece-se uma importante contribuição, afim de que surjam outras pesquisas para ampliar o conhecimento do bioma, especialmente no que se refere à exploração racional dos seus recursos naturais.

AGRADECIMENTO

À comunidade do Sítio Nazaré pela receptividade e disponibilidade durante os trabalhos de campo e pelos momentos de aprendizado. Ao senhor Fernando Tavares, proprietário da Reserva Legal, pela permissão e contribuição nesta pesquisa. À CAPES pela concessão de bolsa para realização deste trabalho.

  • ALBUQUERQUE, U. P. Introdução à etnobotânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2005. 93p.
  • ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L.H.C. Uso de recursos vegetais da Caatinga: o caso do agreste do estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil). Interciência, v.27, n.7, p.336-46, 2002.
  • ALBUQUERQUE, U.P.; LUCENA, R.F.P. Métodos e técnicas de pesquisa etnobotânica. Recife: Livro Rápido/ NUPEEA, 2004. 189p.
  • BAILEY, K. Methods of social research. 4.ed. New York: The Free Press, 1994. 588p.
  • BALDAUF, C. et al. "Ferveu, queimou o ser da erva": conhecimentos de especialistas locais sobre plantas medicinais na região Sul do Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.11, n.3, p.282-291, 2009.
  • BRIDSON, D.; FORMAN, L. The herbarium handbook. Kew: The Royal Botanic Gardens, 1998. 732p.
  • CASTRO, A. A. J. F. Florística e fitossociologia de um cerrado marginal brasileiro, Parque Estadual de Vassununga, Santa Rita do Passa Quatro- SP. 1987. 240p. Dissertação (Mestrado- Área de Concentração em Ciências Biológicas), Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
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  • MACIEL, M.A.M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Revista Química Nova, v. 23, n. 3, p. 429-438. 2002.
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  • RODAL, M.J.N. et al. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico - ecossistema caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil/Seção Regional de Pernambuco. 32p. 1992.
  • SANTOS, M.R.A. et al. Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia. Horticultura Brasileira, v. 26, p. 244-250. 2008.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    04 Jun 2012
  • Aceito
    24 Jun 2014
Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais, Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Farmácia, Bloco T22, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 - Maringá - PR, Tel: +55-44-3011-4627 - Botucatu - SP - Brazil
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