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A recodificação pós-moderna da perversão: sobre a produção do comportamento de consumo e sua gramática libidinal

The post-modern recodification of perversion: on the production of consumer behavior and its libidinal grammar

Resumos

Considerando a crítica de Adorno à indústria cultural, a qual torna a cultura um meio de produção do comportamento de consumo, tentamos demonstrar como a gramática da perversão tende a monopolizar as formas de prazer na pós-modernidade. De acordo com nossa hipótese, a produção de consumo recodifica o recalcamento originário concebido por Freud: tal gramática suprime a satisfação libidinal de forma análoga à repressão primária, contudo, ao invés de utilizar as tensões insatisfeitas da libido para o trabalho, ela direciona a satisfação erótica para o prazer de consumir. Desta forma, ela formata a satisfação perversa para que esta se coadune com os interesses da economia.

Consumo; recalcamento originário; indústria cultural; sublimação; libido


Assuming Theodore Adorno's criticism about the cultural industry, which turns it into a means of production of consumer behavior, we try to demonstrate how the grammar of perversion tends to monopolize the forms of pleasure in post-modernity. According to our hypothesis, consumer production recodifies the primal repression conceived by Freud: that grammar suppresses libidinal satisfaction in the same manner that primal repression does. However, instead of utilizing dissatisfied powers of the libido into work, such grammar directs erotic surfeit towards the pleasure of consuming: this way, it follows the perverse model of satisfaction in order to attend the economic interests.

Consumers; primal repression; cultural industry; sublimation; libido


ARTIGOS

The post-modern recodification of perversion. On the production of consumer behavior and its libidinal grammar

Nelson da Silva JuniorI I Psicanalista; doutor pela Universidade Paris VII; professor do Instituto de Psicologia da USP e do Instituto Sedes Sapientiae; membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Autor de Le fictionnel en psychanalyse. Une étude à partir de l'œuvre de Fernando Pessoa. nesj@terra.com.br II Psicólogo; mestrando do Departamento de Psicologia Social da USP. Autor de "As destruições intencionais do corpo; sobre a lógica do traumático na contemporaneidade", in Perversão, variações clínicas em torno de uma nota só. danielrlirio@yahoo.com.br ; Daniel Rodrigues LirioII

RESUMO

Considerando a crítica de Adorno à indústria cultural, a qual torna a cultura um meio de produção do comportamento de consumo, tentamos demonstrar como a gramática da perversão tende a monopolizar as formas de prazer na pós-modernidade. De acordo com nossa hipótese, a produção de consumo recodifica o recalcamento originário concebido por Freud: tal gramática suprime a satisfação libidinal de forma análoga à repressão primária, contudo, ao invés de utilizar as tensões insatisfeitas da libido para o trabalho, ela direciona a satisfação erótica para o prazer de consumir. Desta forma, ela formata a satisfação perversa para que esta se coadune com os interesses da economia.

Palavras-chave: Consumo, recalcamento originário, indústria cultural, sublimação, libido.

ABSTRACT

Assuming Theodore Adorno's criticism about the cultural industry, which turns it into a means of production of consumer behavior, we try to demonstrate how the grammar of perversion tends to monopolize the forms of pleasure in post-modernity. According to our hypothesis, consumer production recodifies the primal repression conceived by Freud: that grammar suppresses libidinal satisfaction in the same manner that primal repression does. However, instead of utilizing dissatisfied powers of the libido into work, such grammar directs erotic surfeit towards the pleasure of consuming: this way, it follows the perverse model of satisfaction in order to attend the economic interests.

Keywords: Consumers, primal repression, cultural industry, sublimation, libido.

INTRODUÇÃO: PÓS-MODERNIDADE E RAZÃO INSTRUMENTAL

O termo 'perversão' abrange hoje um campo de significações extremamente amplo. Para além de seu sentido moral (presente na linguagem natural) e de seu sentido psicopatológico (presente na linguagem científica), a significação do termo 'perversão' possui também uma vocação heurística. Com efeito, à medida que a Psicanálise revela a participação das estruturas psicopatológicas no funcionamento normal, a perversão pode ser considerada uma chave interpretativa de numerosos processos sociais da atualidade. A economia de mercado, por exemplo, uma vez que depende do consumo, tem desenvolvido tecnologias de coerção psíquica, na qual participam processos psíquicos evidenciados pela psicopatologia da perversão. De modo que o apelo ao consumo tem adquirido a importância crescente na vida cotidiana e, assim, processos psíquicos até agora exclusivos à perversão enquanto patologia passam a ter presença cada vez maior na cultura. À medida que há uma cultura de massa organizada para a produção do consumo, cuja presença tem se tornado hegemônica nos processos psicossociais, pode-se conceber uma banalização da perversão a ela atrelada.

Ora, uma reflexão psicanalítica conseqüente deveria posicionar-se de forma ao mesmo tempo crítica e não normativa. Esta difícil passagem entre Sila e Caribdes deveria, assim, evitar a mera constatação de uma irremediável degenerescência perversa da cultura e, ao mesmo tempo, buscar um ponto de vista que, ao examinar os bastidores da massificação de fenômenos perversos, trouxesse à superfície seu sentido profundo, ou seja, sua articulação orgânica e necessária com estruturas sociais legítimas, oficiais e, portanto, aparentemente independentes de tais fenômenos. Nesse sentido, um dos objetivos do presente texto é propor uma articulação entre a mercadorização da perversão e a inquietante hegemonia da economia sobre o sujeito no mundo contemporâneo, tomando a esfera econômica como uma destas estruturas socialmente legítimas e sem vínculo aparente com a massificação dos fenômenos perversos.

Para tanto, será preciso acompanhar as mudanças na articulação entre a cultura e a economia libidinal de seus membros. Conforme a nossa perspectiva, a economia desempenha papel tão importante na formatação da cultura que a sua influência direta na constituição das subjetividades deve ser investigada. Sugerimos que a passagem da organização socioeconômica moderna, com base na necessidade de produção e de trabalho, para a organização pós-moderna, caracterizada pela forma da reprodução e do consumo, induz, do ponto de vista psicanalítico, à passagem da neurose para a perversão. Ao longo do texto, tentaremos compreender algumas linhas gerais deste percurso, enfatizando as tecnologias da imagem como força motriz principal.

A MODELAÇÃO SOCIAL

Com efeito, uma das características mais apontadas como a marca da 'pós-modernidade' se localiza, precisamente, na preocupante subordinação da cultura e da subjetividade ao registro econômico. Tal diagnóstico não é, contudo, exclusivo do chamado 'período pós-moderno da cultura'.

Desde seus escritos iniciais, em que o papel da libido ainda é fortemente considerado, Erich Fromm teoriza sobre a influência da cultura no funcionamento psíquico. A partir de uma teoria crítica marcada pela influência da psicanálise e do marxismo, ele relaciona os interesses econômicos, considerados a partir de seu papel no funcionamento e organização da esfera social como um todo, com a ideologia produzida por esses interesses. Fromm se dedica a investigar como tal ideologia poderia ser assimilada ao jogo pulsional de cada um dos integrantes da sociedade. Em outras palavras, as ideologias serão por ele compreendidas como produtos da interação entre o aparelho pulsional e a condição socioeconômica (ROUANET, 1998).

Desenvolvendo uma perspectiva marxista de ideologia, a crítica de Fromm busca articular dois extremos da vida psíquica: aqueles da esfera ou caráter social com os da esfera ou caráter individual. Por um lado, a ideologia se cristalizaria como um caráter social ideal, promovido pela cultura. Por outro, o processo de socialização adaptaria cada caráter individual ao caráter social. O caráter social se constitui, assim, como um esquema mediador representante dos interesses econômicos, organizando, por categorias, no indivíduo, uma economia pulsional adequada aos mesmos. O mais interessante é que, à medida que essa ideologia é cristalizada, naturalizada, tornando-se uma espécie de fundamento de um sistema de gratificações libidinais, os membros da sociedade não se dispõem a questionar os comportamentos impostos, pois supõem estarem seguindo seus próprios prazeres, e, em última instância, agindo livremente. Em suma, os membros são levados a desejar agir como têm de fazê-lo (FROMM, 1955/1976).

Portanto, quanto mais eficiente o aparelho ideológico tanto mais as pessoas aderem ao sistema e, por retroalimentação, melhor ele atingirá suas metas. Contudo, o fato de os interesses dominantes constituírem demandas diferentes ao longo do tempo implica a compreensão do caráter social como historicamente variável. Esta é, aliás, uma das críticas de Fromm a Freud, pois a personalidade não seria conseqüência apenas da história individual, mas também do contexto social. Ou seja, as neuroses investigadas por Freud também seriam conseqüências de um capitalismo que promove o controle, a parcimônia e a obstinação. Fromm, por sua vez, procura compreender o caráter social sadomasoquista — segundo ele, o fundamento do autoritarismo especialmente presente no nazismo.

Autor próximo a Erich Fromm do ponto de vista intelectual, Theodor Adorno também propôs, sobretudo a partir dos terrores da Segunda Guerra Mundial, um sombrio diagnóstico cultural do Ocidente, a saber, a redução da razão humana a modos de pensamento puramente instrumentais, a mercadorização da cultura sob a forma da indústria cultural, e a submissão dos interesses humanos a prioridades econômicas. O aspecto preocupante, conforme Adorno, diz respeito ao funcionamento da racionalidade humana que, longe de se constituir em mera ferramenta de domínio da natureza, volta-se contra a própria natureza do homem.

É importante notar que tanto o modelo de Fromm a respeito da ideologia como fundamento de um sistema de gratificações libidinais, quanto o modelo adorniano do retorno da racionalidade instrumental no âmbito da indústria cultural, chamaram a atenção — de modo profético, poder-se-ia dizer — para além do estatuto de mercadoria da cultura, também para o fato de a ideologia tornar-se um meio de produção de comportamentos.

Não escapou a ambos que tais comportamentos eram essencialmente harmônicos com uma (falsa) experiência de liberdade. Ora, esta (falsa) experiência de liberdade é um fenômeno indissociável da nova economia e daquilo que se tornou seu principal modo de produção, a saber, a produção do comportamento de consumo. Segundo pensamos, esta transformação na própria economia dependia do desenvolvimento e da utilização estratégica de um novo know-how: a tecnologia da imagem, isto é, um conjunto de técnicas capaz de criar, depurar e transmitir imagens. Com efeito, para além, ou aquém do que Marx chamou de 'ideologia', cuja construção era essencialmente narrativa, a economia exerce hoje seu poder sobre o psiquismo por meio da manipulação da imagem. Tal tecnologia é fundamentalmente análoga, mas materialmente diferente daquela do controle libidinal das ideologias apontada por Fromm, assim como da razão instrumental, segundo Adorno. Segundo nossa hipótese, um inquietante efeito de rebote sobre a subjetividade promovida na versão imagética do controle pode ser constatado no fenômeno da administração da perversão no momento atual da cultura. Tal efeito, contudo, está ligado à particularidade das vicissitudes da economia libidinal quando esta trabalha com imagens, vicissitudes muito diversas daquelas resultantes do trabalho psíquico com as palavras e narrativas, inerente à ideologia.

Tanto a tecnologia ideológica como a tecnologia da imagem buscam a adequação dos membros a determinados objetivos, seja a produção, seja o consumo. A tecnologia da imagem, contudo, promove não apenas a produção e venda de mercadorias através de imagens e discursos veiculados no cinema, televisão, rádio, Internet etc.; mas, sobretudo, a produção de sujeitos com função de exercer com a máxima perfeição possível o papel de consumidor. Isto se viabiliza tanto pela construção planificada de discursos e valores como pela utilização da própria imagem como um elemento definidor do sujeito, sofisticando ao extremo a imagem enquanto instrumento da venda de um "estilo de existência". Com isto, paradoxalmente, promete-se a venda planificada de algo que, segundo Joel Birman (1996, 2001), só poderia ser construído via uma trajetória singular de vida e de embate com as próprias limitações. Com efeito, em última instância, em tal processo de mercantilização, a imagem ou marca do produto termina por valer mais do que o produto em si, tornando-se o meio e o fim do consumo. Isto permitiu a Jameson (2001) definir o momento atual da economia como aquele da imagem como mercadoria pura, quando por fim a mercadoria se emancipou de todo e qualquer substrato material.

De fato, a apropriação econômica do psiquismo na atualidade caracteriza-se, sobretudo, pelo aspecto exponencial deste processo de tradução e criação de formas de subjetivação em elementos que as tornem acessíveis à lógica mercantil. Assim, não apenas ideais estéticos e sensoriais podem se tornar meio da indústria do consumo de, por exemplo, roupas, hábitos de higiene ou alimentares; mas também as relações de matrimônio ou de amizade, identidades, prazeres eróticos, valores morais, e mesmo formas de adoração religiosa. Em resumo: a era da imagem como mercadoria pura permite a transformação de qualquer processo psíquico em uma ferramenta eficaz da produção de consumo. Para tanto, deve-se simplesmente, a cada vez, seja recodificar velhas experiências humanas em comportamentos comercializáveis, seja criar novas necessidades. Por exemplo, a tristeza e as frustrações reais do homem comum devem ser primeiramente isoladas de seu contexto social e renomeadas como depressão de origem orgânica, para que, em seguida, o medicamento eficaz para sua supressão seja apresentado como acesso imediato à felicidade (BOLGUESE, 2004).

Ora, não é novidade a subsunção das formas de prazer a esta lógica de recodificação mercantil. A criação regular de novos ideais estéticos é por demais previsível e evidente para que não se perceba seu caráter instrumental na circulação de mercadorias. A hipótese de uma administração da perversão na cultura como intrinsecamente ligada à nova economia inspira-se, contudo, em um fenômeno social inteiramente novo, descrito, entre outros, por Zigmunt Bauman (1998). Trata-se do caráter imperativo do prazer na moderna sociedade de consumo, elemento indissociável de uma transformação global da sociedade enquanto tal. Bauman chama a atenção, sobretudo, para a mudança de valores decorrente da oficialização do paradigma neoliberal enquanto o projeto oficial da comunidade como um todo:

"o desvio do projeto da comunidade como defensora do direito universal à vida decente e dignificada para o da promoção do mercado como garantia suficiente da universal oportunidade de auto-enriquecimento aprofunda mais o sofrimento dos novos pobres, a seu mal acrescentando o insulto, interpretando a pobreza com humilhação e com a negação da liberdade do consumidor, agora identificada com a humanidade". (BAUMAN, 1998, p.34)

Para a psicanálise, antes de tudo, trata-se de compreender a inquietante eficácia deste novo ideário e seus efeitos sobre o psiquismo. A eficácia libidinal deste imperativo tem como correlato a reconstrução da perversão enquanto a modalidade do prazer pós-moderno par excellence. A gravidade destes efeitos exige que busquemos compreender a lógica interna, as regras e princípios deste novo modo de prazer na subjetividade, isto é, a gramática subjacente ao seu funcionamento. Tal organização, segundo nossa hipótese, reedita o recalcamento originário concebido por Freud, mas o faz de modo ligeiramente diverso. Pois, se num primeiro momento, tal como no recalcamento originário, esta gramática suprime uma série de satisfações libidinais, em sua segunda etapa, em vez de empregar as forças libidinais insatisfeitas no trabalho, ela permite a saciedade erótica no prazer de consumir. Examinemos os princípios desta mímesis mercantil da perversão a partir da hipótese freudiana do recalcamento das pulsões pré-genitais e sua relação com a instauração da ordem cultural.

O RECALQUE ORIGINÁRIO E A CIVILIZAÇÃO

Em uma nota de O mal-estar na civilização, Freud examina o papel da passagem da marcha horizontal do homem para o bipedismo no processo civilizatório:

"A atrofia da sensibilidade olfativa parece ser um efeito do distanciamento da terra pelo ser humano, da decisão pela marcha ereta. (...) A atração pela limpeza surge da ânsia de afastar os excrementos, os quais se tornaram desagradáveis à percepção. Como sabemos, os excrementos não geram asco nas crianças. (...) Sua desvalorização [pela educação] mal seria realizável se as matérias provenientes do corpo não fossem condenadas, pelos seus fortes odores, ao mesmo destino dos estímulos olfativos após o posicionamento ereto do homem e sua distância do solo. O erotismo anal sofre, portanto, um 'recalcamento orgânico', que prepara o caminho para a cultura." (FREUD, 1930/1982, p. 229-330)

Conforme esclarecem Laplanche & Pontalis (1992), para ocorrer o recalque (Verdrängung) é necessária uma atração da representação em questão por conteúdos já em estado de inconsciência. Portanto, o recalque originário, ao constituir as primeiras formações inconscientes, não poderia, ele mesmo, instaurar-se por meio de investimentos do Inconsciente, mas, exclusivamente, via contra-investimento. Este seria o deslocamento da energia de uma representação para uma outra que lhe substitua em importância com o intuito de bloquear seu acesso ao sistema Pré-consciente, determinando, por isso, o seu recalque. Ao tratarmos o recalcamento orgânico como originário, estamos, logicamente, enfatizando a apropriação pelo registro visual de uma energia a princípio destinada ao corpo e demais conteúdos sensoriais não visuais.

Na passagem para a posição ereta, o deslocamento do centro de gravidade da vida pulsional para o registro visual é concomitante à supressão de outras formas de satisfação sexual que seriam então diretamente sublimadas para a cultura. Esta hipótese é apresentada nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), quando, segundo Freud, são as pulsões pré-genitais que devem sofrer a sublimação. Nesse sentido, Freud dirá que "as forças utilizadas para o trabalho cultural se originam, em grande parte, da repressão dos elementos perversos da excitação sexual" (FREUD, 1905/1982, p.141). Aparentemente tudo se encaixa bem na concepção freudiana das relações entre a cultura e a sexualidade, pois a primeira só retira da sexualidade aquilo que nela é supérfluo para a reprodução.

O antagonismo na obra freudiana entre a cultura e a vida pulsional remonta a 1897. Em 31 de maio, em carta a Fliess, Freud escreve que o incesto "é anti-social. A cultura se constitui nessa contínua renúncia". Já em A sexualidade na etiologia das neuroses, de 1898, Freud aponta de modo explícito para o papel etiológico da civilização: "certamente também a nossa civilização pode ser responsabilizada enquanto preparatória da neurastenia" (FREUD, 1898/1982, p.29). Com efeito, esta oposição aparece claramente na teoria freudiana do período de latência como essencial ao desenvolvimento da sexualidade humana, quando se confirmam as "relações antagônicas entre a cultura e desenvolvimento livre da sexualidade" (FREUD, 1905/1982, p.144).

Este momento da teoria freudiana corresponde à sua primeira formulação da perversão, compreendendo-a como a corrupção da gramática natural dos relacionamentos eróticos, a saber, uma pessoa tem relação sexual genital com uma pessoa do sexo oposto, permitindo a procriação e atingindo o orgasmo. Nesta equação, os termos periféricos 'uma pessoa' e 'orgasmo' se mantêm, enquanto os termos internos 'relação sexual genital', 'sexo oposto' e/ou 'procriação'serão substituídos. O resultado é uma versão da sexualidade tão rígida quanto a genital 'normal', exceto por utilizar uma das configurações possíveis do período pré-genital do desenvolvimento como eixo organizador. A versão vencedora detém as rédeas das outras formulações, impondo seus destinos: reversão no oposto, retorno em direção a si mesmo, recalcamento e sublimação; tal como o neurótico comum faz com seus impulsos pré-genitais, isto é, perversos.

A PRIMAZIA DA IMAGEM NA VIDA PULSIONAL COTIDIANA E A DISTÂNCIA DO CORPORAL

Enuncia-se, desse modo, uma questão: de que modo a produção do consumo opera uma reedição mimética do recalcamento originário freudiano ligado à passagem para a marcha bípede? Segundo nossa hipótese, este processo está ligado ao modo como a imagem assumiu um papel fundamental na experiência pulsional cotidiana. Com efeito, a mercadoria pura não ocorre de modo pontual ou esporádico, mas sim no interior de uma verdadeira hegemonia da imagem, hegemonia esta apenas potencializada pelo espaço virtual. Retomamos, aqui, a expressão 'espaço virtual' na concepção de Jean Baudrillard, para quem ele transcende em muito o mero espaço virtual das telas dos monitores, sendo já completamente indissociável do mundo real. Assim, afirma que "não é preciso entrar no duplo virtual da realidade, diz Baudrillard (2000), já estamos nele — o universo televisual é apenas um detalhe holográfico da realidade global" (p.12). Como se sabe, a imagem holográfica possui o todo em cada um dos seus detalhes. No filme Matrix, de Andy & Larry Wachowsky (1999), por exemplo, o tema da imagetização total da experiência cotidiana é trabalhado de modo primoroso. O corpo humano — ou o que dele restou — torna-se a última fonte de energia de um mundo dominado pela compulsão automática das máquinas. Esta metáfora da mercadorização da força de trabalho inclui a criação de um mundo virtual, de modo a manter as 'pilhas' corporais trabalhando de forma adequada. Ora, o espaço virtual se define neste filme precisamente pelo seu desencarnamento e pela sua distância do corpo. Mas, seriam ainda corpos aqueles aglomerados de carne cujos espíritos vagueiam em um espaço virtual? Com efeito, o mundo virtualizado pressupõe um sujeito desvinculado de um corpo e, diante de sistemas informatizados interativos, cada sujeito despe-se em silêncio de seu invólucro corporal e passa a existir apenas na medida exata de suas respostas on-line. Esta nova modalidade ontológica da subjetividade já foi definida como 'identidade terminal', sendo antes um mero elemento do meio tecnológico do que propriamente originária e dependente de um corpo físico singular (SOTTO, 1998, p.80).

Temos aqui uma forma de alienação (Entfremdung), estrangeiramento, ou distanciamento de si. Entretanto, não se trata de forma criativa, como em Fernando Pessoa, em que o sair de si, o estranhar-se, possibilita um retorno a si, um embate com os próprios desejos, uma escuta do outro em si ou, nas palavras de Bernardo Soares, "desconhecer-se conscienciosamente", possibilitando "a análise paciente e expressiva dos modos de nos desconhecermos". Ao contrário, a alienação na sociedade da imagem é o distanciamento do próprio corpo e dos próprios desejos rumo a um outro cuja imagem corporal e o desejo são impostos compulsivamente por interesses financeiros. Quando o real do próprio corpo se faz visível, é desconhecido, qual fosse o corpo de um estranho, precisando ser transformado, pela plástica, lipoaspiração, tatuagem, piercing, branding, cutting, escarificação etc., para que o sujeito forje para si uma relação de reapropriação de si e de seu corpo, ainda que o faça segundo o modelo da propriedade de bens, modelo tragicamente incompatível com qualquer intimidade. Temos, então, a (já) clássica anedota: "—Este seio é mesmo seu? — Claro que sim, eu o comprei!"

O MIMETISMO DO RECALQUE ORIGINÁRIO NA CULTURA DO CONSUMO

Na vida pulsional cotidiana, tanto o sujeito quanto seus objetos encontram-se, portanto, privados de corporeidade física. As experiências fundamentais da existência humana — nascimento, vida e morte — estão sob a égide, senão sob o monopólio do elemento visual. Os bebês podem ser vistos antes do nascimento, pode-se determinar seu sexo e até mesmo concebê-los sem qualquer contato físico. A privação de outros elementos sensoriais, tais como o tato e o olfato, é praticamente hegemônica na atualidade. Ora, diante de tal privação, a indústria não se manteve indiferente, e hoje é um fato já consumado a reintrodução de cheiros e toques no cotidiano virtual a partir de avanços técnicos. Entretanto, em tal reintrodução planificada, estes prazeres pré-genitais já estão devidamente privados de todos os seus detalhes chocantes e realidades imprevisíveis, contribuindo para otimizar o desempenho do consumidor. Com efeito, não é de hoje que a tecnologia do marketing leva muito a sério a produção de ambientes artificiais. Já em 1956, a Goodyear e a General Motors gastaram cerca de 12 milhões de dólares neste tipo de pesquisa (MAZOYE, 2000; FRANK, 2001). Dessa maneira, na realidade construída para a produção do consumo, as satisfações pulsionais apoiadas sobre a percepção olfativa, tátil e, em certa medida, a cinética corporal, são objeto de uma recodificação tecnológica promissora do ponto de vista financeiro.

Retomemos sumariamente a gramática pulsional desta recodificação. Por um lado, na tecnologia do marketing, o mundo virtualizado de fato opera uma reedição do recalcamento orgânico, pois, ao depurar a realidade de todos os seus detalhes chocantes, ele ao mesmo tempo priva o sujeito de grande parte de seu prazer pré-genital, com sérias conseqüências sobre os processos de desfusão pulsional (SILVA JR., 2003). Mas, por outro lado, ao reeditar o recalcamento orgânico fundado no contra-investimento, é possível retomar a libido ali mantida em suspenso — em estase — e redirecioná-la para um prazer erótico devidamente associado às imagens da mercadoria. A libido represada volta então a formas não genitais de prazer erótico, segundo uma modalidade em essência masturbatória. Neste ponto, a mímesis mercantil dos prazeres potencializa e explora ao máximo a insatisfação constitutiva da lógica desejante, pois a concretização da satisfação erótica em comportamentos de compra deve ser sempre assintóptica, promovendo sua repetição ad infinitum. Portanto, a produção do consumo recodifica o prazer perverso segundo uma racionalidade instrumental da qual o sujeito dificilmente se libertará.

O leitor terá percebido aqui uma contradição: o capitalismo tardio — ou a sociedade da imagem, ou a pós-modernidade, de acordo com o aspecto que se deseja enfatizar — ao mesmo tempo promove o prazer perverso, o sadomasoquismo, a pedofilia, os comportamentos compulsivos; e reprime a perversão, ao "depurar a realidade de seus detalhes chocantes". Para encaminhar o problema, lançaremos mão de um outro integrante da chamada Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse.

A DESSUBLIMAÇÃO REPRESSIVA

Em consonância com Fromm, para quem a cultura leva os membros a desejarem aquilo que lhe é conveniente, Marcuse também denuncia a formatação dos desejos àquilo que a sociedade capitalista pode oferecer. Segundo Marcuse, a partir dos avanços tecnológicos do capitalismo monopolista, teria sido possível à esfera dominante assimilar tudo o que lhe era contrário, gerando a chamada 'cultura unidimensional'. A ideologia dessa cultura é capaz de reorganizar institucionalmente a realidade e os objetos de desejo no sentido de abolir a contradição entre eles.1 1 Perspectivas similares podem ser encontradas na concepção de 'sociedade do espetáculo', para Guy Debord; ou de 'império do código', para Jean Baudrillard.

A dessublimação, segundo Marcuse, seria a possibilidade de dar vazão imediata à libido, isto é, de forma que não precisasse ser sublimada. Esta expressão se daria de forma parcial, local e direta (como no funcionamento primário); implicando o que Marcuse chama de uma 'restrição do erótico ao sexual'. Ou seja, a promoção da descarga pulsional parcial é altamente conformista, apaziguadora e repressiva, pois facilmente modulada pelo mercado.

Portanto, essa formatação do prazer tem duplo aspecto: do ponto de vista da pulsão, ela é mais permissiva, possibilitando sua descarga de forma mais direta e imediata, isto é, livre. No entanto, do ponto de vista do papel social do cidadão, de sua autenticidade, autonomia e liberdade, ela é bastante repressiva, pois restringe a liberdade à expressão parcial da libido e unicamente na medida que o membro seja formatado, isto é, aceite os imperativos sociais.

Retornando à ausência de concretude e ao estrangeiramento, podemos supor que o distanciamento do corpo pode acontecer justamente via apego parcial, quando cada pedaço de carne permanece sem ligações, isolado, isto é, abstrato. Este corpo, portanto, deixa de funcionar como unidade de sentido, tornando-se um simulacro de corpo, ou uma imagem entre outras. A mais importante implicação da estruturação via imagens é que, ao contrário da mediação lingüística, ela oculta as relações entre os elementos, abolindo as contradições e constituindo, assim, um referencial hegemônico.2 2 Quanto ao ocultamento das relações, ver "O Ego e o Id" ( Das Ich und das Es, 1923, de Sigmund Freud, in Gesammelte Werke, Fischer Taschenbuch Verlag, 1999, p.248). Quanto ao referencial hegemônico, ver A sociedade do espetáculo, de Guy Debord. A sociedade unidimensional, conforme Marcuse, promove a "confusão de gêneros: o sexo se transforma em mercadoria e a mercadoria se libidiniza, assumindo atributos sexuais" (ROUANET, 1998, p.233).

Vejamos, por exemplo, a mercadorização de práticas que correspondem, no primeiro modelo freudiano, ao funcionamento perverso. O sadomasoquismo encontra, hoje, um vasto mercado à sua disposição, abrangendo desde livros, filmes, instrumentos, casas especializadas até sites na Internet e toda uma comunidade de praticantes e aficionados. Quanto à pedofilia, o mercado não é menor, havendo uma verdadeira indústria do sexo infantil, abrangendo desde a produção de filmes e revistas até o turismo sexual, explorando milhares de crianças, sobretudo de países mais pobres. É certamente difícil mensurar um possível aumento dessas práticas nas últimas décadas, mas não é esse o ponto chave de nossa argumentação. Trata-se, antes, de verificar a tendência à institucionalização dessas práticas, cada vez mais inscritas em um mercado globalizado de prazeres, como mostra, por exemplo, a constituição de movimentos que defendem os "direitos" dos pedófilos. Portanto, se essas práticas seriam subversivas em relação a uma moralidade 'civilizada', são bastante comportadas do ponto de vista do acatamento de princípios econômicos e, na medida do possível, jurídicos.3 3 Em diversos sites de conteúdos 'não convencionais', é obrigatória a aceitação de um termo de compromisso e responsabilidade, o que em teoria preveniria quanto a certas penalidades legais.

Em suma, pode-se observar que a razão instrumental reorganiza a perversão, seja estimulando a expressão de prazer pré-genital, em modalidades menos sublimadas, seja explorando a libido perversa para tornar o consumo compulsivo, em modalidades um pouco mais sublimadas. A questão primordial, contudo, é que esses processos são possíveis apenas pela promoção de uma cultura sem contradições, na qual os valores morais e os prazeres libidinais não se excluem, estruturação possível apenas pela substituição da mediação lingüística pela imagética. Como resultado, dificulta-se o distanciamento crítico frente aos valores culturais e a busca de um estilo singular de existência, promessa última da liberdade, pois, na cultura de simulacros, todos os costumes e valores são intercambiáveis entre si (BAUDRILLARD, 1996).

Deste modo, a nova economia rearticula a equação freudiana entre a repressão das pulsões sexuais pré-genitais e a sublimação. Assim como as ocupações pré-genitais eram revertidas para um fim socialmente aceito, promovendo a inserção na cultura, conforme o modelo tradicional; o mesmo também acontece hoje, pois a sociedade pós-moderna tem como filhos pródigos, aqueles que provam a maior capacidade de se entregar ao consumo. A diferença reside no sentido do termo 'cultura', que, de fim em si mesmo passa a ser meio de produção. Diferentemente do que se poderia esperar, os atos, agora livres dos valores tradicionais, não têm como finalidade articulações mais consistentes com a alteridade, promovidas por novas formas de experimentar o desejo, mas, ao contrário o enredamento no narcisismo, na medida que o acúmulo de prazeres se torne um imperativo social (BIRMAN, 2001; BAUMAN, 1998).

À GUISA DE CONCLUSÃO

Esta reflexão sobre os instrumentos pós-modernos de produção de consumo não deve ser compreendida de forma isolada, havendo outras articulações entre a indústria cultural e as modalidades perversas na sociedade. A segunda teorização freudiana sobre a perversão enfoca a 'formulação do complexo de Édipo e a dinâmica das identificações' (FERRAZ, 2000), ou seja, as conseqüências, primordialmente no menino, da identificação com a mãe e da manutenção do pai como objeto erótico; a terceira teorização enfoca a criação de um fetiche como forma de embaçar a diferença sexual, reeditando a fantasia de completude entre bebê e mãe, e burlando, assim, a castração.

Desta forma, enquanto o presente texto enfoca a alienação do próprio corpo, o recalcamento das pulsões pré-genitais e o excesso pulsional a ser sublimado, uma crítica do consumismo tendo em vista a segunda e terceira tematizações da perversão abordaria a fragilização das identificações, o fetichismo da imagem e a recusa da castração na dificuldade de vivenciar a falta, implicando a fragilização da identidade sexual e do princípio de realidade.

De acordo com estas perspectivas, também seria possível depreender uma organização perversa associada ao consumo compulsivo, ao sadomasoquismo e à pedofilia (BIRMAN, 2001; FERRAZ, 2005). No entanto, é sempre delicada a generalização de um diagnóstico individual a todos os participantes de determinado grupo. Portanto, se houver interesse em circunscrever determinado caso ao campo das perversões, será importante considerar não apenas a primeira formulação freudiana da perversão, mas também as teorizações posteriores, mais sensíveis às modalidades de relação e identificação nas quais predominam a recusa da castração e seus desdobramentos, a recusa da diferença sexual, da feminilidade, do desamparo, da realidade e da temporalidade (BIRMAN, 2001; FERRAZ, 2005).

(1898) "Die Sexualität in der Ätiologie der Neurosen", v. V, p.11-36.

(1905) "Drei Abhandlungen zur Sexualtheorie", v. V, p. 37-146.

(1930) "Das Unbehagen in der Kultur", v. IX, p.191-270.

Recebido em 4/1/2006. Aprovado em 10/5/2006.

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  • A recodificação pós-moderna da perversão. Sobre a produção do comportamento de consumo e sua gramática libidinal
  • I A recodificação pós-moderna da perversão. Sobre a produção do comportamento de consumo e sua gramática libidinal Psicanalista; doutor pela Universidade Paris VII; professor do Instituto de Psicologia da USP e do Instituto Sedes Sapientiae; membro da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Autor de
    Le fictionnel en psychanalyse. Une étude à partir de l'œuvre de Fernando Pessoa.
    II A recodificação pós-moderna da perversão. Sobre a produção do comportamento de consumo e sua gramática libidinal Psicólogo; mestrando do Departamento de Psicologia Social da USP. Autor de "As destruições intencionais do corpo; sobre a lógica do traumático na contemporaneidade", in
    Perversão, variações clínicas em torno de uma nota só.
  • 1
    Perspectivas similares podem ser encontradas na concepção de 'sociedade do espetáculo', para Guy Debord; ou de 'império do código', para Jean Baudrillard.
  • 2
    Quanto ao ocultamento das relações, ver "O Ego e o Id" (
    Das Ich und das Es, 1923, de Sigmund Freud, in
    Gesammelte Werke, Fischer Taschenbuch Verlag, 1999, p.248). Quanto ao referencial hegemônico, ver
    A sociedade do espetáculo, de Guy Debord.
  • 3
    Em diversos
    sites de conteúdos 'não convencionais', é obrigatória a aceitação de um termo de compromisso e responsabilidade, o que em teoria preveniria quanto a certas penalidades legais.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Ago 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2006

    Histórico

    • Recebido
      04 Jan 2006
    • Aceito
      10 Maio 2006
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