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Sublimação: da construção ao resgate do conceito

Resumos

O conceito de sublimação não ganhou, com Freud, o desenvolvimento em um artigo específico, tendo sido trabalhado em textos destinados a outras temáticas e em distintos momentos de sua obra, carecendo da organização desses fragmentos e da lapidação das ambiguidades e contradições possíveis de ser identificadas neste material. O labor lacaniano sobre o texto de Freud produz o resgate do conceito de sublimação, promovendo o distanciamento do reducionismo pelo qual a sublimação é tomada como um conceito normativo. Este artigo objetiva traçar a construção do conceito de sublimação em Freud, e indicar o resgate deste mesmo conceito feito por Lacan.

Sublimação; Freud; Lacan


Sublimation: from the construction to the rescue of the concept. The sublimation concept was not developed by Freud in a single article, but was worked in several texts concerning other matters and in different times of his production, lacking both an organization of these fragments and the discussion of the contradictions found in Freud's theory. Lacan rescued the concept of sublimation in Freud's work, trying to prevent its reduction to a normative concept. This article aims to draw the construction of sublimation concept by Freud and to indicate the rescue of this concept produced by Lacan.

Sublimation; Freud; Lacan


ARTIGOS

Sublimação: da construção ao resgate do conceito* * Este artigo foi extraído da tese de doutorado da autora, intitulada "Sublimação, ato criativo e sujeito na psicanálise", defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2009.

Zeila Facci TorezanI; Fernando Aguiar BritoII

IDoutora em psicologia pela UFSC, professora da Unifil, Londrina (PR). zeilatorezan@hotmail.com

IIDoutor e pós-doutor em Filosofia pela Universidade Católica de Lovain, Bélgica; professor da UFSC. fabs@cfh.ufsc.br

RESUMO

O conceito de sublimação não ganhou, com Freud, o desenvolvimento em um artigo específico, tendo sido trabalhado em textos destinados a outras temáticas e em distintos momentos de sua obra, carecendo da organização desses fragmentos e da lapidação das ambiguidades e contradições possíveis de ser identificadas neste material. O labor lacaniano sobre o texto de Freud produz o resgate do conceito de sublimação, promovendo o distanciamento do reducionismo pelo qual a sublimação é tomada como um conceito normativo. Este artigo objetiva traçar a construção do conceito de sublimação em Freud, e indicar o resgate deste mesmo conceito feito por Lacan.

Palavras-chave: Sublimação, Freud, Lacan.

ABSTRACT

Sublimation: from the construction to the rescue of the concept. The sublimation concept was not developed by Freud in a single article, but was worked in several texts concerning other matters and in different times of his production, lacking both an organization of these fragments and the discussion of the contradictions found in Freud's theory. Lacan rescued the concept of sublimation in Freud's work, trying to prevent its reduction to a normative concept. This article aims to draw the construction of sublimation concept by Freud and to indicate the rescue of this concept produced by Lacan.

Keywords: Sublimation, Freud, Lacan.

Na abordagem do conceito psicanalítico da sublimação, é comum nos depararmos com observações que contrapõem à relevância do tema sua insuficiente sistematização, mesmo a elaboração na pena freudiana. É verdade que tal conceito não ganhou desenvolvimento em artigo específico, tendo sido trabalhado por Freud em textos destinados a outras temáticas e em momentos muito distintos de sua obra, portanto, carecendo da organização desses fragmentos dispersos e da lapidação das ambiguidades e contradições possíveis de ser aí identificadas.

Nesta direção, encontramos em Laplanche & Pontalis (2001) e Chemama (1995), em seus respectivos verbetes sobre a sublimação, que o conceito foi pouco elaborado na teoria freudiana. Desta feita, temos a produção de trabalhos a partir de uma releitura do conceito na obra freudiana, contemplando sua discussão, o caminho desenvolvido pelo fundador, os impasses detectados, assim como a indicação de uma possível síntese a ser abstraída em Freud.

Lacan foi muito além de uma síntese da produção freudiana sobre o tema. O labor lacaniano sobre o texto de Freud concebe o resgate do conceito de sublimação, em especial a partir do Seminário 7: A ética da psicanálise. Fundamentalmente, esse resgate promove o distanciamento do reducionismo, propagado pelos pós-freudianos, pelo qual a sublimação, na condição de facilitadora da adaptação social, é tomada como um conceito normativo. As pesquisas bibliográficas também permitem encontrar publicações recentes sobre o tema em Lacan agora não mais por lacunas ou fragmentações teóricas, mas talvez pela inegável complexidade do discurso lacaniano, e ainda por seu efeito de nos instigar ao trabalho.

Este artigo objetiva traçar o percurso da construção do conceito de sublimação em Freud, assim como indicar o resgate deste mesmo conceito feito por Lacan.

COM FREUD: DA CONSTRUÇÃO DO CONCEITO

Esboço conceitual

Numa tomada cronológica dos textos freudianos, a primeira alusão à sublimação aparece no período considerado como pré-psicanalítico, sendo encontrada em 1897 numa das cartas dirigidas a Fliess (Carta 61 - Rascunho L) na qual o termo é empregado em associação a construções fantasiosas e como defesa em relação à sexualidade. A sublimação, neste momento, sem ser claramente diferenciada do recalque, tem a função de promover esquecimento de lembranças dolorosas. Esta conotação de defesa em relação ao sexual associada à sublimação é fruto da concepção de Freud sobre a sexualidade, o conflito psíquico e o adoecimento neurótico no início de sua obra (CASTIEL, 2007).

Ainda que oito anos após a referência inicial ao termo, a primeira definição da sublimação - feita em 1905, nos Três ensaios de teoria sexual - traz igualmente a marca da defesa contra o sexual, e, mais especificamente, a marca da dessexualização. Nesta fase inicial da teorização freudiana, a dessexualização das moções pulsionais é tida como um processo essencial para as realizações culturais e para a normalidade individual, sendo a sublimação claramente atrelada a tal processo e formulada no sentido de um desvio das metas sexuais para novas metas de orientação distinta. Apesar da indicação de que a sublimação é uma das fontes para a atividade artística, este texto traz também a articulação do processo sublimatório à construção de "caráter" do homem. Neste momento, Freud chega mesmo a não diferenciar tal processo da formação reativa, embora, em nota acrescentada já em 1915 (FREUD, 1905/2007, p.162) haja uma breve indicação sobre a sublimação e a formação reativa serem conceitualmente diferentes. O processo de formação reativa, que se manifesta por meio de comportamentos, atitudes ou hábitos psicológicos peculiares, e que na clínica adquire valor sintomático, seria uma "subvariedade" da sublimação (FREUD, 1905/2007, p.218).

Assim, a formação reativa das moções pulsionais sexuais em sentimentos como asco, vergonha ou moral é compreendida como um processo sublimatório, o que permite - além da não especificidade do conceito de sublimação em relação ao da formação reativa - uma associação direta da sublimação ao mecanismo do recalque, pois é por meio do recalcamento da sexualidade que a formação reativa pode se processar. Também é possível evidenciar nesta primeira formulação freudiana do conceito de sublimação a presença marcante de um aspecto moral, perceptível por certa idealização da sublimação em contraposição ao sexual, em conjunto com uma ideia de normatização. Junto ao caráter francamente patológico, em virtude da predominância do processo defensivo na formação reativa, este mecanismo é tido como participante do desenvolvimento de qualquer indivíduo, exercendo, ao lado da sublimação, importante papel "na edificação dos caracteres e das virtudes humanas" (LAPLANCHE e PONTALIS, 2001, p.202). Em sua primeira apresentação, a sublimação mais se aproxima da defesa do que da busca de satisfação, encontrando-se enlaçada ao recalque e à norma social.

Em Moral sexual "cultural" e doença nervosa moderna (FREUD, 1908/2007), a definição da sublimação permanece na direção anterior: "a esta capacidade de substituir a meta sexual originária por outra não sexual, porém psiquicamente a ela atrelada, denomina-se capacidade de sublimação" (FREUD, 1908/2007, p.168). Mais uma vez, as restrições à vida sexual, impostas pela cultura moderna, são causadoras das psiconeuroses, mas é assinalada a capacidade de algumas poucas pessoas sublimarem ao invés de adoecerem. A sublimação permanece em consonância com o recalque, promovendo renúncia ao sexual através do domínio da pulsão sexual pela dessexualização, mas há indicação de que o processo sublimatório promove uma saída diferente daquela sintomática produzida pelo recalque, pois o direcionamento das forças pulsionais para fins culturais se contrapõe ao adoecimento neurótico.

A DELIMITAÇÃO DO CONCEITO

Seguindo a ordem temporal, o próximo texto freudiano a tratar do conceito de sublimação, um dos mais reconhecidamente associados ao tema, é Uma lembrança infantil de Leonardo da Vinci, de 1910. Mesmo sem o objetivo específico de desenvolver uma teoria sobre o processo sublimatório, este texto apresenta a diferenciação entre sublimação e recalque - esboçada em 1908 - e indica que a primeira se dá através do escape da libido em relação ao recalque, delineando melhor a presença de satisfação pulsional através da sublimação de uma forma distinta daquela que se dá pelo sintoma via retorno do recalcado.

A teorização proposta por Freud neste estudo fundamenta-se na hipótese de que a curiosidade infantil sobre a sexualidade é transformada em busca por conhecimento, em pulsão de saber. Assim, a pulsão sexual é sublimada em Leonardo para suas pesquisas que inicialmente serviam para a arte e que depois se tornaram primazia em sua vida, chegando a afastá-lo da pintura. Freud considera que a libido permanece sendo a energia em questão, sublimada desde o começo, ou seja, independente do recalque e livre das substituições sintomáticas passíveis de serem realizadas a partir do mesmo.

Dito de outra maneira, a satisfação da pulsão pela sublimação dá-se sem conexão com o recalque: recalque e sublimação são mecanismos distintos. A sublimação promove a satisfação pulsional do sexual através de alvo e objeto não sexuais. Com estes argumentos, a sublimação, além de defesa contra o sexual, também é via de satisfação pulsional tal qual está postulado em Pulsões e destinos da pulsão, quando Freud (1915/2007) elege a sublimação como um dos destinos possíveis para a pulsão sexual. Esses destinos sinalizam, ao mesmo tempo, satisfação pulsional e defesa contra o pulsional.

Ainda no período de produção dos artigos metapsicológicos, temos em Introdução ao narcisismo (1914) importantes formulações contemplando o processo sublimatório, a começar pela diferenciação entre sublimação e idealização. De uma forma direta e clara, Freud (1914/2007, p.91) postula que a sublimação se refere à pulsão em seu processo de "deflexão" em relação à sexualidade, consistindo na capacidade da pulsão de afastar-se da satisfação sexual. Por outro lado, afirma que a idealização se refere ao objeto e, na sequência deste texto, e ainda em relação às diferenças entre um e outro processo, Freud aponta o quanto os mesmos se relacionam distintamente em relação à causação da neurose, pois a formação de um ideal aumenta as exigências do eu e assim favorece o recalque, enquanto a sublimação permite atender tais exigências independentemente do recalque.

Além da nítida distinção entre estes dois processos, o estudo sobre o narcisimo permite a apreensão de uma das condições necessárias para que se dê a sublimação: a saber, a retirada do investimento libidinal do objeto sexual pelo eu, retornando tal investimento sobre si mesmo e, mais tarde, reorientando-o para novas metas e objeto não sexuais (CHEMAMA, 1995). É possível vislumbrar em tal formulação ao menos quatro significativos desdobramentos: a mudança de objeto no processo sublimatório, a presença da libido e da satisfação sexual na sublimação, a intermediação do eu na efetivação da sublimação e o reconhecimento do ideal do eu como favorecedor do processo sublimatório. Vejamos cada um destes desdobramentos mais detidamente.

O primeiro refere-se à não exclusão da mudança também de objeto no processo sublimatório, ainda que a definição da sublimação esteja diretamente atrelada à mudança em relação ao alvo de satisfação sexual. Na verdade, faz-se necessária a troca de objeto para que haja o desvio em relação à satisfação e, ainda mais, é preciso que o novo objeto seja socialmente valorizado. A mudança de objeto na sublimação é sustentada no fato de as pulsões sexuais serem "capazes de mudar prontamente de objeto" (CASTIEL, 2007, p.75), ou seja, esta é uma das características da plasticidade das pulsões. Assim, a satisfação se dá através de outros objetos e com alvo diferente do original.

O segundo desdobramento, extraído a partir das ideias de libido do eu e libido do objeto presentes nas formulações sobre o narcisismo, é exatamente a confirmação - sim, confirmação, por já identificarmos esta ideia nos mesmos dois textos freudianos supracitados - da manutenção da libido no processo sublimatório e, portanto, a não exclusão do sexual nesta nova modalidade de satisfação. Paradoxalmente, encontra-se neste momento a ideia de uma "deflexão" da sexualidade e a manutenção da libido no processo sublimatório. Dessexualização em relação ao objeto, mas o sexual está na origem e se mantém presente na sublimação.

Agregando elementos mais inovadores do que os dois pontos anteriores, temos a necessária intervenção do eu narcísico para que a sublimação possa se efetivar - para que o não sexual possa satisfazer o sexual - como terceiro desdobramento da condição de redirecionamento libidinal essencial à sublimação. É a possibilidade da satisfação narcísica que favorece a criação e dá lugar à satisfação sublimada.

Aclarada a mediação do eu narcísico no processo sublimatório, e sabendo que o estudo sobre o narcisismo traz uma importante inovação conceitual através da introdução do ideal do eu distinguido do eu ideal, o quarto elemento surge como relevante desdobramento em nossa análise do texto freudiano em questão, e diz respeito à participação do ideal do eu como um desencadeador ou favorecedor da sublimação, o que não significa que ele seja responsável pela efetivação da mesma.

Os avanços advindos destes dois textos metapsicológicos, Introdução ao narcisismo e Pulsões e destinos da pulsão, permitem efetivar na teoria freudiana sobre o processo sublimatório alguns pontos que já vinham sendo esboçados de maneira fragmentada. Definitivamente, no destino pulsional sublimatório há satisfação pulsional e de forma diversa daquela existente no recalque. Havendo tal satisfação, o sexual não se ausenta da sublimação e a libido é redirecionada através do ideal de eu para novos objetos socialmente valorizados.

Acréscimos

Continuando o percurso de construção do conceito de sublimação ao longo da obra freudiana, chegamos a 1923, com o artigo "O eu e o isso", marco de uma nova hipótese de funcionamento para o aparelho psíquico, em uníssono com os efeitos da segunda teoria das pulsões, elaborada três anos antes em Mais além do princípio do prazer (FREUD, 1920/2007). No que concerne à sublimação, o artigo sobre uma nova tópica para o psiquismo avança na mesma direção indicada no estudo sobre o narcisismo, postulando o eu como mediador necessário para o processo sublimatório, e agora envolvendo também o conceito de identificação.

Em função do objetivo de delimitação conceitual da sublimação que norteia este artigo, tomamos pontualmente, em "O eu e o isso", a noção de identificação, a despeito dos outros momentos em que a mesma é formulada em Freud.1 1 Laplanche e Pontalis (2001) consideram que a exposição mais completa sobre a identificação feita por Freud está no capítulo VII de Psicologia de massas e análise do eu (1921), com a distinção de três modalidades de identificação: a identificação primária pelo laço afetivo com o objeto; a identificação substitutiva pela escolha de objeto abandonado; a identificação histérica, produzida pela existência de um elemento em comum entre o sujeito e o objeto. Partindo do modelo da identificação ao objeto perdido na melancolia, Freud (1923/2007) o amplia para conceituar a denominada identificação secundária, estabelecida pela finalização do Édipo quando a identificação do eu ao objeto sexual substitui seu investimento libidinal no mesmo objeto. Neste processo, não mais aplicável apenas ao adoecimento melancólico, mas também à formação do eu, Freud visualiza uma espécie de sublimação efetivada pelo eu ao abandonar o alvo primordialmente sexual e transformar a libido objetal em libido narcísica, identificando-se com o objeto do qual retira o investimento libidinal.

A partir deste raciocínio, ele propõe que possa ser este o caminho de toda sublimação, avaliando que neste mecanismo sempre haverá a intermediação do eu. O eu retira a libido do objeto transformando-a em libido narcísica, e posteriormente talvez possa redirecionar, de acordo com os ditames do ideal do eu, tal investimento para outros objetos socialmente valorizados na vertente sublimatória. Assim, está afirmado que o trabalho sublimatório só pode se efetivar na dependência da passagem ao narcisismo secundário, posteriormente à organização do ideal do eu e com o término do Édipo, circunscrevendo-se, portanto, ao âmbito da neurose.

Ainda não esgotados os pontos em que "O eu e o isso" convoca a trabalhar sobre o conceito de sublimação, aponto a clara associação feita pelo autor entre Eros e sublimação (FREUD, 1923/2007, p.46). Ao desenvolver tal formulação, Freud, além de enfatizar a intermediação do eu e o envolvimento do ideal do eu e da identificação secundária no mecanismo sublimatório, sublinha a ligação deste último à pulsão sexual. Ao ser associada a Eros, ao campo pulsional capturado pelo psiquismo, a sublimação é reafirmada como um destino para o pulsional inscrito no psiquismo; ou seja, um destino para os representantes das denominadas pulsões sexuais. Esta caracterização, evidentemente, mantém na satisfação sublimada o caráter sexual e distancia o processo sublimatório do campo da pulsão de morte. Além do mais, vislumbramos novamente o processo sublimatório ser atrelado por Freud a aspectos morais, através da vinculação da sublimação às tendências adaptativas e integradoras de Eros.

Com um pequeno salto temporal, encontramos em "O mal-estar na cultura" (FREUD, 1929/2007) algumas poucas notas sobre a sublimação, mas que valem ser assinaladas. Numa primeira passagem, ao tratar das maneiras pelas quais o homem busca contornar a intensa gama de sofrimentos que a vida lhe impõe, Freud (1929/2007, p.77-9) deixa clara a importância da sublimação como um destino pulsional para a promoção de satisfação por vias alternativas à satisfação sexual direta. Contudo, avalia que a intensidade da satisfação sublimada é tênue, pois "não comove nosso corpo" (FREUD, 1929/2007, p.79), e indica a dependência deste mecanismo de algumas particularidades, tornando-o não acessível a todas as pessoas. Entretanto, em nota de rodapé nesta mesma página, são tecidos comentários que ampliam as possibilidades da sublimação, ao articulá-la não apenas à produção artística ou científica, mas também ao trabalho profissional de forma geral. Na sequência da referida passagem, Freud avalia seu pouco conhecimento a respeito do funcionamento do processo sublimatório e considera a necessidade de caracterizá-lo em termos metapsicológicos, observações que denotam a já comentada frágil elaboração conceitual da sublimação em Freud, a despeito de passados quase 30 anos desde sua formulação inicial.

É necessário observar como polêmica esta passagem freudiana que assinala haver na sublimação uma perda de satisfação quando comparada com aquela obtida diretamente pelo ato sexual, por ser este último capaz de comover nosso corpo. Mais uma vez, parece que nos deparamos no texto freudiano com um elemento que remete a uma possível dessexualização no processo sublimatório, mesmo a despeito da identificação em Introdução ao narcisimo da manutenção da libido na sublimação. Novamente o paradoxo: como pensar em libido dessexualizada? Haveria em Freud, nesse momento, uma alusão a uma mítica satisfação plena, sem perdas, no ato sexual? Sendo assim, que corpo é este ao qual ele se refere? Sabemos que o corpo para a psicanálise é da ordem do pulsional, um corpo erógeno equivalente a um desvio da biologia pelo atravessamento do orgânico pela linguagem. Isto posto, uma perda de gozo é característica do humano em seu distanciamento do instinto, a pulsão comporta, em sua definição, desvio e perda. Acreditar nesta suposta menor satisfação pulsional na sublimação seria idealizar uma satisfação sexual inigualável e máxima, sem nenhuma perda de gozo no ato sexual.

Em outra ressalva do artigo O mal-estar na cultura, Freud (1929/2007, p.95-6) enfatiza ainda mais a sublimação como um processo particular e importante para a sociedade, no sentido de ser responsável pelas produções culturais, indicando seu desenvolvimento como fruto da civilização e exemplificativo deste momento da obra em que Freud destaca na sublimação o seu caráter de favorecedora do laço social.

COM LACAN: DO RESGATE DO CONCEITO

No transcorrer do trabalho de releitura da obra freudiana, Lacan aborda o conceito de sublimação numa proposta de resgatá-lo do que considera distorções estabelecidas pelos denominados pós-freudianos. Esta tomada da sublimação se dá fundamentalmente no Seminário 7: A ética da psicanálise, no qual Lacan (1959-60/1997) propõe definir os fundamentos éticos da psicanálise. Obviamente, não é à toa que o trabalho lacaniano sobre o processo sublimatório se dê em meio a uma intensa discussão sobre a ética, pois nele um dos pontos centrais abordados é a não pertença da sublimação a uma moral adaptativa: a sublimação não se reduz a um processo em busca de uma boa adaptação social. O conceito de sublimação teria sido desfigurado pelos pós-freudianos a ponto de ser igualado ao desempenho correto de um ofício ou à possibilidade de ganhar dinheiro, numa identificação da sublimação a uma espécie de "felicidade comportamental", adaptada ao socialmente desejável e elogiável (HARARI, 1997, p.142).

Distante deste tipo de formulação de cunho moral e normatizador, a definição fornecida por Lacan aponta para o centro da economia libidinal ao referir como fundamental a noção freudiana de das Ding, a Coisa, afirmando que a sublimação "eleva um objeto à dignidade da Coisa" (LACAN, 1959-60/1997, p.140). Vejamos, de forma breve, a definição de das Ding, a Coisa.

A Coisa

A apresentação de das Ding é feita por Freud no Projeto de psicologia (FREUD, 1895/2007) por meio da formulação de um primeiro complexo perceptivo organizado em duas partes, sendo a primeira caracterizada pela estabilidade e imutabilidade, e a segunda, marcada pela instabilidade e flexibilidade. Neste modelo perceptivo, a Coisa é localizada em sua parte inalterável e está atrelada aos primórdios da organização psíquica; das Ding é, para Freud, o objeto perdido, embora nunca realmente possuído a não ser miticamente, e que deve ser reencontrado. Um reencontro, portanto, impossível de se dar, mas é em função desta infindável busca pela Coisa, comandada pelo princípio do prazer, que se forma a rede das representações através dos caminhos da memória. Assim, "ficamos interminavelmente girando em torno de um centro que nunca é atingido e que Freud chama de das Ding" (GARCIA-ROZA, 1990, p.84). Um centro, ou melhor, um furo, em torno do qual gravitam as representações de coisa, o que significa dizer que, para Freud, das Ding não pertence ao campo das representações, mas, paradoxalmente, está presente no psiquismo ainda que por sua ausência.

Pensando nesta condição de falta radical, falta não de algo, mas de nada, parece possível atrelar a Coisa lacaniana com a falta originária que marca a nossa condição como seres humanos sexuados e mortais. A diferença dos sexos e a impossibilidade de nos perpetuarmos com a reprodução de idênticos, marca inauguralmente o humano com uma dupla perda de elementos jamais possuídos: a completude e a imortalidade. Esta perda originária, falta inaugural não definida por um anterior já não mais possuído, falta de nada, é a Coisa lacaniana.

Juranville (1987) enfatiza a presença de um caráter ambíguo na noção de das Ding, pois se por um lado ela se associa à ideia de uma mítica plenitude absoluta, por outro contempla em sua origem a falta desta plenitude. O interessante é que nesta ambiguidade, de qualquer forma, estão presentes as condições de possibilidade do desejo, afinal, não há desejo sem mito da plenitude e, tampouco, sem falta, nestes termos, vislumbramos a Coisa como causa do desejo.

Foi dito que, já em Freud, das Ding não pertence ao campo das representações e que se configura como um furo, em torno do qual gravitam as representações de coisa. Lacan (1959-60/1997) desenvolve a ideia da Coisa não pertencer ao âmbito da linguagem, partindo da diferença estabelecida por Freud entre das Ding e die Sache. Estes dois termos podem ser traduzidos do alemão como "coisa", sendo que as representações de coisa são Sachevorstellungen, e apenas estas podem se associar às representações de palavra (Wortvorstellungen). Assim, mesmo constituindo uma espécie de núcleo do psiquismo em torno do qual gravitam as representações de coisa em articulação com o universo da linguagem (representações de palavra), das Ding é estrangeira, exterior ao funcionamento e às leis que regem o inconsciente e também exterior ao campo da linguagem; mas, paradoxalmente, trata-se do exterior mais íntimo do qual se pode ter notícia.

Situada em outro lugar, a Coisa freudiana é identificada por Lacan, ainda no mesmo texto e sempre em referência ao Projeto de psicologia, como "fora do significado" e "anterior a todo o recalque" (LACAN, 1959-60/1997, p.71), elementos que atestam a relação de das Ding com a pulsão num além do princípio do prazer. Lacan enfatiza, como sempre, o valor do texto freudiano, considerando as formulações de 1895 nada caducas, ao contrário, elas comportam certo caráter visionário ao posicionar a Coisa em referência a elementos da teorização pulsional que só seriam elaborados formalmente a partir de 1920.

A DEFINIÇÃO DA SUBLIMAÇÃO

Retornando à formulação de Lacan: "a sublimação eleva um objeto à dignidade da Coisa" (LACAN, 1959-60/1997, p.140), propomos a interpretação de que o processo sublimatório reproduz, em alguma medida, o engano que existe ao redor da Coisa enquanto o objeto mítico da completude e, ao mesmo tempo, atesta a importância deste objeto não por sua existência concreta, mas sim pela presença da mais pura falta. Tal engodo é favorecido pela cultura em conjunto com o tecido do registro imaginário, atribuindo ao objeto em questão a dignidade da Coisa. Frisamos que o fundamental não é a associação da Coisa a uma completude imaginária, mas sim a articulação deste conceito ao vazio e à presença do Real. Assim, a dignidade advinda da sublimação está no fato de esta não elidir o vazio, mas sim sustentá-lo, permitindo que o Real ganhe forma no ato criativo.

A sublimação permite ao sujeito distanciar-se de sua identificação fálica na medida que a obra ocupa o lugar do que se era para o Outro (POMMIER, 1990); assim, quando um objeto pode elevar-se à Coisa, o sujeito se liberta, mesmo que temporariamente, das vias de oferenda de seu corpo ao desejo do Outro. Nesta libertação e pela dignidade da presença do vazio na Coisa o sujeito se sustenta na sublimação. A sublimação segue em direção contrária ao encontro do Bem, sustenta a falta - condições por excelência da subjetividade e do apaziguamento da angústia frente à possibilidade de encarnar a completude - e promove o encontro com o social na criação de formas e valores socialmente valorizados: tal é o princípio, e o efeito, da sublimação.

Nos capítulos do Seminário sobre a ética dedicados diretamente à sublimação, Lacan (1959-60/1997, p.111) começa sinalizando o quão essencial é este conceito em relação à "nossa responsabilidade de analista". Essencial e também problemático, tanto no sentido da existência de interpretações teóricas, que, na leitura lacaniana, se distanciam de Freud e da ética psicanalítica, por produzirem um encaminhamento moral e normatizador, quanto em relação às dificuldades inerentes ao tema em seu inacabamento na teoria freudiana.

Dando ênfase à relação da sublimação com o campo pulsional, Lacan (1959-60/1997) relembra o caráter de plasticidade das pulsões e sustenta o posicionamento freudiano de a sublimação ser um processo relativo à libido objetal em sua capacidade de satisfação mesmo com a mudança de alvo e de objeto. Lacan (1959-60/1997, p.112) considera que em 1905, nos Três ensaios de teoria sexual, Freud ainda não havia desenvolvido os elementos necessários para uma verdadeira elaboração do que nomeia de "problema da sublimação". Ele avalia que tal formulação tenha de fato ocorrido na obra freudiana no momento da teorização sobre o narcisismo (Introdução ao narcisismo, 1914), com a distinção entre idealização e sublimação. Não é excessivo relembrar que tal diferenciação aclara o enredamento da sublimação à pulsão, pois o processo sublimatório é associado à libido objetal, enquanto a formação de um ideal diz respeito, exclusivamente, ao objeto em seu processo de engrandecimento.

Lacan sublinha o fato de que em Freud a sublimação é uma forma particular de satisfação da pulsão, forma desviada de seu alvo, numa economia distinta daquela estabelecida pelo recalque, em que a satisfação se dá por vias de substituição significante na formação sintomática. Aí, neste desvio de alvo, e nem tanto na mudança de objeto, reside o enigmático no processo sublimatório, afinal, dada a plasticidade das pulsões, o objeto é sempre o mais variável, não consistindo sua mudança uma particularidade do processo sublimatório. A este respeito, a tônica lacaniana avança sobre a ideia de um alvo não mais sexual e para o questionamento de uma dessexualização da pulsão - concepção, como já delineado aqui, presente no pensamento freudiano, ainda que de forma ambígua.

Para Lacan, o paradoxo relativo ao referido desvio de alvo, em que uma satisfação pulsional se dá por um alvo que já não é mais o seu, está longe de ser solucionado por tal formulação de uma dessexualização da pulsão. Ao contrário, propõe encaminhar esta questão assinalando a possibilidade sublimatória como reveladora da essência das pulsões, que, por serem sempre parciais e não se reduzirem ao caráter instintivo, não mantêm uma relação direta com alvo e objeto sexuais no sentido da genitalidade ou da corporeidade, mas são atreladas à das Ding.

No campo psicanalítico, desde os seus primórdios, a sexualidade foi associada ao símbolo fálico e, numa generalização, passou-se a falar em gozo fálico para abarcar os prazeres humanos em geral. No entanto, Freud se deparou com o limite desta exclusividade do falo nos últimos dez anos de seu trabalho, a propósito de seus estudos sobre a sexualidade feminina. Reconhecendo as particularidades da sexualidade feminina, Freud "evocou um gozo próprio da mulher, que não mais podia ser concebido em termos de amputação em relação à sexualidade masculina" (POMMIER, 1992, p.210). A teoria lacaniana estabelece uma classificação do campo dos gozos organizada em três instâncias: gozo do Outro, gozo fálico e gozo suplementar ou gozo Outro.

Uma vez que o sujeito pode escapar ao aprisionamento do gozo do Outro - aquele que se refere ao momento mítico de completude narcísica - que o acondicionava ao lugar de objeto, ele se inscreve no circuito do gozo fálico, que inclui o gozo sexual, o gozo do sintoma e o gozo da fala. Entretanto, num além do falicismo, é necessário reconhecer outra modalidade de gozo, a qual só é possível na medida que o gozo fálico se estabeleceu: trata-se do gozo suplementar ou gozo Outro, em que se localizam o gozo feminino, a sublimação e o gozo místico.

Em condição de acréscimo, a sublimação é suplementar, especificamente, ao gozo do sintoma, pois está além da substituição e simbolização fálicas. A sublimação é um destino pulsional que permite ao sujeito ausentar-se da erotização do amor materno através do ato criativo, ultrapassando a paralisia do sintoma que o aprisionava em posição de falo e, portanto, localizando-se num 'para além' do gozo fálico. Esta formulação esclarece a ideia, a princípio paradoxal, de haver na sublimação uma satisfação pulsional desviada de seu alvo: trata-se de uma satisfação que não se encontra no campo do gozo fálico, o que significa um apartamento do sexual estritamente em sua alusão ao falo. Dito de outra forma, o erótico se mantém na obra e não mais no corpo, a pulsão é dessexualizada no sentido de não mais representar o incesto, desgarrando-se do falicismo. Em uma palavra, a sublimação não se encontra no circuito das substituições fálicas e neste fato reside o desvio de alvo e a ideia da dessexualização.

Esse direcionamento lacaniano, enfatizando o desvio de alvo na sublimação, desemboca em sua definição do conceito como sendo um processo que "eleva um objeto à dignidade da Coisa" (LACAN, 1959-60/1997, p.140), sublinhando que o objeto em Freud emerge numa relação narcísica e, portanto, imaginária, no estabelecimento de uma permuta com o amor que se tem pela própria imagem. Esta referência freudiana é tomada por Lacan para distinguir o objeto, este que surge a partir da imagem idealizada atrelada ao eu ideal e, depois, ao ideal do eu, de das Ding, indicando que é exatamente na diferença entre ambos que se situa a sublimação.

Mais uma vez, temos a sublimação como aquela que permite ao objeto elevar-se à dignidade de das Ding, movimento capaz de promover a sustentação do vazio, ao invés da anulação da falta. Esta proposição evidencia o processo sublimatório como capaz de aproximar o sujeito de seu desejo, encaminhamento que nos faz retornar a Freud (1910/2007) quando define a sublimação como o destino pulsional "mais perfeito", por escapar ao recalcamento e, assim, evitar o afastamento do desejo.

É também em referência a essa diferença entre o objeto e das Ding, assim como em relação à localização desta última - parafraseando Lacan, no início, lógica e cronologicamente, da organização do psiquismo - que se encontra uma das maiores divergências lacanianas a respeito da teorização em Freud sobre a sublimação. Lembramos o leitor que para Freud a sublimação só pode consagrar-se pela intermediação do eu, na medida que após um retorno narcísico da libido, o eu pode redirecioná-la para novos objetos e finalidade não sexuais. Por sua vez, Lacan (1959-60/1997, p.195) propõe o problema da sublimação como "anterior à organização do eu" e, logo, independente de seu comando.

A absoluta importância de das Ding na concepção lacaniana da sublimação é evidenciada na citação acima, e, com ela, o distanciamento de qualquer tipo de comando do eu para o processo sublimatório. A organização do eu é posterior à instalação da possibilidade sublimatória, esta última, como já apontado, está no centro da economia libidinal, numa relação direta com a Coisa. Se das Ding, que ocupa um lugar decisivo para a sublimação, encontra-se de fora do campo representacional e das leis que regem o funcionamento inconsciente, se ela (das Ding) está num 'para além' do princípio do prazer, então, enfatizamos, a sublimação se aproxima do movimento pulsional, aquele em circuito ao redor do objeto, apartada dos ditames do eu e do mecanismo do recalque.

Este posicionamento lacaniano se desdobra para o campo da criação - temática também central na abordagem lacaniana da sublimação - circunscrevendo-a a partir do vazio, do nada (ex nihilo), vazio representado por das Ding como centro, furo em torno do qual se articulam as representações inconscientes sob a égide do princípio do prazer. A criação se dá a partir do nada, do vazio, e não por intermédio do eu ou de qualquer manifestação de voluntarismo, forte argumento para a sustentação da leitura lacaniana da não identificação da sublimação a um encaminhamento normativo e adaptativo.

Recebido em 10/5/2010.

Aprovado em 16/8/2010.

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  • *
    Este artigo foi extraído da tese de doutorado da autora, intitulada "Sublimação, ato criativo e sujeito na psicanálise", defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2009.
  • 1
    Laplanche e Pontalis (2001) consideram que a exposição mais completa sobre a identificação feita por Freud está no capítulo VII de
    Psicologia de massas e análise do eu (1921), com a distinção de três modalidades de identificação: a identificação primária pelo laço afetivo com o objeto; a identificação substitutiva pela escolha de objeto abandonado; a identificação histérica, produzida pela existência de um elemento em comum entre o sujeito e o objeto.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Nov 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2012

    Histórico

    • Recebido
      10 Maio 2010
    • Aceito
      16 Ago 2010
    Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Instituto de Psicologia UFRJ, Campus Praia Vermelha, Av. Pasteur, 250 - Pavilhão Nilton Campos - Urca, 22290-240 Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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