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Saúde da fonoaudiologia no Brasil

EDITORIAL

Saúde da fonoaudiologia no Brasil

Mesmo antes do reconhecimento formal da profissão de Fonoaudiólogo no Brasil em 1981, a área já se mostrava inquieta, ebuliente, e algumas vezes conteciosa, com pioneiros de várias linhas e escolas debatendo a abrangência de nossa esfera de atuação, direitos e responsabilidades, estruturas curriculares, inserções no mercado de trabalho, nos serviços de saúde e na educação, enfim, nosso perfil profissional.

Debates similares também ocorreram e ainda ocorrem em outros países, e a área tem diferentes características, competências, e estruturas em diferentes partes do mundo. Essa diversidade de perfil é derivada das diferentes realidades socio-econômicas e culturais entre países ou regiões, e na minha opinião, ela é positiva pois nos desafia a avaliar e buscar formas de enriquecer a profissão.

Com a evolução na educação e no cuidado do ser humano torna-se cada vez mais claro o valor de equipes multidisciplinares e multiprofissionais. Esta conjunção de grupos mantem vivo o debate sobre a esfera de atuação de cada profissão, em tentativas de conter a exata atribuição de cada um. Parecem ser inevitáveis as negociações territoriais entre diferentes profissões e muito do tempo e recursos de entidades de classe como conselhos, sociedades, academias são dispendidos nesse exercício . Essa forma de atuação profissional, junto as nossas entidades, é importantíssima para a saúde de nossa profissão.

Outras formas de atuação fundamentais involvem o exercício da profissão em si, e a participação em pesquisa. Por um lado, a presença crescente de fonoaudiólogos no mercado de trabalho e o crescimento e amadurecimento da produção científica nacional ilustram resultados e conquistas passadas da Fonoaudiologia. Por outro lado, essa produção comprova que a área é dinamica, que muitos de nossos profissionais são pioneiros, que buscam e aplicam novos conhecimentos e tecnologias, e assim, continuamente esculpem e ampliam nossa competência . Nossas publicações em periódicos como este, submetidas ao escrutínio de nossos pares, atingem o mundo, abrem portas, sugerem novas perspectivas, enriquecem o dialógo e fortalecessem a área.

O impacto desse conjunto de atuações vão muito além do simples fortalecimento da profissão. Pela natureza de nossa área, o fortalecimento de nossa profissão traz com ele melhorias nítidas nos serviços e atendimentos à população, avanços em educação e saúde.

Quando eu revisava este editorial ganhei um presente: a notícia de que no dia 2 de agosto de 2010 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 12.303 que torna obrigatória a realização exame de Emissões Otoacústicas Evocadas em neonatos. Trata-se de um exemplo perfeito do ponto que quero aqui dividir com vocês. Foi a atuação de nossos profissionais nas diferentes esferas: nas nossas entidades de classe, na excelência no exercício de nossa profissão, com uma base sólida que construímos através de pesquisa , que tornou este sonho uma realidade. Por isso repito aqui o que o Conselho Federal de Fonoaudiologia publicou na sua site: "A conquista é um marco para a saúde auditiva brasileira. Parabéns aos fonoaudiólogos e a todos os setores da sociedade que intervieram para alcançarmos este resultado!" (http://www.fonoaudiologia.org.br/servlet/ConsultaNoticia?acao=V&notId=179).

Quando tive a honra de ser convidada a escrever este editorial, conhecendo o CEFAC e a Revista CEFAC, esperava uma certa diversidade de temas que ofereceriam ao leitor um panorama atual da profissão. Mesmo assim, me supreendi com a abrangência dos temas abordados neste fascículo: voz cantada, fonação reversa, estética facial, eletromiografia, Síndrome de Kabuki, voz pós-radioterapia, AIDS, desempenho ortográfico e textual - Uau! De crianças a adolescentes, de adultos ao envelhecimento, todos foram comtemplados. Fonoaudiologia quase que onipresente, incontível, batendo em muitas portas, cavando espaços aonde quer que ela vá...

De tempos em tempos, se examina a saúde da ciência. Lendo a produção científica brasileira, lendo este fascicúlo eu digo que a saúde da Fonoaudiologia Brasileira vai muito bem. Os avanços - teóricos e práticos - dos profissionais que se dedicam à integridade da comunicação incluídos aqui mostram ao leitor de forma inequívoca que a Fonoaudiologia no Brasil é área consolidada, produtiva e vibrante. Todos nós temos motivos para nos orgulhar.

Thais C. Morata, Ph.D.

National Institute for Occupational Safety and Health

Cincinnati, OH USA

5 de agosto de 2010

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2010
  • Data do Fascículo
    Ago 2010
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