Acessibilidade / Reportar erro

Síndrome metabólica e associação com nível socioeconômico em escolares

Resumos

Objetivo

verificar a associação entre o nível socioeconômico e a presença de síndrome metabólica (SM) em escolares da rede pública da cidade de Montes Claros-MG.

Métodos

trata-se de estudo transversal, analítico. Foram avaliados 382 escolares entre 10 e 16 anos, a partir da amostragem por conglomerados. A condição socioeconômica foi dividida em alta e baixa e a SM foi diagnosticada utilizando os critérios da International Diabetes Federation. Para análise dos dados, utilizou-se o teste qui-quadrado (p < 0,05)e oddsratio (com intervalo de 95% de confiança).

Resultados

os escolares da classe socioeconômica baixa apresentaram alterações no estado nutricional e nos exames laboratoriais, o que contribuiu para presença da SM em 8,7% escolares.

Conclusão

a condição socioeconômica baixa contribui de forma significante para o diagnótico da SM e atua também na incidência dessa patologia, devido os seus pertencentes estarem mais expostos aos fatores de risco.

Classe Social; Estado Nutricional; Estudantes; Epidemiologia


Purpose

to investigate the association between socioeconomic status and the presence of metabolic syndrome (MS) in public schools in the city of Montes Claros-MG.

Methods

this is a cross-sectional study, analytical. We evaluated 382 children between 10 and 16 years from the cluster sampling. Socioeconomic status was divided into high and low and MS was diagnosed using the criteria of the International Diabetes Federation. For data analysis, we used the chi-square test (p <0.05) and odds ratios (with 95% confidence).

Results

the students of lower socioeconomic class showed changes in nutritional status and laboratory tests, which contributed to the presence of MS in 8.7% school.

Conclusion

the low socioeconomic status contributes significantly to opportune diagnosis of MS and also operates in the incidence of this disease, because their belong ingare more exposed to risk factors.

Social Class; Nutritional Status; Students; Epidemiology


INTRODUÇÃO

A condição socioeconômica (CSE) é uma importante variável na aquisição, manutenção de saúde e bem-estar por que influência o comportamento das pessoas, como acesso facilitado a alimentos hipercalóricos ocasionando alteração metabólicas, obtenção de automóvel proporcionando o sedentarismo e a baixa escolaridade que dificulta o acesso a informações profiláticas 1. Drenowatz C, Eisenmann JC, Pfeiffer KA, Welk G, Heelan K, Gentile D, et al. Influence of socio-economic status on habitual physical activity and sedentary behavior in 8 to 11 year old children. BMC Public Health. 2010;10:214-25.. Estudos epidemiológicos têm relacionado às caracteristicas socioeconômicas (renda familiar, nível de escolaridade e número de pessoas na família) com a incidência de doenças crônicas 2. McLaren L. Socioeconomic Status and Obesity. Epidemiol Rev. 2007; 29:29-48..

A relação entre a CSE e saúde não se limita aos adultos, estudos populacionais revelam que crianças pertencentes às famílias de baixa CSE têm um maior risco de desenvolver obesidade, hipertensão arterial e dislipidemias ocassionando doenças cardiovasculares (DCV) em comparação com as crianças de maior poder aquisitivo 2. McLaren L. Socioeconomic Status and Obesity. Epidemiol Rev. 2007; 29:29-48.

. Lawlor DA, Ebrahim S, Smith GD. Socioeconomic position in childhood and adulthood and insulin resistance: cross sectional survey using data from British women’s heart and health study. BMJ. 2002;325:1-5.
-4. Tamayo T, Herder C, Rathmann W. Impact of early psychosocial factors (childhoodsocioeconomic factors and adversities) on future risk of type 2 diabetes, metabolic disturbances and obesity: a systematic review. BMC Public Health. 2010;10:525..

A reunião dos fatores como hipertensão, dislipidemias, hiperglicemia e obesidade abdominal é denominada como síndrome metabólica (SM) e o seu diagnóstico compreende na combinação de pelo menos 2 critérios aliados a alteração de perimetria abdominal 5. Faienza MF, Francavilla R, Goffredo R, Ventura A, Marzano F, Panzarino G et al. Oxidative stress in obesity and metabolic syndrome in children and adolescents. Horm Res Paediatr. 2012;78(3):158-64.. A sua prevalência está aumentando rapidamente entre crianças e adolescentes comprometendo assim a saúde destes em sua vida adulta 3. Lawlor DA, Ebrahim S, Smith GD. Socioeconomic position in childhood and adulthood and insulin resistance: cross sectional survey using data from British women’s heart and health study. BMJ. 2002;325:1-5.,6. Xu H, Li Y, Liu A, Zhang Q, Hu X, Fang H et al. Prevalence of the metabolic syndrome among children from six cities of China. BMC Public Health. 2012;12:13..

A SM tornou-se um dos maiores desafios de saúde pública devido a alterações nas características do estilo de vida, visto que crianças e adolescentes apresentam-se cada vez mais com sobrepeso e obesidade e isso apresenta altos custos aos cofres públicos se tornando uma epidemia mundial 7. Goodman E, Daniels SR, Morrison JA, Huang H, Dolan LM. Contrasting prevalence of and demographic disparities in the world health organization and national cholesterol education program adult treatment panel iii definitions of metabolic syndrome among adolescents. J Pediatr. 2004;145:445-51.,8. Kassi E, Pervanidou P, Kaltsas G, Chrousos G. Metabolic syndrome: definitions and controversies. BMC Medicine. 2011;9:48-61..

Em um estudo transversal envolvendo 380 adolescentes brasileiros de escolas públicas a CSE apresentou associações positivas com a prevalência da SM 9. Rodrigues AN, Perez AJ, Pires JGP, Carletti L, Araújo MTM, Moyses MR, et al. Cardiovascular risk factors, their associations and presenceof metabolic syndrome in adolescents.J Pediatr. 2009;85:55-60.. Os usuários de duas Unidades Básicas de Saúde da cidade de São Paulo – SP foram investigados quanto à relação da SM e CSE, ficou constatado que residir no bairro de baixo nível socioeconômico significa ter 2,3 vezes chance de desenvolver a SM 1010 . Leitão MPC, Martins IS. Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em usuários de Unidades Básicas de Saúde em São Paulo – SP. Rev Assoc Med Bras. 2012; 58:60-9.. Em um estudo populacional efetuando nas comunidades rurais do Vale do Jequitinhonhacom 534 indivíduos com escassos recursos socioeconômicos apontou que as mulheres são mais propensas à ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis por apresentarem maiores taxas de sedentarismo, obesidade e alterações metabólicas 1111 . Pimenta AM, Andréa Gazzinelli A, Velásquez-Meléndez G. Prevalência da síndrome metabólica e seus fatores associados em área rural de Minas Gerais (MG, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva. 2011;6:297-306..

A relação entre CSE e SM tem sido pouco explorada em investigações epidemiologicas, mas é concensual que desvantagens econômicas são preditivas para a incidência de DCV, morbidades e mortalidades 1212 . Phillips AC, Carroll D, Thomas GN, Gale CR, Deary I, Batty GD. The influence of multiple indices of socioeconomic disadvantage across the adult life course on the metabolic syndrome: the Vietnam Experience Study. Metabolism Clinical and Experimental. 2010;59:1164-71.

13 . Kivimäki M, Smith GD, Juonala M, Ferrie JE, Keltikangas-Järvinen L, Elovainio M, et al. Socioeconomic position in childhood and adult cardiovascular risk factors, vascular structure, and function: cardiovascular risk in young Finns study. Heart. 2006;92:474-80.
-1414 . Santos CRB, Portella ES, Avila SS, Soares EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev Nutr. 2006;19:389-401.. Diante desta lacuna, o objetivo deste estudo foi verificar a possibilidade de associação entre a condição socioeconômica e a prevalência de síndrome metabólica entre escolares da cidade de Montes Claros – MG.

MÉTODOS

Trata-se de estudo epidemiológico, descritivo com corte transversal.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Montes Claros, MG, com o parecer consubstanciado nº 152.330/12. O termo de consentimento para participar da pesquisa foi assinado pelos pais e responsáveis dos escolares.

Amostra envolvida foi selecionada por meio da amostragem por conglomerados. O processo amostral foi determinado por dois estágios: 1) estratificação dos escolares do ensino fundamental (n = 53.032) e médio (n = 15.505) quantificando 68.537 escolares, e 2) conglomerados de escolas de acordo com as regiões: norte (n = 10), sul (n = 17), leste (n = 15), oeste (n = 13), totalizando 55 escolas. Procedeu-se o sorteio das escolas que participariam do estudo, tendo como base a lista fornecida pelas instituições com a quantidade e idade dos estudantes. Sorteou-se de forma aleatória 4 escolares, uma em cada região em virtude de dificuldades logísticas de deslocamento e quantidade de alunos suficientes para compor a amostra. No estágio 2, foram convidados a participar da investigação todos os escolares de 10 a 16 anos que estavam presentes nas aulas de educação física. O cálculo do tamanho final da amostra foi estabelecido com um erro de três pontos percentuais e um intervalo de confiança de 95%, efeito de delineamento de 1,5, acrescido de 10% para possíveis perdas e ou recusas. Assim foram selecionadas 421 crianças a partir da fórmula: n=(Z.Z).p.q.N/e.e.(N-1)+p.q.Z.Z ; onde Z = intervalo de confiança P = probabilidade de ser rejeitado 50% q = probabilidade de ser escolhido 50% N= população e e = percentual de erro que ≤ 0,05 1515 . Batista EP. A pesquisa qualitativa em Psicologia Clínica. Psicol. USP [periodico na internet]. 2004 [acesso em fevereiro de 2013];15(1-2):71-80. Disponivel em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642004000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
.

Dos 421 escolares estabelecidos incialmente, 15 escolares (3 meninos e 12 meninas) não entregaram o terno livre consentimento esclarecido assinado pelos pais e responsáveis, dos 406 restantes, 4 escolares (3 meninos e 1 menina) não preencheram o questionário devidamente, 12 escolares (3 meninos e 9 meninas) não compareceram ao laboratório, resultando em 390 escolares realizaram os testes laboratoriais, destas, exclui-se 8 escolares (masculinos) por meio sorteio, chegando a amostra final de 382 escolares distribuídos nas seguintes regiões: norte (n = 392; 200 e 192), sul (n = 412; 246 e 166), leste (n = 442; 291 e 151) e oeste (n = 502; 225 e 277) (ensino fundamental e médio, respectivamente).

A condição socioeconômica (CSE) da amostra foi caracterizada por meio de questionário estruturado específico levando em consideração a escolaridades dos pais, predominância da cor da pele e a renda familiar, desta maneira a classificação foi dividida em 8 categorias (A1, A2, B1, B2, C1, C2, D, E), após esta classificação a amostra foi novamente subdividida em condição socioeconômica alta (CSEA: A1, A2, B1) condição socioeconômica baixa (CSEB: B2,C1, C2, D e E) 1616 . Fernandes AM, Casonatto J, Destro-Christófaro DG, Ronque ERV, Oliveira AR, Freitas Junior IF. Riscos para o excesso de peso entre adolescentes de diferentes classes socioeconômicas. Rev Asso Med Bras. 2008;54:334-6..

As variáveis do estado nutricional e síndrome metabólica foram:

a) Antropometria – A massa corporal (MC) e a estatura (E) foram mensuradas em uma balança médica de plataforma da marca Filizola (Filizola, Brasil) com capacidade de 150 kg com precisão de 100g e alcance de 2 m com precisão de 0,1 cm. O avaliado permaneceu com os braços ao longo do corpo e a cabeça posicionada no plano de Frankfurt. O estado nutricional foi definido pelo Índice de Massa Corporal (IMC) com as seguintes classificações: eutrófia, sobrepeso, obeso 1717 . Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweightand obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1241-3..

b) Obesidade – A obesidade foi avaliada a partir da circunferência abdominal (CA) utilizando uma trena antropométrica de metal flexível, inelastica e sem Trava (Sanny SN 40-10, Brasil) com limite de 2 m e precisão de 0,1 cm. As mensurações foram realizadas com o avaliado de frente para o avaliador, a medida foi determinada no plano horizontal específicos a cada sexo. O sexo masculino foi avaliado na cicatriz umbilical e o sexo feminino logo abaixo da ultima costela, ambas as medidas anotadas após uma expiração normal 1818 .Antunes HKM, Santos RF, Boscolo RA, Bueno OFA, de Mello MT. Análise de taxa metabólica basal e composição corporal de idosos do sexo masculino antes e seis meses após exercícios de resistência. Rev Bras Med Esporte. 2005;11(1):71-5..

c) Pressão arterial (PAS/PAD) – Foi aferida com auxílio de um esfignomanômetro (BD, Brasil) e um estetoscópio tipo Rappaport (Premium, Brasil), testados e calibrados anteriormente. A aferição ocorreu com o indivíduo na posição sentada após 10 minutos de repouso, braço direito apoiado e ao nível do coração, colocou a braçadeira do aparelho cerca de 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria umeral; procedeu desinsuflação da braçadeira com velocidade constante. O primeiro som de Korotkoff foi considerado para leitura da pressão arterial sistólica e o último para leitura da pressão arterial diastólica. Os cuidados como o repouso antes da aferição, o intervalo de cinco minutos e a média das duas aferições foram os procedimentos utilizados a fim de minimizar vieses de mensuração 1919 . VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.Rev Bras Hipertens. 2010;17:11-7..

d) Dosagens sanguíneas – As amostras sanguíneas para exames bioquímicos foram coletadas no Laboratorio Santa Clara da cidade de Montes Claros, MG, Brasil, por meio de punção venosa com agulhas e seringas descartáveis, sendo que o voluntário se apresentava em jejum de 12 horas. Após a punção de cerca de 10 mL de sangue, o material será desprezado em tubo sem anticoagulante identificado por número para a obtenção do soro, foi tampado e posteriormente armazenado em duas caixas térmicas de marca Termolar® com capacidade de 200 tubos cada. Os tubos foram colocados em centrífuga a 3500 RPM por 10 minutos. Após isso, a amostra foi dessorada, aliquotadas e tubos de ensaio, devidamente identificadas e armazenadas em refrigerador a –20°C para posterior análise. As concentrações de Triglicérides (TG), colesterol de alta densidade (HDL-c) e glicose (Gli) foram determinadas por meio do método calorimétrico-oxidase processados em analisador enzimático por Kits Liquiform marca Labtest Diagnóstica®.

A International Diabetes Federation(IDF) definiu SM para crianças e adolescentes, dividindo-os em faixas etárias: 6 a < 10 anos; 10 a < 16 anos; > 16 anos. Nestes grupos, a CA > p90° para idade é imprescindível para o diagnóstico da síndrome. Abaixo de 10 anos, o diagnóstico de SM não deve ser feito, porém a criança deve ser orientada quanto à necessidade de perda de peso e mudança de estilo de vida. Acima de 10 anos, esse diagnóstico já pode ser realizado e, para isso, é necessário que haja obesidade abdominal e presença de dois ou mais dos seguintes fatores: TG > 150 mg/dL, HDL < 40 mg/dL, Gli> 100 mg/dL, PAS≥ 130 e PAD≥ 85 mmHg 2020 . Zimmet P, Alberti KGMM, Kaufman F, Tajima N, Silink M, Arslanian S. The metabolic syndrome in children and adolescents – an IDF consensus report. Pediatric Diabetes. 2007;8:299-306.. Para adolescentes maiores de 16 anos, são utilizados os critérios de adultos 5. Faienza MF, Francavilla R, Goffredo R, Ventura A, Marzano F, Panzarino G et al. Oxidative stress in obesity and metabolic syndrome in children and adolescents. Horm Res Paediatr. 2012;78(3):158-64..

Todos os sujeitos da pesquisa foram avaliados por dois professores de educação física com experiência mínima de 30 avaliações, e o “r” de Pearson intra-avaliadores foi de 0,975 e inter-avaliados foi de 0,967. O período de coleta de dados ocorreu em quatro dias. No primeiro dia o pesquisador procurou cada escola sorteada e apresentou os objetivos da pesquisa ao diretor, que posteriormente comunicou aos professores de Educação Física quanto aos procedimentos do estudo. Em posse da identificação das idades, sexo, turma, turno de estudo e fase escolar, sortearam os escolares que participariam do estudo. No segundo dia, o pesquisador apresentou a cada aluno sorteado o terno de consentimento livre esclarecido a ser preenchido pelos pais ou responsáveis, com o compromisso de devolução no dia seguinte; no terceiro dia, em posse da autorização aplicou-se o questionário socioeconômico juntamente com a avaliação das variáveis hemodinâmicas, antropométricas; e no quarto dia os escolares compareceram ao laboratório para a coleta de sangue após um jejum de 12 horas, anteriormente pedido.

Para a análise dos dados foi utilizado o programa estatístico StatisticalPackage for Social Sciences (SPSS 20.0 for Windows®). Foi feita a estatística descritiva, por meio das medidas de tendência central média ± desvio padrão (M ± DP). Foi feito o teste de normalidade de KolmogorovSmirnov, tendo em vista o tamanho da amostra. A partir da normalidade aplicou-se o teste Qui-quadrado a fim de associar a prevalência de SM com os estados nutricionais propostos. A magnitude foi calculada a partir da razão de chance (RC) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%).

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta os valores descritivos da amostra investigada segundo o CSE. A CSEA constou com 37 escolares, sendo 16 (43,2%) meninos e 21 meninas (56,8%), enquanto que a CSEB apresentou um maior contingente com 345 escolares, sendo 135 (39,1%) meninos e 210 (60,9%) meninas. A maior parte da população tem entre 11 e 12 anos para CSEA e 11 a 14 anos para CSEB. A MC e E da CSEA foram superiores a CSEB. Na observação do estado nutricional, 75,4% dos escolares apresentavam como eutrófico (CSEA: 78,4%; CSEB: 75,1%), 17,3% apresentaram sobrepeso (CSEA: 16,2%; CSEB: 17,4%) e 7,3% eram obesos (CSEA: 5,4%; CSEB: 7,5%). Em relação à escolaridade da população investigada, em ambos os grupos, predominou o ensino fundamental: 67,6% na CSEA e 87,5% na CSEB. A cor da pele foi auto referida, a CSEA constou com 24 (64,9%) pardos, 4 (10,8%) negros e 6 (16,2%) brancos, enquanto que a CSEB reuniu em 202 (58,6%) pardos, 55 (15,9%) negros e 46 (13,4%) brancos.

Tabela 1
– Descrição dos escolares segundo a Condição Sócioeconômica

A Tabela 2 apresenta a prevalência de escolares quanto aos critérios para diagnóstico da SM, por CSE. Com relação a CA, 8,4 % dos escolares da CSEB apresentaram valores acima dos estabelecidos (IC: 0,88-0,46; p= 0,067). Quanto à PA, somente a CSEB apresentaram alterações sendo 0,6% com PAS (IC: 0,98-1; p= 0,642) e 0,3% com PAD (IC: 0,99-1; p= 0,743). O TG de 2,6% dos escolares da CSEB está acima dos valores de referência (IC: 0,95-0,99; p= 0,320). Somente 1,4% dos escolares da CSEB apresentaram hiperglicemia (IC: 0,97-0,99; p= 0,461).

Tabela 2
– Descrição dos critérios da Síndrome Metabólica e das prevalências (%) com intervalo de 95% de confiança segundo a Condição Sócioeconômica

Quanto aos níveis de HDL-c, 5,4% dos escolares da CSEA e 18,8% dos escolares da CSEB apresentaram abaixo dos valores de referência, o que apresentou associação significante (p= 0,041) indicando chances de CSEB ser menos ativa que a CSEA (OR= 3,48; IC: 0,89-13,65). Estes resultados demonstram que os escolares pertencentes à CSEB agrupam alterações em mais de três critérios aumentando a chances de diagnóstico da SM.

A Tabela 3 demonstra o diagnóstico da SM em 8,7% dos investigados da CSEB sendo a maior prevalência encontrada entre as meninas (10,4%) quando comparadas aos meninos (4%).

Tabela 3
Descrição da prevalência (%) da Síndrome Metabólica com intervalo de 95% de confiança segundo a Condição Sócioeconômica.

DISCUSSÃO

Os resultados mostram que 90,3% dos escolares pertencem a CSEB, investigações mostram que crianças com uma CSEB são mais propensas em desenvolver um estilo de vida sedentário e este comportamento é um fator importante no desenvolvimento de SM 1. Drenowatz C, Eisenmann JC, Pfeiffer KA, Welk G, Heelan K, Gentile D, et al. Influence of socio-economic status on habitual physical activity and sedentary behavior in 8 to 11 year old children. BMC Public Health. 2010;10:214-25.,2. McLaren L. Socioeconomic Status and Obesity. Epidemiol Rev. 2007; 29:29-48.. A faixa etária com maior representatividade foi entre 11 e 12 anos para CSEA e 11 a 14 anos CSEB, estudos populacionais revelam que adolescentes americanos com idade ≥ 12 anos apresentam uma alteração metabólica e 9,2% destes acumulam pelo menos dois critérios para o diagnóstico da SM 2121 . Wee BS, Poh BK, Bulgiba A, Ismail MN, Ruzita AT, Hills AP. Risk of metabolic syndrome among children living in metropolitan Kuala Lumpur: A case control study BMC Public Health. 2011;11:333-9..

Em um estudo de meta-análise, envolvendo a MC de recém-nascidos com a prevalência de SM, confirmou o risco de 2,53 chances de desenvolvimento em adultos nascidos com baixo peso, uma vez que mecanismos genéticos influenciam a MC ao nascer e fatores ambientais determinam as alterações que culminam na SM e consequente DCV 2222 . Silveira VMF, Horta BL. Peso ao nascer e síndrome metabólica em adultos: meta-análise.Rev. Saúde Pública. 2008;42:10-8.

23 . May R, Kim D, Mote-Watson D. Change in Weight-for-Length Status During the First Three Months: Relationships to Birth Weight and Implications for Metabolic Risk. Am J Phys Anthropol. 2013;150:5-9.
-2424 . Uçar A, Saka N, Bas F, Hatipoglu N, Bundak R, Darendeliler F. Reduced atherogenic indices in prepubertal girls with precocious adrenarche born appropriate for gestational age in relation to the conundrum of DHEAS. Endocrine Connections. 2013;1:112–21..

Investigações associando a SM e E são escassos na literatura, um estudo transversal associando-os concluiu que a baixa estatura é um importante indicador de privações nutricionais na infância e um significante preditor de morbidades na vida adulta, destacando a desnutrição na qual é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento e consequentemente em classes mais baixas 2525 . Silva EC, Martins IS, Araújo, EAC. Síndrome metabólica e baixa estatura em adultos da região metropolitana de São Paulo (SP, Brasil).Ciênc saúde coletiva. 2011;16:663-8..

Dados do presente estudo demonstram que os escolares da CSEB apresentam sobrepeso (18,6%) e obesidade (7,8%), em comparação com um estudo documental com 601 adolescentes de três cidades brasileiras diferentes constatou que a prevalência da SM em sobrepesos (17,2%) e obesos (37,1%), a investigação ainda aponta que o estado nutricional alterado aumenta consideravelmente a chance de acometimento da SM 2626 . Stabelini Neto A, Bozza R, Ulbrich A, Mascarenhas LPG, Boguszewski MCS, Campos W. Síndrome metabólica em adolescentes de diferentes estados nutricionais. Arq Bras Endocrinol Metab. 2012;56:104-9.,2727 . Morgenstern M, Sargent JD, Hanewinkel R. Relation between socioeconomic statusand body mass index arch. Pediatr Adolesc Med. 2009;163:731-8.. Com relação à escolaridade, 85,5% da amostra encontram-se no ensino fundamental, estudos apontam uma relação inversa entre a escolaridade e o risco de chance de desenvolver a SM 4. Tamayo T, Herder C, Rathmann W. Impact of early psychosocial factors (childhoodsocioeconomic factors and adversities) on future risk of type 2 diabetes, metabolic disturbances and obesity: a systematic review. BMC Public Health. 2010;10:525.,7. Goodman E, Daniels SR, Morrison JA, Huang H, Dolan LM. Contrasting prevalence of and demographic disparities in the world health organization and national cholesterol education program adult treatment panel iii definitions of metabolic syndrome among adolescents. J Pediatr. 2004;145:445-51.,2828 . Weiss R. et al. Obesity and the metabolic syndrome in children and adolescents. N Engl J Med. 2004;350:2362-74.. A raça não se caracteriza como um importante preditor, já que a SM está intimamente ligado à obesidade e dislipidemias 2929 . Walker SE, Gurka MJ, Oliver MN, Johns DW, DeBoer MD. Racial/ethnic discrepancies in the metabolic syndrome begin in childhood and persist after adjustment for environmental factors. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2012;22(2):141-8., outro estudo aponta que crianças e adolescentes hispânicos apresentam uma maior prevalência de obesidade e resistência à insulina, o que eleva as chances de desenvolver SM que em não-hispânicos, crianças brancas e negros 3030 . Mirza NM, Palmer MG, Sinclair KB, McCarter R, He J, Ebbeling CB, et al. Effects of a low glycemic load or a low-fat dietary intervention on body weight in obese Hispanic American children and adolescents: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2013;97(2):276-85..

O presente estudo evidenciou que 8,7% dos escolares apresentam alteração na CA, um estudo transversal junto a 818 crianças italianas constatou que esta medida antropométrica estaria associada com a identificação de dislipidemias e elevação de níveis pressóricos 3131 . Maffeis C, Pietrobelli A, Grezzani A, Provera S, Tato L. Waist circumference and cardiovascular risk factors in prepubertal children. Obes Res. 2001;9:179-87.. Igualmente, um estudo de revisão sistemática cita que crianças com CA > p90º são propensas a ter um estilo de vida sedentário e apresentarem alterações lipídicas, diabetes tipo 2, hipertensão, sendo estes últimos os componentes da SM

Nesse experimento encontrou-se uma menor prevalência de crianças com hipertensão arterial, analisadas isoladamente a PAD e PAS não apresentaram associações com a CSE. Os níveis pressóricos são utilizados no diagnostico da SM e acomete entre 0,8% a 8,2% das crianças e adolescentes, estudos transversais associam a elevação da pressão arterial com o estado nutricional, CA e CSE, visto que, a sua reunião acelera a sua prematuridade de alterações metabólicas e a sua avaliação torna-se necessária em crianças cujas famílias se encontram em maior risco social 3232 . Matsuzawa Y, Funahashi T, Nakamura T. The concept of metabolic syndrome: contribution of visceral fat accumulation and its molecular mechanism. J Atheroscler Thromb. 2011;18:629-39.

33 . Benmohammed K, Nguyen MT, Khensal S, Valensi P, Lezzar A. Arterial hypertension in overweight and obese Algerian adolescents: Role of abdominal adiposity. Diabetes Metab. 2011;37(4):291-7.
-3434 . Molina MDCB yy. Fatores de risco cardiovascular em crianças de 7 a 10 anos de área urbana, Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2010;26:909-17.. O diagnóstico da hipertensão arterial e a sua inclusão como parâmetro na detecção da SM deve levar em conta a idade, sexo e estatura 1919 . VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.Rev Bras Hipertens. 2010;17:11-7..

As dislipidemias são alterações das concentrações de lipídios séricos, tais como aumento do colesterol total, da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), TG e bem como a redução da HDL-c 5. Faienza MF, Francavilla R, Goffredo R, Ventura A, Marzano F, Panzarino G et al. Oxidative stress in obesity and metabolic syndrome in children and adolescents. Horm Res Paediatr. 2012;78(3):158-64.. Estudos epidemiológicos comprovam associação entre os níveis altos de colesterol total com a incidência das doenças arteriais coronarianas em qualquer idade, estas alterações têm início geralmente na infância e ocorrem silenciosamente, sendo a lesão aterosclerótica somente diagnosticada na idade adulta 1010 . Leitão MPC, Martins IS. Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em usuários de Unidades Básicas de Saúde em São Paulo – SP. Rev Assoc Med Bras. 2012; 58:60-9.,1212 . Phillips AC, Carroll D, Thomas GN, Gale CR, Deary I, Batty GD. The influence of multiple indices of socioeconomic disadvantage across the adult life course on the metabolic syndrome: the Vietnam Experience Study. Metabolism Clinical and Experimental. 2010;59:1164-71.,2121 . Wee BS, Poh BK, Bulgiba A, Ismail MN, Ruzita AT, Hills AP. Risk of metabolic syndrome among children living in metropolitan Kuala Lumpur: A case control study BMC Public Health. 2011;11:333-9.. Este mesmo resultado foi observado em estudo transversal envolvendo 419 adultos com mais de 20 anos do leste de Taiwan, na qual apontou que 19,3% destes acometidos pela SM, desenvolveram-na infância e adolescência 35.

Neste estudo a prevalência de alterações quanto ao TG e Gli é muito pequena sendo a CSEB a mais acometida, as pessoas pertencentes com menor poder aquisitivo estão associados com a incidência e mortalidade por DCV, provavelmente em razão do acúmulo de fatores de risco (sedentarismo, a hipertensão arterial, as dislipidemias), sendo o excesso de peso como principal fator, além disso, a baixa escolaridade exerce uma limitação de informações concernentes aos cuidados profiláticos 1. Drenowatz C, Eisenmann JC, Pfeiffer KA, Welk G, Heelan K, Gentile D, et al. Influence of socio-economic status on habitual physical activity and sedentary behavior in 8 to 11 year old children. BMC Public Health. 2010;10:214-25.,3. Lawlor DA, Ebrahim S, Smith GD. Socioeconomic position in childhood and adulthood and insulin resistance: cross sectional survey using data from British women’s heart and health study. BMJ. 2002;325:1-5.,4. Tamayo T, Herder C, Rathmann W. Impact of early psychosocial factors (childhoodsocioeconomic factors and adversities) on future risk of type 2 diabetes, metabolic disturbances and obesity: a systematic review. BMC Public Health. 2010;10:525..

Os níveis aumentados de HDL-c diminuem o risco relativo para a DCV, pela habilidade deste realizar o transporte reverso do colesterol e prevenir a oxidação e agregação das partículas de LDL-c na parede arterial, diminuindo o potencial aterogênico desta lipoproteína 3636 . El-Koofy NM, Anwar GM, El-Raziky MS, El-Hennawy AM, El-Mougy FM, El-Karaksy HM et al.The association of metabolic syndrome, insulin resistance and non-alcoholic fatty liver disease in overweight/obese children. Saudi J Gastroenterol. 2012;18(1):44-9.. Na amostra investigada, concentrações diminuídas de HDL-C ocorreram em 18,8% dos escolares da CSEB, resultado maior que o estudo transversal feito entre crianças e adolescentes paulistanos que totalizaram 13,8% de acometidos 3737 . Romaldini CC, Issler H, Cardoso AL, Diament J, Forti, N. Fatores de risco para aterosclerose em crianças e adolescentes com história familiar de doença arterial coronariana prematura J Pediatr. 2004;80:135-40..

A presença de SM foi diagnosticada em 8,7% sendo todos da CSEB, estudos apontam a prevalência de acometidos entre 4,1% a 17,2% dos investigados 1111 . Pimenta AM, Andréa Gazzinelli A, Velásquez-Meléndez G. Prevalência da síndrome metabólica e seus fatores associados em área rural de Minas Gerais (MG, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva. 2011;6:297-306.

12 . Phillips AC, Carroll D, Thomas GN, Gale CR, Deary I, Batty GD. The influence of multiple indices of socioeconomic disadvantage across the adult life course on the metabolic syndrome: the Vietnam Experience Study. Metabolism Clinical and Experimental. 2010;59:1164-71.

13 . Kivimäki M, Smith GD, Juonala M, Ferrie JE, Keltikangas-Järvinen L, Elovainio M, et al. Socioeconomic position in childhood and adult cardiovascular risk factors, vascular structure, and function: cardiovascular risk in young Finns study. Heart. 2006;92:474-80.

14 . Santos CRB, Portella ES, Avila SS, Soares EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev Nutr. 2006;19:389-401.

15 . Batista EP. A pesquisa qualitativa em Psicologia Clínica. Psicol. USP [periodico na internet]. 2004 [acesso em fevereiro de 2013];15(1-2):71-80. Disponivel em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642004000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...

16 . Fernandes AM, Casonatto J, Destro-Christófaro DG, Ronque ERV, Oliveira AR, Freitas Junior IF. Riscos para o excesso de peso entre adolescentes de diferentes classes socioeconômicas. Rev Asso Med Bras. 2008;54:334-6.

17 . Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweightand obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1241-3.

18 .Antunes HKM, Santos RF, Boscolo RA, Bueno OFA, de Mello MT. Análise de taxa metabólica basal e composição corporal de idosos do sexo masculino antes e seis meses após exercícios de resistência. Rev Bras Med Esporte. 2005;11(1):71-5.

19 . VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.Rev Bras Hipertens. 2010;17:11-7.

20 . Zimmet P, Alberti KGMM, Kaufman F, Tajima N, Silink M, Arslanian S. The metabolic syndrome in children and adolescents – an IDF consensus report. Pediatric Diabetes. 2007;8:299-306.

21 . Wee BS, Poh BK, Bulgiba A, Ismail MN, Ruzita AT, Hills AP. Risk of metabolic syndrome among children living in metropolitan Kuala Lumpur: A case control study BMC Public Health. 2011;11:333-9.

22 . Silveira VMF, Horta BL. Peso ao nascer e síndrome metabólica em adultos: meta-análise.Rev. Saúde Pública. 2008;42:10-8.

23 . May R, Kim D, Mote-Watson D. Change in Weight-for-Length Status During the First Three Months: Relationships to Birth Weight and Implications for Metabolic Risk. Am J Phys Anthropol. 2013;150:5-9.

24 . Uçar A, Saka N, Bas F, Hatipoglu N, Bundak R, Darendeliler F. Reduced atherogenic indices in prepubertal girls with precocious adrenarche born appropriate for gestational age in relation to the conundrum of DHEAS. Endocrine Connections. 2013;1:112–21.

25 . Silva EC, Martins IS, Araújo, EAC. Síndrome metabólica e baixa estatura em adultos da região metropolitana de São Paulo (SP, Brasil).Ciênc saúde coletiva. 2011;16:663-8.
-2626 . Stabelini Neto A, Bozza R, Ulbrich A, Mascarenhas LPG, Boguszewski MCS, Campos W. Síndrome metabólica em adolescentes de diferentes estados nutricionais. Arq Bras Endocrinol Metab. 2012;56:104-9.. A relação entre CSE e SM tem uma estreita relação visto que desvantagens econômicas são preditivas para sua ocorrência entre crianças e adolescentes 6. Xu H, Li Y, Liu A, Zhang Q, Hu X, Fang H et al. Prevalence of the metabolic syndrome among children from six cities of China. BMC Public Health. 2012;12:13.,7. Goodman E, Daniels SR, Morrison JA, Huang H, Dolan LM. Contrasting prevalence of and demographic disparities in the world health organization and national cholesterol education program adult treatment panel iii definitions of metabolic syndrome among adolescents. J Pediatr. 2004;145:445-51.,1313 . Kivimäki M, Smith GD, Juonala M, Ferrie JE, Keltikangas-Järvinen L, Elovainio M, et al. Socioeconomic position in childhood and adult cardiovascular risk factors, vascular structure, and function: cardiovascular risk in young Finns study. Heart. 2006;92:474-80.. Investigações citam que esta patologia pode se iniciar devido aos fatores de risco expostos ao indivíduo, como uma baixa escolaridade, obesidade, alimentos calóricos, sedentarismo, perfil lipídico alterado 8. Kassi E, Pervanidou P, Kaltsas G, Chrousos G. Metabolic syndrome: definitions and controversies. BMC Medicine. 2011;9:48-61.,9. Rodrigues AN, Perez AJ, Pires JGP, Carletti L, Araújo MTM, Moyses MR, et al. Cardiovascular risk factors, their associations and presenceof metabolic syndrome in adolescents.J Pediatr. 2009;85:55-60.,1212 . Phillips AC, Carroll D, Thomas GN, Gale CR, Deary I, Batty GD. The influence of multiple indices of socioeconomic disadvantage across the adult life course on the metabolic syndrome: the Vietnam Experience Study. Metabolism Clinical and Experimental. 2010;59:1164-71..

Uma limitação do presente estudo foi o desequilíbrio da amostra em relação às condições socioeconômicas. Obteve-se uma pequena quantidade de escolares da CSEA em razão da não priorização de escolas ou região. A amostra estudada foi representativa dos escolares montes-clarenses devido ao cálculo amostral empregado. Os resultados aqui apresentados corroboram com as demais investigações. A escassez de investigações acerca do tema foi outro fator limitador para discussão dos resultados, o que nos pressionou a utilizar referências internacionais.

CONCLUSÃO

A CSE contribui de forma significante para prevalência da SM, a sua presença foi diagnosticada em 8,7% dos escolares da CSEB devido estes apresentarem alteração em mais de três itens. Há uma crescente incidência da SM entre crianças e adolescentes, mas não existe consenso nos pontos de corte para o seu diagnóstico em populações jovens o que torna mais difícil a sua detecção e tratamento posterior. Neste contexto, torna-se necessário a realização de estudos mais aprofundados nas demais cidades do norte de Minas uma vez que este é o primeiro realizado nesta região.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Drenowatz C, Eisenmann JC, Pfeiffer KA, Welk G, Heelan K, Gentile D, et al. Influence of socio-economic status on habitual physical activity and sedentary behavior in 8 to 11 year old children. BMC Public Health. 2010;10:214-25.
  • 2
    McLaren L. Socioeconomic Status and Obesity. Epidemiol Rev. 2007; 29:29-48.
  • 3
    Lawlor DA, Ebrahim S, Smith GD. Socioeconomic position in childhood and adulthood and insulin resistance: cross sectional survey using data from British women’s heart and health study. BMJ. 2002;325:1-5.
  • 4
    Tamayo T, Herder C, Rathmann W. Impact of early psychosocial factors (childhoodsocioeconomic factors and adversities) on future risk of type 2 diabetes, metabolic disturbances and obesity: a systematic review. BMC Public Health. 2010;10:525.
  • 5
    Faienza MF, Francavilla R, Goffredo R, Ventura A, Marzano F, Panzarino G et al. Oxidative stress in obesity and metabolic syndrome in children and adolescents. Horm Res Paediatr. 2012;78(3):158-64.
  • 6
    Xu H, Li Y, Liu A, Zhang Q, Hu X, Fang H et al. Prevalence of the metabolic syndrome among children from six cities of China. BMC Public Health. 2012;12:13.
  • 7
    Goodman E, Daniels SR, Morrison JA, Huang H, Dolan LM. Contrasting prevalence of and demographic disparities in the world health organization and national cholesterol education program adult treatment panel iii definitions of metabolic syndrome among adolescents. J Pediatr. 2004;145:445-51.
  • 8
    Kassi E, Pervanidou P, Kaltsas G, Chrousos G. Metabolic syndrome: definitions and controversies. BMC Medicine. 2011;9:48-61.
  • 9
    Rodrigues AN, Perez AJ, Pires JGP, Carletti L, Araújo MTM, Moyses MR, et al. Cardiovascular risk factors, their associations and presenceof metabolic syndrome in adolescents.J Pediatr. 2009;85:55-60.
  • 10
    Leitão MPC, Martins IS. Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em usuários de Unidades Básicas de Saúde em São Paulo – SP. Rev Assoc Med Bras. 2012; 58:60-9.
  • 11
    Pimenta AM, Andréa Gazzinelli A, Velásquez-Meléndez G. Prevalência da síndrome metabólica e seus fatores associados em área rural de Minas Gerais (MG, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva. 2011;6:297-306.
  • 12
    Phillips AC, Carroll D, Thomas GN, Gale CR, Deary I, Batty GD. The influence of multiple indices of socioeconomic disadvantage across the adult life course on the metabolic syndrome: the Vietnam Experience Study. Metabolism Clinical and Experimental. 2010;59:1164-71.
  • 13
    Kivimäki M, Smith GD, Juonala M, Ferrie JE, Keltikangas-Järvinen L, Elovainio M, et al. Socioeconomic position in childhood and adult cardiovascular risk factors, vascular structure, and function: cardiovascular risk in young Finns study. Heart. 2006;92:474-80.
  • 14
    Santos CRB, Portella ES, Avila SS, Soares EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev Nutr. 2006;19:389-401.
  • 15
    Batista EP. A pesquisa qualitativa em Psicologia Clínica. Psicol. USP [periodico na internet]. 2004 [acesso em fevereiro de 2013];15(1-2):71-80. Disponivel em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642004000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
    » http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642004000100012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
  • 16
    Fernandes AM, Casonatto J, Destro-Christófaro DG, Ronque ERV, Oliveira AR, Freitas Junior IF. Riscos para o excesso de peso entre adolescentes de diferentes classes socioeconômicas. Rev Asso Med Bras. 2008;54:334-6.
  • 17
    Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition for child overweightand obesity worldwide: international survey. BMJ. 2000;320:1241-3.
  • 18
    Antunes HKM, Santos RF, Boscolo RA, Bueno OFA, de Mello MT. Análise de taxa metabólica basal e composição corporal de idosos do sexo masculino antes e seis meses após exercícios de resistência. Rev Bras Med Esporte. 2005;11(1):71-5.
  • 19
    VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.Rev Bras Hipertens. 2010;17:11-7.
  • 20
    Zimmet P, Alberti KGMM, Kaufman F, Tajima N, Silink M, Arslanian S. The metabolic syndrome in children and adolescents – an IDF consensus report. Pediatric Diabetes. 2007;8:299-306.
  • 21
    Wee BS, Poh BK, Bulgiba A, Ismail MN, Ruzita AT, Hills AP. Risk of metabolic syndrome among children living in metropolitan Kuala Lumpur: A case control study BMC Public Health. 2011;11:333-9.
  • 22
    Silveira VMF, Horta BL. Peso ao nascer e síndrome metabólica em adultos: meta-análise.Rev. Saúde Pública. 2008;42:10-8.
  • 23
    May R, Kim D, Mote-Watson D. Change in Weight-for-Length Status During the First Three Months: Relationships to Birth Weight and Implications for Metabolic Risk. Am J Phys Anthropol. 2013;150:5-9.
  • 24
    Uçar A, Saka N, Bas F, Hatipoglu N, Bundak R, Darendeliler F. Reduced atherogenic indices in prepubertal girls with precocious adrenarche born appropriate for gestational age in relation to the conundrum of DHEAS. Endocrine Connections. 2013;1:112–21.
  • 25
    Silva EC, Martins IS, Araújo, EAC. Síndrome metabólica e baixa estatura em adultos da região metropolitana de São Paulo (SP, Brasil).Ciênc saúde coletiva. 2011;16:663-8.
  • 26
    Stabelini Neto A, Bozza R, Ulbrich A, Mascarenhas LPG, Boguszewski MCS, Campos W. Síndrome metabólica em adolescentes de diferentes estados nutricionais. Arq Bras Endocrinol Metab. 2012;56:104-9.
  • 27
    Morgenstern M, Sargent JD, Hanewinkel R. Relation between socioeconomic statusand body mass index arch. Pediatr Adolesc Med. 2009;163:731-8.
  • 28
    Weiss R. et al. Obesity and the metabolic syndrome in children and adolescents. N Engl J Med. 2004;350:2362-74.
  • 29
    Walker SE, Gurka MJ, Oliver MN, Johns DW, DeBoer MD. Racial/ethnic discrepancies in the metabolic syndrome begin in childhood and persist after adjustment for environmental factors. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2012;22(2):141-8.
  • 30
    Mirza NM, Palmer MG, Sinclair KB, McCarter R, He J, Ebbeling CB, et al. Effects of a low glycemic load or a low-fat dietary intervention on body weight in obese Hispanic American children and adolescents: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2013;97(2):276-85.
  • 31
    Maffeis C, Pietrobelli A, Grezzani A, Provera S, Tato L. Waist circumference and cardiovascular risk factors in prepubertal children. Obes Res. 2001;9:179-87.
  • 32
    Matsuzawa Y, Funahashi T, Nakamura T. The concept of metabolic syndrome: contribution of visceral fat accumulation and its molecular mechanism. J Atheroscler Thromb. 2011;18:629-39.
  • 33
    Benmohammed K, Nguyen MT, Khensal S, Valensi P, Lezzar A. Arterial hypertension in overweight and obese Algerian adolescents: Role of abdominal adiposity. Diabetes Metab. 2011;37(4):291-7.
  • 34
    Molina MDCB yy. Fatores de risco cardiovascular em crianças de 7 a 10 anos de área urbana, Vitória, Espírito Santo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2010;26:909-17.
  • 35
    Jin-Ding Lin JD, Lin LP, Liou SW, Chen YC, Hsu SW, Liu CT. Research in Gender differences in the prevalence of metabolic syndrome and it´s components among adults with disabilities based on a community health check up data. Res Dev Disabil. 2013;34:516-20.
  • 36
    El-Koofy NM, Anwar GM, El-Raziky MS, El-Hennawy AM, El-Mougy FM, El-Karaksy HM et al.The association of metabolic syndrome, insulin resistance and non-alcoholic fatty liver disease in overweight/obese children. Saudi J Gastroenterol. 2012;18(1):44-9.
  • 37
    Romaldini CC, Issler H, Cardoso AL, Diament J, Forti, N. Fatores de risco para aterosclerose em crianças e adolescentes com história familiar de doença arterial coronariana prematura J Pediatr. 2004;80:135-40.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2014

Histórico

  • Recebido
    08 Abr 2013
  • Aceito
    30 Set 2013
ABRAMO Associação Brasileira de Motricidade Orofacial Rua Uruguaiana, 516, Cep 13026-001 Campinas SP Brasil, Tel.: +55 19 3254-0342 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistacefac@cefac.br