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Discurso oral e escrito de escolares do ensino fundamental

Resumos

OBJETIVO:

caracterizar os aspectos sintáticos e discursivos da produção oral e escrita dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental.

MÉTODOS:

foram sujeitos da pesquisa treze estudantes que cursavam o 6º ano do ensino fundamental de uma escola particular. O material analisado foi constituído de uma produção oral, gravada e transcrita, e uma produção escrita, ambas obtidas a partir de figuras. Na análise dessas produções foram consideradas as estruturas sintáticas e componentes do discurso.

RESULTADOS:

observou-se que a produção escrita das meninas apresentou uma extensão maior que a dos meninos, enquanto estes, na comunicação oral apresentaram um discurso mais longo. No discurso oral e escrito, todos os participantes priorizaram o uso da coordenação, o que está aquém do esperado para o nível de escolaridade dos estudantes. Com relação à análise do discurso, a maior parte das crianças apresentou nível 1, incompatível com a idade e o nível de escolaridade.

CONCLUSÃO:

o desempenho dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental na produção oral e escrita foi abaixo do esperado para o nível de escolaridade que se encontram. Este desempenho pode ser explicado por algumas hipóteses, como a fase de transição em que os estudantes se encontram, falta de estratégias fornecidas pela escola para a produção de discursos e falta de estimulação tanto dos pais quanto da escola durante a fase do desenvolvimento da linguagem e processo de aprendizagem da leitura-escrita.

Linguagem; Adolescente; Fala


PURPOSE:

to describe the syntactic and linguistic structures of student's oral and written output.

METHODS:

the subjects of this research were thirteen sixth-grade, private school students. Each student had two outputs: one oral (recorded and transcribed) and one written, both based on two different pictures. These productions were analyzed in order to investigate syntactic aspects and the speech structure.

RESULTS:

showed that girls' written productions are longer than boys', who performance better orally. In oral and written productions, both groups prioritized coordination form. According to the speech structure, most part of the children were classified as level 1, performing poorer than expected for their age group.

CONCLUSION:

these results were below expectation for their school level. This performance can be explained by some hypotheses: these students were in a transition phase; few speech strategies were taught in school; parents and school provide few stimulation during the oral and written language development.

Language; Adolescent; Speech


Introdução

Adolescência refere-se ao período que se situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, doze e dezoito anos de idade11. Bossa NA. O normal e o patológico na adolescência. Oliveira VB: Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998. , 22. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.. Esse período corresponde a um momento de transição entre a infância e a idade adulta, sendo notáveis as mudanças na vida física, social e psicológica. O adolescente vive um período novo em sua vida, buscando, definir seu papel dentro do circulo social no qual esta· inserido. Nessa nova fase de transição da infância para idade adulta, novas relações interpessoais são vivenciadas e estabelecidas, por meio da interação dentro de um grupo de iguais33. Britas JRS, Moreno RS, Eugenio DS, Sala DCP, Vieira TF, Bruno PR. Os rituais de passagem segundo adolescentes. Acta Paul Enfermagem. 2008;21(3):404-11..

Nesta fase, ocorre o término do crescimento biológico e iniciam-se mudanças tanto biofisiológicas como psicossociais, que propiciam comportamentos novos e diferentes em sua convivência em família e na escola33. Britas JRS, Moreno RS, Eugenio DS, Sala DCP, Vieira TF, Bruno PR. Os rituais de passagem segundo adolescentes. Acta Paul Enfermagem. 2008;21(3):404-11.

4. Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.
- 55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32.. Para os meninos, a mudança ocorre principalmente, na voz e crescimento de pelos. Já para as meninas, a mudança tem como marcos iniciais a menarca, o crescimento dos seios, nascimento de pelos pubianos e alargamento do quadril33. Britas JRS, Moreno RS, Eugenio DS, Sala DCP, Vieira TF, Bruno PR. Os rituais de passagem segundo adolescentes. Acta Paul Enfermagem. 2008;21(3):404-11. , 66. Belsky J. Desenvolvimento Humano: Experenciando o ciclo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2007.. Além disso, esse período traz também mudanças psicologias. Em uma pesquisa sobre as transformações ocorridas segundo os próprios adolescentes33. Britas JRS, Moreno RS, Eugenio DS, Sala DCP, Vieira TF, Bruno PR. Os rituais de passagem segundo adolescentes. Acta Paul Enfermagem. 2008;21(3):404-11., estes revelaram que há o aumento da responsabilidade e da cobrança (nas diversas atividades do cotidiano); aumento de conflitos (pois há a procura do rompimento com a dependência dos pais) e experiências com novos acontecimentos e grupos sociais. Os autores da pesquisa concluem que os rituais de passagem entre a infância e a vida adulta relacionam-se diretamente com a mudança corporal, produto do adolescer, sendo ocorrências marcantes e significativas na vida do individuo.

Enquanto o adolescente muda (o comportamento, a linguagem, os aspectos físicos e biológicos), o meio e as exigências feitas também mudam44. Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.. Quanto à escola, as mudanças podem ser consideradas um marco. Fica claramente delimitada a mudança de fase de vida: até dez anos, frequentando a quarta série, o menino e a menina eram crianças, cuidadas e protegidas por um ou dois professores, que se responsabilizavam pela maioria dos acontecimentos em sala de aula. No ano seguinte, eles mudam, muitas vezes, de prédio dentro da escola, de período ou mesmo de escola. Enfrentam vários professores que são responsáveis pelas matérias que ministram e não pela classe toda, que trocam a cada cinquenta minutos. Possuem período maior de lanche, exigências diferentes, com volume maior de tarefas e avaliações. Além disso, espera-se maior autonomia por parte dos alunos, mas nessa fase, apesar do aumento dos conteúdos escolares, os estudantes passam a se interessar por outros assuntos além da esfera pedagógica. O dia-a-dia escolar sofre influências de fatores sexuais, afetivos, econômicos, ideológicos e sociais. Em consequência disso, a escola deixa de ser o eixo central da vida do adolescente11. Bossa NA. O normal e o patológico na adolescência. Oliveira VB: Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998. , 44. Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003..

As mudanças ocorridas nesta fase vão refletir na linguagem oral e escrita dos estudantes55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32.. O desenvolvimento da linguagem está em plena construção na adolescência e continua até a fase adulta44. Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003. , 55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32.. O processo é gradual, com mudanças sutis, porém significantes. As áreas que mais sofrem mudanças são: semântica, sintaxe e pragmática. Nesta fase, ocorre o entendimento e o uso de estruturas sintático-semânticas complexas, linguagem figurada, provérbios, linguagem abstrata, capacidade de persuadir, negociar e uso de gírias. Isto ocorre porque, nesta fase, o adolescente passa a vivenciar diferentes grupos, tocando idéias, expondo opiniões, fazendo questionamentos a respeito dos acontecimentos e refletindo sobre eles55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32..

Com relação à sintaxe, os aspectos mais profundos e complexos são desenvolvidos a partir dos seis anos, prolongando-se até os quatorze.Esta competência depende estritamente do grau de estimulação ambiental e da apresentação de atividades que desenvolvam a capacidade de organização gramatical. O processo de aprendizagem não é semelhante em todas as crianças e depende de fatores individuais, além de condições sociais e educacionais. Na faixa etária dos participantes desta pesquisa, houve o aparecimento e o desenvolvimento de orações relativas e orações adverbiais55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32.. Há uma diversificação das formas sintáticas já disponíveis, assinalando condições hipotéticas e condicionais (se...então), conjunções (e), disjunções (ou), aumento do tamanho da oração, havendo presença e número de subordinadas na mesma oração44. Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.. De acordo com relatos da autora, muitas vezes, o pré-adolescente faz uso mais restrito das possibilidades que tem de expressar sua linguagem construída. Além disso, a literatura mostra uma diferença com relação ao desempenho acadêmico de meninos e meninas77. Deuschle-Araújo V, Souza APR. Análise comparativa do desempenho textual de estudantes de quarta e quinta séries do ensino fundamental com e sem queixa de dificuldades na linguagem escrita. Rev CEFAC. 2010;12(4):617-25. , 88. Rosa Neto FR, Xavier RFC, Santos APM. Caracterização da Leitura e da Escrita. Rev CEFAC. 2013;15(6):1643-53.. Há maior prevalência de baixo desempenho escolar no sexo masculino, apontando que os meninos são mais afetados por dificuldades de aprendizagem que as meninas. Existem algumas hipóteses para esta diferença de desempenho entre sexos. As meninas são consideradas pelas professoras mais organizadas e, embora conversem bastante, são menos agitadas99. Silva CAD, Barros F, Halpern SC, Silva LAD. Meninas bem-comportadas, boas alunas; meninos inteligentes, indisciplinados. Cadernos de Pesquisa. 1999; 107: 207-25.. Os autores ainda relatam que os meninos são considerados inteligentes, porem mais agitados e indisciplinados, o que compromete seu desempenho escolar. As meninas também escrevem mais, fazendo diários, bilhetes e os meninos são mais habilidosos em questões motoras e logico-matematicas1010. Dal'Igna MC. Desempenho escolar de meninos e meninas:há diferença? Educação em Revista. 2007; 46: 241-67.. Outros autores descrevem que, nas meninas, encontra-se maior número de produções durante a expressão oral, melhor discriminação auditiva, maior coordenação viso motora, e melhor desempenho inicial na aquisição da leitura e da escrita1111. Moura SRS, Cielo CA, Mezzomo CL. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2009;14(2):205-11.. De acordo com exames de neuroimagem, as mulheres processam melhor a linguagem que os homens e esse argu mento talvez explique as diferenças observadas entre os sexos. Há sinais de que, ao tratar com material fonológico, o sexo feminino processa a linguagem verbal nos dois hemisférios cerebrais ao mesmo tempo, enquanto que os homens utilizam áreas específicas do hemisfério dominante. Observou-se também que as áreas de Broca e de Wernicke, relacionadas à fala, são maiores nas mulheres, o que também poderia justificar, biologicamente, um melhor desempenho do sexo feminino nas atividades associadas à linguagem.

Outros fatores também podem interferir no desenvolvimento da linguagem e no desempenho do adolescente na escola. O habito de ler e um importante estimulo para o desenvolvimento de todos os aspectos relacionados a linguagem, como a sintaxe, a semântica, a morfologia e a pragmática.Com pouca leitura, os estudantes têm menos chance de aumentar o vocabulário, prejudicando suas habilidades comunicativas, o que seria o ponto central dos problemas apresentados pelos estudantes na escola. Estes problemas de comunicação podem estar na compreensão, formulação e/ou na produção da linguagem. O professor tem um importante papel de organizador dos conhecimentos passados e adquiridos pelo aluno, isso ocorre também com relação à linguagem55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32. , 88. Rosa Neto FR, Xavier RFC, Santos APM. Caracterização da Leitura e da Escrita. Rev CEFAC. 2013;15(6):1643-53.. Nesta fase é importante que a família e a escola se unam para promover o equilíbrio frente às novas exigências de seu filho e contribuir positivamente para o seu crescimento como indivíduo e ajudá-lo a desenvolver comportamentos sociais aceitáveis.

Quando observadas as pesquisas na área da linguagem na adolescência, é escassa a quantidade de trabalhos encontrados nas bases de dados existentes, tanto nacionais quanto internacionais (biblioteca da PUC- Campinas, BIREME, SCIELO, USP, UNICAMP, MEDLINE). Muitos são os trabalhos realizados com adolescentes, porém enfocam comportamento, violência, gravidez, transtornos de alimentação, conduta, quase nenhum sobre o desenvolvimento da linguagem e do discurso do adolescente. A maioria dos trabalhos realizados foi com pré-escolares e adultos, tendo como foco patologias, transtornos, dificuldades encontradas nessas fases.

Dessa forma, observando a importância de se conhecer o desenvolvimento da linguagem oral e escrita no período da adolescência e a escassez de estudos nessa temática, o objetivo dessa pesquisa foi caracterizar os aspectos sintáticos e discursivos da produção oral e escrita dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental.

Métodos

O estudo aqui apresentado é de natureza empírica, com caráter quantitativo de análise. Para a realização da pesquisa, foi solicitada a autorização da escola e enviado aos pais o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a participação dos filhos na realização da pesquisa. Este trabalho possui aprovação do Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (protocolo nº 325/04).

Foram sujeitos desta pesquisa, estudantes do 6º ano do ensino fundamental de uma escola particular do interior do Estado de São Paulo. A amostra foi constituída de 13 estudantes, cuja faixa etaria variou de 10 anos e 8 meses a 12 anos e 2 meses. Participaram 9 alunos do sexo feminino e 4 do sexo masculino, que não apresentavam quaisquer dificuldades nas áreas de leitura, escrita, fala e linguagem. Incluiu-se também os estudantes que apresentaram o termo de consentimento assinado pelo responsável e que concordaram em participar da pesquisa. Foram excluídos da amostra os sujeitos que apresentavam alterações neurológicos, sensoriais, psicológicos e comportamentais; aqueles estudantes que se recusaram a participar do estudo ou cujos pais não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Esses dados foram fornecidos pela professora e coordenação pedagógica, anteriormente à realização da prova.

Para a coleta de dados, foram utilizadas duas figuras de ação, reproduzidas de uma tese de doutorado1212. Santiago NV. Eficiência do Treino para o Desenvolvimento do Repertório Verbal em Carentes Culturais: Implicações para o contexto Educacional. [Tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 1997., intitulada: "Eficiência do treino para o desenvolvimento do repertório verbal em carentes culturais: implicações para o Contexto Educacional". Essas figuras estavam desenhadas em uma folha branca, com tamanho do papel A4 e eram coloridas. Uma figura, de uma família brincando com uma bola e um bebê repousando no sofá, foi utilizada especificamente para a produção oral e a outra, cuja mãe está oferecendo mamadeira para um bebê, para a produção escrita. A escolha das figuras para as tarefas foi aleatória.

A produção oral foi registrada em um gravador PANASONIC RQ-L 31 e a produção escrita foi registrada em uma folha de sulfite branca.

Com autorização da professora, um por um, os estudantes foram encaminhados à sala onde se encontrava a avaliadora. A avaliadora formulou a seguinte ordem: "Faça uma narrativa a partir desta figura que eu estou mostrando". A história oral elaborada pela criança foi gravada pela pesquisadora. Após o término do discurso, a avaliadora mostrando a segunda figura solicitou: "Escreva uma narrativa a partir dessa figura". A história escrita ficou com a avaliadora.

Metade do grupo pesquisado começou a narrativa oralmente e depois graficamente, enquanto a outra metade realizou o processo inverso. Todos os sujeitos, que foram autorizados, realizaram a prova. Por meio de sorteio equiprobabilístico, foram identificados aqueles que constituíram a amostra.

Anteriormente à realização da coleta de dados, foi realizada uma pesquisa piloto, com um sujeito do 6º ano, para avaliação do material a ser utilizado.

Analisou-se as estruturas sintáticas das produções orais e escritas de acordo com a quantidade de linhas e parágrafos utilizados pelos sujeitos e os tipos de orações realizadas pelas crianças. As orações foram classificadas em: oração absoluta (OA), oração principal (OP), oração coordenada (OC) e oração subordinada (OS).

Para análise dos elementos de estruturação do discurso utilizados pelos estudantes, foram considerados1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48.: personagens, manutenção do tópico, trama/evento principal e desfecho, de acordo com a seguinte classificação:

1.Manutenção do personagem principal:

P1: Personagem principal indefinido, havendo vários personagens sem que seja possível definir o principal;

P2: personagem principal definido, mas que desaparece no decorrer da história, podendo retomar ou desaparecer, substituído por outro.

P3: personagem principal definido e mantido ao longo de toda a narração. Não é substituído até o final da história.

2.Manutenção do tema/tópico ao longo de toda a narrativa:

T1: tópico indefinido, podendo haver um tópico no início que é substituído por outro no decorrer da narrativa;

T2: há um tópico no início que é substituído por outro no decorrer da narrativa, porém é retomado ao final da história;

T3: permanência do tópico ao longo da história.

3.Evento/trama principal:

E1: observa-se um esboço de um evento ou presença de vários eventos sem que seja o principal. São sequencias de episódios ou ações que não se relacionam entre si.

E2: são vários eventos, difícil de definir o principal, mas há alguma relação entre eles.

E3: Presença de um evento principal,trama ou situação-problema central definido que rege toda a história e ações dos personagens.

4.Desfecho que finaliza e conclui a história:

D1: ausência de desfecho. A história é subitamente concluída;

D2: há a presença de desfecho, porém esse não apresenta relação com o evento principal;

D3: desfecho definido e estreita relação com o evento principal .

A partir da análise dos aspectos discursivos acima descritos, constata-se o nível da produção da criança, de acordo com os autores77. Deuschle-Araújo V, Souza APR. Análise comparativa do desempenho textual de estudantes de quarta e quinta séries do ensino fundamental com e sem queixa de dificuldades na linguagem escrita. Rev CEFAC. 2010;12(4):617-25.:

Produção: ( nível)

N1: P1P2 OU P3; T1,E1,D1

N2: P1, P2 OU P3; T2;E1 ou E2; D1 ou D2

N3: P2 ou P3;T3;E2 ou E3; D2;

N4: P3;E3;T3;D3

A classificação em nível 1 caracteriza-se, por histórias em que há mudança de tópicos e de eventos que se sucedem desconectadamente, o que dificulta a compreensibilidade do texto.

Já o nível 2 é diferenciado do anterior pelo fato de haver uma tendência de manter o tópico ao longo da narrativa, porém sem uma relação precisa com o desenvolvimento da história.

O nível 3 é caracterizado pela manutenção do tópico e do evento ao longo da narrativa, mas o que prejudica a compreensão é o fato do desfecho não ter relação com os eventos narrados.

E o nível 4 tem como características a apresentação de uma cadeia narrativa conectada e centrada em um tópico definido sobre o qual há a conexão entre os eventos, personagens e desfecho. Apresenta estreita relação com os eventos narrados no desenvolvimento da história.

De acordo com os autores, os níveis diferenciam-se de acordo com o nível de escolaridade em que as crianças se encontram. Os níveis 1 e 2 equivalem às séries iniciais, correspondentes às idades de 6-7 anos.

Exemplo:

S4 ( meninas): S3 (meninos):

Personagem: 1 Personagem: 3

Manutenção do tema: 1 Manutenção do tema: 3

Eventos: 1 Eventos: 3

Desfecho: 1 Desfecho: 3

Nível: 1 Nível:4

Os resultados de cada um dos testes foram analisados em separado, verificando sua associação com os dados resultantes da anamnese dos participantes. Para tal foi utilizado testes de correlação de Spearman (caso ambas as variáveis fossem contínuas) ou testes qui-quadrado de contingência (para duas variáveis categóricas). Além disso, testes de média foram utilizados para verificar a diferença entre dois (teste T) ou mais de dois (ANOVA) grupos em função de uma ou mais variáveis contínuas dependentes.

Adotou-se como hipótese básica (Ho=0) a presença de correlação e hipótese alternativa H(0, para um nível de significância (n.sig) 0,05, próprio para ciências humanas.

Resultados

A produção dos sujeitos da pesquisa, tanto a oral quanto a escrita, foi analisada por dois juízes, uma professora universitária, doutora em Psicologia e graduada em fonoaudiologia com formação também em letras, e uma fonoaudióloga, com especialização em Linguagem. A análise ocorreu de forma independente visando-se assegurar a fidedignidade e validação dos resultados. No procedimento utilizado nesta pesquisa, não ocorreu interferência da opinião de um juiz sobre o outro, prevalecendo em cada análise a decisão de um único elemento, com base na definição das categorias.

Para se verificar se as duas amostras estavam relacionadas, foi realizado o teste não-paramétrico de correlação de Spearman. Os resultados da análise demonstraram ocorrência de Correlação positiva significante rs=1 (para N=4, rc=1) com não rejeição da hipótese básica, estando as duas relacionadas.

Foi observado, a partir dos dados obtidos, que a produção escrita das meninas apresentou uma extensão maior que a dos meninos. Já na comunicação oral, o discurso dos meninos foi mais longo, embora essa diferença não seja significante.

Na elaboração dos discursos escrito e oral, em relação aos elementos sintáticos, as meninas priorizaram as orações coordenadas, seguida do uso da subordinação, das orações principais e orações absolutas (Tabela 1).

Tabela 1:
Quantidade dos elementos sintáticos utilizados pelas meninas nas produções orais e escritas.

A análise estatística do resultado obtido a partir discurso escrito das meninas, teve como objetivo verificar a significância da distribuição dos diferentes tipos de orações, linhas e parágrafos (Tabela 2).

Na comparação entre oração absoluta e oração principal, o valor observado rs = -0,64 e entre OA e OS (rs= -0,74, n=9) superou o rc= 0,60, permitindo rejeitar Ho, e portanto, afirmar que as orações absolutas e as principais e subordinadas acusam correlação negativa na população da qual constituem amostra. Na comparação entre OP e OS do discurso escrito das meninas, o cálculo da correlação teve como resultado um rs= 0,85 que superou o crítico, estando pois relacionadas na amostra. E o resultado obtido da comparação entre linhas e parágrafos (rs= 0,70) superior ao rc= 0,60 também indica que existe rejeição de Ho, e que as linhas e parágrafos acusam relacionamento na população da qual constituem uma amostra.

Tabela 2:
Correlação entre tipos de orações, linhas e parágrafos do discurso escrito das meninas.

Quanto à produção oral das meninas, constatou-se correlação positiva significante, evidenciando a ocorrência de relação na amostra analisada (Tabela 3).

Tabela 3:
Correlação do tipo de orações do discurso oral das meninas

A Tabela 4 ilustra que o conteúdo da produção escrita dos meninos foi expressa por meio de orações coordenadas predominantemente, subordinadas, absolutas e, com menor número, as principais absolutas. Já na produção oral, nota-se também predomínio de orações coordenadas, seguidas das subordinadas. As orações principais e absolutas foram pouco utilizadas.

Tabela 4:
Quantidade dos elementos sintáticos utilizados pelas meninas nas produções orais e escritas.

Com relação ao desempenho dos meninos na atividade escrita, não houve correlação em todas as comparações realizadas. Já no discurso oral dos meninos, a maioria das comparações realizadas obteve correlação positiva (Tabela 5).

Tabela 5:
Correlação dos tipos de orações do discurso oral dos meninos

Observou-se, nos dados acima que, apesar de alguns sujeitos apresentarem uma produção mais longa e/ou elaborada, todas apresentaram a predominância das orações coordenadas, tanto no discurso oral quanto no escrito, em ambos os sexos.

Análise do discurso

De acordo com os referenciais de análise dos autores1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48., a maior parte das meninas (55,55%) obteve desempenho no nível 1, no discurso escrito e 66,66% no discurso oral. Três meninas (33,53%) obtiveram nível máximo (4) no discurso escrito e duas meninas (22,22%) no discurso oral. Apenas uma menina, tanto no discurso oral quanto no escrito apresentou nível 3 e nenhuma apresentou nível 2.

Houve predominância da classificação 1 para personagens, manutenção do tema e desfecho no discurso escrito e oral das meninas, com acréscimo do evento central no último (55,5% P, T, D (escrito); 77,77%P; 66,66%T, E, D). Esta classificação foi seguida da classificação 3, encontrada em 33,33% de todos os fatores da análise no discurso escrito e em 22,22% de P,E ,D e 33,33% em T, descrito na Tabela 6:

Tabela 6:
Análise do discurso oral e escrito dos estudantes por gênero

Quanto aos meninos, dois apresentaram nível 2 (50%) no discurso escrito e a mesma porcentagem foi encontrada no nível 1 para o discurso oral. Um estudante apresentou nível 4 (25%) tanto no discurso oral quanto no discurso escrito e um apresentou nível 3 para o discurso oral. Houve predominância da classificação 1 em P (75%), tanto no discurso oral quanto no discurso escrito). Metade dos estudantes obteve essa classificação 1 em T (oral e escrito) e em evento (oral). O nível 3 foi obtido em metade de E (escrito) e desfecho ( oral).

A classificação 2 foi pouco utilizada tanto pelas meninas quanto pelos meninos, em ambas as produções.

Segundo os autores1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48., os personagens não são diferenciadores de níveis, uma vem que estes são o ponto de partida para que a história aconteça. Já o tópico e o evento são mais diferenciadores de níveis pois, na produção de uma história coerente, tanto o tópico como o evento estabelecem e mantem pontos centrais em evidência no decorrer de toda a narrativa. O desfecho aparece não só como um diferenciador dos níveis de coerência, mas também como uma dificuldade específica na qual a criança se depara ao produzir uma história coerente. Pode-se observar que, tanto os meninos quanto as meninas obtiveram predominância da classificação 1 para personagens, tópico, evento e desfecho. Em menor número, apareceu a classificação 3.

A leitura e a escrita, de acordo com os autores da pesquisa1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48. é um fator que interfere na produção de histórias coerentes pois, quanto mais exposta a criança está a situações que envolvem textos, mais oportunidades ela terá de produzir habilidades narrativas diversas.

Discussão

De acordo com os resultados obtidos, observou-se semelhança de desempenho entre meninos e meninas tanto na linguagem oral quanto na linguagem escrita. Embora alguns autores99. Silva CAD, Barros F, Halpern SC, Silva LAD. Meninas bem-comportadas, boas alunas; meninos inteligentes, indisciplinados. Cadernos de Pesquisa. 1999; 107: 207-25. , 1010. Dal'Igna MC. Desempenho escolar de meninos e meninas:há diferença? Educação em Revista. 2007; 46: 241-67. , 1414. Meneses MS, Lozi GP, Souza LR, Assencio-Ferreira VJ. Consciência Fonológica: diferenças entre meninos e meninas. Rev CEFAC. 2004;6(3):242-6. , 1515. Suehiro ACB. Dificuldade de aprendizagem da escrita num grupo de crianças do ensino fundamental. Revista de Psicologia da Vetor Editora. 2006;7(1):59-68. relatem que as meninas apresentam melhor desempenho inicial na aquisição da leitura e escrita (com relação a linguagem oral, discriminação auditiva e coordenação visomotora), não houve diferença significante entre os grupos nas duas tarefas propostas. Houve a predominância, tanto no grupo de meninos, como no grupo das meninas, de utilização de orações coordenadas, fato observado no discurso oral e no discurso escrito. Desta forma, pode-se constatar que o recurso sintático utilizado pelos sujeitos de onze anos, aqui analisados, expressa a mesma complexidade observada no discurso de sujeitos na faixa de seis anos. Este desempenho abaixo do esperado para o nível de escolaridade também foi observado em vários estudos, que apontaram como hipóteses, práticas de letramento insuficiente, falta de apoio escolar, da família e o papel do professor neste processo77. Deuschle-Araújo V, Souza APR. Análise comparativa do desempenho textual de estudantes de quarta e quinta séries do ensino fundamental com e sem queixa de dificuldades na linguagem escrita. Rev CEFAC. 2010;12(4):617-25. , 1616. Cunha VLO, Capellini SA. Análise psicolinguística e cognitivo-linguística das provas de habilidades metalinguísticas e leitura realizadas em escolares de 2ª a 5ª série. Rev. CEFAC. 2010;12(5):772-83..

O uso de subordinação depende do desenvolvimento da capacidade superior de organização mental e maturidade linguística22. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.. Na adolescência, há uma ampliação do número de orações no discurso escrito, bem como uma diversificação das formas sintáticas já existentes, podendo aparecer formas hipotéticas (se, então). Pode-se observar, nas produções realizadas, que alguns sujeitos realizaram frases longas, assim como textos longos, entretanto, a utilização de subordinadas foi inferior em relação às coordenadas. Foi observado, na produção oral, que não houve correlação positiva em quase nenhuma das comparações realizadas (somente na comparação entre OP e OS em ambos os grupos e entre OA e OS, OC e linhas e OC e parágrafos no discurso das meninas). Porém, no discurso escrito, nota-se que quase todas as correlações foram positivas, em ambos os grupos. Esses resultados sugerem que na escrita o crescimento das produções coordenadas garante o crescimento das subordinadas. Embora o trabalho permite como hipótese uma melhora nas relações sintáticas mais superiores, esse desempenho não foi observado. Observou-se o predomínio de conjunções coordenativas aditivas e explicativas, como "e" e "porque", também encontradas em produções de crianças de seis anos. Nessa idade, a criança não utiliza o conectivo para a indicação de relações semânticas específicas e sim como um reflexo da simplicidade derivacional1414. Meneses MS, Lozi GP, Souza LR, Assencio-Ferreira VJ. Consciência Fonológica: diferenças entre meninos e meninas. Rev CEFAC. 2004;6(3):242-6..

Os fatores sociolinguísticos podem ter influenciado nas habilidades de linguagem e que, por serem adolescentes e estarem em um período de transição, o "contar" uma história a partir de uma figura pode ser considerado socialmente como uma ação infantil e não atrativa a eles, enquanto que a escrita, a construção de uma redação, pode ser um exercício mais exercitado na escola1616. Cunha VLO, Capellini SA. Análise psicolinguística e cognitivo-linguística das provas de habilidades metalinguísticas e leitura realizadas em escolares de 2ª a 5ª série. Rev. CEFAC. 2010;12(5):772-83.. Atividades como a discussão de temas atuais de conhecimentos gerais, relatos de fatos reais podem aumentar o interesse do estudante em realizar raciocínios mais abstratos e, como consequência, narrativas orais mais extensas com elementos sintáticos mais complexos, compatível ao seu nível cognitivo e escolaridade.

Em relação à estrutura do discurso dos estudantes, notou-se uma predominância, principalmente em relação às meninas, do nível I, na classificação do discurso1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48.. Este estudo diferenciou-se de outros trabalhos13, 14 que não constataram melhores desempenhos nas produções de crianças com a mesma faixa etária (nível 3). Observou-se, nos tópicos analisados (personagens, tema, evento e desfecho), discordância do presente trabalho com outros1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48. , 1414. Meneses MS, Lozi GP, Souza LR, Assencio-Ferreira VJ. Consciência Fonológica: diferenças entre meninos e meninas. Rev CEFAC. 2004;6(3):242-6. que não constataram dificuldades quanto à manutenção do personagem na narração. Estes autores relatam que o personagem não é um diferenciador entre os níveis, uma vez que este é o ponto de partida na elaboração de qualquer história, sendo ele o elemento que faz os episódios acontecer. Houve concordância entre os trabalhos com relação ao desfecho. Estes apresentam íntima relação com o evento principal e os demais indicadores presentes na história (personagens, tópicos, eventos), o que proporcionou alguns trabalhos mais elaborados, classificados nas produções de nível 4 ou mais simples, de nível 1. Os desfechos representam o elo textual mais difícil de ser estabelecido na produção de uma história coerente em crianças. Relacionar o desfecho de uma história com os demais indicadores constitui uma tarefa cognitiva e linguística muito complexa, o que sugere, uma imaturidade cognitiva, por dificuldade de um raciocínio mais abstrato e, uso de estruturas mais simples e menos relacionais.

Os autores1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48. ainda relacionam a escolaridade, em particular o processo de leitura e escrita, como fator decisivo na progressão dos indicadores da coerência. Um maior tempo de exposição ao ensino formal da leitura e da escrita favorece o processo de construção de sentido em situações de produção1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48. , 1717. Gonçalves F, Dias MGBB. Coerência textual: um estudo com jovens e adultos. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2003;16 (1):29-40.. É necessário que a criança atinja um nível de desenvolvimento linguístico em que seja capaz de escrever histórias coerentes em qualquer circunstância1818. Pessoa APP, Correa J, Spinillo A. Contexto de produção e o estabelecimento da coerência na escrita de histórias por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2010;23(2):253-60.. A aprendizagem da leitura e da escrita possibilita à criança um maior contato com os textos, principalmente os narrativos, encontrados na da literatura infanto-juvenil. Ao ler e escrever, o aluno está mais exposto a um número maior de diversidades de oportunidades e situações que envolvem textos, fato esse que parece ser crucial para a produção de histórias mais estruturadas, coesas e coerentes, e para o desenvolvimento de habilidades narrativas diversas1313. Spinillo AG, Martins RA. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica.1997;10(2):219-48. , 1717. Gonçalves F, Dias MGBB. Coerência textual: um estudo com jovens e adultos. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2003;16 (1):29-40..

A falta de homogeneidade encontrada entre os níveis apresentados pelos estudantes, de ambos os sexos, pode ser explicado pelo processo de mudanças na adolescência que influenciam no seu processo de escrita. Outros fatores podem ser levantados, como o motivacional, em que nem todos os tipos de atividades podem ser agradáveis, e também o uso da linguagem aquém do que ela já adquiriu, o que pode levar a um desempenho falso em relação ao conhecimento já obtido55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32. , 1717. Gonçalves F, Dias MGBB. Coerência textual: um estudo com jovens e adultos. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2003;16 (1):29-40.. Neste ponto, a autora55. Limongi SCO. A linguagem da criança de onze a catorze anos: sua expressão no período formal. In: Oliveira VB. Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.p.105-32. relata a importância do professor estar atento a este tipo de situação, estimulando aqueles que possuem facilidade para o discurso e ajudar nas dificuldades apresentadas por todos os alunos, na realização de um discurso, levando em consideração os aspectos afetivos, cognitivos e motores.

Conclusão

O desempenho dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental na produção oral e escrita foi aquém do esperado para o nível de escolaridade que se encontram. O incentivo tanto de pais quanto da escola para a leitura é essencial na formulação de um discurso coerente, com estruturas sintáticas e vocabulário adequado ao que é esperado do aluno nesta faixa etária.

O estudo aqui descrito focalizou um grupo de estudantes de uma determinada escola particular. Uma limitação está na possibilidade de extensão ou generalização dos dados aqui relatados para outros sujeitos da mesma população deste estudo. Além disso, observou-se que, o fato de ter produzido narrativas, tanto oral como escrita, a partir de figuras, podem ter comprometido o desempenho dos sujeitos, por questões linguísticas ou motivacionais. Os resultados aqui relatados estabelecem importantes proposições para futuras pesquisas. Descrever e comparar a complexidade de linguagem e diferentes tipos de leitores, permitirá ou não confirmar a relação existente entre esses dois tipos de linguagem de estudantes de outras escolas e séries acadêmicas.

  • 1
    Bossa NA. O normal e o patológico na adolescência. Oliveira VB: Avaliação psicopedagógica do adolescente. Rio de Janeiro: Editora Vozes; 1998.
  • 2
    BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.
  • 3
    Britas JRS, Moreno RS, Eugenio DS, Sala DCP, Vieira TF, Bruno PR. Os rituais de passagem segundo adolescentes. Acta Paul Enfermagem. 2008;21(3):404-11.
  • 4
    Picarone MLCD. Avaliação da procura de Palavras no Discurso de Adolescentes. [Dissertação]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2003.
  • 5
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  • 6
    Belsky J. Desenvolvimento Humano: Experenciando o ciclo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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  • 8
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  • 9
    Silva CAD, Barros F, Halpern SC, Silva LAD. Meninas bem-comportadas, boas alunas; meninos inteligentes, indisciplinados. Cadernos de Pesquisa. 1999; 107: 207-25.
  • 10
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  • 11
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  • 12
    Santiago NV. Eficiência do Treino para o Desenvolvimento do Repertório Verbal em Carentes Culturais: Implicações para o contexto Educacional. [Tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 1997.
  • 13
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2015

Histórico

  • Recebido
    21 Nov 2013
  • Aceito
    30 Jul 2014
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