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Perfil do desenvolvimento da linguagem de crianças no município de Belém, segundo o Teste de Triagem de Denver II

Resumo:

OBJETIVO:

avaliar o desenvolvimento da linguagem, segundo o Teste de Triagem de Denver II, de crianças que frequentavam a educação infantil em Belém e verificar fatores associados do desfecho com as características familiares, ambientais e pessoais.

MÉTODOS:

trata-se de uma pesquisa transversal e de caráter descritivo exploratório. Foi aplicado um questionário aos genitores para coletar os dados pessoais, contextuais e familiares e um instrumento para medição do nível de pobreza familiar.

RESULTADOS:

das 319 crianças avaliadas, 59,2% apresentaram resultado suspeito de atraso na linguagem. As variáveis que mostraram associação estatisticamente significante com o nível de desenvolvimento da linguagem foram escolaridade paterna (p=0,003), idade materna (p=0,03) e o nível de pobreza urbana (p=0,003).

CONCLUSÃO:

destaca-se a importância de implementar programas de estimulação e monitoramento sistemático, além de alertar para a interferência negativa dos fatores de risco nesse processo.

Descritores:
Infantil; Linguagem; Fatores de Risco

Abstract:

PURPOSES:

to assess the language development of children enrolled in elementary schools in Belém, according to the Denver Developmental Screening Test, and to test the correlation between language development and family background, personal characteristics, and characteristics of the environment.

METHODS:

this study is cross-sectional and descriptive exploratory. A questionnaire was applied to parents to collect personal, contextual and family data. The socioeconomic level was measured using an instrument to measure the level of poverty of the family.

RESULTS:

from the 319 children assessed, 59.2% presented result of suspect delay in language. The variables that showed statistically significant association with language development were: paternal education (p=0.003), maternal age (p=0.03) and poverty level of the family (p=0.003).

CONCLUSION:

this study highlights the importance of implementing stimulation and systematic monitoring programs, moreover it alerts about the negative interference of the risk factors in this process.

Keywords:
Child Development; Language; Risk Factors

Introdução

O desenvolvimento humano caracteriza-se por mudanças constantes nos aspectos físicos, na maturação neurológica, comportamental, cognitiva e social. Esse fenômeno ocorre de modo gradual e durante o ciclo de vida, e têm como desfecho tornar o ser humano competente para responder às suas necessidades e às do ambiente 1. Bronfenbrenner U. Bioecologia do desenvolvimento humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed. Carvalho-Barreto, A. Trad.; 2011. 2. Figueiras AC, Souza ICN, Rios VG, Benguigui Y. Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto do AIDPI. Washington: Organização Pan Americana de Saúde; 2005.. Na infância ocorre um processo contínuo e progressivo de aquisições e habilidades. Esses aspectos, contudo, podem ser influenciados por uma combinação de fatores 2. Figueiras AC, Souza ICN, Rios VG, Benguigui Y. Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto do AIDPI. Washington: Organização Pan Americana de Saúde; 2005.. No entanto, o processo desenvolvimental não ocorre da mesma maneira para crianças submetidas a contextos socioculturais distintos, devido a múltiplas causas como: aspectos da história gestacional, características biológicas e condições socioeconômicas da família 3. Gallo PR, Leone C, Amigo H. Tendência de crescimento de filhos de mães adolescentes. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2009;19(2):297-305. 5. Issler RMS, Giugliani ERJ. Identificação de grupos mais vulneráveis à desnutrição infantil pela medição do nível de pobreza. J Pediatr. 1997;73(2):101-5.; exposição a fatores contextuais 6. Eickmann SH, Maciel AMS, Lira PIC, Lima MC. Fatores associados ao desenvolvimento mental e motor de crianças de quatro creches públicas de Recife, Brasil. Rev Paul Pediatr. 2009;27(3):282-8. 9. Maria-Mengel MRS, Linhares MBM. Fatores de risco para problemas de desenvolvimento infantil. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15:837-42.; além da incidência de eventos estressores nos primeiros anos de vida 1010 . Evans GW, Kim P. Childhood poverty and young adults' allostatic load: the mediating role of childhood cumulative risk exposure. Psychol Sci. 2012;23(9):979-83. 1111 . Grantham-McGregor S, Cheung YB, Cueto S, Glewwe P, Ricter L, Strupp B. Developmental potential in the ?rst 5 years for children in developing countries. Lancet. 2007;369(9555):60-70.. Isso significa que esses fatores são capazes de provocar alterações no desenvolvimento e, por conseguinte, podem facilitar ou limitar a aquisição linguística.

Para Hoff 1212 . Hoff E. Language Development. Belmont: Wadsworth/Cengage Learning; 2014., a linguagem é o uso sistemático e convencional de sons ou símbolos com a finalidade de comunicação ou de autoexpressão. Nessa mesma direção, Puyelo 1313 . Puyelo M. Comunicação e Linguagem: desenvolvimento normal e alterações no decorrer do ciclo vital. In: Puyelo M, Rondal JA. (Eds.), Manual do desenvolvimento e alterações da linguagem na criança e no adulto. Porto Alegre: Artmed; 2007. P. 87-99. aponta que a linguagem é a forma de comunicação dos seres humanos e, como um meio de transmissão, categorização, associação e síntese de informações complexas entre as pessoas. Portanto, é uma capacidade fundamental para a socialização, o aprendizado e a integração à cultura do interlocutor. O desenvolvimento linguístico engloba condições biológicas 1212 . Hoff E. Language Development. Belmont: Wadsworth/Cengage Learning; 2014., mas depende da influência de fatores ambientais e sociais presentes em contextos nos quais as pessoas são primariamente inseridas, como a família, a creche e os abrigos 8. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev AMRIGS. 2006;50(4):292-301. 1414 . Nóbrega JN, Minervino CASM. Análise do nível de desenvolvimento da linguagem em crianças abrigadas. Psicol Argum. 2011;29(65):219-26. 1515 . Ramos DD, Salomão NMR. Interação educadora-criança em creches públicas: estilos linguísticos. Psicol Estud. 2012;17(1):15-25..

Os elementos do ambiente físico e social no qual a criança está inserida são importantes para o desenvolvimento lexical e fonológico, ou seja, em um espaço estimulante e facilitador, a linguagem poderá se desenvolver progressivamente 1212 . Hoff E. Language Development. Belmont: Wadsworth/Cengage Learning; 2014. 1616 . Schmitt BM, Pentimonti JM, Justice LM. Teacher-child relationships, behavior regulation, and language gain among at-risk preschoolers. J Sch Psychol. 2012;50(5):681-99. 1717 . Schoon I, Parsons S, Rush R, Law J. Children's language ability and psychosocial development: a 29-year follow-up study. Pediatrics. 2010;126(1):73-80.. Em contrapartida, se ela não convive em um meio que incentive o uso e a expressão da comunicação de diferentes formas, podem ocorrer atrasos ou disfunções linguísticas. Dessa maneira, crianças que apresentam déficits na compreensão e expressão verbal tendem a demonstrar dificuldades nos aspectos psicossociais e cognitivos, inclusive quando adultos 1717 . Schoon I, Parsons S, Rush R, Law J. Children's language ability and psychosocial development: a 29-year follow-up study. Pediatrics. 2010;126(1):73-80..

Estudos têm mostrado que o desenvolvimento linguístico pode apresentar alterações significativas em razão de fatores de risco biológicos 1818 . Song L, Spier ET, Tamis-Lemonda CS. Reciprocal influences between maternal language and children's language and cognitive development in low-income families. J Child Lang. 2014;41(51):305-26. 1919 . Stolt S, Haataja L, Lapinleimu H, Lehtonen L. The early lexical development and its predictive value to language skills at 2 years in very-low-birthweight children. J Commun Disord. 2009;42(2):107-23., mas também sócioambientais 8. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev AMRIGS. 2006;50(4):292-301. 2020 . Basílio CS, Puccini RF, Silva EMK, Pedromônico MRM. Condições de vida e vocabulário receptivo em crianças de dois a cinco anos. Rev Saúde Publ. 2005;39(5):725-30. 2121 . Richels CG, Johnson KN, Conture EG. Socioeconomic status, parental education, vocabulary and language skills of children who stutter. J Commun Disord. 2013;46(4):361-74. 2222 . Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, Mendes L, Nóbrega V. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. Rev Psicopedagogia. 2008;25(78):297-306., o que podem provocar atraso neste domínio. Entre os prejuízos da linguagem, destacam-se atrasos simples, desvios fonológicos, distúrbios específicos, dificuldades na fluência e alterações semântico-pragmáticas, os quais interferem na área intelectual e acadêmica 2222 . Mousinho R, Schmid E, Pereira J, Lyra L, Mendes L, Nóbrega V. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso. Rev Psicopedagogia. 2008;25(78):297-306.. Os comprometimentos neste domínio representam um problema socioeconômico tanto para indivíduo quanto para a sociedade, pois pode aumentar o número de anos de escolarização, a diminuição da inserção profissional e ocasionar gastos extras com educação especial ou intervenções 8. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev AMRIGS. 2006;50(4):292-301. 2323 . Isotani SM, Azevedo MF, Chiari BM, Perissinoto J. Linguagem expressiva de crianças nascidas pré-termo e termo aos dois anos de idade. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(2):155-60.. Assim, observa-se a necessidade de avaliar e acompanhar o desenvolvimento amplo e da linguagem, em particular, nos países emergentes.

Diversas estratégias são citadas na literatura para detectar problemas que possam surgir na primeira infância, como a triagem e a avaliação. De acordo com Sigolo e Aiello 2424 . Sigolo ARL, Aiello ALR. Análise de instrumentos para triagem do desenvolvimento infantil. Paidéia (Ribeirão Preto). 2011;21(48):51-60., a triagem consiste na aplicação de testes em uma população de crianças, de diferentes idades, e tem o objetivo de rastrear as que possam apresentar riscos de atrasos no desenvolvimento. Dentre os instrumentos de triagem, o Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver II (TTDD-II) é um dos mais utilizados, inclusive em pesquisas clínicas e epidemiológicas. Este teste foi desenvolvido por Frankenbug e Dodds em 1967 e readaptado em 1992 2525 . Frankenburg WK, Dodds J, Archer P, Shapiro H, Bresnick B. The Denver II: a major revision and restandardization of the Denver Developmental Screening Test. Pediatrics. 1992;89:91-7.. É um dos mais usados no Brasil e em vários países. Cabe salientar que o TTDD-II é um teste de screening e não se apresenta um instrumento preditor definitivo de habilidades adaptativas ou intelectuais 2525 . Frankenburg WK, Dodds J, Archer P, Shapiro H, Bresnick B. The Denver II: a major revision and restandardization of the Denver Developmental Screening Test. Pediatrics. 1992;89:91-7.. Além disso, seu resultado não deve ser usado para fins diagnósticos.

Diversos estudos têm investigado o perfil do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) em crianças que frequentavam Unidades de Educação Infanti (UEI), usando o TTDD-II. Vários deles evidenciaram que a área da linguagem foi a mais afetada entre os pré-escolares. A influência dos fatores socioeconômicos na família e no município, atrelado aos aspectos biológicos, e, dependendo da maneira que estão configurados, pode aumentar a probabilidade de ocorrência de déficits desenvolvimentais. Neste sentido, este trabalho tem o objetivo avaliar o desenvolvimento da área da linguagem (segundo o TTDD-II) de crianças que frequentam UEI de Belém e verificar possíveis associações do desfecho com as características familiares, ambientais e pessoais das crianças.

Métodos

Esta pesquisa foi autorizada pela Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical (NMT/UFPA), pelo protocolo Nº 167.271/2012. Os procedimentos utilizados obedeceram às recomendações da Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, vigente na época, mas em consonância com a Resolução nº 466/2012. Foram incluídas apenas as crianças cujas mães ou responsáveis legais aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Além disso, foi realizado o projeto piloto com cinco aplicações de cada instrumento, o que permitiu reproduzir as condições do estudo e o treinamento da equipe de pesquisa, a qual era composta por três mestrandos e sete acadêmicos de graduação.

Trata-se de um estudo de caráter descritivo-exploratório e transversal. Foram avaliadas 319 crianças que frequentavam as UEI distritos administrativos de Belém, no período de agosto a dezembro de 2012, sendo 56% (178) do sexo masculino e 44% (141) do feminino, com idades de 36 a 48 meses. Foi utilizado o processo de amostragem por conglomerado. A margem de erro do cálculo amostral ficou em 5% e o nível de confiança representa 95%. As UEI envolvidas na pesquisa foram distribuídas e sorteadas segundo o número total em cada distrito, e de acordo com a quantidade de crianças pertencentes à faixa etária pesquisada. Desta forma, o estudo compreendeu 19 UEI do universo de 35, distribuídas no município. Foram excluídas crianças que apresentaram distúrbios que afetassem a expressão da fala, alterações sensoriais, sequelas de comprometimento do sistema nervoso central e malformações.

Para avaliar o DNMP foi utilizado o TTDD-II 2525 . Frankenburg WK, Dodds J, Archer P, Shapiro H, Bresnick B. The Denver II: a major revision and restandardization of the Denver Developmental Screening Test. Pediatrics. 1992;89:91-7., o qual contempla a idade de zero até seis anos. O protocolo é composto de 125 tarefas, subdivididos em quatro áreas: pessoal-social, motricidade fina, linguagem e motricidade ampla. A administração do teste foi realizada com base na observação do examinador sobre a criança, mas alguns itens podem ser pontuados a partir dos relatos dos pais ou cuidadores.

Em relação à interpretação do teste, primeiramente foram analisados os itens individuais e por último o teste inteiro. Os itens individuais são interpretados como "passou", "falhou", "não houve oportunidade" e "recusa". Ao final são gerados quatro indicadores: "Normal", quando não houver nenhum atraso ou no máximo um cuidado/cautela em pelo menos uma área; "Risco", para duas ou mais cautelas e/ou um atraso em pelo menos uma área; "Atraso", quando se obteve dois ou mais itens de atraso, apontando que a criança apresenta grande suspeita de alteração do desenvolvimento; e "Não testável", se houver marcações de recusa em um ou mais itens que já deveriam fazer parte do repertório infantil.

A validade do TTDD-II é estabelecida pela precisão com a qual as idades correspondentes a 25%, 50%, 75% e 90% de cruzamento para cada item e subgrupo foram determinados 2525 . Frankenburg WK, Dodds J, Archer P, Shapiro H, Bresnick B. The Denver II: a major revision and restandardization of the Denver Developmental Screening Test. Pediatrics. 1992;89:91-7.. Assim, cada item seria denominado "normal" quando a criança passasse ou falhasse dentro da variação de 25 a 75% de acerto para a população de referência; "precaução" quando as falhas estivessem na variação de 75 a 90%; e atraso quando as falhas ultrapassarem a margem de 90%. Pelo teste, os desfechos seriam três: atraso, risco ou normal. Porém, neste estudo, foi considerado o grupo com suspeita de atraso no desenvolvimento (incluem as crianças com risco e atraso), para realizar a análise estatística inferencial e tomando como base outros estudos.

Para verificar as características familiares, ambientais e pessoais das crianças foi usado o Questionário de Características Biopsicossociais da Criança (QCBC), produzido para este estudo (ANEXO 1 Anexo 1: Questionário das características biopsicossociais da criança (QCBC) ). O instrumento foi baseado na literatura sobre fatores determinantes do desenvolvimento. É composto de 48 perguntas (19 abertas e 29 fechadas), estruturadas a partir das seguintes categorias: Identificação das crianças e pais; História pré, peri e pós-natal; Condições socioeconômicas e ambientais; e Ambiente de brincadeiras. Entretanto, este instrumento foi utilizado apenas para fins de caracterização, não tendo sido validado.

Para medir o nível de pobreza da família utilizou-se o Instrumento de Medição do Nível de Pobreza 2626 . Alvarez ML, Muzzo S, Ivanovic D. Escala para medición del nível socioeconómico, en el área de la salud. Rev Med Chile. 1985;113(3):243-9.(ANEXO 2 Anexo 2: Instrumento de medição do nível de pobreza * ), traduzido e adaptado no Brasil por Issler e Giugliani 5. Issler RMS, Giugliani ERJ. Identificação de grupos mais vulneráveis à desnutrição infantil pela medição do nível de pobreza. J Pediatr. 1997;73(2):101-5., que permite analisar uma gama de elementos descritores da condição socioeconômica de populações urbanas pobres. Tem o objetivo de obter uma medida apropriada para mensurar sua variabilidade, não se limitando à renda familiar. É composto por 13 itens que envolvem em sua composição variáveis reconhecidas na literatura como fatores que influenciam o desenvolvimento infantil. A pontuação de cada item varia em uma escala de zero a quatro, sendo a mínima possível igual a sete e a máxima de 52 pontos. A soma obtida em cada um desses itens estabelece o nível de pobreza urbana da família. Para fins estatísticos, é recomendada a divisão em quartis da população de estudo, conforme a pontuação obtida na classificação do seu nível de pobreza. Cada quartil equivale a 25% da distribuição dos dados.

Os dados obtidos pelos instrumentos foram tabulados em banco de dados pelo programa SPSS 19. A partir da natureza das variáveis foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. A variável dependente do estudo foi o escore de desenvolvimento obtido pelo TTDD-II, a qual foi tratada como variável de desfecho dicotômica (normal ou suspeita de atraso). As variáveis independentes foram oriundas dos outros instrumentos. Para verificar a associação entre o desfecho, se normal ou suspeito de atraso na linguagem e as variáveis independentes, foi utilizado o teste Qui-quadrado, considerando-se nível de significância de 5% (p-valor <0,05). Por se tratar do mesmo banco de dados usado no estudo de Guerreiro 2727 . Guerreiro TBF. Desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de Belém: associação com características pessoais e variáveis do seu ambiente ecológico [Dissertação]. Belém, PA: Universidade Federal do Pará; 2013., foram analisados e discutidos neste artigo somente os resultados da área da linguagem, uma vez que apresentou prevalência elevada de casos com suspeita de atraso.

Resultados

Entre os 319 participantes avaliados neste estudo a prevalência de crianças suspeita de atraso no desenvolvimento linguístico foi de 59,2% (189), sendo que 62,4% (111) eram meninos e 55,3% (78) meninas. A Tabela 1apresenta as frequências e os percentuais das principais variáveis de acordo com o resultado do TTDD-II na área da linguagem.

Tabela 1:
Frequência e associação das variáveis pessoais e familiares de acordo com o resultado do desenvolvimento da linguagem (TTDD-II)

Conforme a Tabela 1 houve associação estatisticamente significante entre o resultado do desenvolvimento linguístico, segundo o TTDD-II, e as seguintes variáveis: idade da mãe menor que 19 anos, e a escolaridade do pai menor que oito anos de estudo. Quanto à idade materna, foi constatada associação estatisticamente significante (X²= 8,78; gl= 3; p= 0,03) com o desfecho estudado, sendo observado que as crianças com mães de idade ≤ 19 anos tinham maior suspeita de atraso na linguagem. Quanto à escolaridade paterna, foi identificado que esta variável também esteve associada significantemente com a suspeita de atraso (X²= 13,83; gl= 3; p= 0,003), sendo que o maior risco para este desfecho foi entre os participantes cujos pais tinham ≤ 8 anos de estudo.

A Tabela 2 mostra os escores de linguagem normal e com suspeita de atraso em relação ao nível de pobreza. As crianças que viviam em ambientes mais pobres apresentaram maior percentual (19,7%) de suspeita de atraso nesta área e associação estatisticamente significante entre as variáveis (X2=8,588; gl=1; p<0,003).

Tabela 2:
Percentual de distribuição do nível de pobreza em relação ao resultado na área da linguagem

Discussão

Perfil do desenvolvimento da linguagem segundo o TTDD-II

A análise do desempenho linguístico mostrou que parte 59,2% dos 319 participantes apresentou resultados sugestivos de atraso. Em populações menos favorecidas economicamente, as UEI passam a ser essencial opção de cuidado e podem ser ambientes facilitadores de desenvolvimento saudável 6. Eickmann SH, Maciel AMS, Lira PIC, Lima MC. Fatores associados ao desenvolvimento mental e motor de crianças de quatro creches públicas de Recife, Brasil. Rev Paul Pediatr. 2009;27(3):282-8. 2828 . Rodovalho JC, Braga AKP, Formiga CKMR. Diferenças no crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças em centros de educação infantil de Goiânia/GO Rev Eletrônica Enf. 2012;14(1):122-32. 2929 . Braga AKP, Rodovalho JC, Formiga CKMR. Evolução do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças pré-escolares de zero a dois anos do município de Goiânia (GO). Rev Bras Crescimento Des Hum. 2011;21(2):230-9.. Em relação às UEI públicas de Belém, muitas das crianças se encontravam em situação de extrema pobreza e risco social, mas passam parte considerável do seu tempo sob os cuidados da instituição. Assim, as ações das educadoras atuam como mecanismos de proteção, pois são importantes referências comunicativas para os que frequentam estes locais 1414 . Nóbrega JN, Minervino CASM. Análise do nível de desenvolvimento da linguagem em crianças abrigadas. Psicol Argum. 2011;29(65):219-26. 1616 . Schmitt BM, Pentimonti JM, Justice LM. Teacher-child relationships, behavior regulation, and language gain among at-risk preschoolers. J Sch Psychol. 2012;50(5):681-99.. Neste estudo, contudo, a relação cuidadora-criança não foi investigada.

Perfil das características pessoais e ambientais

A relação entre a baixa condição socioeconômica e os prejuízos no desenvolvimento infantil é conhecida na literatura 1010 . Evans GW, Kim P. Childhood poverty and young adults' allostatic load: the mediating role of childhood cumulative risk exposure. Psychol Sci. 2012;23(9):979-83. 1111 . Grantham-McGregor S, Cheung YB, Cueto S, Glewwe P, Ricter L, Strupp B. Developmental potential in the ?rst 5 years for children in developing countries. Lancet. 2007;369(9555):60-70.. Neste estudo, a maioria dos participantes pertencia a famílias com renda menor que um salário mínimo. No entanto, a variável renda não se associou de forma significante com o desfecho estudado. Tal fato pode justificar-se por ter havido uma distribuição homogênea da amostra quanto às condições de renda familiar. Portanto, a situação socioeconômica não pode ser reduzida apenas aos dados sobre a renda, mas deve-se considerar outras variáveis como a escolaridade e ocupação dos pais.

Em relação à pobreza, os resultados a respeito do contexto ecológico em que as crianças estavam inseridas demonstraram-se desfavoráveis ao desenvolvimento linguístico. Os dados de Guerreiro 2727 . Guerreiro TBF. Desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de Belém: associação com características pessoais e variáveis do seu ambiente ecológico [Dissertação]. Belém, PA: Universidade Federal do Pará; 2013. revelaram que a pobreza está disseminada pelo município de Belém. Tais evidências tornam forte a hipótese de que a condição de miséria apresentada pelas famílias pode ter contribuído para aumentar as chances de suspeita de atraso na linguagem. No entanto, um número expressivo dos participantes (57%) recebia ajuda do Estado, pelo Programa Bolsa Família.

Existem graves consequências que um ambiente socioeconômico desfavorável ocasiona ao desenvolvimento infantil, e especial da linguagem. Ao serem comparadas a seus pares economicamente mais privilegiados, as crianças em situação de pobreza encaram disparidades que envolvem a família, à escola e comunidade que pertencem 5. Issler RMS, Giugliani ERJ. Identificação de grupos mais vulneráveis à desnutrição infantil pela medição do nível de pobreza. J Pediatr. 1997;73(2):101-5. 1010 . Evans GW, Kim P. Childhood poverty and young adults' allostatic load: the mediating role of childhood cumulative risk exposure. Psychol Sci. 2012;23(9):979-83.. O nível de pobreza experienciado na infância mostra-se um dos principais fatores de risco a atingir a família e o neurodesenvolvimento. Esta variável pode ocasionar ou agravar múltiplos fatores de risco, além de gerar a privação de oportunidades que favoreçam o potencial desenvolvimental 1111 . Grantham-McGregor S, Cheung YB, Cueto S, Glewwe P, Ricter L, Strupp B. Developmental potential in the ?rst 5 years for children in developing countries. Lancet. 2007;369(9555):60-70.. Neste estudo, o nível de pobreza associou-se significantemente com a suspeita de atraso na linguagem. Esse dado apoia os achados de outras investigações que aplicaram o TTDD-II 2828 . Rodovalho JC, Braga AKP, Formiga CKMR. Diferenças no crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças em centros de educação infantil de Goiânia/GO Rev Eletrônica Enf. 2012;14(1):122-32. 3434 . Torquato JA, Paes JB, Bento MC, Saikai GMPN, Souto JN, Lima EAM, Abreu LC. Prevalência de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor em pré-escolares. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2011;21(2):259-68..

Quanto à idade dos genitores, a variável idade da mãe (inferior a 19 anos) demonstrou significância estatística com o desfecho. De fato, outros estudos destacaram que mães adolescentes possuíam filhos com pior desempenho em termos de crescimento e neurodesenvolvimento 3. Gallo PR, Leone C, Amigo H. Tendência de crescimento de filhos de mães adolescentes. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2009;19(2):297-305. 2929 . Braga AKP, Rodovalho JC, Formiga CKMR. Evolução do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças pré-escolares de zero a dois anos do município de Goiânia (GO). Rev Bras Crescimento Des Hum. 2011;21(2):230-9.. Assim questiona-se sobre a antecipação das relações sexuais e da maternidade, a presença ou ausência de companheiro, e a negligencia familiar. Para Figueiras 2. Figueiras AC, Souza ICN, Rios VG, Benguigui Y. Manual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto do AIDPI. Washington: Organização Pan Americana de Saúde; 2005., o fator de ser mãe na adolescência pode ocasionar riscos para o desenvolvimento infantil. As mães adolescentes ao serem comparadas às adultas mostraram-se menos interativas e comunicativas com seus filhos. Essas características podem relacionar-se às possíveis explicações dos resultados de estudos anteriores, os quais relacionaram a influência dos fatores sociais à carência de estimulação ou interação materna e a suspeita de atraso na linguagem.

Estudos apontam que a escolaridade materna funciona como fator de proteção para o desenvolvimento infantil 8. Cachapuz RF, Halpern R. A influência das variáveis ambientais no desenvolvimento da linguagem em uma amostra de crianças. Rev AMRIGS. 2006;50(4):292-301. 2020 . Basílio CS, Puccini RF, Silva EMK, Pedromônico MRM. Condições de vida e vocabulário receptivo em crianças de dois a cinco anos. Rev Saúde Publ. 2005;39(5):725-30. 3131 . Brito CML, Vieira GO, Costa MCO, Oliveira NF. Desenvolvimento neuropsicomotor: o teste de Denver na triagem dos atrasos cognitivos e neuromotores de pré-escolares. Cad Saúde Pública. 2011;27(7):1403-14.. No presente estudo não houve significância estatística na associação entre a escolaridade materna e o escore da área da linguagem. Talvez isso tenha ocorrido devido às características da amostra, que foi composta por crianças que estudavam em instituições públicas, que atendem majoritariamente famílias de baixo nível socioeconômico.

No entanto, a escolaridade paterna igual ou inferior a oito anos de estudos demonstrou influenciar na linguagem. Quanto maior o nível de escolaridade paterna, melhores podem ser as condições de emprego e aumento da renda familiar, e, melhor a qualidade e quantidade dos estímulos adequados ao desenvolvimento 9. Maria-Mengel MRS, Linhares MBM. Fatores de risco para problemas de desenvolvimento infantil. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15:837-42. 2121 . Richels CG, Johnson KN, Conture EG. Socioeconomic status, parental education, vocabulary and language skills of children who stutter. J Commun Disord. 2013;46(4):361-74.. Estudos sugerem que os pais ou cuidadores com melhor nível socioeconômico e maior escolaridade são mais comunicativos com seus filhos, utilizando de vocabulário amplo e variado nas interações 1515 . Ramos DD, Salomão NMR. Interação educadora-criança em creches públicas: estilos linguísticos. Psicol Estud. 2012;17(1):15-25. 2121 . Richels CG, Johnson KN, Conture EG. Socioeconomic status, parental education, vocabulary and language skills of children who stutter. J Commun Disord. 2013;46(4):361-74. 3535 . Hoff E. How social contexts support and shape language development. Dev Rev. 2006;26(1):55-88.. Em contrapartida, os que possuem condições socioeconômicas e educacionais desfavoráveis, como na amostra estudada, tendem a usar um padrão linguagem menos diversificado e a ler menos para suas crianças, privando-as de complexas estratégias verbais 1818 . Song L, Spier ET, Tamis-Lemonda CS. Reciprocal influences between maternal language and children's language and cognitive development in low-income families. J Child Lang. 2014;41(51):305-26. 3535 . Hoff E. How social contexts support and shape language development. Dev Rev. 2006;26(1):55-88..

De fato, a escolaridade dos pais mostra-se um fator de proteção. Entende-se que a maior escolaridade está relacionada às habilidades cognitivas parentais utilizadas para estimular os filhos. Além disso, esta variável tende a aumentar as chances de maior escolarização dos filhos, condicionada as práticas de cuidado e ao próprio ambiente ecológico proporcionado a criança. Esse contexto pode ampliar as experiências físicas e socioculturais na infância, incentivando um melhor ajustamento 9. Maria-Mengel MRS, Linhares MBM. Fatores de risco para problemas de desenvolvimento infantil. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15:837-42. 2121 . Richels CG, Johnson KN, Conture EG. Socioeconomic status, parental education, vocabulary and language skills of children who stutter. J Commun Disord. 2013;46(4):361-74.. Entretanto é necessário deixar claro que ser pobre não significa a negação de oportunidades e a exclusiva privação de estímulos facilitadores do desenvolvimento.

O maior grau de instrução dos pais permite a estimulação de qualidade aos filhos, mesmo que por vezes, o tempo dedicado a esta interação seja menor. Além disso, eles são os parceiros comunicativos primários e, por meio dessa relação que ocorrem primeiras formas de linguagem 1515 . Ramos DD, Salomão NMR. Interação educadora-criança em creches públicas: estilos linguísticos. Psicol Estud. 2012;17(1):15-25. 1818 . Song L, Spier ET, Tamis-Lemonda CS. Reciprocal influences between maternal language and children's language and cognitive development in low-income families. J Child Lang. 2014;41(51):305-26.. Quando a criança é inserida em um ambiente de cuidado e educacional as cuidadoras tornam-se as principais referências e estimuladoras desse domínio. Isso permite aos infantes aprenderem novas palavras e seus significados, além de perceberem como o adulto organiza as informações provenientes do seu ambiente físico e social 1616 . Schmitt BM, Pentimonti JM, Justice LM. Teacher-child relationships, behavior regulation, and language gain among at-risk preschoolers. J Sch Psychol. 2012;50(5):681-99. 2020 . Basílio CS, Puccini RF, Silva EMK, Pedromônico MRM. Condições de vida e vocabulário receptivo em crianças de dois a cinco anos. Rev Saúde Publ. 2005;39(5):725-30..

No entanto, dependendo do grau de escolaridade e nível socioeconômico dessas profissionais, elas podem usar de estilos linguísticos mais simples e empobrecidos 1515 . Ramos DD, Salomão NMR. Interação educadora-criança em creches públicas: estilos linguísticos. Psicol Estud. 2012;17(1):15-25.. Outras características que interferem na qualidade das instituições e da estimulação da linguagem nesses ambientes são a proporção educadora-criança, a capacitação e formação permanente das profissionais e a responsividade interpessoal 1515 . Ramos DD, Salomão NMR. Interação educadora-criança em creches públicas: estilos linguísticos. Psicol Estud. 2012;17(1):15-25. 2929 . Braga AKP, Rodovalho JC, Formiga CKMR. Evolução do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças pré-escolares de zero a dois anos do município de Goiânia (GO). Rev Bras Crescimento Des Hum. 2011;21(2):230-9.. A proporção educadora-criança é prevista nos Parâmetros Nacionais para a Educação Infantil 3636 . Brasil. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB/DPE/COEDI; 2006.. Por esse motivo, é um dado necessário para análise do desenvolvimento da linguagem, já que a educadora precisa interagir com a criança de modo peculiar. Neste estudo, essas variáveis não foram investigadas, mas merecem ser averiguadas em pesquisas futuras.

Ressalta-se que a maioria das UEI envolvidas na pesquisa localizava-se em bairros periféricos, onde os problemas sociais podem ser notados em toda parte. Apesar de algumas unidades apresentarem boas condições estruturais, predominavam os ambientes precários e com carência de recursos físicos e pedagógicos, podendo esses aspectos interferir nas habilidades linguísticas. Apesar disso, esses locais podem funcionar como fatores de proteção ao desenvolvimento, pois lá a criança passa maior parte do dia e estabelece relações e interações extrafamiliares.

O variável tipo de ocupação do pai mostrou associação marginalmente significante em relação ao resultado suspeito de atraso na área da linguagem. Este resultado pode estar de acordo com a hipótese de que quanto maior o nível de escolaridade melhor poderá ser o emprego do pai, promovendo maiores oportunidades e melhores estímulos desenvolvimentais.

Por meio da análise e interpretação dos resultados foi possível averiguar alta prevalência de suspeita de atraso na linguagem dos participantes. Ressalta-se que o TTDD-II é teste de triagem, ou seja, que não realiza diagnóstico clínico. Dessa maneira, os participantes que obtiveram desempenho alterado deveriam ser reavaliados e na persistência do resultado, deveriam ser encaminhados para avaliação específica. As características identificadas como preditoras para suspeita de atraso no desenvolvimento linguístico foram: crianças que vivem em situação de pobreza, com a idade da mãe menor que 19 anos, escolaridade do pai menor que oito anos de estudo. Ou seja, as crianças com esse perfil estão expostas a fatores de risco e vulnerabilidade que podem trazer efeitos negativos para o seu desenvolvimento.

O TTDD-II mostrou-se uma boa ferramenta para triar o desenvolvimento infantil, por meio de metodologia simples, de baixo custo e facilmente aplicável por profissionais da área pedagógica e da saúde. Além de constituir um meio importante de detecção precoce de distúrbios. Da mesma forma, o instrumento para medida do nível de pobreza da família mostrou-se capaz de identificar e relacionar dados sobre as condições ecológicas presentes no ambiente familiar das crianças pesquisadas. Assim, considera-se que a suspeita de atraso no desenvolvimento da linguagem apresenta um caráter multifatorial.

Conclusão

Os resultados do presente estudo chamam a atenção para a necessidade de promover melhorias das condições ecológicas das crianças avaliadas e suas famílias, reduzindo as ameaças ao desenvolvimento a que estão expostas. Pesquisas desse tipo e a discussão que elas acarretam são necessárias e fundamentais para contribuir com a adequação das políticas públicas relacionadas à educação e a saúde infantil no município de Belém, além de subsidiar e estimular programas de acompanhamento e vigilância do desenvolvimento com a atuação de uma equipe multidisciplinar. Sugere-se a realização de novos estudos, longitudinais, com maiores amostras e diferentes faixas etárias, de modo a investigar com maior precisão os achados encontrados. Também podem ser usados outros instrumentos de avaliação, inclusive para avaliar a influência do ambiente de cuidado e das cuidadoras, ou até mesmo cursos de capacitação para estas profissionais.

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  • Fonte de auxílio: Este manuscrito faz parte de um projeto de mestrado cujo mestrando foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

Anexo 1: Questionário das características biopsicossociais da criança (QCBC)

Anexo 2: Instrumento de medição do nível de pobreza *

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015

Histórico

  • Recebido
    30 Out 2014
  • Aceito
    29 Jan 2015
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