Acessibilidade / Reportar erro

Linguagem oral de adolescentes deficientes auditivos: avaliação fonoaudiológica e relato dos professores

Resumo:

OBJETIVO:

caracterizar a linguagem de adolescentes deficientes auditivos oralizados que frequentam a escola regular, assim como a percepção do professor a respeito da comunicação desses alunos.

MÉTODOS:

amostras de fala espontânea de adolescentes portadores de perda auditiva pré-linguística de grau severo ou profundo e entrevista com os professores.

RESULTADOS:

as maiores dificuldades apresentadas pelos indivíduos na avaliação fonoaudiológica foram em relação à linguagem abstrata e à inteligibilidade de fala; no relato dos professores foram em relação à argumentação em avaliações escritas e à conversação com mais de um interlocutor.

CONCLUSÃO:

apesar do grau de perda auditiva apresentado pelos indivíduos, observou-se um bom desempenho destes quanto à comunicação, sendo esta efetiva em sua vida diária e escolar.

Descritores:
Perda Auditiva; Adolescente; Linguagem

Abstract:

PURPOSE:

to characterize the language of oralized hearing impaired adolescents attending regular school, as well as the perception of the teacher about this student's communication.

METHODS:

sample of spontaneous speech of adolescents with pre-linguistic severe to profound hearing loss and interview with their teachers.

RESULTS:

the main difficulties presented by individuals in clinical assessment were concerning to the abstract language and speech intelligibility; teacher reports were in relation to argumentation in written tests and conversation with more than one person.

CONCLUSION:

despite the hearing loss that such individuals present, they have obtained a good and effective communication performance.

Keywords:
Hearing Loss; Adolescent; Language

Introdução

A linguagem sofre modificações durante a adolescência1. Nippold MA, Allen MM, Kirsch DI. Proverb comprehension as a function of reading proficiency in preadolescents. Lang Speech Hear Serv Schools. 2001;32:90-100. 2. Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60.. Embora a definição de adolescência seja complexa, abrangendo vários fatores que se manifestam nessa fase da vida, pode-se dizer que ela começa quando o indivíduo tem cerca de onze anos de idade e termina por volta dos vinte. A transição da fase infantil para a fase adulta envolve transformações biológicas, psicológicas e sociais3. Neuber LMB, Valle TGM, Palamin MEG. O adolescente e a deficiência auditiva: as relações familares retratadas no teste do desenho em cores da família. Rev Bras Cresc Des Hum. 2008;18(3):321-38..

O adolescente passa a ter maior habilidade de compreensão de aspectos subjetivos e mais capacidade para o uso de palavras com múltiplos significados, como o emprego da linguagem figurada, e torna-se capaz de inferir conteúdos implícitos. Ele adquire maior capacidade de abstração e raciocínio lógico. O adolescente é capaz de utilizar habilidades metalinguísticas, ou seja, utilizar a linguagem para falar e pensar sobre ela2. Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60..

A adolescência é um período de desenvolvimento com mudanças significantes também nas relações interpessoais4. Kolibiki HM. A Study of emotional relationships among deaf adolescents. Procedia Soc. Behav. Sci. 2014;114:399-402.; uma fase de conflitos e instabilidade emocional. Para o adolescente deficiente auditivo, essa fase é ainda mais conturbada em razão das suas dificuldades de comunicação e de inserção social5. Zugliani AP, Motti TFG, Castanho RM. O autoconceito do adolescente deficiente auditivo e sua relação com o uso do aparelho de amplificação sonora individual. Rev Bras Ed Esp. 2007;13(1):95-110.. Dificuldades na comunicação podem prejudicar o desenvolvimento da criança ou do adolescente e ser a origem de comportamentos agressivos e inadequados por causa da dificuldade de interagir com o ambiente em que vive6. Buratto LG, Almeida MA, Costa MPR. Programa de Comunicação Alternativa readaptado para uma adolescente Kaingang. Paideia. 2012;22(52):229-39.. A surdez profunda pré-linguística pode exacerbar os conflitos biopsicossociais pelos quais passa um adolescente7. Souza IPS, Brito R, Bento RF, Gomez MVSG, Tsuji RK, Hausen-Pinna M. Percepção de fala em adolescentes com surdez pré-lingual usuários de implante coclear. Braz J Otorhinolaryngol. 2011;77(2):153-7..

A falta da audição traz grandes dificuldades além da alteração auditiva8. Curti L, Quintas TA, Goulart BNG, Chiari BM. Habilidades pragmáticas em crianças deficientes auditivas: estudo de casos e controles. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):390-4.. A deficiência auditiva se caracteriza pela privação sensorial, e suas consequências interferem nos aspectos linguísticos, emocionais, educacionais, sociais e culturais9. Angelo TCS, Bevilacqua MC, Moret ALM. Percepção da fala em deficientes auditivos pré-linguais usuários de implante coclear. Pró-Fono R Atual Cient. 2010;22(3):275-80.. A audição é um dos instrumentos essenciais para aquisição de competências linguísticas orais; ela auxilia na interação com o ambiente, sendo um pré-requisito para o desenvolvimento global da criança1010 . Naeini TS, Arshadi FK, Hatamizadeh N, Enayatillah B. The effect of social skills training on perceived competence of female adolescents with deafness. Iran Red Crescent Med J. 2013;15(12):5426.. Por meio da audição, a aquisição da comunicação oral se faz possível. A privação sensorial imposta pela deficiência auditiva não interfere somente na efetividade da comunicação oral, como também favorece a ocorrência de distúrbios de linguagem1111 . Oliveira LN, Goulart BNG, Chiari BM. Distu´rbios de linguagem associados à surdez. J Hum. Growth Dev. 2013;23(1):41-5.. A pessoa que apresenta uma perda auditiva, mesmo que de grau leve, poderá ter importantes dificuldades no seu desenvolvimento. Se o indivíduo não for adequadamente exposto às cadeias de sons e palavras e à forma como elas se organizam, dificilmente conseguirá adquiri-las de forma correta, o que acarreta as dificuldades fonéticas, fonológicas e sintáticas de grande parte dos deficientes auditivos. O mesmo pode ser dito a respeito dos aspectos semântico-lexicais1212 . Lima AM, Sedano DC, Garcia VL. Características auditivas e de linguagem da perda auditiva pós-lingual por meningite bacteriana: estudo de um caso. J Bras Fonoaudiol. 2005;5(21):201-6. 1313 . Pereira KL, Garcia VL. Análise da produção fonética de crianças deficientes auditivas. Rev CEFAC. 2005;7(4):473-82..

O uso adequado e sistemático de dispositivos eletrônicos de amplificação sonora individual tem papel determinante no desenvolvimento de linguagem verbal oral, na leitura e nas habilidades acadêmicas1414 . Novaes BCAC, Versolatto-Cavanaugh MC, Figueiredo RSL, Mendes BCA. Fatores determinantes no desenvolvimento de habilidades comunicativas em crianças com deficiência auditiva. Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(4):335-41.com deficiência auditiva. O uso da prótese auditiva é, muitas vezes, interrompido ou prejudicado justamente na fase da adolescência3. Neuber LMB, Valle TGM, Palamin MEG. O adolescente e a deficiência auditiva: as relações familares retratadas no teste do desenho em cores da família. Rev Bras Cresc Des Hum. 2008;18(3):321-38.. Nessa fase, os jovens sentem necessidade de se parecerem uns com os outros, na busca de uma identidade que os faça serem aceitos pelos demais jovens e pelo grupo. A utilização de uma prótese auditiva geralmente implica expor a deficiência auditiva, o que pode gerar exclusão. Enfrentar essa diferença na adolescência pode ser algo bastante conflituoso. Ainda assim, há muitos adolescentes que não abrem mão do uso da prótese auditiva, tendo em vista os seus benefícios, mesmo que isso os diferencie esteticamente5. Zugliani AP, Motti TFG, Castanho RM. O autoconceito do adolescente deficiente auditivo e sua relação com o uso do aparelho de amplificação sonora individual. Rev Bras Ed Esp. 2007;13(1):95-110..

Pessoas com deficiência auditiva têm maior dificuldade de leitura, escrita, abstração, memorização e comunicação4. Kolibiki HM. A Study of emotional relationships among deaf adolescents. Procedia Soc. Behav. Sci. 2014;114:399-402.. Para o aluno com perda auditiva, a aprendizagem da leitura é bastante complexa por causa da privação sensorial1515 . Luccas MRZ, Chiari BM, Goulart BNG. Compreensão de leitura de alunos surdos na rede regular de ensino. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(4):342-7.. A linguagem tem importância primordial nas relações entre professor, aluno e escola1616 . Radaelli MEB. Contribuições de Vygotsky e Bakhtin para a linguagem: interação no processo de alfabetização. Rev Thêma et Scientia. 2011;1:30-4.. As dificuldades de linguagem oral, que geralmente acompanham a deficiência auditiva, podem repercutir de forma contundente no processo de aquisição da leitura e da escrita1717 . Fidêncio VLD, Ferraz E, Jacob RTS, Moret ALM, Crenitte PAP. Análise do nível de consciência fonológica de escolares deficientes auditivos. In: XIX Jornada Fonoaudiológica de Bauru 'Profa Dra Kátia Flores Genaro', 19., 2012, Bauru. Anais... Bauru: FOB-USP, 2012. P. 43..Quanto maior o grau da perda auditiva de um indivíduo, pior tende a ser o seu desempenho na comunicação.1818 . Souza MRF, Osborn E, GIL D, Iório MCM. Tradução e adaptação do questionário ABEL, Auditory Behavior in Everyday Life, para o português brasileiro. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(4):368-75. O ato de falar ou escrever adequadamente abrange a capacidade de se adequar às regras linguísticas e de usar a língua de forma apropriada para produzir o efeito de sentido pretendido em determinada situação. A oralidade e o letramento são concebidos como atividades interativas e complementares no contexto das práticas sociais e culturais1919 . Goulart BNG, Chiari BM. Comunicação humana e saúde da criança: reflexão sobre promoção da saúde na infância e prevenção de distúrbios fonoaudiológicos. Rev CEFAC. 2012;14(4):691-6..

As interações entre o sujeito e o meio são essenciais para o desenvolvimento cognitivo. A aquisição de um novo conhecimento envolve relações intra e interpessoais, num processo de mediação que pode ser potencializado pela ação do educador2020 . Bello SF, Machado AC, Almeida MA. Parceria colaborativa entre fonoaudiólogo e professor: análise dos diários reflexivos. Rev Psicopedagogia. 2012;2(88):46-54.. Assim, mesmo uma pequena dificuldade na linguagem pode trazer prejuízos ao completo desenvolvimento do indivíduo, particularmente no deficiente auditivo adolescente.

Em razão da escassez de trabalhos abordando a linguagem de adolescentes com perda auditiva e a relevância do assunto para a inclusão do deficiente auditivo no ambiente escolar e social, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a linguagem dos adolescentes deficientes auditivos oralizados que frequentam a escola regular, assim como a percepção do professor a respeito da comunicação desse aluno.

Métodos

Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo, sendo aprovado sob Protocolo n. 026. Todos os indivíduos participantes deste estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme as determinações do Conselho Nacional de Saúde.

Foram selecionados indivíduos com o seguinte perfil: adolescente, portador de perda auditiva neurossensorial pré-linguística de grau severo ou de grau profundo (Northern and Downs, 2005)2121 . Northern JL, Downs MP. Audição em crianças. São Paulo: Manole, 2005., oralizado e estudante de escola regular. O grupo de estudo foi constituído por nove indivíduos adolescentes, quatro do gênero feminino e cinco do gênero masculino, com idade entre 12 e 17 anos. Três indivíduos do gênero masculino e um do gênero feminino apresentaram perda auditiva neurossensorial severa bilateral e cinco indivíduos (dois do gênero feminino e três do gênero masculino) apresentaram perda auditiva neurossensorial profunda bilateral.

Todos os sujeitos se encontravam em terapia fonoaudiológica de abordagem oralista. O início da terapia fonoaudiológica se deu de 8 a 13 anos antes do estudo (média de 10,7 anos). O início do uso da prótese auditiva de forma bilateral se deu de 7 a 15 anos antes (idade auditiva). Os critérios de exclusão do estudo foram uso não sistemático de prótese auditiva, a ausência de matrícula em escola de ensino regular.

Neste trabalho, foram recolhidas amostras de fala espontânea para a avaliação de linguagem a partir da gravação de áudio em mídia MD com equipamento modelo G Protection, com duração de 15 minutos, além de gravação de vídeo com filmadora S-VHS modelo M9000, com duração de aproximadamente 20 minutos.

As gravações foram feitas tendo sempre três interlocutores: a pesquisadora, o adolescente avaliado e sua terapeuta fonoaudióloga. A análise das gravações foi feita por pelo menos duas avaliadoras capacitadas para a atividade e pesquisadoras do projeto, sendo que quando houve alguma divergência de análise, uma terceira avaliadora, também treinada, foi consultada para análise dos dados. Foi elaborado um protocolo (Anexo 1 Anexo - Protocolo para avaliação de linguagem oral para adolescentes deficientes auditivos Habilidades auditivas a. Comportamentos auditivos 1. Compreensão auditiva ( ) Compreende expressões familiares ( ) Ordens simples ( ) Enunciados complexos ( ) Compreende histórias ( ) Compreende metalinguagem ( ) Compreende no ruído 2. Tópicos conversacionais ( ) Parece manter os tópicos ( ) Se confunde ( ) Muda de assunto por não ter entendido 3. Vocabulário e sintaxe do interlocutor ( ) Compreende vocabulário ( ) simples ( ) diferenciado ( ) Compreende estruturações sintáticas ( ) simples ( ) complexas b. Estratégias comunicativas (Boéchat, 1992)23 Cognitivas: 1. LOF: ( ) Olha o rosto do falante ( ) Faz leitura labial ( ) Observa a expressão do rosto do falante ( ) Pede para falar de frente 2. Contexto: ( ) Capta o sentido da mensagem ( ) Deduz pelo assunto ( ) Tenta adivinhar 3. Atenção: ( ) Concentra-se ( ) Fixa-se no interlocutor 4. Organização: ( ) Repete o que entendeu e aguarda complementação do interlocutor ( ) Pede repetição 5. Esclarecimento sobre a DA: ( ) Explica que não entende pois não ouve bem 6. Questionamento: ( ) Pergunta quando não entende Interventivas: 1. Aproximação ao falante: ( ) Aproxima-se do falante para ouvi-lo ( ) Pede ao interlocutor para aproximar-se da prótese auditiva 2. Posicionamento favorável: ( ) Posiciona-se perto da luz (LOF) ( ) Coloca-se em posição estratégica em mesas e reuniões 3. Afastamento do ruído: ( ) Afasta-se das fontes de ruído ( ) Reduz o ruído quando possível ( ) Procura eliminar o ruído 4. Solicita alteração velocidade: ( ) Pede para o falante falar mais devagar 5. Limitação do número de interlocutores: ( ) Conversa com no máximo duas pessoas ao mesmo tempo ( ) Pede para falar apenas um de cada vez ( ) Fixa-se em apenas um interlocutor 6. Posicionamento favorável do interlocutor: ( ) Coloca o interlocutor de frente ( ) Coloca o interlocutor longe do ruído Mecânicas: 1. Manipulação da prótese auditiva: ( ) Abaixa o volume da prótese auditiva ( ) Aumenta o volume da prótese auditiva 2. Utiliza dispositivos auxiliares: ( ) Usa amplificadores para telefones ( ) Usa sistema FM ( ) Outro Qual:______________________________ Paliativas: 1. Solicita repetições ( ) 2. Solicita aumento da intensidade da voz ( ) 3. Solicita diminuição da intensidade da voz ( ) 4. Diz não ter entendido ( ) Remediativas: 1. Solicita ajuda de terceiros para facilitar a comunicação ( ) 2. Adia a conversação ( ) 3. Evita situações ( ) 4. Utiliza a escrita como apoio ( ) Desistivas: 1. Isola-se ( ) 2. Abandona a situação ( ) Simulativas: 1. Monopólio da conversação: ( ) Fala mais alto que os outros ( ) Não deixa os outros falarem 2. Entendimento simulado: ( ) Responde com expressões mecânicas ( ) Finge ter entendido 3. Distração simulada: ( ) Finge não estarem falando com ele ( ) Finge não ter ouvido ( ) Disfarça Habilidades de fala a) Características linguísticas 1. Produz várias formas sintáticas: Tipo de oração: ( ) afirmativa ( ) negativa ( ) exclamativa ( ) interrogativa - com pronomes (quem, quando, onde...) ( ) - sem pronomes ( ) - extensão das orações: ( ) 1 a 3 elementos ( ) 4 a 6 elementos ( ) 7 a 9 elementos ( ) acima de 9 elementos - uso de palavras com significado gramatical: ( ) utiliza-as corretamente ( ) omite - tipo de período: ( ) simples ( ) composto ( ) coordenação ( ) subordinação 2. Produz linguagem figurada ou gíria ( ) 3. Produz vocabulário preciso: ( ) comum ( ) diferenciado 4. Aspectos morfológicos: Flexionamentos - Desvios: Verbal: ( ) pessoa ( ) tempo ( ) verbos regulares ( ) verbos irregulares ( ) sem desvios b) Características paralinguísticas 1. Fluência ( ) Velocidade aumentada ( ) Velocidade reduzida ( ) Adequada 2. Inteligibilidade ( ) Normal: clara: sem nenhuma dificuldade em entender a fala ( ) Leve: levemente prejudicada, porém possível de entender o enunciado e compreender a ideia ( ) Leve para moderada: há dificuldade para entender parte do enunciado, causando certo prejuízo na compreensão de ideias ( ) Moderada para severa: há grande dificuldade para entender a maior parte do enunciado, com grande prejuízo na compreensão de ideias ( ) Severa: impossível compreender o enunciado e compreender totalmente a ideia 3. Acesso ao léxico: ( ) Usa léxico pertinente ( ) Léxico reduzido ( ) Faz uso de superextensões ( ) Faz uso de perífrases ( ) Demora para acessar ( ) Acessa por gestos representativos c) Funções comunicativas - Aspecto pragmático 1. Dá informações ( ) 2. Solicita informações ( ) 3. Descreve objetos e eventos ( ) 4. Expressa crenças, intenções e sentimentos ( ) 5. Consegue persuadir o ouvinte (sentir, acreditar) ( ) 6. Usa linguagem para resolver problemas ( ) 7. Usa linguagem para se divertir (contar piadas, sarcasmo...) ( ) d) Aspectos pragmáticos (discurso) 1. Inicia conversação ( ) 2. Escolhe o tópico ( ) 3. Mantém o tópico ( ) 4. Muda o tópico ( ) 5. Respeita turnos ( ) 6. Corrige-se quando necessário ( ) 7. Interrompe ( ) e) Respeito às regras conversacionais 1. Fala demais ( ) Muito pouco ( ) 2. Parece sincero ( ) 3. Faz contribuições importantes ( ) 4. Expressa pensamentos com clareza ( ) 5. É hábil ( ) f) Uso de comportamentos não verbais 1. Usa expressões faciais ou gestos ( ) 2. Mantém contato ocular ( ) 3. Mantém proximidade (distância física do interlocutor) ( ) g) Capacidade de raciocínio lógico 1. É capaz de resolver problemas auditivamente ( ) 2. É capaz de fazer deduções ( ) 3. Consegue sequencializar fatos de forma lógica ( ) LOF: Leitura Orofacial DA: Deficiência Auditiva ) para avaliação de linguagem oral, específico para adolescentes deficientes auditivos, com base nas propostas de Boéchat (1992)2222 . Boéchat, EM. Ouvir sob o prisma da estratégia [dissertação]. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica de São Paulo; 1992.Damico (1993)2323 . Damico JS. Clinical forum: adolescent language. Language assessment in adolescents: addressing critical issues. Lang. Speech Hear. Serv. Schools. 1993; 24:29-35. e Paul (1995)2424 . Paul R. Language disorders: from Infancy through Adolescence: Assessment & Intervention. New York: Mosby, 1995.. Esse protocolo foi utilizado para a descrição e análise do desempenho observado nas gravações de linguagem.

Entre as habilidades auditivas, buscou-se conhecer a capacidade de compreensão auditiva e as estratégias comunicativas utilizadas para a compreensão da linguagem. Dessa forma, na Tabela 1, o item "Compreensão auditiva" refere-se à capacidade de compreender vocábulos, a sintaxe do interlocutor e os enunciados por meio da audição; já o item "Utilização de estratégias comunicativas" está relacionado aos recursos que os deficientes auditivos deste estudo utilizam para que possam compreender as demandas comunicativas orais. O item "Sintaxe" relaciona-se ao tipo e à extensão das orações, aos tipos de período e ao uso de palavras com significado gramatical. O item "Utilização de metalinguagem" refere-se ao domínio do uso de gírias, expressões com duplo sentido e linguagem figurada, situações muito presentes na vida do adolescente. O item "Vocabulário" refere-se ao domínio vocabular e ao acesso ao léxico. Os aspectos paralinguísticos analisados estão relacionados nos itens "Fluência" e "Inteligibilidade de fala". Os aspectos pragmáticos foram analisados nos "Tópicos conversacionais" do discurso e referem-se à capacidade do indivíduo de iniciar, manter, mudar e reparar e interromper os tópicos da conversação. Por último, o item "Funções comunicativas" está relacionado à capacidade de fornecer e solicitar informações, descrever objetos e eventos, expressar ideias e sentimentos, persuadir o interlocutor, usar a linguagem para resolver problemas e para o entretenimento (piadas e sarcasmos, por exemplo).

Para melhor categorização dos dados, considerou-se:

I - Desempenho adequado: quando o desempenho era o esperado, de acordo com a idade cronológica. Os indivíduos classificados com desempenho adequado até poderiam ser reconhecidos como deficientes auditivos, mas as alterações apresentadas por eles (de voz, por exemplo), ainda que perceptíveis, não comprometeriam sua atividade comunicativa e sua linguagem oral em nenhum grau.

II - Desempenho inadequado de grau leve: quando o desempenho repercutia em pouco prejuízo da comunicação (alterações vocais, como ressonância e pitch, e alguns desvios fonológicos leves).

III - Desempenho inadequado de grau moderado: quando eram observadas alterações frequentes que chegavam a comprometer a comunicação, de forma que a alteração de linguagem apresentada impedia a inteligibilidade da fala e/ou discurso em alguns momentos.

IV - Desempenho com alterações significantes: quando as alterações eram de tal forma frequentes a ponto de impedir a comunicação de forma efetiva.

A análise dos dados foi feita de forma quantitativa com base na análise estatística, considerando as potencialidades apresentadas pelos pacientes em questão.

Para analisar o desempenho escolar dos adolescentes, foi realizada uma entrevista, por meio de 23 questões, com o professor da disciplina de língua portuguesa de cada aluno do estudo. As questões versavam sobre o desempenho comunicativo desses alunos e estão discriminadas na Tabela 2.

Foi aplicado o teste de Wilcoxon e a correlação linear de Spearman para verificar as proporções de positividade entre o desempenho comunicativo e linguístico oral e o descrito pelo professor e também para determinar a existência ou não de associação entre esses desempenhos. O nível de significância utilizado foi de 5%.

Resultados

Os resultados obtidos na avaliação fonoaudiológica encontram-se na Tabela 1. Todos os adolescentes com perda auditiva de grau severo apresentaram desempenho comunicativo e linguístico oral adequado em pelo menos oito dos nove aspectos avaliados. Nenhum dos adolescentes deficientes auditivos apresentou desempenho comunicativo com alterações significantes (Tabela 1, item IV).

Tabela 1:
Desempenho dos adolescentes deficientes auditivos na avaliação de linguagem

Os resultados obtidos na entrevista com os professores encontram-se nas Tabelas 2 e 3. Em relação à percepção dos professores sobre as habilidades comunicativas de seus alunos com perda auditiva, observou-se que todos os entrevistados responderam que esses alunos se fizeram entender quando falavam, demonstrando compreensão e respondendo coerentemente quando questionados.

Tabela 2:
Desempenho comunicativo dos adolescentes deficientes auditivos, segundo os professores: análise de desempenho por pergunta

Tabela 3:
Desempenho comunicativo dos adolescentes deficientes auditivos, segundo os professores: análise de desempenho por indivíduo

A comparação do desempenho comunicativo dos adolescentes deficientes auditivos encontra-se na Tabela 4. Observa-se que as proporções de adequação de desempenho entre os procedimentos empregados não diferem entre si. Portanto, não foi possível determinar associações lineares entre as respostas dos adolescentes deficientes auditivos.

Em linhas gerais, os adolescentes deficientes auditivos tiveram desempenho satisfatório, pois apresentaram 56% de desempenho adequado na observação fonoaudiológica e 74% no relato dos professores, demonstrando sua eficiência comunicativa no meio em que vivem.

Tabela 4:
Medidas descritivas da porcentagem (%) de respostas positivas no desempenho comunicativo e linguístico oral e entrevista realizada com os professores dos adolescentes deficientes auditivos

Discussão

Avaliação fonoaudiológica de linguagem

O melhor desempenho apresentado pelos participantes com perda auditiva de grau severo em comparação àqueles com perda auditiva de grau profundo condiz com os relatos de Souza et al. (2011)1818 . Souza MRF, Osborn E, GIL D, Iório MCM. Tradução e adaptação do questionário ABEL, Auditory Behavior in Everyday Life, para o português brasileiro. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(4):368-75. de que, quanto menor for o grau de perda auditiva, melhores serão as habilidades do indivíduo em receber informações sonoras e responder oralmente a elas. Diferenças quanto ao grau da perda interferem no desempenho linguístico dos deficientes auditivos1414 . Novaes BCAC, Versolatto-Cavanaugh MC, Figueiredo RSL, Mendes BCA. Fatores determinantes no desenvolvimento de habilidades comunicativas em crianças com deficiência auditiva. Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(4):335-41.. Assim, quanto maior for o grau de perda auditiva, maiores poderão ser os prejuízos para a aquisição da linguagem oral e também para o processo de aprendizagem2525 . Pinotti KJ, Boscolo CC. A dramatização como estratégia de aprendizagem da linguagem escrita para o deficiente auditivo. Rev Bras Ed Esp. 2008;14(1):121-40..

Os indivíduos 1, 2, 3, 4 e 5 não apresentaram dificuldades quanto à compreensão auditiva. Os demais adolescentes avaliados manifestaram alterações leves desse tipo de compreensão. As dificuldades de compreensão eram previstas, especialmente nos indivíduos com perda auditiva profunda.

A maioria dos adolescentes (cinco deles: indivíduos 1, 2, 3, 4 e 6) utilizou boas estratégias comunicativas. Os indivíduos 5, 7, 8 e 9 utilizaram algumas estratégias desistivas ou simulativas. Adolescentes com idade entre 13 e 15 anos são capazes de assumir papéis e posturas na conversação de acordo com as impressões e os sentimentos do interlocutor. Depois dessa idade, eles já devem apresentar domínio de todas as regras conversacionais e serem capazes de enfrentar as múltiplas situações envolvidas em uma conversação. Adolescentes ouvintes, com idade entre 17 a 20 anos, comunicam-se por meio de linguagem oral clara e coerente, utilizando enunciados simples e bem estruturados, com domínio das regras básicas da morfossintaxe que regem a língua portuguesa, utilizando léxico composto por vocabulários simples e rotineiro e às vezes usando sinonímias e gírias2222 . Boéchat, EM. Ouvir sob o prisma da estratégia [dissertação]. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica de São Paulo; 1992..

Os indivíduos 1, 2, 3, 4 e 5 não apresentaram alterações no aspecto sintático. Acosta et al.(2003)2626 . Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de avaliação do comportamento linguístico infantil. São Paulo: Santos, 2003.também relataram que, na adolescência, os indivíduos já têm domínio das regras sintáticas. Esse fato não foi observado nos indivíduos 6, 7 e 8, que apresentaram alterações leves, nem no indivíduo 9, que demonstrou alterações de grau moderado. As alterações mais frequentemente observadas foram quanto ao tipo de período utilizado, sendo mais rara a construção de frases coordenadas e subordinadas. Outros autores observaram que os deficientes auditivos podem apresentar alterações nos diferentes aspectos da linguagem, envolvendo forma, conteúdo e uso2727 . Soares AD, Goulart BNG, Chiari BM. Narrative competence among hearing-impaired and normal-hearing children: analytical cross-sectional study. Sao Paulo Med J. 2010;128(5):284-8..

Quanto ao item "Utilização de metalinguagem", apenas os indivíduos 1 e 3 apresentaram domínio dessa habilidade (Tabela 1). Todos os outros indivíduos demonstraram dificuldades na compreensão e no uso de linguagem figurada. Entre 8 e 11 anos de idade, o desdobramento de um pensamento mais concreto e reversível permite ao indivíduo utilizar os conceitos verbais fora de seu contexto concreto, bem como realizar classificações ou categorizações de palavras. A partir dos 11 anos, desenvolvem-se pensamentos mais complexos, o que permite ao adolescente o maior uso de termos figurativos e metafóricos na comunicação. Assim, já seria esperado o domínio da linguagem figurada na idade apresentada pela amostra. Entretanto, indivíduos deficientes auditivos têm maiores dificuldades com o raciocínio abstrato1. Nippold MA, Allen MM, Kirsch DI. Proverb comprehension as a function of reading proficiency in preadolescents. Lang Speech Hear Serv Schools. 2001;32:90-100., o que foi observado neste estudo.

Adolescentes ouvintes são capazes de compreender ambiguidades, inferências e linguagem figurada. Entre 16 e 18 anos, adolescentes ouvintes são capazes de detectar com eficiência ambiguidades lexicais, mas podem ainda ter dificuldade nas ambiguidades sintáticas e de estrutura profunda, demonstrando que, embora o adolescente deficiente auditivo possa ter dificuldades nesses aspectos, estes se relacionam à fase do desenvolvimento em que se encontra2. Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60..

Em relação ao aspecto "Vocabulário", apenas os indivíduos 6, 8 e 9 apresentaram alterações em grau moderado (Tabela 1). Os demais apresentaram bom nível vocabular. Amemiya et al. (2013)2828 . Amemiya EE, Gourlart BNG, Chiari BM. Use of nouns and verbs in the oral narrative of individuals with hearing impairment and normal hearing between 5 and 11 years of age. Sao Paulo Med J. 2013;131(5):289-95. observaram que crianças que apresentavam deficiência auditiva e que eram oralizadas e submetidas à fonoterapia obtinham desempenho semelhante ao de seus pares ouvintes quanto ao uso de verbos e substantivos. No entanto, outros autores relataram que indivíduos com deficiência auditiva podem apresentar vocabulário receptivo menor do que aqueles com audição normal e que isso pode ser devido, em parte, à dificuldade de detecção de novas palavras na conversa, pré-requisito necessário para o desenvolvimento lexical2929 . Pittman AL, Schuett BC. Effects of semantic and acoustic context on nonword detection in children with hearing loss. Ear Hear. 2013;34(2):213-20.. Espera-se que a criança compreenda cerca de três mil palavras a partir dos seis anos de idade e 100 mil palavras a partir dos 12 anos. Em relação à produção, estima-se que elas sejam capazes de produzir cerca da metade do que compreendem2626 . Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de avaliação do comportamento linguístico infantil. São Paulo: Santos, 2003.. Adolescentes podem apresentar dificuldades de utilizar alguns advérbios2. Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60..

O item "Fluência" foi considerado normal na maioria dos indivíduos. Os indivíduos 5, 7, 8 e 9 apresentaram algum tipo de alteração, como aumento ou redução da velocidade de fala, pausas e prolongamentos. Mesmo assim, essas alterações não caracterizaram uma patologia da fluência. Um dos principais fatores que afetam a fluência do deficiente auditivo refere-se ao controle do mecanismo respiratório relativo à coordenação do mecanismo pneumofonoarticulatório3030 . Bommarito S. O efeito de um método de terapia de voz na qualidade vocal e na inteligibilidade da fala de indivíduos surdos [tese]. São Paulo (SP): Universidade Federal de São Paulo; 2000..

No aspecto "Inteligibilidade de Fala" notou-se alterações para a maioria dos indivíduos (3, 5, 6, 7, 8 e 9) (Tabela 1). Os indivíduos 5 e 8 apresentaram maior grau de alteração (moderada). Nesses indivíduos, observou-se, além de alterações de ordem fonético-fonológicas, alterações da qualidade vocal e da ressonância. Os outros indivíduos apresentaram grau leve de alteração. Deficientes auditivos, em geral, apresentam alterações no ajuste da função respiratória, nas funções da laringe e das vias aéreas superiores3030 . Bommarito S. O efeito de um método de terapia de voz na qualidade vocal e na inteligibilidade da fala de indivíduos surdos [tese]. São Paulo (SP): Universidade Federal de São Paulo; 2000.. Em geral, apresentam pitch agudo, qualidade abafada e ressonância do tipo cul-de-sac com hiponasalidade. Moeller et al. (2010)3131 . Moeller MP, McCleary E, Putman C, Tyler-Krings A, Hoover B, Stelmachowicz P. Longitudinal development of phonology and morphology in children with late-identified mild-moderate sensorineural hearing loss. Ear Hear. 2010;31(5):625-35. fizeram um estudo no qual evidenciou-se que crianças com perda auditiva de grau leve a moderado podem apresentar comprometimentos significantes das habilidades comunicativas, principalmente quanto a aspectos morfológicos, fonológicos e de inteligibilidade da fala. Esse é um problema de grande impacto na socialização do adolescente, pois coloca o indivíduo portador de uma alteração articulatória em desvantagem em relação aos interlocutores, segregando-os.

Apenas o sujeito 9 apresentou alteração no item "Tópicos Conversacionais", sendo esta de grau leve. O domínio do aspecto pragmático envolve a participação em uma conversação que exige dos interlocutores o cumprimento de regras para adotar turnos, mediante os quais estabelecem e mantêm suas posições respectivas no intercâmbio. Além disso, envolve a manutenção do tema (tarefa que exige que os interlocutores sigam certas normas ou princípios) e a capacidade de se adaptar aos diferentes indivíduos, papéis e situações2626 . Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de avaliação do comportamento linguístico infantil. São Paulo: Santos, 2003., o que não foi observado no indivíduo em questão.

As funções comunicativas apresentaram-se adequadas para os indivíduos 1, 2, 3 e 4. Os sujeitos 6, 7 e 8 apresentaram alteração leve e os demais (5 e 9), em grau moderado (Tabela 1). Estudos das habilidades pragmáticas em crianças deficientes auditivas concluíram que estas apresentam funções comunicativas semelhantes às crianças ouvintes8. Curti L, Quintas TA, Goulart BNG, Chiari BM. Habilidades pragmáticas em crianças deficientes auditivas: estudo de casos e controles. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):390-4.. Entretanto, há diferença quanto ao meio comunicativo utilizado: os deficientes auditivos priorizam os gestos e os ouvintes priorizam a linguagem oral.

Conforme descrito pela literatura, a linguagem continua desenvolvendo-se por toda a adolescência, especialmente quanto aos aspectos sintático, semântico e pragmático2. Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60.. Na adolescência, ocorre uma importante evolução do desenvolvimento cognitivo e a conquista da capacidade de abstrair e raciocinar por meio de hipóteses. Os pacientes avaliados apresentaram grandes dificuldades nesse aspecto. Evidenciaram-se problemas com o raciocínio abstrato e lógico, além das dificuldades de compreensão de metalinguagem1. Nippold MA, Allen MM, Kirsch DI. Proverb comprehension as a function of reading proficiency in preadolescents. Lang Speech Hear Serv Schools. 2001;32:90-100..

Entrevista com os professores

Todos os professores relataram que seus alunos deficientes auditivos utilizam a audição para compreensão. Apenas um professor relatou que seu aluno não utiliza a leitura orofacial como apoio. Nenhum relatou a utilização de gestos não naturais à comunicação do ouvinte, ou seja, o uso de gestos padronizados associados à comunicação oral (Tabela 3), o que pode ser justificado pela abordagem utilizada (oralismo).

Todos os professores afirmaram que os alunos são capazes de acompanhar a conversação com apenas uma pessoa. Somente três os consideraram capazes de acompanhar a conversação em grupo (Tabela 2). Na conversação entre vários indivíduos, a atenção do deficiente auditivo fica dividida entre manter o tópico da conversação conforme muda o falante e determinar quem é que está falando, o que acarreta problemas na manutenção da conversação.

Dos entrevistados, seis professores relataram que seus alunos com perda auditiva foram capazes de dar informações precisas e que, durante a conversação, mudaram de assunto de forma adequada. A função pragmática envolve o domínio de diversos aspectos, entre eles a habilidade de adotar a perspectiva do seu interlocutor e o caráter social da sua linguagem, com sua habilidade para transmitir informações sobre referentes precisos, ou seja, não ambíguos2626 . Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de avaliação do comportamento linguístico infantil. São Paulo: Santos, 2003., estando adequada nesses indivíduos.

Apenas dois indivíduos, segundo os professores, costumam pedir repetições durante as aulas (Tabela 2). Esse ponto deve ser avaliado com certo cuidado, pois o fato de os alunos não solicitarem repetição pode estar associado ao receio deles de expor sua deficiência.

Oito professores julgaram a fala de seus alunos inteligível. Portanto, os professores não apresentaram, em geral, queixas quanto à inteligibilidade de fala de seus alunos, diferentemente das avaliadoras, que observaram vários indivíduos com problemas nesse aspecto. Isso provavelmente se deve aos diferentes critérios adotados: enquanto o professor utiliza o critério de funcionalidade, o avaliador utiliza como referencial a funcionalidade aliada à precisão fonoarticulatória. Também é importante salientar o fato de que os professores não são treinados para perceber nuances de fala, além da possibilidade de haver uma maior tolerância em relação aos alunos com alguma deficiência.

Os professores relataram que cinco alunos participam de discussões durante as aulas. Também citaram que três alunos não são capazes de contar sobre algo que ouviram, seja um filme, palestra ou notícia (Tabela 2). Isso demonstra a dificuldade desses alunos de lidar com as informações auditivas quando esse é o único canal de recepção das informações, além das dificuldades de narração e argumentação, habilidades necessárias nesse tipo de estratégia. Indivíduos com deficiência auditiva, mesmo que adequadamente protetizados, podem apresentar dificuldades para reconhecer e compreender a linguagem falada3232 . Gustafson SJ, Pittman AL. Sentence perception in listening condition having similar speech intellibility indices. Int J Audiol. 2011;50(1):34-40. 3333 . Kupryjanow A, Czyewski A. Methods of improving speech intelligibility for listeners with hearing resolution déficit. Diagn Pathol. 2012;7:129.. Evidencia-se aqui a necessidade do apoio de outras habilidades além das auditivas, como a leitura orofacial2323 . Damico JS. Clinical forum: adolescent language. Language assessment in adolescents: addressing critical issues. Lang. Speech Hear. Serv. Schools. 1993; 24:29-35..

Quanto à comunicação escrita, cinco dos professores relataram a falta de planejamento e argumento nas respostas das avaliações de seus alunos com deficiência auditiva. Estes geralmente apresentam muita dificuldade na aquisição da linguagem escrita1919 . Goulart BNG, Chiari BM. Comunicação humana e saúde da criança: reflexão sobre promoção da saúde na infância e prevenção de distúrbios fonoaudiológicos. Rev CEFAC. 2012;14(4):691-6.. Muitas vezes, em decorrência da privação sensorial, os deficientes auditivos podem apresentar defasagem linguística no que se refere à língua falada e escrita. Essa defasagem acaba transparecendo nos aspectos fonológicos, semânticos, morfossintáticos e pragmáticos durante uma conversação. Alunos que apresentam dificuldades na compreensão e na expressão da linguagem provavelmente terão problemas de aprendizagem, o que pode acarretar dificuldades de socialização e prejuízos no comportamento global6. Buratto LG, Almeida MA, Costa MPR. Programa de Comunicação Alternativa readaptado para uma adolescente Kaingang. Paideia. 2012;22(52):229-39..

Neste estudo, cinco professores afirmaram que seus alunos com perda auditiva conseguem exprimir pensamentos na escrita e demonstrar conhecimentos nas provas e também que são capazes de contar sobre algo que leram. Alunos com perda auditiva neurossensorial de grau severo a profundo geralmente apresentam atrasos significantes na habilidade de leitura quando comparados com alunos ouvintes. Esses atrasos podem prejudicar ainda mais a aquisição de novo vocabulário3434 . Geer AE, Sedey AL. Language and verbal reasoning skills in adolescents with 10 or more years of cochear implant experience. Ear Hear. 2011;32:39-48..

Ainda segundo os professores, sete alunos são capazes de completar tarefas e trabalhar sem ajuda, oito não respondem a questões de livros e não apresentam bom desempenho em resolução de problemas.

O atendimento fonoaudiológico e a escolarização aceleram o processo de aprendizagem. Crianças com deficiência auditiva apresentam melhor desenvolvimento cognitivo e de linguagem quando recebem atendimento fonoaudiológico precoce e são inseridas em ambiente escolar. Isso propicia uma melhor performance escolar, que pode ser compatível com a sua idade cronológica.

Adequação de desempenho

Quando comparadas estatisticamente as proporções de adequação de desempenho entre os procedimentos empregados, estas não diferem entre si. Portanto, não foi possível determinar associações lineares entre as respostas dos indivíduos. Dessa forma, observa-se que a maioria dos indivíduos avaliados apresenta um bom desempenho comunicativo e linguístico, principalmente aqueles com perda auditiva de grau severo.

Conclusão

Os indivíduos avaliados com perda auditiva de grau severo ou profundo usuários de prótese auditiva e de frequentarem terapia fonoaudiológica há pelo menos oito anos, em que frequentam escola regular, tiveram um bom desempenho comunicativo e linguístico oral.

Como características da comunicação oral desses sujeitos, observou-se um bom desempenho para a maioria dos grupos quanto aos itens "Tópicos conversacionais", "Vocabulário" e "Sintaxe". As maiores dificuldades encontradas foram nos itens "Metalinguagem" e "Inteligibilidade de fala" (na avaliação fonoaudiológica), no acompanhamento de conversas com mais de uma pessoa e na argumentação em avaliações escritas (segundo o relato dos professores).

Apesar da sua limitação, por causa do pequeno número de adolescentes, este estudo levanta, numa perspectiva interdisciplinar, questões importantes a serem observadas, tanto por educadores quanto por fonoaudiólogos. Os resultados apontam para metas terapêuticas importantes a serem implementadas junto a esses indivíduos nessa fase do desenvolvimento linguístico. Cabe enfatizar a relevância dos itens destacados no desenvolvimento do adolescente com perda auditiva, tanto nos aspectos linguísticos quanto nos aspectos emocionais, educacionais e socioculturais.

Referências

  • 1
    Nippold MA, Allen MM, Kirsch DI. Proverb comprehension as a function of reading proficiency in preadolescents. Lang Speech Hear Serv Schools. 2001;32:90-100.
  • 2
    Araújo AA, Perissinoto J. Desenvolvimento da linguagem na adolescência: competências semânticas, sintáticas e pragmáticas. Pró-Fono R Atual Cient. 2004;16(3):251-60.
  • 3
    Neuber LMB, Valle TGM, Palamin MEG. O adolescente e a deficiência auditiva: as relações familares retratadas no teste do desenho em cores da família. Rev Bras Cresc Des Hum. 2008;18(3):321-38.
  • 4
    Kolibiki HM. A Study of emotional relationships among deaf adolescents. Procedia Soc. Behav. Sci. 2014;114:399-402.
  • 5
    Zugliani AP, Motti TFG, Castanho RM. O autoconceito do adolescente deficiente auditivo e sua relação com o uso do aparelho de amplificação sonora individual. Rev Bras Ed Esp. 2007;13(1):95-110.
  • 6
    Buratto LG, Almeida MA, Costa MPR. Programa de Comunicação Alternativa readaptado para uma adolescente Kaingang. Paideia. 2012;22(52):229-39.
  • 7
    Souza IPS, Brito R, Bento RF, Gomez MVSG, Tsuji RK, Hausen-Pinna M. Percepção de fala em adolescentes com surdez pré-lingual usuários de implante coclear. Braz J Otorhinolaryngol. 2011;77(2):153-7.
  • 8
    Curti L, Quintas TA, Goulart BNG, Chiari BM. Habilidades pragmáticas em crianças deficientes auditivas: estudo de casos e controles. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):390-4.
  • 9
    Angelo TCS, Bevilacqua MC, Moret ALM. Percepção da fala em deficientes auditivos pré-linguais usuários de implante coclear. Pró-Fono R Atual Cient. 2010;22(3):275-80.
  • 10
    Naeini TS, Arshadi FK, Hatamizadeh N, Enayatillah B. The effect of social skills training on perceived competence of female adolescents with deafness. Iran Red Crescent Med J. 2013;15(12):5426.
  • 11
    Oliveira LN, Goulart BNG, Chiari BM. Distu´rbios de linguagem associados à surdez. J Hum. Growth Dev. 2013;23(1):41-5.
  • 12
    Lima AM, Sedano DC, Garcia VL. Características auditivas e de linguagem da perda auditiva pós-lingual por meningite bacteriana: estudo de um caso. J Bras Fonoaudiol. 2005;5(21):201-6.
  • 13
    Pereira KL, Garcia VL. Análise da produção fonética de crianças deficientes auditivas. Rev CEFAC. 2005;7(4):473-82.
  • 14
    Novaes BCAC, Versolatto-Cavanaugh MC, Figueiredo RSL, Mendes BCA. Fatores determinantes no desenvolvimento de habilidades comunicativas em crianças com deficiência auditiva. Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(4):335-41.
  • 15
    Luccas MRZ, Chiari BM, Goulart BNG. Compreensão de leitura de alunos surdos na rede regular de ensino. J Soc Bras Fonoaudiol. 2012;24(4):342-7.
  • 16
    Radaelli MEB. Contribuições de Vygotsky e Bakhtin para a linguagem: interação no processo de alfabetização. Rev Thêma et Scientia. 2011;1:30-4.
  • 17
    Fidêncio VLD, Ferraz E, Jacob RTS, Moret ALM, Crenitte PAP. Análise do nível de consciência fonológica de escolares deficientes auditivos. In: XIX Jornada Fonoaudiológica de Bauru 'Profa Dra Kátia Flores Genaro', 19., 2012, Bauru. Anais... Bauru: FOB-USP, 2012. P. 43.
  • 18
    Souza MRF, Osborn E, GIL D, Iório MCM. Tradução e adaptação do questionário ABEL, Auditory Behavior in Everyday Life, para o português brasileiro. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(4):368-75.
  • 19
    Goulart BNG, Chiari BM. Comunicação humana e saúde da criança: reflexão sobre promoção da saúde na infância e prevenção de distúrbios fonoaudiológicos. Rev CEFAC. 2012;14(4):691-6.
  • 20
    Bello SF, Machado AC, Almeida MA. Parceria colaborativa entre fonoaudiólogo e professor: análise dos diários reflexivos. Rev Psicopedagogia. 2012;2(88):46-54.
  • 21
    Northern JL, Downs MP. Audição em crianças. São Paulo: Manole, 2005.
  • 22
    Boéchat, EM. Ouvir sob o prisma da estratégia [dissertação]. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica de São Paulo; 1992.
  • 23
    Damico JS. Clinical forum: adolescent language. Language assessment in adolescents: addressing critical issues. Lang. Speech Hear. Serv. Schools. 1993; 24:29-35.
  • 24
    Paul R. Language disorders: from Infancy through Adolescence: Assessment & Intervention. New York: Mosby, 1995.
  • 25
    Pinotti KJ, Boscolo CC. A dramatização como estratégia de aprendizagem da linguagem escrita para o deficiente auditivo. Rev Bras Ed Esp. 2008;14(1):121-40.
  • 26
    Acosta VM, Moreno A, Ramos V, Quintana A, Espino O. Avaliação da linguagem: teoria e prática do processo de avaliação do comportamento linguístico infantil. São Paulo: Santos, 2003.
  • 27
    Soares AD, Goulart BNG, Chiari BM. Narrative competence among hearing-impaired and normal-hearing children: analytical cross-sectional study. Sao Paulo Med J. 2010;128(5):284-8.
  • 28
    Amemiya EE, Gourlart BNG, Chiari BM. Use of nouns and verbs in the oral narrative of individuals with hearing impairment and normal hearing between 5 and 11 years of age. Sao Paulo Med J. 2013;131(5):289-95.
  • 29
    Pittman AL, Schuett BC. Effects of semantic and acoustic context on nonword detection in children with hearing loss. Ear Hear. 2013;34(2):213-20.
  • 30
    Bommarito S. O efeito de um método de terapia de voz na qualidade vocal e na inteligibilidade da fala de indivíduos surdos [tese]. São Paulo (SP): Universidade Federal de São Paulo; 2000.
  • 31
    Moeller MP, McCleary E, Putman C, Tyler-Krings A, Hoover B, Stelmachowicz P. Longitudinal development of phonology and morphology in children with late-identified mild-moderate sensorineural hearing loss. Ear Hear. 2010;31(5):625-35.
  • 32
    Gustafson SJ, Pittman AL. Sentence perception in listening condition having similar speech intellibility indices. Int J Audiol. 2011;50(1):34-40.
  • 33
    Kupryjanow A, Czyewski A. Methods of improving speech intelligibility for listeners with hearing resolution déficit. Diagn Pathol. 2012;7:129.
  • 34
    Geer AE, Sedey AL. Language and verbal reasoning skills in adolescents with 10 or more years of cochear implant experience. Ear Hear. 2011;32:39-48.
  • Projeto Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Processo n. 03/03279-4.

Anexo - Protocolo para avaliação de linguagem oral para adolescentes deficientes auditivos

  • Habilidades auditivas

  • a. Comportamentos auditivos

  • 1. Compreensão auditiva

  • ( ) Compreende expressões familiares

  • ( ) Ordens simples

  • ( ) Enunciados complexos

  • ( ) Compreende histórias

  • ( ) Compreende metalinguagem

  • ( ) Compreende no ruído

  • 2. Tópicos conversacionais

  • ( ) Parece manter os tópicos

  • ( ) Se confunde

  • ( ) Muda de assunto por não ter entendido

  • 3. Vocabulário e sintaxe do interlocutor

  • ( ) Compreende vocabulário ( ) simples ( ) diferenciado

  • ( ) Compreende estruturações sintáticas ( ) simples ( ) complexas

  • b. Estratégias comunicativas (Boéchat, 1992)23

  • Cognitivas:

  • 1. LOF: ( ) Olha o rosto do falante

  • ( ) Faz leitura labial

  • ( ) Observa a expressão do rosto do falante

  • ( ) Pede para falar de frente

  • 2. Contexto: ( ) Capta o sentido da mensagem ( ) Deduz pelo assunto

  • ( ) Tenta adivinhar

  • 3. Atenção: ( ) Concentra-se

  • ( ) Fixa-se no interlocutor

  • 4. Organização: ( ) Repete o que entendeu e aguarda complementação do interlocutor

  • ( ) Pede repetição

  • 5. Esclarecimento sobre a DA: ( ) Explica que não entende pois não ouve bem

  • 6. Questionamento:

  • ( ) Pergunta quando não entende

  • Interventivas:

  • 1. Aproximação ao falante: ( ) Aproxima-se do falante para ouvi-lo

  • ( ) Pede ao interlocutor para aproximar-se da prótese auditiva

  • 2. Posicionamento favorável: ( ) Posiciona-se perto da luz (LOF)

  • ( ) Coloca-se em posição estratégica em mesas e reuniões

  • 3. Afastamento do ruído: ( ) Afasta-se das fontes de ruído ( ) Reduz o ruído quando possível

  • ( ) Procura eliminar o ruído

  • 4. Solicita alteração velocidade: ( ) Pede para o falante falar mais devagar

  • 5. Limitação do número de interlocutores:

  • ( ) Conversa com no máximo duas pessoas ao mesmo tempo

  • ( ) Pede para falar apenas um de cada vez

  • ( ) Fixa-se em apenas um interlocutor

  • 6. Posicionamento favorável do interlocutor:

  • ( ) Coloca o interlocutor de frente

  • ( ) Coloca o interlocutor longe do ruído

  • Mecânicas:

  • 1. Manipulação da prótese auditiva:

  • ( ) Abaixa o volume da prótese auditiva

  • ( ) Aumenta o volume da prótese auditiva

  • 2. Utiliza dispositivos auxiliares: ( ) Usa amplificadores para telefones ( ) Usa sistema FM ( ) Outro

  • Qual:______________________________

  • Paliativas:

  • 1. Solicita repetições ( )

  • 2. Solicita aumento da intensidade da voz ( )

  • 3. Solicita diminuição da intensidade da voz ( )

  • 4. Diz não ter entendido ( )

  • Remediativas:

  • 1. Solicita ajuda de terceiros para facilitar a comunicação ( )

  • 2. Adia a conversação ( )

  • 3. Evita situações ( )

  • 4. Utiliza a escrita como apoio ( )

  • Desistivas:

  • 1. Isola-se ( )

  • 2. Abandona a situação ( )

  • Simulativas:

  • 1. Monopólio da conversação:

  • ( ) Fala mais alto que os outros

  • ( ) Não deixa os outros falarem

  • 2. Entendimento simulado:

  • ( ) Responde com expressões mecânicas

  • ( ) Finge ter entendido

  • 3. Distração simulada:

  • ( ) Finge não estarem falando com ele

  • ( ) Finge não ter ouvido ( ) Disfarça

  • Habilidades de fala

  • a) Características linguísticas

  • 1. Produz várias formas sintáticas:

  • Tipo de oração:

  • ( ) afirmativa ( ) negativa

  • ( ) exclamativa ( ) interrogativa

  • - com pronomes (quem, quando, onde...) ( )

  • - sem pronomes ( )

  • - extensão das orações: ( ) 1 a 3 elementos ( ) 4 a 6 elementos ( ) 7 a 9 elementos

  • ( ) acima de 9 elementos

  • - uso de palavras com significado gramatical:

  • ( ) utiliza-as corretamente ( ) omite

  • - tipo de período:

  • ( ) simples ( ) composto

  • ( ) coordenação ( ) subordinação

  • 2. Produz linguagem figurada ou gíria ( )

  • 3. Produz vocabulário preciso:

  • ( ) comum ( ) diferenciado

  • 4. Aspectos morfológicos:

  • Flexionamentos - Desvios:

  • Verbal: ( ) pessoa ( ) tempo ( ) verbos regulares ( ) verbos irregulares

  • ( ) sem desvios

  • b) Características paralinguísticas

  • 1. Fluência

  • ( ) Velocidade aumentada ( ) Velocidade reduzida ( ) Adequada

  • 2. Inteligibilidade

  • ( ) Normal: clara: sem nenhuma dificuldade em entender a fala

  • ( ) Leve: levemente prejudicada, porém possível de entender o enunciado e compreender a ideia

  • ( ) Leve para moderada: há dificuldade para entender parte do enunciado, causando certo prejuízo na compreensão de ideias

  • ( ) Moderada para severa: há grande dificuldade para entender a maior parte do enunciado, com grande prejuízo na compreensão de ideias

  • ( ) Severa: impossível compreender o enunciado e compreender totalmente a ideia

  • 3. Acesso ao léxico:

  • ( ) Usa léxico pertinente ( ) Léxico reduzido

  • ( ) Faz uso de superextensões

  • ( ) Faz uso de perífrases ( ) Demora para acessar

  • ( ) Acessa por gestos representativos

  • c) Funções comunicativas - Aspecto pragmático

  • 1. Dá informações ( )

  • 2. Solicita informações ( )

  • 3. Descreve objetos e eventos ( )

  • 4. Expressa crenças, intenções e sentimentos ( )

  • 5. Consegue persuadir o ouvinte (sentir, acreditar) ( )

  • 6. Usa linguagem para resolver problemas ( )

  • 7. Usa linguagem para se divertir (contar piadas, sarcasmo...) ( )

  • d) Aspectos pragmáticos (discurso)

  • 1. Inicia conversação ( )

  • 2. Escolhe o tópico ( )

  • 3. Mantém o tópico ( )

  • 4. Muda o tópico ( )

  • 5. Respeita turnos ( )

  • 6. Corrige-se quando necessário ( )

  • 7. Interrompe ( )

  • e) Respeito às regras conversacionais

  • 1. Fala demais ( ) Muito pouco ( )

  • 2. Parece sincero ( )

  • 3. Faz contribuições importantes ( )

  • 4. Expressa pensamentos com clareza ( )

  • 5. É hábil ( )

  • f) Uso de comportamentos não verbais

  • 1. Usa expressões faciais ou gestos ( )

  • 2. Mantém contato ocular ( )

  • 3. Mantém proximidade (distância física do interlocutor) ( )

  • g) Capacidade de raciocínio lógico

  • 1. É capaz de resolver problemas auditivamente ( )

  • 2. É capaz de fazer deduções ( )

  • 3. Consegue sequencializar fatos de forma lógica ( )

  • LOF: Leitura Orofacial

  • DA: Deficiência Auditiva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Dez 2014
  • Aceito
    14 Abr 2015
ABRAMO Associação Brasileira de Motricidade Orofacial Rua Uruguaiana, 516, Cep 13026-001 Campinas SP Brasil, Tel.: +55 19 3254-0342 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistacefac@cefac.br