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Percepções de pais/responsáveis de crianças com desvio fonológico acerca do desvio fonológico e da terapia fonoaudiológica

RESUMO:

Objetivo:

investigar a percepção de pais/responsáveis de crianças com desvio fonológico em relação ao próprio desvio e terapia fonoaudiológica aplicada.

Métodos:

a amostra foi composta por 23 pais/responsáveis de crianças com diagnóstico de desvio fonológico, atendidas em um ambulatório de Fonoaudiologia. Para a análise das entrevistas coletadas utilizou-se a Análise de Conteúdo.

Resultados:

em síntese, merecem atenção: (a) a aceitabilidade ao atendimento fonoaudiológico, inclusive, em muitos sendo de própria iniciativa dos pais/responsáveis a procura pela fonoterapia; (b) esses referem perceber a dificuldade linguística de seus filhos, bem como, as evoluções na sua fala; (c) enumeram, com maior ocorrência, os problemas escolares e o bullying como dificuldades relacionadas ao desvio fonológicoe, também, como sua preocupação decorrente do mesmo; (d) sugerem mais frequentemente a busca pelo atendimento fonoaudiológico a outros pais; (e) dizem contribuir no ambiente familiar para com a terapia fonoaudiológica e; (f) mesmo não tão frequente, alguns mencionam ter dúvida quanto ao tempo de terapia.

Conclusão:

desse modo, os pais/responsáveis expuseram suas concepções acerca de sua experiência relacionada à dificuldade de fala e à terapia fonoaudiológica. Acredita-se em uma contribuição para a reflexão dos procedimentos terapêuticos adotados na fonoterapia, bem como, para o amadurecimento da relação terapeuta-paciente e terapeuta-pais. Por esse motivo, incentiva-se a inclusão e aproximação dos cuidadores na terapia, com o intuito de ampliar a adesão e contribuição desses para a superação da dificuldade de fala.

DESCRITORES:
Fonoaudiologia; Fonoterapia; Distúrbios da Fala; Pais; Análise Qualitativa

ABSTRACT:

Purpose:

investigating the perceptions of parents/guardians of children with phonological disorder in relation to the own disorder and the applied speech therapy.

Methods:

the sample consisted of 23 parents/guardians of children with speech disorder, who were taken care in a speech therapy ambulatory. For the analysis of the collected interviews, it was used the Content Analysis.

Results:

in summary, some points deserve attention: (a) the acceptability of the speech therapy services, including, in many cases being the demand for speech therapy an initiative of the own parents/guardians; (b) these ones perceive the linguistic difficulty of their children, as well the developments in his speech; (c) they list, with higher occurrence, school problems and bullying as difficulties related to phonological disorder and also their concern regarding it, (d) they often suggest more searches for speech therapy services to other parents, (e) they say they contribute in the family atmosphere with the speech therapy, and (f) even not so frequent, they mention to have some doubt in relation to the time of therapy.

Conclusion:

this way, parents/guardians exposed their views about their experience related to the difficulty of speech and language therapy. So, we believe in a contribution to the reflection of the therapeutic procedures adopted in speech therapy, as well as to the maturing of the therapist-patient relationship and therapist-parents. Therefore, it encourages the inclusion and closeness to caregivers in therapy.

KEYWORDS:
Speech, Language and Hearing Sciences; Speech Therapy; Speech Disorders; Parents; Qualitative Analysis

Introdução

O desvio fonológico, sua etiologia, manifestação, diagnóstico, classificação e tratamento instigaram e continuam instigando muitos pesquisadores.

Mesmo não sendo citado com essa terminologia na Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde - 10ª revisão (CID-10), o desvio fonológico pode ser identificado por meio da CID-10 como F80.0 (Transtorno específico da articulação da fala).

Crianças com essa dificuldade de fala apresentam um sistema fonológico desviante (ou seja, para além de uma dificuldade puramente articulatória), podendo percorrer caminhos diferentes no desenvolvimento da fonologia, não atingindo ou atingindo de forma distinta os sons-alvo do seu ambiente linguístico. O desvio fonológico aparentemente não está associado a causas orgânicas e/ou emocionais11. Mota HB. Terapia fonológica para os desvios fonológicos. Rio de Janeiro: Revinter; 2001..

Ao visar à superação do desvio fonológico com a terapia fonoaudiológica, alguns modelos de terapia preveem em seus procedimentos, dentre outras atividades, a contribuição dos familiares. O Modelo de Ciclos Modificado22. Tyler A, Edwards ML, Saxman J. Clinical application of two phonologically based treatment procedures. J Speech Hear Dis. 1987;52:393-409., por exemplo, enfatiza ser de extrema importância a participação dos pais, que devem ser orientados a colaborar, estimulando a criança no ambiente familiar. Estas atividades restringem-se à entrega da lista de palavras do bombardeio auditivo e das figuras representativas das palavras-estímulo, os pais ou os responsáveis são então instruídos a praticá-las com a criança.

Internacionalmente são estudadas diferentes estruturas e abordagens terapêuticas para a participação ativa dos pais no tratamento de seus filhos com dificuldade de fala33. Bowen C, Cupples L. PACT: Parents and children together in phonological therapy. Int J Speech-Lang Pat. 2006;8(3):282-92.)-(55. Washington KN, Thomas-Stonell N, Mcleod S, Warr-Leeper G. Parents' perspectives on the professional-child relationship and children's functional communication following speech-language intervention. J Speech-Lang Pat Aud. 2012;36(3):220-33.. A eficácia da atuação fonoaudiológica nesses casos tem sido reforçada, no entanto, a contribuição do envolvimento dos pais durante os progressos de fala das crianças também tem se comprovado44. Lancaster G, Keusch S, Levin A, Pring T, Martin S. Treating children with phonological problems: does an eclectic approach to therapy work? Int J LangCom Dis. 2010;45(2):174-81. e nos mais variados distúrbios de comunicação55. Washington KN, Thomas-Stonell N, Mcleod S, Warr-Leeper G. Parents' perspectives on the professional-child relationship and children's functional communication following speech-language intervention. J Speech-Lang Pat Aud. 2012;36(3):220-33.).

Com base na teoria psicanalítica, tem se destacado que um espaço de escuta e de construção de vínculos com a família é essencial. Os terapeutas rotineiramente devem se deparar com a necessidade de um trabalho integral (incluindo também a afetividade e a relação com a família) com as crianças com diagnóstico de desvio fonológico, ou seja, para além das habilidades linguísticas66. Pereira AS, Keske-Soares M. Patologia de linguagem e escuta fonoaudiológica permeada pela psicanálise. Psico. 2010;41(4):517-24..

Em síntese, o presente artigo foi idealizado a partir da rotina fonoaudiológica na saúde pública e no atendimento a crianças com diagnóstico de desvio fonológico. Como descrito, diversos modelos de terapia fonológica previstos para o atendimento desses casos, preveem como um de seus procedimentos a inclusão de atividades terapêuticas no âmbito familiar, sendo que em muitas realidades a participação dos pais na fonoterapia acaba por ser limitada, destinando-se poucos momentos de discussões e exposições de ideias.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a percepção de pais ou responsáveis de crianças com desvio fonológico em relação ao próprio desvio e terapia fonoaudiológica aplicada.

Métodos

O presente estudo é uma pesquisa transversal, qualitativa, realizadaem um Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF), vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a uma Instituição de Ensino Superior. O trabalho recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria - RS, sob o registro 0343.0.243.000-09. Todos os sujeitos apresentam Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado, autorizando a utilização dos dados para realização de pesquisas.

A amostrafoi composta pelos pais ou responsáveis de crianças com diagnóstico de desvio fonológico, atendidas no ambulatório de Fonoaudiologia mencionado anteriormente.

Os critérios de inclusão adotados foram: ser pai/mãe ou responsável por criança atendida no SAF, com diagnóstico de desvio fonológico, independente da quantidade de processos fonológicos presentes, do grau do desvio e do tempo de terapia fonoaudiológica. Na Figura 1 foi caracterizado o grau do desvio fonológico77. Shriberg LD, Austin D, Lewis BA, McSweeny JL, Wilson DL. The percentage of consonants correct (PCC) metric: extensions and reliability data. J Speech Lang Hear Res. 1997;40(4):708-22.),(88. Shriberg LD, Kwiatkowski J. Phonological disorders I: a diagnostic classification system. J Speech Hear Disord. 1982;47(3):226-41. e o número de sessões fonoaudiológicas para cada criança, no momento da entrevista com seus pais ou responsáveis.

Figura 1:
Caracterização das crianças com desvio fonológico cujos pais compuseram a amostra do presente estudo

Foram excluídos da amostra os pais/responsáveis cujos filhos ainda estivessem na etapapré-terapia, ou seja, que estivessem em avaliações fonoaudiológicas e conclusão da hipótese diagnóstica, bem como, os pais/responsáveis que tivessem pouco contato com a criança ou com respostas inconsistentes. Com isso, a amostra do estudo contou com23participantes (Figura 2).

Figura 2:
Distribuição dos pais/responsáveis conforme o grau de parentesco ou tipo de vínculo com a criança diagnosticada com desvio fonológico

Para o levantamento dos dados foi utilizado o método de entrevista dirigida, com 14 questões pré-estabelecidas (Anexo 1). Os pais/responsáveis foram entrevistados individualmente, enquanto seu filho recebia atendimento fonoaudiológico. A entrevista foi gravada e posteriormente transcrita. Salienta-se que foram seguidos todos os critérios da ética em pesquisa e, portanto, todos os dados ou entrevistas coletadas foram confidenciais.

A coleta de dados foi realizada por fonoaudiólogo não envolvido com o processo terapêutico da criança, que buscou usar linguagem acessível e neutra.

Para a apreciação dos dados foi realizada análise descritiva da distribuição de frequência de todas as variáveis categóricas. Foram consideradas como variáveis categóricas as respostas relacionadas às questões números 1, 2, 6 e 11, a saber, respectivamente: "Há quanto tempo o seu (a) filho (a) participa de terapia fonoaudiológica?"; "Sempre foi atendido no mesmo serviço de atendimento fonoaudiológico?"; "Outra pessoa na família também apresentou essa dificuldade de fala?" e; "Você consegue atender a todas as orientações? Justifique".

Para as demais perguntas, consideradas como questões abertas, optou-se por utilizar a análise de conteúdo do discurso99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2007.. A análise divide-se em: 1) pré-análise (leitura flutuante, constituição do corpus e reformulação de hipóteses); 2) exploração do material (conteúdo organizado em temáticas/categorias e seleção de trechos significativos) e;3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2007..

Portanto, durante a segunda etapa da análise as entrevistas foram analisadas por pergunta, estabelecendo-se categorias (descritas nos resultados). A exceção se deve às questões '5 e 8' e '13 e 14', as quais apresentaram núcleos de sentido em comum. Por fim, verificou-se a frequência de ocorrência de termos e expressões nos discursos.

A Análise de Conteúdo99. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2007.) mesmo que em número pequeno, já foi aplicada em alguns estudos fonoaudiológicos que investigaram a autopercepção de saúde e de qualidade de vida de usuários de um Ambulatório de Fonoaudiologia1010. Azevedo GPGC, Friche AAL, Lemos SMA. Autopercepção de saúde e qualidade de vida de usuários de um Ambulatório de Fonoaudiologia. Rev SocBrasFonoaud. 2012;17(2):119-27., a autopercepção vocal em diversas faixas etárias, de crianças a idosos1111. Pereira PFA, Penteado RZ. Desenhos e depoimentos: recursos para investigação da percepção e do conhecimento vocal. Rev CEFAC. 2007;9(3):75-82.),(1212. Oliveira RC, Teixeira LC, Gama ACC, Medeiros AM. Análise perceptivo-auditiva, acústica e autopercepção vocal em crianças. J Soc BrasFonoaud. 2001;23(2):158-63., a perspectiva de gestores sobre a oferta da atenção fonoaudiológica no SUS1313. Bazzo LMF, Noronha CV. Perspectiva dos gestores sobre a oferta da atenção fonoaudiológica no SUS em Salvador, Bahia. Rev Baiana Saúd Púb. 2012;36(1):105-20.) e o consenso de fonoaudiólogas atuantes em Fonoaudiologia hospitalar1414. Celin SH, Gobb FHA, Lemos SMA. Fonoaudiologia e humanização: percepção de fonoaudiólogas de um hospital público. Rev CEFAC. 2012;14(3):516-27.e educacional1515. Fonteles IBA, Friedman S, Haguiara-Cervellini N. Fonoaudiologia: inserção em instituições educacionais de Salvador. Disturb Comun. 2009;21(1):55-65..

Este tipo de análise é considerado um método qualitativo de tratamento de dados que tem como objetivo compreender o que foi coletado, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa, bem como, ampliar a compreensão de diferentes contextos para além do que se pode verificar nas aparências do fenômeno. Portanto, visa descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação (escrita ou falada), cuja presença ou frequência signifiquem algo para o objetivo analítico visado, utilizando-a de forma interpretativa ao invés de realizar inferências estatísticas1616. Souza Junior MBM, Melo MST, Santiago ME. A análise de conteúdo como forma de tratamento dos dados numa pesquisa qualitativa em educação física escolar. Movimento. 2010;16(3):31-49..

Resultados

Quanto ao tempo e ao local de atendimento fonoaudiológico, 52% dos pais/responsáveis não sabiam responder precisamente a primeira pergunta. Já quanto ao local, 21 (91%) dos 23 entrevistados referiram que as crianças com desvio fonológico sempre foram atendidas no mesmo SAF. Em relação às outras duas crianças, uma havia recebido fonoterapia em diferente ambulatório do SUS e a outra em um serviço particular.

A maioria dos entrevistados (61%) mencionou existirem na família outras pessoas que também apresentaram "trocas" na fala. Enquanto 35% referiram não existir outro familiar com prejuízos no desenvolvimento da fala e 4% não souberam informar.

Em todos os depoimentos, os pais/responsáveis mostraram-se favoráveis ao encaminhamento fonoaudiológico, inclusive, em quatro deles mencionaram ter sido iniciativa da própria família a procura pela terapia (Figura 3).

Figura 3:
Trechos das entrevistas relacionados à questão 3 - reação ao ser indicada a terapia fonoaudiológica

Ao julgar o nível, ou seja, o grau de dificuldade da fala de seus filhos no momento da entrevista, 4% afirmaram não observar mais "trocas" na fala, 13% disseram ser leve, 13% intermediário, 9% grave e 61% não classificaram em níveis. As categorias acima descritas são apresentadas na Figura 4.

Figura 4:
Trechos das entrevistas relacionados à questão 4 - Que nível você acha que se encontra a dificuldade de seu (a) filho (a)? Por quê?

Quando questionados sobre a evolução da criança em relação às alterações fonoaudiológicas, a maioria (96%) dos entrevistados referiu perceber avanços, porém para alguns a melhora foi mais significativa do que para outros, como pode ser observado em alguns trechos das entrevistas. Em relação aos discursos que mencionaram a existência de progressos no desenvolvimento das crianças, puderam-se criar três subcategorias: 1) evoluções quanto à fala; 2)quanto à autoestima e interação social e; 3) não detalharam os tipos de evoluções.

Figura 5:
Trechos das entrevistas relacionados à questão 7 - Como você vê as evoluções do seu (a) filho (a)?

Em relação às questões 5 ("Qual a maior dificuldade que seu (a) filho (a) enfrenta/enfrentou devido as "trocas" de sons na fala?") e 8 ("Qual a sua maior preocupação em relação ao desenvolvimento da fala?"), pode-se observar alguns núcleos de sentido em comum, como: 1) Escola/Escrita; 2) Bullying; 3) Fala/Comunicação; 4) Relacionamento e 5) nenhuma dificuldade apresentada em função da alteração de fala ou nenhuma preocupação por parte da família (Figura 6). Salienta-se que alguns dos entrevistados listaram mais de um item em cada pergunta.

Figura 6:
Trechos das entrevistas relacionados às questões 5 e 8 - dificuldades enfrentadas e preocupação decorrentes do Desvio Fonológico

A partir de sua experiência, os entrevistados listaram algumas possíveis orientações a outros pais/responsáveis de crianças que também apresentam alteração na fala (Figura 7). Destaca-se também, que em algumas dessas respostas foram mencionadas uma ou mais informações.

Figura 7:
Trechos das entrevistas relacionados à questão 12 - orientações a outros pais/responsáveis de crianças com Desvio Fonológico

Quanto à contribuição da família frente ao desvio fonológico, assim como, em relação às orientações fonoaudiológicas, apenas uma tia (4% da amostra) referiu que os pais da criança não auxiliavam no ambiente familiar, sendo essa tarefa muitas vezes cumprida por ela e pela avó da criança.

O tipo de apoio fornecido pelos familiares se mostrou estar geralmente relacionado às orientações e atividades fornecidas pelo fonoaudiólogo, também foi citada a correção da fala da criança, algumas de maneira positiva (no sentido de fornecer o modelo correto de fala) e outras de maneira negativa (falar e repetir inúmeras vezes). Em duas entrevistas foi ainda mencionada a importância da leitura para as crianças, já em outras duas, foi citado o cuidado com a infantilização de seus filhos. Foram destacados alguns trechos referentes a esta questão e respectivas subcategorias na Figura 8.

Figura 8:
Trechos das entrevistas relacionados à questão 9 - Como você costuma ajudar o seu (a) filho (a) a superar as suas dificuldades fonoaudiológicas?

Por fim, em referência às dúvidas relacionadas ao atendimento fonoaudiológico e às sugestões e/ou reclamações, cinco (22%) pais/responsáveis referiram terem dúvida quanto ao tempo de terapia. Todavia, quanto à segunda questão, todos os entrevistados referiram estarem satisfeitos com o atendimento. Porém, dois responsáveis (9%) acrescentaram em suas falas que mais vagas deveriam ser oferecidas no serviço (Figura 9).

Figura 9:
Trechos das entrevistas relacionados à questões 13 e 14 - relacionadas às dúvidas e satisfação frente ao atendimento fonoaudiológico

Discussão

Pôde-se observar neste estudo que a grande maioria dos responsáveis por acompanhar as crianças no atendimento fonoaudiológico foram as mães, em menor porcentagem, as avós. Notou-se que por mais que tenham ocorrido mudanças na dinâmica familiar em função das conquistas obtidas pelas mulheres, continua atribuído a elas o papel de cuidar dos filhos. Com relação à participação da família nas tarefas e no ambiente escolar, também foi observada maior participaçãofeminina1717. Santos PL, Graminha SSV. Estudo comparativo das características do ambiente familiar de crianças com alto e baixo rendimento acadêmico. Paidéia. 2005;15(31):217-26..

Quanto à recorrência do desvio fonológico entre os membros de uma mesma família, a grande maioria dos pais/responsáveis aqui entrevistada confirmou a existência de outros casos. Uma associação entre o histórico familiar de transtorno de fala/linguagem à dificuldade no nível fonológico tem sido evidenciada1818. Papp ACCS, Wertzner HF. O aspecto familial e o transtorno fonológico. Pró-Fono R Atual Cient. 2006;18(2):151-60.)-(2020. Silva GMD, Couto MIV, Molini-Avejonas DR. Identificação dos fatores de risco em crianças com alteração fonoaudiológica: estudo piloto. CoDAS. 2013;25(5):456-62.. Além dos antecedentes familiares, o fato de ser filho único também foi mencionado como um fator de risco para o desenvolvimento de alteração de linguagem2020. Silva GMD, Couto MIV, Molini-Avejonas DR. Identificação dos fatores de risco em crianças com alteração fonoaudiológica: estudo piloto. CoDAS. 2013;25(5):456-62.. Portanto, a pesquisa do histórico e da estruturação familiar da criança pode ofertar ao fonoaudiólogo a facilitação do planejamento e a realização de estratégias de intervenção precoces, podendo prevenir possíveis agravos do quadro clínico1818. Papp ACCS, Wertzner HF. O aspecto familial e o transtorno fonológico. Pró-Fono R Atual Cient. 2006;18(2):151-60..

Os pais/responsáveis mostraram-se favoráveis ao atendimento fonoaudiológico, partindo, muitas vezes, deles a iniciativa de procurar terapia. A origem do encaminhamento ao serviço de fonoaudiologia se dá predominantemente por profissionais da área da saúde (principalmente médicos) e daeducação2121. Diniz RD, Bordin R. Demanda em fonoaudiologia em um serviço público municipal da região sul do Brasil. Rev Soc Bras Fonoaud. 2011;16(2):126-31.),(2222. Girardeli GS, Guarinello AC, Berberian AP, Massi G, Marques JM. Atendimento em fonoaudiologia: estudo de uma clínica-escola na cidade de Curitiba, Paraná. Rev Bras Ciênc Saúde. 2012;10(34):24-31.. Entretanto, não foram encontradas na literatura citações que analisaram a iniciativa dos próprios responsáveis buscarem o atendimento fonoaudiológico. Este achado denota o crescimento da área e, com isso, ampliam as expectativas em relação à procura por avaliação e terapia fonoaudiológica cada vez mais precoces, contribuindo para um melhor prognóstico e superação da dificuldade de fala, assim como, dos demais prejuízos muitas vezes a ela relacionados.

Foram listadas pelos responsáveis algumas hipóteses em relação a uma provável etiologia da alteração de fala, dentre elas: 1) manifestação "normal", rejeitando o desvio; 2) problema comportamental; 3) causa emocional ou genética; 4) causa física - parto ou gestação; 5) não citaram possíveis causas do desvio; 6) rejeição a uma causa emocional; 7) causa genética e; 8) causas emocionais2323. Pereira AS, Keske-Soares M. Significação parental acerca do desvio fonológico. Psicol Estud. 2009;14(4):787-95..

Em referência à percepção dos entrevistados frente à dificuldade de fala das crianças, mesmo sendo difícil classificar em níveis ou graus de dificuldade do desvio, todos comentaram acerca da manifestação das 'trocas de sons' na fala.

Com exceção de apenas um pai/responsável, os demais referiram perceber evoluções na fala de seus filhos com a terapia fonoaudiológica. Independentemente do método terapêutico empregado, observações de pais a respeito de melhoras na fala de seus filhos já foram relatadas2424. Lousada M, Jesus LM, Capelas S, Margaça C, Simões D, Valente A et al. Phonological and articulation treatment approaches in Portuguese children with speech and language impairments: a randomized controlled intervention study. Int J Lang Commun Disord. 2013;48(2):172-87..

Grupos de fonoaudiólogos e de mães de crianças com desvio fonológico demonstraram julgar de maneira semelhante a gravidade da alteração de fala das crianças. O fato das mães perceberem de forma semelhante ao fonoaudiólogo a dificuldade de fala deve-se ao convívio diário com o filho, uma vez que um terceiro grupo, composto por pessoas leigas, demonstrou maior dificuldade no julgamento2525. Donicht G, Pagliarin KC, Keske-Soares M, Mota HB. Julgamento perceptivo da gravidade do desvio fonológico por três grupos distintos. Rev CEFAC. 2010;12(1):21-6..

O discurso de pais sobre os efeitos e a efetividade de um processo terapêutico para problemas de fluência de fala evidenciou que os pais sentiram-se parte integrante do processo terapêutico. Os relatos mostraram ainda maior conhecimento e entendimento dos pais frente à dificuldade de fala do filho, os quais também referiram notar as evoluções na fala das crianças2626. Pires TI, Friedman S. O efeito do processo terapêutico para problemas de fluência de fala no discurso de pais. Disturb Comun. 2012;24(2):173-83..

Sobre as consequências negativas do desvio fonológico e as aflições das pessoas que acompanham essas crianças, puderam-se destacar núcleos de sentido em comum, os quais se incluem: 1) escola/escrita; 2) bullying; 3) fala/comunicação; 4) relacionamento e 5) nenhuma opção mencionada.

Quanto às duas maiores dificuldades citadas nas entrevistas, no caso das dificuldades lecto-escritas, sabe-se que é comum uma associação entre histórico de desvio fonológico e dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita2727. Mota HB, Melo Filha MGC. Habilidades em consciência fonológica de sujeitos após realização de terapia fonológica. Pró-Fono R Atual Cient. 2009;21(2):119-24.),(2828. Stoeckel RE, Colligan RC, Barbaresi WJ, Weaver AL, Killian JM, Katusic SK. Early speech-language impairment and risk for written language disorder: a population-based study. J Dev Behav Pediatr. 2013;34(1):38-44., mesmo que essa associação não seja obrigatória.

A outra preocupação se referia ao bullying, o qual eventualmente pode ser relacionado aos casos de déficits linguísticos. Crianças com perturbações na linguagem oral são crianças que têm, usualmente, baixo rendimento escolar e desenvolvem sentimentos de frustração e baixa autoestima, tendendo a isolar-se e a sofrer de bullying2929. Coutinho AP. As perturbações da aquisição e do desenvolvimento da linguagem: um estudo preliminar da prevalência, dos fatores associados e das necessidades de encaminhamento para terapia da fala em crianças de idade pré escolar do concelho de Oeiras [dissertação]. Lisboa:Universidade Nova de Lisboa- Escola Nacional de Saúde Pública; 2012.. Aquelas vítimas de tal preconceito tendem a ser em tímidas e com dificuldades de relacionamento com seus pares3030. De Moura DR, Cruz AC, Quevedo LA. Prevalence and characteristics of school age bullying victims. J Pediatr. 2011;87(1):19-23.. A estigmatização em função do seu modo de falar, também foi aludida por pais de crianças com disfluência2626. Pires TI, Friedman S. O efeito do processo terapêutico para problemas de fluência de fala no discurso de pais. Disturb Comun. 2012;24(2):173-83..

Em relação aos conselhos e orientações a outros pais cujos filhos também apresentam desvio fonológico, os pais/responsáveis sugeriram com maior frequência a procura por um fonoaudiólogo. O que parece novamente indicar o conhecimento sobre a atuação desse profissional, além do reconhecimento da importância desse atendimento. Outras sugestões referiram-se à contribuição no ambiente familiar, a ter paciência com a criança e sua alteração de fala, a corrigi-la, a ter cuidado com a infantilização, a seguir as orientações fonoaudiológicas e a procurar a escola, no sentido de propiciar o contato com outras crianças.

A maior parte dos pais/responsáveis mencionou atender às orientações fonoaudiológicas. Como reportado brevemente na introdução deste estudo, muitas das contribuições apontadas pelos entrevistados, por eles realizadas, referiram-se às atividades previstas por modelos de terapia fonológica, como o Modelo de Ciclos Modificado22. Tyler A, Edwards ML, Saxman J. Clinical application of two phonologically based treatment procedures. J Speech Hear Dis. 1987;52:393-409., que são - a leitura da lista de palavras do bombardeio auditivo e a prática por meio das figuras representativas das palavras-estímulo selecionadas pelo terapeuta.

De certo modo, tal observação serve como alerta às orientações fonoaudiológicas, as quais deveriam ser para além de um modelo previamente delimitado. Portanto, as orientações necessitariam também abranger conversas mais frequentes, com a intenção de ofertar maiores possibilidades de discussões com os cuidadores, a fim de esclarecer dúvidas e prevenir possíveis comportamentos negativos à evolução do sistema fonológico.

Melhor ainda se as orientações fornecidas puderem ser individualizadas, direcionadas a capacitar os pais a lidar com as dificuldades específicas de seus filhos, sejam de linguagem, cognição ou adaptação social3131. Sun IYI, Fernandes FDM. Dificuldades de comunicação percebidas pelos pais de crianças com distúrbio do desenvolvimento. CoDAS 2014;26(4):270-5..

Dois pais afirmaram contribuir também por meio da leitura para os filhos e outros dois não incentivando a infantilização em seus comportamentos. Os benefícios proporcionados pela leitura em família já foram verificados no desenvolvimento de leitura e escrita3232. Davidse NJ, Jong MT, Bus AG, Huijbregts SCJ, Swaab H. Cognitive and environmental predictors of early literacy skills. Read Writ. 2011;24(4):395-412.. Em referência à adoção de comportamentos infantilizados, não se pode afirmar que a infantilização, caso ocorra, se dê previamente ou posteriormente à instauração do desvio fonológico, uma vez que a observação de infantilização ocorreu em alguns casos de desvios fonológicos e devem ser tratadas de modo particularizado2323. Pereira AS, Keske-Soares M. Significação parental acerca do desvio fonológico. Psicol Estud. 2009;14(4):787-95..

Apenas 22% dos pais/responsáveis disseram ter dúvida quanto ao tempo para superação da dificuldade de fala. Pesquisas quanto ao número de sessões de terapia para a superação do desvio fonológico são escassas na literatura, para crianças falantes do Português Brasileiro existem dados que remetem ao valor médio de 15 sessões para desvios leves a 34 sessões para os graves3333. Backes FT, Pegoraro SP, Costa VP, Wiethan FM, Melo RM, Mota HB. A influência da gravidade do desvio fonológico na determinação da alta fonoaudiológica. Distúrb Comun. 2013;25(1):65-72.. Comparação quanto ao número de sessões terapêuticas e o tipo de abordagem terapêutica também foi realizada3434. Melo RM, Wiethan FM, Mota HB. Tempo médio para a alta fonoaudiológica a partir de três modelos com base fonológica. Rev CEFAC. 2012;14(2):243-8.. O tempo para a alta fonoaudiológica dos desvios fonológicos precisa ainda ser mais exaustivamente investigado, no intuito de auxiliar os fonoaudiólogos no prognóstico terapêutico, bem como, no esclarecimento aos pais.

Todos os entrevistados mostraram-se satisfeitos com o atendimento fonoaudiológico, porém alguns deles apontaram a necessidade de um maior número de vagas para a terapia. A mesma satisfação foi descrita por usuários de um SAF, vinculado a programas de concessão de próteses auditivas ofertados pelo SUS3535. Lessa AH, Costa MJ, Becker KT, Vaucher AVA. Satisfação de usuários de próteses auditivas, com perda auditiva de graus severo e profundo. Arquivos Int Otorrinolaringol. 2010;14(3):338-45..

A necessidade de mais oferta no serviço de fonoaudiologia também foi sugerida em outro estudo1313. Bazzo LMF, Noronha CV. Perspectiva dos gestores sobre a oferta da atenção fonoaudiológica no SUS em Salvador, Bahia. Rev Baiana Saúd Púb. 2012;36(1):105-20.. Mesmo fora do país, em países como o Canadá, pais de crianças que fazem uso de uma tecnologia de comunicação aumentativa e alternativa, também referem a ocorrência de grandes filas de espera nos serviços3636. Anderson K, Balandin S, Stancliffe R. Australian parents' experiences of speech generating device (SGD) service delivery. Dev Neurorehabil. 2014;17(2):75-83..

Acerca deste problema de saúde pública, orientações e treinamento de pais/responsáveis podem auxiliar na superação dos erros de fala mesmo antes da intervenção fonoaudiológica44. Lancaster G, Keusch S, Levin A, Pring T, Martin S. Treating children with phonological problems: does an eclectic approach to therapy work? Int J LangCom Dis. 2010;45(2):174-81., contribuindo deste modo para a diminuição da lista de espera desses serviços, bem como, para a prevenção de prováveis fatores relacionados ao desvio fonológico, como as dificuldades com a leitura e escrita.

Como sugestão para estudos futuros julga-se importante também incluir a análise das percepções dos próprios fonoaudiólogos em relação ao atendimento dos casos de desvio fonológico, assim como, quanto à relação deles com os pais/responsáveis de crianças que apresentam tal desordem de fala.

Conclusão

Os pais/responsáveis de crianças com diagnóstico de desvio fonológico expuseram suas concepções e percepções acerca de sua experiência relacionada à dificuldade de fala de seu filho e à terapia fonoaudiológica. Destacam-se as principais ideias extraídas de seus relatos:

  • Mostraram-se favoráveis ao atendimento fonoaudiológico, sendo em muitos casos de iniciativa própria a procura pela fonoterapia;

  • Referiram perceber a dificuldade linguística de seus filhos, bem como, as evoluções na sua fala;

  • Enumeraram também os problemas escolares e o bullying como dificuldades e preocupações relacionadas ao desvio fonológico;

  • Como orientações a outros pais, sugeriram a procura pelo atendimento fonoaudiológico;

  • Mencionaram colaborar com a terapia fonoaudiológica;

  • Aludiram ter dúvida quanto ao tempo necessário para a alta fonoaudiológica.

Deste modo, mesmo que seja frequentemente exaltada a significância do comprometimento da família com a terapia fonoaudiológica, ratifica-se a aproximação dos cuidadores no processo terapêutico. Uma vez conhecendo as atitudes favorecedoras para o desenvolvimento de fala, assim como, os objetivos e os procedimentos da terapia, acredita-se na maior adesão e contribuição dos pais para a superação da dificuldade fonológica.

Agradecimentos

Aos pais/responsáveis pela disponibilidade de participação na pesquisa. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão das bolsas (uma de doutorado e a outra de mestrado) das duas primeiras autoras do presente trabalho, durante a coleta dos dados do presente trabalho.

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Anexo 1 -Roteiro da entrevista dirigida

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    19 Dez 2014
  • Aceito
    20 Jul 2015
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