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Sotaque e telejornalismo: representações de comunicadores de mídia nordestinos

RESUMO:

Objetivo:

descrever o conteúdo das representações sociais do comunicador de mídia nordestino acerca do seu sotaque.

Métodos:

a coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira, foi empregada a técnica de associação livre, na qual 50 universitários apresentaram o que pensavam diante da palavra "sotaque". Na segunda, por meio do Procedimento de Classificações Múltiplas (PCM), 25 comunicadores atuantes na Região Metropolitana do Recife classificaram as 15 palavras mais associadas pelos estudantes de duas maneiras, classificação livre e dirigida. Na classificação livre, os comunicadores agruparam as palavras segundo critérios por eles estabelecidos, enquanto que na classificação dirigida, as palavras foram classificadas de acordo com o grau de associação com o termo MEU SOTAQUE. A análise foi realizada utilizando-se métodos estatísticos multidimensionais, que permitiram construir a estruturação do campo das Representações Sociais.

Resultados:

três regiões delimitadas expressam a representação dos sujeitos sobre sotaque: Conceito, Identidade e Espaço. Na primeira, há seis categorias (engraçado, diferente, arrastado, matuto, preconceito, oxente), na segunda, as palavras são identidade, característica, língua, fala e cultura, próximas ao termo meu sotaque e, na terceira, região, regionalismo, nordeste e localidade. Identidade foi o termo mais relacionado ao termo MEU SOTAQUE, enquanto que os itens menos relacionados são os presentes na região conceito, exceto pelo termo oxente.

Conclusão:

o sotaque nordestino é tido como uma marca da identidade e cultura da região Nordeste. Os comunicadores suavizam características do falar nordestino durante o exercício profissional para se adequar ao padrão preconizado pelo mercado de trabalho sem perder a sua identidade.

DESCRITORES:
Meios de Comunicação de Massa; Jornalismo; Psicologia Social

ABSTRACT:

Purpose:

to describe the content of social representations of the northeastern media communicator regarding to its accent.

Methods:

data collection was carried out in two steps. At first, the free association was performed, in which 50 university students showed what they thought at the word "accent". In the second, through the Multiple Classifications Procedure (PCM), 25 communicators, who work in the Metropolitan Region of Recife, classified the 15 words most associated by students in two ways, free and guided. In free classification, communicators grouped the words according to criteria set by them, while in directed classification, the words were classified according to the degree of association with the term MY ACCENT. The analysis was carried out by multidimensional statistic methods, which allowed the construction of the Social Representations field's structure.

Results:

three defined regions revealed the representation about accent: Concept, Identity and Space. In the first, there are six categories (funny, different, dragged, matuto, prejudice, oxente), in the second, the words are identity, characteristic, language, speech and culture, which are next to the term my accent, and, in the third, region, regionalism, northeast and locality. Identity was the term most related to the term MY ACCENT, whereas the items less related were the ones at the concept region, except for the term oxente.

Conclusion:

the northeastern accent is regarded as a mark of the identity and culture from Northeast region. Communicators soften characteristics from northeastern speech during the Professional practice to be adapted to the standard recommended by the labor market without losing their identity.

KEYWORDS:
Mass Media; Journalism; Psychology, Social

Introdução

O termo sotaque refere-se a um conjunto de hábitos articulatórios que conferem uma coloração particular, social, dialetal ou estrangeira à fala de cada indivíduo11. Dubois J, Giacomo M, Guespin L, Marcellesi C, Marcellesi JB, Mevel JP. Dicionário de Linguística. 12 ed. São Paulo: Cultrix; 2011.. Está relacionado apenas com a pronúncia, sendo distinto de dialeto, que faz referência à gramática e vocabulário22. Crystal D. A Dictionary of Linguistics and Phonetics. Blackwell Publishing, 2011..Os diferentes sotaques funcionam como práticas sociais cuja forma e função são importantes, representando qualidades associadas a determinadas comunidades de falantes33. Floccia C, Delle Luche C, Durrant S, Butler J, Goslin J. Parent or community: Where do 20-month-olds exposed to two accents acquire their representation of words? Cognition. 2012;124(1):95-100..

Todas as línguas apresentam variações, e dentre as características variantes está o sotaque, sendo impossível falar uma variação de uma língua sem algum tipo de sotaque. A variedade considerada padrão em uma língua, não é determinada por fatores linguísticos, porém por questões, predominantemente, políticas, econômicas e sociais. No Brasil, o alto grau de diversidade de dialetos e sotaques deve-se à grande extensão territorial e diversidade social, de modo que os diversos tipos de sotaque variam conforme regiões e características socioculturais distintas44. Pelinson F, Mengarda EJ. Comunicação Publicitária e Usos Dialetais: Apelo Mercadológico e Desconstrução do Preconceito Linguístico. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul; 26-28 mai 2011. Londrina, Paraná, Brasil. São Paulo: Intercom; 2011..

Algumas peculiaridades regionais causam, muitas vezes, estranhamento entre ouvintes de outras regiões do país. O preconceito linguístico é uma das facetas do preconceito regional, uma vez que o sotaque é um dos principais identificadores culturais de territorialidade55. Bezerra CL, Rabay G. Presença do Sotaque Nordestino no Telejornalismo Brasileiro. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 14-16 jun 2012; Recife-PE. São Paulo: Intercom; 2012.. As variantes de sotaque mais desprestigiadas ou socialmente inferiores no Brasil são as faladas no Nordeste do país44. Pelinson F, Mengarda EJ. Comunicação Publicitária e Usos Dialetais: Apelo Mercadológico e Desconstrução do Preconceito Linguístico. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul; 26-28 mai 2011. Londrina, Paraná, Brasil. São Paulo: Intercom; 2011.. A região Nordeste tem sofrido diversas formas de preconceito, dentre estes, o linguístico, manifestado em relação a aspectos do falar desta região66. Albuquerque NS. Apoderamento imagético do Nordeste do Brasil: Estereótipo e Discurso nas Artes. Revista ComSertões. 2014;1(2):1-19..

Os meios de comunicação admitem diversas variações linguísticas. A ainda assim, alguns veículos da mídia, sobretudo no que se refere ao jornalismo, mantêm a defesa de uma padronização, baseada em uma convenção quanto à sonoridade44. Pelinson F, Mengarda EJ. Comunicação Publicitária e Usos Dialetais: Apelo Mercadológico e Desconstrução do Preconceito Linguístico. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul; 26-28 mai 2011. Londrina, Paraná, Brasil. São Paulo: Intercom; 2011..

Ao longo dos anos, tem sido observada a prática de suavização de sotaques no telejornalismo55. Bezerra CL, Rabay G. Presença do Sotaque Nordestino no Telejornalismo Brasileiro. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 14-16 jun 2012; Recife-PE. São Paulo: Intercom; 2012.. Acredita-se que as formas diferentes de pronúncia podem caracterizar ruído na comunicação e transmissão das notícias, além de colocar a notícia em segundo plano. A uniformização do padrão de pronúncia tornou-se comum, e, inclusive, representativa da fala dos jornalistas. Dessa forma, a fala com suavização de marcas regionais tornou-se parte importante no estilo de comunicação desses profissionais, sendo, inclusive, adotada em telejornais locais. Assim, atualmente, o sotaque padronizado presente na narração jornalística constitui-se como característica marcante desse grupo77. Lopes LW, Lima ILO, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Sotaque e telejornalismo: evidências para a prática fonoaudiológica. CoDAS. 2013;25(5):475-81.),(88. Lopes LW, Lima ILB, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Preferências dos ouvintes em relação ao sotaque regional em contexto formal e informal de comunicação. Rev CEFAC. 2014;16(3):949-56..

Os comunicadores constituem um grupo social específico, no qual se inserem os jornalistas, que se identifica com base em valores coletivos, o que implica em um autoconceito e bem-estar subjetivos ligados às normas e regras do grupo99. Noriega JAV, Carvajal CKR, Grubits S. La Psicología Social y el concepto de cultura. Psicologia & Sociedade. 2009;21(1):100-7.. O estudo das Representações Sociais de comunicadores de mídia nordestinos acerca do seu sotaque pode fornecer informações sobre como estes profissionais pensam e interpretam o seu sotaque na sua prática profissional. Entende-se que as Representações Sociais são fenômenos específicos relacionados ao modo de compreender e se comunicar com o mundo e com os outros, criando realidade e senso comum. É um conhecimento prático, que dá sentido a eventos que são normais, permitindo a construção social da realidade1010. Morigi VJ. Teoria Social e Comunicação: representações sociais, produção de sentidos e construção dos imaginários midiáticos. Compós [periódico na Internet]. 2004 Out [acesso em 2013 set 19]; 1(1): [aprox 14 p.] Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/view/9/10.
http://www.compos.org.br/seer/index.php/...
. Assim, o estudo das Representações Sociais pode contribuir para a compreensão do pensamento social expresso na rede simbólica deste grupo específico, como um sistema de interpretação da realidade1111. Bonomo M, Souza L, Menandro MCS, Trindade, ZA. Das categorias aos grupos sociais: representações sociais dos grupos urbano e rural. Psicologia: Ciência e Profissão. 2011;31(4):676-89..

Para compreender a estrutura da Representação Social, foi utilizada, nesta pesquisa, a Teoria das Facetas (TF). Ao partir de uma visão multidimensional, esta teoria oferece suporte adequado para análise por considerar as inter-relações de fenômenos sociais, históricos, culturais, afetivos e psicológicos, oferecendo uma visão global do fenômeno com suas várias facetas componentes, o que responde satisfatoriamente à proposta desta pesquisa1212. Roazzi A, Souza BC, Bilsky W. Facet Theory: Searching for structure in Complex Social, Cultural and Psychological Phenomena. 1° ed. Recife: Editora Universitária - UFPE. 2013..

Considerando tais pressupostos, o objetivo do presente estudo foi descrever o conteúdo das Representações Sociais do comunicador de mídia nordestino acerca do seu sotaque.

Métodos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Pernambuco (CEP/CCS/UFPE), sob o parecer de número 610.732. A pesquisa tem caráter transversal, descritivo e exploratório, pautado em abordagem quanti-qualitativa, tendo como base a Teoria das Representações Sociais e a Teoria das Facetas1212. Roazzi A, Souza BC, Bilsky W. Facet Theory: Searching for structure in Complex Social, Cultural and Psychological Phenomena. 1° ed. Recife: Editora Universitária - UFPE. 2013..

Caracterização dos Participantes

Participaram desta pesquisa 75 pessoas, sendo 50 participantes na primeira etapa da coleta ou "etapa de associação livre" e 25 pessoas na segunda etapa ou etapa do "Procedimento de Classificações Múltiplas" (PCM)1313. Roazzi A. Categorização, formação de conceitos e processos de construção de mundo: procedimento de classificações múltiplas para o estudo de sistemas conceituais e sua forma de análise através de métodos multidimensionais. Cadernos de Psicologia. 1995;1(1):1-27.. A primeira foi realizada com estudantes universitários, enquanto que, na segunda, participaram os comunicadores nordestinos. A coleta da pesquisa, nas duas etapas, ocorreu na Região Metropolitana do Recife, e todas as entrevistas ocorreram presencialmente.

A associação livre foi realizada com universitários para que os comunicadores participassem apenas das classificações. As evocações na associação livre refletem as representações de um grupo maior de pessoas (nordestinos, de nível superior), de modo que podem ser classificadas por outro subgrupo deste mesmo grupo, a saber, os comunicadores (também nordestinos, de nível superior).

Não foram realizadas restrições de caráter etário (apenas obedecendo-se o critério de maioridade), ou de sexo. Os universitários deveriam estar devidamente matriculados em um curso de graduação da UFPE, a saber, provenientes do Centro de Artes e Comunicação (CAC), Centro de Ciências da Saúde (CCS) ou Centro de Tecnologia e Geociências (CTG). Para os comunicadores, obedeceu-se o critério de atuação em meios de comunicação do Nordeste, como âncoras/apresentadores ou repórteres de rua.

Foram excluídos os participantes que: 1) não tivessem nascido e (ou) crescido no Nordeste; e 2) não atuassem em televisão no Nordeste. Este critério foi utilizado por se tratar de uma pesquisa da Representação Social de comunicadores nordestinos, devido à recorrente prática de suavização de sotaque neste grupo.

A amostra de comunicadores foi caracterizada da seguinte forma:

Sexo: Do total de 25 participantes, 16 (64%) eram do sexo feminino e nove (36%) do sexo masculino. Idade: A média de idade apresentada foi de 30,76 anos, sendo a mínima idade apresentada de 21 anos e a máxima de 51 anos. Tempo de formação no ensino superior (graduação na área de comunicação social): A média de tempo de formação apresentada foi de 7,84 anos, sendo o tempo mínimo de 1 ano e o máximo de 30 anos. Tempo de exercício da profissão: A média de tempo de exercício foi de 10,08 anos, sendo o tempo mínimo de 1 ano e o máximo de 28 anos. Função: Em relação à função exercida, 10 (40%) atuavam como âncoras ou apresentadores, enquanto 15 (60%) atuavam como repórteres. Para fins de categorização, o grupo de âncoras/apresentadores será definido como "apresentadores", pois apesar de poder realizar outras funções, como de editor-chefe, o âncora também atua como apresentador1414. Ramos R, Porcello F. Âncora na TV: informação, interpretação e opinião. A discursividade em níveis verbal e não-verbal. Comunicação e Informação. 2006;9(1):62-9.. Emissora: Participaram da pesquisa comunicadores atuantes em 7 emissoras de televisão.

Procedimentos de coleta

Os participantes da primeira etapa foram abordados individualmente ou em pequenos grupos, no campus da UFPE. Os comunicadores foram contatados por e-mail e redes sociais. Havia um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) específico para cada grupo participante da pesquisa. Após a leitura do termo e assinatura do participante, a coleta era realizada. Todos os sujeitos responderam um breve questionário de caracterização da amostra.

A coleta não ofereceu dificuldade, ao contrário, os participantes se surpreenderam pela simplicidade das tarefas. Após receberem explicação de que não havia respostas corretas ou erradas, apenas interesse na opinião dos participantes, a coleta fluía sem dificuldades.

A primeira etapa consistiu na etapa de Associação Livre, na qual o estudante universitário escrevia as palavras que viessem à sua mente com a palavra estímulo SOTAQUE. Não havia um tempo máximo estipulado para a realização da tarefa nem um limite máximo de palavras. A partir deste levantamento, foram selecionados quinze itens que eram mais frequentemente associados à palavra-estímulo pelos estudantes. Estes itens foram utilizados para as classificações realizadas pelos comunicadores, na segunda etapa.

Na segunda etapa da pesquisa, ou etapa do Procedimento de Classificações Múltiplas (PCM), foram realizadas duas tarefas distintas. O material para a investigação consistia em 15 cartões de 10x5cm, cada um contendo a inscrição de um item daqueles selecionados por estarem frequentemente mais associados à palavra-estímulo SOTAQUE. Também era apresentado um cartão com o termo MEU SOTAQUE, totalizando 16 cartões.

A primeira tarefa consistiu na classificação livre de 16 itens, os quais eram categorizados por cada participante de maneira que todas as palavras de um grupo possuíssem algo em comum que as diferenciassem das outras palavras dos outros grupos.

Na segunda tarefa, deu-se a realização da classificação dirigida, a partir do agrupamento dirigido de 15 palavras (que foram coletadas na primeira etapa da pesquisa) em cinco grupos pré-estabelecidos de acordo com o grau de associação com o termo "meu sotaque": palavras muitíssimo associadas, palavras muito associadas, palavras mais ou menos associadas, palavras pouco associadas e palavras nada associadas. O objetivo desta classificação foi entender, com mais detalhes, a estrutura das relações entre as regiões. Para a execução desta etapa, o experimentador colocou em ordem decrescente cinco cartões diferenciados pelo tamanho, de modo que cada cartão representava um grau de associação com o termo supracitado. A pesquisadora anotava as classificações feitas pelos comunicadores, bem como as justificativas para a criação dos grupos na classificação livre, no momento da coleta.

Procedimento de análise de dados

Os dados coletados a partir dos registros feitos foram digitados e transportados para bancos de dados. A análise estatística foi realizada pela equipe de pesquisa utilizando o programa SPSS Statistics, 20.0, para obtenção das variáveis em estudo e análise de dados.

Para explorar o tipo de regionalização dos itens apresentados e sua relação com o sotaque, as classificações livres e dirigidas foram analisadas utilizando-se Análise dos Menores Espaços - SSA (Smallest Space Analysis), ou Análise da Estrutura de Similaridade. O SSA é, basicamente, um escalonamento multimensional não-métrico, no qual a proximidade é o princípio fundamental, ou seja, quanto mais semelhantes as observações em termos de definição, mais próximas estarão relacionadas empiricamente, criando assim, regiões de contiguidade ou descontiguidade. Assim, é possível obter um mapa das variáveis em termos de espaços geométricos de dimensionalidade mínima1313. Roazzi A. Categorização, formação de conceitos e processos de construção de mundo: procedimento de classificações múltiplas para o estudo de sistemas conceituais e sua forma de análise através de métodos multidimensionais. Cadernos de Psicologia. 1995;1(1):1-27.),(1515. Roazzi A, Federicci FCB, Wilson M. A estrutura primitiva da representação social do medo. Psicol. Reflex Crit. 2001;14(1):57-72..

Devido a não normalidade da distribuição das variáveis, optou-se por analisar os resultados por meio de análises não-paramétricas, sendo utilizado o teste de Kruskal-Wallis quando consideradas as funções exercidas pelos comunicadores.

Resultados

Associação livre

A partir da associação livre à palavra SOTAQUE foram obtidas 270 palavras, das quais 93 eram diferentes (em média cada estudante produziu 5,4 palavras). Ao serem colocadas por ordem de maior frequência de evocações, os quinze itens mais frequentemente associados à palavra-estímulo foram selecionados para serem classificados pelos comunicadores na segunda etapa da pesquisa (Tabela 1). Cinquenta e oito palavras apareceram apenas uma vez nas evocações, o que justifica o fato de que as frequências não foram altas, apesar da grande quantidade de palavras evocadas.

Tabela 1:
Itens e percentagens dos itens produzidos a partir da associação livre

Classificação livre

Na primeira atividade, foi solicitado a cada participante que categorizasse as palavras apresentadas em grupos. O número de grupos formados por cada comunicador variou bastante, de 2 a 6 grupos por participante, variando também os critérios utilizados para suas formações. Apresenta-se abaixo (Tabela 2) a Matriz de associação referente à classificação livre de palavras, onde se apresentam as 15 palavras, além do termo MEU SOTAQUE, elencadas na ocasião da primeira etapa desta pesquisa e o número de vezes que foram categorizadas em um mesmo grupo.

Pelo fato da pesquisa ter sido realizada com amostra de 25 comunicadores, o número máximo de vezes que uma categoria pode ser associada à outra em um mesmo grupo é 25, pois se trata de uma contagem simples sem tratamento estatístico especial.

Tabela 2:
Matriz de associação entre os itens na classificação livre (n = 25)

A maior associação encontrada foi entre as categorias nordeste e região (18) o que representa uma associação simples, visto que, o Nordeste corresponde a uma região. Houve, também, forte associação entre as categorias localidade e região, regionalismo e região (16), regionalismo e nordeste (15), que condizem com aspectos geográficos, logo a grande associação entre estas palavras. Além dessas, houve forte associação entre os termos engraçado e matuto (16), engraçado e arrastado (15), e matuto e arrastado (15), o que indica que os comunicadores relacionam o ser matuto, com a característica de sotaque arrastado, e que ambos podem ser considerados engraçados. Outra forte associação foi entre os termos característica e identidade (15), o que pode indicar que, na opinião dos comunicadores, a identidade é formada por características inerentes a cada indivíduo. É importante destacar a fraca associação entre o termo meu sotaque com os termos arrastado (1) e engraçado (3), mostrando que os comunicadores não associam o sotaque apresentado por eles dessa forma.

Os critérios utilizados nos agrupamentos de acordo com os comunicadores foram, em sua maioria, relacionados à questão de se separar as palavras de acordo com aspectos geográficos, características da fala, bem como palavras relacionadas com o comportamento em relação ao outro.

O tratamento estatístico SSA foi realizado com a matriz de dados apresentada e os resultados no que diz respeito ao distanciamento de grupos de categorias estão apresentados na Figura 1. A partir deste mapa, é possível visualizar três regiões distintas. Na primeira, considerando-se da esquerda para a direita, mais próximo da parte inferior, há seis categorias (engraçado, diferente, arrastado, matuto, preconceito, oxente), na segunda, localizada na região superior direita, as palavras identidade, característica, língua, fala e cultura estão próximas do termo "meu sotaque" e, na terceira, na região inferior direita, região, regionalismo, nordeste e localidade. É importante ressaltar que a palavra cultura também está próxima desta terceira região, o que pode indicar que também está relacionada aos aspectos presentes nesta região.

Figura 1:
Análise dos Menores Espaços da associação entre os itens da classificação livre

Partindo-se deste mapa destacam-se três áreas que podem ser nomeadas da seguinte forma: A primeira, que engloba as seis categorias ligadas a características e comportamentos que se concebem no pensamento sobre algo ou alguém, foi denominada Conceito, a segunda, que engloba as categorias mais relacionadas às características inerentes a cada indivíduo, de Identidade, e a terceira, com o agrupamento de palavras que se referem a aspectos de localidade, de Espaço.

Pela configuração espacial do mapa, é possível observar que as áreas Espaço e Identidade são mais próximas entre si. A área Espaço apresenta seus itens mais próximos uns dos outros no mapa, caracterizando maior relação entre os itens presentes.

Classificação dirigida

A classificação dirigida se deu a partir do agrupamento dirigido de 15 palavras (que foram coletadas na primeira etapa da pesquisa) em cinco grupos pré-estabelecidos de acordo com o grau de associação com o termo "meu sotaque": palavras muitíssimo associadas, palavras muito associadas, palavras mais ou menos associadas, palavras pouco associadas e palavras nada associadas. O objetivo desta classificação foi entender, com mais detalhes, a estrutura das relações entre as regiões.

Na Tabela 3 estão descritas as categorizações dos 15 itens realizados pelos comunicadores, considerando as funções exercidas por eles. Apenas alguns itens apresentam diferenças estatisticamente significantes entre as classificações de repórteres e apresentadores, quando considerados distintamente, "região" (p=.004), "Nordeste" (p=.020) e "localidade" (p=.002), o que confirma que, de maneira geral, não há diferenças importantes nas representações ao considerar a função exercida. Observa-se que a palavra mais associada ao sotaque nordestino, pelos comunicadores, foi "identidade". Ao fazer o mesmo exercício com as médias mais baixas, ou seja, palavras menos associadas, foram encontrados os itens: "matuto", "preconceito", "diferente", "engraçado" e "arrastado".

Tabela 3:
Análise comparativa da categorização dos itens de acordo com as funções exercidas pelos comunicadores

Com o objetivo de visualizar o grau de inter-relação dos itens entre si, realizou-se uma análise SSA (Figura 2) utilizando-se o Coeficiente de Monotonicidade (Tabela 4).

Figura 2:
Análise dos Menores Espaços das classificações entre os itens da classificação dirigida, considerando as funções exercidas pelos comunicadores (Coordenada 1 vs Coordenada 2 descrevendo a Projeção Tridimensional. Coeficiente de Alienação Guttman-Lingoes: 0,12)

Tabela 4:
Matriz da inter-relação entre os itens ordenados (coeficiente de monotonicidade), considerando as funções exercidas pelos comunicadores

Os itens com maiores associações entre si foram: Regionalismo x Nordeste (0,86) e Engraçado x Nordeste (0,85), havendo, também, alta associação entre os itens Arrastado x Nordeste (0,79), Fala x Língua (0,76), Identidade x Cultura (0,74). É interessante observar que houve muitas relações negativas, a exemplo de Diferente x Língua (-0,79) e Característica x Matuto (-0,79), bem como Matuto x Língua (-0,78). Em relação à associação com as variáveis externas, houve grande aproximação com região (0,88), Nordeste (0,83) e localidade (0,78) da variável repórter de rua.

Na Figura 2 são apresentados os resultados da classificação dirigida por meio do SSA tendo como variáveis externas ser Apresentador e Repórter de Rua. Nesta projeção, é possível observar a existência de três regiões, as mesmas da classificação livre. Observa-se a região denominada de Espaço na parte superior da projeção, do lado direito, cujos itens são "região", "regionalismo", "localidade" e "nordeste". Nesta região, apenas a palavra "localidade" está mais afastada, encontrando-se bem próxima da região denominada Identidade, e os outros itens, estão mais próximos entre si, e mais próximos da região Conceito, sobretudo da palavra "oxente" que está em área limítrofe entre as regiões Espaço e Conceito. No lado esquerdo, encontra-se a região denominada Identidade, cujos itens são "língua", "característica", "fala", "cultura" e "identidade"; a palavra "língua" está em área limítrofe com a região Espaço. Na parte inferior do lado oposto, encontra-se a região denominada Conceito, cujos itens são "oxente", "engraçado", "arrastado", "matuto", "preconceito" e "diferente". Nesta área, os itens estão mais afastados entre si, sendo possível observar uma forte relação entre os termos "preconceito" e "diferente", e entre os termos "arrastado" e "engraçado", que, por sua vez, estão próximos da palavra "Nordeste", que pertence à região denominada Espaço. É importante afirmar que o item "meu sotaque" não aparece na classificação dirigida, pois foi o termo escolhido com o qual os sujeitos determinaram o grau de associação das outras palavras.

Observa-se que os itens "engraçado", "arrastado" e "oxente" estão em uma região limítrofe com a região Espaço, muito próximos dos itens "nordeste" e "regionalismo", o que pode indicar a relação desses conceitos atrelados ao sotaque nordestino como uma expressão do regionalismo do Nordeste.

Discussão

O interesse principal desta investigação foi analisar a organização estrutural das representações sociais de comunicadores de mídia nordestinos sobre sotaque a fim de descrever o conteúdo destas representações. Assim, procurou-se estabelecer, de maneira objetiva, o nível de consenso neste grupo profissional, em relação à representação social sobre sotaque.

Nas análises multidimensionais das classificações realizadas, é possível distinguir claramente três grandes grupos denominados respectivamente Espaço, Identidade e Conceito. No primeiro, foram encontrados os seguintes itens: "regionalismo", "localidade", "região" e "Nordeste". Estes itens estão bastante relacionados entre si e quando comparados aos demais, constituindo o menor grupo, porém o mais sólido. A relação entre estes itens também pode ser observada na classificação dirigida. Pelas justificativas dadas pelos sujeitos para os agrupamentos, na classificação livre, pode-se dizer que o critério norteador para a formação deste grupo foi a relação com uma região específica, o Nordeste, que está em uma localidade e apresenta regionalismo próprio. Além disso, o sotaque é uma prática regional, de modo que os sotaques regionais podem estar relacionados com qualquer localidade dentro de um país, bem como em países diferentes que falam a mesma língua22. Crystal D. A Dictionary of Linguistics and Phonetics. Blackwell Publishing, 2011..

Durante o Movimento de Arte Moderna no Brasil, foi preciso encontrar uma identidade nacional que fosse diferente da identidade europeia. Naquele momento, as grandes metrópoles brasileiras recebiam muita influência da Europa. Neste cenário, o Nordeste surge alheio a essa influência, de modo que é construída uma representação diferenciada desta região, baseada na imagem do sertanejo e da seca, a qual se torna um processo social. A ideia que se cria, então, é de que todo Nordeste é sertão, e todo sertão é rural com, no máximo, pequenos centros urbanos, o que não corresponde à realidade. O regionalismo, nesse contexto, não apenas diferencia uma região da outra, mas coloca duas macrorregiões, Nordeste e Sudeste, como antagônicas e opostas. Neste contexto, a própria mídia é um dos principais fatores que contribui para a formação do estereótipo sobre o Nordeste e os nordestinos55. Bezerra CL, Rabay G. Presença do Sotaque Nordestino no Telejornalismo Brasileiro. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 14-16 jun 2012; Recife-PE. São Paulo: Intercom; 2012.),(66. Albuquerque NS. Apoderamento imagético do Nordeste do Brasil: Estereótipo e Discurso nas Artes. Revista ComSertões. 2014;1(2):1-19.),(1616. Gomes AR, Santana JS. Retratos do Sertão: As Representações do Sertão nas Telenovelas e suas Implicações Educacionais. RTE. 2013;22(1):130-45..

Assim, o regionalismo é apresentado como a expressão de uma região, expressão esta que se manifesta na fala, na forma da diversidade de sotaques. De acordo com os mapas de projeção SSA, observa-se a forte ligação entre cultura e localidade, sendo o regionalismo uma expressão cultural de cada região. Dentro de um único estado, há regiões que diferem umas das outras com culturas, povos e aspectos geográficos diferentes1616. Gomes AR, Santana JS. Retratos do Sertão: As Representações do Sertão nas Telenovelas e suas Implicações Educacionais. RTE. 2013;22(1):130-45.. O sotaque é um dos principais identificadores culturais de territorialidade, "denunciando" a origem do sujeito. No caso do Nordeste esta origem se relaciona, no imaginário nacional, a uma série de estereótipos, como de que esta região é um local pobre, seco, com população pobre e sem estudo, porém na maioria das vezes esta atribuição de valor torna-se equivocada55. Bezerra CL, Rabay G. Presença do Sotaque Nordestino no Telejornalismo Brasileiro. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 14-16 jun 2012; Recife-PE. São Paulo: Intercom; 2012..

É interessante notar que a região Identidade é a menos homogênea na classificação livre, o que indica que a identidade dos comunicadores em relação ao seu sotaque ainda não apresenta um conceito bem definido. Esta configuração, na projeção SSA, confirma a literatura ao considerar que a definição de uma identidade é um processo em construção, que ocorre de maneira dinâmica e contínua1717. Silva PR, Gava R, Deboçã LP. Manifestações da identidade em processos de alterações locais: o caso do distrito de Lavras Novas, Ouro Preto (MG). CVT. 2014;14(1):49-67.. Assim, é possível inferir que esta concepção ainda está em processo, bem como a identidade dos próprios comunicadores, que ainda está sendo construída ao longo da história da profissão no Brasil1818. Bergamo A. Reportagem, memória e história no jornalismo brasileiro. Mana. 2011;17(2):233-69.. O termo "meu sotaque", presente nesta região, se refere ao sotaque da população do estudo, ou seja, o sotaque nordestino. Este termo está muito próximo de identidade e característica, confirmando a literatura que afirma que os diferentes sotaques funcionam como práticas sociais que representam qualidades associadas a determinadas comunidades de falantes33. Floccia C, Delle Luche C, Durrant S, Butler J, Goslin J. Parent or community: Where do 20-month-olds exposed to two accents acquire their representation of words? Cognition. 2012;124(1):95-100.. Logo, pode representar a característica de uma população e sua identidade55. Bezerra CL, Rabay G. Presença do Sotaque Nordestino no Telejornalismo Brasileiro. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 14-16 jun 2012; Recife-PE. São Paulo: Intercom; 2012..

A proximidade, nas projeções SSA, dos itens "fala" e "língua" expressam algo que foi percebido nas explicações, em que era dito pelos sujeitos que os dois termos eram relacionados, apesar de não haver, por parte deles, uma justificativa concreta para essa relação. Assim, os conceitos de fala e língua não estão bem definidos para esta população. Entende-se por língua o uso sistemático e convencional de sons, sinais e símbolos escritos em uma sociedade para comunicação e expressão, caracterizando o comportamento falado/escrito de uma comunidade, enquanto que a fala é um mediador de transmissão sonora da linguagem, e de cada língua especificamente22. Crystal D. A Dictionary of Linguistics and Phonetics. Blackwell Publishing, 2011..

A região "Conceito" foi denominada dessa forma por representar a formulação de ideias a respeito do objeto do estudo, consistindo em uma opinião manifesta, podendo ser bom ou mau. Nesta região da projeção SSA, são encontrados os itens "oxente", "preconceito", "engraçado", "diferente", "arrastado", "matuto". A presença da palavra preconceito nesta região indica a existência deste, ou seja, um conceito previamente formado, sobre as características representadas pelos outros termos do grupo. Pela configuração desta região, observa-se que existe um conceito preestabelecido com aquilo que é diferente. Preconceito refere-se a uma orientação, seguida de práticas e comportamentos discriminatórios, de um indivíduo ou de um conjunto de indivíduos, frente a outro grupo social1919. Nunes AVL, Camino L. Atitude político-ideológica e inserção social: fatores psicossociais do preconceito. Psicol Soc. 2011;23(1):135-43.. Isso acontece quando grupos de pessoas se identificam e veem o que é diferente de maneira preconceituosa2020. Vieira APA, Gomide APA. Dimensões Psicossociais do Preconceito: Notas Sobre a Felicidade, a Reflexão e a Experiência na Sociedade Atual e Suas Relações com Macabéa. Ling-s. 2011;5(3):302-21.. Este grupo, de acordo com as explicações dadas pelos sujeitos, relaciona-se mais com o conceito apresentado pelos outros em relação ao sotaque nordestino do que o conceito deles, que está representado na região denominada Identidade.

O preconceito em relação à região Nordeste não se manifesta apenas em forma de preconceito linguístico, relacionado à fala, mas, deriva de um processo relacionado à história. Por ser confundido com Sertão, que é visto como um lugar subdesenvolvido, quando comparado com outros lugares1616. Gomes AR, Santana JS. Retratos do Sertão: As Representações do Sertão nas Telenovelas e suas Implicações Educacionais. RTE. 2013;22(1):130-45., o Nordeste é vitimado por uma sucessão de clichês que enraízam preconceitos que, de tão naturalizados, são subjetivados por toda uma população66. Albuquerque NS. Apoderamento imagético do Nordeste do Brasil: Estereótipo e Discurso nas Artes. Revista ComSertões. 2014;1(2):1-19.. Este tipo de preconceito é presente nos meios de comunicação de massa, como nas telenovelas, nas quais a principal generalização trata todo nordestino como sertanejo, como se um termo fosse sinônimo do outro, pois quando se referem ao sertão, as telenovelas não fazem distinção entre zona rural e zona urbana1616. Gomes AR, Santana JS. Retratos do Sertão: As Representações do Sertão nas Telenovelas e suas Implicações Educacionais. RTE. 2013;22(1):130-45.. Assim como nas novelas, o preconceito também é percebido nos telejornais e pode ser visto na exclusão das marcas de identidade do falante, ou seja, na modificação do sotaque regional para um sotaque mais aceitável pela mídia2121. Franco AF. O sotaque no telejornalismo: padrão ou preconceito? In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 12-14 jun 2013; Mossoró-RN. São Paulo: Intercom; 2013..

É possível observar a forte relação entre os termos matuto, arrastado e oxente. Matuto é o termo que se remete ao estereótipo do personagem social da classe menos favorecida do sertão do Nordeste2222. Evangelista AF, Almeida TDR. Assim Fala a Notícia: Sotaques e Regionalismos no Telejornalismo Paraibano. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 15-17 mai 2014; João Pessoa-PB. São Paulo: Intercom; 2014.),(2323. Moraes FO. O saber camponês nos contos tradicionais do Brasil: a narrativa na educação no campo. Trabalho & Educação. 2012;21(3):303-14., e, como visto anteriormente, todo o Nordeste é visto como sertão. Logo, todo o nordestino pode ser visto como matuto, independentemente da localidade onde vive66. Albuquerque NS. Apoderamento imagético do Nordeste do Brasil: Estereótipo e Discurso nas Artes. Revista ComSertões. 2014;1(2):1-19.),(1616. Gomes AR, Santana JS. Retratos do Sertão: As Representações do Sertão nas Telenovelas e suas Implicações Educacionais. RTE. 2013;22(1):130-45.. Oxente é uma palavra que caracteriza o falar nordestino, enquanto que arrastado é um termo que expressa uma característica da fala, não necessariamente sendo este termo relacionado ao falar nordestino, já havendo sido encontrado descrevendo o sotaque do interior de São Paulo2424. Leite CMB. Estereótipos sociais e suas implicações para os estudos sociolinguísticos. Estudos da Lingua(gem). 2011;9(1):91-104.. Considerando as explicações dadas pelos sujeitos, "o oxente é uma característica do Nordeste". Assim, eles definem o termo oxente como uma expressão que caracteriza o falar nordestino2525. Freitas LFR. A Construção de Identidades Regionais a partir de Obras de Literatura Infantil. Nonada, Let Rev. 2013;2(21):1-12., mesmo reconhecendo que existem diferenças entre localidades distintas no Nordeste e que este termo pode não ser tão utilizado em outros locais como é no estado de Pernambuco, onde a pesquisa foi realizada. Logo, a relação entre estas palavras pode ocorrer devido a estarem relacionadas com a imagem construída da região Nordeste.

Na classificação dirigida, é possível perceber que todos os itens menos relacionados ao sotaque nordestino pertencem à região denominada Conceito, na projeção SSA da classificação livre, a saber, "matuto", "engraçado", "preconceito", "diferente" e "arrastado". O preconceito manifestado em relação ao sotaque é derivado do preconceito social e regional, quando uma região é considerada inferior à outra, e então, seu modo de falar também passa a sofrer preconceito, conhecido como preconceito linguístico2121. Franco AF. O sotaque no telejornalismo: padrão ou preconceito? In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 12-14 jun 2013; Mossoró-RN. São Paulo: Intercom; 2013.. A sociedade acostumou-se a atribuir a um local ou a um grupo de falantes o "melhor" ou o "pior" português2626. Pelinson F, Silva AL, Ribeiro RR. Usos dialetais, estereótipos e preconceito linguístico na telenovela "Flor do Caribe". Vozes & Diálogo. 2014;13(1):33-47.. Esse preconceito não se limita a não valorizar determinadas variedades regionais, mas, principalmente, por considerar "erradas" variedades faladas por pessoas pertencentes a outras classes sociais, quando não compreendem a variante padrão, aquela aprendida na escola, ou uma variedade prestigiada2727. Laperuta-Martins M. Preconceito linguístico e sua conscientização: o papel da escola. Textura. 2014;31:115-24..

Os itens mais associados ao sotaque nordestino estão presentes nas regiões Espaço e Identidade, sendo interessante notar a palavra "identidade", que aparece bem associada por apresentadores e repórteres. O sotaque é considerado como um dos principais, se não o principal, elementos de identidade cultural de um povo2121. Franco AF. O sotaque no telejornalismo: padrão ou preconceito? In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 12-14 jun 2013; Mossoró-RN. São Paulo: Intercom; 2013., surgindo como a expressão de regionalismo na fala2222. Evangelista AF, Almeida TDR. Assim Fala a Notícia: Sotaques e Regionalismos no Telejornalismo Paraibano. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 15-17 mai 2014; João Pessoa-PB. São Paulo: Intercom; 2014.. Em um estudo sobre a construção da identidade de uma região do Brasil, que teve seu desenvolvimento histórico e cultural iniciado depois de outras regiões como o Nordeste, onde o país começou a ser colonizado, nota-se a presença do sotaque como um elemento importante nessa construção2828. Souza L, Wanderley TC, Ciscon-Evangelista MR, Bertollo-Nardi M, Bonomo M, Barbosa PVR. Representação social de capixaba: identidade em processo. Psicol Soc. 2012;24(2):462-71.. Logo, os resultados da presente pesquisa concordam com este estudo, de modo que é possível afirmar a importância do sotaque como identificador de um povo.

Em outro estudo, realizado com estrangeiros residentes no Brasil, os entrevistados afirmaram manter o sotaque como marca de sua identidade como estrangeiro, assim eles acreditam que o seu local de origem será sempre reconhecido, independentemente de residirem por anos e absorverem outros costumes da população brasileira2929. Carvalho EMS. Uma Abordagem Sociolinguística da Identidade Estrangeira. Plurais. 2010;1(3):26-36.. A identidade não é construída de forma mecânica e absoluta, uma vez que sua construção é inerente à dinâmica social. A volta à localidade expressa um sentimento de pertencimento, caracterizado como identidade social e que normalmente está relacionado a critérios referentes a locais específicos e de forte ligação pessoal, sendo o falar daquele local, um destes critérios de identificação1717. Silva PR, Gava R, Deboçã LP. Manifestações da identidade em processos de alterações locais: o caso do distrito de Lavras Novas, Ouro Preto (MG). CVT. 2014;14(1):49-67..

Ainda no que se refere à identidade, observou-se uma forte relação entre este termo e cultura, o que é confirmado pela literatura. Um dos maiores fatores para identificar o indivíduo é a sua cultura e a postura que este assume com relação à sua língua. Assim, a cultura ilustra os traços mais fortes de uma determinada identidade, pois as roupas, os gestos, o comportamento e a fala identificam as pessoas e as comunidades. A identidade da língua é a identidade da cultura; se todas as culturas devem ser valorizadas, então, todas as identidades de língua e suas nuances, como o sotaque, devem ser igualmente valorizadas3030. Shoemaker A. Regionalismo e identidade cultural: o inglês como língua internacional. Antares. 2011;5(1):20-37.),(3131. Carvalho FRP. Como falam os brasileiros? (resenha). Temática. 2014;10(1):256-9..

Em recente pesquisa realizada com comunicadores de mídia atuantes em um estado da região Nordeste, 90% dos entrevistados afirmaram que a forma como as palavras são pronunciadas (sotaque) possui forte influência sobre a carreira de telejornalista. Além disso, a maioria dos participantes informou que o sotaque influencia a narração e a transmissão dos fatos noticiados. Ainda, para 100% dos entrevistados, o sotaque deve ser suavizado no que diz respeito ao telejornalismo2222. Evangelista AF, Almeida TDR. Assim Fala a Notícia: Sotaques e Regionalismos no Telejornalismo Paraibano. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 15-17 mai 2014; João Pessoa-PB. São Paulo: Intercom; 2014., confirmando o que foi observado no discurso dos entrevistados no presente estudo, quando explicavam as classificações livres.

Para os comunicadores, nas duas pesquisas, o padrão de fala suavizado é benéfico para a formação da notícia, e o entendimento do público, embora afirmem não utilizar o padrão suavizado quando não estão em atuação profissional. Isto reforça a ideia de que para que um profissional se consolide nacionalmente, é necessário que consiga demonstrar controle sobre o sotaque, sendo este fator um forte elemento definidor da carreira de um telejornalista2222. Evangelista AF, Almeida TDR. Assim Fala a Notícia: Sotaques e Regionalismos no Telejornalismo Paraibano. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 15-17 mai 2014; João Pessoa-PB. São Paulo: Intercom; 2014.. Assim, apesar de crescente o número de emissoras nas diversas regiões do país, elas servem como retransmissoras de sinal dos grandes veículos de comunicação que estão alocados no Sudeste. Logo, não é percebida a regionalização destes meios locais, de modo a população acaba por acostumar-se com o sotaque suavizado, eliminando as características linguísticas locais77. Lopes LW, Lima ILO, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Sotaque e telejornalismo: evidências para a prática fonoaudiológica. CoDAS. 2013;25(5):475-81.),(88. Lopes LW, Lima ILB, Silva EG, Almeida LNA, Almeida AAF. Preferências dos ouvintes em relação ao sotaque regional em contexto formal e informal de comunicação. Rev CEFAC. 2014;16(3):949-56.),(2121. Franco AF. O sotaque no telejornalismo: padrão ou preconceito? In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. 12-14 jun 2013; Mossoró-RN. São Paulo: Intercom; 2013..

Nesse contexto, a atuação fonoaudiológica com profissionais atuantes na mídia, e, principalmente, no jornalismo, tem passado por grande transformação, de modo que a preocupação com os aspectos de aprimoramento da comunicação ganhou mais espaço. O sotaque encontra-se entre as queixas apresentadas pelos jornalistas para a procura do fonoaudiólogo. Logo, além do aprimoramento vocal, é importante ampliar o olhar da Fonoaudiologia para questões de expressividade e aperfeiçoamento da comunicação nestes profissionais3232. Santos AAL, Pereira EC, Marcolino J, Dassie-Leite AP. Autopercepção e qualidade vocal de estudantes de jornalismo. Rev CEFAC [internet]. 2014 [acesso 20 dez 2014]; 16(2): 566-72 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000200566&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201419412.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
),(3333. Silva EC, Penteado RZ. Caracterização das inovações do telejornalismo e a expressividade dos apresentadores. Audiol Commun Res. 2014;19(1):61-8..

Ao considerar os resultados de acordo com a função exercida, observa-se que não há diferenças importantes nas representações, o que é de se esperar visto que tanto apresentadores como repórteres apresentam experiências semelhantes em relação ao sotaque e a atuação no mercado de trabalho. As poucas diferenças observadas, portanto, devem-se ao fato do repórter ter um contato maior com o público, por atuar na coleta de dados para formatar a notícia, na rua3434. Batista CLC, Figueiredo MAV. O local no nacional: um debate sobre os sotaques no telejornalismo de rede no Brasil. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 4-7 set 2009; Curitiba-PR. São Paulo: Intercom; 2009.. Desse modo, é possível construir um consenso da estrutura da representação social dos comunicadores de mídia nordestinos em relação ao sotaque da sua região, por não haver especificidades importantes ao considerar um fator externo, como a função que cada profissional desempenha.

Conclusão

Os resultados apresentados indicam que os comunicadores de mídia televisiva nordestinos, representados, nesta pesquisa, por telejornalistas atuantes no estado de Pernambuco, estruturam a representação social sobre o sotaque nordestino em três áreas distintas nos mapas das projeções. Cada área compreende uma faceta da representação destes profissionais sobre o tema estudado, o que fornece informações sobre a estrutura dessas representações e em que elas estão ancoradas.

De maneira sucinta, a estruturação das representações dos comunicadores nordestinos, em relação ao sotaque apresenta: na área Espaço, o sotaque como uma prática regional; na Identidade, o sotaque como uma característica na fala da sua identidade como nordestino; e, na Conceito, o preconceito dos outros em relação ao Nordeste, direcionado para a fala. Isto pode ser percebido na exclusão das marcas de identidade do falante para uma fala mais aceitável para o meio profissional. A presença do sotaque nordestino pode ser considerada como um fator limitante para a ascensão no mercado de trabalho quando presente em situações de apresentação profissional.

A suavização do sotaque, neste contexto, amplia as possibilidades do comunicador no mercado de trabalho. Ainda assim, a presença do sotaque na fala deste profissional não é considerada um problema na comunicação, de modo que o interesse dos comunicadores é que o padrão suavizado esteja presente apenas durante o exercício profissional, sem a intenção de perder as características de fala que representam a identidade da região a que pertencem.

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  • Fonte de auxílio: FACEPE (Bolsa de Mestrado)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    11 Jul 2015
  • Aceito
    15 Set 2015
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