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Analise das práticas de letramento de ingressantes e concluintes de uma instituição de ensino superior: estudo de caso

RESUMO

O presente estudo visa caracterizar e analisar a qualidade das práticas e o nível de letramento, bem como as possibilidades de leitura e compreensão de textos, presentes no cotidiano acadêmico e extra-acadêmico de estudantes ingressantes e concluintes de uma universidade brasileira. A amostra foi constituída por 392 participantes: 218 ingressantes e 174 concluintes provenientes de cursos de Bacharelado e de Licenciatura de uma universidade brasileira. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário com questões abertas e objetivas, no qual continham perguntas referentes a informações pessoais e da vida escolar de cada estudante; dados sobre as práticas de leitura e escrita no cotidiano dos universitários e um teste prático de leitura, elaborado e adaptado a partir do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. Para a análise, adotou-se a abordagem quali-quantitativa. Foi possível observar que, embora os textos apresentados pertencessem a gêneros primários, os estudantes apresentaram respostas incorretas e não condizentes ao nível de escolaridade no qual se encontram matriculados. Conclui-se que dos sujeitos avaliados, a maioria tanto de ingressantes quanto de concluintes apresenta o nível 2 de alfabetismo, o que demonstra que as defasagens com relação as práticas de letramento oriundas da educação básica ainda prevalecem na educação superior.

Descritores:
Leitura; Escrita; Letramento; Educação Superior

ABSTRACT

This study aims to characterize and analyze the quality of the practices and the level of literacy, as well as the possibilities of texts reading and comprehension, present in the daily academic and extra academic life of entering and graduating students from a Brazilian university. The sample consisted of 392 participants: 218 entering and 174 graduating students from Bachelor's and Licentiate's degree courses of a Brazilian university. Data collection was conducted through a questionnaire with open and objective questions, which was consisted of questions about personal information and school life of each student; data on reading and writing practices on the academics everyday life and a practical reading test, developed and adapted from the National Functional Literacy. For the analysis, it was adopted the qualitative and quantitative approach. It was observed that although the texts presented belong to primary genres, students got incorrect answers and not conducive to the education level in which they are enrolled. It follows that, from the analyzed students, the majority of both entering and graduating ones perform the second literacy level, which shows that the gaps regarding the literacy practices derived from the basic education still prevail in higher education.

Keywords:
Reading; Writing; Literacy; Higher Education

Introdução

A preocupação e a busca por soluções para o problema do analfabetismo funcional no Brasil têm impulsionado pesquisas11. Cunha JF. Letramento Acadêmico: Reflexão e Algumas Considerações sobre Cursos de Negócios em Faculdades Privadas Populares. SIGNUM: Estud. Ling. 2012;15(2):129-51.,22. Berliner MR, Elliot LG. Indicador nacional de alfabetismo funcional: como avaliar as deficiências educacionais de jovens adultos no brasil. Meta: Avaliação 2011;3(7):61-80. em todos os níveis de ensino. Um desses estudos cita o Indicador Nacional de Alfabetismo Nacional - INAF, o qual, nos últimos 10 anos, evidenciou por intermédio de testes e questionários aplicados em domicílio que, grande parte da população brasileira tem apresentado rasos conhecimentos de leitura, escrita e números, e consequentemente dificuldades de compreensão de textos, cálculos e raciocínio lógico22. Berliner MR, Elliot LG. Indicador nacional de alfabetismo funcional: como avaliar as deficiências educacionais de jovens adultos no brasil. Meta: Avaliação 2011;3(7):61-80..

Outros estudos33. Guarinello AC, Berberian AP, Santana APO, Bortolozzi KB, Schemberg S, Figueiredo LC. Surdez e letramento: pesquisa com surdos universitários de Curitiba e Florianópolis. Rev Bras Ed Esp. 2009;15(1):99-120.,44. Souza Filho PP, Massi GAA, Ribas A. Escolarização e seus efeitos no letramento de idosos acima de 65 anos. Rev. bras. geriatr. gerontol. [Internet]. 2014 Sep [cited 2015 Nov 02] ;17( 3 ):589-600. demonstram que o Brasil ainda possui leitores e escritores que apresentam dificuldades no processo de interpretação e produção textual de gêneros secundários. Tais pesquisas revelam ainda que a execução de um trabalho de letramento a partir da prática de diversos gêneros, junto à população que se encontra dentro e fora do ambiente acadêmico é condição fundamental para que as pessoas tenham uma melhora em sua qualidade de vida.

Segundo uma pesquisa55. Marinho M. A escrita nas práticas de letramento acadêmico. Rev Brasil de Linguística Aplicada. 2010;10(2):363-86. realizada em 2010, a experiência no uso de determinados gêneros é condição indispensável para uma interação verbal bem sucedida. Outro trabalho66. Costa e Silva GP. Identidade docente e letramento acadêmico: a leitura e a escrita na formação dos professores. In: X Congresso Nacional de Educação EDUCERE e I Seminário Internacional de Representações Sociais Educação SIRSSE;2011, Curitiba. menciona que as dificuldades de leitura e escrita apresentadas pelos ingressantes no Ensino Superior são, muitas vezes, resultantes de problemas sócio-educacionais pregressos, evidenciados a partir das novas demandas de leitura e escrita presentes no ambiente universitário.

O letramento, porém, não está unicamente relacionado à prática acadêmica, mas também, às mais variadas atividades da vida cotidiana. Dessa forma, destaca-se que o letramento é fundamental tanto na esfera da vida cotidiana (hábitos e costumes básicos para a vida em sociedade), como para a apropriação das produções não cotidianas da existência humana (ciência, poesia, arte, política). Numa sociedade letrada, portanto, a conquista da cidadania, no seu sentido mais amplo, demanda o domínio da leitura e da escrita, ou seja, um nível de letramento pleno, uma vez que é privilegiadamente por esta via, que os indivíduos poderão se apropriar das informações e conhecimentos produzidos pela humanidade. Assim, na dialética da apropriação e produção de sentidos, nas diversas esferas da existência, o cidadão se constitui como capaz de posturas e atitudes críticas frente às demandas da sociedade77. Justo MAPS, Rubio JAS. Letramento: O uso da leitura e da escrita como prática social. Rev Eletrônica Saberes da Educação. 2013;4(1)..

Levando em conta tais questões, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e analisar as práticas de letramento e as possibilidades de leitura e compreensão de textos usados no dia-a-dia de uma população de estudantes ingressantes e concluintes de uma universidade brasileira, bem como verificar o nível de letramento do grupo estudado e seus possíveis desdobramentos sobre a constituição de um cidadão crítico, responsivo e responsável.

Apresentação do Caso

Cabe ressaltar que esta pesquisa foi submetida à análise do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e do Comitê Assessor de Pesquisa Institucional (CAPI) de uma Universidade do Estado de São Paulo e aprovada sob o número 1063/12.

A amostra foi constituída de 392 acadêmicos do ensino superior de uma universidade brasileira privada, dentre estes: 218 alunos ingressantes do primeiro ano, distribuídos entre primeiro e segundo semestre e 174 alunos concluintes. Tais estudantes faziam parte dos cursos de Bacharelado e Licenciatura, a saber, Pedagogia, Letras, História, Geografia, Matemática, Física, Química, Ciências Biológicas, Filosofia, Artes e Artes Visuais.

Para selecionar os participantes da pesquisa foram adotados os seguintes critérios de inclusão: a) ser estudante universitário e estar cursando o primeiro ano ou o último ano acadêmico; b) frequentar cursos de Bacharelado e/ou Licenciatura.

Quanto aos trâmites processuais para a realização da pesquisa: 1) solicitação à Reitoria da Universidade, de permissão para a realização da pesquisa; 2) contato com os universitários, em sala de aula, para esclarecimentos e convite a participarem como sujeitos da pesquisa; 3) assinatura, pelos aderidos à pesquisa, do termo de consentimento livre e esclarecido; 4) preenchimento, pelos estudantes anuentes, de um questionário composto por perguntas abertas e fechadas e participação de um teste prático de leitura.

As perguntas do questionário diziam respeito, inicialmente, a dados pessoais, tais como: idade, nível de instrução, nível de instrução familiar, vida escolar, tempo destinado aos estudos, trabalho e modo de ingresso na universidade. Além disso, foram elaboradas questões referentes ao uso da leitura e escrita no cotidiano, isto é, nas esferas referentes ao âmbito doméstico, ao trabalho, ao lazer, à educação, à religião e à participação cidadã.

O material utilizado para a avaliação prática de leitura foi elaborado e adaptado a partir do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional88. INAF. Indicador de alfabetismo Funcional Um diagnóstico para a inclusão social pela educação. INAF/BRASIL, 2001.http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=2
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, o qual foi composto por questões que envolvem a leitura e a interpretação de textos do cotidiano, - gêneros primários: bilhetes, notícias, cartazes, sinopses de filmes na TV e fábulas.

Cabe esclarecer que embora a pesquisa tenha sido realizada em um ambiente acadêmico, o teste utilizado era composto por gêneros primários, pois não tinha a finalidade de avaliar os conteúdos ou competências estabelecidas nos currículos de cada curso, mas verificar o nível de letramento dos participantes nas diversas práticas sociais de letramento, incluindo a opinião dos próprios participantes a respeito de suas habilidades e dificuldades com a leitura e a escrita.

Dentre as tarefas realizadas, havia desde as mais simples e que exigiam a localização de um único item de informação visivelmente identificável no texto, até tarefas mais complexas que exigiam a localização de mais de um item em textos mais longos, bem como a comparação entre mais de um texto ou partes do texto e a realização de inferências a partir da informação textual.

Cada estudante respondeu ao questionário e ao teste prático individualmente e não houve interferência da pesquisadora nas respostas.

O presente estudo, de campo e de caráter transversal adotou uma abordagem quantitativa, em função de empregar um instrumental estatístico da pesquisa empírica.

Para análise quantitativa, utilizou-se como apoio a ferramenta Sphinx, que permite a elaboração do instrumento de pesquisa, a coleta das respostas e a análise consolidada dos dados. O teste utilizado na análise dos dados foi o Qui Quadrado, simbolizado por x22. Berliner MR, Elliot LG. Indicador nacional de alfabetismo funcional: como avaliar as deficiências educacionais de jovens adultos no brasil. Meta: Avaliação 2011;3(7):61-80., ao nível de significância de 0,05 (5%). Trata-se de um teste não paramétrico que avalia a associação existente entre variáveis qualitativas; também não depende dos parâmetros populacionais, como média e variância, e é utilizado para verificar se a frequência com que um determinado acontecimento observado em uma amostra desvia-se significativamente ou não da frequência com que ele é esperado. Na presente amostragem foi utilizado o nível de confiança (NC) de 95% e erro amostral de 3,8%.

Resultados

Com relação à caracterização da amostra foram considerados os seguintes aspectos: sexo, idade, tipo de Ensino Médio (público ou privado), forma de ingresso no curso superior, instrução familiar, trabalho e renda familiar; como mostra a Tabela 1.

Tabela 1:
Caracterização dos estudantes participantes do estudo

A Tabela 2 apresenta os dados referentes aos locais em que os participantes aprenderam a ler e escrever.

Tabela 2:
Locais em que aprenderam a ler e escrever

Com relação às práticas de letramento da população pesquisada, os dados apontaram que a maioria desta população demonstrou ter gosto pela leitura (85,71%) e pela escrita (74,49%), como revela a Tabela 3.

Tabela 3:
Participantes que tem gosto pela leitura e pela escrita

A Tabela 4 apresenta os hábitos de leitura e escrita, considerando os locais onde comumente fazem uso da leitura e da escrita.

Tabela 4:
Locais que costumam ler e escrever

Ao serem indagados sobre os materiais mais utilizados para a leitura e escrita, os ingressantes e os concluintes apresentaram respostas similares (Tabela 5).

Tabela 5:
Materiais que comumente costumam ler e escrever

A Tabela 6 revela os materiais de leitura e escrita mais utilizados pelos ingressantes e concluintes em suas atividades cotidianas em casa e no trabalho.

Tabela 6:
Materiais utilizados para leitura e para escrita no trabalho e em casa

A Tabela 7 apresenta o índice de acertos dos testes práticos de leitura.

Tabela 7:
Índice de acertos dos testes práticos de leitura

Com relação ao nível de letramento do grupo estudado, verificou-se a partir da análise de dados dos testes de interpretação que, a maioria dos participantes ingressantes e concluintes apresenta o nível 2 de alfabetismo ou alfabetismo rudimentar, como evidenciado na Tabela 8.

Tabela 8:
Descrição dos participantes em relação ao nível de letramento

A análise estatística com o teste Qui Quadrado permitiu concluir que não houve diferença estatisticamente significante do nível de letramento entre ingressantes e concluintes.

Foram realizados, ainda, alguns cruzamentos que relacionam o nível de letramento à renda familiar e ao sexo, conforme as pesquisas do INAF88. INAF. Indicador de alfabetismo Funcional Um diagnóstico para a inclusão social pela educação. INAF/BRASIL, 2001.http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=2
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Na Tabela 9, é possível observar a relação entre nível de letramento e renda familiar.

Tabela 9:
Participantes quanto ao nível de letramento e renda familiar

Nesta pesquisa, foi possível verificar que existe uma correlação significativa entre nível de letramento e renda familiar, visto que houve uma proporção de participantes que possuíam salários menores entre aqueles que apresentaram menor nível de letramento.

A Tabela 10 apresenta os dados do nível de letramento em relação ao sexo.

Tabela 10:
Distribuição dos participantes quanto ao nível de letramento e sexo

Conforme os dados acima expostos, não houve diferença significativa entre homens e mulheres, no que diz respeito ao nível de letramento, pois de acordo com o teste estatístico (Qui Quadrado) o valor de p-valor foi superior a 0,05, ou seja, tanto o sexo masculino quanto o feminino apresentaram níveis similares de letramento (Tabela 10).

Discussão

A partir da caracterização dos participantes desde estudo (Tabela 1) foi possível perceber que o padrão de jovens que procuram os cursos de Licenciatura, em sua maioria, são do sexo feminino, com prevalência de idade entre 18 e 24 anos, renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos, egressos de escolas públicas, que ingressaram no ensino superior por meio do vestibular. Esses dados coincidem com outros estudos que demonstram que vários estudantes de camadas da população menos favorecida, veem no ensino superior uma possibilidade de ascensão social99. Gatti BA. Atratividade da carreira docente no Brasil: relatório preliminar. Fundação Carlos Chagas, São Paulo, out. 2009. PDF http://gestaoescolar.abril.com.br/pdf/relatorio-final-atratividade-carreira-docente.pdf
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,1010. Santos RS, Pereira LMS, Marques FM, Costa NCF, Oliveira OS.Perfil socioeconômico e expectativa docente de ingressantes no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Revista Eletrônica de Educação, 2014; 8(2):293-303..

É possível relacionar o fato de muitos destes estudantes serem do sexo feminino, às mudanças ocorridas na sociedade em função da consolidação do sistema capitalista no séc. XIX. Tais mudanças produziram modificações no sistema de produção e na organização do trabalho feminino1111. Simões FIW, Hashimoto F. Mulher, mercado de trabalho e as configurações familiares do século XX. Revista Vozes dos Vales da UFVJM: Publicações Acadêmicas, out. 2012: [cited 2014 jul 12] Available from: http://www.ufvjm.edu.br/vozes
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. Assim, as mulheres que anteriormente trabalhavam em casa e não frequentavam o ensino superior passaram a trabalhar em outras funções e a partir disto, outros novos níveis de escolarização foram demandados. Essa nova organização do trabalho, marcadamente da mulher, tornou possível que elas complementassem a renda familiar e também mudassem suas expectativas com relação à realização pessoal e profissional, adquirindo maior independência financeira e promovendo alterações nas relações familiares1010. Santos RS, Pereira LMS, Marques FM, Costa NCF, Oliveira OS.Perfil socioeconômico e expectativa docente de ingressantes no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Revista Eletrônica de Educação, 2014; 8(2):293-303.,1111. Simões FIW, Hashimoto F. Mulher, mercado de trabalho e as configurações familiares do século XX. Revista Vozes dos Vales da UFVJM: Publicações Acadêmicas, out. 2012: [cited 2014 jul 12] Available from: http://www.ufvjm.edu.br/vozes
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Apesar dos dados demonstrarem que a maioria dos alunos encontra-se entre 18 e 24 anos, estudos1212. Franco AP Ensino Superior no Brasil: cenário, avanços e contradições. Jornal de Políticas Educacionais. 2008; 4.,1313. Andrade CY. Acesso ao ensino superior no Brasil: equidade e desigualdade social. Rev Ensino Superior Unicamp. 2012; [cited 2014 Abr 02]. Available from: http://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/edicoes/ed06_julho2012/Cibele_Yahn.pdf
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confirmam que apenas 19% dos jovens nesta faixa etária tem acesso ao ensino superior e que há uma demanda reprimida de cerca de 25 milhões de jovens que não tiveram a oportunidade de ingressar neste nível de ensino.

A amostra deste estudo é composta por jovens oriundos do ensino público que estão cursando cursos noturnos na rede privada de ensino. Os resultados do Censo do INEP (2010) também demonstram que a procura pelos cursos noturnos tem aumentado consideravelmente e que o percentual de matrículas na rede privada de ensino é de 72% para o período noturno, pois, dessa forma, os acadêmicos podem trabalhar para custear seus estudos.1414. 14. Galvão AM. Leitura: algo que se transmite entre as gerações? In: RIBEIRO VM. Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. Instituto Paulo Montenegro. São Paulo: Editora Global; 2003.p. 125 - 53.

Os resultados da presente amostra demonstraram que a maioria dos participantes superou seus pais e mães quanto ao tempo de permanência na escola. De acordo com este estudo apenas 8% dos pais de ingressantes e concluintes possuem Ensino Superior; somente 38% dos pais apresentaram Ensino Médio completo e mais de 50% apresentaram como grau de instrução o Ensino Médio incompleto, Fundamental completo e incompleto. Dessa forma, é possível observar um provável esforço dos pais para encontrar estratégias para que os filhos possam superá-los, e um esforço dos filhos para ultrapassar as gerações anteriores e fugir do que seria considerado seu destino natural1515. Heller A. O cotidiano e a história. Trad. Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder.8ª. Ed. São Paulo: Paz e Terra;2008., evidenciando o crucial papel das instituições de ensino e o valor que as camadas populares outorgam a estas instituições.

Tal fato parece representar, conforme já discutido em outro estudo1616. Zientarsk C, Moraes APCF, Sagrillo DR, Drabach NP, Oliveira OS, Pereira SM. A educação, a Escola e seu Papel na Manutenção ou Transformação Social. In: VIII Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas - História, Sociedade e Educação no Brasil; jun. 2009; UNICAMP-Faculdade de Educação. Campinas: 2009.Available from: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acerhistedbr/seminario/seminario8/files/b3wyWYrc.dc
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, uma superação da cotidianidade em que vivem, alimentados pela ideologia de que por meio do acesso aos níveis superiores da educação, alguns problemas sociais podem ser resolvidos promovendo inclusive uma mudança de classe social1717. Pereira JHV. Políticas de formação de professores: formação inicial. Interfaces da Educ. 2013;4(11):27-40..

Pode-se inferir, ainda, que a escolha pelos cursos de licenciatura se deve ao fato da atividade profissional docente representar, para esta parcela da sociedade, uma possibilidade de trabalho imediata, ou até mesmo antes da conclusão da graduação, ainda porque os cursos de licenciatura têm, em sua maioria, um baixo custo, além de serem ofertados no período noturno1818. Piotto DC. A escola e o sucesso escolar: algumas reflexões à luz de Pierre Bourdie. Vertentes (UFSJ).2009;33:48-60..

Com relação às práticas de leitura e escrita no dia-a-dia da população pesquisada (Tabela 2), o presente estudo revelou que a maioria dos participantes aprendeu a ler e a escrever na escola, haja vista que tal instituição ainda representa nas sociedades contemporâneas, o local onde se adquire as habilidades da leitura e escrita. Além disso, muitas vezes, diante da realidade das camadas populares, a escola representa o único lugar responsável pelo letramento e uma das principais instituições ao lado da família, responsável pela transmissão do capital cultural, contribuindo para a manutenção e perpetuação da estrutura social1919. Kleiman AB. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. Signo. 2007;32(53):1-25.; estrutura essa que sempre esteve comprometida com os interesses das classes dominantes e pautada nos ideais neoliberais, contribuindo para a manutenção da estrutura social existente2020. Cury CRJ Educação e contradição: elementos metodológicos para uma teoria crítica do fenômeno educativo. 6ª ed. São Paulo: Cortez; 1995.. A escola ainda é tida como o local mais tradicional para as atividades de letramento, muitas vezes confundida e utilizada como sinônimo de alfabetização e tendo como principal função, proporcionar aos sujeitos condições para se aperfeiçoar nas habilidades de leitura e escrita, que envolvam capacidades de leitura em voz alta, produção de textos, respostas a perguntas oralmente ou por escrito, realização de analogias e pesquisas. Porém, em geral, na escola esses eventos são planejados e controlados contrastando muitas vezes com o uso social da escrita, que envolve diferentes saberes de uma coletividade de acordo com seus interesses, intenções, objetivos e metas comuns2121. Rojo R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Editorial Parábola; 2009.,2222. Leite JAO, Botelho LS. Letramentos múltiplos: uma nova perspectiva sobre as práticas de leitura e escrita. Rev. Eletrônica da Faculdade Metodista Granbey. Jan/Jun. 2011; 10. Available from: http://re.granbery.edu.br - ISSN 19810377
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No presente trabalho, verificou-se que os participantes gostam de ler e escrever e, além disso, utilizam-se da leitura em diferentes contextos, como pressupõe o enfoque ideológico para os múltiplos letramentos2323. Failla Z. (org) Retratos da Leitura no Brasil 3. Instituto PRÓ-LIVRO. Governo do Estado de São Paulo; 2012. (Tabela 3). Esses dados estão de acordo com pesquisas88. INAF. Indicador de alfabetismo Funcional Um diagnóstico para a inclusão social pela educação. INAF/BRASIL, 2001.http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=2
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,2424. Soares M. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica; 2002., que referem que o brasileiro lê e gosta de ler, entretanto nem sempre lê aquilo que é valorizado pela escola e pela cultura. Tais pesquisas revelam ainda que há uma relação direta entre a escolarização e o gosto pela leitura; assim, quanto maior o nível de escolarização, maior o gosto pela leitura.

Segundo dados obtidos nas entrevistas, foi possível observar também que, os locais em que tanto os ingressantes como os concluintes mais lêem e escrevem são em casa, no trabalho e na escola (Tabela 4). Além disso, na Tabela 5, explicitou-se que os materiais de leitura e escrita comumente utilizados pela população estudada são gêneros primários, os quais estão presentes na vida cotidiana e que apresentam relação direta com os contextos mais imediatos e espontâneos como: a mídia virtual, livros, revistas, jornais, livros religiosos, bilhetes e lista de compras. No entanto, tais estudantes referiram que também se utilizam dos gêneros secundários nos contextos doméstico e de trabalho (Tabela 6). Apesar desta pesquisa analisar o uso que tais estudantes fazem dos gêneros primários, cabe destacar que o uso dos gêneros secundários requer um discurso mais elaborado, tanto na leitura como na escrita, sendo este o gênero preferencialmente requerido no ambiente universitário. Foram citados como materiais de leitura e escrita deste gênero, artigos científicos, resenhas, relatórios, mídias virtuais, trabalhos acadêmicos e a produção de documentos.

Os hábitos de leitura e escrita revelados pelos participantes deste estudo, tanto ingressantes como concluintes, são bastante similares, uma vez que se apresentam na mesma ordem de preferência e, ainda, com índices percentuais bastante próximos. Pode-se inferir que essa similaridade tenha relação com a faixa etária da amostra que se concentra entre 18 e 24 anos (58,16%), e mais um percentual de (21,68%) até 30 anos.

Percebeu-se que, em geral, os hábitos de leitura dos participantes desta pesquisa corroboram com os resultados do INAF88. INAF. Indicador de alfabetismo Funcional Um diagnóstico para a inclusão social pela educação. INAF/BRASIL, 2001.http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=2
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os quais fizeram referência aos livros didáticos como um dos materiais mais utilizados, seguidos pelo romance e pelos livros técnicos, além da leitura de revistas e jornais.

A mídia virtual, bastante enfatizada no presente estudo (Tabelas 5 e 6), com seu aparato tecnológico constitui-se como um novo espaço de leitura e escrita, que permite aos indivíduos novos meios de acesso à informação, novos processos cognitivos e novas formas de ler e escrever. Esse novo espaço é denominado de letramento digital, que exige a habilidade de construir sentidos a partir de textos que empregam mais de uma modalidade linguística, ou seja, o emprego de textos que mesclam palavras, elementos pictóricos e sonoros numa mesma superfície. Inclui também a capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informações disponibilizadas eletronicamente2525. Araujo EVF. Letramento em contexto digital: diferentes práticas de leitura e escrita. In: Anais XV Congresso Nacional de Linguística e Filosofia, CiFEiL, 2011 Ago 22-26; Rio de Janeiro: CEFEFIL; 2011.. Portanto, percebe-se que a maioria das amostras pesquisadas utiliza-se de diferentes gêneros textuais digitais que, dependendo do ambiente em que são produzidos, permitem a interação entre os interlocutores em tempo real e, ainda, a utilização de termos informais como na oralidade contribuindo para o letramento individual2626. Ribeiro VM. (org) Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global; 2003..

Com relação ao teste de leitura que envolvia diferentes gêneros discursivos comumente usados na vida cotidiana (Tabela 7), tais como: cartaz, jornal, bilhete, fábula, notícia e roteiro de filmes; os participantes tinham que responder às questões de interpretação. Pela característica própria do referido material, não havia necessidade de grandes inferências ou raciocínio crítico mais aprofundado.

Observando as respostas dos participantes verificou-se que houve alto índice de acertos para as respostas que se encontravam explicitas no texto as quais não exigiam que o participante fizesse inferências, como para os seguintes gêneros: cartaz, jornal e bilhete. Já no gênero notícia, a segunda questão apresentou alto índice de erros, pois a resposta não estava explícita no texto e havia necessidade de ser feita uma inferência para que se chegasse à resposta. No gênero roteiro de filmes, embora o número de erros não tenha sido superior ao de acertos, as respostas também exigiam que os participantes realizassem comparações entre as resenhas dos filmes.

Mediante as respostas dos testes de leitura realizados pelos participantes, foi possível determinar o nível de letramento dos mesmos (Tabela 8), de acordo com a classificação dos níveis de alfabetismo adotados pela pesquisa do INAF, a qual considera os índices de acertos no teste de leitura proposto, como explicitados a seguir: analfabetismo - não domina as habilidades medidas sendo o índice de acertos expresso neste nível de até 2 acertos; alfabetismo nível 1 ou rudimentar - localiza uma informação simples em enunciados de uma só frase, como por exemplo um anúncio ou chamada de capa de revista, sendo que o índice de acerto para o nível varia de 3 a 9 respostas corretas; o alfabetismo nível 2 ou básico - localiza uma informação em textos curtos ou médios, como uma carta ou uma notícia, mesmo que seja necessário realizar inferências simples, e o índice da acertos aceitável para este nível varia entre 10 e 15 acertos; o alfabetismo de nível pleno - localiza mais de um item de informação em textos mais longos, compara informação contida em diferentes textos e estabelece relações entre as informações (causa/efeito, regra geral/caso, opinião/fato). No nível de alfabetismo pleno reconhece-se ainda a informação textual mesmo que contradiga o senso comum, sendo o índice de acertos aceitável para este nível nesta amostra especificamente de 16 respostas corretas88. INAF. Indicador de alfabetismo Funcional Um diagnóstico para a inclusão social pela educação. INAF/BRASIL, 2001.http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=2
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,2727. INAF. Indicador de Alfabetismo Funcional Principais Resultados. INAF/Brasil, 2011.http://www.ipm.org.br/pt- br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=1
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A partir da análise de dados dos testes de interpretação, é possível verificar que a maioria dos participantes desta pesquisa (82,40%) apresenta o nível básico de letramento e somente 13,78% destes apresentam o nível pleno de letramento. Ressalta-se que era esperado que uma parcela maior dos participantes apresentasse o nível pleno de letramento, uma vez que pesquisas apresentam que o nível pleno deveria ser adquirido ao final dos nove anos do Ensino Fundamental. Há ainda alguns participantes que apresentam o nível rudimentar de letramento, e dois participantes que foram classificados no nível do analfabetismo. Para estes últimos, um participante deixou de responder às questões relativas ao teste de leitura e o outro participante respondeu a estas questões incorretamente.

A análise estatística, com o teste Qui Quadrado, permitiu concluir que não existem diferenças significantes entre ingressantes e concluintes e o nível de letramento entre eles. Estes dados estão de acordo com uma pesquisa2727. INAF. Indicador de Alfabetismo Funcional Principais Resultados. INAF/Brasil, 2011.http://www.ipm.org.br/pt- br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=1
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que demonstrou que apenas 62% das pessoas com o Ensino Superior completo foram classificadas como tendo o nível pleno de alfabetização; 34% ainda apresentavam o nível básico de alfabetização e 4% ainda estavam no rudimentar de alfabetização. Dados semelhantes também foram avaliados em outra pesquisa2828. Ferazza MC. Cátedra unesco Meceal para o Desenvolvimento da leitura e da Escritura na UFSC. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística; 2012. a qual afirma que 31% dos estudantes universitários apresentaram somente o nível básico de alfabetismo e 1% o nível rudimentar de analfabetismo.

Quando comparados o nível de letramento e a renda familiar, os dados obtidos nesta pesquisa coincidem com os apresentados em outra2727. INAF. Indicador de Alfabetismo Funcional Principais Resultados. INAF/Brasil, 2011.http://www.ipm.org.br/pt- br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=1
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, os quais revelam que a proporção de analfabetos e dos incluídos no nível rudimentar de letramento diminui sensivelmente à medida que aumenta a renda familiar, e que o nível básico de letramento distribui-se mais equitativamente entre as diferentes faixas salariais. Foi possível também verificar no presente trabalho que, não houve diferença estatisticamente significativa para o nível de letramento entre homens e mulheres, contrariando os dados de outra pesquisa2828. Ferazza MC. Cátedra unesco Meceal para o Desenvolvimento da leitura e da Escritura na UFSC. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística; 2012. que aponta uma ligeira diferença do nível de letramento em favor do sexo feminino, principalmente no concernente ao Ensino Superior.

Os dados encontrados nesta pesquisa também corroboram com os resultados apresentados pelo INAF2828. Ferazza MC. Cátedra unesco Meceal para o Desenvolvimento da leitura e da Escritura na UFSC. [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Linguística; 2012., que evidenciam um aumento do número de brasileiros com um Ensino Superior na última década (2000-2010). Entretanto, os dados do INAF levantados nesse mesmo período indicam que esses avanços no nível de escolaridade da população não têm correspondido a ganhos equivalentes no domínio das habilidades de leitura e escrita.

Destaca-se que, apesar do aumento do número médio de brasileiros oriundos das diferentes classes sociais terem conseguido alcançar o Ensino Superior, muitas dificuldades têm sido encontradas com relação ao letramento. O presente estudo parece ter demonstrado que a universidade não teve um papel relevante em relação às questões do letramento de seus alunos, no que se refere a um avanço no uso de gêneros discursivos da esfera cotidiana, uma vez que os acadêmicos ingressantes e concluintes apresentaram um perfil de letramento muito semelhante.

Conclusão

O presente estudo teve como objetivo caracterizar e analisar as práticas de letramento presentes no cotidiano de estudantes ingressantes e concluintes de cursos universitários, bem como suas possibilidades de ler e compreender textos usados cotidianamente pela população brasileira. Os participantes apresentaram como perfil característico maior ocorrência de acadêmicos trabalhadores, provenientes em sua maioria da rede pública de ensino, renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, com idade média de 24 anos e que apresentam pais que, em sua maioria, não cursaram o nível superior. Em sua maioria trabalham e não exercem atividades profissionais na área da docência. Os participantes referiram ainda hábitos de leitura e escrita da vida cotidiana, ou seja, sua utilização nos ambientes de casa, trabalho, escola e a utilização também na mídia virtual.

Pode-se comprovar que os participantes deste estudo apresentam dificuldades em relação à leitura e escrita, pois alguns ainda apresentaram respostas inadequadas no uso de gêneros primários; gêneros que, de acordo com o INAF, já deveriam apresentar domínio ao final de nove anos de estudos, ou seja, ao final do Ensino Fundamental II. Esses dados confirmam o que já foi apontado nas pesquisas nacionais. Sendo assim, é fundamental que haja mudanças no panorama educacional brasileiro, e para que isso ocorra são necessários maiores investimentos na qualidade de formação e na formação continuada de professores, garantindo que os mesmos tenham e propaguem vivências significativas com gêneros discursivos diversos, agindo diretamente na educação básica a fim de que os alunos consigam chegar à universidade com um nível pleno de letramento.

Diante dos resultados apresentados nesta pesquisa, sugere-se que novos estudos sejam desenvolvidos evidenciando aspectos aqui não contemplados, tal como a avaliação da escrita dos alunos, de forma que esse nível de ensino também seja uma possibilidade de se promover o letramento.

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  • Trabalho realizado na Universidade Tuiuti do Paraná - UTP - Curitiba (PR), Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2016

Histórico

  • Recebido
    12 Abr 2016
  • Aceito
    09 Maio 2016
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