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Estudos sobre ortografia no âmbito da dislexia: revisão de literatura

RESUMO

O objetivo deste estudo é revisar a literatura relacionada a pesquisas nacionais e internacionais sobre as dificuldades ortográficas enfrentadas por disléxicos e identificar as abordagens de intervenção na temática supracitada. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura que buscou responder à pergunta: Considerando o domínio da ortografia um dos desafios frequentemente enfrentados por disléxicos, como se caracterizam os estudos a respeito da relação entre dislexia e ortografia? A pesquisa foi realizada na plataforma PubMed e nas bases de dados Scopus e Portal de Periódicos da Capes. Para pesquisar os artigos, foram utilizados da forma combinada os descritores “dislexia” ou “dyslexia” e os termos livres “ortografia” ou “spelling”. Um aspecto deve ser destacado: alguns trabalhos apontam que as dificuldades no desempenho da escrita por disléxicos não são decorrentes, exclusivamente, de falhas no processamento fonológico - são também secundárias a alterações no processamento ortográfico. Um desafio enfrentado por disléxicos é reter as informações fonológicas para utilizar na escrita de novas formas ortográficas. Pesquisadores sugerem que as estratégias de intervenção contemplem atividades fonológicas, ortográficas e lexicais. Observa-se que poucos estudos analisaram as dificuldades que disléxicos apresentam para lidar com palavras novas, bem como escrever ortograficamente palavras frequentemente utilizadas em sua própria língua.

Descritores:
Dislexia; Escrita Manual; Aprendizagem

ABSTRACT

This paper aimed at reviewing the literature related to national and international research on spelling difficulties by dyslexics and identifying the intervention approaches performed with regard to this topic. An integrative review of the literature was carried out in order to answer the question: considering the domain of the orthography, one of the challenges frequently faced by dyslexics, how are studies on the relationship between dyslexia and spelling characterized? The research was carried out in PubMed platform, Scopus database and Portal de Periódicos CAPES/MEC. To search the articles, the following descriptors were used: "dislexia" or "dyslexia" with the free terms "ortografia" or "spelling". One aspect should be highlighted: some works indicate that difficulties in the spelling performance by dyslexics are not exclusively due to phonological processing failures - they are also secondary to alterations in orthographic processing. A challenge faced by dyslexics is to retain phonological information to use in writing new orthographic forms. Researchers suggest that intervention strategies include phonological, orthographic and lexical activities. It is observed that few studies have analyzed the difficulties that dyslexics face when dealing with new words, as well as writing, correctly, frequently used words in their own language.

Keywords:
Dyslexia; Handwriting; Learning

Introdução

Atualmente, verifica-se uma constante preocupação com relação às dificuldades do aprendizado da leitura e da escrita, no âmbito da saúde e da educação.

O aprendizado da escrita, por sua vez, pressupõe a compreensão de uma série de propriedades ou aspectos da língua escrita que fazem parte do sistema ortográfico11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.

2. Bigozzi L, Christian T, Pinto G, Gamannossi BA. Predicting dyslexia in a transparente orthography from grade 1 literacy skills: a prospective Cohort study. Read Writ Q. 2016;32(1):353-72.
-33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55.. Esse aprendizado engloba: diferenciar o traçado das letras, saber a que sons as letras correspondem, estabelecer correspondências quantitativas, identificar a posição da letra dentro da palavra, compreender que uma mesma letra pode representar vários sons, assim como um mesmo som pode ser representado por diversas letras. Portanto, escrever ortograficamente não é uma tarefa fácil33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55..

O conhecimento ortográfico refere-se ao entendimento de como as letras são combinadas para formar palavras, sendo adquirido por meio da exposição repetida, da aquisição da consciência fonológica e do conhecimento das regras para a formação do léxico mental ortográfico33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55.,44. Conrad NJ, Harris N, Williams J. Individual diferences in children's literacy developmental: the contribuition of orthographic knowledge. Read Writ. 2013;26(8):1223-39..

Os erros na escrita fazem parte do processo de aprendizagem infantil11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.,33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55.,55. Schiff R, Levie R. Spelling and morphology in dyslexia: a developmental study across the school years. Dyslexia. 2017;23(2):1-21.. Embora sejam progressivamente superados na medida em que as crianças compreendem com mais profundidade as características do sistema ortográfico que usam para escrever, a permanência de erros e os tipos de erros produzidos podem ser indicadores de transtornos de aprendizagem33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55..

A dislexia, como transtorno funcional de aprendizagem, é uma desordem neurológica caracterizada por uma dificuldade específica no aprendizado da leitura e nas habilidades da escrita, que não são secundárias de alterações cognitivas e/ou oportunidades educacionais formais66. Lyon GR, Shaywitz SE, Shaywitz BA. Defining dyslexia, comorbidity, teacher's knowledge of language and reading. Ann Dyslexia. 2003;53(1):1-14..

Pesquisadores ressaltam que, no caso da dislexia, o foco maior dos estudos tem sido nas dificuldades de leitura, com menor quantidade de pesquisas desenvolvidas sobre o processamento ortográfico em crianças disléxicas22. Bigozzi L, Christian T, Pinto G, Gamannossi BA. Predicting dyslexia in a transparente orthography from grade 1 literacy skills: a prospective Cohort study. Read Writ Q. 2016;32(1):353-72.,33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55.,55. Schiff R, Levie R. Spelling and morphology in dyslexia: a developmental study across the school years. Dyslexia. 2017;23(2):1-21.,77. Sanders EA, Berninger VW, Abbot RD. Sequential prediction of literacy achievement for specific learning disabilities contrasting in impaired levels of language in grade 4 to 9. J Learn Disabil. 2017;50(1):1-21.

8. Daigle D, Costerg A, Plisson A, Ruberto N, Varin J. Spelling errors in French-speaking children with dyslexia: phonology may not provide the best evidence. Dyslexia. 2016;22(2):137-57.
-99. Giannouli V, Pavlidis GT. What can spelling errors tell us about the causes and treatment of dyslexia? Nasen. Supp Learn. 2014;29(3):244-60., muito embora grafar corretamente as palavras seja um desafio para os disléxicos que pode vir a se estender até a vida adulta1010. Rothe J, Cornell S, Elena I, Schulte-Korne G. A comparison of orthograpic processing in children with and without reading and spelling disorder in a regular orthography. Read Writ. 2015;28(1):1307-32.. Em se tratando dos problemas de aprendizagem, o foco de investigação não deve ficar reduzido às características da leitura, necessitando estender-se à análise da escrita33. Zorzi JL. Processamento fonológico e ortográfico e suas implicações no diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. In: Pantano T, Zorzi JL (orgs). Neurociência aplicada à aprendizagem. São José dos Campos. 2009. p. 141-55.,1111. Suárez-Coalla P, Villanueva N, González-Pumariega S, González-Nosti M. Spelling difficulties in Spanish-speaking children with dyslexia. Infancia y Aprendizaje. 2016;39(2):275-311..

O objetivo deste estudo é revisar a literatura científica relacionada a pesquisas a respeito das dificuldades ortográficas enfrentadas por sujeitos disléxicos, bem como identificar as abordagens de intervenção na temática supracitada.

Métodos

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, baseada em pesquisas nacionais e internacionais, que buscou responder à seguinte pergunta: Considerando o domínio do sistema ortográfico um dos desafios mais frequentemente enfrentados por disléxicos, como se caracterizam os estudos realizados a respeito da relação entre dislexia e ortografia?

A pesquisa bibliográfica foi realizada na plataforma de busca PubMed e nas bases de dados Scopus e Portal de Periódicos da Capes. Para pesquisar os artigos, foram utilizados da forma combinada os descritores em ciências da saúde (DeCS) e medical subject headings (MESH): “dislexia” ou “dyslexia” e os termos livres “ortografia” ou “spelling”. Foram selecionados os artigos publicados nos últimos cinco anos por meio da busca avançada ou advanced search, excluindo livros. Para pesquisar os termos combinados foi selecionada a opção title/abstract na plataforma PubMed; title, abstract and keywords na base Scopus e assunto no Portal da Capes.

O desenvolvimento deste artigo de revisão de literatura é parte da tese de doutorado, em construção, intitulada “Dyslexic Sight Words” (DSW) e Intervenção Fonoaudiológica em Crianças com Dislexia”, do programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP/PE.

Nesta pesquisa foram incluídos artigos originais completos ou artigos de revisão, publicados nos últimos cinco anos, em Português ou Inglês, que respondiam à pergunta norteadora e que atendiam à temática estabelecida pelos descritores e termos livres.

Foram excluídos artigos repetidos, artigos de revisão bibliográfica sobre sintomas da dislexia; pesquisas sobre ortografia com sujeitos não-disléxicos; estudos de neuroimagem com disléxicos; artigos sobre leitura e dislexia, especificamente; pesquisas com sujeitos disléxicos sobre “spelling” com sentido de soletração, em vez de ortografia; artigos sobre funções neuropsicológicas/executivas e dislexia; estudos genéticos sobre dislexia e artigos sobre “dislexia adquirida” por acidentes vasculares cerebrais.

Revisão da Literatura

A análise dos dados foi constituída por etapas. Inicialmente, foram identificados todos os artigos obtidos a partir da combinação dos descritores e termos “dislexia” AND “ortografia” e “dyslexia” AND “spelling” e, em seguida, foi realizada a leitura de todos os resumos/abstracts. A partir disso, foi obtida a primeira etapa de exclusão, seguindo os critérios desta pesquisa.

Os artigos restantes foram separados para serem lidos na íntegra e os repetidos foram excluídos. Após a leitura completa, outros artigos foram excluídos por não apresentarem os critérios de inclusão estabelecidos inicialmente (Figura 1).

Figura 1:
Fluxograma contemplando o número de artigos encontrados e selecionados após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão

Os artigos selecionados foram organizados em ordem decrescente por ano de publicação e, após a leitura, foram relacionados os seguintes dados: autor(es) e ano de publicação, constituição da amostra e descrição do estudo (Figura 2).

Figura 2:
Descrição dos estudos selecionados

A busca de dados resultou um total de 454 artigos. Na plataforma PubMed, a partir da combinação dos termos, foram encontrados 136 artigos, na base Scopus foram encontrados 251 artigos e no portal de periódicos da Capes foram encontrados 67 artigos.

Considerando os critérios de inclusão e de exclusão adotados, 36 artigos foram analisados nesta revisão de literatura.

A distribuição do número de publicações consideradas neste trabalho sobre dyslexia e spelling e dislexia e ortografia no período de 2012 a 2017 (nesse último ano foi considerado o período de Janeiro a Abril) encontra-se na Figura 3.

Figura 3:
Distribuição do número de publicações consideradas neste trabalho sobre dyslexia e spelling e dislexia e ortografia no período de 2012 a 2017, por ano de publicação

Na etapa de busca dos artigos, mesmo com a delimitação dos termos livres e/ou descritores utilizados, ainda foram encontrados muitos trabalhos com foco em leitura e dislexia. Para fins de ilustração, foi realizada uma busca adicional dos termos dyslexia AND reading, dislexia AND leitura, dyslexia AND spelling e dislexia AND ortografia nos últimos dez anos, nas mesmas bases declaradas no início desta sessão. Na Figura 4 é possível verificar uma superioridade quanto ao número de publicações sobre dislexia e leitura, quando comparado ao número de publicações sobre dislexia e ortografia.

Figura 4:
Distribuição do número de publicações a respeito da combinação de dyslexia AND reading e dyslexia AND spelling nos últimos dez anos

As informações relativas à análise dos estudos selecionados para esta revisão estão apresentadas na Figura 2.

Dos artigos selecionados, foram contabilizadas duas publicações no ano de 2017, dezesseis para o ano de 2016, sete publicações no ano de 2015, quatro em 2014, cinco publicações em 2013 e duas em 2012. Nota-se um número reduzido de publicações em 2017, o que se justifica pelo fato de o período de busca dos artigos ter ocorrido nos meses de Março e Abril de 2017. Os artigos publicados em 2016 correspondem a 44,44% dos estudos selecionados. Há uma tendência de crescimento no número de publicações na temática “dislexia” e “ortografia”, como se observa, por exemplo, no intervalo de 2014 a 2016, da Figura 3.

Na dislexia, os prejuízos ortográficos costumam ser mais extensos e persistentes do que na leitura, o que pode ocorrer devido a dificuldades relacionadas ao processo de conversão fonológico-ortográfica e seu uso para a escrita correta das palavras11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.,88. Daigle D, Costerg A, Plisson A, Ruberto N, Varin J. Spelling errors in French-speaking children with dyslexia: phonology may not provide the best evidence. Dyslexia. 2016;22(2):137-57.. A análise dos erros ortográficos, cometidos por crianças, nos âmbitos educacional e clínico, pode vir a oferecer parâmetros para a identificação do que é esperado ou não, auxiliando a elaboração de planejamentos e intervenções de acordo com a especificidade das dificuldades1212. Duranovic M. Spelling errors of dyslexic children in Bosnian language with transparent orthography. J Learn Disabil. 2016;49(2):1-11..

Um estudo realizado com crianças disléxicas bosnianas1212. Duranovic M. Spelling errors of dyslexic children in Bosnian language with transparent orthography. J Learn Disabil. 2016;49(2):1-11. corroborou a hipótese de deficit fonológico66. Lyon GR, Shaywitz SE, Shaywitz BA. Defining dyslexia, comorbidity, teacher's knowledge of language and reading. Ann Dyslexia. 2003;53(1):1-14. para explicar a alta frequência de erros na escrita de crianças com dislexia, diferentemente de resultados obtidos em uma pesquisa com língua grega1313. Protopapas A, Fakou A, Drakopoulou S, Skaloumbakas C, Mouzaki A. What do spelling errors tell us? Classification and analysis of errors made by Greek schoolchildren with and without dyslexia. Read Writ. 2013;26(5):615-46., de ortografia transparente (maior regularidade fonema-grafema). Estudos sugerem que diferentes estruturas de linguagem produzem diferentes tipos de erros e que em línguas que possuem uma ortografia mais transparente há uma ocorrência menor de erros99. Giannouli V, Pavlidis GT. What can spelling errors tell us about the causes and treatment of dyslexia? Nasen. Supp Learn. 2014;29(3):244-60.. No grego há menos da metade de sílabas quando comparado ao inglês (sistema ortográfico opaco - relação irregular fonema-grafema)1313. Protopapas A, Fakou A, Drakopoulou S, Skaloumbakas C, Mouzaki A. What do spelling errors tell us? Classification and analysis of errors made by Greek schoolchildren with and without dyslexia. Read Writ. 2013;26(5):615-46..

Compreende-se como transparência ortográfica a correspondência de um fonema a um único grafema e vice-versa; já a opacidade ortográfica é caracterizada pela irregularidade com que um grafema pode corresponder a mais de um fonema e com fonemas que correspondem a vários grafemas. Essa característica mais opaca da língua pode gerar algumas dificuldades na aprendizagem da linguagem escrita22. Bigozzi L, Christian T, Pinto G, Gamannossi BA. Predicting dyslexia in a transparente orthography from grade 1 literacy skills: a prospective Cohort study. Read Writ Q. 2016;32(1):353-72..

Uma pesquisa com crianças brasileiras11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31. analisou o desempenho ortográfico de crianças com dislexia e crianças com dislexia e TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção e/ou Hiperatividade) por meio de um ditado de palavras. Os autores sugerem que o ditado utilizado com palavras balanceadas pode ser útil para a formação de um banco de palavras a ser utilizado em pesquisas futuras.

Em algumas pesquisas11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.,1414. Hiscox L, Leonaviciute E, Trevor H. The effects of automatic spelling correction software on understanding and comprehension in compensated dyslexia: improved recall following dictation. Dyslexia. 2014;20(3):208-24. foi estudada a relação entre memória de trabalho ou operacional e desempenho ortográfico em crianças com dislexia. O sistema da escrita é um processo complexo que envolve funções distintas, integradas por meio das habilidades de memória operacional. Disléxicos apresentam deficit na memória de trabalho que interfere diretamente no desempenho das atividades de escrita1414. Hiscox L, Leonaviciute E, Trevor H. The effects of automatic spelling correction software on understanding and comprehension in compensated dyslexia: improved recall following dictation. Dyslexia. 2014;20(3):208-24..

É comum a ocorrência de histórico de distúrbios da linguagem oral em crianças com dislexia66. Lyon GR, Shaywitz SE, Shaywitz BA. Defining dyslexia, comorbidity, teacher's knowledge of language and reading. Ann Dyslexia. 2003;53(1):1-14.. O desempenho ortográfico foi investigado em um estudo com crianças italianas disléxicas1515. Angelelli P, Marinelli CV, Iaia M, Putzolu A, Gasperini F, Brizzolara D et al. Spelling impairments in Italian dyslexic children with and without a history of early language delay. Are there any differences? Front Psychol. 2016 ;7(1):1-13. com e sem histórico de atraso na aquisição da linguagem oral. Os resultados foram coerentes com a hipótese de que as crianças disléxicas com histórico de distúrbio na linguagem oral apresentam deficit ortográfico mais severo. A relação entre fluência na leitura e desempenho ortográfico foi foco de investigação em um estudo americano1616. McCarthy JH, Hogan T, Catts HW. Is weak oral language associated with poor spelling in school-age children with specific language impairment, dyslexia or both? Special Education and Communication Disorders Faculty Publications. Clin Linguist Phon. 2012;26(9):791-805. que avaliou crianças com distúrbio de linguagem, crianças com dislexia e crianças com distúrbio de linguagem e dislexia. Concluiu-se que o histórico de distúrbio de linguagem não é causa de baixo desempenho ortográfico, e que as crianças que apresentaram maiores prejuízos ortográficos tinham deficit de leitura.

A aquisição de uma segunda língua (L2), inglês, por disléxicos foi investigada por alguns estudos1717. Palladino P, Cismondo D, Ferrari M, Ballagamba I, Cornoldi C. L2 spelling errors in Italian children with dyslexia. Dyslexia. 2016;22(2):158-72.,1818. Lockiewicz M, Jaskulska M. Difficulties of Polish students with dyslexia in reading and spelling in English as L2. Learn Individ Differ. 2016;51(1):256-64. que avaliaram o desempenho ortográfico e tipos de erros mais frequentes. Em ambos os estudos, os erros mais frequentes dos sujeitos disléxicos foram os de natureza fonológica.

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem que afeta o reconhecimento das palavras na leitura, na soletração e na escrita, resultante de um deficit no processamento fonológico1919. Sumner E, Connelly V, Barnett AL. The influence of spelling ability on vocabular choices when writing for children with dyslexia. J Learn Disabil. 2016;49(3):293-304.. O deficit fonológico prejudica o aprendizado do princípio alfabético da língua, mais especificamente as correspondências fonema-grafema2020. Ruberto N, Daigle D, Ahlem A. The spelling strategies of Francofone dyslexics students. Read Writ. 2016;29(4):659-81.. Em algumas línguas, como o francês, essa correspondência constitui-se em aspecto básico para o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita.

Crianças disléxicas são mais lentas na habilidade de soletração quando comparadas a crianças sem dificuldades específicas de aprendizagem1919. Sumner E, Connelly V, Barnett AL. The influence of spelling ability on vocabular choices when writing for children with dyslexia. J Learn Disabil. 2016;49(3):293-304.,2121. Plisson A, Daigle D, Montesinos-Gelet I. The spelling skills of French-speaking dyslexic children. Dyslexia. 2013;19(2):76-91.. Em um estudo realizado com crianças francesas com dislexia e sem dislexia1919. Sumner E, Connelly V, Barnett AL. The influence of spelling ability on vocabular choices when writing for children with dyslexia. J Learn Disabil. 2016;49(3):293-304., foram analisadas as habilidades de soletração por meio de uma tarefa de ditado de palavras. A estratégia fonológica foi comum aos grupos, embora não tenha garantido que as crianças soletrassem todas as palavras corretamente. A estratégia visuo-ortográfica (memorização visual da palavra) só foi observada em crianças sem dislexia. Os pesquisadores destacam a importância de se utilizar a estratégia visuo-ortográfica em programas interventivos para promover a aquisição de palavras novas por crianças.

Pesquisadores têm destacado que, além da dificuldade de decodificação fonológica, aprender a ler palavras novas tem sido um desafio para crianças com dislexia, em especial, as “sight words”, que na língua inglesa são palavras comuns que a criança vai vivenciando nos materiais escritos ao longo do processo escolar2222. Wang HC, Nickels L, Castles A. Orthograpic learning in developmental surface and phonological dyslexia. Cognitive Neuropsych. 2015;32(2):2-22..

Dificuldades ortográficas têm sido frequentemente observadas em crianças com dislexia11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.,22. Bigozzi L, Christian T, Pinto G, Gamannossi BA. Predicting dyslexia in a transparente orthography from grade 1 literacy skills: a prospective Cohort study. Read Writ Q. 2016;32(1):353-72.,77. Sanders EA, Berninger VW, Abbot RD. Sequential prediction of literacy achievement for specific learning disabilities contrasting in impaired levels of language in grade 4 to 9. J Learn Disabil. 2017;50(1):1-21.

8. Daigle D, Costerg A, Plisson A, Ruberto N, Varin J. Spelling errors in French-speaking children with dyslexia: phonology may not provide the best evidence. Dyslexia. 2016;22(2):137-57.
-99. Giannouli V, Pavlidis GT. What can spelling errors tell us about the causes and treatment of dyslexia? Nasen. Supp Learn. 2014;29(3):244-60.,2020. Ruberto N, Daigle D, Ahlem A. The spelling strategies of Francofone dyslexics students. Read Writ. 2016;29(4):659-81.,2222. Wang HC, Nickels L, Castles A. Orthograpic learning in developmental surface and phonological dyslexia. Cognitive Neuropsych. 2015;32(2):2-22. e persistem até a vida adulta1414. Hiscox L, Leonaviciute E, Trevor H. The effects of automatic spelling correction software on understanding and comprehension in compensated dyslexia: improved recall following dictation. Dyslexia. 2014;20(3):208-24.,2323. Afonso O, Suárez-Coalla P, Cuetos F. Spelling impairments in Spanish dyslexic adults. Front Psychol. 2015;6(1):1-10.

24. Berget G, Sandnes FE. Do autocomplete functions reduce the impact of dyslexia on information-searching behavior? The case of google. J Assoc Inf Sci Tech. 2016;67(10):2320-8.

25. Ostberg P, Backlund C, Lindstrom E. Convergent and diagnostic validity of STAVUX, a word and pseudoword spelling test for adults. Logoped Phoniatr Vocol. 2016;41(3):124-8.

26. Tops W, Callens MD, Bijn E, Brysbaert M. Spelling in adolescentes with dyslexia: errors and models of assessment. J Learn Disabil. 2014;47(4):295-306.
-2727. Tops W, Callens M, Desoete A, Stevens M, Brysbaert M. Metacognition for spelling in higher education students with dyslexia: is there evidence for the dual burden hypothesis. Plos One. 2014;9(9):1-7..

Para alguns estudiosos11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.,22. Bigozzi L, Christian T, Pinto G, Gamannossi BA. Predicting dyslexia in a transparente orthography from grade 1 literacy skills: a prospective Cohort study. Read Writ Q. 2016;32(1):353-72.,99. Giannouli V, Pavlidis GT. What can spelling errors tell us about the causes and treatment of dyslexia? Nasen. Supp Learn. 2014;29(3):244-60.,1515. Angelelli P, Marinelli CV, Iaia M, Putzolu A, Gasperini F, Brizzolara D et al. Spelling impairments in Italian dyslexic children with and without a history of early language delay. Are there any differences? Front Psychol. 2016 ;7(1):1-13.,1717. Palladino P, Cismondo D, Ferrari M, Ballagamba I, Cornoldi C. L2 spelling errors in Italian children with dyslexia. Dyslexia. 2016;22(2):158-72. os erros cometidos por escolares com dislexia são passíveis de serem classificados em categorias. Nos resultados de uma pesquisa brasileira11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31. foi apresentado que os escolares com dislexia e com dislexia e transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tiveram um pior desempenho na escrita de palavras, quando comparados a crianças sem transtornos de aprendizagem, cometendo erros de ortografia arbitrária, que estão diretamente relacionados com a memória visual, conhecimento de regras ortográficas, léxico e morfologia.

O tipo de erro correspondência fonema-grafema dependente do contexto fonético/posição compõe uma categoria de alta frequência em crianças brasileiras com dislexia e em crianças com dislexia e TDAH11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31.. Esses erros são observados na escrita de palavras irregulares da língua portuguesa, como por exemplo: feliz por felis, dança por dansa, visual por vizual, xícara por chícara, garrafa por garafa, longe por lonje, trouxe por trousse, colégio por coléjio, faixa por faicha, macarrão por macarão, lixo por licho, entre outras.

Pesquisadores investigaram o desempenho ortográfico de crianças espanholas disléxicas1111. Suárez-Coalla P, Villanueva N, González-Pumariega S, González-Nosti M. Spelling difficulties in Spanish-speaking children with dyslexia. Infancia y Aprendizaje. 2016;39(2):275-311. e destacaram que as dificuldades mais relevantes em disléxicos estão relacionadas às regras ortográficas, escrita de palavras irregulares e habilidade na conversão grafema-fonema (vaso (copo) por baso, hueco (oco) por ueco, chaqueta (jaqueta) por chaceta).

Os erros de natureza fonológica também foram os mais frequentemente observados em uma pesquisa com crianças bosnianas disléxicas1212. Duranovic M. Spelling errors of dyslexic children in Bosnian language with transparent orthography. J Learn Disabil. 2016;49(2):1-11.. Os erros fonológicos são decorrentes da substituição de letras com pronúncias semelhantes (biti por piti, slab por slap, zima por sima).

Em um estudo realizado com crianças francesas disléxicas e não-disléxicas88. Daigle D, Costerg A, Plisson A, Ruberto N, Varin J. Spelling errors in French-speaking children with dyslexia: phonology may not provide the best evidence. Dyslexia. 2016;22(2):137-57., os resultados apresentados destacam que todos os grupos de crianças cometeram erros do tipo não-fonológicos, como por exemplo: vert (verde) por verre (copo). Em outra pesquisa francesa1515. Angelelli P, Marinelli CV, Iaia M, Putzolu A, Gasperini F, Brizzolara D et al. Spelling impairments in Italian dyslexic children with and without a history of early language delay. Are there any differences? Front Psychol. 2016 ;7(1):1-13., os erros ortográficos das crianças disléxicas foram classificados de acordo com a natureza, sendo os fonológicos os mais frequentes, como por exemplo: quota por cuota e febbre por febre.

O tipo de erro ausência ou presença inadequada de acentuação também foi frequente em crianças disléxicas brasileiras11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31., o que é esperado, pois relaciona-se a regras ortográficas consideradas complexas, como noção de divisão silábica e tonicidade das palavras.

Em uma pesquisa com estudantes de graduação com dislexia e sem dislexia, foi apontado que a ocorrência de um número maior de erros ortográficos cometidos por disléxicos não é pelo fato de eles apresentarem menos consciência de suas dificuldades, e sim, devido ao próprio comprometimento linguístico2727. Tops W, Callens M, Desoete A, Stevens M, Brysbaert M. Metacognition for spelling in higher education students with dyslexia: is there evidence for the dual burden hypothesis. Plos One. 2014;9(9):1-7..

Pesquisas sobre distúrbios de aprendizagem, em especial, a dislexia têm tido como foco estudar as dificuldades na aquisição da correspondência entre fonema-grafema1212. Duranovic M. Spelling errors of dyslexic children in Bosnian language with transparent orthography. J Learn Disabil. 2016;49(2):1-11.,1818. Lockiewicz M, Jaskulska M. Difficulties of Polish students with dyslexia in reading and spelling in English as L2. Learn Individ Differ. 2016;51(1):256-64.,2222. Wang HC, Nickels L, Castles A. Orthograpic learning in developmental surface and phonological dyslexia. Cognitive Neuropsych. 2015;32(2):2-22.,2828. Breadmore HL, Carroll JM. Morphological spelling in spite of phonological deficits: evidence from children with dyslexia and otitis media. Appl. Psycholinguis. 2016;37(6):1439-60.

29. Tilanus EAT, Segers E, Verhoeven L. Responsiveness to intervention in chidren with dyslexia. Dyslexia. 2016;22(3):214-32.
-3030. Roy P, Shergold Z, Kyle FE, Herman R. Spelling in oral deaf and hearing dyslexic children: a comparison of phonologically plausible erros. Res. Dev. Disabil. 2015;36(1):277-90.. A intervenção fônica tem sido um meio de estimular habilidades fonológicas de modo precoce em crianças com dislexia2929. Tilanus EAT, Segers E, Verhoeven L. Responsiveness to intervention in chidren with dyslexia. Dyslexia. 2016;22(3):214-32. e com crianças que desde cedo apresentam perfil de aprendizagem com características da dislexia ou de outros transtornos funcionais de aprendizagem44. Conrad NJ, Harris N, Williams J. Individual diferences in children's literacy developmental: the contribuition of orthographic knowledge. Read Writ. 2013;26(8):1223-39..

Em um estudo3131. Re AM, Cornoldi C. Spelling errors in text copying by children with dyslexia and ADHD symptoms. J Learn Disabil. 2015;48(1):73-82. foi comparado o desempenho ortográfico de crianças com dislexia e crianças com TDAH. Nos resultados foi sugerido que os programas interventivos sejam distintos devido à especificidade de cada grupo. Crianças com dislexia cometeram menos erros de cópia quando comparadas às crianças com TDAH.

Pesquisadores11. Alves DC, Casella EB, Ferraro AA. Spelling performance of students with developmental dyslexia and with developmental dyslexia associated to attention deficit disorder and hyperactivity. CoDas. 2016;28(2):123-31. ressaltam que as intervenções a respeito da ortografia devem garantir uma abordagem mais sistemática de ensino da relação fonema-grafema e, posteriormente, das regras ortográficas, tanto para os escolares sem queixa de aprendizagem quanto para os escolares com transtornos de aprendizagem. Os pesquisadores apontam uma falha grande no ensino formal dos aspectos supracitados.

Um estudo realizado com crianças holandesas2929. Tilanus EAT, Segers E, Verhoeven L. Responsiveness to intervention in chidren with dyslexia. Dyslexia. 2016;22(3):214-32. propôs um programa de intervenção fônica baseado em atividades de soletração associadas a cartelas com imagens relacionadas ao fonema. Nos resultados apresentados no estudo, observa-se que o programa de intervenção contribuiu para melhorar os níveis de desempenho das crianças disléxicas, no que diz respeito à leitura, à soletração e ao reconhecimento da relação grafema-fonema. Atividades de memória operacional associadas à leitura e escrita foram sugeridas para serem introduzidas no processo de intervenção nas dificuldades ortográficas de crianças disléxicas77. Sanders EA, Berninger VW, Abbot RD. Sequential prediction of literacy achievement for specific learning disabilities contrasting in impaired levels of language in grade 4 to 9. J Learn Disabil. 2017;50(1):1-21.. Disléxicos hebraicos foram submetidos a um processo de intervenção ortográfica por meio de atividades que envolveram a análise morfológica das palavras55. Schiff R, Levie R. Spelling and morphology in dyslexia: a developmental study across the school years. Dyslexia. 2017;23(2):1-21..

O uso das tecnologias da comunicação e da informação (TIC), tais como softwares que disponibilizam correção automática de ortografia, ferramentas para avaliação de leitura e compreensão de textos e e-readers, tem auxiliado a intervenção de crianças com dislexia1414. Hiscox L, Leonaviciute E, Trevor H. The effects of automatic spelling correction software on understanding and comprehension in compensated dyslexia: improved recall following dictation. Dyslexia. 2014;20(3):208-24.,2525. Ostberg P, Backlund C, Lindstrom E. Convergent and diagnostic validity of STAVUX, a word and pseudoword spelling test for adults. Logoped Phoniatr Vocol. 2016;41(3):124-8.,3232. Cidrim L, Madeiro F. Information and Communication Technology (ICT) applied to dyslexia: literature review. Rev CEFAC. 2017;19(1):99-108.

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Pesquisas testaram crianças com e sem dislexia ao realizarem tarefas ortográficas3737. Binamé F, Danzio S, Poncelet M. Relative ease in creating detailed orthographic representations contrasted with severe difficulties to maintain them in long-term memory among dyslexic children. Dyslexia. 2015;21(4):361-70.

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-4040. Serrano F, Delfior S. Spanish dyslexic spelling abilities: the case of consonant clusters. J Read Res. 2012;35(2):169-82.. Foi sugerido que as atividades de avaliação de crianças com dislexia sejam o mais diversificadas possível em virtude de elas apresentarem, com frequência, resistência às tarefas mais formais de leitura e escrita, o que se justifica pelas suas próprias dificuldades de aprendizagem4040. Serrano F, Delfior S. Spanish dyslexic spelling abilities: the case of consonant clusters. J Read Res. 2012;35(2):169-82..

Conclusões

Este estudo analisou publicações nacionais e internacionais sobre a ortografia no âmbito da dislexia. Observou-se que alguns trabalhos na literatura destacam que as dificuldades no desempenho da linguagem escrita de crianças com dislexia não são decorrentes, exclusivamente, de falhas no processamento fonológico, sendo também secundárias a alterações no processamento ortográfico. Pesquisadores sugerem que além de atividades fonológicas, as estratégias de intervenção contemplem atividades ortográficas e lexicais. Poucos estudos analisaram as dificuldades que crianças disléxicas apresentam para lidar com palavras novas nos materiais escritos, bem como escrever ortograficamente palavras frequentemente utilizadas na sua própria língua.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de apoio financeiro à primeira autora.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2017

Histórico

  • Recebido
    06 Jul 2017
  • Aceito
    06 Out 2017
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