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Conhecimento de professores sobre a Fonoaudiologia Educacional e sobre a relevância da comunicação para a aprendizagem

RESUMO

Objetivo:

investigar o conhecimento de professores sobre a Fonoaudiologia Educacional e sobre a importância das habilidades auditivas e linguísticas para aprendizagem, comparando as respostas dos docentes entre escola pública e privada.

Métodos:

estudo exploratório de abordagem mista, quantitativa e qualitativa, realizado com 25 professores que lecionam na Educação Infantil e Ensino Fundamental I. A coleta de dados foi realizada mediante um questionário composto por 19 perguntas fechadas, que exploraram a relação entre linguagem, audição e aprendizagem e 01 pergunta aberta, que abordou o conhecimento sobre a Fonoaudiologia Educacional. Os dados quantitativos foram analisados por meio de análises estatísticas descritivas e inferenciais e os qualitativos por meio de análise de conteúdo na modalidade temática.

Resultados:

os professores reconhecem, de modo geral, a importância da audição e linguagem para a aprendizagem, embora não se sintam preparados para lidar com isso na escola e não possuam conhecimentos mais específicos sobre o processamento auditivo. Os resultados obtidos na pergunta aberta também revelaram um conhecimento limitado sobre a Fonoaudiologia Educacional e a principal fonte de conhecimento foi a experiência prévia de alguns professores com trabalho do fonoaudiólogo inserido no contexto educacional. Não foram observadas diferenças importantes entre as repostas dos docentes de escolas pública e privada.

Conclusão:

os conhecimentos dos professores acerca da Fonoaudiologia Educacional e da importância da audição e linguagem para a aprendizagem ainda são limitados, sendo necessários maiores investimentos em formações nesta área.

Descritores:
Aprendizagem; Linguagem; Audição; Educação

ABSTRACT

Purpose:

to investigate the teachers’ knowledge on educational speech-language-hearing pathology and the importance of auditory and linguistic skills to learning, comparing the answers of public-school teachers with those of private ones.

Methods:

an exploratory study with a mixed quantitative and qualitative approach, conducted with 25 teachers working in kindergarten and elementary school. Data were collected with a questionnaire comprising 19 closed-ended questions (which dealt with the relationship between language, hearing, and learning) and one open-ended question (which approached their knowledge on educational speech-language-hearing pathology. The quantitative data were analyzed with descriptive and inferential statistical analyses, and the qualitative ones, with theme modality content analysis.

Results:

in general, the teachers recognize the importance of hearing and language to learning, although they do not feel prepared to deal with it at school, neither do they have more specific knowledge of auditory processing. The results obtained in the open-ended question revealed an also limited knowledge on educational speech-language-hearing pathology. In this sense, their greatest source of information was some teachers’ previous experience with the work of a speech-language-hearing pathologist within the educational setting. No important differences were observed between the answers given by public school teachers and those by private ones.

Conclusion:

the teachers’ knowledge on educational speech-language-hearing pathology and the importance of hearing and language to learning is still limited, which requires more investment in the training in this field.

Keywords:
Learning; Language; Audiology; Education

Introdução

A responsabilidade de educar, muitas vezes, recai apenas para a escola, especialmente sobre o professor11. Glover A, McCormack J, Smith-Tamaray M. Collaboration between teachers and speech and language therapists: Services for primary school children with speech, language and communication needs. Child Language Teaching and Therapy. 2015;31(3):363-82.. Entretanto, o ato de educar compete a todas as instituições sociais, das áreas de saúde e educação, comprometidas com o desenvolvimento infantil22. BRASIL. Portaria n° 1.130. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2015.. A Fonoaudiologia, por exemplo, possui conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento auditivo, a aquisição da linguagem, dentre outros, apresentando pontos de interface com a Educação.

A Fonoaudiologia Educacional foi reconhecida como especialidade no Brasil em 201033. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução N° 387/2010. Dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional reconhecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, alterar a redação do artigo 1o da Resolução CFFa no 382/2010, e dá outras providências., sendo uma atuação extensa e de grande importância, abrangendo desde o ensino infantil até a educação de adultos44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7.. A atuação fonoaudiológica, na escola, não deve ter relação com a prática clínica; entretanto, a participação do fonoaudiólogo permite que os profissionais estejam atentos e preparados para identificar, o mais precocemente, diferentes alterações55. Reis TG, Dias RF, Boscolo CC. Conhecimento de professores sobre processamento auditivo central pré e pós-oficina fonoaudiológica. Rev. Psicopedag. 2018;35(107):129-41..

Tendo em vista que os anos iniciais de vida da criança são de suma importância para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades auditivas44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7., é importante que o professor conheça sobre o desenvolvimento dos aspectos relacionados à comunicação para que seja um facilitador desse processo. Nesse período ocorre o auge da plasticidade neuronal e da maturação do sistema auditivo central66. Sobreira ACO, Capo BM, Santos TS, Gil D. Speech and language development in hearing impairment: two- case report. Rev. CEFAC. 2015;17(1):308-17.. Além disso, com a aquisição da linguagem, a criança começa a acessar o sistema simbólico de significados, recurso que permite que a experiência seja transformada em conhecimento.

De acordo com o Plano Nacional de Alfabetização77. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização (PNA). - Brasília: MEC, SEALF, 2019. é importante que a criança esteja alfabetizada até o final do 3° ano do ensino fundamental para que sua trajetória escolar não seja comprometida. Todavia, para se alfabetizar é importante que, além de outros aspectos, os mecanismos de percepções visual e auditiva sejam estimulados88. Zorzi J. Programs for the development of cognitive and linguistic skills involved in literacy and spelling: methodological proposal. Rev. Psicopedag. 2018;35(108):340-7., mas nem sempre o professor possui o conhecimento e consegue obter os recursos necessários para tal desenvolvimento. Para tanto, a atuação do fonoaudiólogo no âmbito educacional pode acontecer em conjunto com a equipe pedagógica, a fim de traçar estratégias que favoreçam a aprendizagem, assim como aprimorar os padrões de leitura e escrita44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7.)- (99. Moura TFOR. Visão de professores e equipe de saúde sobre a atuação da fonoaudiologia na educação infantil [Dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas; 2016..

Pesquisa recente, realizada com o objetivo de mapear a atuação dos fonoaudiólogos educacionais no Brasil44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7., destaca que a maioriados fonoaudiólogos educacionais atuam na educação infantil e ensino fundamental I, o que pode ser justificado pela preocupação com os primeiros anos de vida escolar e tendo em vista o importante papel de uma boa estimulação na fase inicial da vida (até os seis anos de idade) para as aquisições futuras da criança. A atuação multidisciplinar entre fonoaudiólogos e professores é, pois, responsável por contribuir não apenas para o benefício individual da criança, mas para toda a comunidade escolar.

Todavia, é possível que, em função do lapso histórico de investimentos da Fonoaudiologia na área de educação, os professores desconheçam completamente ou parcialmente o real papel da Fonoaudiologia Educacional. Com base no exposto, o presente estudo teve como objetivo investigar o conhecimento de professores sobre a Fonoaudiologia Educacional e sobre a importância das habilidades auditivas e linguísticas para aprendizagem, comparando as respostas dos docentes de escolas pública e privada.

Métodos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil, sob o parecer:2.776.568, no ano de 2018. Trata-se de um estudo exploratório de abordagem mista, quantitativa e qualitativa. As escolas participantes foram escolhidas por conveniência. Como critério de inclusão os professores deveriam estar em regência na Rede de Educação Municipal ou na Rede Privada da cidade Recife - PE, Brasil, lecionando na Educação Infantil e Ensino Fundamental I e deveriam manifestar o consentimento formal para participar do estudo. Um total de 25 professores participaram do estudo, sendo 15 da Rede Municipal e 10da Rede Privada. A coleta aconteceu entre os meses de setembro-outubro, do ano de 2018. A cidade do Recife não possui Fonoaudiólogos lotados na Secretaria Municipal de Educação e a inserção deste especialista nas escolas particulares ainda é restrita, sendo válido ressaltar que as escolas que participaram do estudo não possuíam o profissional em seu quadro de funcionários.

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário, balizado durante o curso de formação continuada de professores e coordenadores da Rede Municipal de Ensino do Recife. O questionário é composto por 19 perguntas fechadas, sendo que três tratam do perfil de formação acadêmica dos professores e as outras 16 abordam a relação entre linguagem, audição e aprendizagem. Além dessas, também havia uma pergunta aberta que indagava: Já ouviu falar sobre Fonoaudiologia Educacional? O que sabe a respeito?

As entrevistas foram realizadas individualmente, nas dependências da própria escola, após esclarecimentos quanto ao sigilo das informações, realização e relevância da pesquisa. O tempo máximo utilizado para cada entrevista foi de 30 minutos. Os resultados relativos ao perfil da amostra e às respostas das perguntas fechadas do questionário foram tabulados, categorizados e apresentados por meio de estatística descritiva (frequência absoluta). A fim de comparar as repostas entre docentes das escolas pública e particular, foi aplicado o teste o Qui Quadrado, considerando o intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de (p<.05). Para a pergunta aberta, foi realizada uma análise de conteúdo na modalidade temática proposta por Bardin1010. Bardin L. Análise de conteúdo. 3ª reimp. da 1ª ed. São Paulo: Edições 70, 2016..

Resultados

A Tabela 1 apresenta o perfil dos professores participantes do estudo no que se refere a idade, tipo de pós-graduação e tempo de formação.

Tabela 1:
Perfil de formação acadêmica dos professores entrevistados. Recife, PE, Brasil, 2018

Como é possível observar, a maioria dos professores tinha idade acima de 40 anos (68%), com tempo de formação superior a 5 anos. Diante de tais aspectos, pode-se inferir que esta é uma amostra com experiência de ensino. Em relação à pós-graduação, evidencia-se que a especialização é a escolha predominante.

A seguir, a Tabela 2, apresenta os resultados das respostas dos professores ao questionário fechado, sendo válido salientar que, a título de descrição e comparação dos resultados, na distribuição das respostas é possível observar a diferença entre as respostas dos professores da rede pública e privada de ensino.

Tabela 2:
Distribuição das respostas dos professores ao questionário. Recife, PE, Brasil, 2018

De modo geral, não houve diferenças significativas entre as respostas dos professores das escolas públicas e privadas, exceto na questão 07. Essa questão requer um maior conhecimento técnico a respeito do funcionamento do sistema nervoso central, sendo perceptível, assim, diferença significativa entre as respostas (p<0,05), uma vez que nenhum professor da rede privada respondeu não.

É possível perceber, nas respostas às questões 1, 9,13 e 14, que, de modo geral, indagam sobre a importância dos conhecimentos nas áreas da audição, linguagem e aprendizagem, assim como sobre a importância de o professor estar instrumentalizado para identificar problemas nestes aspectos, que todos os professores (100%) responderam SIM, reconhecendo a importância desses conhecimentos para a sua atuação. Ainda sobre este aspecto, as perguntas 15 e 16 também abordam a questão da importância de o professor estar preparado para lidar com esses aspectos e apenas dois professores (sendo um da escola pública e um da escola privada) responderam negativamente. Com base nessas respostas pode-se afirmar que os professores reconhecem a importância da temática para a sua atuação.

Outras questões que precisam ser destacadas são as questões 10 e 11. Na questão 10, a maioria dos professores (96%) de ambas as escolas afirma que costuma observar e registrar os aspectos da fala e linguagem dos alunos, no entanto, na pergunta 11, a maioria (56%) afirma que não se sente preparada para realizar tal atividade. Algumas perguntas mais específicas sobre o processamento auditivo (questões 2, 3, 4, 5, 6 e 8) revelam uma diversidade de respostas entre o SIM e o NÃO, demonstrando que os professores não têm um conhecimento aprofundado acerca da temática. Por fim, a questão 12 revela que a maioria (72%) dos professores costuma encaminhar para um especialista (em geral na área da saúde) aquelas crianças que apresentam problemas de fala ou linguagem.

Na Tabela3, por sua vez, pode-se verificar quais as patologias relacionadas à linguagem que os professores mais observam em sala de aula, assim como a frequência em que encontram e a relação com o desenvolvimento da leitura e escrita.

Tabela 3:
Frequência dos transtornos da linguagem observadas em sala de aula e relação com a aprendizagem. Recife, PE, Brasil, 2018

A partir da Tabela 3 constata-se que os transtornos fonéticos/fonológicos são os mais observados em sala de aula, seguido de gagueira e os atrasos de linguagem. Para os professores entrevistados, os transtornos fonéticos/ fonológicos são os que mais estão relacionados com os problemas de aprendizagem da leitura/escrita.

A análise de conteúdo das respostas dos professores à pergunta aberta revelou cinco categorias temáticas que demonstram o conhecimento dos mesmos acerca da Fonoaudiologia Educacional: 1) Professores que acreditam que conhecem a atuação do Fonoaudiólogo Educacional; 2) Professores que admitem conhecer pouco ou parcialmente a atuação do Fonoaudiólogo Educacional; 3) Professores que conhecem e/ou já tiveram experiência com a atuação do Fonoaudiólogo Educacional; 4) Professores que não conhecem a Fonoaudiologia Educacional; 5) Professores que já tiveram experiência com a Fonoaudiologia Clínica e confundem-na com a Fonoaudiologia Educacional. Sendo válido ressaltar que os professores P1 a P15 são da escola pública e do P16 a P25 são de escolas privadas.

Professores que acreditam que conhecem a atuação do fonoaudiólogo educacional

Alguns professores, como P1, acreditam conhecer a atuação do Fonoaudiólogo Educacional, no entanto, suas respostas revelaram uma visão muito geral e que não corresponde à especialidade, abrangendo diferentes áreas da Fonoaudiologia. É bastante perceptível, também, que os professores apontam constantemente conhecer a atuação do fonoaudiólogo para um grupo específico, seja para professores ou para os alunos, como indica P19. Sendo notório que P19 reconhece, ainda, a importância de um acompanhamento fonoaudiológico para uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

P1 “É aquele trabalho voltado para professor e estudante... em relação à fala, voz, audição, calos nas cordas vocais. Tem relação também com a aprendizagem e suas dificuldades, né?”

P19 “Conheço sim, sei que é o trabalho com crianças com dificuldades na fala, problemas de leitura também. Na verdade, eu sei que existe um trabalho com crianças especiais. Aqui na escola, por exemplo, temos uma criança com autismo, para ele seria interessante uma fono para acompanhá-lo”.

Professores que admitem conhecer pouco ou parcialmente a atuação do fonoaudiólogo educacional

Nota-se que os professores agrupados nesta categoria são majoritariamente da Rede Municipal de Ensino e referem não conhecer totalmente a prática do Fonoaudiólogo Educacional, contudo, arriscam-se em apontar características que correspondem ao campo de trabalho dos fonoaudiólogos. É bastante frequente a relação com os aspectos vocais, como indica P2, P7 e P21, por ser um dos principais instrumentos dos professores em sala de aula. Além disso, a relação do trabalho fonoaudiológico com a educação inclusiva também é frequente, presente nas falas de P7, P8 e P17. Por sua vez, P17 indica que por atuar em escola pequena, de bairro, o acesso a fonoaudiólogos é bastante complicado e isso contribui para seu desconhecimento sobre esta atuação. Por outro lado, o recorte da fala de P16 indica que o seu conhecimento é decorrente de suas pesquisas e que em sua prática profissional não teve muito contato com esta atuação

P2 “Não tenho muita informação não. O que sei a respeito é muito pouco, muito pouco mesmo, mas deve ser algo relacionado à prevenção, cuidado com a voz, né? Já que é nossa ferramenta de trabalho”.

P6 “Nunca ouvi falar sobre, mas acredito que seja voltado para a melhoria do aluno em sala de aula….“Ah! “Acho que também fazem trabalho com surdos, crianças com necessidades especiais”.

P7 “Não… mas deve cuidar da voz do professor, né?”

P8 “É… não conheço não. Na verdade, acho que é relacionado à surdos, né? Numa escola que ensinei tinha fono, aí trabalhava a questão de Libras, tinha até equipamentos…. Mas hoje não tem muito isso não, né? tá bem defasado.

P14“Eu sei que agora estão exigindo fonoaudiólogos dentro das escolas, né? Para trabalhar essa questão de crianças com trocas na fala, que tem atraso na linguagem… geralmente esses fonos vão dar estimulação, acho que é por aí, certo?”

P16 “Já ouvi falar em partes, só através de livros, revistas, sei muito pouco. Aqui na área em que trabalho, pouco se fala sobre. Mas, sei que é relacionado acrianças com trocas na fala, gagueira”.

P17 “Não conheço, mas deve ser relacionado à criança especial. Não tenho conhecimento suficiente sobre a área, sabe? Principalmente porque ensino em escola de bairro. É muito difícil ter acesso a fonoaudiólogos, até para orientar os pais a procurarem…”

P18 “Sim… Fono educacional? Trabalha diretamente com os alunos, voltado para educação, né? Mas não sei se fazem um trabalho fora com esses estudantes ou se é na escola”

P21 “Eu conheço a fonoaudiologia para o professor, pra cuidar da voz da gente, sabe? Mas não sei se tem algo voltado para o estudante”.

Professores que conhecem e/ou já tiveram experiência com a atuação do fonoaudiólogo educacional

O P3 refere conhecer a atuação da Fonoaudiologia Educacional após experiência em escola em que trabalhou. Neste caso, é apontado que o fonoaudiólogo realiza o acolhimento da demanda e, a partir disso, busca capacitar os professores. Em contrapartida, P10 indica uma atuação mais voltada para a prevenção de dificuldades que poderão influenciar o processo educativo, esta, também ressalta a importância de uma atuação voltada para os aspectos vocais do professor. Por sua vez, P18, único professor da Rede Privada de Ensino, descreve algumas intervenções realizadas pela Fonoaudióloga na escola em que trabalhou há algum tempo atrás.

P3 “O fonoaudiólogo vai fazer o trabalho de acompanhamento. Na escola em que trabalhei, a fono fazia primeiro um levantamento do que era sinalizado pelos professores, fazia anamnese com os alunos e depois capacitação com a gente, encaminhando as crianças que precisavam”.

P10 “Sei que existe uma preocupação em relação à prevenção dos problemas que aparecem no cotidiano da escola e que dificultam o processo educativo, principalmente relacionado à fala e escrita… Muitas vezes a criança chega aqui na escola e percebemos que ela tem problema na audição ou na fala, mas aí, a família nunca procura ajuda alegando dificuldades. Ah, também acho que o professor deveria ser acompanhado bem de perto, já que a voz é o seu maior instrumento de trabalho, com o tempo se desgasta, né?”

P18 “Já ouvi falar sobre a Fonoaudiologia. Tem muita relação com a fala, oralidade das crianças. Eu trabalhei em uma escola que tinha Fonoaudióloga, era bem interessante… lembro que ela fazia uns testes, uns exercícios em que as crianças falavam as vogais com entonação diferente, fazia exercícios com a língua também. Ela ficava nas salas com os alunos, pedia para vibrarem a língua, estalar… em alguns casos atendia os alunos individualmente também”.

Professores que não conhecem a fonoaudiologia educacional

Apesar de 96% dos professores entrevistados apresentarem tempo de formação superior à 6 anos, nota-se que muitos relatam desconhecer totalmente a Fonoaudiologia Educacional, P5, P9, P23. Sendo notório na fala da professora P13 que embora a atuação fonoaudiológica voltada para as questões vocais seja mais difundida, a atuação do Fonoaudiólogo Educacional ainda é desconhecida.

P5 “Nunca ouvi falar nada!”

P13 “Eu conheço a Fonoaudiologia, de modo geral, sabe? Pra cuidar da voz, aquecimento e desaquecimento vocal, mas nunca ouvi com esse nome de fonoaudiologia educacional não!”

P9 “Não! Nunca ouvi falar sobre isso”.

P23 “Não, ainda não ouvi falar não!”.

Professores que apresentam experiência com a fonoaudiologia clínica

O P4 assim que perguntado sobre a Fonoaudiologia Educacional relacionou a uma atuação voltada para a prática clínica, tendo em vista que já teve acompanhamento fonoaudiológico.

P4 “Eu já participei há muito tempo atrás, tinha um centro próximo ao hospital (diz o nome do hospital). Eu tinha nódulos na corda vocal direita, fiz fonoterapia por uns meses”.

Discussão

Os primeiros anos da vida escolar das crianças coincidem com o período de franca expansão da linguagem e do desenvolvimento de habilidades auditivas, que, por sua vez, são muito importantes para a aprendizagem escolar44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7.,88. Zorzi J. Programs for the development of cognitive and linguistic skills involved in literacy and spelling: methodological proposal. Rev. Psicopedag. 2018;35(108):340-7.,1111. Masuyama PMK, Rinaldi RP. Prospects of a collaborative education: interweave between education and speech therapy. Colloquium Humanarum. 2016;13(n. Especial):417-23.. Apesar disso, os resultados obtidos no presente estudo revelaram que mesmos professores experientes e, em sua maioria, pós-graduados, como os que compuseram a presente amostra, possuem um entendimento que pode ser considerado limitado acerca de importantes habilidades envolvidas no processo de aprendizagem. Vale salientar que, juntamente com outros profissionais da saúde que devem acompanhar o crescimento e desenvolvimento infantil, os professores e demais profissionais da equipe pedagógica, são também responsáveis pela promoção do desenvolvimento dessas habilidades na escola22. BRASIL. Portaria n° 1.130. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2015.,99. Moura TFOR. Visão de professores e equipe de saúde sobre a atuação da fonoaudiologia na educação infantil [Dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas; 2016..

Por outro lado, o cenário educacional brasileiro aponta índices preocupantes em relação ao baixo desempenho escolar de estudantes, sobretudo nas escolas públicas e nos anos iniciais do ensino fundamental88. Zorzi J. Programs for the development of cognitive and linguistic skills involved in literacy and spelling: methodological proposal. Rev. Psicopedag. 2018;35(108):340-7., o que demonstra a importância de se rever e discutir aspectos referentes aos métodos de ensino e ao importante papel das habilidades cognitivas e linguísticas para a alfabetização, incluindo tais temas nas formações dos professores77. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização (PNA). - Brasília: MEC, SEALF, 2019.

8. Zorzi J. Programs for the development of cognitive and linguistic skills involved in literacy and spelling: methodological proposal. Rev. Psicopedag. 2018;35(108):340-7.
-99. Moura TFOR. Visão de professores e equipe de saúde sobre a atuação da fonoaudiologia na educação infantil [Dissertação]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas; 2016.,1111. Masuyama PMK, Rinaldi RP. Prospects of a collaborative education: interweave between education and speech therapy. Colloquium Humanarum. 2016;13(n. Especial):417-23..

A aprendizagem escolar envolve diferentes habilidades como o processamento auditivo central. Essa relação vem sendo discutida com frequência na literatura55. Reis TG, Dias RF, Boscolo CC. Conhecimento de professores sobre processamento auditivo central pré e pós-oficina fonoaudiológica. Rev. Psicopedag. 2018;35(107):129-41.,88. Zorzi J. Programs for the development of cognitive and linguistic skills involved in literacy and spelling: methodological proposal. Rev. Psicopedag. 2018;35(108):340-7.,1212. Rosal AGC, Cordeiro AAA, Silva ACF, Silva RL, Queiroga BAM. Contributions of phonological awareness and rapid serial naming for initial learning of writing. Rev. CEFAC. 2016;18(1):74-85.. No presente estudo, a maior parte dos professores desconhecem as habilidades atribuídas ao Sistema Auditivo Central, apesar de reconhecerem que o TPA pode estar associado ao desenvolvimento da linguagem e aprendizagem. Em pesquisa de Reis, Dias e Boscolo55. Reis TG, Dias RF, Boscolo CC. Conhecimento de professores sobre processamento auditivo central pré e pós-oficina fonoaudiológica. Rev. Psicopedag. 2018;35(107):129-41., com o intuito de verificar o conhecimento de professores sobre a relação entre processamento auditivo central e aprendizagem escolar, pré e pós-oficina de orientações fonoaudiológicas, percebe-se que o restrito conhecimento dos professores acerca do TPA, bem como a dificuldade de identificar e estabelecer relações com os problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos pode favorecer à manutenção e continuidade das limitações do escolar.

Por sua vez, no presente estudo, todos os professores entrevistados percebem a influência do desenvolvimento da linguagem para a aprendizagem da leitura e escrita, no entanto, a maioria não se sente preparada para observar os aspectos referentes à fala e linguagem de seus alunos. O estudo realizado por Rosal et al. 1212. Rosal AGC, Cordeiro AAA, Silva ACF, Silva RL, Queiroga BAM. Contributions of phonological awareness and rapid serial naming for initial learning of writing. Rev. CEFAC. 2016;18(1):74-85., que tinha como objetivo investigar a contribuição da consciência fonológica e nomeação seriada rápida para a aprendizagem inicial da escrita, reforça a importância do desenvolvimento de competências fonológicas já na Educação Infantil, tendo em vista que se tais habilidades forem estimuladas desde cedo, a criança poderá iniciar o ciclo de alfabetização com maior domínio para o aprendizado da escrita.

A comparação das respostas dos professores das escolas públicas e particulares não revelou diferenças significativas em 15 das 16 questões analisadas. Ao que parece não há uma diferença importante nestes dois cenários de atuação.

Os professores entrevistados costumam encaminhar os alunos com problemas de fala ou linguagem para especialistas, ainda que não se sentindo preparados para observar tais aspectos. Considerando que a maioria dos serviços de fonoaudiologia possuem demanda maior que a oferta de vagas, os professores precisam ter conhecimento o suficiente para identificar e realizar encaminhamentos adequados. Sendo assim, o profissional que lida com educação precisa ter as informações necessárias sobre alterações que possam justificar determinadas dificuldades de aprendizagem, com o intuito de proporcionar melhor desenvolvimento escolar55. Reis TG, Dias RF, Boscolo CC. Conhecimento de professores sobre processamento auditivo central pré e pós-oficina fonoaudiológica. Rev. Psicopedag. 2018;35(107):129-41..

A partir dos dados coletados, verifica-se que todos os professores acreditam que o conhecimento na área da linguagem e audição poderá auxiliá-los na identificação precoce de alunos com sinais de dificuldades de aprendizagem. Sabe-se que crianças com prejuízos no desenvolvimento da linguagem oral, consciência fonológica ou na relação grafema-fonema podem ser consideradas de risco para uma dificuldade na leitura ou na escrita1313. Silva NSM, Crenitte PAP. Performance of children at risk for reading difficulties submitted to an intervention program. CoDAS. 2016;28(5):517-25.. Os transtornos de aprendizagem são causados por déficits no sistema nervoso central, que podem ser responsáveis por uma alteração no processamento cognitivo e da linguagem, influenciando diretamente a capacidade de manter, processar ou transmitir informações de modo eficiente1414. Germano GD, Brito LB, Capellini SA. The opinion of parents and teachers of students with learning disorders regarding executive function skills. Rev. CEFAC. 2017;19(5):674-82..

Nos discursos das professoras, frequentemente, existe uma dificuldade em reconhecer os limites da atuação do Fonoaudiólogo Educacional, envolvendo um trabalho mais voltado para a reabilitação e terapias. A relação com a prática clínica, bastante apontada durante as falas das professoras entrevistadas, pode ser justificada pelo fato de que a Fonoaudiologiano Brasil, se desenvolveu enquanto uma ciência da saúde, especializando-se nas alterações dos padrões normais de comunicação que os indivíduos apresentavam. Na Austrália, assim como no Reino Unido e Brasil, por exemplo, a maioria dos Fonoaudiólogos fazem parte dos “Departamentos de Saúde”, enquanto os professores estão nos “Departamentos de Educação” 11. Glover A, McCormack J, Smith-Tamaray M. Collaboration between teachers and speech and language therapists: Services for primary school children with speech, language and communication needs. Child Language Teaching and Therapy. 2015;31(3):363-82..

Em pesquisa realizada1515. Sanabe JG, Guarinello AC, Santana AP, Berberian AP, Massi G, Bortolozzi KB et al. Speech-language pathology undergraduates' views about educational speech-language pathology from their theoretical and practical experiences. Rev. CEFAC. 2016;18(1):198-208. com graduandos de Fonoaudiologia acerca da Fonoaudiologia Educacional, a partir de suas experiências teórico-práticas, foi perceptível que grande parte das respostas seguiram por um viés clínico/ preventivo. Com o intuito de favorecer o processo de solidificação e fortalecimento da Fonoaudiologia Educacional, o fonoaudiólogo também precisa definir e ocupar seu lugar como um profissional pertencente à escola, que compreende as possibilidades de intervenção no processo de ensino, para que os demais profissionais deste âmbito compreendam seu papel.

No presente estudo, a atuação fonoaudiológica associada à educação inclusiva também foi alvo de alguns comentários, mais uma vez evidencia-se a relação com os aspectos voltados às alterações. Por sua vez, também pode ser justificada pelo fato de que o tema inclusão tem mobilizado bastante os profissionais da área da educação. O fonoaudiólogo, no contexto educacional, pode exercer um papel de mediador entre a criança e a escola, promovendo um melhor desenvolvimento comunicativo do escolar1616. Queiroga BAM, Zorzi JL, Garcia VL. Fonoaudiologia Educacional: reflexões e relatos experiência. Brasília: Editora Kiron, 2015.. Além disso, busca propor estratégias, junto à equipe pedagógica, a fim de potencializar o processo de ensino-aprendizagem44. Celeste LC, Zanoni G, Queiroga B, Alves LM. Hearing and Speech Sciences in Educational Environment Mapping in Brazil: education, work and professional experience. CoDAS. 2017;29(1):1-7..

Os professores entrevistados relacionam, frequentemente, a atuação do Fonoaudiólogo Educacional às questões vocais apresentadas por eles. É consenso na literatura nacional e internacional que a atividade docente é de alto risco para os distúrbios de voz relacionados ao trabalho. Geralmente, a temática voltada à voz do professor é alvo de pesquisas, principalmente, por ser o profissional que mais adoece por questões vocais1717. Souza RC, Masson MLV, Araújo TM. Effects of the exercise of the semi-occluded vocal tract with a commercial straw in the teachers' voice. Rev. CEFAC. 2017;19(3):360-70..

Os professores apresentaram um conhecimento restrito quanto à Fonoaudiologia Educacional. De modo semelhante, em pesquisa de Fernandes, Lima e Silva1818. Fernandes DMZ, Lima MCMP, Silva IR. The perception of kindergarten teachers about the speech therapist work at school. Distúrb. Comun. 2017;29(1):86-96. com o objetivo de analisar a percepção de professores de educação infantil a respeito da atuação do fonoaudiólogo dentro da escola, foi possível observar que os professores relacionam esta atuação às crianças com dificuldades na fala, com alterações auditivas, como alguém que irá resolver os problemas apresentados.

Apesar do conhecimento restrito, os professores reconhecem que a atuação é benéfica para o desenvolvimento de seus alunos. A visão e os conhecimentos dos professores e fonoaudiólogos em relação ao desenvolvimento da linguagem e aprendizagem, apesar de diferentes, se complementam11. Glover A, McCormack J, Smith-Tamaray M. Collaboration between teachers and speech and language therapists: Services for primary school children with speech, language and communication needs. Child Language Teaching and Therapy. 2015;31(3):363-82.. Os dados da pesquisa realizada por Fernandes, Lima e Silva1818. Fernandes DMZ, Lima MCMP, Silva IR. The perception of kindergarten teachers about the speech therapist work at school. Distúrb. Comun. 2017;29(1):86-96. são semelhantes as informações encontradas no presente estudo, sendo notório que o desconhecimento dos profissionais da educação quanto a atuação da Fonoaudiologia Educacional é uma barreira que precisa ser superada. Para favorecer o processo de solidificação desta especialidade, o fonoaudiólogo também precisa se identificar enquanto um profissional pertencente à escola, compreendendo as possibilidades de atuação.

Finalizando, é importante salientar que o presente estudo foi realizado com uma população pequena de profissionais, no contexto da educação pública e privada da cidade do Recife. Considerando a descentralização da educação nas etapas iniciais da educação básica, ficando essas etapas sob a gestão dos municípios77. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Política Nacional de Alfabetização/Secretaria de Alfabetização (PNA). - Brasília: MEC, SEALF, 2019., é possível que outras localidades possuam cenários distintos, sendo importante que novos estudos sejam conduzidos para o confronto dos diferentes cenários municipais e estabelecimento de um panorama nacional.

Conclusão

De modo geral, os professores reconhecem a importância da linguagem e das habilidades auditivas para a aprendizagem, embora não se sintam preparados para lidar com esses aspectos na escola. Por outro lado, consideram fundamental conhecer ferramentas que os auxiliem na identificação de crianças com transtornos de aprendizagem. Em relação à Fonoaudiologia Educacional, os professores entrevistados desconhecem a atuação específica do fonoaudiólogo educacional, embora conheçam, de modo geral, a atuação do fonoaudiólogo clínico. Os professores que mais conhecem a especialidade são aqueles que já tiveram experiência com o trabalho do fonoaudiólogo no contexto educacional. Não foram observadas diferenças importantes entre as repostas dos docentes de escolas pública e privada. São necessários maiores investimentos na formação permanente do professor na temática abordada no presente estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jan 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2020
  • Aceito
    28 Out 2020
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